Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Dissertação Priscilla Ohno - Versão Final

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 158

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

PRISCILLA MOREIRA OHNO

COGNIÇÕES E COPING COGNITIVO RELACIONADOS À QUALIDADE DE VIDA


EM DIABÉTICOS

Belo Horizonte
2017
PRISCILLA MOREIRA OHNO

COGNIÇÕES E COPING COGNITIVO RELACIONADOS À QUALIDADE DE VIDA


EM DIABÉTICOS

Dissertação apresentada à banca examinadora


do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
da Universidade Federal de Minas Gerais como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Psicologia.

Área de concentração: Desenvolvimento


Humano

Linha de pesquisa: Diferenças Individuais

Orientador: Prof. Dr. Maycoln Leôni Martins


Teodoro

Belo Horizonte
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS PPG
l3Si
t,,-.
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA UFM G

FOLHA DE APROVAÇÃO

Cognições e Coping Cognitivo relacionados a Qualidade de Vida em


Diabéticos

PRISCILLA MORElRA OHNO

Dissertação submetida à Banca Examinadora designada pelo Colegiado do Programa de Pós-


Graduação em PSlCOLOGIA, como requisito para obtenção do grau de Mestre em
PSICOLOGIA, área de concentração DESENVOLVIMENTO HUMANO, linha de pesquisa
Desenvolvimento e Diferenças Individuais,

Aprovada em 15 de fevereiro de 2017, pela banca constituída pelos membros:


/J!ltG?~~
Proíta). MaYCol{ (eoi;artins Teodoro - Orientador
UFMG
- -?Jr7'-- /7
'-Y;;;CC(f;4rf&t:~~
Prof(a). Pricila Cristina Correa Ribeiro
UFMG

.Iv ,
Prof(a). LEONARDO MAURíCIO DIN
UFM

Belo Horizonte, 15 de fevereiro de 2017,


150 Ohno, Priscilla Moreira
O38c Cognições e coping cognitivo relacionados à qualidade de
2017 vida em diabéticos [manuscrito] / Priscilla Moreira Ohno. -
2017.
157 f.
Orientador: Maycoln Leôni Martins Teodoro.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas


Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.
Inclui bibliografia

1.Psicologia – Teses. 2.Diabetes - Teses. 2.Depressão


mental - Teses. 3. Qualidade de vida - Teses. I. Teodoro,
Maycoln Leôni Martins. II. Universidade Federal de Minas
Gerais. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.
III.Título.
Dedico este trabalho a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o meu
desenvolvimento pessoal e acadêmico, tornando possível a realização deste trabalho. Em
especial, àqueles que lutam para terem uma vida melhor mesmo diante de uma doença clínica
tão incapacitante como a diabetes. Enfrentar as crises de hipoglicemia, a mudança nos hábitos
de vida, cuidar de si mesmo diariamente convivendo com o risco iminente de complicações
ou mesmo de uma morte prematura, não é fácil. Tudo isso me ensinou a valorizar mais a vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela vida. Por nunca me desamparar, por colocar em
meu caminho pessoas queridas e especiais que me apoiaram, auxiliaram, ensinaram,
compartilharam comigo tantos momentos de conquistas e realizações, pessoais e profissionais.
Agradeço aos meus pais por todas às vezes que me deram forças para seguir adiante.
Por todos os valores que me ensinaram e que fizeram de mim uma pessoa melhor, e por estarem
comigo incondicionalmente até hoje.
Aos meus irmãos Thiago e Arnaldo pelo companheirismo e amizade de sempre, pelo
apoio e torcida em todos os momentos, por estarem comigo em qualquer tempo e circunstância.
Ao meu marido Kelson por estar ao meu lado todo esse tempo me apoiando e
incentivando para que eu trilhasse meu próprio caminho e crescesse profissionalmente.
Agradeço ao Maycoln, meu orientador, que com paciência e dedicação me acompanhou
durante todos esses anos, me mostrando o caminho para me tornar uma profissional e uma
pessoa melhor. Agradeço pela sua sinceridade, pelo seu companheirismo e apoio nesta jornada,
por todo o conhecimento que compartilhou comigo, e por acreditar e confiar em mim quando
eu mesma duvidava.
Aos meus professores, pelos ensinamentos que me ajudaram a desenvolver minhas
habilidades. Por todos os dias que vocês moldaram e lapidaram o conhecimento contribuindo
verdadeiramente para a minha formação.
Às “minhas meninas de ouro” Ana Carolina, Sofia, Luanna e Juliana que tornaram esse
trabalho muito mais fácil e prazeroso. Mais do que alunas de iniciação científica, e que
contribuíram grandemente para a condução desse trabalho, foram grandes companheiras e
amigas. Vocês me enchem de orgulho!
Aos meus colegas do LabCog, pela ajuda e disponibilidade durante esse tempo, e por
compartilharem tantos momentos de aprendizagem e novas descobertas. Agradeço
especialmente à Mariana, ao Santhiago e à Suzana que trilharam comigo as empreitadas
acadêmicas, sendo mais do que companheiros de equipe amigos valiosos e indispensáveis.
O conhecimento amplia a vida. Conhecer é viver uma realidade que a ignorância
impede desfrutar. Ninguém pode ir ao lugar que se propõe, se ao mesmo tempo pretende
permanecer no ponto de partida.

Raumsol
RESUMO

OHNO, P. M. Cognições e coping cognitivo relacionados à qualidade de vida em diabéticos.


Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2017.

A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença grave, de etiologia múltipla, ocasionada pela
deficiência na secreção e/ou ação da insulina e, se não tratada de forma rigorosa, pode trazer
graves complicações para a saúde. O curso e prognóstico da DM dependem da qualidade do
controle do paciente, o que requer práticas de autocuidado, o que pode ser dificultado por um
quadro depressivo, por exemplo. A presente dissertação teve como objetivo a investigação da
intensidade de cognições disfuncionais, qualidade de vida (QV) e estratégias cognitivas de
enfrentamento (coping cognitivo) em grupos de pacientes diabéticos com e sem sintomas de
depressão. Inicialmente foi conduzida uma revisão narrativa da literatura sobre estudos que
avaliaram a relação diabetes-depressão e os impactos dessa associação na QV dos pacientes
diabéticos, bem como as cognições disfuncionais e coping cognitivo dos mesmos. A revisão
mostrou que a presença da depressão potencializa os impactos negativos no controle da
diabetes, o que pode dificultar o tratamento e diminuir a QV do sujeito. Quanto às cognições
disfuncionais, os estudos sugerem que estilos cognitivos negativos e processamento falho de
informações, produzem um maior risco de eclosão da depressão nesses indivíduos e que
cognições negativas interferem no estado de ânimo e adesão ao tratamento, resultando em mais
complicações. Já a busca por estudos que avaliaram as estratégias cognitivas de enfrentamento
mais utilizadas por pessoas com DM não foi conclusiva, uma vez que este tema não foi avaliado
nesse público até o presente, o que pode ser devido à escassez de instrumentos de avaliação
apropriados. Sendo assim, viu-se a necessidade de adaptar para o Brasil, uma ferramenta de
avaliação desse construto, o Cognitive Emotional Regulation Questionnaire (CERQ). Os
resultados encontrados nesse processo indicam a adequação do CERQ para a avaliação desse
construto na população geral, uma vez que a estrutura fatorial encontrada foi semelhante à
estrutura original e demais versões desse instrumento. Esse estudo serviu como base para a
construção de uma versão específica do CERQ para pessoas com DM que foi utilizada na
investigação do coping cognitivo desse público. Diante das constatações e hipóteses levantadas
na revisão, foi realizado um estudo comparativo com 43 participantes, todos diagnosticados
com DM, sendo 13 com sintomas depressivos proeminentes e 30 sem esses sintomas, no intuito
de avaliar as cognições, coping cognitivo, QV e nível de sofrimento emocional. Os participantes
foram avaliados individualmente por meio de entrevistas clínicas e testes padronizados. Os
resultados mostraram que os pacientes diabéticos com sintomas depressivos apresentam pior
QV, maior sofrimento emocional decorrente da DM, bem como mais cognições disfuncionais
do que aqueles sem esses sintomas. Além disso, mostrou-se que as estratégias cognitivas menos
adaptativas utilizadas pelos diabéticos para lidarem com a doença, são as que mais se associam
à pior QV e maior sofrimento emocional. Por fim, mesmo considerando a DM como algo
negativo e estressante, as estratégias mais utilizadas por esse público para lidar com essa doença
são aquelas mais adaptativas o que pode contribuir para um melhor ajustamento psicossocial e
QV. Sugestões de novas pesquisas que deem continuidade às questões levantadas são
apresentadas.

Palavras-chave: diabetes mellitus; depressão; qualidade de vida; tríade cognitiva; crenças


cognitivas; coping cognitivo
ABSTRACT

OHNO, P. M. Cognitions and cognitive coping related to quality of life in diabetics. Dissertação
(Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017.

Diabetes Mellitus (DM) is a serious illness, of multiple etiology, caused by the deficiency of
insulin secretion and/or its action. If not treated accurately, DM can bring several health
complications. The course and prognostics of DM depend on the level of self-control of the
patient, which can become difficult if the person has a condition such as depression. The present
work aimed the investigation of the intensity of dysfunctional cognitions, quality of life (QL)
and cognitive coping, in groups of diabetic patients with and without symptoms of depression.
First, a literature review was conducted about studies that evaluated the relation between
diabetes and depression and the impacts of this association in diabetic patients’ QL. This review
also addressed dysfunctional cognitions and cognitive coping strategies. The results of the
review show that the presence of depression amplifies the negative impacts on the diabetes
control, which can make treatment more difficult and decrease the subject’s QL. As for the
dysfunctional cognitions, studies suggest that negative cognitive styles and flawed information
processing increase the risk of depression in these individuals, and that negative cognitions
interfere on the vitality and adherence to treatment, which may lead to more complications. On
the other hand, the search for studies that evaluate the types of cognitive coping most used by
patients with DM was inconclusive, since such aspect has yet to be studied in this type of group.
This may be due to the lack of appropriate evaluation instruments. Therefore, there was a need
to adapt to Brazil an evaluation instrument of this construct, the Cognitive Emotional
Regulation Questionnaire (CERQ). The results found in this process indicate that CERQ is
appropriate to evaluate this aspect in the general population, since the factorial structure found
was similar to the original structure and other versions of the instrument. This study was used
as a base line for the construction of a specific version of CERQ – for people with diabetes –
which was used in the investigation of their cognitive coping. Before the confirmations and
hypothesis raised in the literature review, a comparative study was conducted with 43
participants, all diagnosed with DM, 13 of whom expressed clear symptoms of depression and
30 who did not show depression symptoms. The objective of this comparative study was to
evaluate the cognitions, cognitive coping, QL and level of emotional suffering. Participants
were evaluated individually with clinical interviews and standardized tests. The results showed
that diabetics with depression symptoms have worse QL, more emotional suffering due to DM,
as well as more dysfunctional cognitions, than others without depression symptoms. Moreover,
it was showed that the less adaptive cognitive coping strategies used by diabetics to deal with
the illness are the ones that are more associated with worse QL and more emotional suffering.
At last, even considering DM as something negative and stressful, the strategies that were most
used by this public to deal with the disease are the more adaptive approaches which can
contribute to a better psycho-social adjustment and QL. Lastly, suggestions of new researches
that would continue the matters raised are presented.

Key-words: diabetes mellitus; depression; quality of life; cognitive triad; cognitive beliefs;
cognitive coping.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema representativo dos correlatos biológicos do modelo cognitivo da


depressão........................................................................................................ 37
Figura 2 – Gráfico de sedimentação do Questionário de Regulação Emocional
Cognitiva (CERQ)......................................................................................... 65
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Adequações dos itens do Questionário de Regulação Emocional


Cognitiva (CERQ) 54
Tabela 2 – Itens do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva (CERQ) 56
Tabela 3 – Características sociodemográficas da amostra da análise fatorial
exploratória 63
Tabela 4 – Características sociodemográficas da amostra da análise fatorial
confirmatória 64
Tabela 5 – Distribuição dos itens, cargas fatoriais, variância explicada e
consistência interna da versão exploratória do CERQ-B 66
Tabela 6 – Resumo dos resultados para os modelos de oito e nove fatores do
Questionário de Regulação Emocional Cognitiva 68
Tabela 7 – Itens divididos por fatores com respectivas correlações item-total 69
Tabela 8 – Correlações entre os fatores do CERQ-B 71
Tabela 9 – Média, desvio-padrão, mediana e percentis dos fatores do CERQ-B, de
acordo com o sexo do participante 73
Tabela 10 – Média e desvio-padrão dos fatores do CERQ-B, de acordo com a idade
e tipo de coleta 75
Tabela 11 – Confiabilidade do alfa de Cronbach dos fatores do CERQ-B, teste-
reteste 76
Tabela 12 – Correlações entre os fatores do CERQ-B e sintomas depressivos e
ansiosos 77
Tabela 13 – Características demográficas e clínicas dos participantes dos grupos I e
II 84
Tabela 14 – Problemas e/ou transtornos mentais apresentados pelos participantes 91
Tabela 15 – Média, desvio-padrão e significância entre os grupos não deprimidos e
deprimidos em relação a qualidade de vida e sofrimento emocional
específico da diabetes 92
Tabela 16 – Correlações entre as cognições e qualidade de vida e sofrimento
emocional específico da diabetes 94
Tabela 17 – Média, desvio-padrão e significância entre os grupos não deprimidos e
deprimidos em relação as cognições 95
Tabela 18 – Frequência de respostas nos itens do ITC de acordo com os grupos não
deprimidos e deprimidos 97
Tabela 19 – Frequência de respostas nos itens da EPD de acordo com os grupos não
deprimidos e deprimidos 99
Tabela 20 – Correlações entre as estratégias cognitivas de enfrentamento e qualidade
de vida e sofrimento emocional específico da diabetes 101
Tabela 21 – Tipo e frequência das estratégias cognitivas de enfrentamento utilizadas
pelos pacientes diabéticos 102
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACSs Agentes Comunitários de Saúde


ADA American Diabetes Association/ Associação Americana de Diabetes
AF Análise Fatorial
AFC Análise Fatorial Confirmatória
AFE Análise Fatorial Exploratória
AIC Akaike Information Criterion
APA American Psychiatric Association/ Associação Americana de Psiquiatria
BAI Inventário de Ansiedade de Beck
BDI Inventário de Depressão de Beck
B-PAID Versão brasileira do Questionário de avaliação dos problemas relacionados
a diabetes
CERQ Cognitive Emotion Regulation Questionnaire
CERQ-B Questionário de Regulação Emocional Cognitiva
CERQ-BD Questionário de Regulação Emocional Cognitiva para Diabéticos
CFI Comparative Fit Index
CS Centro de Saúde
DE Desregulação Emocional
DM Diabetes Mellitus
DM1 Diabetes Mellitus tipo 1
DM2 Diabetes Mellitus tipo 2
DP Desvio-padrão
EDM Episódio depressivo maior
EED Estresse específico da diabetes
EPD Escala de Pensamentos Depressivos
GRID-HAMD Escala de Avaliação de Depressão GRID de Hamilton
HADS Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
HAMD Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton
HbA1c Hemoglobina glicada
HC Hospital das Clínicas
HIV/AIDS Vírus da Imunodeficiência Humana
HPA Hipotalâmico-pituitário-adrenal
IDF International Diabetes Federation/ Federação Internacional de Diabetes
IMC Índice de Massa Corporal
ITC Inventário da Tríade Cognitiva
KMO Medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin
MINI Mini International Neuropsychiatry Interview
OMS Organização Mundial de Saúde
PAID Questionário de avaliação dos problemas relacionados a diabetes
PANAS Escala de Afetos Positivos e Negativos
PAs Pensamentos automáticos
QV Qualidade de Vida
QVED Qualidade de vida específica na diabetes
QVRS Qualidade de vida relacionada à saúde
RE Regulação Emocional
RS Rio Grande do Sul
SBD Sociedade Brasileira de Diabetes
SEED Sofrimento emocional específico da diabetes
SEEM Serviço Especial de Endocrinologia e Metabologia
SF-36 Medical Outcomes Study 36 - Item Short - Form Health Survey
SPA Serviço de Psicologia Aplicada
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
TCC Terapia Cognitivo-Comportamental
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TDM Transtorno Depressivo Maior
TEA Transtorno do Espectro do Autismo
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
Vigitel Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico
WHO World Health Organization
LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS

Apêndice A – Critérios utilizados na revisão de literatura


Apêndice B – Carta convite da coleta no formato online
Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Apêndice D – Questionário de Dados do Participante
Apêndice E – Questionário de Regulação Emocional Cognitiva
Apêndice F – Questionário de Dados do Paciente
Apêndice G – Questionário de Regulação Emocional Cognitiva para Diabéticos
Apêndice H – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para pacientes do Centro de Saúde

Anexo A – SF-36
Anexo B – Inventário da Tríade Cognitiva
SUMÁRIO

ABSTRACT ........................................................................................................................... 8
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ 9
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... 10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................... 12
LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS .................................................................................. 14
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 18
1.1. Apresentação ................................................................................................................. 18
1.2. Diabetes Mellitus: Diagnóstico e Prevalência ................................................................ 20
1.3. Diabetes e Depressão: causa ou consequência? .............................................................. 23
1.4. Diabetes e Depressão: Impactos na Qualidade de Vida .................................................. 25
1.4.1. Relação/associação entre sintomas depressivos e qualidade de vida em diabéticos ...... 26
1.4.2. Sintomas depressivos em diabéticos: fatores associados a comorbidade depressão-
diabetes, dentre eles a qualidade de vida ............................................................................... 28
1.4.3. Complicações, comorbidades e outros fatores relacionados à qualidade de vida em
diabéticos, dentre eles a depressão ........................................................................................ 30
1.4.4. Impacto da terapia medicamentosa em sintomas depressivos e qualidade de vida de
pacientes diabéticos .............................................................................................................. 31
1.5. Modelo Cognitivo da Depressão .................................................................................... 34
1.6. Cognições Disfuncionais na Diabetes ............................................................................ 38
1.7. Estratégias cognitivas de enfrentamento na diabetes....................................................... 44
2. TRADUÇÃO BRASILEIRA E ADAPTAÇÕES DOS ITENS DO COGNITIVE
EMOTION REGULATION QUESTIONNAIRE ................................................................. 48
2.1. Etapa 1: Tradução e validade de conteúdo dos itens do CERQ ....................................... 52
2.1.1. Objetivo ...................................................................................................................... 52
2.1.2. Método ....................................................................................................................... 52
2.1.2.1. Análise de conteúdo dos itens .................................................................................. 52
2.1.2.1.1. Participantes.......................................................................................................... 52
2.1.2.1.2. Instrumento ........................................................................................................... 53
2.1.2.2.3. Procedimentos....................................................................................................... 53
2.1.2.2.4. Análise dos dados ................................................................................................. 54
2.1.3. Resultados e Discussão ............................................................................................... 54
2.1.4. Versão Final do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva (CERQ-B) ............. 55
2.2. Etapa 2: Validade Interna do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva (CERQ-
B)...............................................................................................................................................58
2.2.1. Objetivos .................................................................................................................... 58
2.2.1.1. Objetivo Geral ......................................................................................................... 58
2.2.1.2. Objetivos Específicos ............................................................................................... 58
2.2.2. Método ....................................................................................................................... 58
2.2.2.1. Participantes ............................................................................................................ 58
2.2.2.2. Instrumentos ............................................................................................................ 59
2.2.2.3. Procedimentos éticos................................................................................................ 60
2.2.2.4. Procedimentos para coleta de dados ......................................................................... 60
2.2.2.5. Procedimentos para análise de dados ........................................................................ 61
2.2.3. Resultados .................................................................................................................. 62
2.2.3.1. Características da amostra e das variáveis da AFE .................................................... 62
2.2.3.2. Características da amostra da AFC ........................................................................... 62
2.2.3.3. Análise exploratória do modelo (AFE) ..................................................................... 64
2.2.3.4. Consistência interna ................................................................................................. 65
2.2.3.5. Teste dos modelos (AFC) ......................................................................................... 68
2.2.3.6. Validade de construto do CERQ-B ........................................................................... 68
2.2.3.7. Diferenças de Sexo, Idade e Tipo de coleta .............................................................. 71
2.2.3.8. Confiabilidade teste-reteste e consistência interna do CERQ-B ................................ 75
2.2.3.9. Correlações entre o CERQ-B e sintomas depressivos e ansiosos............................... 76
2.3. Considerações Finais ..................................................................................................... 80
3. COGNIÇÕES E COPING COGNITIVO RELACIONADOS A QUALIDADE DE VIDA
EM DIABÉTICOS ............................................................................................................... 82
3.1. Objetivos ....................................................................................................................... 82
3.1.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 82
3.1.2. Objetivos Específicos.................................................................................................. 83
3.2. Método .......................................................................................................................... 83
3.2.1. Participantes ............................................................................................................... 83
3.2.2. Instrumentos ............................................................................................................... 85
3.2.3. Procedimentos Éticos e de Pesquisa ............................................................................ 88
3.2.4. Análise dos Dados ...................................................................................................... 90
3.3. Resultados ..................................................................................................................... 90
3.3.1. Depressão e outros transtornos mentais ....................................................................... 90
3.3.2. Qualidade de vida e sofrimento emocional específico da diabetes ............................... 91
3.3.3. Cognições disfuncionais.............................................................................................. 92
3.3.4. Estratégias cognitivas de enfrentamento .................................................................... 100
3.5. Discussão..................................................................................................................... 104
4. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 108
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 111
APÊNDICES ...................................................................................................................... 129
ANEXOS ........................................................................................................................... 147
18

1. INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação

As doenças orgânicas estão comumente associadas a um maior risco de


desenvolvimento de problemas e/ou transtornos psicológicos (White & Trief, 2007; Doherty &
Gaughran, 2014). Os indivíduos doentes, muitas vezes, têm necessidade de se submeter a
tratamentos clínicos debilitantes, que contribuem ainda mais para aquele risco, além de
experimentarem diminuição da qualidade de vida, bem como a interferência negativa nos seus
relacionamentos interpessoais. A maior parte dos problemas psicológicos comuns, como
transtornos de ansiedade e transtornos afetivos, aparece concomitantemente às manifestações
clínicas da doença (White & Trief, 2007; Holahan et al., 2010). Esse quadro se agrava quando
a doença em questão é de curso crônico, como a diabetes por exemplo. A Diabetes Mellitus
(DM) é uma doença grave caracterizada pela presença de níveis elevados de açúcar no sangue
(hiperglicemia) que pode ser decorrente da falta de insulina ou da resistência à sua ação no
organismo. Na primeira situação têm-se um quadro denominado de diabetes mellitus tipo 1, e
na segunda a diabetes mellitus tipo 2, sendo esta a forma mais comum de DM, representando
mais de 90% dos casos (World Health Organization [WHO], 1999).
O curso e o prognóstico da DM são diretamente influenciados pelo nível do controle
metabólico, muito dependente, entre outros fatores, da qualidade do autocuidado que o paciente
é capaz de adotar. As mudanças no estilo de vida para atender às exigências diárias do
tratamento podem conduzir a um quadro de depressão – um transtorno do humor que
reconhecidamente acarreta prejuízos em diferentes aspectos da vida social e cognitiva. Há
evidências que cerca de 10 a 15% dos diabéticos apresentem sintomas depressivos, e que a
diabetes seja a causa ou esteja interligada a eles (Anderson, Freedland, Clouse & Lustman,
2001; Tanenbaum et al., 2013). Além disso, o impacto negativo nos comportamentos de
autocuidado da diabetes pode estar relacionado à desesperança comumente encontrada em
indivíduos deprimidos (White & Trief, 2007).
A depressão – sintomática ou não – provoca impacto negativo no controle da diabetes,
dificultando o tratamento e diminuindo a qualidade de vida (QV). A DM tem efeito menor do
que a depressão sobre a QV do diabético (Goldney, Phillips, Fisher, & Wilson, 2004), o que
evidencia a importância de uma abordagem terapêutica precoce para o transtorno depressivo, a
19

fim de que o paciente possa gerir de forma mais efetiva a DM. Acredita-se que uma modalidade
terapêutica para este grupo seja a terapia cognitivo-comportamental, de eficácia já reconhecida
para pacientes deprimidos (Beck & Alford, 2011). De acordo com o modelo da terapia
cognitiva, pacientes deprimidos apresentam negatividade acentuada, manifestada
principalmente na sua forma de interpretar a realidade, e que conduz à manifestação sintomática
característica deste transtorno de humor. Além disso, ocorrem erros sistemáticos no
processamento da informação recebida do meio e na forma de verem a si, os outros e o futuro,
mantendo crenças distorcidas mesmo diante de evidências contrárias (Beck, 2008). Tal
característica confere ao indivíduo um nível acentuado de sofrimento psíquico, emocional e um
funcionamento social inadequado. Detectar a cognição disfuncional é essencial para o
tratamento psicoterápico que se pauta em aspectos da reestruturação cognitiva e da mudança
comportamental, visando melhor qualidade de vida para o indivíduo em sofrimento.
O temor pelas complicações do quadro e pela falta de suporte interpessoal é comum em
algumas condições clínicas, como a diabetes. O indivíduo tende a reagir negativamente,
desenvolvendo um quadro de estresse emocional, sofrendo mais ao tentar ajustar-se
adequadamente à sua doença (Gonzalez, Fisher, & Polonsky, 2011). Um dos objetivos das
intervenções psicossociais é educar os pacientes quanto ao seu transtorno e ensinar-lhes técnicas
de resolução de problemas e estratégias de enfrentamento (coping) mais funcionais. Apesar
disso, poucos estudos científicos têm se dedicado à investigação do coping em pacientes
diabéticos, principalmente quanto às estratégias cognitivas utilizadas por eles para regular suas
emoções diante da própria doença. Possivelmente, essa escassez se deva ao fato da ausência de
ferramentas apropriadas para a avaliação desse construto. A identificação dessas estratégias é
essencial para que esses indivíduos possam, posteriormente, regulá-las e adquirir um
funcionamento psicossocial mais adequado. Diante disso, evidencia-se a necessidade de
empreender esforços para desenvolver instrumentos adequados para esse tipo de investigação.
Diante do exposto, é esperado que indivíduos com depressão clinicamente manifesta,
ou mesmo subclínica, possuam um rebaixamento na sua QV e que apresentem cognições
disfuncionais e estratégias cognitivas de enfrentamento pouco efetivas, que podem conduzi-los
a um sofrimento emocional mais intenso. Esse quadro tende a se agravar na presença de
comorbidade com uma doença clínica debilitante como a diabetes. Apesar da importância de se
avaliar as crenças e estratégias cognitivas de coping em indivíduos diabéticos, principalmente
naqueles mais deprimidos, poucos estudos têm se dedicado a tais investigações. Sendo assim,
pretende-se nesse trabalho colaborar com o preenchimento da lacuna encontrada na área,
20

sobretudo no contexto brasileiro, verificando-se a relação entre a intensidade do sintoma


depressivo, cognição, estratégias cognitivas de enfrentamento e qualidade de vida nesse grupo
clínico.
Nesse primeiro capítulo será apresentada a fundamentação teórica do trabalho, a partir
da exposição da relação entre depressão e diabetes, bem como o impacto desta interação na
qualidade de vida dos indivíduos diabéticos. Em seguida, serão apresentados os fundamentos
do modelo cognitivo de Beck e os dados encontrados na literatura quanto às cognições
disfuncionais e às estratégias cognitivas de enfrentamento desse grupo clínico. A partir da
revisão realizada, verificou-se a escassez de estudos sobre o coping cognitivo nessa população,
possivelmente devido à falta de ferramentas apropriadas para a investigação desse construto.
Diante disto, viu-se a necessidade de traduzir e adaptar para o contexto brasileiro o Cognitive
Emotional Regulation Questionnaire, um instrumento que avalia as estratégias cognitivas de
enfrentamento que os indivíduos utilizam mediante um evento negativo ou estressor. Todo o
processo de adaptação e verificação de algumas propriedades psicométricas, feito inicialmente
para indivíduos da população em geral, será apresentado no capítulo 2. Este instrumento
adaptado serviu como base para a versão específica utilizada para avaliar essas estratégias nos
diabéticos, um dos principais objetivos deste trabalho. No capítulo 3 será apresentada a
investigação conduzida com indivíduos diabéticos com o intuito de avaliar a presença e
intensidade de cognições e sintomas depressivos, bem como as estratégias cognitivas de
enfrentamento e QV destes indivíduos. Por fim, serão apresentadas as conclusões do trabalho e
suas limitações.

