Produção Horizontal e Narrativas Verticais
Produção Horizontal e Narrativas Verticais
Produção Horizontal e Narrativas Verticais
Suzana Barbosa2
Naara Normande3
Yuri Almeida4
Abstract: The article seeks to discuss multimedia storytelling as a potential for the
metaphor of database aesthetic, which is able to break the metaphor of print -
broadsheet metaphor. As a theoretical contribution, we introduce concepts related to
journalistic convergence, continuum multimedia, multimedia narratives and
databases. The methodological procedure is the application of analysis records,
seeking to identify the profile, design, interactivity and multimediality of journalistic
narratives in digital networks which emerged as paradigmatic cases, produced by
The New York Times, The Guardian and Folha de S . Paulo. As a conclusion, we
identified patterns for these narratives ranging from relevant to differentiating
elements, such as information density, vertical dimension, integration of multimedia
elements, navigation menus and share icons for social networks..
1
Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Estudos de Jornalismo do XXIII Encontro Anual da Compós, na
Universidade Federal do Pará, Belém, de 27 a 30 de maio de 2014.
2
2
FIGURA 1 – Arquitetura da redação do Die Welt
FONTE – Filloux (2013, Online).
Contudo, Filloux (2013) pontua que a estrutura física da redação é apenas uma parte
da equação desta mudança necessária. Para ele, é importante mudar o fluxo de trabalho nas
redações, evoluindo para uma plataforma de notícias, onde as notícias constituam produtos de
alto valor independente do device. Assim, o fluxo ideial de notícias deve ser dividido em
vários formatos para atender aos diferentes dispositivos em distintos momentos do dia.
“B g wh h 'first' in digital, publishers must figure out the right
w k w” (FILLOUX, 2013, online).
O modelo proposto por Filloux (2013) materializa, de certa forma, o esquema
Convergence Continuum proposto por Dailey et al. (2005) por meio do qual uma organização
jornalística precisaria enfrentar quatro diferentes estágios: Promoção cruzada; Clonagem ou
Transposição de conteúdos; Coopetition, ou seja, um híbrido de competição e cooperação; e
Compartilhamento de informações – para, então, obter o nível pleno de convergência. Cada
etapa possui características específicas que podem ser sobrepostas às outras conforme o
aumento da cooperação e interação entre os distintos estágios. O nível convergente é aquele
em que os meios de comunicação parceiros possuem uma atribuição compartilhada, pois
trabalham juntos na apuração e na publicação das informações, entretanto, identificam os
pontos fortes de cada meio para contar a história da maneira mais eficaz.
3
FIGURA 2 – Modelo Convergence Continuum
FONTE – Dailey et al. (2005).
Barbosa (2013) frisa que na atual conjuntura do jornalismo nas redes digitais, a lógica
estrutural está associada aos processos de integração e remediação, no lugar da oposição ou
concorrência entre os meios e/ou produtos jornalísticos. “ cenário atual é de atuação
conjunta, integrada, entre os meios, conformando processos e produtos, marcado pela
horizontalidade nos fluxos de produção, edição, e distribuição dos conteúdos, o que resulta
num continuum multimídia z â ” ( . 33).
O continuum multimídia, de acordo com Barbosa (2013), traduz melhor o processo de
gê í , “ g g
multiplataforma/cross media” ( . 37), compondo, dessa forma, aquilo que a autora propõe
como a quinta geração do jornalismo em redes digitais, cujos elementos constitutivos são a
medialidade (Grusin, 2010), o Paradigma Jornalismo em Base de Dados (Barbosa, 2007), a
horizontalidade como uma especificidade do fluxo de informações, o continuum multimídia e
as mídias móveis.
São os novos agentes que reconfiguram a produção, a publicação, a distribuição, a
circulação, a recirculação, o consumo e a recepção de conteúdos jornalísticos em
multiplataformas. As mídias móveis são também propulsoras de um novo ciclo de
inovação, no qual surgem os produtos aplicativos (apps) jornalísticos para tablet e
smartphones (BARBOSA, 2013, p. 42).
4
Relacionamento – diz respeito à forma como o conteúdo pode ser acessado, seja pela
personalização ou interatividade; 4) Contexto – potencializado no ambiente digital pelo uso
dos links que fornecem informações adicionais; e 5) Comunicação – relacionado à habilidade
de se conectar com outras pessoas. As autoras acrescentam que a grande mudança de
paradigma das narrativas digitais deve-se à participação do usuário. Portanto, o sucesso de
uma história depende dos interesses da audiência e do tipo de narrativa que melhor se adapte
àquele público.
