Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Ciclos Ate Fim Biolo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 40

O ciclo de vida de um ser vivo corresponde à sequência de acontecimentos que ocorrem

na vida de um organismo desde que foi concebido até que produz a sua própria
descendência. O ciclo de vida de uma espécie repete-se de geração em geração.

Quando a reprodução é sexuada, a duplicação do número de cromossomas que resulta


da fecundação é compensada pela redução de cromossomas que ocorre na meiose,
possibilitando a manutenção de um número de cromossomas constante em cada espécie.

Da alternância entre estes dois fenómenos resulta sempre uma alternância de fases
nucleares características:

 a haplofase ou fase haploide – está compreendida entre a meiose e a fecundação,


inicia-se na célula que resultou da meiose e que possui n cromossomas;

 a diplofase ou fase diploide – está compreendida entre a fecundação e a meiose,


inicia-se no ovo, célula que resultou da fecundação e que possui 2n cromossomas.

Tipos de meiose
Ciclo de vida de uma alga – espirogira (Spirogyra sp.)

A espirogira:

– é uma alga pluricelular verde brilhante;

– vive em água doce, principalmente em charcos e regatos;

– forma agregados filamentosos constituídos por células cilíndricas dispostas


topo a topo;

– apresenta reprodução assexuada por fragmentação – quando as condições


são favoráveis, podem destacar-se dos filamentos fragmentos que crescem e
originam novos indivíduos;

– tem reprodução sexuada quando as condições do meio são desfavoráveis,


garantindo a possibilidade de se formarem indivíduos com características que
podem ser vantajosas nesses ambientes.
Esquema do ciclo de vida da espirogira
Etapas da reprodução no homem:

Ciclo de vida do ser humano


Ciclo de vida de uma planta – polipódio (Polypodium sp.)

O polipódio: – apresenta reprodução sexuada e assexuada por fragmentação


vegetativa do rizoma e por esporulação.

Ciclo de vida do polipódio


Unicelularidade e multicelularidade

Os seres vivos podem agrupar-se em dois grandes grupos, os seres procariontes e


os seres eucariontes:

– esta classificação é apoiada pelo registo fóssil que testemunha a


existência destes dois tipos de seres no passado;

– são classificados com base na organização celular, ou seja, no tipo de


células que os constituem:
Pensa-se que foram os procariontes que estiveram na origem da diversidade de formas
de vida existentes atualmente, devido à sua simplicidade estrutural (a evolução
processar-se-ia de seres mais simples para mais complexos);.

Alguns grupos de procariontes terão evoluído e aumentado a sua complexidade e terão


estado, provavelmente, na origem dos organismos eucariontes.

Para explicar o aparecimento de células eucarióticas a partir da evolução de células


procarióticas, existem duas hipóteses: a hipótese autogénica e a hipótese
endossimbiótica.
Hipótese autogénica

Hipótese endossimbiótica

Argumentos a favor da hipótese endossimbiótica:

 as mitocôndrias e os cloroplastos são muito semelhantes a bactérias (seres


procariontes), na forma, no tamanho e nas estruturas membranares;

 estes organelos produzem as suas próprias membranas, as suas divisões são


independentes das da célula e são semelhantes à divisão binária das bactérias,
contêm um DNA próprio semelhante ao das bactérias – uma molécula circular,
geralmente, não associada a histonas;
 os ribossomas das mitocôndrias e dos cloroplastos são semelhantes aos dos
procariontes, quer no tamanho, quer nas suas características bioquímicas;

 atualmente, podem encontrar-se associações simbióticas entre bactérias e alguns


eucariontes.

Pontos fracos da hipótese endossimbiótica:

 esta hipótese não explica a origem do núcleo das células procarióticas;

 não esclarece como é que o DNA nuclear comanda o funcionamento dos


cloroplastos e das mitocôndrias.

Multicelularidade

Depois do aparecimento das células eucarióticas, a vida na Terra apresentava já grande


diversidade.

Os organismos eucariontes, que desenvolveram capacidade de predação, começaram


a aumentar de tamanho, o que favoreceu:

À medida que as dimensões da célula aumentam, a razão entre a área da célula e o seu
volume diminui porque o crescimento celular não pode ser indefinido. Então, como o
metabolismo se torna mais ativo mas a superfície membranar que contacta com o
exterior não tem um aumento proporcional, as trocas com o meio tornam-se menos
eficientes e não são capazes de dar resposta às necessidades das células.