1.2. Diabetes Mellitus: Diagnóstico e Prevalência

O termo “Diabetes mellitus” (DM), ou simplesmente diabetes, diz respeito a um


conjunto de distúrbios metabólicos de etiologia múltipla, caracterizados por hiperglicemia
crônica e distúrbios no metabolismo de proteínas, carboidratos e gorduras, provenientes de
defeitos na ação da insulina ou na secreção deste hormônio, podendo ocorrer devido a essas
duas condições concomitantemente (WHO, 1999). A diabetes pode ser classificada em diabetes
tipo 1, tipo 2, gestacional e outros tipos específicos. A diabetes tipo 1 (DM1) resulta da
destruição extensa das células beta do pâncreas, produtoras de insulina, determinando a
deficiência absoluta desse hormônio no organismo. Esse tipo acomete mais frequentemente
21

crianças, adolescentes e adultos jovens. Os sintomas surgem de forma abrupta e têm progressão
clínica acentuada e rápida, podendo levar ao coma hiperglicêmico em poucos dias.
Na diabetes tipo 2 (DM2) pelo menos duas situações estão presentes: redução da
produção de insulina – relativa nos primeiros anos de doença e progressiva com a evolução – e
má utilização da insulina pelo organismo, fenômeno atribuído à resistência a esse hormônio. É
mais frequentemente diagnosticada em adultos acima dos 35 anos de idade, com evolução
insidiosa e paucissintomática, pelo que pode passar despercebida por longos períodos de tempo
e retardar o diagnóstico e tratamento. Os pacientes com DM2 são tratados com dieta alimentar,
prática de exercícios físicos e medicação oral; ao longo da evolução, a maior parte dos pacientes
demandará tratamento com insulina.
A diabetes gestacional acomete mulheres na gestação, mas normalmente desaparece
após o término da gravidez. Percentual significativo destas mulheres desenvolverá diabetes do
tipo 2 no futuro. Outros tipos de diabetes são mais raros e podem ser o resultado de defeitos
genéticos específicos nas células Beta, doenças do pâncreas, endocrinopatias, drogas e
infecções. A forma mais comum de DM é o tipo 2, que representa 90% do total de indivíduos,
80% destes obesos ou com sobrepeso, seguido em termos de frequência pela DM tipo 1 com
cerca de 8% (American Diabetes Association [ADA], 2010).
O diagnóstico de diabetes é baseado nos sintomas clínicos de fome excessiva (polifagia),
aumento da frequência e volume urinário (poliúria), sede excessiva (polidipsia) e boca seca,
perda inexplicada de peso, cansaço excessivo e dores no corpo. O diagnóstico laboratorial é
feito com base no achado de concentração aumentada de glicose no sangue. O diagnóstico de
DM é estabelecido quando a glicemia em jejum está acima de 126 mg/dL e esse resultado é
confirmado em pelo menos mais uma ocasião. As glicemias em jejum entre 100 e 125mg/dL
indicam que a pessoa pode ser portadora de pré-diabetes, o que requer novo exame, como o
teste de tolerância à glicose com sobrecarga oral de 75 g.; neste exame a glicemia não deve
ultrapassar os 139 mg/dL após duas horas da ingestão da glicose. Ainda neste teste, níveis de
glicemia entre 140 e 199 mg/dL caracterizam intolerância à glicose, ou pré-diabetes, e valores
iguais ou superiores a 200 mg/dL confirmam o diagnóstico de diabetes. Uma glicemia aleatória
– sangue coletado a qualquer hora do dia – superior a 200mg/dL., na presença de sintomas
típicos, já é suficiente para o diagnóstico de DM. Em alguns casos o diagnóstico também pode
ser feito com base na hemoglobina glicada ou HbA1c, uma forma de hemoglobina presente
naturalmente nos eritrócitos humanos que serve para identificar altos níveis de glicemia durante
um período de até 120 dias; por isso é mais utilizado como instrumento de avaliação do controle
22

glicêmico em pacientes diabéticos já em tratamento, do que propriamente constituir ferramenta


diagnóstica. Segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA) indivíduos com HbA1c
entre 5,7 e 6,4 % são caracterizados como de risco para a diabetes e aqueles com HbA1c > 6,5%
têm estabelecido o diagnóstico de DM, desde que confirmados em nova coleta (WHO, 1999;
ADA, 2010).
Em uma recente revisão do Atlas de Diabetes, realizada pela Federação Internacional
de Diabetes, percebe-se que o número de indivíduos com essa doença já ultrapassou a
estimativa feita para 2030 (International Diabetes Federation [IDF], 2016). Atualmente,
existem 415 milhões de adultos com diabetes (1 em cada 11 indivíduos) sendo que estimativas
apontam que um em cada dois diabéticos ainda não foi diagnosticado. No Brasil, em 2012, essa
população aproximava-se dos 12 milhões; em 2015, esse número já atingiu a marca de 14,3
milhões de indivíduos, representando 9,4% da população nacional (Sociedade Brasileira de
Diabetes [SBD], 2012; IDF, 2016). Um levantamento feito em 2011 pela Vigilância de Fatores
de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostrou aumento
de 0,3% na prevalência de diabetes autorreferida, representando 5,6% da população adulta
brasileira, entre os anos de 2006 e 2011. Além disso, os dados apontaram também que a doença
é mais comum na população mais velha, aparecendo em 21,6% das pessoas com mais de 65
anos, e em 15,2% daquelas que tem entre 55 e 64 anos (Brasil, 2012). Em 2014, esse mesmo
levantamento apontou que 8,0% dos brasileiros relataram ter diagnóstico médico prévio de
diabetes, sendo essa frequência de 7,3% entre os homens e de 8,7% entre as mulheres. O
diagnóstico se torna mais comum com o avanço da idade em ambos os sexos, aumentando
particularmente após os 45 anos de idade. Dos indivíduos com idade igual ou superior a 65
anos, 24,4% relataram ter diabetes (Brasil, 2015). Mesmo sabendo que a estratégia diagnóstica
utilizada nestes levantamentos não é a mais apropriada, uma vez que o autorrelato pressupõe
que o indivíduo saiba que tem a doença, não se pode negar que esse aumento acentuado nos
índices de prevalência de diabetes na população brasileira (e também mundial) é alarmante.
Esse aumento pode ser também devido ao fato de que, diante do avanço na área das ciências da
saúde, as pessoas com a doença passaram a viver mais – longevidade. Atualmente, 12% das
despesas mundiais de saúde são gastos com essa doença, e a cada 6 segundos uma pessoa morre
com diabetes, sendo que na América Latina esse índice de mortalidade é superior às mortes
decorrentes do HIV/AIDS, tuberculose e malária juntos (IDF, 2016).
A diabetes está associada a diversas complicações agudas e crônicas que pioram a QV
dos pacientes e aumentam o índice de mortalidade deste grupo clínico (Brasil, 2002). Os
23

principais fatores de risco ao desenvolvimento de complicações são: hipertensão,


hiperlipidemia, hiperglicemia e maus hábitos de vida como o tabagismo e o sedentarismo. As
complicações mais importantes decorrentes da diabetes são: retinopatia, nefropatia e neuropatia
diabética, doença cardiovascular e pé diabético. Existem ainda as complicações agudas que
incluem problemas metabólicos como as descompensações hiperglicêmicas, as hipoglicemias,
as infecções – como furúnculos cutâneos e vulvovaginites –, as celulites, as infecções no trato
urinário e no ouvido e as úlceras vasculares (ADA, 2008).
As mudanças necessárias para o tratamento da diabetes são, em grande parte,
determinadas pelos sentimentos que os diabéticos têm sobre sua doença, bem como sobre o
tratamento e sobre si mesmos, mostrando a importância de uma boa estrutura emocional para o
sucesso do tratamento (Van der Ven, Weinger, & Snoek, 2002). Sentimentos como medo,
angústia, insegurança, revolta e recusa ao tratamento são comuns após o estabelecimento do
diagnóstico de DM. Além disso, o paciente passa a procurar pelos culpados por sua doença,
vendo-a como uma forma de punição, tendo pensamentos negativos, desesperança, ansiedade,
negação da situação e depressão (Marcelino & Carvalho, 2005; Fernandes 2014).
Em comparação aos não diabéticos, a QV em pacientes com diabetes é
significativamente inferior, principalmente no domínio físico (Goldney et al., 2004; Oliva,
Fernández-Bolãno, & Hidalgo, 2012). Esse quadro se agrava na presença de comorbidades e
complicações da doença e varia conforme o gênero, a idade, o tempo de diagnóstico e a
quantidade de sintomas (Rubin & Peyrot, 1999; Thommasen, 2006; Amorim, 2009; Imayama,
Plotnikoff, Courneya, & Johnson, 2011; Patel, Oza, Patel, Malhotra, & Patel, 2014). Os
pacientes que possuem um maior número de comorbidades, mais fatores de risco, e que se
tratam com insulina, aparentemente são mais propensos a terem uma pior QV e mais sintomas
depressivos (Egede & Hernades-Tejada, 2013). A depressão pode atuar como agente
complicador da diabetes, uma vez que interfere diretamente no estado de ânimo e afeta a
capacidade do paciente de manter a doença sob controle (Goldney, Phillips, Fisher, & Wilson,
2004).

1.3. Diabetes e Depressão: causa ou consequência?

O Transtorno Depressivo Maior (TDM), também referido apenas como depressão, é um


transtorno do afeto caracterizado pela presença de humor deprimido, perda do interesse ou do
prazer por quase todas as atividades, podendo incluir alterações no apetite ou peso, no sono e
24

na atividade psicomotora, diminuição da energia, sentimentos de desvalia ou culpa,


dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, ou pensamentos recorrentes sobre
morte ou ideação suicida, além de planos ou tentativas de suicídio (American Psychiatric
Association [APA], 2014).
O controle da diabetes deve ser rigoroso e, quando não se tem êxito nesse controle,
sentimentos de culpa, frustração, raiva, medo e desesperança passam a existir, levando o
paciente à autoatribuição de fracasso. Tais sentimentos negativos provenientes do descontrole
da doença promovem atitude pessimista do indivíduo em relação à sua doença e a si mesmo,
levando à má saúde emocional e dificultando ainda mais o controle da diabetes (Van der Ven,
Weinger, & Snoek, 2002; Tanenbaum, et al. 2013; Hudson, Bundy, Coventry, & Dickens,
2014).
Existe uma relação bidirecional e cíclica entre diabetes e depressão, na qual o
agravamento de um quadro clínico gera efeitos diretos e indiretos no outro (Golden et al., 2009;
Helman & Ciechanowski, 2010). Sendo uma doença metabólica, a diabetes pode ocasionar um
funcionamento neuronal anormal, aumentando significativamente os danos neuronais, podendo
promover uma desregulação do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA) e um
comprometimento da reatividade ao estresse que geralmente estão associados à depressão
(Prabhakar, Gupta, Kanade, & Radhakrishnan, 2015). A ativação excessiva do eixo HPA pode
resultar em hipertensão, descontrole da glicemia e resistência insulínica (Ismail, 2010). Além
disso, o envolvimento do sistema serotoninérgico tem sido bastante estudado como fator
explicativo para a ligação entre depressão e diabetes. Os níveis mais baixos de serotonina têm
sido associados à maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de sintomas depressivos em
resposta a um estímulo ambiental estressante; estes sintomas se agravam na presença de
comorbidades com uma doença crônica como a diabetes (Prabhakar et al., 2015). As alterações
hormonais, em especial a hipercortisolemia, e o aumento da ativação imunoinflamatória podem
estar relacionadas ao risco aumentado de diabetes em indivíduos deprimidos; e alterações no
transporte de glicose em regiões corticais, que podem ocorrer em pessoas diabéticas, tendem a
favorecer o aparecimento da depressão (Musselman, Betan, Larsen, & Phillips, 2003). Apesar
dos processos causais ainda não terem sido claramente identificados, existe consenso de que a
interação entre fatores fisiológicos, cognitivos e sociais aumenta a vulnerabilidade cognitiva
para depressão nesses pacientes.
No que diz respeito à prevalência da associação depressão-diabetes, uma metanálise
realizada por Anderson e colaboradores (2001) mostrou que a de depressão foi duas vezes maior
25

em pacientes adultos diabéticos quando comparados com os não diabéticos, sendo mais
frequente nas mulheres (28,2%) do que nos homens (18%), e na população acometida de
sintomas clínicos (32%), quando comparada à assintomática (20%). No estudo qualitativo de
Tanenbaum e colaboradores (2013), 61% dos 70 participantes afirmaram que a diabetes causava
diretamente seus sintomas depressivos ou estava interligada com eles. Do mesmo modo,
Schmitz e colaboradores (2013) estudaram o curso longitudinal da depressão por três anos em
pacientes diabéticos tipo 2 e identificaram quatro padrões distintos de depressão: um grupo sem
depressão (66,7%), um grupo com aumento moderado de depressão ao longo do tempo (20,2%),
um grupo com prevalência elevada e crescente do transtorno (6,5%), e um grupo com
diminuição da prevalência de depressão (6,6%). Dois terços dos 1.388 participantes deste
estudo não sofreram de depressão ao longo do tempo; no entanto, os demais foram classificados
como de risco para o desenvolvimento do transtorno depressivo. Resultados semelhantes
também foram encontrados por Meurs e colaboradores (2016) em um estudo de coorte realizado
no norte da Holanda, entre os anos de 2006 e 2013, com 90.686 participantes. Os autores
demonstraram que a depressão foi mais frequente em indivíduos diabéticos (com suspeita e/ou
confirmação do diagnóstico de DM) do que naqueles que não apresentavam a doença.
Em uma condição clínica, crônica e incapacitante como a diabetes, é esperado que os
pacientes diabéticos apresentem sintomas intensos de tristeza, estados subclínicos de disforia e
estresse (SBD, 2015). Tais características podem proporcionar confusão na hora do diagnóstico
de depressão nesses indivíduos e, assim, prejudicar o tratamento adequado para os mesmos.
Geralmente, os indivíduos que apresentam um quadro de depressão como comorbidade de uma
doença clínica recebem menos tratamento para este transtorno de humor do que aqueles que
apresentam exclusivamente a depressão (Sartorius, 2001). No caso dos diabéticos, Katon e
colaboradores (2004) mostraram que apenas 50% daqueles com a comorbidade depressão-
diabetes foram corretamente diagnosticados, sendo que somente um terço deles recebeu o
tratamento adequado. Os sintomas depressivos subclínicos (ou subsindrômicos) são comuns em
indivíduos diabéticos e estão associados à diminuição do autocuidado e aumento de
complicações da diabetes (SBD, 2015).

1.4. Diabetes e Depressão: Impactos na Qualidade de Vida

Como mencionado anteriormente, a diabetes pode trazer consequências diretas e


indiretas para a vida do paciente, que comprometem diretamente a sua qualidade de vida. A
26

presença da depressão, somada ao quadro crônico, interfere nas atividades do dia a dia e, por
isso, a relação entre diabetes, depressão e qualidade de vida será explorada a seguir.
As mudanças decorrentes da diabetes afetam de forma intensa a vida do paciente,
sobrecarregando-o com as múltiplas exigências do tratamento. O esgotamento emocional alia-
se ao sofrimento físico de hipoglicemias ou hiperglicemias e às complicações decorrentes da
diabetes, afetando, assim, a QV da pessoa diabética. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), o construto qualidade de vida é multidimensional e incorpora a percepção subjetiva que
o indivíduo tem sobre seu bem-estar físico, social, psicológico e dos seus relacionamentos
interpessoais, sua saúde, educação e outras vivências que afetam a vida humana. A QV varia
conforme a cultura da pessoa e de acordo com seus objetivos e expectativas pessoais, e possui
um componente cognitivo – satisfação –, e um emocional, que é a felicidade. Os principais
aspectos que determinam a QV de uma pessoa são o bem-estar físico e psicológico, as relações
sociais, o ambiente, o nível de independência e as crenças pessoais ou religiosas (OMS, 1995).
Com o intuito de melhor compreender a relação entre diabetes, depressão e QV,
realizou-se uma revisão narrativa da literatura. Por meio de buscas em importantes bases de
artigos científicos, foi possível verificar o estado atual desta inter-relação. Os estudos foram
agrupados de acordo com os seus objetivos em quatro blocos temáticos e serão relatados a
seguir com o intuito de fornecer uma visão mais geral do tema pesquisado. Os critérios
utilizados para a seleção dos artigos podem ser visualizados no Apêndice A.

1.4.1. Relação/associação entre sintomas depressivos e qualidade de vida em diabéticos

Akena e colaboradores (2015) realizaram um estudo com o intuito de investigar a


associação entre depressão, QV e as despesas com saúde de pacientes com DM em Uganda.
Participaram do estudo 437 diabéticos com diagnóstico estabelecido há pelo menos 2 meses e
com mais de 18 anos (Média=51 anos e DP=14,06). Os autores encontraram associação positiva
entre a depressão e uma baixa QV em quatro dos seis domínios avaliados: percepção global de
má QV, físico, psicológico e domínios ambientais. Dentre os motivos para tais resultados,
acredita-se que alguns sintomas depressivos possam exercer influência negativa sobre a
percepção da QV. Devido à natureza transversal do estudo, as conclusões são apenas
especulativas e, para os autores, podem existir outras explicações, como o fato de que as pessoas
com uma má QV podem ser mais propensas a desenvolverem depressão por conta de uma fraca
perspectiva de vida ou mesmo pelas complicações clínicas da própria diabetes. Por fim,
27

evidenciou-se que a depressão é altamente prevalente na população de Uganda e que a


comorbidade entre DM e depressão está associada com diversos fatores, dentre eles, o aumento
dos gastos financeiros e uma pior QV.
Também em 2015, Carper e colaboradores realizaram um estudo com 146 pacientes
com DM2 para compreender os domínios da QV e as associações relativas à depressão e
estresse específico da diabetes (EED) com estes domínios. A idade dos participantes variou de
18 a 80 anos e 57,7% eram do sexo masculino. Mais da metade da amostra (56,8%) apresentou
critérios para um diagnóstico primário de depressão e 10,3% de distimia. Os resultados
mostraram que os domínios realização, crescimento psicossocial, relações interpessoais e meio
ambiente, são fatores importantes para a compreensão da QV destas pessoas. Além disso, tanto
a depressão quanto o EED estão relacionados, de forma independente, a vários aspectos de uma
pior QV e, assim, explicam uma quantidade significativa da variação na QV total desses
indivíduos. Por fim, os autores concluem que as intervenções devem ter como meta propiciar o
alívio da depressão e do EED, e focalizar, principalmente, nos sentimentos de realização e
autoestima desses pacientes com DM2 comórbidos com depressão e EED.
Seguindo a mesma linha de investigação dos estudos anteriores Choi, Reed e Sarkisian
(2013) avaliaram as diferenças de sexo e idade na relação entre qualidade de vida específica na
diabetes (QVED) e sintomas depressivos em imigrantes coreanos com DM2. Participaram deste
estudo 160 indivíduos, sendo 86 mulheres e 74 homens, com idade entre 40 e 80 anos. Os
participantes foram divididos em dois grupos etários: meia-idade (40 a 64 anos) e mais velhos
(65 a 80 anos). Os autores encontraram uma associação forte e positiva entre os sintomas
depressivos e uma pior QVED nos homens mais velhos. Essa associação, no entanto, foi fraca
para as mulheres da mesma faixa etária ou para os homens de meia-idade. A intensidade dos
sintomas depressivos neste grupo também foi associada à escolaridade incompleta, pouco
domínio da língua inglesa, maior tempo de diagnóstico de DM, tratamento com insulina e
pequeno suporte familiar. No grupo de meia-idade, a depressão mais grave foi também
associada a pior estado de saúde geral e pior QVED, porém não houve diferença significativa
quanto ao sexo dos participantes. Para os autores, fatores culturais como o fato de que na
cultura coreana os homens mais velhos serem cuidados por suas esposas ou outros familiares –
o que não acontece quando eles estão vivendo fora do seu país –, e socioeconômicos como
baixo poder aquisitivo e um círculo de convívio social reduzido, podem explicar os dados
encontrados e devem ser considerados em estudos futuros.
28

As tendências em saúde relacionadas com a QV e o uso de serviços de saúde associados


com diabetes e/ou depressão também foram pesquisadas por Atlantis e colaboradores (2011).
Os dados foram obtidos por meio de pesquisa populacional realizada no sul da Austrália pelo
Departamento de Saúde nos anos de 1998, 2004 e 2008. A cada ano foram avaliadas
aproximadamente 3.000 pessoas, com uma média etária de 45,2 anos, tendo maior
representatividade de indivíduos do sexo feminino. Os resultados encontrados indicaram que
ao longo dos 10 anos de estudo, houve um aumento progressivo na taxa de prevalência de
diabetes (74%), de depressão (36%) e da associação entre diabetes e depressão (53%). Os
autores observaram que a QV desses indivíduos piorou ao longo dessa década e que os serviços
de saúde foram mais utilizados por aqueles pacientes com diabetes e depressão associados do
que por aqueles que apresentavam apenas uma dessas condições isoladamente. Além disso, para
os pesquisadores, uma intervenção apropriada pode melhorar a qualidade de vida relacionada à
saúde (QVRS), visando a redução dos riscos desta comorbidade, que podem persistir e se
agravarem ao longo dos anos caso nenhuma atenção seja dada para tal fato.
O único estudo que avaliou especificamente a relação entre sintomas depressivos e QV
foi realizado no Brasil por Rocha e Fleck (2010) com 241 sujeitos da cidade de Porto Alegre
(RS). A amostra foi composta por 119 adultos saudáveis (grupo controle) e 122 pacientes com
doenças crônicas como hipertensão (18%), doenças cardíacas (15,6%), diabetes (13,1%),
neoplasias (13,1%), doenças respiratórias (11,5%), doenças autoimunes (8,2%) e renais (8,2%).
Os participantes tinham uma média etária de 45,15 (DP=15,54) e 39,38 (DP=15,3) anos no
grupo de doenças crônicas e nos controles, respectivamente. A amostra era composta, em sua
maior parte, por homens (54,1% no grupo clínico e 50,4% no grupo controle) e por pessoas
casadas (46,7% e 44,5%, respectivamente). Os autores mostraram que os sintomas depressivos
se correlacionaram de forma negativa com todos os domínios da QV – físico, psicológico, nível
de independência, relações sociais e espiritualidade – mesmo controlando estatisticamente a
idade, nível socioeconômico e a presença de uma doença crônica. Os resultados desse estudo
indicam que a abordagem eficaz dos sintomas depressivos em portadores de doença crônica
pode auxiliar na melhora da QV deles, e que variáveis socioeconômicas – como hábitos de
consumo e nível de escolaridade – podem influenciar o nível de sofrimento dos pacientes e,
consequentemente, sua QV.

1.4.2. Sintomas depressivos em diabéticos: fatores associados a comorbidade depressão-


diabetes, dentre eles a qualidade de vida
29

Liu e colaboradores (2013) avaliaram a prevalência de sintomas depressivos em


diabéticos tipo 2 na China e verificaram as diferenças existentes entre pacientes com e sem
esses sintomas. Os participantes foram selecionados, randomicamente, de quatro distritos
distintos da China e foram excluídos aqueles acometidos de algum transtorno mental associado.
A amostra final foi composta por 667 pacientes, com idade entre 30 e 68 anos, sendo 348
mulheres (52,17%) e 88,91% casados. Destes pacientes, 295 (44,23%) apresentavam sintomas
depressivos, sendo que a maior parte (n=207; 70,17%) apresentou sintomas leves, 77 (26,10%)
sintomas moderados e apenas 11 (3,73%) sintomas graves. Dos 667 pacientes, 300
apresentaram complicações decorrentes da diabetes (como retinopatia e neuropatia), sendo que
154 (51,33%) deles apresentavam sintomas depressivos. Do total, 297 sujeitos tinham
comorbidades com outras doenças crônicas, sendo que 44,11% (n=131) destes estavam no
grupo que tinham sintomas depressivos. Os autores demonstraram que não houve diferenças
significativas em relação ao uso de tabaco, sexo dos participantes, tipo de tratamento utilizado
ou tempo de diagnóstico da diabetes entre os grupos com e sem sintomas depressivos. Ademais,
os diabéticos com sintomas depressivos apresentaram mais complicações clínicas, um menor
suporte social – ajuda financeira, orientação emocional e informações que auxiliam na redução
do sofrimento e estresse diário – e pior QV quando comparados àqueles sem sintomas
depressivos.
Já o estudo conduzido por Choi e Reed (2013), investigou a prevalência de sintomas
depressivos em diabéticos tipo 2, bem como os fatores clínicos e psicossociais que contribuem
para estes sintomas. Participaram deste estudo 164 imigrantes coreanos, sendo 74 mulheres e
90 homens, recrutados a partir de um centro de saúde e educação em uma comunidade coreana.
Os participantes tinham de 21 a 80 anos (Média=68,18) e conviviam há pelo menos um ano
com o diagnóstico de diabetes. Os resultados mostraram que os sintomas depressivos
clinicamente relevantes foram observados em 56,1% dos participantes e que a relação entre
estes sintomas, QV e diabetes foi mais expressiva nos homens do que nas mulheres. Por outro
lado, as mulheres têm maior risco para desenvolverem um quadro depressivo e o impacto
negativo da diabetes na QV delas é maior. Para os autores, fatores como apoio familiar, QV
relacionada à diabetes e à saúde geral são de grande valor para se compreender os sintomas
depressivos nesta população, em especial no público masculino.
Por último, a fim de investigar os fatores associados à depressão em diabéticos tipo 2
com retinopatia, Xu, Zhao, Qian, Dong e Gu (2015) avaliaram 294 pacientes atendidos pelo
30

Hospital afiliado à Universidade de Nantong. Os autores utilizaram uma escala de depressão,


um formulário médico de QV e mediram a gravidade da retinopatia pelo olho mais
comprometido. Os resultados revelaram que 35,7% da amostra apresentaram sintomas
depressivos, sendo que o risco de depressão aumentou com a diminuição da acuidade visual,
da renda familiar e de históricos de tratamentos a laser malsucedidos. Além disso, a prevalência
de depressão em mulheres é superior à dos homens e a QV dos indivíduos com mais sintomas
depressivos (escore no Inventário de Depressão de Beck [BDI] > 16) é inferior àqueles com
poucos sintomas (escore no BDI < 16). A partir dos dados coletados, os autores concluem que
o sexo, o salário, a acuidade visual e a história de tratamento são fatores que afetam o
desenvolvimento da depressão em chineses com DM2 e retinopatia. Portanto, faz-se necessário
incorporar a investigação da depressão nos cuidados de saúde dessa população.

1.4.3. Complicações, comorbidades e outros fatores relacionados à qualidade de vida em


diabéticos, dentre eles a depressão

Donald e colaboradores (2013) realizaram um estudo de coorte com o intuito de


investigar o impacto de complicações e comorbidades clínicas na qualidade de vida específica
para diabetes (QVED). A amostra foi composta por 3.951 australianos, recrutada por meio do
National Diabetes Service Scheme. Dentre os participantes, 3.609 tinham DM2, 44% eram
mulheres (n=1.594), com idade variando entre 22 e 94 anos (Média=62,2). A média etária entre
os homens (63,3 anos) foi significativamente superior à das mulheres (60,8 anos) e o tempo
médio de diagnóstico de diabetes foi de 7,4 anos na amostra total. Em termos de saúde mental,
destacou-se a presença de depressão (n=834) e ansiedade (n=352) nos participantes. Os
resultados indicaram que uma avaliação mais negativa por parte do paciente em relação à sua
liberdade para comer o que quiser (incluindo o controle da ingestão de glicose), afeta
negativamente a sua QV. Além disso, uma pior QVED está associada à presença de
complicações da diabetes e às condições de saúde mental, como depressão, ansiedade e
esquizofrenia. Esses achados permaneceram mesmo após controlar estatisticamente o sexo, a
idade, o tempo de duração da diabetes, o tipo de tratamento, a região geográfica do participante
e outros tratamentos. Diante destes resultados, os autores salientam que o controle glicêmico e
os cuidados com as complicações já fazem parte da rotina de cuidados dos diabéticos, mas que
a inserção de cuidados relativos à saúde mental pode também auxiliar a melhorar a QV deles.
31

Chung e colaboradores (2013) também investigaram os fatores associados à QV em


diabéticos tipo 2 na Coreia e verificaram a influência da idade dos participantes nestes fatores.
A amostra do estudo teve 401 sujeitos, sendo 220 (54,9%) homens, com média etária de 59,2
anos (DP=11,5) e 248 (61,8%) do total eram casados. O tempo de diagnóstico médio foi de 8,8
anos (DP=8,3) e hemoglobina glicada (HbA1C) em média de 8,4 (DP=2,2). Os participantes
foram divididos em dois grupos: os que utilizavam a insulina (n=86) e os que não a utilizavam
(n=315) no tratamento da diabetes; dentre esses, se separou aqueles que tinham menos de 60
anos de idade (mais jovens) dos que tinham 60 anos ou mais (mais velhos). O ponto de corte
utilizado para a identificação de depressão foi um escore maior do que 16 pontos no Inventário
de Depressão de Beck (BDI), sendo que 118 (29,4%) indivíduos se enquadraram neste critério.
Os resultados mostraram que os domínios da QV mais afetados negativamente em toda a
amostra foram a autoconfiança, a motivação para conseguir as coisas, os sentimentos sobre o
futuro e a liberdade para comer e beber. Além disso, a QV foi significativamente pior naqueles
indivíduos tratados com insulina, que tinham níveis mais elevados da HbA1c, com maior tempo
de diagnóstico da diabetes, que apresentavam uma ou mais complicações relacionadas com sua
doença e naqueles com sintomas depressivos. Ao avaliar o impacto da idade e do histórico
familiar de DM, os autores contataram que os pacientes com sintomas depressivos tinham pior
QV, independentemente da idade. No grupo mais jovem, ser tratado com insulina e ter histórico
familiar de diabetes foram os preditores para uma pior QV, ao contrário do que foi encontrado
no grupo mais velho. Sendo assim, os autores apontam a idade como um fator importante na
explicação da QV nos diabéticos, já que existem padrões associados a uma pior QV que são
diferentes entre o público idoso e os mais jovens.