Bertocchi (2006) analisou as principais transformações da narrativa jornalística no
ciberespaço. Conforme a pesquisadora, a grande diferença nesse ambiente é a alteração da
retórica, baseada na tríplice exigência, ou seja, nas possibilidades do hipertexto, da
multimidialidade e da interatividade. A autora acrescenta que o conjunto de regras e padrões
das narrativas ciberjornalísticas deve seguir três princípios: Conexão - relacionado à
hipertextualidade -, Unidade (ou coesão) – relacionado à multimidialidade, e Liberdade
aparente – relacionado à interatividade. Para a autora, a retórica ciberjornalística aplicada às
narrativas digitais tem se desenvolvido de maneira mais conservadora, apesar da tentativa de
equilibrar as estratégias da narrativa clássica com as possibilidades do meio digital. Assim
como Ribas (2005), ela considera a reportagem multimídia e a infografia interativa como
exemplos plenos de narrativas no ciberespaço. Em sua tese doutoral, Daniela Bertocchi
(2013) vai trabalhar a noção de sistema narrativo como um modelo no atual contexto da
quinta geração do jornalismo nas redes digitais, também empregando o Paradigma Jornalismo
em Base de Dados (JDBD) “a narrativa digital jornalística é sistema, processo, fluxo.
Colocamos a narrativa neste estudo como um ato contínuo com capacidade de ir se
modelando em diferentes substâncias e formatos e no ecrã de distintos dispositivos a partir do
g ”. ( . 39)
Sobre a existência dos infográficos nas narrativas jornalísticas na web, Mielniczuk
(2008) considera que os movimentos e as animações permitem a fluidez a partir das bases de
dados. Pesquisadora de infográficos jornalísticos, Tattiana Teixeira (2009) os conceitua como
elementos icônicos e tipográficos, tais como mapas, fotografias, ilustrações, gráficos, partindo
sempre da relação indissociável da imagem + texto. Na internet, a autora argumenta que os
infográficos podem incluir recursos multimídias, como vídeos e áudios, além de permitir que
o usuário utilize informações disponibilizadas em bases de dados para produzir a infografia a
partir de seus próprios interesses. Cairo (2008) destaca ainda que o aumento dos recursos
5
interativos e, sobretudo das bases de dados na composição da infografia, resulta em um
produto específico para cada usuário.
Precisamos ressaltar que toda a discussão sobre a produção de narrativas na web tem
como estrutura as bases de dados, das simples às mais complexas. Manovich (2001) as
considera como o centro do processo criativo na era do computador, possibilitando, assim, a
visualização do conteúdo por diferentes interfaces e em distintas plataformas. Segundo o
teórico, o usuário de uma história está, na verdade, atravessando uma base de dados a partir
dos links nela indicados. Dessa forma, conceitua uma hipernarrativa como a soma dos
múltiplos caminhos através de uma base de dados.
Na mesma linha de raciocínio, Machado (2007) defende a atualização do conceito de
narrativa no contexto desses conjuntos estruturados por dados. O autor afirma que na
narrativa moderna, ouvinte, leitor e telespectador acompanham a narração sem interferir no
fluxo da narrativa. No ambiente do ciberespaço, ao contrário, a narrativa depende da
intervenção do usuário, que ao navegar em uma publicação jornalística, realiza uma ação que
altera todo o desenvolvimento.
Barbosa e Farbiarz (2009) defendem a estética base de dados como uma nova
metáfora para a representação da informação jornalística. Em consonância com os autores,
entendemos que a estética base de dados é a metáfora para compreender a
visualização/apresentação das narrativas verticais.
No contexto atual, marcado pelo uso exponencial de bases de dados (BDs) para
estruturar, organizar, armazenar e apresentar os conteúdos noticiosos, uma nova
metáfora para a representação da informação jornalística vem ganhando espaço: a
metáfora da estética base de dados. Isto é, um modo particular para a apresentação
das informações jornalísticas já desvinculado da metáfora do impresso – broadsheet
metaphor – e que procede diretamente do emprego das BDs para a estruturação dos
conteúdos no jornalismo digital ou ciberjornalsimo (BARBOSA, FARBIAZ, 2009,
p. 1).