Assim, para indivíduos com dimensões superiores a 1mm sobreviverem só têm duas
possibilidades: ou são unicelulares mas com um metabolismo muito baixo ou, para
darem resposta às necessidades metabólicas, têm de ser multicelulares

Embora ainda não esteja bem esclarecida, pois o registo fóssil não é suficiente, pensa-se
que a multicelularidade tenha resultado de associações vantajosas entre eucariontes
unicelulares que foram evoluindo:

– inicialmente, todas as células desempenhariam a mesma função;

– posteriormente, algumas células ter-se-iam especializado em


determinadas funções, ocorrendo diferenciação celular;

– a diferenciação celular, em que se verifica interdependência estrutural e


funcional das células, ter-se-á acentuado, originando verdadeiros seres
multicelulares.
Vantagens evolutivas da multicelularidade para os organismos:

 permite que os organismos tenham maiores dimensões, mantendo a relação


área/volume ideal para a realização de trocas com o meio;

 possibilita maior diversidade, proporcionando uma melhor adaptação a diferentes


ambientes;

 diminuição da taxa metabólica, como resultado da especialização celular que


permitiu uma utilização de energia de forma mais eficaz;

 maior independência relativamente ao meio ambiente, devido a uma eficaz


homeostasia (equilíbrio dinâmico do meio interno) que resulta da
interdependência entre os vários sistemas de órgãos.

Em suma, pode dizer-se de forma muito simples que a evolução das formas de vida se
processou dos procariontes para os eucariontes unicelulares e dos seres coloniais para os
pluricelulares.

Várias teorias surgiram, enquadradas em dois grandes grupos: teorias fixistas e


teorias evolucionistas.

 Fixismo:

– foi a primeira tentativa de explicação da grande diversidade de seres


vivos existentes na Terra;

– foi aceite durante muitos séculos, principalmente porque era apoiada


pela observação de gerações sucessivas de seres vivos que eram sempre
semelhantes;

– admite que as espécies surgiram tal como se conhecem actualmente e,


que se mantiveram fixas e imutáveis ao longo do tempo;

– as espécies foram criadas independentemente umas das outras;

– as principais teorias fixistas são o criacionismo, o espontaneísmo e


o catastrofismo:
 Evolucionismo:

– admite que as espécies se alteram de forma lenta e progressiva ao longo


do tempo, dando origem a novas espécies;

– as espécies são originadas a partir de ancestrais comuns;

– o ambiente intelectual em que o evolucionismo se estabeleceu foi


influenciado pelas ideias de mudança que surgiram, ao mesmo tempo, em
todas as áreas do conhecimento;

– construiu-se com o contributo e a colaboração de várias ciências e, em


particular, da Geologia.

As principais evidências geológicas que abalaram o modelo fixista foram:

– a idade da Terra ser muito superior à admitida até então;

– o aparecimento de fósseis de espécies muito diferentes das que se conheciam.


– foi dificilmente aceite pela comunidade científica e a sua implantação
definitiva decorreu do aparecimento de mecanismos explicativos muito
bem fundamentados e apoiados por argumentos válidos;

– as duas teorias evolucionistas mais marcantes são o Lamarckismo e


o Darwinismo.

 Lamarckismo:

– foi a primeira teoria explicativa sobre o mecanismo de evolução dos


seres vivos, formulada e defendida por um naturalista francês, o cavaleiro
de Lamarck;

– esta teoria assentava em duas leis fundamentais – a Lei do uso e do


desuso e a Lei da herança dos caracteres adquiridos;

– nesta teoria, a adaptação é definida como sendo a capacidade dos seres


vivos desenvolverem características que lhes permitam sobreviver e
reproduzir-se num determinado ambiente;

– o ambiente é considerado o principal agente responsável pela evolução;

– admite, ainda, uma progressão lenta e gradual dos organismos mais


simples para os mais complexos.
O lamarckismo sofreu grande contestação porque:

– atribui à evolução uma intenção ou objectivo, ao afirmar que as alterações


ocorrem devido à necessidade de as espécies procurarem a perfeição, o que não
se conseguiu provar cientificamente;

– a herança dos caracteres adquiridos não se verifica experimentalmente.