1.4.4. Impacto da terapia medicamentosa em sintomas depressivos e qualidade de vida de


pacientes diabéticos

O único artigo encontrado que investigou os efeitos da terapia medicamentosa nos


sintomas depressivos, na QVRS e no controle glicêmico em pacientes com DM2, foi conduzido
por Nicolau, Rivera, Francés, Chacártegui e Masmiquel (2013). Para a condução deste estudo
200 pacientes espanhóis do ambulatório de endocrinologia do Hospital Son Llàtzer foram
recrutados. Dentre estes, 48 obtiveram um escore superior a 16 pontos no BDI e 38 deles
iniciaram a terapia com o antidepressivo citalopram, tendo os 10 restantes participado do estudo
como grupo controle. A média etária dos participantes foi de 60,35 anos e 59,4 anos nos grupos
32

de tratamento e controle, respectivamente. Após seis meses de tratamento, os autores


observaram que houve diminuição dos sintomas depressivos e melhora na QV desses sujeitos
em quase todas as áreas, exceto quanto às dores no corpo e à saúde de forma geral. Não houve
diferença significativa quanto ao controle glicêmico, ao índice de massa corporal (IMC) e à
circunferência abdominal. No que diz respeito ao grupo controle, não foi observada diferença
significativa nos índices de HbA1c, sintomas depressivos e QV ao longo dos seis meses em
comparação ao início do estudo. Sendo assim, foi possível verificar a importância de se
identificar os fatores psiquiátricos e psicológicos em pacientes com DM2, além do fato de que
o tratamento farmacológico foi associado a uma significativa melhora dos sintomas depressivos
e ao aumento da QV desses indivíduos.
A partir do panorama apresentado, constata-se que a depressão por si só é uma doença
que impacta negativamente a QV daqueles que a possuem, principalmente quando se apresenta
de forma crônica e recorrente, pois prejudica diversas áreas da vida do indivíduo. Dependendo
da gravidade dos sintomas depressivos, o impacto na QV pode ser igual ou superior ao de outras
doenças crônicas e somáticas. Isso se deve ao comprometimento que a depressão pode provocar
no funcionamento físico, social e ocupacional, bem como pela baixa motivação que essas
pessoas têm para buscarem por tratamento adequado. Quando a depressão está associada a uma
doença física, de curso crônico como a diabetes e osteartrites, os efeitos negativos na QV são
mais acentuados. (Hays, Wells, Sherbourne, Rogers, & Spritzer, 1995; Suominen, et al., 2011).
Dos estudos descritos anteriormente, nem todos avaliaram a existência de diferença
significativa entre homens e mulheres no que diz respeito à presença e/ou intensidade dos
sintomas depressivos, bem como da QV de diabéticos. É possível verificar que dentre os que
realizaram tal análise, apenas um não encontrou diferença significativa entre o sexo dos
participantes (Liu et al., 2013). Nos demais estudos evidenciou-se que, apesar de as mulheres
terem maior probabilidade para desenvolverem sintomas depressivos associados a uma pior QV
(Xu et al., 2015), a associação entre depressão, diabetes e QV é mais intensa nos homens (Choi
& Reed, 2013; Choi, Reed & Sarkisian, 2013). A presença de sintomas depressivos piora a QV
dos diabéticos independentemente da idade (Chung et al., 2013). No entanto, quanto mais velho
o indivíduo, maior será o impacto negativo na sua QV (Choi, Reed & Sarkisian, 2013; Chung
et al., 2013).
Todos os estudos aqui relatados investigaram a presença de sintomas depressivos em
pacientes diabéticos e suas implicações na QV dos mesmos. Apesar de todos terem coletado a
informação quanto ao tempo de diagnóstico da DM, somente três estudos incluíram esse dado
33

em suas análises. Nos estudos de Liu e colaboradores (2013) e de Donald e colaboradores


(2013) o tempo de diagnóstico não interferiu na QV dos diabéticos, ao contrário, Chung e
colaboradores (2013) mostraram que quanto mais tempo a pessoa vive com diabetes pior é sua
QV. Dentre os fatores associados a uma pior QV nos diabéticos deprimidos destaca-se a baixa
escolaridade (Choi, Reed, & Sarkisian, 2013; Rocha & Fleck, 2010), menor apoio social, em
especial o baixo suporte familiar (Choi, Reed, & Sarkisian, 2013; Carper et al., 2015; Liu et al.,
2013; Choi & Reed, 2013), sedentarismo (Daniele et al., 2013) e complicações decorrentes da
DM (Akena et al., 2015; Xu et al., 2015; Liu et al., 2013; Donald et al., 2013; Chung et al.,
2013).
De modo geral, é perceptível que a presença de sintomas depressivos piora de forma
significativa a QV de pessoas com DM, sendo que os diabéticos deprimidos têm uma QV pior
do que os diabéticos não deprimidos. As pessoas que têm diabetes e depressão sofrem muito
mais do que as que têm exclusivamente diabetes. Mesmo com a doença sob controle, os
diabéticos deprimidos sentem mais os sintomas do que aqueles não deprimidos (Ciechanowski
et al., 2000). Com a depressão, a QV do paciente piora e prejudica, em especial, sua adesão ao
tratamento, o que consequentemente aumenta os riscos de complicações da DM e a
morbimortalidade, uma vez que a pessoa não consegue se cuidar como deveria. A diabetes tem
efeito menor do que a depressão sobre a QV, o que evidencia a importância da avaliação e
abordagem terapêutica do transtorno depressivo, a fim de que o paciente possa gerir de forma
mais efetiva a sua diabetes. O tratamento para depressão nos diabéticos pode proporcionar a
melhora da adesão do paciente às orientações médicas, com melhora do controle glicêmico e
diminuição dos riscos de complicações crônicas da doença.
Apesar do crescente interesse pela temática da depressão associada à diabetes como
comorbidade, esta conexão, conforme registrado acima, não está bem esclarecida. Há melhora
do quadro depressivo, em termos de humor e disposição, em pacientes diabéticos tratados com
medicamentos ou psicoterapia, mas o simples tratamento da depressão não melhora,
necessariamente, o controle glicêmico desses pacientes. O que se tem provado é que os custos
emocionais e práticos de se ter diabetes do tipo 2 são fatores que predispõem o desenvolvimento
da depressão. No entanto, os dados são ainda inconclusivos quanto à possibilidade de o quadro
depressivo ser fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 1 (Ismail, 2010).
Em termos de eficácia do tratamento para o transtorno depressivo, a terapia cognitivo-
comportamental (TCC) tem se consolidado como a abordagem psicoterápica mais indicada,
sendo tão eficaz quanto a farmacoterapia (DeRubeis & Crits-Christoph, 1998; DeRubeis,
34

Gelfand, Tang, & Simons, 1999; Beck & Alford, 2011). Trata-se de uma abordagem breve,
estruturada, diretiva, orientada para o presente, baseada na compreensão de que o modo como
o indivíduo estrutura suas experiências internamente determina, em grande parte, o modo como
ele se sente e se comporta. Nesta perspectiva, a psicopatologia é considerada um “exagero” das
respostas adaptativas normais e, por isso, o tratamento baseado na TCC tem o objetivo de
modificar os pensamentos (reestruturação cognitiva) e comportamentos disfuncionais do
indivíduo (Dattilio & Freeman, 1998). É um processo cooperativo de investigação empírica,
percepção da realidade e resolução de problemas no qual, tanto paciente quanto terapeuta,
possuem um papel ativo (Beck, Rush, Shaw, & Emery, 1997). A TCC tem se mostrado uma
boa opção para o tratamento psicológico de indivíduos diabéticos e deprimidos, por
proporcionar a remissão dos sintomas depressivos e ansiosos, redução do nível de estresse e de
sofrimento psíquico (Lustman, Griffith, Freedland, Kissel, & Clouse, 1998; Amsberg et al.,
2009; Markowitz, Gonzalez, Wilkinson, & Safren, 2011; Welschen et al., 2013).

1.5. Modelo Cognitivo da Depressão

O modelo cognitivo desenvolvido por Beck trabalha com a hipótese de que os


pensamentos e valores disfuncionais dos indivíduos diante da realidade podem afetar
negativamente seus sentimentos e comportamentos. Sendo assim, a maneira como a pessoa se
comporta e se sente é diretamente influenciada pela sua forma de processar e estruturar a
realidade através de suas cognições. Neste sentido, é o modo como o indivíduo interpreta as
situações vivenciadas que determinará os seus sentimentos, mais do que a situação em si (Beck
& Alford, 2011). Este modelo postula a existência de três estruturas mentais inter-relacionadas,
responsáveis pela percepção e interpretação dos eventos do mundo, que afetam os sentimentos
das pessoas, chamadas de crenças centrais, crenças intermediárias e pensamentos automáticos
(PAs).
As crenças centrais são ideias profundas e rígidas que o indivíduo desenvolve desde a
infância sobre si mesmo, os outros e o futuro. São tidas como verdades absolutas e
inquestionáveis e de difícil modificação. Estas estruturas direcionam a interpretação que a
pessoa faz dos eventos cotidianos e é através desta lente que o indivíduo focalizará, de forma
seletiva, os acontecimentos que confirmem a crença central, podendo ocasionar em um
processamento distorcido e disfuncional das informações. A partir desse conjunto de crenças
centrais, se desenvolvem as chamadas crenças intermediárias, que influenciam a visão que o
35

indivíduo terá sobre uma determinada situação, modificando, assim, a sua maneira de pensar,
sentir e agir. Este conjunto de crenças, que funciona como um “mecanismo de sobrevivência”
consiste em atitudes, regras e suposições criadas pelo sujeito para conviver com as suas ideias
absolutas, negativas e não adaptativas, que não estão diretamente relacionadas com a situação
em si. Os PAs, por sua vez, são considerados o nível mais superficial de cognição e são
específicos à situação. São ativados pelas crenças intermediárias mediante uma situação
específica que influenciam a emoção e o comportamento do indivíduo. Estes estão presentes
cotidianamente na vida das pessoas de forma quase imperceptível; eles surgem e desaparecem
de forma espontânea, frequentemente conduzindo a uma resposta fisiológica, fazendo com que
a pessoa se concentre mais na sua mudança de humor do que no pensamento que a ocasionou
(Beck et al., 1997).
Ao desenvolverem um modelo cognitivo da depressão, Beck e colaboradores (1997)
afirmam que há três conceitos específicos capazes de explicar o substrato psicológico desta
entidade clínica, chamados de tríade cognitiva, esquemas e erros cognitivos. A tríade cognitiva
consiste em três padrões maiores que orientam o indivíduo a considerar suas experiências de
forma idiossincrática. O primeiro componente da tríade gira em torno da percepção negativa
que a pessoa deprimida tem de si mesma, fazendo com que ela se veja como sendo indesejável
e sem valor. O segundo componente consiste na tendência da pessoa deprimida em interpretar
suas experiências atuais com os outros de forma negativa; sua realidade é percebida como
ameaçadora, exigente e cheia de obstáculos insuperáveis. O terceiro componente é a visão
negativa da pessoa deprimida com relação ao seu futuro, do qual ela espera a permanência das
privações, dificuldades e fracassos. As distorções sistemáticas relacionadas à tríade cognitiva
nos pacientes deprimidos reforçam as crenças centrais disfuncionais subjacentes, ocasionando
a sintomatologia típica da depressão (Beck et al. 1997, Beck & Alford, 2011). A tríade cognitiva
tem sido empiricamente ligada à depressão, exercendo um papel ativador de outros sintomas
negativos (Pössel, 2009).
Os esquemas são padrões cognitivos estáveis, constituídos pelas crenças centrais,
utilizados para conceituar e interpretar situações específicas (Beck et al., 1997). Quando
disfuncionais, eles comprometem a qualidade de vida, pois conduzem a emoções e
comportamentos desadaptativos. Eles podem ser tidos como os responsáveis pela permanência
da visão negativa e derrotista da vida pela pessoa deprimida, fazendo com que ela ignore as
situações positivas e realce os eventos negativos vivenciados (Dobson & Dozois, 2006). O
último componente do modelo cognitivo para a depressão é o processamento falho de
36

informações, que são erros sistemáticos na forma de pensar do paciente deprimido, fazendo
com que ele mantenha a tendência de estruturar o seu pensamento de maneira primitiva, fazendo
julgamentos negativos, amplos, extremos e categóricos com relação à sua vida, mesmo diante
de evidências contraditórias (Beck et al., 1997; Beck & Alford, 2011).
De acordo com este modelo, também conhecido como “diátese-estresse”, a vivência de
um evento tido como estressor é a responsável pela ativação de determinados estilos cognitivos
depressogênicos que conduzem à vulnerabilidade cognitiva para a depressão (Beck et al., 1997).
Eventos estressores moderados também podem servir como gatilho para o desenvolvimento
deste transtorno em indivíduos vulneráveis. Essa vulnerabilidade cognitiva está relacionada ao
conjunto de atitudes (ou conceitos) negativas duradouras que a pessoa tem sobre si mesma, os
outros e seu futuro, e permanecem em um estado latente até o momento em que são ativadas
por determinadas condições (Beck & Alford, 2011). Além disso, a vivência de episódios
depressivos consecutivos aumenta a probabilidade de uma pessoa se tornar cada vez mais
sensível a eventos estressores (Beck, 2008). Esta predisposição cognitiva à depressão pode ser
observada nas reações cognitivas e emocionais que o indivíduo apresenta em situações
específicas. Ademais, a tendência que algumas pessoas têm para processarem negativamente
as informações e experimentarem intensas reações biológicas diante de situações estressantes,
são provenientes da genética, de traumas passados ou mesmo da interação entre ambos. Esta
tendência é mediada por alterações em regiões cerebrais que estão envolvidas no processamento
cognitivo e na regulação emocional, podendo, assim, conduzir a pessoa ao desenvolvimento de
crenças depressogênicas sobre si mesma, os outros e seu futuro (Beck & Bredemeier, 2016).
Revisando o modelo criado há mais de 40 anos, verifica-se a relação existente entre as
variáveis cognitivas e os fatores genéticos e neuroquímicos que podem conduzir um indivíduo
a um quadro depressivo (Beck, 2008; Beck & Bredemeier, 2016). Alguns estudos têm discutido
o papel que os sistemas monoaminérgicos têm na depressão, mais especificamente, como a
baixa disponibilidade de serotonina, noradrenalina e/ou dopamina, está relacionada com as
alterações presentes nos transtornos de humor (Vismari, Alves, & Palermo-Neto, 2008;
Saveanu & Nemeroff, 2012). Além disso, déficits na conectividade entre regiões do córtex pré-
frontal, estruturas límbicas e paralímbicas estão relacionados à hiperatividade simpática e
desregulação endócrina (Maletic et al., 2007). Dentre as estruturas límbicas, a amígdala
desempenha um papel importante no processamento emocional e na ativação do eixo HPA e,
aparentemente, está associada à resposta ao estresse. Em indivíduos deprimidos ocorre uma
hiperativação da amígdala quando eventos negativos são processados, consequentemente
37

ativando o hipocampo e o núcleo caudado, regiões envolvidas na formação de memória


episódica e aprendizagem (Disner, Beevers, Haigh, & Beck, 2011). A Figura 1 demonstra como
as variáveis genéticas e fisiológicas influenciam e se relacionam com os sintomas depressivos
de acordo com o modelo teórico de Aaron Beck (2008) sobre a consolidação biopsicológica da
depressão.

Diátese genética

Amígdala reativa

Vieses cognitivos

Hiper reação aos eventos estressores

A ativação do eixo HPA

Domínio da atividade límbica sobre a função pré-


frontal

Reavaliação de cognições negativas


deficiente

Sintomas depressivos

Figura 1. Esquema representativo dos correlatos biológicos do modelo cognitivo da depressão.


Adaptado de “The evolution of the cognitive model of depression and its neurobiological
correlates”, por A. T. Beck, 2008, American Journal of Psychiatry, 165(8), p. 974.

Os sintomas físicos, motivacionais e afetivos presentes na depressão estão relacionados


ao modelo cognitivo. Sendo assim, os sintomas comportamentais, motivacionais e emocionais
comumente encontrados neste transtorno de humor são influenciados (e mantidos) pelas crenças
negativas que o indivíduo tem sobre si mesmo, os outros e o seu futuro (Clark & Steer, 2012;
Beck & Alford, 2011).
38

Pessoas com transtornos psiquiátricos, como a depressão, vivenciam inundações de


pensamentos automáticos que são distorcidos ou desadaptativos, e que podem evocar reações
emocionais dolorosas e comportamentos disfuncionais. As alterações neuroquímicas da
depressão podem explicar, em parte, a presença tão comum deste transtorno em doenças
endócrino metabólicas como a diabetes. Apesar das investigações sobre as relações causais
desta associação ainda serem inconclusivas, sabe-se que os sintomas depressivos clínicos e
subclínicos estão presentes nos indivíduos diabéticos. Sendo assim, é possível supor que essas
pessoas apresentem cognições depressivas e/ou distorções cognitivas que interferem no seu
funcionamento cotidiano, podendo causar-lhes sofrimento emocional. Como pôde ser
observado, as cognições desempenham um papel relevante no enfrentamento dos problemas
diários e tomada de decisões e, portanto, serão abordadas a seguir.

1.6. Cognições Disfuncionais na Diabetes

Para a terapia cognitiva, o indivíduo avalia constantemente as experiências vivenciadas


e lhes atribui um significado próprio que influenciará suas emoções e comportamentos. Sendo
assim, a cognição (ou o processamento cognitivo) possui um papel mediador essencial entre as
respostas emocionais, comportamentais e os relacionamentos interpessoais. Um desequilíbrio
nessa interação pode conduzir as pessoas ao desenvolvimento de crenças distorcidas sobre si
mesmas, os outros ou o ambiente, produzindo padrões de pensamentos automáticos negativos
que geralmente são emocionalmente aflitivos e impedem o indivíduo de atingir suas metas
(Wright, Basco, & Thase, 2008; Dobson & Dozois, 2006). Os PAs podem ser tanto negativos
quanto positivos e categorizados conforme a sua utilidade e validade. Eles podem ser
distorcidos de algum modo, parcialmente verdadeiros, mas que apresentam conclusão
distorcida, e verdadeiros ou precisos, porém disfuncionais.
O indivíduo que passa por uma perturbação emocional, ou que sofre de um transtorno
psiquiátrico, pode processar de forma distorcida as informações que recebe do meio,
culminando em um padrão de pensamento ilógico, podendo ocasionar grande sofrimento para
si ou para os outros com quem convive. Nessas condições, o pensamento da pessoa pode se
tornar mais rígido e distorcido, seus julgamentos passam a ser mais absolutos e suas crenças
costumam ser mais inflexíveis. Erros sistemáticos cometidos na interpretação dos estímulos
ambientais, denominados de distorções cognitivas, conduzem a uma distorção negativa das
percepções e inferências, contribuindo para que o indivíduo chegue a falsas conclusões. Um
39

exemplo de erro de percepção é a abstração seletiva, por meio da qual a pessoa focaliza sua
atenção em um aspecto específico (geralmente negativo) da situação vivenciada em detrimento
de outras informações relevantes. A inferência arbitrária e a supergeneralização, por sua vez,
são erros de inferência. No primeiro, a pessoa conclui algo a respeito de dada situação sem
provas conclusivas para tanto ou mesmo a partir de indícios contrários a essa interpretação. No
segundo erro, o indivíduo tira conclusões gerais sobre a própria capacidade, desempenho ou
valor a partir de um único evento e passa a aplicar essa regra geral no seu cotidiano. Esses erros
de interpretação geralmente são cometidos quando as informações do ambiente são ambíguas
e possuem plausibilidade para a pessoa. (Beck & Alford, 2011).
O curso e prognóstico da DM dependem da qualidade do controle metabólico
dependente à sua vez, da orientação terapêutica a mais adequada e das práticas de autocuidado
pelo paciente. Os comportamentos de autogestão podem evocar pensamentos específicos sobre
a doença e suas possíveis complicações, que por si só aumentam o nível de angústia e a vivência
de emoções e cognições negativas relacionados à DM (Van der Ven, Weinger & Snoek, 2002;
Gregg, Callaghan, Hayes, & Glenn-Lawson, 2007). Em condições de descontrole, é comum
que a pessoa pense que não importa o quanto ela tente, pois, ainda assim, terá as complicações
decorrentes da diabetes, ou mesmo pensar que sempre entende as orientações médicas erradas
e, por isso, é uma fracassada (Van der Ven, Weinger, & Snoek, 2002). Tais ideias ocasionam
emoções negativas e comportamentos ineficazes para o controle da doença. Sendo assim,
percebe-se que a presença de cognições disfuncionais e/ou distorções cognitivas em indivíduos
diabéticos, pode interferir no seu funcionamento cotidiano, podendo ocasionar e/ou intensificar
o sofrimento emocional. Portanto, é essencial identificar estas cognições
disfuncionais/distorcidas para a compreensão de como foram instalados, e são mantidos, os
padrões de funcionamento, emocional e/ou comportamental, do indivíduo em sofrimento. A
avaliação dessas cognições se dá por meio de escalas e testes psicológicos padronizados e
entrevistas clínicas que visem a construção da conceitualização cognitiva do caso, em um
processo contínuo e interligado com a intervenção clínica.

Na busca por trabalhos que tenham como foco a investigação das cognições nesse grupo
clínico, verificou-se que alguns estudos têm demonstrado que processos cognitivos atuam como
mediadores entre estresse geral e específico da diabetes, controle metabólico e aderência ao
tratamento de indivíduos diabéticos (Bennett-Murphy, Thompson, & Morris, 1997; Farrel,
Hains, Davies, Smith, & Parton, 2004). No entanto, estes estudos foram feitos com jovens com
DM1, não tendo a população adulta recebido a mesma atenção nesse tipo de investigação.
40

Considerando o público adulto, apenas quatro estudos foram encontrados e serão relatados a
seguir, no intuito de fornecer um panorama geral (ver Apêndice A que apresenta os critérios
para a seleção dos trabalhos aqui apresentados).
Clarke e Goosen (2009) avaliaram 114 pacientes diabéticos (tipo 1 e 2) com idade
variando de 28 a 88 anos (Média=59,26; DP=14,58), sendo 57 homens e 57 mulheres. O tempo
médio de diagnóstico de DM foi de 10,26 anos (DP=8,67), variando de seis meses a 38 anos.
O intuito dos autores foi verificar se as estratégias de enfrentamento atuam como mediadoras
na relação entre os pensamentos automáticos negativos e os sintomas depressivos nesses
indivíduos. O instrumento utilizado pelos autores para a avaliação dos PAs foi o Automatic
Thoughts Questionnaire (ATQ). Os resultados indicaram que a frequência de PAs negativos foi
significativamente maior naqueles com alto nível de sintomas depressivos. No que diz respeito
às estratégias de enfrentamento, elas podem ser focadas na emoção, levando o indivíduo a ter
comportamentos de passividade ou negação, ou focadas no problema, conduzindo a um
comportamento ativo para solucionar a situação. Ao avaliar o tipo de estratégia que os pacientes
tinham para lidar com a doença, os resultados indicaram que aquela focada na emoção, ao invés
de centrada no problema, atuou como mediadora parcial entre os PAs negativos e os sintomas
depressivos. Estes resultados demonstram as implicações de se compreender as estratégias de
enfrentamento como possível potencializador da relação entre PAs negativos e depressão. O
que mostra a importância de se trabalhar não só os PAs, mas também, estas estratégias para
melhorar a eficácia da redução dos sintomas depressivos.
Diferentemente do estudo anterior, que investigou se os pensamentos automáticos
negativos são mediados por estratégias de enfrentamento, Gregg e colaboradores (2010)
investigaram se os PAs negativos atuariam como mediadores na relação entre sintomas
depressivos e comportamentos de autocuidado – adesão ao tratamento da diabetes. Para isso,
conduziram um estudo online com 121 pessoas com diabetes tipo 2. A média etária dos
participantes foi de 43 anos de idade e a amostra foi composta em sua maior parte por mulheres
(59,9%) e pessoas casadas (65,7%). O nível de HbA1C dos indivíduos foi, em média, de 6,97
(DP=2,19). Os autores testaram duas hipóteses, a primeira era de que os sintomas depressivos
seriam preditores de não adesão ao tratamento da diabetes, sendo que o nível em que os
diabéticos acreditam em seus PAs negativos mediaria essa relação. No entanto, essa hipótese
não foi confirmada. A segunda hipótese testada era de que os comportamentos de autocuidado
na diabetes exerceriam impacto nos sintomas depressivos, sendo que os PAs negativos
possuiriam um papel mediador nesta relação. Os resultados confirmaram a segunda hipótese,
41

mostrando que a credibilidade que o indivíduo dá para seus PAs negativos media o impacto da
sua baixa adesão ao tratamento da diabetes nos seus sintomas depressivos, e não há um impacto
direto desta não adesão sobre estes sintomas. Sendo assim, para os autores, existem outros
caminhos, que não apenas o da autoeficácia conforme apontado em estudos anteriores, para
explicar a relação entre comportamentos de autocuidado e depressão nos pacientes diabéticos.
Além disso, mais do que avaliar a frequência desses PAs, é importante considerar o seu
conteúdo e o grau em que as pessoas acreditam neles (a sua credibilidade).
No que diz respeito à avaliação de crenças disfuncionais, Moldovan (2009) buscou
avaliar as emoções e cognições presentes em indivíduos com câncer e diabetes, bem como
esclarecer alguns aspectos fundamentais da relação entre as crenças irracionais e o estresse
emocional nessa população. A amostra foi composta por 30 mulheres com câncer de mama e
26 pacientes com diabetes, sendo que 43% destes eram homens. Todos os participantes
encontravam-se hospitalizados. A idade dos participantes variou entre 24 e 79 anos
(Média=53,9) e a maioria era de indivíduos casados (79,6%). Não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas entre os indivíduos com câncer e com diabetes quanto ao nível
de depressão, ansiedade, angústia e racionalidade/ irracionalidade das crenças. O autor
demonstrou que o impacto que as crenças irracionais dos indivíduos têm sobre as suas respostas
emocionais (depressão, ansiedade e estresse emocional) é completamente mediado pelas
crenças irracionais que eles têm sobre a própria doença. A partir da investigação foi possível
categorizar as crenças mais comuns entre esses indivíduos, considerando o que eles acreditam
quanto à causa, evolução, controle, tratamento e consequências da doença. Em relação à causa
da diabetes, 73,1% dos participantes acreditam que seja devido ao estresse. Além disso, todos
os pacientes diabéticos creem que podem controlar o curso e evolução da sua doença, e 54%
deles afirmam que ter um “pensamento positivo” e “vontade de melhorar” são fatores decisivos
para o controle da evolução da diabetes.
Já a presença de crenças disfuncionais e depressão como preditores para uma visão
negativa do indivíduo sobre o tratamento da diabetes com insulina foi investigada por
Gherman e Alionescu (2015). A amostra foi composta por 215 pacientes romenos com diabetes
tipo 1 (n=30, 14%) e tipo 2 (n=185, 86%), com uma média etária de 57,95 anos, sendo em sua
maior parte do sexo feminino (n=146, 68%). Este estudo foi conduzido considerando que,
dentre os indivíduos que recebem a prescrição para o tratamento com insulina, 15% deles
apresentam sérias dúvidas quanto a essa opção e, cerca de 40% dos diabéticos tipo 2 estão em
risco de não aceitarem a insulinoterapia. Os participantes tinham, em média, o diagnóstico de
42

diabetes há 7,3 anos e uma hemoglobina glicada entre 5,4 e 16 (Média=9,07; DP=2,11).
Dividiu-se a amostra em dois subgrupos: não deprimidos (n=48; escore < 9 no BDI) e
deprimidos (n=63; escore > 10 no BDI). Os resultados mostraram que as pessoas deprimidas
avaliam o tratamento com insulina de forma mais negativa quando comparadas àquelas não
deprimidas. Em outras palavras, os indivíduos que têm uma visão mais negativa da
insulinoterapia são os que apresentam mais sintomas depressivos e que possuem crenças mais
disfuncionais sobre sua doença. As crenças mais comuns nesse grupo são as de baixa tolerância
à frustração (acreditar que não é capaz de superar situações difíceis) e de demandas não realistas
sobre si mesmo (acreditar que não se deve estar em situações negativas). Por outro lado, as
crenças disfuncionais gerais não possuem o mesmo papel mediador nesta relação,
demonstrando assim a necessidade de se avaliar as crenças específicas que contribuem para que
o indivíduo diabético deprimido veja a insulinoterapia como uma opção mais negativa para o
seu tratamento.
Dentre os estudos mencionados, dois focaram na avaliação de PAs (Clarke & Goosen,
2009; Greeg et al., 2010) e dois nas crenças disfuncionais (Moldovan, 2009; Gherman &
Alionescu, 2015). Tal enfoque tem diferentes implicações práticas uma vez que os PAs são
mais superficiais e específicos à situação e, as crenças são mais gerais, consistindo em atitudes,
regras e suposições que não estão diretamente relacionadas com a situação em si. Sendo assim,
encontrar uma relação significativa entre PAs e problemas específicos dos diabéticos pode ser
mais fácil do que encontrar essa mesma significância no que tange às crenças. Analisando os
instrumentos utilizados nesses estudos, é possível concluir que os autores estavam considerando
apenas os PAs e crenças comumente encontrados em pessoas com sintomas depressivos e não
aquelas cognições que podem ser específicas da DM. É necessário, portanto, salientar a
importância de se considerar e avaliar a especificidade de conteúdo dessas cognições nesses
indivíduos como destacaram Gherman e Alionescu (2015).
Independentemente do nível dessas cognições, é possível perceber, de modo geral, que
as cognições negativas encontradas nesse público interferem no estado de ânimo da pessoa e na
adesão ao tratamento da doença como um todo. Esse processamento cognitivo negativo, além
de conduzir a um quadro de sofrimento emocional, possivelmente diminui a qualidade de vida
do sujeito e conduz a complicações da diabetes de maneira mais progressiva e acentuada. Duas
hipóteses que expliquem a presença destas cognições nesses indivíduos podem ser levantadas.
A primeira é de que essas cognições são decorrentes das mudanças que ocorrem no estilo de
vida do paciente diabético e não pelo estabelecimento do diagnóstico de DM propriamente dito.
43