A é é g “V z ”
Jornalismo Digital em Base de Dados (BARBOSA, 2007, 2013; BARBOSA, FARBIARZ,
2009; BARBOSA, TORRES, 2012). Para a autora, tal categoria refere-se aos diversos modos
de representação de informações jornalísticas, tendo as bases de dados como estrutura
fundamental, seja por meio de metadados, data mining, tagging, squarified, entre outros. Das
mais de 20 funcionalidades desempenhadas pelas bases de dados na estrutura e organização
6
da produção do conteúdo, identificadas por Barbosa (2007; 2013) e Barbosa e Torres (2012),
cabe sinalizar as que estão associadas com a elaboração de narrativas, a saber: Integrar
distintas plataformas; Gerenciar o fluxo de informação e o conhecimento nas redações;
Garantir a flexibilidade combinatória e o relacionamento entre os conteúdos; Agilizar a
produção de conteúdos, em particular os de tipo multimídia; Transmitir e gerar informação
para dispositivos móveis, como computadores de mão, iPods, celulares e, mais recentemente
smartphones e tablets.
Bertocchi (2013) destaca que no formato de narrativas guiadas por dados e metadados,
a visualização de dados é o resultado mais comum, pois “revela-se como o aproveitamento do
agenciamento entre as camadas de dados e metadados no âmbito do sistema narrativo, o qual
privilegia a apresentação vi ”. (p.180). O sistema narrativo proposto
por Bertocchi (2013) é dividido em três atos (FIG 3):
7
2- Antenarrando os metadados: “implica em atribuir significado aos dados selecionados em
uma respectiva base de dados, ou seja, o ato de organizar dados e categorizá-los com o
objetivo de recuperar e reaproveitar informaçõe ” ( . 115). S g , a antenarração
de metadados incide, ao mesmo tempo, na organização interna dos dados que ulteriormente
irão compor a narrativa renderizada como na organização externa do formato narrativo que o
usuário acessa via ecrã digital e tem um duplo papel: no frontend e no backend jornalístico.
3- Os formatos no ecrã, etapa em que se pode observar “a narrativa ganhando mais
corporeidade e tangibilidade n gá ” (p.159). Para a autora, “o
design da interface digital é o lugar onde o formato se substancializa e ganha vida aos olhos
daqueles que o acessam, o visualizam e com ele interagem, construindo a partir desse contato
uma exp ê í ” (p.202).
A publicação de “Snow Fall: The avalanche at Tunnel Creek”5, produzida pelo The
New York Times, em dezembro de 2012, colocou em pauta na academia e no mercado
jornalístico o debate sobre o futuro do jornalismo digital, a viabilidade financeira para a
produção de narrativas semelhantes e até a importância do jornalismo profissional no
desenvolvimento de novos formatos narrativos. Mais importante do que o reconhecimento
com a premiação do Pulitzer ao repórter John Branch, Snow Fall tornou-se um verbete entre
os pesquisadores e jornalistas e figurou com sinônimo de inovação de narrativa jornalística.
h (2010) q , , é“ é ,
tecnologias, procesos, lenguajes, formatos, equipos, dispositivos y aplicaciones, valores o
modelos de negocios destinados a dinamizar y potenciar la producción y consumo de las
í ” ( .67). h (2010) q
jornalística busca maximizar a produção e atender os leitores com notícias de qualidade, além
de ser acessíveis por todos os meios.
Apesar de reconhecer o êxito no aspecto estético, Cairo6 (2013) questiona a eficiência
narrativa de Snow Fall. Na avaliação do pesquisador, os recursos multimídia encantam mais
do que explicam o fato, que deve ser o objetivo final de uma narrativa.
5
Disponível em: http://migre.me/hUm1e. Acesso em: 03/02/2014
6
Disponível em: http://migre.me/hUlOI. Acesso em: 02/02/2014
8
Na mesma linha, Khoi Vinh7 (2013), ex-diretor de design do NYTimes.com, mostra-se cético
com a possibilidade de narrativas como o Snow Fall resultarem em inovação no jornalismo,
uma vez que, na opinião dele essas narrativas são criadas mais para serem admiradas do que
lidas.