Esta teoria não vingou e o evolucionismo foi, temporariamente, posto de parte. Na


altura em que surgiu era impossível testar, cientificamente, alguns dos seus pontos e,
por outro lado, as ideias fixistas ainda estavam bem enraizadas.

 Darwinismo

– Charles Darwin,apresentou a teoria evolucionista como explicação para


a biodiversidade;

– Darwin baseou-se num conjunto de dados e informações recolhidos ao


longo de mais de 20 anos, destacando-se os recolhidos na viagem à volta
do Mundo no Beagle;

– os fundamentos desta teoria são os dados geológicos, os


dados biogeográficos, o Malthusianismo, a selecção artificial e
a variabilidade intraespecífica
– o mecanismo essencial que dirige a evolução é a selecção natural: só os mais
aptos sobrevivem e transmitem as características mais favoráveis porque o
ambiente não possui os recursos essenciais para a sobrevivência de todos os que
nascem;

– esta teoria pode enunciar-se da seguinte forma:

– todas as espécies apresentam indivíduos com pequenas variações nas


suas características;

– as populações tendem a crescer em progressão geométrica, originando


mais descendentes do que aqueles que podem sobreviver;

– o número de indivíduos de uma espécie não se altera significativamente


de geração em geração;

– em cada geração, uma parte dos indivíduos é naturalmente eliminada


na luta pela sobrevivência;

– sobrevivem os indivíduos que estiverem mais bem adaptados a um


determinado meio, por possuírem características mais vantajosas
relativamente aos restantes;

– a selecção natural, feita pela Natureza, privilegia os indivíduos mais


bem dotados e elimina os menos aptos relativamente a determinadas
condições do ambiente – sobrevivência do mais apto;

– os mais aptos, portadores das variações favoráveis, vivem durante mais


tempo e reproduzem-se mais e, como tal, transmitem as suas
características aos descendentes por reprodução diferencial;
– a acumulação de pequenas variações ao longo das gerações determina,
a longo prazo, a transformação e o aparecimento de novas espécies.

– a principal crítica a esta teoria é o facto de não conseguir explicar as causas


das variações existentes nas populações.

Confronto entre Lamarckismo e Darwinismo

O Lamarkismo e o Darwinismo explicam a diversidade de espécies existente através de


processos evolutivos. Contudo, embora ambos valorizem o papel do meio e da
adaptação, os mecanismos de explicação que apresentam são diferentes:
Argumentos a favor do evolucionismo

Apesar de haver lacunas nas explicações lamarckistas e darwinistas, a perspectiva


evolucionista foi tendo cada vez maior aceitação. Para apoiar o evolucionismo foram
utilizados diversos argumentos, sendo os mais importantes os argumentos de anatomia
comparada, os argumentos da paleontologia e os argumentos da citologia:
 argumentos de anatomia comparada

– a anatomia comparada baseia-se no estudo comparativo das formas e das


estruturas dos organismos, ou seja, no estabelecimento de semelhanças e
diferenças entre os caracteres morfológicos;

– a existência de relações filogenéticas entre diferentes espécies é apoiada pela


presença de estruturas homólogas, análogas e vestigiais.

– estruturas homólogas

– são órgãos com um plano estrutural semelhante e com origem embrionária


semelhante;

– por evolução divergente podem desempenhar diferentes funções;

– são o resultado da actuação da selecção natural sobre os mesmos indivíduos


em diferentes meios; os indivíduos que possuem estruturas que lhes conferem
vantagem num determinado habitat são seleccionados em detrimento de
outros;

– exemplos: os bicos dos tentilhões das Galápagos ou os órgãos anteriores


dos Vertebrados:
Estruturas homólogas em Vertebrados

– permitem construir séries filogenéticas:

– são séries que traduzem a evolução de estruturas homólogas em diferentes


organismos;

– podem ser progressivas ou regressivas:


Séries filogenéticas progressivas:

A evolução verifica-se a partir de um órgão simples que se vai tornando gradualmente


mais complexo.

Por exemplo, o estudo do coração dos vertebrados é um exemplo de evolução


progressiva.

Série filogenética progressiva

Séries filogenéticas regressivas:

Um órgão que era mais complexo vai evoluindo no sentido de se tornar mais simples,
regredindo-

Por exemplo, a redução dos membros dos répteis.