A segunda hipótese, é que essas cognições já se encontravam presentes nesses indivíduos, em


estado latente, tendo ocorrido sua ativação após o estabelecimento da diabetes, considerado por
muitas pessoas como um evento estressor. Tais hipóteses devem ser melhor investigadas em
estudos futuros.
Considerando a parte metodológica, é possível perceber que os estudos mencionados
possuem algumas limitações que podem comprometer a análise dos resultados apresentados.
Greeg e colaboradores (2010) realizaram a coleta no formato online, o que não garante, em sua
totalidade, a veracidade das informações encontradas, principalmente no que tange àquelas
relacionadas a diabetes. No estudo de Moldovan (2009), os participantes estavam
hospitalizados e, considerando esse contexto como uma variável estressora, os resultados
encontrados, principalmente aqueles referentes ao estresse, podem ter sido intensificados nesse
ambiente. Gherman e Alionescu (2015) não aplicaram os mesmos instrumentos em todos os
participantes. Aqueles que responderam ao BDI não responderam ao questionário de crenças.
Isso poderia explicar, em parte, o motivo pelo qual os autores não conseguiram confirmar a
hipótese de que a depressão iria mediar a relação entre crenças disfuncionais e a avaliação
negativa do tratamento com insulina, já que não se teve as mesmas medidas de todos os sujeitos.
Apesar de terem relatado o tempo diagnóstico dos pacientes diabéticos, nenhum dos estudos
levaram essa informação em consideração em suas análises. Assim como há diferença do
impacto do tempo de diagnóstico de diabetes sobre a qualidade de vida dos indivíduos com essa
doença (Leite et al., 2015; Matias, Matias, & Alencar, 2016), pode-se supor que esse tempo
também possa interferir não só na manifestação de problemas emocionais bem como na
motivação do paciente para se cuidar e nas suas cognições e formas de enfrentar a doença.
Cabe ainda destacar o pequeno número de estudos encontrados a respeito de cognições
disfuncionais nesse público. A escassez de pesquisas com este enfoque contribui para a
inexistência de resultados conclusivos sobre o tema. Os estudos sobre cognições disfuncionais
em pessoas com diabetes permitiriam lançar luz a reflexões sobre hipóteses etiológicas e
mantenedoras de problemas e transtornos psicológicos que podem estar associados à essa
doença clínica. Considerando que a presença de crenças e PAs negativos pode reduzir a
flexibilidade psicológica e comportamental dos diabéticos para responder à essas cognições
(Gregg et al., 2010), bem como diminuir a motivação para o autocuidado, é importante
compreender como se dá e se mantém esse processamento cognitivo. Uma delimitação mais
clara dessas cognições disfuncionais pode gerar reflexões sobre a prática cognitiva
psicoterápica com esses indivíduos. E tal conhecimento, pode propiciar que as intervenções
44

sejam mais efetivas para a diminuição do sofrimento psíquico e, também, para promover a
melhora da adesão ao tratamento médico da diabetes como um todo. Além disso, pode
contribuir para a construção de ferramentas psicoeducativas que auxiliem os pacientes a
compreenderem como suas cognições estão relacionadas à suas emoções e comportamentos, já
que a simples educação sobre diabetes sozinha não é suficiente para manter, a longo prazo, o
controle glicêmico desses indivíduos (Norris, Lau, Smith, Schmid, & Engelgau, 2002).
Outro ponto importante de ser analisado se refere aos instrumentos utilizados nos
estudos para a avaliação dessas cognições disfuncionais. Foi possível verificar que nenhum dos
quatro estudos utilizaram instrumentos que fossem capazes de identificar cognições,
especificamente, relacionadas a diabetes, pois possuem itens que representam PAs e crenças
gerais. Além disso, a ordem de aplicação dos instrumentos deve ser analisada, uma vez que
dependendo da sequência escolhida pode levar a viés de resposta. Como alternativa a esse
problema, a aplicação desses instrumentos poderia ser feita de forma aleatória. Ainda no que
tange a questão dos instrumentos utilizados, deve-se ter cautela na interpretação de resultados
que utilizaram medidas de autorrelato, uma vez que esse tipo de medida pode aumentar a força
das relações entre as variáveis analisadas. Especificamente pensando na avaliação da depressão
– o transtorno avaliado em todos os estudos incluídos nesta revisão – diferentes medidas devem
ser utilizadas já que é comum que alguns sintomas depressivos podem estar sobrepostos aos
sintomas decorrentes da própria doença clínica e, muitas vezes, serem sub ou superestimados.
O uso de diferentes métodos, como entrevistas clínicas e escalas padronizadas, quando
utilizados conjuntamente, minimizam esse confundimento de sintomas. E tal estratégia
metodológica não foi utilizada em nenhum dos estudos apresentados aqui. No entanto, os
estudos encontrados nesta busca demonstraram o importante papel que as cognições possuem
em pessoas com diabetes, evidenciando ainda, a necessidade da execução de mais pesquisas
sobre o tema.

1.7. Estratégias cognitivas de enfrentamento na diabetes

Mediante um evento estressor, o indivíduo desenvolve estratégias cognitivas,


comportamentais e/ou emocionais para lidar com o problema, sendo que a resposta dependerá
da avaliação que ele faz da situação. Esta avaliação não está livre de sofrer influência de
45

distorções cognitivas comumente encontradas em transtornos psíquicos como a ansiedade e a


depressão. Estas distorções podem influenciar significativamente a estratégia de enfrentamento
que a pessoa utilizará. A definição e avaliação das estratégias de enfrentamento, ou coping,
ainda não possui um consenso na literatura científica, sendo tratada como um processo
interativo entre indivíduo-ambiente pela perspectiva cognitivista (Ramos, Enumo, & Paula,
2015).
As estratégias de enfrentamento devem ser focadas na emoção ou no problema, levando
à negação ou a um comportamento ativo para solucionar a situação, e devem ser vistas não
como formas distintas e independentes, mas sim como complementares (Lazarus, 2006). As
estratégias focadas na emoção dizem respeito ao esforço empreendido pelo indivíduo para
regular o seu estado emocional associado ao estresse, seja com respostas somáticas ou afetivas,
como relaxar, culpar os outros ou a si mesmo; expressando emoções negativas como a raiva,
ou concentrando-se em pensamentos negativos ou fantasiosos. Esse estilo de enfrentamento é
mais utilizado em situações tidas pelo indivíduo como inalteráveis. Já as estratégias focadas no
problema são direcionadas para a solução da situação estressora, ou seja, o indivíduo se esforça
para atuar na situação e modificar a sua função, como por exemplo, negociar para solucionar
um problema interpessoal. Geralmente são utilizadas em situações avaliadas como passíveis de
modificação (Carver & Connor-Smith, 2010).
Nas doenças crônicas, a mediação da relação entre indivíduo, saúde e doença é feita
pelas estratégias de enfrentamento, que também estão relacionadas à qualidade de vida
(Ravagnani, Domingos, & Miyazaki, 2007). Em um estudo de metanálise, Duangdao e Roesch
(2008) buscaram identificar essas estratégias e o nível de ajustamento em pessoas com diabetes.
Dos 21 artigos analisados, os autores concluíram que aqueles que utilizam estratégias de
enfrentamento focadas no problema experimentam um menor nível de ansiedade e depressão
para lidarem com sua doença quando comparados com os que utilizam mais as estratégias
focadas na emoção. Esses resultados são mediados pela idade do participante, tempo de
diagnóstico e tipo de DM. Além disso, a estratégia focada no problema associou-se,
significativamente, a um melhor controle glicêmico dos diabéticos.
Uma ampliação da perspectiva cognitiva é compreender as estratégias de enfrentamento
como ação regulatória, ou seja, um esforço do indivíduo para manter, restaurar ou reparar suas
necessidades psicológicas básicas de autonomia, de relacionamento e de competência, quando
percebe determinada situação como ameaçadora ou desafiadora (Ramos, Enumo, & Paula,
2015). O coping é uma característica importante do processo emocional (Lazarus, 2006), mais
46

especificamente da regulação emocional, ou seja, a capacidade que o indivíduo tem de


reconhecer suas emoções, aceitá-las e utilizá-las em prol de um objetivo (Leahy, Tirch &
Napolitano, 2013).
O processamento emocional de início é “pré-cognitivo” e instrumentaliza o ser humano
a responder de forma rápida e imediata, com a função vital de garantir a sua sobrevivência e a
continuidade da espécie. Sendo assim, o cérebro emite sinais emocionais para que a cognição
identifique possíveis fontes de ameaça e planeje uma resposta comportamental. Essas estruturas
emocionais, criadas a partir das situações, produzem afetos quando ativadas e são essenciais
para o conhecimento humano (Beck, 2008). As emoções estão interligadas com o modo de
pensar e agir dos indivíduos. Elas são fenômenos psicofisiológicos, com o potencial de alterar
funções cognitivas, como memória e atenção. Influenciam de forma direta a percepção do
indivíduo, seu processamento de informação e suas ações (Beck, 2005).
As emoções auxiliam a avaliação das alternativas e a seleção de respostas adaptativas,
motivando comportamentos específicos que levam a mudança (Leahy, Tirch, & Napolitano,
2013; Gazzaniga & Heatherton, 2005). A regulação emocional pode ser compreendida como
um conjunto de processos automáticos ou controlados, envolvidos no monitoramento, avaliação
e modificação das reações emocionais, principalmente nas suas intensidades e duração,
permitindo, assim, uma maior flexibilidade nas respostas emocionais experienciadas (Gross &
Tompson, 2007; Gyurak, Gross, & Etkin, 2011). A regulação das emoções envolve dois
componentes: (1) regular a experiência emocional, que envolve entrar em contato com a
emoção, dar um significado coerente a ela e aceitar que ela faz parte de si; e (2) regular a
expressão emocional, que diz respeito a saber quando e como dizer ao outro o que se sente. A
regulação emocional que se dá por meio de cognições (ou pensamentos) auxilia os indivíduos
a gerirem melhor suas emoções após a vivência de um evento estressor (Garnefski, Kraiij, &
Spinnhoven, 2001). Essa capacidade cognitiva de regular as emoções, chamada de estratégias
cognitivas de enfrentamento ou coping cognitivo, varia de pessoa para pessoa, uma vez que as
cognições possuem conteúdo e significado próprio para cada um (Garnefski & Kraaj, 2006).
Até o presente momento, existe escassez de estudos na literatura especializada que
abordem as estratégias cognitivas que pessoas com DM utilizam para lidarem com sua doença.
Considerando que a regulação emocional é uma habilidade de extrema importância para o bem-
estar das pessoas, devido ao seu papel adaptativo, tal conhecimento poderia viabilizar a
compreensão de como o uso das estratégias para regular as emoções pode afetar o bem-estar e
QV dos diabéticos.
47

A maneira como a pessoa enfrenta a sua doença é o que permitirá, em certa medida, que
ela dimensione adequadamente a sua condição e se torne capaz de resolver os problemas
decorrentes de seu quadro clínico. As estratégias de enfrentamento podem ser adaptativas ou
não, levando à superação do problema e/ou estabilização do humor, ou mesmo ao agravamento
da reação emocional e até do problema em si (Carver & Connor-Smith, 2010). No entanto,
embora essas estratégias se refiram a estilos pessoais de enfrentar determinado evento negativo,
elas são passíveis de serem influenciadas, modificadas, aprendidas e desaprendidas (Garnefski,
Kraaij, & Spinhoven, 2002), o que é um importante fator a ser considerado em intervenções
terapêuticas. Possivelmente, o uso de estratégias menos adaptativas esteja relacionado com o
desenvolvimento ou com a manutenção de sintomas e/ou problemas emocionais, que podem
potencializar as complicações da DM. Porém, a inexistência de estudos com esse enfoque, até
o presente momento, impossibilita confirmar ou não esta hipótese, constatação que se deu a
partir de uma revisão da literatura especializada cujo critérios de busca podem ser vistos no
Apêndice A.
A principal limitação dessa revisão foi a restrição das bases de dados pesquisadas, bem
como dos dois idiomas selecionados, fato que impossibilita a inclusão de artigos relacionados
ao tema abordado. No entanto, a hipótese de que as estratégias cognitivas de enfrentamento
utilizadas por indivíduos diabéticos que possuem um rebaixamento em sua QV e diferentes
complicações da doença não são efetivas (ou menos adaptativas), abre um campo de
investigação a ser explorado em estudos futuros.
Apesar do importante papel que essas estratégias parecem desempenhar no ajustamento
psicossocial dos seres humanos, poucos estudos brasileiros têm se dedicado à sua investigação.
Um dos motivos da existência dessa lacuna se deve à ausência de instrumentos de mensuração
adequados deste construto. Sendo assim, para avaliar as estratégias cognitivas de enfrentamento
nas pessoas com DM, viu-se a necessidade de adaptar para o Brasil um instrumento que foca
exclusivamente na parcela cognitiva do coping, o Cognitive Emotion Regulation Questionnaire
(CERQ). Esse processo será descrito no próximo capítulo.
48

2. TRADUÇÃO BRASILEIRA E ADAPTAÇÕES DOS ITENS DO COGNITIVE


EMOTION REGULATION QUESTIONNAIRE

Atualmente, é possível identificar na literatura científica o crescente interesse na


avaliação de estratégias cognitivas que os indivíduos utilizam para lidar com eventos
potencialmente estressantes, em especial a regulação emocional (RE), que também pode ser
compreendida como um estilo de enfrentamento. A RE envolve uma variedade de processos
biológicos, sociais, comportamentais e cognitivos (Domínguez-Sánchez, Lasa-Aristu, &
Holgado-Tello, 2011). Há uma grande variedade de estratégias utilizadas para regular as
emoções que podem ser úteis ou inúteis para modificar a desregulação emocional (DE) que tem
se apresentado como um ponto central na explicação de problemas e transtornos psicológicos
como a ansiedade, depressão, dependência química e até mesmo transtornos da personalidade
(Linehan, 2010; Leahy, Tirch, & Napolitano, 2013).
Diante da importância da avaliação dessas estratégias, Garnefski, Kraiij e Spinnhoven
(2001) desenvolveram o CERQ, o primeiro instrumento que tem como foco principal os
pensamentos que um indivíduo tem após ter passado por um evento negativo e não nas suas
ações após tal ocorrência como é medido em outros instrumentos. O CERQ é um questionário
de autorrelato, com 36 itens, subdivididos em nove diferentes tipos de estratégias cognitivas de
enfrentamento: (1) Autopunição, (2) Aceitação, (3) Ruminação, (4) Reorientação Positiva, (5)
Redirecionamento do Foco para o Planejamento, (6) Reavaliação Positiva, (7) Colocando em
Perspectiva, (8) Catastrofização, e (9) Culpabilizar Outros. O instrumento pode ser utilizado
em pessoas maiores de 12 anos. Inicialmente, foi construído para o público mais jovem, tendo
sua estrutura fatorial testada em uma amostra de 547 adolescentes saudáveis entre 12 e 16 anos.
As análises mostraram que os itens além de se agruparem nas nove dimensões, as estratégias
cognitivas de enfrentamento também podem ser separadas, ainda, em dois tipos: mais
adaptativas (Reorientação Positiva, Reavaliação Positiva, Colocando em Perspectiva,
Redirecionamento do Foco para o Planejamento e Aceitação), e menos adaptativas (Ruminação,
Autopunição, Culpabilizar Outros e Catastrofização). Esta mesma estrutura se manteve com
diferentes grupos etários, e também, com pacientes psiquiátricos adultos (Garnefski, Kraaij, &
Spinhoven, 2002a; Garnefski, Legerstee, Kraiij, Van den Kommer, & Teerds, 2002b). Análises
de correlação do CERQ com outros instrumentos mostrou que quanto mais o participante
reportava utilizar estratégias cognitivas mais adaptativas, menos sintomas de depressão e
ansiedade eles apresentavam. As análises de teste-reteste indicaram que as estratégias
49

cognitivas de enfrentamento são um construto relativamente estável, e que mesmo se referindo


a estilos de enfrentamento pessoal, elas podem ser aprendidas e modificadas. Os índices de
consistência interna do CERQ variaram de 0,68 no fator Culpabilizar Outros a 0,83 no fator
Ruminação (Garnefski, Kraaij, & Spinhoven, 2001).
Considerando que a versão inicial do CERQ foi avaliada em adolescentes, em 2007
Garnefski e Kraiij desenvolveram um estudo para avaliar as propriedades psicométricas desse
instrumento na população adulta. Contando com uma amostra de 611 indivíduos adultos, com
idade entre 18 e 65 anos, sendo majoritariamente de mulheres (60%), as autoras conduziram
análises fatoriais exploratórias e confirmatórias. Na análise fatorial exploratória (AFE) foram
extraídos nove fatores que explicaram juntos 68,2% da variância, com cargas fatoriais dos itens
em cada fator superiores a 0,52 com exceção do item 26 (“I often think that what I have
experienced is much worse than what others have experienced”) que foi de 0,34 na subescala
Catastrofização. Na análise fatorial confirmatória (AFC) o modelo de nove fatores teve um bom
ajuste (Comparative Fit Index [CFI] igual a 0,92 e 0,97, na primeira e na segunda medição
respectivamente). Análises de consistência interna mostraram índices que variaram de 0,65
(Autopunição) a 0,87 (Reavaliação Positiva). Já as análises de teste-reteste tiveram valores entre
0,48 (Redirecionamento do Foco para o Planejamento) e 0,65 (Culpabilizar Outros). Os fatores
Catastrofização, Ruminação e Culpabilizar Outros se correlacionaram positivamente com
sintomas depressivos e ansiosos, mostrando que um maior uso dessas estratégias está
relacionado com maior frequência desses sintomas. Por outro lado, um uso mais frequente da
Reavaliação Positiva está relacionado há menor frequência de depressão e ansiedade. As
autoras argumentam, ainda, que a definição das estratégias cognitivas de enfrentamento que
serão mais ou menos adaptativas dependerá do tipo de evento vivenciado.
Nos últimos anos, o CERQ foi traduzido e adaptado para diferentes línguas (Espanhol:
Domínguez-Sánchez, Lasa-Aristu, & Holgado-Tello, 2011; Francesa: Jermann, Van der
Linden, d'Acremont, & Zermatten, 2006; Portuguesa: Martins, Freire, & Ferreira-Santos, 2016;
Romena: Per & Miclea, 2011; Chinesa: Zhu et al., 2008; Turca: Tuna & Bozo, 2012; Árabe:
Megreya, Latzman, Al-Attiyah, & Alrashidi, 2016). Em todas estas versões é possível verificar
a manutenção da estrutura de nove fatores, com boas propriedades psicométricas. Além disso,
são apresentadas fortes evidências da associação entre as estratégias cognitivas e transtornos
depressivos e ansiosos (Garnefski, Kraaij & Spinhoven, 2001; Domínguez-Sánchez, Lasa-
Aristu, & Holgado-Tello, 2011; Zhu et al., 2008; Tuna & Bozo, 2012; Jermann, Van der Linden,
d'Acremont, & Zermatten, 2006), raiva (Domínguez-Sánchez, Lasa-Aristu, & Holgado-Tello,
50

2011), e afetos positivos e negativos (Domínguez-Sánchez, Lasa-Aristu, & Holgado-Tello,


2011; Megreya, Latzman, Al-Attiyah, & Alrashidi, 2016).
O estudo para validação da versão francesa do CERQ foi feito com 217 adolescentes
entre 13 e 19 anos e a análise fatorial confirmou a presença de nove dimensões, sendo que todas
as cargas fatoriais foram superiores a 0,30. A confiabilidade das subescalas foi comparável à
versão original do instrumento, com exceção do fator Aceitação que teve um índice menor
(α=0,68). Além do CERQ, foram aplicadas, ainda, uma escala de depressão e uma de
impulsividade. Em consonância com o estudo original de Garnefski, Kraiij e Spinnhoven
(2001), também houve correlação negativa entre o uso de estratégias cognitivas mais
adaptativas e sintomas depressivos, e correlação positiva entre algumas estratégias menos
adaptativas e maior escore na escala de depressão. Os autores também encontraram uma
relação entre impulsividade e depressão, sendo que as estratégias de enfrentamento seriam as
responsáveis por fazer a mediação dessa relação. Verificou-se ainda que traços de
impulsividade estão mais presentes quando há maior uso de estratégias menos adaptativas, ou
menor uso das mais adaptativas (Jermann, Van der Linden, d'Acremont, & Zermatten, 2006).
A pesquisa para validação da versão espanhola também encontrou, em uma AFC, os
nove fatores originais, com bons índices psicométricos. A pesquisa foi feita utilizando uma
amostra de 615 pessoas de 16 a 58 anos, e além do CERQ, aplicaram-se outros instrumentos
para avaliar depressão, ansiedade e afetos positivos e negativos. Apesar de encontrarem uma
divisão bifatorial de segunda ordem, assim como nas demais versões do CERQ, os autores
propõem que essas dimensões podem ser mais bem compreendidas como estratégias
“sinérgicas” e estratégias “antagonistas” ao invés de estratégias mais ou menos adaptativas. Tal
argumento se baseia no fato de que essa última classificação dicotômica não auxilia no
entendimento da funcionalidade das estratégias cognitivas de enfrentamento, como salientado
por Garnefski e Kraiij (2007). Sendo assim, diante de um determinado evento estressor uma
pessoa pode reagir de modo a mitigar o seu efeito emocional reavaliando positivamente a
situação o que diminui a raiva, por exemplo, ou agravar o seu efeito negativo culpando a si
mesmo pelo ocorrido. No primeiro caso, utilizar-se-ia estratégias sinérgicas e, no segundo,
estratégias antagonistas. Além disso, a correlação encontrada pelo estudo original de Garnefski,
Kraiij e Spinnhoven (2001) entre as estratégias cognitivas de enfrentamento e sintomas
depressivos e ansiosos foi replicada pelo presente estudo, que encontrou, ainda, uma relação
direta entre raiva e o uso de estratégias menos adaptativas (Domínguez-Sánchez, Lasa-Aristu,
& Holgado-Tello, 2011).
51

Zhu e colaboradores (2008) desenvolveram a versão chinesa do CERQ e, a fim de


examinar suas propriedades psicométricas, utilizaram uma amostra de 791 estudantes
universitários de 17 a 26 anos. Juntamente ao CERQ, foi aplicado um questionário para avaliar
sintomas ansiosos. Por meio da AFC, esse estudo além de confirmar o modelo de nove fatores,
também encontrou associação de diversas dimensões do CERQ com sintomas de depressão e
ansiedade assim como nas demais versões do instrumento. O alfa de Cronbach encontrado para
a escala total foi de 0,79, sendo que o coeficiente de cada uma das nove subescalas variou de
0,76 a 0,90. Análises do teste-reteste, com intervalo de um mês entre as aplicações,
apresentaram coeficientes de correlação que variaram de 0,44 (Catastrofização) a 0,78
(Redirecionamento do Foco para o Planejamento) (Zhu et al., 2008).
O estudo para validação da versão turca, por sua vez, também encontrou dados que
sustentam o modelo original de nove fatores. A pesquisa foi feita com 396 participantes, com
idades entre 18 e 47 anos. Os autores utilizaram além do CERQ, instrumentos que avaliam
estratégias de coping utilizadas por pessoas em situações estressantes, padrões individuais de
sintomas psicológicos, e a autoeficácia geral e social. A AFC mostrou bons indicadores de
adequação do modelo aos dados e as cargas fatoriais foram todas significativas, variando entre
0,34 e 0,85. Com exceção de dois itens (19 e 20), todas as cargas fatoriais foram acima de 0,45
(Tuna & Bozo, 2012).
A pesquisa para validação da versão árabe foi realizada em quatro países (Egito, Arábia
Saudita, Kuwait e Qatar) com uma amostra total de 1.470 participantes. Além do CERQ, foi
utilizada também a Escala de Afetos Positivos e Negativos (PANAS). Foram feitas AFCs para
cada país, sendo que em todos eles, foi possível verificar bons índices psicométricos que
sustentam a estrutura de nove fatores. As estratégias cognitivas adaptativas tiveram correlações
positivas com afetos positivos, e correlações negativas com os afetos negativos (Megreya,
Latzman, Al-Attiyah, & Alrashidi, 2016).
Por fim, Martins, Freire e Ferreira-Santos (2016) realizaram um estudo para validar a
versão do CERQ para Portugal. Foi utilizada uma amostra composta por 370 sujeitos dentro da
faixa etária de 18 a 60 anos, e além do CERQ, aplicou-se uma escala que avalia a DE e outra
que investiga padrões individuais de sintomas psicológicos. Por meio da AFC, o estudo
confirmou o modelo original de nove fatores, obtendo bons índices de adequação do modelo.
O alfa de Cronbach de cada subescala variou de 0,65 a 0,82. Os resultados parecem apoiar a
ideia de que as estratégias adaptativas são fatores de proteção contra sintomas psicológicos,
mas também, de que o uso de estratégias menos adaptativas tem um papel mais central em
52

psicopatologias do que o não uso das estratégias mais adaptativas. A conclusão a que se chegou
nesse estudo foi de que, apesar de as estratégias mais adaptativas serem menos utilizadas por
pacientes psicopatológicos, o uso daquelas menos adaptativas tem um papel mais relevante na
psicopatologia (Martins, Freire, & Ferreira-Santos, 2016).
Sendo assim, considerando a ausência de uma versão desse instrumento no cenário
nacional, e dada a importância da avaliação desse construto na prática clínica e científica, em
especial para a avaliação das estratégias cognitivas utilizadas pelos pacientes diabéticos, foco
principal da presente dissertação, este estudo teve como objetivo realizar a tradução, adaptação
e investigação de algumas propriedades psicométricas do CERQ. Para tanto, foram conduzidas
três etapas distintas e interligadas. Primeiramente, realizou-se a tradução e adequação dos itens
do instrumento. Em seguida, verificou-se a validade interna do CERQ por meio de análises
fatoriais (exploratória e confirmatória) e confiabilidade, bem como sua estabilidade temporal.
Diferenças entre grupos e a relação das estratégias cognitivas de enfrentamento com sintomas
ansiosos e depressivos na população adulta em geral também foram investigadas.