Em uma avaliação mais detalhada, Jeremy Rue8, da Escola de Jornalismo de Berkeley
na Universidade da Califórnia, avaliou que além da integração das mídias, vários
componentes técnicos e de design contribuíram para a receptividade de Snow Fall:
- Há vídeos silenciosos que são reproduzidos automaticamente, alguns deles proporcionando
um cenário gráfico, outros como gráficos informativos;
- Existe um mecanismo de rolagem (jquery.inview) que irá desencadear ações conforme o
usuário utiliza. Por exemplo, ele irá reproduzir um vídeo, animação gráfica ou alterar algumas
propriedades CSS como desaparecendo no fundo.
- Um efeito "cortina" que revela ou cobre imagens e vídeos a partir da rolagem realizada pelo
usuário.
Esses elementos, considerados inovadores até o momento, refletiram no espalhamento
do conteúdo pela rede, conceito proposto por Henry Jenkins, Joshua Green e Tom Ford no
livro Spreadable Media: creating value and meaning in a networked culture (2013). Os
autores buscaram compreender o porquê e como as pessoas estão assumindo uma função cada
vez mais ativa na definição do fluxo de mídia para seus próprios interesses nessa cultura em
rede. Segundo eles, o termo relaciona-se ao fluxo de ideias, aos materiais dispersos,
experiências diversificadas, participação aberta, motivação e facilidade dos
h , õ õ “ ”, “ ”
“ ê ”, bem como um embaralhamento entre esses cargos. Uma frase resume a
: “S g h , á ” ( ENKINS et al. 2013, p. 1).
Singer (2013), por sua vez argumenta que em ambientes digitais, os usuários
tornaram-se secondary gatekeepers do conteúdo publicado nos sites jornalísticos. Neste
processo, os usuários atuam na recirculação das notícias, a partir das percepções individuais
do valor e da qualidade dos produtos jornalísticos. “The result is a two-step gatekeeping
process, in which initial editorial decisions to make an item part of the news product are
7
Disponível em: http://migre.me/hUlPI. Acesso em: 02/02/2014
8
Disponível em: http://migre.me/hUm5U. Acesso em: 03/02/2014
9
followed by user decisions to upgrade or downgrade the visibility of that item for a secondary
” (Idibem, p. 2).
Ainda de acordo com Singer (2013), a internet reconfigurou a relação dos usuários
com os sites jornalísticos. Agora, os leitores podem compartilhar suas impressões e
julgamentos do conteúdo publicado para as suas respectivas redes, agindo como distribuidores
secundários das notícias que considerarem importantes. Com o secondary gatekeeping, as
notícias ignoradas ou subvalorizadas pelos editores na capa do jornal, por exemplo, podem
ganhar relevância e visibilidade a partir do compartilhamento dos leitores, assim a própria
noção do gatekeeping é relativizada, pois a visibilidade do conteúdo depende mais da
audiência do que colocar determinada informação no topo da página.
Informações publicadas pelo editor executivo do New York Times, Jill Abramson,
ratifica a importância do secondary gatekeepers (SINGER, 2013). De acordo com Abramson,
o projeto foi compartilhado por mais de dez mil usuários no Twitter, recebeu quase três
milhões de visitas e os usuários gastaram, em média, doze minutos. Grande parte do fluxo de
acesso foi proveniente das redes sociais e muitas visitas ocorreram antes do destaque do
projeto na página principal do nytimes.com.
Em paralelo a criação de produtos jornalísticos nesses padrões, destacadamente como
narrativas verticais, tem surgido ferramentas que facilitam tais experiências como Shorthand9
e o Scroll Kit10. O Shorthand criado pelo Leep Labs está em fase beta e busca empresas
parceiras para o desenvolvimento da aplicação. Entretanto, no site institucional, o Shorthand
apresenta duas narrativas criadas com a ferramenta pela ESPN (Football - best of 201311) e
pelo The Guardian (England vs Australia12). Já o Scroll Kit é uma start-up que trabalha no
9
Disponível em: http://migre.me/hUlU1. Acesso em: 02/02/2014
10
Disponível em: www.scrollkit.com. Acesso em: 02/02/2014
11
Disponível em: http://migre.me/hUlW7. Acesso em: 02/02/2014
12
Disponível em: http://migre.me/hUlY2. Acesso em: 02/02/2014
10
processo de simplificação do processo "kit de rolagem", característica principal das narrativas
verticais. No site da start-up é possível visualizar os projetos criados com a ferramenta.