Série filogenética regressiva

No caso particular dos mamíferos ocorreu um tipo particular de evolução divergente,


designada radiação adaptativa.

Radiação adaptativa
– estruturas análogas

– são órgãos com estrutura e origem embrionária diferentes;

– por evolução convergente, estes órgãos desempenham a mesma


função, resultado de adaptação ao mesmo ambiente.

– resultam da atuação da selecção natural sobre indivíduos com origens


distintas que conquistaram meios semelhantes; os que possuem estruturas
que desempenham funções semelhantes são seleccionados em detrimento
de outros;

– exemplos: a cauda da baleia e a barbatana caudal dos peixes ou as asas


de insectos e as das aves.

– estruturas vestigiaiS

– são estruturas atrofiadas que não possuem significado fisiológico em


determinados grupos de seres vivos mas que, noutros grupos são
desenvolvidas e funcionais;

– uma vez que eram órgãos desenvolvidos e funcionais em espécies


ancestrais, constituem importantes evidências anatómicas a favor do
evolucionismo;
– a selecção natural pode exercer pressões selectivas que favoreçam
indivíduos com determinado órgão desenvolvido mas, noutro meio, esse
órgão pode ser desnecessário;

– são evidentes em séries filogenéticas regressivas;

– existem vários exemplos: é o caso do apêndice intestinal, da membrana


nictitante, dos músculos das orelhas, das vértebras do cóccix e os dentes do
siso no Homem.

– argumentos paleontológicos

– o estudo do registo fóssil fornece dados que apoiam o evolucionismo;

– os fósseis de animais já extintos puseram em causa a ideia de imutabilidade


defendida nas teorias fixistas, permitindo concluir que na Terra já existiram
seres vivos muito diferentes daqueles que conhecemos actualmente;

– quando o registo fóssil é mais completo, permite definir percursos


evolutivos de determinados grupos, partindo de um ancestral até às formas
actuais – as séries ortogenéticas – através do levantamento das modificações
que se foram registando ao longo do tempo. Uma série que se encontra
definida é a da evolução dos cavalos

– existem fósseis que permitem documentar relações de parentesco


(filogenéticas) entre espécies actualmente muito afastadas e que não foram
independentes quanto à sua origem – estes fósseis designam-se de formas
sintéticas ou fósseis de transição:
– argumentos citológicos

– referem-se ao estudo das células, objecto de estudo da Citologia.

Baseiam-se na Teoria Celular, que enuncia que:

– todos os seres vivos, apesar da grande diversidade que apresentam,


são constituídos por células;

– a célula é a unidade básica estrutural e funcional comum a todos os


seres vivos

– apoiam fortemente o evolucionismo porque:

– se há uniformidade na constituição dos seres vivos, então, a sua


origem deve ter sido comum;

– os processos e mecanismos celulares são também semelhantes,


constituindo um forte argumento a favor da origem comum. Por
exemplo, a mitose e a meiose são idênticas nas células animais e
vegetais.
Para reconstituir o processo evolutivo é necessário recorrer a vários tipos de argumentos
que são analisados em conjunto. Para além da Anatomia comparada, da Paleontologia e
da Citologia, os cientistas recorrem à Embriologia, à Bioquímica e à Biogeografia para
recolherem o maior número possível de dados das diferentes áreas do conhecimento e,
assim, tentarem esclarecer melhor o processo evolutivo.

Neodarwinismo – Teoria Sintética da Evolução

Tal como foi enunciada por Darwin, a teoria da evolução apresentava alguns pontos que
não foram totalmente esclarecidos, como:

 os mecanismos responsáveis pelas variações existentes nos indivíduos de uma


espécie;

 a forma como as variações são transmitidas de geração em geração.

O desenvolvimento da tecnologia e da ciência, principalmente no âmbito da Genética,


forneceu os conhecimentos necessários para colmatar estas lacunas.

Surgiram, então, duas novas ideias fundamentais:

 mutações – são uma evidência que permite explicar as variações dos seres vivos;

 a Teoria da Hereditariedade de Mendel – que explica a transmissão das


características de geração em geração.