2.1. Etapa 1: Tradução e validade de conteúdo dos itens do CERQ

2.1.1. Objetivo

O objetivo geral desta etapa foi traduzir, adaptar e verificar a adequação dos itens do
Cognitive Emotion Regulation Questionnaire (CERQ, Garnefski, Kraiij, & Spinnhoven, 2001).

2.1.2. Método

2.1.2.1. Análise de conteúdo dos itens

2.1.2.1.1. Participantes

Participaram desta etapa 17 psicólogos e estudantes de psicologia, sendo 12 mulheres


(70,6%) e 5 homens (29,6%), com idade variando entre 20 e 35 anos.
53

2.1.2.1.2. Instrumento

O Cognitive Emotion Regulation Questionnaire (CERQ, Garnefski, Kraaij &


Spinhoven, 2001) é uma ferramenta utilizada para avaliar as estratégias cognitivas específicas
que as pessoas utilizam como resposta a um evento de vida estressor ou ameaçador. Trata-se de
um instrumento de autorrelato com 36 itens que devem ser respondidos em uma escala tipo
Likert de cinco pontos (variando de nunca a sempre), que são divididos em nove dimensões.
Os resultados do CERQ possuem índices de consistência interna adequados para todas as
escalas (Alfas entre 0,68 e 0,83). Nesta etapa, utilizou-se uma versão inicial traduzida do
CERQ.

2.1.2.2.3. Procedimentos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de


Minas Gerais (UFMG, processo 45217015.9.0000.5149). Primeiramente, foi obtida a
autorização dos autores originais do Cognitive Emotion Regulation Questionnaire (CERQ,
Garnefski, Kraiij, & Spinnhoven, 2001) para a realização do processo de tradução e adaptação
do instrumento para o contexto brasileiro. A tradução do questionário para o português foi
realizada por dois pesquisadores de maneira independente. Posteriormente, essas duas versões
foram comparadas juntamente à versão portuguesa já validada do instrumento (Martins, Freire,
& Ferreira-Santos, 2016) e os itens discutidos um a um por um grupo de dois juízes com
experiência na língua inglesa e em psicologia. Nesta etapa solicitou-se que os avaliadores
verificassem quais dos itens traduzidos estavam mais apropriados. Para a produção da versão
inicial do CERQ, utilizou-se o percentual de concordância entre avaliadores, optando-se pelos
itens que obtiveram 80% de pareceres favoráveis quanto à tradução e ao conteúdo.
A aplicação foi feita de maneira coletiva. Após o contato inicial com o grupo, foi
informado o objetivo do estudo e todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE, Apêndice C) antes de responderem a versão inicial do Questionário de
Regulação Emocional Cognitiva (CERQ-B). Foi solicitado, em conversa informal após a
aplicação do instrumento, que os participantes indicassem se houve dificuldades na
compreensão de algum item ou na instrução do mesmo.
54

2.1.2.2.4. Análise dos dados

Os comentários coletados na aplicação dos itens foram analisados qualitativamente, em


discussões com os dois juízes que participaram da tradução do instrumento. Além disso, foi
solicitado que os mesmos avaliassem a presença de erros ortográficos e gramaticais, tendo como
principal objetivo verificar a adequação do vocabulário e a semântica contido nos itens e a
compreensão da instrução do instrumento.

2.1.3. Resultados e Discussão

De modo geral, os itens se mostraram adequados, sendo pontuadas algumas dificuldades


em dois deles (4 e 30), os quais foram reformulados conforme as indicações do grupo e podem
ser visualizados na Tabela 1. Avaliou-se que as frases que se iniciam com a palavra
“frequentemente” (“I often think”) em sua formulação dificultam a compreensão das mesmas,
uma vez que este termo é uma das opções de resposta. Sendo assim, decidiu-se pela retirada de
tal palavra dos itens 3, 8 e 15 por considerar-se que essa exclusão não modifica o sentido da
frase como um todo.

Tabela 1.
Adequações dos itens do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva (CERQ-B)
Item Tradução Adequação

Eu penso em coisas mais agradáveis do que a Eu penso em coisas mais agradáveis do que o
4
experiência que tive. ocorrido.

Eu me debruço sobre os sentimentos que a Eu tento pensar sobre os sentimentos que a


30
situação provocou em mim. situação provocou em mim.

Uma análise qualitativa preliminar das respostas indicou que quem se sente menos
culpado pela situação tende a se concentrar mais em pensamentos positivos, buscando
compreender melhor seus sentimentos e o que pode aprender com a situação, bem como pensar
em como lidar melhor com ela. Dificilmente essas pessoas focam o pensamento nos outros, seja
para culpá-los pelo ocorrido ou imaginar como eles estariam em seu lugar. Por outro lado, quem
se sente mais culpado pela situação tende a aceitar mais o ocorrido e pensar com mais
frequência no evento. Dificilmente pensa que a situação tenha um lado positivo, mas acredita
55

que possa aprender algo com ela e se concentra nos seus sentimentos, buscando encontrar uma
maneira de modificar o que aconteceu.

2.1.4. Versão Final do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva (CERQ-B)

A versão reformulada em português do Cognitive Emotion Regulation Questionnaire


(CERQ-B, Questionário de Regulação Emocional Cognitiva) foi traduzida para o inglês por
uma profissional bilíngue com domínio nas áreas de Psicologia e Linguística e comparada com
a versão original do instrumento. Não foram encontradas diferenças entre as duas versões,
exceto o fato de se ter retirado na versão brasileira o termo “I often think” dos itens 3, 8 e 15, o
que diferiu da versão original em inglês da escala. Considerando-se que tal exclusão não
modifica o sentido do item na versão em português, produziu-se a versão final do instrumento.
Na Tabela 2 são apresentados os itens originais e traduzidos do instrumento.
56

Tabela 2.
Itens do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva (CERQ-B)
Item Versão original Versão brasileira
1. I feel that I am the one to blame for it Eu sinto que sou eu o(a) culpado(a) pelo que aconteceu.
2. I think that I have to accept that this has happened Eu penso que tenho que aceitar o que aconteceu.
3. I often think about how I feel about what I have experienced Eu penso sobre como me sinto em relação ao que aconteceu.
4. I think of nicer things than what I have experienced Eu penso em coisas mais agradáveis do que o ocorrido.
5. I think of what I can do best Eu penso no que é que posso fazer melhor.
6. I think I can learn something from the situation Eu penso que posso aprender alguma coisa com a situação.
7. I think that it all could have been much worse Eu penso que tudo poderia ter sido muito pior.
I often think that what I have experienced is much worse than what others have Eu penso que o que aconteceu comigo é muito pior do que o que aconteceu com
8.
experienced os outros.
9. I feel that others are to blame for it Eu sinto que os outros são os culpados pelo que aconteceu.
10. I feel that I am the one who is responsible for what has happened Eu sinto que sou eu o(a) responsável pelo que aconteceu.
11. I think that I have to accept the situation Eu penso que tenho que aceitar a situação.
12. I am preoccupied with what I think and feel about what I have experienced Eu me preocupo com o que penso e sinto sobre o que aconteceu comigo.
13. I think of pleasant things that have nothing to do with it Penso em coisas agradáveis que não têm nada a ver com a situação.
14. I think about how I can best cope with the situation Eu penso sobre como eu posso lidar melhor com a situação.
Eu penso que posso me tornar uma pessoa mais forte como resultado do que
15. I think that I can become a stronger person as a result of what has happened
aconteceu.
16. I think that other people go through much worse experiences Eu penso que outras pessoas passam por experiências muito piores.
17. I keep thinking about how terrible it is what I have experienced Continuo pensando no quão terrível foi o que aconteceu.
18. I feel that others are responsible for what has happened Eu sinto que os outros são responsáveis pelo que aconteceu.
Continua
57

Tabela 2 (continuação)

Item Versão original Versão brasileira

19. I think about the mistakes I have made in this matter Eu penso nos erros que cometi nesta situação.
20. I think that I cannot change anything about it Eu penso que não tem como eu mudar nada sobre a situação.
21. I want to understand why I feel the way I do about what I have experienced Eu quero entender por que eu me sinto dessa forma sobre o que aconteceu.
22. I think of something nice instead of what has happened Eu penso em algo de bom, em vez do que aconteceu.
23. I think about how to change the situation Eu penso sobre como mudar a situação.
24. I think that the situation also has its positive sides Penso que a situação também tem seu lado positivo.
25. I think that it hasn’t been too bad compared to other things Eu penso que não foi tão ruim assim comparado a outras coisas.
Eu penso que o que aconteceu comigo é o que de pior poderia acontecer a uma
26. I often think that what I have experienced is the worst that can happen to a person
pessoa.
Eu penso nos erros que outras pessoas cometeram em relação a esse
27. I think about the mistakes others have made in this matter
acontecimento.
28. I think that basically the cause must lie within myself Eu penso, basicamente, que a causa encontra-se em mim mesmo(a).
29. I think that I must learn to live with it Eu penso que tenho que aprender a viver com isso.
30. I dwell upon the feelings the situation has evoked in me Eu tento pensar sobre os sentimentos que a situação provocou em mim.
31. I think about pleasant experiences Eu penso em experiências agradáveis.
32. I think about a plan of what I can do best Eu penso em um plano sobre o melhor que eu posso fazer.
33. I look for the positive sides to the matter Procuro pelos lados positivos da situação.
34. I tell myself that there are worse things in life Eu digo a mim mesmo que há coisas piores na vida.
35. I continually think how horrible the situation has been Eu fico pensando o tempo todo em como a situação foi horrível.
36. I feel that basically the cause lies with others Eu sinto que, basicamente, a causa está nos outros.
58

2.2. Etapa 2: Validade Interna do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva


(CERQ-B)

A validade interna do CERQ-B foi verificada por meio de dois estudos distintos. No
primeiro, realizou-se uma análise fatorial exploratória (AFE) dos dados e consistência interna.
No segundo, conduziu-se uma análise fatorial confirmatória, comparando o modelo original do
instrumento com o modelo encontrado na AFE.

2.2.1. Objetivos

2.2.1.1. Objetivo Geral

O objetivo geral desta etapa foi verificar a estrutura fatorial por meio de análises
exploratórias e confirmatórias, bem como investigar algumas propriedades psicométricas do
Questionário de Regulação Emocional Cognitiva (CERQ-B).

2.2.1.2. Objetivos Específicos

a) Realizar uma análise exploratória da estrutura fatorial do CERQ-B;


b) Realizar uma análise confirmatória da estrutura fatorial do CERQ-B;
c) Verificar os índices de consistência interna do instrumento e de seus fatores;
d) Analisar as associações entre os fatores do CERQ-B e destes com sintomas depressivos
e ansiosos;
e) Verificar a existência de diferença entre os fatores do CERQ-B de acordo com a idade
e o sexo dos participantes.

2.2.2. Método

2.2.2.1. Participantes

Para a condução deste estudo, foi realizada a coleta de dados em formato presencial e
virtual (online). A amostra inicial foi composta de 1045 participantes. Foram excluídos deste
estudo os indivíduos com idade inferior a 18 anos (n=4) por não haver a autorização dos
59

responsáveis legais e aqueles que não preencheram o questionário por completo (n=9). A
amostra final foi de 1032 pessoas, com idade variando de 18 a 59 anos (Média=24,77;
DP=8,04), sendo 59,0% do sexo feminino. Os participantes foram majoritariamente
universitários de diferentes cursos. Destes participantes, 135 responderam ao questionário em
sua versão online e 897 à versão presencial. O critério de seleção amostral foi o de conveniência.
A amostra foi dividida em dois grupos para a condução dos estudos, adotando-se como critério
o formato da coleta, virtual e presencial, e no caso daqueles que responderam presencialmente,
considerou-se também o tipo de curso superior que frequentavam. Esta divisão foi feita de
modo que garantisse que se houvesse representantes equivalentes em ambos os estudos. Sendo
assim, a subamostra utilizada na AFE foi composta por 481 indivíduos, com idade entre 18 e
58 anos (Média=24,21; DP=7,58), sendo 28 mulheres. Treze participantes não informaram a
idade. Já a subamostra da AFC teve 553 pessoas, com idade variando de 18 a 66 anos (M=25,39;
DP=8,68), sendo 59,5% do sexo feminino. Sete participantes não informaram a idade e um não
informou o sexo.

2.2.2.2. Instrumentos

1) Questionário de Dados do Participante


Questionário para identificar o nome, sexo, idade, escolaridade e cidade onde reside o
participante (Apêndice D).

2) Questionário de Regulação Emocional Cognitiva (CERQ-B)


Versão brasileira do Cognitive Emotion Regulation Questionnaire (CERQ-B)
(Apêndice E).

3) Escala Beck de Depressão II (BDI-II)


A Escala Beck de Depressão objetiva avaliar os sintomas mais comuns de depressão.
Possui 21 itens compostos por sintomas e atividades que devem ser respondidos por meio de
uma escala Likert de 0 a 3. A interpretação dos dados segue o seguinte padrão: escores entre 0
a 11 (depressão mínima); escores de 12 a 19 (depressão leve); escores de 20 a 35 (depressão
moderada); escores de 36 a 63 (depressão grave). Os estudos psicométricos da Escala Beck para
Depressão II para o Brasil foram realizados por Gorenstein, Argimon, Wang e Werlang (2010)
e apresentam propriedades psicométricas adequadas. O BDI-II foi aplicado em uma subamostra
60

composta por 110 pessoas, com idade variando de 18 a 34 anos (Média=21,07; DP=3,24), sendo
que 61 (55,5%) eram homens.

4) Escala Beck de Ansiedade (BAI)


Esta escala objetiva avaliar os sintomas mais comuns de ansiedade. Possui 21 sintomas
com quatro alternativas de respostas em ordem crescente. A interpretação dos dados segue o
seguinte padrão: escores entre 0 a 10 (ansiedade mínima); escores de 11 a 19 (ansiedade leve);
escores de 20 a 30 (ansiedade moderada); escores de 31 a 63 (ansiedade grave). A validação
para o Brasil foi realizada por Cunha (2001). O alfa de Cronbach para amostras não clínicas foi
de 0,71 a 0,92. O inventário apresenta propriedades psicométricas adequadas com relação à
estabilidade temporal pelo método de teste-reteste, validade de conteúdo, convergente e
fatorial. A BAI foi aplicada em uma subamostra de 118 sujeitos, com idade entre 18 e 34 anos
(Média=21,10; DP=3,09), sendo 65 (55,1%) do sexo masculino.

2.2.2.3. Procedimentos éticos

O consentimento dos participantes foi documentado por meio do TCLE e a coleta de


dados só se iniciou após a autorização da participação dos mesmos. O direito à
confidencialidade dos dados e o cuidado no manuseio das informações foram assegurados.

2.2.2.4. Procedimentos para coleta de dados

A versão online do CERQ-B foi criada com a ferramenta do “Formulários Google”. A


pesquisa foi divulgada nas redes sociais (páginas do Facebook e Twiter) e também por correio
eletrônico (e-mail), solicitando que, após responderem ao questionário, essas pessoas
encaminhassem o link de acesso à pesquisa para os seus contatos pessoais. O questionário ficou
disponível para o acesso online no período de 28 de janeiro a 11 de março de 2016. Os
participantes receberam o link para responderem à pesquisa, sendo que na primeira página lhes
era apresentado um convite com um resumo do detalhamento do projeto (Apêndice B), seguido
pelo TCLE (Apêndice C). O participante só tinha acesso aos itens após ter lido e consentido
sua participação.
61

A coleta presencial foi coletiva, em sala de aula, realizada em duas universidades de


Minas Gerais, após o convite ter sido feito aos participantes e os mesmos terem entregado o
TCLE assinado. O tempo médio gasto para responder ao questionário foi de 15 minutos.

2.2.2.5. Procedimentos para análise de dados

Primeiramente, com o intuito de preparar os dados para a análise fatorial, foram obtidas
medidas de tendência central e de frequência de respostas aos itens, possibilitando a substituição
pontual dos itens não respondidos (missings) pela média. O teste Kolmogorov-Smirnov foi
utilizado para verificar a normalidade da distribuição dos dados. A validade interna do
instrumento foi avaliada por meio de duas técnicas. A primeira foi a análise fatorial exploratória
(AFE), utilizando-se o método de análise dos eixos principais e rotação Direct Oblimin,
permitindo, assim, que os fatores se correlacionassem entre si. Foram mantidos os itens com
carga fatorial ≥ 0,30. A segunda, pela consistência interna (alfa de Cronbach). Todas as análises
foram realizadas no programa SPSS 22.0 (Statistical Package for Social Science). Em seguida,
realizou-se a análise fatorial confirmatória (AFC), correlações item-fator e novas análises de
consistência interna. O primeiro passo foi comparar o modelo original do instrumento (nove
fatores) com o modelo encontrado na AFE (oito fatores), por meio do método de estimação
Maximum Likelihood (ML), a fim de verificar o que melhor se ajustava à adaptação para o
Brasil. Na investigação dos modelos analisaram-se alguns indicadores. O primeiro é a razão do
valor do Qui-quadrado com o grau de liberdade (χ²/gl), no qual valores inferiores a cinco
indicam o ajuste do modelo. O segundo, o Root Mean Squared of the Residuals (RMSEA)
considera como aceitáveis os valores abaixo de 0,08. Também foram analisados o Comparative
Fit Index (CFI) e o The Tucker-Lewis Index (NNFI, Non-Normed Fit Index), nos quais escores
superiores a 0,90 foram considerados satisfatórios. A comparação entre os modelos foi
realizada pelo Akaike Information Criterion (AIC), na qual o menor valor indicou o melhor
modelo (Akaike, 1974). As associações foram feitas por meio de correlação de Pearson e
comparações entre grupos foram realizadas com o Teste t de Student e Análise de Variância
(ANOVA). Para as análises, utilizaram-se os programas estatísticos Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS) 22 e Lisrel 8.8.
62

2.2.3. Resultados

2.2.3.1. Características da amostra e das variáveis da AFE

As características sociodemográficas dos participantes podem ser visualizadas na


Tabela 3. A maior representatividade da amostra está no Estado de Minas Gerais, contando
ainda com participantes de São Paulo, Distrito Federal, Espírito Santo e Paraná, que
responderam ao questionário em sua versão online. O resultado do teste de Kolmogorov-
Smirnov indicou que as variáveis do CERQ-B não apresentaram uma distribuição normal, no
entanto, optou-se por utilizar testes paramétricos considerando que o tamanho amostral assim
o justifica.

2.2.3.2. Características da amostra da AFC

Dos 551 participantes, 482 responderam aos questionários presencialmente e os demais


responderam virtualmente (n=69). A maior parte da amostra reside em Minas Gerais (98,8%).
A Tabela 4 apresenta as características sociodemográficas dos participantes.
63

Tabela 3.
Características sociodemográficas da amostra da análise fatorial exploratória
Características Frequência Porcentagem
Sexo
Feminino 280 58,2
Masculino 201 41,8
1
Idade
De 18 a 25 anos 347 72,1
De 26 a 40 anos 95 19,8
De 41 a 59 anos 26 5,4
Escolaridade
Médio Completo 5 1,0
Superior Incompleto 436 90,6
Superior Completo 25 5,2
Pós-Graduação 15 3,1
Cursos Superiores (em formação)
Psicologia 100 20,8
Enfermagem 14 2,9
Serviço Social 19 4,0
Engenharia Civil 77 16,0
Engenharia de Produção 48 10,0
Engenharia de Computação 33 6,9
Pedagogia 29 6,0
História 5 1,0
Educação Física 27 5,6
Publicidade e Propaganda 10 2,1
Matemática 10 2,1
Química 17 3,5
Ciências Biológicas 5 1,0
Não mencionaram o curso 87 18,1
1
Nota. Treze participantes não informaram a idade (2,7%).
64

Tabela 4.
Características sociodemográficas da amostra da análise fatorial confirmatória
Características Frequência Porcentagem
Sexo
Feminino 329 59,7
Masculino 222 40,1
1
Idade
De 18 a 25 anos 386 70,1
De 26 a 40 anos 114 20,7
De 41 a 59 anos 45 8,2
Escolaridade
Médio Completo 1 0,2
Superior Incompleto 490 88,9
Superior Completo 33 6,0
Pós-Graduação 27 4,9
Cursos Superiores (em formação)
Psicologia 95 17,2
Enfermagem 4 0,7
Serviço Social 34 6,2
Engenharia Civil 78 14,2
Engenharia de Produção 55 10,0
Engenharia de Computação 44 8,0
Pedagogia 38 6,9
História 6 1,1
Educação Física 9 1,6
Publicidade e Propaganda 11 2,0
Matemática 13 2,4
Química 6 1,1
Ciências Biológicas 6 1,1
Não mencionaram o curso 152 27,6
Nota. 1 Seis participantes não informaram a idade (1,1%).

2.2.3.3. Análise exploratória do modelo (AFE)

A análise fatorial exploratória (AFE) apresentou um KMO de 0,90 e um teste de


esfericidade de Bartlett significativo (p<0,001), indicando, assim, a possibilidade de fatoração
dos dados. A partir do critério de Kaiser, foram identificados sete fatores que explicaram,
65

juntos, 54,39% da variância dos resultados. A análise do gráfico de sedimentação (Figura 2)


indica estabilização após o sétimo fator, sugerindo, assim, uma estrutura de sete fatores para a
escala. Aliado à verificação dos percentuais de variância explicada, a partir da análise dos
autovalores, percebe-se que um oitavo fator ficou bem próximo a 1 (0,943), o valor de
referência para que o fator seja retido e interpretado. Diante destes resultados, conduziu-se uma
nova AF solicitando a extração de oito fatores, da qual foram obtidas as cargas fatoriais iniciais
dos itens do CERQ-B. Verificou-se a manutenção do KMO (0,90) e aumento da variância
explicada, indo para 56,09%. Na matriz fatorial, observou-se que dois itens apresentaram uma
carga fatorial inferior a 0,40 (itens 8 e 27).

Figura 2. Gráfico de sedimentação do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva


(CERQ-B)

2.2.3.4. Consistência interna

O alfa de Cronbach é uma medida da confiabilidade dos escores do teste relacionada à


sua homogeneidade, ou seja, sua consistência interna (Urbina, 2007). A análise de consistência
interna indicou índices que variaram de 0,69 a 0,92, demonstrando, assim, uma homogeneidade
satisfatória entre os itens dos oito fatores. A Tabela 5 apresenta a distribuição dos itens nos
fatores e suas respectivas cargas fatoriais, bem como os alfas de Cronbach de cada fator.
66

Tabela 5.
Distribuição dos itens, cargas fatoriais, variância explicada e consistência interna da versão exploratória do CERQ-B
Carga % de Consistência
Fator Item
Fatorial variância interna (α)
5. Eu penso no que é que posso fazer melhor. 0,70
6. Eu penso que posso aprender alguma coisa com a situação. 0,67

Redirecionamento 14. Eu penso sobre como eu posso lidar melhor com a situação. 0,63
do Foco para o 15. Eu penso que posso me tornar uma pessoa mais forte como resultado do que aconteceu. 0,61
Planejamento e 23,44 0,92
Reavaliação 23. Eu penso sobre como mudar a situação. 0,68
Positiva 24. Penso que a situação também tem seu lado positivo. 0,51
32. Eu penso em um plano sobre o melhor que eu posso fazer. 0,57
33. Procuro pelos lados positivos da situação. 0,42
3. Eu penso sobre como me sinto em relação ao que aconteceu. 0,67
12. Eu me preocupo com o que penso e sinto sobre o que aconteceu comigo. 0,64
Ruminação 13,27 0,81
21. Eu quero entender por que eu me sinto dessa forma sobre o que aconteceu. 0,66
30. Eu tento pensar sobre os sentimentos que a situação provocou em mim. 0,81
9. Eu sinto que os outros são os culpados pelo que aconteceu. 0,80
Culpabilizar 18. Eu sinto que os outros são responsáveis pelo que aconteceu. 0,79
outros 6,26 0,79
27. Eu penso nos erros que outras pessoas cometeram em relação a esse acontecimento. 0,39
36. Eu sinto que, basicamente, a causa está nos outros. 0,74
2. Eu penso que tenho que aceitar o que aconteceu. 0,87
Aceitação 11. Eu penso que tenho que aceitar a situação. 0,79 4,02 0,69
29. Eu penso que tenho que aprender a viver com isso. 0,42
Continua
67

Tabela 5 (continuação)
Carga % de Consistência
Fator Item
Fatorial variância interna (α)
1. Eu sinto que sou eu o(a) culpado(a) pelo que aconteceu. 0,70
10. Eu sinto que sou eu o(a) responsável pelo que aconteceu. 0,77
2,96 0,80
Autopunição 19. Eu penso nos erros que cometi nesta situação. 0,43
28. Eu penso, basicamente, que a causa encontra-se em mim mesmo(a). 0,74
4. Eu penso em coisas mais agradáveis do que o ocorrido. 0,65

Reorientação 13. Penso em coisas agradáveis que não têm nada a ver com a situação. 0,71
2,52 0,88
Positiva 22. Eu penso em algo de bom, em vez do que aconteceu. 0,84
31. Eu penso em experiências agradáveis. 0,57
7. Eu penso que tudo poderia ter sido muito pior. -0,61
16. Eu penso que outras pessoas passam por experiências muito piores. -0,75
Colocando em 2,23 0,81
perspectiva 25. Eu penso que não foi tão ruim assim comparado a outras coisas. -0,58
34. Eu digo a mim mesmo que há coisas piores na vida. -0,74
8. Eu penso que o que aconteceu comigo é muito pior do que o que aconteceu com os outros. -0,27
17. Continuo pensando no quão terrível foi o que aconteceu. -0,62
Catastrofização 0,74
20. Eu penso que não tem como eu mudar nada sobre a situação. -0,46 1,39
26. Eu penso que o que aconteceu comigo é o que de pior poderia acontecer a uma pessoa. -0,40
35. Eu fico pensando o tempo todo em como a situação foi horrível. -0,72
Nota. Os itens marcados em negrito são aqueles que não pertencem a mesma estrutura de nove fatores do instrumento original.
68

2.2.3.5. Teste dos modelos (AFC)

A análise da estrutura fatorial do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva


(CERQ-B) foi feita por meio de duas análises confirmatórias para oito e nove fatores,
respectivamente. A Tabela 6 apresenta o resumo das análises.

Tabela 6.
Resumo dos resultados para os modelos de oito e nove fatores do Questionário de Regulação
Emocional Cognitiva

Modelo X2 GL X2/GL RMSEA CFI NNFI AIC

8 Fatores 1091,33 566 1,93 0,05 0,97 0,97 1291,33

9 Fatores 1014,37 558 1,82 0,04 0,98 0,97 1230,37


2
Nota. X = Valor do Qui-Quadrado; GL = Grau de Liberdade; RMSEA = Root Mean Squared of the Residuals;
CFI = Comparative Fit Index; NNFI = The Tucker-Lewis Index (Non-Normed Fit Index); AIC = Akaike
Information Criterion.

O modelo com oito fatores foi elaborado de acordo com os resultados encontrados na
AFE. A análise realizada indicou que houve um agrupamento de dois dos fatores propostos
pelos autores originais (Redirecionamento do Foco para o Planejamento e Reavaliação Positiva)
do instrumento em apenas um fator. Os resultados para este modelo mostraram escores
satisfatórios para os três índices de adequação analisados (RMSEA, NNFI e CFI) e um menor
Akaike Information Criterion (AIC). O modelo com nove fatores foi calculado com quatro itens
para cada variável latente de acordo com o estudo de Garnefski, Kraaij e Spinhoven (2001).
Todos os índices de adequação avaliados mostraram-se satisfatórios e foi o modelo que
apresentou a menor razão Qui-quadrado/Grau de liberdade. Apesar de apresentar um maior AIC
na comparação dos modelos, optou-se por utilizar para o CERQ-B uma estrutura de nove
fatores, uma vez que a diferença foi pequena e todos os demais índices analisados se mostraram
adequados e satisfatórios.