O espalhamento e a repercussão de Snow Fall foram tão intensos que o ano de 2013 se
configurou como um ano extremamente relevante na publicação de conteúdo jornalístico
multimídia. Apenas o NYT publicou treze histórias que foram reunidas em um post13
retrospectivo sobre histórias multimídias, visualização de dados, infográficos e destaques
interativos do ano que passou. No caso das narrativas multimídias, a empresa reforça que
houve variedade temática, mas considera que o elemento central foi a forma de se contar
histórias, integrando textos, vídeos, fotografias e infográficos. Para nossa análise,
desenvolvemos uma ficha, a partir de outras previamente existentes (BARBOSA et al., 2012;
BARBOSA, MIELNICZUK, 2011; MASIP et al., 2011; PALOMO et al., 2012), que teve o
objetivo de identificar o perfil, o design, a multimidialidade e a interatividade de cada
narrativa. Como corpus, elencamos “S w : Th A he T k”, do NYT,
“NSA : Wh h y ”14, do The Guardian, “A B h
B ”15, da Folha de S. Paulo, consideradas por nós como exemplos extremamente
relevantes e que materializam a metáfora da estética base de dados, caracterizada sobretudo
x gê á q “ g – seja nos
conteúdos, seja nas opções de visualização para os mesmos ou nas opções de interação e,
assim, realizarem uma experiência de navegação mais envolvente em sites jorn í ”
(Barbosa e Farbiarz, 2009, p. 2).
3.1 - Snow Fall: The Avalanche at Tunnel Creek – The New York Times
13
Disponível em: http://migre.me/hlaUv. Acesso em: 04/02/2014
14
Disponível em: http://migre.me/hUmyH. Acesso em: 05/02/2014
15
Disponível em: http://migre.me/hUmBg. Acesso em: 05/02/2014
16
Dado obtido a partir da ferramenta MeasureIt.
11
inteiramente branco remetendo à neve, contrastado apenas pela publicidade de cor preta.
Possui menu de navegação, consistente em todas as páginas, posicionado na parte superior e
de maneira horizontal, com seis diferentes partes (Tunnel Creek; Em direção ao topo da
montanha; O início da descida; Mancha branca; Descoberta; A história se espalha), e outras
duas com a visualização do mapa das montanhas e com a identificação de todo o grupo que
se aventurou na região, composto por dezesseis esquiadores.
A g “S w ”, x ág , é
intuitivamente realizada pela barra de rolagem (scroll) em cada parte. Além do destaque para
o g , “S w ” g , g , recursos multimídias.
Identificamos a presença de fotografias, galerias de imagens, áudios, vídeos, mapas estáticos,
slideshows e, principalmente, infografias interativas. Essas últimas, inseridas em seis distintos
momentos da narrativa, foram os elementos diferenciadores na apresentação do conteúdo
jornalístico que situaram os detalhes da região de esqui, a tempestade que resultou no grande
acúmulo de neve, a formação da avalanche, o trajeto realizado por cada esquiador, a expansão
da neve nas montanhas e a localização aproximada daqueles que não sobreviveram à tragédia.
A linguagem audiovisual conta parte da história e é apresentada de maneira integrada,
compondo uma unidade narrativa. Todos os dez vídeos rodam em um aplicativo próprio
incorporado à narrativa e foram explorados no que diz respeito à emoção dos depoimentos,
não só narrados pela equipe de jornalistas, mas também aqueles produzidos logo após o
acidente quando os sobreviventes procuravam os colegas entre os escombros encobertos pela
neve. Da mesma forma, os cinco áudios disponibilizados foram bem expressivos, pois
registraram as ligações dos esquiadores em diferentes horários para o número de emergência
nos EUA, o 911.
N q à “S w ”, é á õ
compartilhamento para as redes sociais Facebook e Twitter e do envio por e-mail, destacou o
diálogo com a equipe idealizadora do projeto a partir de replies no espaço destinado aos
comentários. Para a produção dessa narrativa houve envolvimento de dezessete profissionais,
sendo onze desses direcionados apenas para os elementos gráficos e de design.
12
FIGURA 4 – Snow Fall: um caso paradigmático
FONTE – nytimes.com.
3.2 - NSA Files Decoded: What de Revelations Means for You – The Guardian
17
Dado obtido a partir da ferramenta MeasureIt.