Com estes novos dados, a Teoria de Darwin é revista e surge uma nova teoria –
o Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução. Para explicar os mecanismos
evolutivos, esta teoria apresenta duas ideias fundamentais, a variabilidade genética e
a selecção natural:

 a selecção natural actua sobre a diversidade, que é gerada pela variabilidade


genética;

 a variabilidade genética resulta de mutações e da recombinação genética:


Mutações

– são alterações bruscas do património genético de um indivíduo;

– podem ocorrer ao nível dos genes – mutações genéticas – ou envolver


porções significativas de cromossomas – mutações cromossómicas;

– são a fonte primária da variabilidade porque introduzem novos genes nas


populações;

– podem ser letais para os seus portadores e levarem ao seu


desaparecimento, ou podem ser favoráveis, conferindo vantagens aos indivíduos
que as possuem. Neste caso, os indivíduos sobrevivem e reproduzem-se mais e
transmitem esta mutação aos seus descendentes, modificando os genes da
população.

– Recombinação genética

– é a fonte mais próxima da variabilidade genética;

– ocorre através da reprodução sexuada e da meiose, no crossing-over e


na separação independente dos cromossomas homólogos;

– introduz variabilidade genética porque favorece o aparecimento de uma


multiplicidade de diferentes combinações de genes.

De acordo com o Neodarwinismo:

 as populações são as unidades evolutivas, pois apresentam a variabilidade sobre a


qual a selecção natural vai

 cada conjunto génico confere potencialidades adaptativas aos indivíduos, num


determinado meio e num determinado

 as populações são conjuntos de indivíduos da mesma espécie que, num dado


momento, ocupam uma determinada

 quanto maior for a diversidade maior é a probabilidade de uma população se


adaptar às mudanças que ocorram no

Actualmente define-se evolução como uma mudança no fundo genético das populações,
como resultado da selecção natural.
Taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da classificação e
da nomenclatura dos diferentes grupos de seres vivos formados. Tem como finalidade
adotar sistemas de classificação uniformes que expressem, da melhor forma, o grau de
semelhança entre os organismos.Também relacionada com a classificação,
a Sistemática recorre à Taxonomia e à Biologia Evolutiva e utiliza todos os
conhecimentos disponíveis sobre os seres vivos para compreender as suas relações de
parentesco e a sua história evolutiva, desenvolvendo sistemas de classificação que
refletem essas relações.

Sistemas de classificação
Os reinos da vida

O reino é a categoria taxonómica mais ampla, inclui maior número de espécies que as
restantes categorias e as semelhanças entre elas são menores.
Sistema de classificação de Whittaker

O sistema de classificação em cinco reinos é bastante coerente, pois permite


sistematizar as características mais importantes dos principais grupos de organismos.

As modificações propostas por Whittaker verificaram-se, principalmente, no reino


Protista, que passou a incluir os fungos flagelados e as algas, quer sejam unicelulares,
quer sejam multicelulares.

Vários critérios estão subjacentes a esta classificação, sendo os principais o nível de


organização estrutural, os tipos de nutrição e as interacções nos ecossistemas:

 organização estrutural

– diz respeito ao tipo de célula, se é procariótica ou eucariótica, e se os seres são


unicelulares ou pluricelulares.

 tipos de nutrição

– tem como base o processo de obtenção de alimento, os seres podem ser


autotróficos fotossintéticos ou quimiossintéticos ou podem ser heterotróficos,
obtendo o alimento por ingestão ou por absorção.

 interacções nos ecossistemas

– são as interacções alimentares que os organismos estabelecem no ecossistema,


estão relacionadas com o modo de nutrição. Assim, consideram-se:

– os produtores, que são seres autotróficos;

– os macroconsumidores, que são heterotróficos e que obtêm os


alimentos por ingestão;

– os microconsumidores, são heterotróficos decompositores ou saprófitos


que obtêm o alimento por absorção da matéria decomposta.