2.2.3.6. Validade de construto do CERQ-B

A validade de construto, que diz respeito à capacidade dos itens de representarem o


construto (traço latente) a ser medido (Pasquali, 2007), foi avaliada a partir da correlação item-
fator do CERQ-B. Os resultados são apresentados na Tabela 7.
69

Tabela 7.
Itens divididos por fatores com respectivas correlações item-total.
Correlação item-
Item
total
Autopunição
1. Eu sinto que sou eu o(a) culpado(a) pelo que aconteceu. 0,63
10. Eu sinto que sou eu o(a) responsável pelo que aconteceu. 0,62
19. Eu penso nos erros que cometi nesta situação. 0,47
28. Eu penso, basicamente, que a causa encontra-se em mim mesmo(a). 0,64
Aceitação
2. Eu penso que tenho que aceitar o que aconteceu. 0,64
11. Eu penso que tenho que aceitar a situação. 0,68
20. Eu penso que não tem como eu mudar nada sobre a situação. 0,31
29. Eu penso que tenho que aprender a viver com isso. 0,50
Ruminação
3. Eu penso sobre como me sinto em relação ao que aconteceu. 0,57
12. Eu me preocupo com o que penso e sinto sobre o que aconteceu comigo. 0,61
21. Eu quero entender por que eu me sinto dessa forma sobre o que aconteceu. 0,64
30. Eu tento pensar sobre os sentimentos que a situação provocou em mim. 0,68
Reorientação Positiva
4. Eu penso em coisas mais agradáveis do que o ocorrido. 0,67
13. Penso em coisas agradáveis que não têm nada a ver com a situação. 0,73
22. Eu penso em algo de bom, em vez do que aconteceu. 0,71
31. Eu penso em experiências agradáveis. 0,72
Redirecionamento do Foco para o Planejamento
5. Eu penso no que é que posso fazer melhor. 0,62
14. Eu penso sobre como eu posso lidar melhor com a situação. 0,71
23. Eu penso sobre como mudar a situação. 0,67
32. Eu penso em um plano sobre o melhor que eu posso fazer. 0,69
Reavaliação Positiva
6. Eu penso que posso aprender alguma coisa com a situação. 0,64
15. Eu penso que posso me tornar uma pessoa mais forte como resultado do que
0,70
aconteceu.
24. Penso que a situação também tem seu lado positivo. 0,75
33. Procuro pelos lados positivos da situação. 0,74

Continua
70

Tabela 7 (continuação)
Correlação item-
Item
total
Colocando em perspectiva
7. Eu penso que tudo poderia ter sido muito pior. 0,54
16. Eu penso que outras pessoas passam por experiências muito piores. 0,64
25. Eu penso que não foi tão ruim assim comparado a outras coisas. 0,63
34. Eu digo a mim mesmo que há coisas piores na vida. 0,68
Catastrofização
8. Eu penso que o que aconteceu comigo é muito pior do que o que aconteceu com
0,47
os outros.
17. Continuo pensando no quão terrível foi o que aconteceu. 0,57
26. Eu penso que o que aconteceu comigo é o que de pior poderia acontecer a uma
0,36
pessoa.
35. Eu fico pensando o tempo todo em como a situação foi horrível. 0,57
Culpabilizar outros
9. Eu sinto que os outros são os culpados pelo que aconteceu. 0,58
18. Eu sinto que os outros são responsáveis pelo que aconteceu. 0,62
27. Eu penso nos erros que outras pessoas cometeram em relação a esse
0,42
acontecimento.
36. Eu sinto que, basicamente, a causa está nos outros. 0,54

As correlações dos itens com o total de cada fator mostraram dois escores inferiores a
0,40, sendo que um deles se encontra no fator Aceitação (item 20) e o outro no fator
Catastrofização (item 26). Além disso, encontraram-se correlações significativas entre os
fatores do CERQ-B com coeficientes de baixa a alta magnitude (Tabela 8).
71

Tabela 8
Correlações entre os fatores do CERQ-B
Fator Auto Ace Rum ReoP Plan ReaP Pers Cat Culpa
Auto -
Ace O,33** -
Rum 0,45** 0,31** -
ReoP -0,24** 0,14** 0,04 -
Plan 0,02 0,17** 0,33** 0,58** -
ReaP -0,07* 0,19** 0,21** 0,61** 0,78** -
Pers -0,03 0,26** 0,16** 0,54** 0,52** 0,65** -
Cat 0,49** 0,25** 0,32** -0,23** -0,18** -0,25** -0,11** -
Culpa 0,17** 0,14** 0,22** -0,05 -0,01 -0,02 0,02 0,39** -
Nota. *p<0,05; **p<0,01; Auto: Autopunição; Ace: Aceitação; Rum: Ruminação; ReoP: Reorientação Positiva;
Plan: Redirecionamento do Foco para o Planejamento; ReaP: Reavaliação Positiva; Pers: Colocando em
perspectiva; Cat: Catastrofização; Culpa: Culpabilizar outros.

A partir da análise dos itens e seu respectivo agrupamento, o fator Autopunição é


caracterizado por pensamentos que expressam a culpa que o indivíduo tem por aquilo que tem
experienciado. O fator Aceitação reflete pensamentos de aceitação e contentamento com o que
aconteceu. Já a Ruminação expressa as estratégias de pensar sobre sentimentos e pensamentos
associados ao evento negativo. A Reorientação Positiva, por sua vez, diz respeito a pensar sobre
questões alegres e agradáveis ao invés de pensar sobre o evento real. O fator Redirecionamento
do Foco para o Planejamento reflete estratégias de pensar sobre quais medidas devem ser
tomadas e como lidar com o evento negativo. A Reavaliação Positiva é a tendência de atribuir
um significado positivo para o evento em termos de crescimento pessoal. Colocando em
Perspectiva reflete o ato de minimizar a gravidade do evento ou enfatizar sua relatividade
quando comparado a outros eventos. A Catastrofização é marcada por pensamentos que
enfatizam explicitamente o terror de uma experiência. Por fim, o fator Culpabilizar Outros
mostra ideias de culpar os outros por aquilo que tem experienciado.

2.2.3.7. Diferenças de Sexo, Idade e Tipo de coleta

Para a condução das análises de comparação entre grupos considerou-se a amostra


completa (n=1032) que foram separadas somente para a condução das análises fatoriais. Foram
realizadas comparações dos fatores do CERQ-B entre os grupos de homens e mulheres, através
72

do Teste t de Student para amostras independentes. Os resultados mostraram que o grupo


feminino obteve um escore significativamente maior nos fatores Autopunição (t=-2,85;
p<0,01), Ruminação (t=-6,22; p<0,001) e Catastrofização (t=-3,50; p<0,001) quando
comparadas com os homens. Por outro lado, nos fatores Redirecionamento do Foco para o
Planejamento (t=2,08; p<0,05) e Reavaliação Positiva (t=2,67; p<0,01) o grupo masculino
obteve uma média significativamente maior do que as mulheres. Nos demais fatores não houve
diferença significativa entre o sexo dos participantes. Os itens de cada fator foram somados,
originando os escores de cada dimensão. A média, desvio-padrão e percentis estão descritos na
Tabela 9.
73

Tabela 9.
Média, desvio-padrão, mediana e percentis dos fatores do CERQ-B, de acordo com o sexo do participante
Média (DP) Percentil 10 Percentil 25 Mediana Percentil 75 Percentil 95
Fator
M F M F M F M F M F M F
Auto 10,02 (3,32) 10,67 (3,76) 6,00 7,00 8,00 8,00 10,00 10,00 12,00 13,00 16,00 18,00
Ace 11,19 (3,51) 10,88 (3,52) 7,00 6,00 8,00 8,00 11,00 11,00 14,00 13,00 17,00 17,00
Rum 11,42 (3,81) 12,98 (4,07) 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 13,00 14,00 16,00 19,00 20,00
ReoP 11,50 (4,23) 11,07 (4,47) 6,00 5,00 8,00 8,00 11,00 11,00 15,00 14,00 19,00 19,00
Plan 14,73 (3,75) 14,23 (3,87) 9,00 9,00 12,00 11,75 15,00 15,00 18,00 17,00 20,00 20,00
ReaP 14,58 (4,04) 13,89 (4,35) 9,00 8,00 12,00 11,00 16,00 14,00 18,00 17,00 20,00 20,00
Pers 12,00 (4,06) 12,45 (4,09) 7,00 7,00 9,00 9,00 12,00 12,00 15,00 16,00 19,00 19,00
Cat 7,40 (2,88) 8,10 (3,34) 4,00 4,00 5,00 6,00 7,00 7,00 9,00 10,00 15,00 15,00
Culpa 7,29 (2,67) 7,22 (2,59) 4,00 4,00 5,00 5,00 7,00 7,00 9,00 9,00 12,00 12,00
Nota: Auto: Autopunição; Ace: Aceitação; Rum: Ruminação; ReoP: Reorientação Positiva; Plan: Redirecionamento do Foco para o Planejamento; ReaP: Reavaliação
Positiva; Pers: Colocando em Perspectiva; Cat: Catastrofização; Culpa: Culpabilizar Outros.
74

Os participantes foram divididos em três grupos etários utilizando-se como critério as


faixas desenvolvimentais. O primeiro foi composto por aqueles que tinham entre 18 e 25 anos
– os adultos jovens, o segundo, pelos sujeitos com idade entre 26 e 40 anos – os adultos
maduros, e por fim, aqueles com idade entre 41 a 59 anos – os de meia-idade. A fim de verificar
se a diferença entre os grupos foi significativa, realizou-se uma análise de variância (ANOVA)
one-way. Os resultados apontaram diferença significativa entre os grupos e os fatores
Autopunição (F=3,00; gl=2; p<0,05), Aceitação (F=8,99; gl=2; p<0,001), Ruminação (F=3,13;
gl=2; p<0,05), Reorientação Positiva (F=4,13; gl=2; p<0,05), Redirecionamento do Foco para
o Planejamento (F=3,73; gl=2; p<0,05), Reavaliação Positiva (F=9,14; gl=2; p<0,001),
Colocando em Perspectiva (F=10,87; gl=2; p<0,001) e Catastrofização (F=3,76; gl=2; p<0,05).
Apenas o fator Culpabilizar Outros não apresentou diferença estatisticamente significativa.
Análises posteriores com o teste post hoc de Bonferroni indicaram que o grupo dos adultos
jovens obteve os menores escores nos fatores Reorientação Positiva e Redirecionamento do
Foco quando comparados àqueles indivíduos de meia-idade. No fator Reavaliação Positiva a
média do escore dos adultos jovens foi significativamente inferior aos demais grupos. Em
contrapartida, nos fatores Autopunição e Catastrofização os adultos jovens tiveram os escores
mais altos do que os mais velhos (meia-idade). De modo semelhante, os adultos de meia-idade
obtiveram os menores escores no fator Aceitação quando comparados aos outros dois grupos.
o mesmo ocorreu no fator Ruminação, no qual a média dos adultos mais velhos foi inferior
àqueles adultos maduros. Por outro lado, no fator Colocando em Perspectiva o grupo que teve
o maior escore em comparação aos demais foi aquele dos adultos de meia-idade.
Considerando o tipo de coleta, a amostra foi dividida em dois grupos. O grupo 1 foi
constituído pelos sujeitos que responderam presencialmente, de forma coletiva, aos
instrumentos (n=897). O grupo 2 foi aquele que respondeu à pesquisa online (n=135). Os
resultados mostraram que o grupo 2 obteve uma média superior ao grupo 1 nos fatores
Autopunição (t=-5,85; p<0,001), Ruminação (t=-6,75; p<0,001), e Culpabilizar Outros (t=-
2,24; p<0,05). Já nos fatores Reorientação Positiva (t=5,69; p<0,001) e Colocando em
Perspectiva (t=2,54; p<0,05) o grupo 1 teve média superior ao do grupo 2. Os demais fatores
não apresentaram diferença estatisticamente significativa. A Tabela 10 apresenta a média e
desvio-padrão dos escores dos participantes nos fatores do CERQ-B de acordo com a idade e
tipo de coleta.
75

Tabela 10.
Média e desvio-padrão dos fatores do CERQ-B, de acordo com a idade e tipo de coleta
Média (DP) Idade Média (DP) Coleta
Fator Grupo Grupo
Grupo 1* Presencial Online
2** 3***
10,55 10,40 9,45 10,17 12,05
Autopunição
(3,70) (3,55) (2,67) (3,60) (3,67)
11,19 11,10 9,35 10,97 11,55
Aceitação
(3,52) (3,62) (2,68) (3,58) (3,43)
12,37 12,72 11,34 12,02 14,47
Ruminação
(4,09) (4,06) (3,27) (3,95) (4,00)
11,00 11,59 12,37 11,51 9,46
Reorientação Positiva
(4,34) (4,51) (4,35) (4,40) (3,87)
Redirecionamento do Foco para o 14,23 14,72 15,38 14,45 14,43
Planejamento (3,93) (3,72) (3,11) (3,86) (3,67)
13,80 14,78 15,62 14,22 13,80
Reavaliação Positiva
(4,32) (4,14) (3,28) (4,25) (4,19)
11,94 12,69 14,10 12,39 11,45
Colocando em Perspectiva
(4,06) (4,00) (3,90) (4,07) (4,04)
8,00 7,67 6,99 8,07
Catastrofização 7,80 (3,22)
(3,28) (2,86) (2,79) (3,24)
7,37 7,07 6,75 7,72
Culpabilizar Outros 7,18 (2,65)
(2,68) (2,58) (2,15) (2,39)
Nota. * Idade entre 18 e 26 anos; ** Idade entre 27 e 66 anos; Nove participantes não declararam a idade.

2.2.3.8. Confiabilidade teste-reteste e consistência interna do CERQ-B

Para a análise de confiabilidade teste-reteste, 58 estudantes universitários que


responderam presencialmente aos questionários, foram selecionados aleatoriamente para
participarem após um intervalo de 5 meses da primeira coleta de dados. A idade dos sujeitos
dessa subamostra variou de 18 a 29 anos (M=19,89; DP=2,20), sendo que 30 deles eram do
sexo masculino (51,7%). No que diz respeito ao teste-reteste, verificou-se correlações
estatisticamente significativas que variaram de 0,42 (Aceitação) a 0,65 (Redirecionamento do
Foco para o Planejamento) entre a primeira e a segunda avaliação. Avaliou-se a consistência
interna dos fatores do CERQ-B por meio do alfa de Cronbach. Os valores nas subescalas
variaram de 0,63 (Culpabilizar Outros) a 0,87 (Reavaliação Positiva) na primeira medição e de
0,65 (Culpabilizar Outros) a 0,90 (Redirecionamento do Foco para o Planejamento) no
seguimento. Para a escala total os valores do alfa foram 0,72 e 0,79. Considerando, ainda, o
agrupamento das estratégias cognitivas de enfrentamento naquelas mais adaptativas e nas
76

menos desadaptativas, os índices de consistência interna foram de 0,85 para o primeiro grupo
e de 0,72 para o segundo na primeira avaliação e de 0,81 e 0,79 na segunda etapa (Tabela 11).

Tabela 11.
Confiabilidade do alfa de Cronbach dos fatores do CERQ-B, teste-reteste

α seguimento Teste-reteste
Fator α inicial (n=1043)
(n=58) (n=58)
Autopunição 0,79 0,75 0,54**
Aceitação 0,72 0,70 0,42**
Ruminação 0,81 0,77 0,51**
Reorientação Positiva 0,87 0,88 0,58**

Redirecionamento do Foco para o


0,84 0,90 0,65**
Planejamento

Reavaliação Positiva 0,87 0,93 0,59**

Colocando em Perspectiva 0,81 0,79 0,55**

Catastrofização 0,71 0,69 0,53**


Culpabilizar Outros 0,63 0,65 0,36**
Estratégias mais adaptativas1 0,91 0,92 0,55**
2
Estratégias menos adaptativas 0,85 0,81 0,42**
Estratégias cognitivas de
0,72 0,79 0,46**
enfrentamento3
Nota. **p<0,01; 1Agrupamento dos fatores Reorientação Positiva, Reavaliação Positiva, Colocando em
Perspectiva, Redirecionamento do Foco para o Planejamento e Aceitação; 2Agrupamento dos fatores
Ruminação, Autopunição, Culpabilizar Outros e Catastrofização; 3Agrupamento de todos os fatores – escala
total.

2.2.3.9. Correlações entre o CERQ-B e sintomas depressivos e ansiosos

Dos 926 estudantes universitários, somente 126 foram selecionados aleatoriamente para
responderem às escalas Beck que avaliam sintomas depressivos e ansiosos. A maior parte dos
participantes apresentou sintomas mínimos de ansiedade (n=89; 71%) e de depressão (n=82;
67%). Com exceção do fator Colocando em Perspectiva, todos os demais fatores do CERQ-B
se correlacionaram de maneira significativa com os sintomas depressivos. As correlações
variaram de -0,38 (Redirecionamento do Foco para o Planejamento) a 0,50 (Autopunição),
sendo que o conjunto das estratégias menos adaptativas foi o que teve maior valor (r=0,52). No
77

que diz respeito aos sintomas ansiosos, houve menos fatores que se correlacionaram
significativamente. Os valores variaram de -0,33 (Reavaliação Positiva) a 0,38 (Autopunição)
e, assim como aconteceu com os sintomas depressivos, as estratégias menos adaptativas foi o
que teve maior magnitude de correlação com a ansiedade (r=0,42). A Tabela 12 apresenta todos
os resultados.

Tabela 12
Correlações entre os fatores do CERQ-B e sintomas depressivos e ansiosos
Fator Depressão Ansiedade
Autopunição 0,50** 0,38**
Aceitação 0,21* 0,15
Ruminação 0,29** 0,30**
Reorientação Positiva -0,19* -0,21*
Redirecionamento do Foco para o
-0,38** -0,29**
Planejamento
Reavaliação Positiva -0,35** -0,33**
Colocando em Perspectiva -0,06 -0,10
Catastrofização 0,44** 0,33**
Culpabilizar Outros 0,20** 0,12
Estratégias mais adaptativas1 -0,23* -0,23**
2
Estratégias menos adaptativas 0,52** 0,42**
3
Estratégias cognitivas de enfrentamento 0,07 0,01
Nota. *p<0,05; **p<0,01; 1Agrupamento dos fatores Reorientação Positiva, Reavaliação Positiva, Colocando
em Perspectiva, Redirecionamento do Foco para o Planejamento e Aceitação; 2Agrupamento dos fatores
Ruminação, Autopunição, Culpabilizar Outros e Catastrofização; 3Agrupamento de todos os fatores – escala
total.

2.2.4. Discussão

Para as análises exploratórias deste estudo optou-se por uma Análise Fatorial
diferentemente da estratégia utilizada pelos autores do instrumento original, que optaram pela
análise de Componentes Principais (ACP). Tal escolha estatística se deu devido ao fato de que
a ACP não diferencia a variância comum da variância específica entre os itens do instrumento,
avaliando apenas a correlação linear entre as variáveis observadas (Damásio, 2012). Percebe-
se que na ACP pode haver uma discrepância muito acentuada entre as variâncias das variáveis
observadas e, tal fato, pode afetar os valores das cargas fatoriais e comunalidade dos itens, bem
como inflar a variância total explicada. Tendo como objetivo observar um construto latente que
78

melhor explique a inter-relação entre um conjunto de variáveis, não se recomenda o uso da


ACP, uma vez que as componentes podem não representar a informação conjunta das variáveis
originais, mas apenas a informação de uma ou outra em particular (Damásio, 2012; Mingoti,
2013). A estrutura fatorial do CERQ-B explicou 56,09% da variância e apresentou índices de
confiabilidade adequados, com escores no alfa de Cronbach variando de 0,69 a 0,92 para os
fatores nas primeiras análises.
A estrutura fatorial encontrada neste estudo para a versão adaptada diverge da original
em inglês. Comparando-se a matriz fatorial rotacionada gerada nesta AF com o modelo fatorial
original do instrumento (Garnefski, Kraaij, & Spinhoven, 2001; Garnefski & Kraaij, 2007),
percebe-se que o primeiro fator agrupou itens correspondentes a dois fatores distintos na
estrutura original (Refocus on planning – Redirecionamento do Foco para o Planejamento e
Positive reappraisal – Reavaliação Positiva). Possivelmente, esses resultados indicam uma
semelhança que os brasileiros têm na maneira de pensar sobre medidas que devem ser tomadas
diante de um evento estressor e criar um significado positivo para este evento que contribua
para seu crescimento pessoal. Os demais itens se agruparam em fatores de forma semelhante à
estrutura original, exceto o item 20 (“Eu penso que não tem como eu mudar nada sobre a
situação”), criado inicialmente para avaliar pensamentos de aceitação e que carregou,
negativamente, no fator que avalia pensamentos de catastrofização.
Este estudo teve como objetivo verificar a estrutura fatorial e avaliar algumas
propriedades psicométricas do CERQ-B, com o intuito final de obter indícios de uma medida
válida para a avaliação das estratégias cognitivas utilizadas pelos indivíduos para gerirem
melhor suas emoções, após a vivência de um evento estressor. Os resultados encontrados nas
análises fatoriais confirmatórias mostraram que tanto o modelo de oito quanto o de nove fatores
são adequados, com índices bem próximos uns dos outros. Sendo assim, a decisão final foi de
manter para o CERQ-B a mesma estrutura de nove fatores para garantir a mesma equivalência
estrutural entre os diferentes países que utilizam esse instrumento (Garnefski, Kraaij, &
Spinhoven, 2001; Garnefski & Kraaij, 2007; Domínguez-Sánchez, Lasa-Aristu, & Holgado-
Tello, 2011; Jermann, et. al, 2006; Martins, Freire, & Ferreira-Santos, 2016; Per & Miclea,
2011; Zhu et al., 2008; Tuna & Bozo, 2012; Megreya, Latzman, Al-Attiyah, & Alrashidi, 2016).
As novas análises de consistência interna do CERQ-B apontaram alfas de Cronbach que
variaram de 0,63 a 0,93 considerando os dois momentos da avaliação realizada. De modo geral,
são considerados como aceitáveis os valores acima de 0,70 (Hora, Monteiro, & Arica, 2010).
Sendo assim, todos os fatores apresentaram índices adequados, tendo alguns deles valores
79

superiores às versões portuguesa (Martins, Freire, & Ferreira-Santos, 2016), espanhola


(Domínguez-Sánchez, Lasa-Aristu, & Holgado-Tello, 2011) e francesa (Jermann, et. al, 2006).
A maior parte dos itens (34) apresentaram coeficientes de correlação item-fator adequados,
acima de 0,40 (Hair, Black, Babin, Anderson, & Tatham, 2006). Entretanto, dois itens
apresentaram correlações de 0,31 (item 20) e 0,36 (item 26), estando nos fatores Aceitação e
Catastrofização, respectivamente. No estudo com a versão francesa também foram encontrados
três itens (20, 7 e 19) com correlações item-total abaixo de 0,40 (Jermann, et. al, 2006). No que
diz respeito à confiabilidade teste-reteste, os valores encontrados no presente estudo do CERQ-
B foram bem próximos, ou superiores, aqueles encontrados na versão original do instrumento
para adultos (Garnefski & Kraaij, 2007), com exceção dos fatores Aceitação, Ruminação,
Catastrofização e Culpabilizar Outros que foram inferiores. Tais resultados sugerem que nem
sempre as estratégias cognitivas utilizadas pelo indivíduo para enfrentar eventos negativos ou
estressantes são as mesmas. Essa escolha diferenciada possivelmente é decorrente das
consequências, boas ou ruins, que a pessoa teve em situações anteriores, o que possibilita certa
reflexão e faz com que o sujeito escolha estratégias diferentes para enfrentar situações futuras.
Além disso, o fato de essas estratégias não serem completamente estáveis, indica que elas
podem ser aprendidas e modificadas, um ponto muito importante para as intervenções
psicossociais.
Entre os resultados, verificou-se que quanto menor a idade dos participantes maior
foram os seus escores nos fatores Autopunição, Aceitação e Catastrofização. Esse achado pode
indicar que os mais jovens tendem a se sentirem mais culpados e enfatizam explicitamente o
terror da experiência que tiveram, ao mesmo tempo em que aceitam e se contentam com o
ocorrido. Por outro lado, quanto maior a idade dos participantes maiores foram os seus escores
nos fatores Reorientação Positiva, Redirecionamento do Foco para o Planejamento,
Reavaliação Positiva e Colocando em Perspectiva, indicando que um modo mais adaptativo de
enfrentar os eventos negativos pode ser decorrente da experiência e tempo de vida. Em relação
ao sexo, encontrou-se que as mulheres apresentaram escores superiores aos dos homens no que
diz respeito às estratégias cognitivas menos adaptativas como a Autopunição, Ruminação e
Catastrofização. Resultados semelhantes quanto às mulheres utilizarem mais estratégias de
ruminação foram encontrados em estudos realizados nos Países Baixos (Garnefski, Teerds,
Kraaij, Legerstee, & Kommer, 2004), Estados Unidos da América (Martin & Dahlen, 2005),
França (Jermann et al., 2006), Espanha (Domínguez-Sánchez et al., 2011) e Portugal (Duarte
et al., 2015).
80

As correlações positivas entre as estratégias cognitivas de enfrentamento menos


adaptativas (Ruminação, Autopunição, Culpabilizar Outros e Catastrofização) e as medidas de
depressão e ansiedade indicam que quanto mais o indivíduo relatar o uso frequente de tais
estratégias, mais sintomas depressivos e ansiosos ele apresentará. O contrário ocorre com
aquelas estratégias mais adaptativas, quanto maior o seu uso, menor será a presença de ambos
os sintomas. Esses valores foram superiores aos encontrados quando se considera os tipos de
estratégias cognitivas de enfrentamento separadamente, tal fato indica que o uso conjunto de
diferentes estratégias contribui mais do que o uso de estratégias específicas no que diz respeito
aos sintomas depressivos e ansiosos. Tais resultados são semelhantes aos encontrados em
estudos anteriores com o CERQ (Garnefski, Kraaij, & Spinhoven, 2001; Jermann, et. al, 2006;
Garnefski & Kraaij, 2007; Domínguez-Sánchez et al., 2011) e servem para incorporar a
evidência de que todos os tipos de estratégias devem ser avaliados, para compreender e,
posteriormente modificar, as “escolhas” que mais trazem algum tipo de sofrimento emocional
para o sujeito. Cabe, ainda, salientar que a definição de quais são as estratégias cognitivas de
enfrentamento mais ou menos adaptativas, dependerá não só da avaliação pessoal que o sujeito
faz da situação vivenciada, bem como das consequências que o uso de tais estratégias
ocasionarem – boas ou ruins.

2.3. Considerações Finais

A adaptação do Questionário de Regulação Emocional Cognitiva apresentou uma


estrutura fatorial compatível com as demais versões (Garnefski, Kraaij, & Spinhoven, 2001;
Garnefski & Kraaij, 2007; Domínguez-Sánchez, Lasa-Aristu, & Holgado-Tello, 2011;
Jermann, et. al, 2006; Martins, Freire, & Ferreira-Santos, 2016; Per & Miclea, 2011; Zhu et al.,
2008; Tuna & Bozo, 2012; Megreya, Latzman, Al-Attiyah, & Alrashidi, 2016). Uma das
limitações do presente estudo foi a não aleatorização da amostra, e a falta de dados de sujeitos
de outras regiões brasileiras e de grupos clínicos, fatores esses que diminuem a possibilidade
de generalização dos dados. A investigação das estratégias cognitivas de enfrentamento em
grupos clínicos pode auxiliar não só na verificação da estrutura fatorial e propriedades
psicométricas do CERQ-B nessa população, como na adequação deste instrumento enquanto
ferramenta para o diagnóstico e posterior avaliação de mudanças que ocorram ao longo de um
processo psicoterápico, por exemplo. O intuito deste trabalho foi realizar uma avaliação inicial
de um instrumento capaz de investigar o coping cognitivo na população brasileira em geral, e
81

que servisse como base para a investigação desse construto em pacientes diabéticos o principal
objetivo da presente dissertação.
82

3. COGNIÇÕES E COPING COGNITIVO RELACIONADOS A QUALIDADE DE


VIDA EM DIABÉTICOS

A depressão muitas vezes é subdiagnosticada em pacientes com doenças clínicas. Tal


fato pode ser atribuído à superposição de sintomas físicos das condições clínicas gerais, tais
como fadiga, inapetência, lentificação, dor e alterações do sono. Além disso, no momento da
avaliação clínica, pode existir uma ênfase excessiva nos sintomas somáticos em detrimento dos
fatores cognitivos e afetivos comumente encontrados em pessoas deprimidas (Teng, Humes, &
Demetrio, 2005).
Diante do exposto no primeiro capítulo, verifica-se o crescente aumento no número de
estudos que comprovam a relação entre depressão e diabetes. No entanto, poucos pesquisadores
têm se dedicado à investigação das cognições depressivas específicas que podem estar presentes
em indivíduos com DM, bem como quais são as estratégias cognitivas que os mesmos utilizam
para enfrentarem sua doença. Esta situação acaba impedindo um conhecimento mais especifico
das influências que essas cognições e estratégias possuem nesses indivíduos, o que poderia
contribuir para uma melhor compreensão dos fatores cognitivos (psicológicos) presentes nessa
população, e assim possibilitar a identificação de grupos de risco para o desenvolvimento da
psicopatologia depressiva. Além disso, tal conhecimento pode auxiliar no desenvolvimento de
novas e mais eficazes políticas de prevenção e intervenções psicoterápicas baseadas na terapia
cognitiva. Sendo assim, o presente estudo tem como principal objetivo tentar suprir parte desta
lacuna existente.