13
w h g Wh ‟ w?). A g pelas partes ou pela barra de rolagem
(scroll) que disponibiliza todos os níveis em uma única página. Não foi identificado nenhum
tipo de publicidade.
A “S w ”, .T
fundo possui a cor branca e isso proporcionou a integração com os recursos multimídias. No
caso dos vídeos, por exemplo, esses também possuíam um fundo branco, com destaque
apenas para a imagem do entrevistado. Esse foi um diferencial da linguagem audiovisual de
“NSA ”, onde não há a limitação do enquadramento do vídeo devido à fusão dos dois
planos de branco.
“ - y”, q
integração plena com fluidez bastante agradável para a navegação no conteúdo. Ao todo
foram trinta e dois vídeos e todos com curta duração, com as fontes aparecendo em momentos
diferentes da narração. É pertinente comentar que não há uma grande diversidade de recursos
empregados. Além dos vídeos, existem dez infografias interativas sobre a rede política, os
níveis de separação que permitem a investigação pela NSA, o rastro digital gerado a partir de
Facebook, Twitter, e-mails, buscas no Google, os cabeamentos ópticos entre os países de todo
o mundo, entre outros.
14
A interatividade é resumida pelos botões de compartilhamento para as redes sociais
Facebook e Twitter o que gerou um compartilhamento de 45.825 e 11.1 K tweets,
respectivamente. Um detalhe é que esse espalhamento também pode ser realizado de maneira
fragmentada, pois cada parágrafo do texto possui um ícone com direcionamento para o
microblog ou então para a cópia do URL da página. No caso dos vídeos, por exemplo, é
gerada uma frase do depoimento daquele entrevistado com a identificação a partir da conta do
mesmo no Twitter e ainda com o auxílio de hashtags. Por fim, identificamos que treze
profissionais se dedicaram para a elaboração do texto, vídeos, produção e pós-produção.
15
FIGURA 6 – Reportagem da Folha de São Paulo foi uma das pioneiras no Brasil a apostar na verticalização
FONTE – Folha de São Paulo.
Com uma redação bem ponderada nos moldes do texto jornalístico, buscando o
equilíbrio das declarações e opiniões apresentadas, a narrativa conta com uma série de
depoimentos de operários; engenheiros; diretores da empresa responsável pela obra (Norte
Engenharia); professores da Universidade de São Paulo e Universidade Federal do Rio de
Janeiro; gestores ambientais; relatórios de órgãos públicos e ONGs; defensores públicos;
prefeitura e responsáveis pelo trânsito, policiamento, produtores e feirantes de Altamira;
moradores; líderes indígenas e comunidades ribeirinhas, entre outras. Desse modo não há um
personagem principal, mas sim o encadeamento de diversas fontes relacionadas à situação.
A navegação é guiada a partir de um menu localizado em duas posições diferentes.
Um na margem direita e vertical, consistente em todas as páginas, e que corresponde a ¼ da
dimensão horizontal da página inicial. O outro fica disponível no fim da experiência de cada
parte, de maneira bem mais discreta. A narrativa é dividida em cinco partes (Obra, Ambiente,
Sociedade, Povos Indígenas e História) e conta ainda com outras quatro seções, compostas
pelo making of, por um espaço Opinião, o game Folhacóptero e um Mapa da Bacia do Xingu.
Em cada nível, a navegação é realizada pela barra de rolagem e não há links nos textos.
Verificamos também que não há qualquer tipo de publicidade.
Em relação aos recursos multimídias empregados foram identificados vinte e quatro
í , g “ - y” dos em players incorporados à
narrativa; cinquenta e cinco fotografias; dezoito infográficos; um game; um mapa interativo e
uma linha do tempo interativa. É preciso advertir que a maioria desses recursos se encontrava
de maneira a compor uma unidade comunicativa e não estavam dispostos em seções
específicas, com exceção do mapa interativo e do game Folhacóptero.
No que diz respeito à interatividade, não há contribuição do público e nem espaço para
comentários, mas apenas botões de compartilhamento para o Facebook, Twitter e Google+. A
“A B h B ”é , ê
de texto, um fotográfico e outro de vídeo que passaram três semanas na cidade de Altamira.
Segundo informações da própria empresa, o material começou a ser produzido em março do
16
mesmo ano, quando o grupo iniciou uma pesquisa para elaboração de infográficos, e contou
com uma produção total de dezenove profissionais.
Considerações finais
Referências
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