Sistema de classificação de Whittaker modificado

Devido às limitações do seu sistema de classificação, Whittaker apresentou uma versão


modificada do mesmo – o sistema de classificação de Whittaker modificado:
Outros sistemas de classificação

atualmente, há propostas de novos sistemas de classificação:

 um sistema propõe a existência de seis reinos: baseia-se no facto de existirem


duas linhagens diferentes de organismos procariontes;

– propõe a extinção do reino Monera e que, em seu lugar, surjam dois novos reinos – o
das Arqueobactérias e o das Eubactérias.

 um sistema de classificação com dois super-reinos:

– foi proposto em 1980 por Margulis e Schwartz;

– basearam-se em dados morfológicos, de desenvolvimento e em dados


moleculares;

– agruparam os cinco reinos de Whittaker em dois super-reinos:


 um sistema de classificação em três domínios:

– proposto por Woese e seus colaboradores;

– baseia-se na filogenia molecular, principalmente na comparação de sequências


nucleotídicas de RNA-ribossómico;

– que são:
Categorias taxonómicas

Estabeleceu-se, assim, uma hierarquia taxonómica – o sistema


hierárquico de classificação:

 foi proposto por Lineu que, pelo seu contributo nesta área, foi
considerado o “pai da Taxonomia”;

 corresponde a um modo de ordenação dos seres vivos, numa série


ascendente;

 a espécie é a unidade básica de classificação;

 as espécies semelhantes agrupam-se em géneros, os géneros


agrupam-se em famílias, as famílias em ordens e as ordens em
classes.

Posteriormente, foram criados grupos taxonómicos superiores à classe


como:

– o filo – na Zoologia

– a divisão – na Botânica

– o reino.

Cada categoria taxonómica é um táxon e os taxa principais são


sete: Espécie, Género, Família, Ordem, Classe, Filo, Reino.

Da espécie para o reino vai aumentando o número de organismos


incluídos em cada nível, mas vai diminuindo o grau de parentesco entre
eles.

De acordo com o conceito biológico, a espécie é um grupo natural


constituído por indivíduos com o mesmo fundo genético,
morfologicamente semelhantes e que se podem cruzar entre si
originando descendentes férteis. Os organismos da mesma espécie
estão isolados reprodutivamente dos indivíduos de outras espécies, pelo
que é a única categoria taxonómica natural. Todas as outras são
agrupamentos feitos pelo Homem.
Nomenclatura – regras básicas

A nomenclatura:

– consiste na atribuição de um nome científico aos diferentes


grupos taxonómicos;

– surgiu para tentar uniformizar os nomes que eram dados aos


seres vivos: popularmente os organismos são conhecidos por
nomes muito diferentes, que até podem variar de região para
região;

– é atribuída de acordo com regras específicas com o objectivo de


criar uma nomenclatura internacional.

As regras básicas de nomenclatura são:

 a designação dos taxa é feita em Latim, porque:

– esta língua já era usada desde a Idade Média havendo já muitos


nomes atribuídos, pelo que não seria necessário alterá-los;

– o Latim é uma língua morta, como não evolui, o significado das


palavras não se altera.

 para designar a espécie utiliza-se um sistema de nomenclatura


binomial:

– foi proposto por Lineu;

– são duas palavras em latim: a primeira diz respeito ao género a


que a espécie pertence e é um substantivo escrito com inicial
maiúscula; a segunda corresponde ao restritivo ou epíteto
específico, é normalmente um adjectivo escrito com inicial
minúscula e identifica uma espécie dentro do género a que
pertence.

 os grupos superiores à espécie são uninominais, formados por uma


só palavra, que é um substantivo escrito com inicial maiúscula;
 a nomenclatura das famílias constrói-se acrescentando uma
terminação à raiz do nome de um dos géneros: nos animais
acrescenta-se idae; nas plantas a terminação é aceae.
Existem excepções;

 quando as espécies têm subespécies, a nomenclatura é trinominal,


consiste no nome da espécie seguido do restritivo ou epíteto
subespecífico;

 os nomes genéricos, específicos e subespecíficos devem ser


escritos em tipo de letra diferente da do texto corrente.
Normalmente, utiliza-se o itálico, nos textos manuscritos sublinham-
se estas designações;

 depois da espécie deve escrever-se o nome ou a abreviatura do


taxonomista que, pela primeira vez a partir de 1758, atribuiu o nome
científico;

 a data da publicação do nome da espécie também pode ser citada,


neste caso coloca-se depois do nome do autor, separada por uma
vírgula.

Pela utilização das regras de nomenclatura, uniformizaram-se os nomes


das categorias taxonómicas facilitando a comunicação científica, pois
estes nomes são os mesmos no mundo inteiro.

Você também pode gostar