3.1. Objetivos

3.1.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a intensidade de cognições disfuncionais


(crenças e PAs), qualidade de vida e estratégias cognitivas de enfrentamento em grupos de
pacientes diabéticos com e sem sintomas depressivos.
83

3.1.2. Objetivos Específicos

a) Identificar a prevalência de pacientes deprimidos dentro de uma amostra de pacientes


diabéticos de acordo com variáveis como sexo, tipo de diabetes e tempo de diagnóstico.
b) Investigar as cognições disfuncionais presentes nos grupos de pacientes diabéticos com
e sem depressão.
c) Comparar aspectos da qualidade de vida e estratégias de enfrentamento em pacientes
com e sem depressão.
d) Investigar a relação entre cognições disfuncionais, qualidade de vida e estratégias de
enfrentamento nos grupos de pacientes diabéticos com diferente intensidade de sintomas
depressivos.

3.2. Método

3.2.1. Participantes

A amostra deste estudo foi composta por 43 indivíduos diagnosticados com diabetes
mellitus, tipo 1 ou 2 (detalhes na Tabela 13). O diagnóstico dos participantes foi dado por um
especialista. Em relação ao tempo de diagnóstico, 70% daqueles com DM1 souberam de sua
condição clínica há menos de 10 anos, já para os com DM2, a maior parte (75%) tem o
diagnóstico há mais de uma década. Todos os participantes são pacientes atendidos no Serviço
Especial de Endocrinologia e Metabologia (SEEM) do Hospital das Clínicas (HC) da UFMG
ou no Centro de Saúde (CS) Alcides Lins. Foram avaliadas ao todo 34 mulheres (79,1%), com
idade variando de 21 a 77 anos (Média=48,53; DP=14,50) e 9 homens, com idade entre 20 e
78 anos (Média=50,44; DP=18,34). A escolaridade dos participantes variou entre aqueles que
tinham o ensino fundamental incompleto e pós-graduação, sendo que a maior parte (n=31; 74%)
estudou apenas até o ensino médio completo. Do total de pacientes avaliados, 26 (60,5%) deles
apresentaram alguma complicação decorrente da DM e apenas 12 (27,9%) não possuem outras
doenças clínicas.
Os participantes foram divididos em dois grupos. O Grupo I foi constituído por 24
mulheres e 6 homens que apresentaram sintomas depressivos leves ou ausência completa dos
mesmos, sendo, portanto denominados de não deprimidos. O Grupo II, nomeado de deprimidos,
foi composto por 10 mulheres e 3 homens que possuem um escore maior do que 16 na Escala
84

de Avaliação de Depressão GRID de Hamilton (GRID-HAMD) somado a apresentação de um


episódio depressivo maior (EDM) atual de acordo com a pontuação na Mini International
Neuropsychiatry Interview (MINI) ou ter um escore superior a 11,9 na Escala Hospitalar de
Ansiedade e Depressão (HADS). Sendo assim, o Grupo II foi constituído por pessoas com
histórico de depressão e presença atual de sintomas depressivos. Já no Grupo I, por sua vez,
nem todos os participantes possuem um histórico de depressão, apresentando, atualmente,
alguns sintomas depressivos que não chegam a configurar um EDM e outros transtornos
psiquiátricos, em especial do espectro ansioso.

Tabela 13
Características demográficas e clínicas dos participantes dos grupos I e II
Grupo I – Não deprimidos Grupo II – Deprimidos
(n=30) (n=13)
Sexo
Feminino 24 10
Masculino 6 3
Idade (Média, DP) 50,50 (15,75) 45,31 (13,58)
Escolaridade (Frequência, %)
Ensino fundamental incompleto 10 (33,3%) 3 (23,1%)
Ensino fundamental completo 3 (10,0%) -
Segundo grau incompleto 2 (6,7%) 3 (23,1%)
Segundo grau completo 9 (30,0%) 4 (30,8%)
Graduação incompleta 2 (6,7%) 1 (7,7%)
Graduação completa 3 (10,0%) 1 (7,7%)
Pós-graduação 1 (3,3%) 1 (7,7%)
Diabetes Mellitus
Tipo 1 14 6
Tipo 2 16 7
2 a 40 anos 7 a 39 anos
Tempo de diagnóstico de DM (Média, DP)
15,23 (10,74) 17,92 (11,56)
GRID-HAMD (Média, DP) 7,40 (4,67) 17,77 (5,28)
HADS: Depressão (Média, DP) 6,43 (3,48) 12,38 (2,75)
HADS: Ansiedade (Média, DP) 6,57 (3,75) 12,46 (4,20)
Nota. GRID-HAMD: Escala de Avaliação de Depressão GRID de Hamilton; HADS: Escala Hospitalar de
Ansiedade e Depressão
85

3.2.2. Instrumentos

Instrumentos de triagem diagnóstica para depressão e outros transtornos

1) Questionário de Dados do Paciente


Com o objetivo de conhecer o paciente e coletar informações que serão importantes para
o diagnóstico psicológico, foi realizada uma entrevista inicial com objetivo de coletar
informações gerais como nome, sexo, idade, estado civil e escolaridade. Também foram
abordadas questões clínicas como tipo de diabetes, tempo de diagnóstico e tratamento, presença
de complicações clínicas (renais, cardíacas, entre outras), além de questionamentos referentes
a como o paciente se sente diante da sua condição clínica (Apêndice F).

2) Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS)


A HADS (Zigmond & Snaith, 1983) é estruturada em 14 itens que investigam sintomas
de ansiedade e depressão em pacientes participantes de serviços hospitalares não psiquiátricos.
A principal diferença entre a HADS e as demais escalas é a concentração da avaliação de
sintomas ligados à anedonia, com menor ênfase aos sintomas físicos. A escala tipo Likert, de 0
a 3, permite o máximo de 21 pontos para ansiedade e depressão, com sete itens para cada
dimensão. Os autores da HADS sugerem que escores superiores a nove pontos em cada
dimensão indicam presença de depressão e ansiedade. Em uma amostra brasileira, Botega, Bio,
Zomignani, Garcia Jr. e Pereira (1995) encontraram os valores 11,6 e 11,9 como escores médios
para casos clínicos de ansiedade e depressão, respectivamente.

3) Mini International Neuropsychiatry Interview (MINI)


A MINI é uma entrevista diagnóstica padronizada breve que compreende 19 módulos
que exploram 17 transtornos do eixo I do DSM-IV (Associação Americana de Psiquiatria,
2002), o risco de suicídio e o transtorno da personalidade antissocial. (Sheehan et al., 1998;
Amorim, 2000).

4) Escala de Avaliação de Depressão GRID de Hamilton (GRID-HAMD)


A GRID-HAMD é uma versão modificada da Escala de Avaliação de Depressão de
Hamilton (HAMD, Hamilton, 1960). Trata-se de um guia de entrevista semiestruturada,
organizado em 21 itens que avaliam independentemente a frequência e intensidade de sintomas
86

depressivos. A interpretação da pontuação do respondente é feita da seguinte forma: 0 a 3 é


considerado normal; de 4 a 7 limítrofe; de 8 a 15 indica a presença de depressão leve; 16 a 26
indica depressão moderada; e acima de 26 pontos indicam depressão grave. (Araújo, 2011).

Instrumentos de Avaliação Cognitiva

1) Inventário da Tríade Cognitiva (ITC)


Investiga pensamentos disfuncionais relativos à tríade cognitiva de Beck et al. (1997)
que aponta para a existência de três padrões de pensamento – as visões de si mesmo (self), do
mundo e do futuro. O instrumento possui 36 itens que são respondidos por meio de uma escala
tipo Likert de sete pontos (variando de concorda totalmente a discorda totalmente). O ITC foi
adaptado para o Brasil e apresenta propriedades psicométricas adequadas no que se refere à
estrutura fatorial e consistência interna. Nessa versão cada um dos fatores originais está dividido
em funcionais (positivos) e disfuncionais (negativos), totalizando assim 6 fatores (Beckham,
Leber, Wastkins, Boyer & Cook, 1986; Teodoro, Ohno, & Froeseler, 2016). (Anexo B)

2) Escala de Pensamentos Depressivos (EPD)


Avalia distorções do pensamento comumente encontradas em indivíduos deprimidos. É
composto por 26 itens em uma escala tipo Likert de 3 pontos (variando de não concordo a
concordo totalmente). Os índices de consistência interna para a escala total foi de 0,93, o Fator
1 (Baixa autoestima e desesperança) apresentou um alfa de 0,93, e o Fator 2 (Funcionalidade
nas relações) de 0,89 (Carneiro & Baptista, 2014).

3) Questionário de Regulação Emocional Cognitiva para Diabéticos (CERQ-BD)


Neste estudo foi utilizada uma versão reformulada do Questionário de Regulação
Emocional Cognitiva (CERQ-B) por meio do qual se buscou avaliar as estratégias cognitivas
que os indivíduos utilizam para lidarem com sua diabetes, tida aqui como um evento estressor.
Para tanto, a instrução e alguns itens do instrumento foram alterados com o auxílio de
especialistas na área. Todo o processo teve o cuidado de garantir que o teor do item do
instrumento original se mantivesse, nomeando-se apenas o evento estressor como sendo a
doença clínica avaliada, no caso a diabetes (Apêndice G).
87

Sendo assim, o CERQ-BD manteve a mesma estrutura fatorial com nove dimensões:
• Autopunição – pensamentos de se sentir responsável pela diabetes, colocando a culpa
em si mesmo e se preocupar com os erros que cometeu para ter a doença;
• Aceitação – pensamentos em que a pessoa se resigna e aceita a sua diabetes, pensando
que não pode modificá-la e que a vida continua;
• Ruminação – pensar constantemente ou se preocupar com os sentimentos sobre ter
diabetes;
• Reorientação Positiva – pensar em coisas mais agradáveis do que no fato de ter diabetes;
• Redirecionamento do Foco para o Planejamento – pensar em quais passos tomar para
lidar com sua diabetes;
• Reavaliação Positiva – atribuir, mentalmente, um significado positivo ao fato de ter
diabetes, pensando que a doença pode lhe ensinar algo ou que tem um lado positivo;
• Colocando em Perspectiva – pensamentos que diminuem a seriedade da diabetes em
comparação a outras doenças ou problemas, enfatizando que há coisas piores no mundo;
• Catastrofização – pensamentos recorrentes sobre o quão terrível é ter diabetes e que isso
é a pior coisa que poderia acontecer a alguém;
• Culpabilizar Outros – pensar que os outros são os culpados pela sua diabetes ou que esta
condição clínica é decorrente do erro que outras pessoas cometeram.

Instrumentos de Qualidade de Vida

1) Medical Outcomes Study 36 - Item Short - Form Health Survey (SF-36)


O SF-36 é um instrumento multidimensional de avaliação da qualidade de vida
composto de 36 itens, divididos em oito escalas, a saber: capacidade funcional, aspectos físicos,
dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. O
instrumento e a forma de correção e interpretação estão descritos no Anexo A.
O questionário SF-36 é amplamente utilizado em pesquisas na área da saúde e foi
traduzido e adaptado para a população brasileira (Ciconelli, 1997; Ciconelli et al., 1999). É um
questionário multidimensional, composto por 36 itens englobados em oito escalas ou
componentes: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade,
aspectos sociais, aspectos emocionais, saúde mental e mais uma questão de avaliação
comparativa entre as condições de saúde atual e a de um ano atrás. Avalia tanto aspectos
negativos de saúde (doença ou enfermidade), como os aspectos positivos (bem-estar). O
88

questionário apresenta um escore de 0 a 100, no qual zero corresponde ao pior estado geral de
saúde e 100 ao melhor estado (Ciconelli, 1997; Vilagut et al., 2005).

2) Questionário de avaliação dos problemas relacionados a diabetes (PAID)


Avalia o impacto da diabetes e do tratamento na vida dos pacientes. O instrumento
possui 20 questões que abordam os aspectos da qualidade de vida e problemas emocionais
(estresse específico) relacionados à convivência com a diabetes tipo 1 ou tipo 2. É uma escala
tipo Likert de 4 pontos (variando de não é problema a problema sério) que produz um escore
total que varia de 0-100, onde escores mais altos indicam maior nível de sofrimento emocional
específico da diabetes (SEED). A escala PAID foi desenvolvida originalmente por Welch,
Polonsky, Snoek e Pouwer (2000) apresentando um índice de consistência interna de 0,94. A
versão brasileira (B-PAID) foi desenvolvida por Gross, Scain, Scheffel, Gross e Hutz (2007) e
apresentou um alfa de 0,93.

3.2.3. Procedimentos Éticos e de Pesquisa

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (processo
45217015.9.0000.5149). Após a aprovação e anteriormente ao início da etapa de recrutamento
dos participantes, foram realizadas reuniões com as equipes de saúde do ambulatório de
endocrinologia do HC da UFMG e no CS Alcides Lins. Tal procedimento foi realizado com o
intuito de não só divulgar a pesquisa como promover o diálogo com os profissionais que
acompanham os pacientes diabéticos e, assim, garantir que os dados referentes ao tratamento
da DM e, ainda desconhecidos pelas equipes de saúde, servissem para beneficiar os próprios
pacientes. Ambas as instituições escolhidas para a captação dos participantes são públicas,
prestando serviços gratuitos, sendo uma delas pertencente a rede de atenção primária (CS
Alcides Lins) e a outra um centro de referência especializado no tratamento de transtornos
metabólicos (SEEM do HC-UFMG).
A divulgação do programa de avaliação foi feita por meio de cartazes afixados no
ambulatório de endocrinologia do HC da UFMG e no CS Alcides Lins. Além disso, foi
realizada uma busca ativa dos pacientes. No HC essa busca se deu por meio de contato
telefônico realizado pelos pesquisadores diretamente com os pacientes, já no CS houve o auxílio
dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) das cinco equipes que compareceram à residência
de cada paciente convidando-os a participarem. Em ambas as instituições a busca ativa foi
89

conduzida considerando-se a ordem alfabética dos nomes dos pacientes. Porém, aqueles
pacientes que buscaram diretamente pelos profissionais envolvidos com a presente pesquisa,
após a divulgação do programa, foram avaliados conforme disponibilidade de horário
compatível, indiferentemente de seguir-se a ordem alfabética.
O consentimento dos participantes foi documentado por meio do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndices C e H). Os pacientes que aceitaram participar
foram avaliados nas dependências do HC e do CS, conforme a disponibilidade dos mesmos.
Esta avaliação foi realizada em duas sessões, em dias distintos, com tempo médio de duração
de 1 hora e trinta minutos cada sessão. Em alguns casos, foi necessária uma terceira sessão para
encerrar o processo. As avaliações foram individuais e ocorreram em salas apropriadas que
garantiram o conforto dos pacientes e o sigilo das informações relatadas por eles. O presente
estudo apresentou risco mínimo aos participantes. Durante a avaliação o participante que se
sentiu desconfortável ao responder as perguntas, ficou cansado ou se emocionou teve todo o
acolhimento e atenção necessários.
Os resultados da avaliação foram informados a cada paciente em caráter individual e
um relatório com esses dados foi anexado ao seu prontuário após terem sido discutidos com as
equipes que acompanham o paciente, salvaguardando o sigilo das informações pessoais que
não estavam relacionadas à DM em si, ou que não fossem auxiliar no seu tratamento. A
indicação de intervenção psicoterápica foi discutida caso a caso, com base nas entrevistas
iniciais, na avaliação do estado mental e nos resultados dos testes psicológicos. Todo o processo
de avaliação e encaminhamento foi realizado de modo a garantir que nenhum paciente ficasse
sem a assistência necessária. Os pacientes que apresentaram sintomas depressivos leves a
moderados foram encaminhados para uma intervenção em grupo específica. Os pacientes que
não se encaixaram nos critérios de elegibilidade para esta modalidade grupal, foram
encaminhados para a psicoterapia individual no Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da
UFMG ou atendidos no próprio CS por um psicólogo capacitado da UFMG, pertencente à
equipe deste projeto. Aqueles pacientes que apresentaram dificuldades emocionais que não são
decorrentes da diabetes, ou que apresentaram outros transtornos psiquiátricos, também foram
encaminhados para a psicoterapia individual.
90

3.2.4. Análise dos Dados

Inicialmente, foram conduzidas análises descritivas no intuito de caracterizar a amostra


em termos de variáveis sociodemográficas e clínicas. Optou-se pela utilização de testes
paramétricos uma vez que a amostra apresenta distribuição normal e análises preliminares com
testes não-paramétricos apontaram os mesmos resultados.
As análises de comparação das cognições, qualidade de vida e estratégias de
enfrentamento entre os grupos de diabéticos com e sem depressão foram realizadas com teste t
para amostras independentes. Análises de Variância One-way (ANOVA) com post hoc de
Bonferroni, foram utilizadas para verificar se a presença de sintomas depressivos e ansiosos,
QV e EDD diferiam entre os grupos de acordo com o tipo de tratamento utilizado pelo paciente
e se a presença de complicações decorrentes da DM. A verificação da existência de associação
entre os construtos foi feita por meio de Correlação de Pearson. Foi considerado como
significativo todo resultado que obteve um p<0,05.

3.3. Resultados

3.3.1. Depressão e outros transtornos mentais

No que diz respeito aos problemas e/ou transtornos mentais (ver Tabela 14), foi mais
frequente entre os homens a presença de Episódio Hipomaníaco (atual), Transtorno de Humor
com características psicóticas (atual) e Transtorno de Personalidade Antissocial. Nos demais
transtornos não houve diferença significativa entre os sexos. As mesmas análises de frequência
também foram feitas considerando-se o tipo (DM 1 ou DM2) e o tempo de diagnóstico (grupo
1: de 2 a 10 anos; grupo 2: de 11 a 40 anos) de DM. No entanto, tais análises não apresentaram
diferenças significativas. A presença de sintomas depressivos não diferiu entre os grupos ao se
considerar o tipo de tratamento utilizado pelo paciente (uso de insulina, de antidiabéticos orais,
da associação de ambos ou da insulina com a prática de exercícios físicos), e se havia, ou não,
comorbidade da DM com outras doenças clínicas como hipertensão arterial ou obesidade, por
exemplo. No entanto, aqueles que apresentam quatro ou mais problemas decorrentes da DM
(como retinopatia, neuropatia, nefropatia), apresentaram mais sintomas depressivos quando
comparados aqueles que não apresentam nenhuma complicação (F=2,74; GL=4; p<0,05). Ter
de um a três tipos de complicações não faz diferença quanto à presença de sintomas depressivos.
91

Tabela 14
Problemas e/ou transtornos mentais apresentados pelos participantes (n=43)
Frequência (%)
Nenhum 12 (28,0%)
Apenas um EDM passado 3 (7,0%)
EDM passado e atual c/ características melancólicas 1 (2,3%)
TAG 2 (4,6%)
TOC 1 (2,3%)
EDM passado e atual c/ risco de suicídio 1 (2,3%)
De dois a três EDM e TAG 4 (9,3%)
EDM e outros transtornos 4 (9,3%)
TAG e outros transtornos 3 (7,0%)
Síndrome psicótica passada e atual c/ risco de suicídio 1 (2,3%)
Quatro ou mais EDM, TAG e outros transtornos 9 (21,0%)
EDM atual c/ características melancólicas e outros transtornos 1 (2,3%)
EDM passado e atual c/ características melancólicas e outros 1 (2,3%)
transtornos
Nota. EDM: Episódio Depressivo Maior; TAG: Transtorno de Ansiedade Generalizada; TOC: Transtorno
Obsessivo Compulsivo; TEPT: Transtorno de Estresse pós-Traumático

3.3.2. Qualidade de vida e sofrimento emocional específico da diabetes

A qualidade de vida, avaliada por meio do SF-36, foi significativamente superior no


grupo de pacientes não deprimidos em comparação ao grupo de pacientes deprimidos em todos
os domínios (capacidade funcional, limitação por aspectos físicos e emocionais, dor, estado de
saúde geral, vitalidade, aspectos sociais e saúde mental). Além disso, no que tange o sofrimento
emocional específico da diabetes (SEED), medido pelo PAID, os pacientes deprimidos
apresentaram escores superiores aos não deprimidos no que diz respeito a problemas
específicos relacionados à diabetes (t=-2,67; p<0,05), principalmente nos domínios de
problemas emocionais (t=-2,59; p<0,05) e relacionados ao apoio social (t=-3,73; p<0,01).
Todos os resultados estão elencados na Tabela 15.
A análise para verificar a existência de diferenças entre os tipos de DM (DM1 com
n=20) quanto à QV e SEED mostrou que os pacientes com DM2 (Média=9,24; DP=5,04)
possuem um escore superior de problemas relacionados à alimentação quando comparados
aqueles com DM1 (Média=5,44; DP=4,58) (t=-2,58; p<0,05). Não houve diferença entre o tipo
de DM para as demais variáveis analisadas. A QV e SEED não diferiu quanto ao tipo de
92

tratamento utilizado pelo paciente, a presença de complicações da DM ou de outras doenças


clínicas.

Tabela 15
Média, desvio-padrão e significância entre os grupos não deprimidos e deprimidos em relação
a qualidade de vida e sofrimento emocional específico da diabetes
Média (DP)
Medida T
Não deprimidos Deprimidos
SF-36 Capacidade funcional 65,33 (29,33) 45,77 (24,05) 2,11*
Limitação por aspectos físicos 60,00 (42,35) 21,15 (26,70) 3,63**
Dor 59,53 (28,47) 37,00 (18,66) 2,61*
Estado geral de saúde 45,87 (17,62) 31,15 (19,38) 2,44*
Vitalidade 49,67 (19,43) 30,00 (13,23) 3,32**
Aspectos sociais 65,83 (33,14) 40,38 (22,33) 2,94**
Limitação por aspectos emocionais 53,33 (39,73) 7,69 (14,62) 5,49***
Saúde mental 61,47 (20,74) 30,85 (18,59) 4,74***
PAID Problemas emocionais 29,88 (15,34) 42,78 (14,33) -2,59*
Problemas relacionados ao
5,17 (4,26) 5,19 (3,71) -0,19
tratamento
Problemas relacionados à
6,67 (5,00) 9,33 (5,17) -1,57
alimentação
Problemas relacionados ao apoio
2,04 (2,78) 5,58 (3,05) -3,73**
social
Problemas total 43,75 (22,48) 62,89 (18,76) -2,67*
Nota. *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001; SF-36: Medical Outcomes Study 36, sendo que quanto menor o escore
pior é a qualidade de vida do indivíduo; PAID: Questionário de avaliação dos problemas relacionados à diabetes,
sendo que quanto maior o escore pior será a qualidade de vida e estresse específico da diabetes.

3.3.3. Cognições disfuncionais

Na investigação sobre a relação entre cognições disfuncionais e QV e SEED, os


resultados indicaram o mesmo padrão de correlações entre ter uma visão negativa do futuro ou
pensamentos depressivos relacionados à baixa autoestima/desesperança com todos os domínios
da QV e SEED, exceto ter problemas com o tratamento. Padrão semelhante também foi
encontrado entre as visões positivas de mundo e futuro com ter um bom estado geral de saúde
(r=0,39 e 0,41; p<0,01 respectivamente), ter sentimentos de paz, felicidade e calma a maior
parte do tempo (r=0,41 e 0,39; p<0,01), ter problemas emocionais (r=-0,33 e -0,37; p<0,05),
93

com o apoio social (r=-0,53 e -0,41; p<0,01) ou sofrimento emocional em decorrência da


diabetes (r=-0,32 e -0,33; p<0,05). Além disso, uma visão positiva do mundo também está
relacionada a não ter problemas com o trabalho ou atividades diárias em decorrência de
problemas emocionais (r=0,40; p<0,01). Por outro lado, uma visão negativa do mundo está
inversamente associada a todos os domínios de uma boa QV, exceto capacidade funcional e
atividades sociais normais, e diretamente relacionado a ter problemas emocionais, com o apoio
social e um nível elevado de sofrimento emocional devido a diabetes. Ter uma visão negativa
de si mesmo se relaciona com vitalidade r= (-0,42; p<0,01), aspectos sociais (r=-0,38; p<0,05),
e emocionais (r=-0,45; p<0,01), saúde mental (r=-0,56; p<0,01), problemas emocionais
(r=0,38; p<0,05), com a alimentação (r=0,38; p<0,05) e o apoio social (r=0,62; p<0,01) e
sofrimento emocional decorrente da diabetes (r=0,53; p<0,01). No entanto, uma visão positiva
de si mesmo está associada apenas com não ter problemas com o apoio social (r=-0,46; p<0,01).
Por fim, ter pensamentos relacionados à funcionalidade das relações se relaciona apenas com
capacidade funcional (r=-0,33; p<0,05), dor (r=-0,31; p<0,05), estado de saúde geral (r=-0,38;
p<0,05), aspectos emocionais (r=-0,36; p<0,05), saúde mental (r=-0,45; p<0,01), problemas
emocionais (r=0,33; p<0,05) e com o apoio social (r=0,64; p<0,01), e sofrimento emocional
decorrente da diabetes (r=0,40; p<0,01). Todos os resultados podem ser visualizados em
detalhes na Tabela 16.
94

Tabela 16
Correlações entre as cognições e qualidade de vida e sofrimento emocional estresse específico da diabetes
CF AF Dor SG Vit AS AE SM Emoc Trat Alim Apoio Total
Self positivo -0,12 0,05 -0,10 0,20 0,09 0,16 0,12 0,27 -0,26 -0,10 -0,11 -0,46** -0,27
Self negativo -0,22 -0,22 -0,28 -0,29 -0,42** -0,38* -0,45** -0,56** 0,51** 0,10 0,38* 0,62** 0,53**
Mundo positivo 0,26 0,29 0,30 0,39** 0,25 0,29 0,40** 0,41** -0,33* 0,10 -0,17 -0,53** -0,32*
Mundo negativo -0,16 -0,37* -0,41** -0,41** -0,32* -0,28 -0,49** -0,51** 0,41** -0,10 0,24 0,39** 0,39**
Futuro positivo 0,14 0,24 0,10 0,41** 0,23 0,28 0,26 0,39** -0,37* -0,10 -0,05 -0,41** -0,33*
Futuro negativo -0,41** -0,37** -0,36* -0,42** -0,42** -0,31* -0,47** -0,45** 0,61** 0,10 0,35* 0,45** 0,59**
Baixa
-0,35* -0,36* -0,35* -0,58** -0,48** -0,53** -0,53** -0,69** 0,56** 0,04 0,37* 0,59* 0,56**
autoestima/desesperança
Funcionalidade das
-0,33* -0,16 -0,31* -0,38* -0,24 -0,27 -0,36* -0,45** 0,33* 0,18 0,21 0,64** 0,40**
relações
Nota. *p<0,05; **p<0,01; CF: capacidade funcional; AF: limitação por aspectos físicos; SG: estado geral de saúde; Vit: vitalidade; AS: aspectos sociais; AE: aspectos
emocionais; SM: saúde mental; Emoc: problemas emocionais; Trat: problemas com o tratamento; Alim: problemas com a alimentação; Apoio: problemas com o apoio social;
Total: nível de sofrimento emocional
95

Na comparação entre grupos ambos os grupos (Grupo I: não deprimidos; e Grupo II:
deprimidos), os resultados indicaram diferenças estatisticamente significativas em todos os
tipos de cognições, exceto no que diz respeito à visão positiva do futuro. Os pacientes diabéticos
deprimidos apresentam uma visão mais negativa de si mesmo (t=-4,98; p<0,001), do mundo
(t=-2,61; p<0,01) e do futuro (t=-3,20; p<0,01) quando comparados aos não deprimidos. Por
outro lado, aqueles pacientes não deprimidos têm uma visão mais positiva de si mesmos
(t=2,51; p<0,05) e das pessoas (t=3,21; p<0,01) do que os deprimidos. A presença de cognições
relacionadas à baixa autoestima/desesperança e funcionalidade das relações foi maior no Grupo
II (t=-4,90; p<0,001 e t=-2,91; p<0,01 respectivamente) em comparação ao Grupo I (ver Tabela
17). Ao se considerar o tipo de DM do paciente, verificou-se que não houve nenhuma diferença
significativa entre os grupos no que diz respeito a presença de cognições disfuncionais.

Tabela 17
Média, desvio-padrão e significância entre os grupos não deprimidos e deprimidos em relação
as cognições
Média (DP)
Medida T
Não deprimidos Deprimidos
ITC Self positivo 23,73 (3,24) 20,69 (4,50) 2,51*
Self negativo 14,27 (6,14) 24,62 (6,53) -4,98***
Mundo positivo 27,33 (4,42) 22,08 (5,47) 3,21**
Mundo negativo 17,37 (6,16) 22,31 (4,42) -2,61**
Futuro positivo 30,93 (2,63) 28,31 (4,87) 1,83
Futuro negativo 13,43 (5,83) 19,38 (5,01) -3,20**
EPD Baixa autoestima/desesperança 16,13 (3,16) 26,38 (7,25) -4,90***
Funcionalidade das relações 15,07 (3,87) 18,92 (4,29) -2,91**
Nota. *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001; ITC: Inventário da Tríade Cognitiva; EPD: Escala de Pensamentos
Depressivos.

A análise de frequência de resposta dos itens nos instrumentos utilizados para avaliar as
cognições disfuncionais (ITC e EPD) permitiu verificar quais ideias são relatadas de forma
semelhante, ou não, entre os dois grupos. No que diz respeito à visão de si mesmo (self), o
Grupo I não concorda com a afirmação de que seja culpado por muitas coisas (item 29 do ITC),
que não consegue fazer nada direito (item 13 do ITC) ou que tenha defeitos graves (item 35 do
ITC), exatamente o oposto do que o Grupo II acredita. Em relação à visão do mundo, quando
comparado com o Grupo I, aqueles que apresentam mais sintomas depressivos acreditam que
96

coisas ruins acontecem com eles (item 23 do ITC) e que não importa o que façam os outros
sempre tornam aquilo que querem mais difícil (item 30 do ITC), e, também, não acreditam que
suas atividades diárias sejam divertidas e gratificantes (item 12 do ITC). Quanto ao futuro, para
o Grupo II o futuro não reserva coisas boas (item 11 do ITC), pois acreditam que será tão terrível
que não gostam de pensar no assunto (item 26 do ITC) e que não há razão para estar esperançoso
quanto ao futuro (item 19 do ITC). Os resultados da EPD apontaram que o Grupo II tem mais
pensamentos relacionados a baixa autoestima/desesperança quando comparado aos do Grupo I
(itens 1, 4, 5, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 16, 18, 19, 22 e 24 da EPD). Além disso, a única diferença
entre ambos os grupos no que tange a pensamentos depressivos relacionados a funcionalidade
das relações está no item 6, sendo que o Grupo II não acredita que as pessoas entendem o que
eles sentem ao contrário do Grupo I que discorda dessa afirmação com maior frequência. As
Tabelas 18 e 19 apresentam a descrição detalhada das respostas em cada instrumento.
97

Tabela 18
Frequência de respostas nos itens do ITC de acordo com os grupos não deprimidos e deprimidos
Grupo I – Não deprimidos (n=30) Grupo II – Deprimidos (n=13)
Fator Item Não concorda, Não concorda,
Não concorda Concorda Não concorda Concorda
nem discorda nem discorda
17 2 (6,7%) 5 (16,7%) 23 (76,7%) 2 (15,4%) 2 (15,4%) 9 (69,2%)

Self 25 2 (6,7%) 3 (10,0%) 25 (83,3%) 1 (7,0%) 1 (7,0%) 11 (84,6%)


positivo 31 1 (3,3%) 1 (3,3%) 28 (93,3%) 2 (15,4%) 2 (15,4%) 9 (69,2%)
33 2 (6,7%) 0 (0,0%) 28 (93,3%) 4 (30,8%) 3 (23,1%) 6 (46,2%)
5 0 (0,0%) 0 (0,0%) 30 (100%) 6 (46,2%) 0 (0,0%) 7 (53,8%)
10 26 (86,7%) 2 (6,7%) 2 (6,7%) 7 (53,8%) 1 (7,0%) 5 (38,5%)

Self 13* 21 (70,0%) 3 (10,0%) 6 (20,0%) 3 (23,1%) 3 (23,1%) 7 (53,8%)


negativo 21 29 (96,7%) 1 (3,3%) 0 (0,0%) 8 (61,5%) 1 (7,0%) 4 (30,8%)
29* 18 60,0%) 4 (13,3%) 8 (26,7%) 3 (23,1%) 0 (0,0%) 10 (76,9%)
35* 16 (53,3%) 7 (23,3%) 7 (23,3%) 5 (38,5%) 0 (0,0%) 8 (61,5%)
3 12 (40,0%) 3 (10,0%) 15 (50,0%) 4 (30,8%) 2 (15,4%) 7 (53,8%)
8 4 (13,3%) 1 (3,3%) 25 (83,3%) 2 (15,4%) 4 (30,8%) 7 (53,8%)
Mundo
12* 10 (33,3%) 1 (3,3%) 19 (63,3%) 7 (53,8%) 2 (15,4%) 4 (30,8%)
positivo
20 2 (6,7%) 0 (0%) 28 (93,3%) 3 (23,1%) 0 (0,0%) 10 (76,9%)
24 0 (0,0%) 0 (0,0%) 30 (100%) 5 (38,5%) 2 (15,4%) 6 (46,2%)
18 12 (40,0%) 3 (10,0%) 15 (50,0%) 3 (23,1%) 2 (15,4%) 8 (61,5%)
Mundo
23* 19 (63,3%) 3 (10,0%) 8 (26,7%) 3 (23,1%) 0 (0,0%) 10 (76,9%)
negativo
27 24 (80,0%) 1 (3,3%) 5 (16,7%) 10 (76,9%) 1 (7,0%) 2 (15,4%)

Continua
98

Tabela 18 (continuação)
Fator Grupo I – Não deprimidos (n=30) Grupo II – Deprimidos (n=13)
Item
Não concorda, Não concorda,
Não concorda Concorda Não concorda Concorda
nem discorda nem discorda

Mundo 30* 16 (53,3%) 5 (16,7%) 9 (30,0%) 3 (23,1%) 2 (15,4%) 8 (61,5%)


negativo 34 6 (20,0%) 2 (6,7%) 22 (73,3%) 1 (7,0%) 1 (7,0%) 11 (84,6%)
6 1 (3,3%) 3 (10,0%) 26 (86,7%) 1 (7,0%) 1 (7,0%) 11 (84,6%)
9 0 (0,0%) 0 (0,0%) 30 (100%) 0 (0,0%) 1 (7,0%) 12 (92,3%)
Futuro
11* 4 (13,3%) 4 (13,3%) 22 (73,3%) 0 (0,0%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
positivo
28 1 (3,3%) 4 (13,3%) 25 (83,3%) 1 (7,0%) 3 (23,1%) 9 (69,2%)
36 0 (0,0%) 0 (0,0%) 30 (100%) 0 (0,0%) 1 (7,0%) 12 (92,3%)
15 24 (80,0%) 2 (6,7%) 4 (13,3%) 8 (61,5%) 3 (23,1%) 2 (15,4%)
16 9 (30,0%) 5 (16,7%) 16 (53,3%) 2 (15,4%) 0 (0,0%) 11 (84,6%)
Futuro
19* 20 (66,7%) 3 (10,0%) 7 (23,3%) 2 (15,4%) 3 (23,1%) 8 (61,5%)
negativo
26* 26 (86,7%) 4 (13,3%) 0 (0,0%) 5 (38,5%) 6 (46,2%) 2 (15,4%)
32 26 (86,7%) 1 (3,3%) 3 (10,0%) 9 (69,2%) 4 (30,8%) 0 (0,0%)
1 3 (10,0%) 3 (10,0%) 24 (80,0%) 1 (7,0%) 1 (7,0%) 11 (84,6%)
2* 17 (56,7%) 4 (13,3%) 9 (30,0%) 4 (30,8%) 3 (23,1%) 6 (46,2%)
4* 22 (73,3%) 1 (3,3%) 1 (3,3%) 3 (23,1%) 1 (7,0%) 9 (69,2%)
7 1 (3,3%) 3 (10,0%) 26 (86,7%) 1 (7,0%) 1 (7,0%) 11 (84,6%)
14* 4 (13,3%) 2 (6,7%) 24 (80,0%) 0 (0,0%) 3 (23,1%) 10 (76,9%)
22 0 (0,0%) 2 (6,7%) 28 (93,3%) 1 (7,0%) 2 (15,4%) 10 (76,9%)
Nota. * indica os itens cuja pontuação em um grupo foi diferente do outro grupo; a marcação em negrito indica a maior frequência de resposta nos itens; Os itens 1 (Eu tenho
muitos talentos e habilidades.), 2 (Meu trabalho [trabalho doméstico, trabalho escolar, tarefas diárias] é desagradável.), 4 (Nada parece dar certo para mim.), 7 (Eu faço o
meu trabalho [emprego, escola, trabalho doméstico] adequadamente.), 14 (As pessoas gostam de mim.) e 22 (Eu vou superar meus problemas.) não pertencem a estrutura
fatorial do instrumento.
99

Tabela 19
Frequência de respostas nos itens da EPD de acordo com os grupos não deprimidos e
deprimidos
Grupo I – Não deprimidos Grupo II – Deprimidos
(n=30) (n=13)
Item
Não
Não concorda Concorda Concorda
concorda
1* 25 (83,3%) 5 (16,7%) 2 (15,4%) 11 (84,6%)
4* 20 (66,7%) 10 (33,3%) 2 (15,4%) 11 (84,6%)
5* 25 (83,3%) 5 (16,7%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
7* 18 (60,0%) 12 (40,0%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
8* 25 (83,3%) 5 (16,7%) 5 (38,5%) 8 (61,5%)
10* 23 (76,7%) 7 (23,3%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
12* 24 (80,0%) 6 (20,0%) 5 (38,5%) 8 (61,5%)
Baixa
13* 23 (76,7%) 7 (23,3%) 3 (23,1%) 10 (76,9%)
autoestima/desesperança
14* 26 (86,7%) 4 (13,3%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
16* 26 (86,7%) 4 (13,3%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
18* 22 (73,3%) 8 (26,7%) 5 (38,5%) 8 (61,5%)
22* 27 (90,0%) 3 (10,0%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
24* 19 (63,3%) 11 (36,7%) 2 (15,4%) 11 (84,6%)
25 22 (73,3%) 8 (26,7%) 2 (15,4%) 11 (84,6%)
26* 23 (76,7%) 7 (23,3%) 3 (23,1%) 10 (76,9%)
2 5 (16,7%) 25 (83,3%) 2 (15,4%) 11 (84,6%)
3 1 (3,3%) 29 (96,7%) 0 (0,0%) 13 (100,0%)
6* 7 (23,3%) 23 (76,7%) 8 (61,5%) 5 (38,5%)
9 0 (0,0%) 30 (100%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
11 4 (13,3%) 26 (86,7%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
Funcionalidade das
15 4 (13,3%) 26 (86,7%) 2 (15,4%) 11 (84,6%)
relações
17 3 (10,0%) 27 (90,0%) 2 (15,4%) 11 (84,6%)
19* 25 (83,3%) 5 (16,7%) 5 (38,5%) 8 (61,5%)
20 2 (6,7%) 28 (93,3%) 4 (30,8%) 9 (69,2%)
21 1 (3,3%) 29 (96,7%) 3 (23,1%) 10 (76,9%)
23 2 (6,7%) 28 (93,3%) 2 (15,4%) 11 (84,6%)
Nota. * indica os itens cuja pontuação em um grupo foi diferente do outro grupo; a marcação em negrito indica
a maior frequência de resposta nos itens.
100

3.3.4. Estratégias cognitivas de enfrentamento

As análises de correlações entre as estratégias cognitivas de enfrentamento, avaliadas


por meio do CERQ-BD, e a QV e SEED, medidos pelo SF-36 e PAID respectivamente,
apontaram que ter pensamentos constantes sobre diabetes (Ruminação) está diretamente
relacionado a ter problemas emocionais (r=0,39; p<0,05) bem como um alto nível de sofrimento
emocional (r=0,38; p<0,05), e inversamente ligado a um bom estado geral de saúde (r=-0,41;
p<0,01) e atividades sociais normais (r=-0,49; p<0,01). De modo semelhante, pensar
recorrentemente no quão ruim é ter diabetes (Catastrofização) também está relacionado a ter
problemas emocionais (r=0,48; p<0,01) e um alto nível de sofrimento emocional (r=0,47;
p<0,01), e negativamente associado a um bom estado geral de saúde (r=-0,42; p<0,01),
vitalidade (r=-0,30; p<0,05) e atividades sociais normais (r=-0,34; p<0,05). Por outro lado,
pensar sobre assuntos mais agradáveis do que ter diabetes (Reorientação Positiva) está
associado a um bom estado geral de saúde (r=0,39; p<0,01) e a não ter problemas emocionais
(r=-0,32; p<0,05), nem com o apoio social (r=-0,44; p<0,01) e um nível menor de sofrimento
emocional (r=-0,37; p<0,01). Por fim, se resignar com a diabetes e aceita-la sabendo que
mesmo assim a vida continua (Aceitação) se relaciona com ter menos dor (r=-0,41; p<0,01). A
Tabela 20 apresenta todos os resultados.
Na investigação sobre as estratégias cognitivas utilizadas pelos pacientes para lidarem
com sua diabetes, os resultados mostraram que não há nenhuma diferença significativa entre os
Grupos I e II quanto aos tipos de estratégias utilizadas. Considerando-se o tipo de DM do
paciente, verificou-se que os pacientes diabéticos do tipo 1 (n=20) costumam utilizar mais a
Reorientação Positiva do que os aqueles do tipo 2 (t=-2,34; p<0,05). Em relação ao uso das
demais estratégias cognitivas de enfrentamento não houve diferença entre ter DM1 ou DM2.
Analisando a frequência de resposta dos itens, os resultados indicaram, de modo geral,
que as estratégias cognitivas mais utilizadas pelos pacientes para lidarem com a DM são a
Aceitação, Reorientação Positiva, Redirecionamento do Foco para o Planejamento e Colocando
em Perspectiva (ver Tabela 21).
101

Tabela 20
Correlações entre as estratégias cognitivas de enfrentamento e qualidade de vida e sofrimento emocional específico da diabetes
CF AF Dor SG Vit AS AE SM Emoc Trat Alim Apoio Total
Autopunição 0,01 -0,14 -0,29 -0,05 -0,08 -0,15 0,01 -0,13 0,07 0,02 0,29 -0,15 0,10
Aceitação -0,06 -0,04 -0,32* -0,11 -0,23 -0,25 -0,19 -0,21 -0,02 0,05 -0,02 -0,05 -0,02
Ruminação -0,14 -0,17 -0,28 -0,41** -0,27 -0,49** -0,22 -0,28 0,39* 0,21 0,16 0,29 0,38*
Reorientação
0,19 0,07 -0,16 0,39** 0,07 0,28 0,14 0,25 -0,32* -0,17 -0,24 -0,44** -0,37*
Positiva
Redirecionamento
do Foco para o 0,11 -0,04 -0,15 -0,03 0,12 -0,11 -0,00 0,08 -0,06 -0,03 -0,10 -0,08 -0,08
Planejamento
Reavaliação Positiva 0,25 0,01 0,02 0,22 0,07 -0,04 -0,10 0,05 -0,23 -0,23 -0,07 -0,20 -0,24
Colocando em
0,08 0,14 -0,12 0,07 -0,05 -0,20 0,11 -0,05 -0,18 0,10 -0,09 -0,04 -0,13
Perspectiva
Catastrofização -0,17 -0,04 -0,03 -0,42** -0,30* -0,34* -0,07 -0,28 0,48** 0,18 0,28 0,30 0,47**
Culpabilizar Outros 0,06 0,21 0,06 -0,10 0,20 0,04 0,14 0,00 0,20 -0,09 0,04 0,27 0,17
Nota. *p<0,05; **p<0,01; CF: capacidade funcional; AF: limitação por aspectos físicos; SG: estado geral de saúde; Vit: vitalidade; AS: aspectos sociais; AE: aspectos
emocionais; SM: saúde mental; Emoc: problemas emocionais; Trat: problemas com o tratamento; Alim: problemas com a alimentação; Apoio: problemas com o apoio social;
Total: nível de sofrimento emocional
102

Tabela 21
Tipo e frequência das estratégias cognitivas de enfrentamento utilizadas pelos pacientes diabéticos
Frequência do uso da estratégia cognitiva (n=43)
Tipo de estratégia (Fator) Item
Quase nunca Algumas vezes Regularmente Frequentemente Quase sempre
1 14 (32,6%) 17 (39,5%) 3 (7,0%) 3 (7,0%) 6 (14,0%)
10 9 (20,9%) 9 (20,9%) 4 (9,3%) 8 (18,6%) 13 (30,2%)
Autopunição
19 16 (37,2%) 4 (9,3%) 6 (14,0%) 9 (20,9%) 8 (18,6%)
28 9 (20,9%) 10 (23,3%) 10 (23,3%) 4 (9,3%) 10 (23,3%)
2 6 (14,0%) 8 (18,6%) 8 (18,6%) 9 (20,9%) 12 (27,9%)
11 6 (14,0%) 6 (14,0%) 5 (11,6%) 9 (20,9%) 17 (39,5%)
Aceitação*
20 19 (44,2%) 10 (23,3%) 5 (11,6%) 3 (7,0%) 6 (14,0%)
29 7 (16,3%) 7 (16,3%) 4 (9,3%) 3 (7,0%) 22 (51,2%)
3 8 (18,6%) 6 (14,0%) 5 (11,6%) 12 (27,9%) 12 (27,9%)
12 11 (25,6%) 7 (16,3%) 7 (16,3%) 7 (16,3%) 11 (25,6%)
Ruminação
21 8 (18,6%) 12 (27,9%) 8 (18,6%) 8 (18,6%) 7 (16,3%)
30 9 (20,9%) 7 (16,3%) 8 (18,6%) 10 (23,3%) 9 (20,9%)
4 6 (14,0%) 10 (23,3%) 7 (16,3%) 9 (20,9%) 11 (25,6%)
13 8 (18,6%) 8 (18,6%) 6 (14,0%) 10 (23,3%) 11 (25,6%)
Reorientação Positiva*
22 6 (14,0%) 7 (16,3%) 5 (11,6%) 11 (25,6%) 14 (32,6%)
31 8 (18,6%) 3 (7,0%) 3 (7,0%) 14 (32,6%) 15 (34,9%)

Continua
103

Tabela 21 (continuação)

Tipo de estratégia Frequência do uso da estratégia cognitiva (n=43)


Item
(Fator) Quase nunca Algumas vezes Regularmente Frequentemente Quase sempre
5 8 (18,6%) 4 (9,3%) 5 (11,6%) 12 (27,9%) 14 (32,6%)

Redirecionamento do Foco 14 8 (18,6%) 6 (14,0%) 12 (27,9%) 5 (11,6%) 12 (27,9%)


para o Planejamento* 23 8 (18,6%) 3 (7,0%) 3 (7,0%) 13 (30,2%) 15 (34,9%)
32 4 (9,3%) 8 (18,6%) 4 (9,3%) 8 (18,6%) 19 (44,2%)
6 14 (32,6%) 6 (14,0%) 6 (14,0%) 9 (20,9%) 15 (34,9%)
15 10 (23,3%) 7 (16,3%) 8 (18,6%) 6 (14,0%) 12 (27,9%)
Reavaliação Positiva
24 16 (37,2%) 9 (20,9%) 7 (16,3%) 4 (9,3%) 7 (16,3%)
33 13 (30,2%) 8 (18,6%) 5 (11,6%) 7 (16,3%) 10 (23,3%)
7 5 (11,6%) 12 (27,9%) 4 (9,3%) 6 (14,0%) 16 (37,2%)

Colocando em 16 4 (9,3%) 6 (14,0%) 2 (4,7%) 9 (20,9%) 22 (51,2%)


Perspectiva* 25 3 (7,0%) 8 (18,6%) 6 (14,0%) 9 (20,9%) 17 (39,5%)
34 4 (9,3%) 8 (18,6%) 2 (4,7%) 6 (14,0%) 23 (53,5%)
8 25 (58,1%) 7 (16,3%) 6 (14,0%) 1 (2,3%) 1 (2,3%)
17 13 (30,2%) 13 (30,2%) 4 (9,3%) 4 (9,3%) 9 (20,9%)
Catastrofização
26 21 (48,8%) 8 (18,6%) 5 (11,6%) 3 (7,0%) 6 (14,0%)
35 13 (30,2%) 9 (20,9%) 3 (7,0%) 10 (23,3%) 8 (18,6%)
9 35 (81,4%) 4 (9,3%) 2 (4,7%) 1 (2,3%) 1 (2,3%)
18 34 (79,1%) 5 (11,6%) 2 (4,7%) 1 (2,3%) 1 (2,3%)
Culpabilizar Outros
27 25 (58,1%) 10 (23,3%) 2 (4,7%) 3 (7,0%) 3 (7,0%)
36 37 (86,0%) 3 (7,0%) 2 (4,7%) 0 (0,0%) 1 (2,3%)
Nota. * indica as estratégias cognitivas de enfrentamento mais utilizadas; a marcação em negrito indica os itens com maior frequência
104

3.5. Discussão

Os resultados encontrados nesse trabalho ressaltam aspectos já encontrados na literatura,


mas também apresentam alguns pontos que merecem atenção em futuras investigações. No que
diz respeito à alta prevalência de sintomas depressivos em indivíduos com DM, os resultados
confirmam os dados já apontados em estudos anteriores (Anderson, Freedland, Clouse, &
Lustman, 2001; Tanenbaum et al., 2013). Também se verificou uma pior QV naqueles que
apresentam mais sintomas depressivos, assim como em outros estudos (Hays et al., 1995;
Suominen et al., 2011; Chung et al., 2013; Choi, Reed, & Sarkisian, 2013). Os resultados
encontrados nesse estudo mostraram que, além de pior QV, os pacientes diabéticos com mais
sintomas depressivos também apresentam nível elevado de sofrimento emocional. Além disso,
aqueles acometidos de maior número de complicações decorrentes da DM têm mais sintomas
depressivos, o que já foi apontado por Egede e Hernades-Tejada (2013). Cabe ressaltar que, nas
análises realizadas no presente estudo, não foi controlada a presença de outros transtornos
mentais além da depressão, assim como de complicações da DM, sendo assim, os resultados
devem ser analisados com cautela, uma vez que podem estar associados a outros fatores que
não apenas os sintomas depressivos.
Um ponto importante mostrado nesse estudo foi que apesar de todos os indivíduos com
DM apresentarem algum nível de sofrimento emocional, esse sofrimento foi maior naqueles
que apresentavam mais sintomas depressivos, principalmente quando se leva em consideração
a presença de problemas emocionais e com o apoio social. Esses resultados ressaltam a
importância de não apenas se avaliarem sintomas depressivos, como de intervir
terapeuticamente, uma vez que sua presença dificulta sobremaneira o controle da doença e,
consequentemente, o bem-estar físico e emocional da pessoa. No que diz respeito aos problemas
com a alimentação e com o tratamento não foram encontradas diferenças significativas entre os
grupos I e II, o que pode estar relacionado à dificuldade de ambos os grupos lidarem com as
restrições alimentares e o tratamento da DM. Essa dificuldade provavelmente se deva à própria
condição da doença e pode não ser influenciada pelos sintomas depressivos. Outro ponto de
destaque é que os indivíduos com DM2 apresentaram mais problemas com a alimentação em
comparação àqueles com DM1. A maior dificuldade de adesão dos pacientes com DM2 à dieta
se deve, entre outros motivos, ao fato de desenvolverem a doença (ou a explicitarem) quando
estão no peso máximo alcançado na vida, à maior dificuldade de reformular os hábitos de vida
à idade do diagnóstico e à prevalência significativa das complicações crônicas nesses pacientes.
105

Ademais, os pacientes com DM1 pertencem, usualmente a grupos etários mais jovens, com
hábitos de vida menos cristalizados e têm, talvez, o viés de receber melhor orientação pelo alto
impacto da doença (instável e fatal se não muito bem abordada) nos próprios pacientes e nos
seus familiares. Esses argumentos podem explicar os resultados encontrados quanto à essa
diferença entre os grupos no que diz respeito aos problemas com a alimentação.
No que se refere à avaliação das cognições disfuncionais presentes nos diabéticos, os
resultados apontaram que ter visões mais negativas de si mesmo, do mundo e do futuro, ou ter
pensamentos depressivos relacionados à baixa autoestima, estão relacionados à pior QV e nível
mais elevado de SEED. O contrário acontece quando se tem uma visão positiva do mundo, que
se relaciona a ter um menor nível de sofrimento emocional, de problemas emocionais e com o
apoio social, e melhor QV. Uma visão positiva de si mesmo também está associada a não ter
problemas com o apoio social necessário na diabetes. A inexistência de diferença significativa
entre os grupos I e II no que diz respeito à visão positiva do futuro, pode ser explicada pelo fato
de os diabéticos, de modo geral, não esperarem que coisas boas aconteçam com eles com o
passar do tempo. Isso aponta para o fato de que esperar por um prognóstico ruim, o que acontece
com a maioria dos indivíduos com DM, tendo que sofrer com a possibilidade de complicações
do quadro e lidar com o medo de morrer prematuramente, não proporcione que os mesmos
tenham uma visão positiva do seu futuro, independentemente de terem, ou não, sintomas
depressivos. A presença mais frequente de cognições (PAs) negativas em pacientes diabéticos
deprimidos também foi encontrada no estudo de Clarke e Goosen (2009). No entanto, até o
momento, não há relatos de investigações quanto às cognições positivas em pessoas com DM.
Destaca-se, ainda, que a presença de cognições disfuncionais independe do tipo de
diabetes que o indivíduo possui. Provavelmente o fato de que os pacientes diabéticos com mais
sintomas depressivos apresentarem uma maior frequência de cognições disfuncionais – em
comparação aqueles sem estes sintomas de humor –, pode ser devido à própria depressão em
si, e não, necessariamente à DM. A literatura apresenta fortes evidências desses tipos de
cognições disfuncionais naqueles com depressão (Beck et al., 1997; Beck & Alford, 2011;
Carneiro & Baptista, 2014). No entanto, os dados encontrados no presente estudo podem servir
para nortear futuras intervenções terapêuticas em diabéticos que apresentem sintomas
depressivos, independentemente da compreensão das suas causas. Assim como nos demais
estudos encontrados na literatura (Clarke & Goosen, 2009; Moldovan, 2009; Gregg et al., 2010;
Gherman & Alionescu, 2015), o presente estudo não utilizou instrumentos que avaliassem
cognições específicas da DM, tal escolha se deu devido à escassez de ferramentas para tal
106

investigação. O uso de instrumentos apropriados facilitaria a identificação dos pensamentos


específicos sobre a doença que são evocados nesses indivíduos, principalmente quando estes se
encontram em um quadro de descontrole da DM.
A investigação das estratégias cognitivas de enfrentamento mostrou que o uso de
estratégias menos adaptativas, em especial a Ruminação e a Catastrofização, está associado a
um nível elevado de SEED e pior QV. Ao contrário, a utilização da Reorientação Positiva se
associa a um bom estado geral de saúde, menor sofrimento emocional, principalmente aqueles
decorrentes de problemas emocionais e com o apoio social. O mesmo acontece com utilizar a
Aceitação que se relaciona com ter menos dor. Tudo isso ocorre independentemente da presença
de sintomas depressivos nos pacientes diabéticos.
Quanto ao tipo de estratégias mais utilizadas pelos indivíduos para enfrentarem a DM,
destaca-se que são mais comuns aquelas mais positivas: aceitação, reorientação positiva,
redirecionamento do foco para o planejamento e colocando em perspectiva. Esse resultado
demonstra que, na maioria das vezes, apesar das limitações ocasionadas pela DM, as pessoas
tendem a enfrentá-la de maneira mais adaptativa. Possivelmente o uso dessas estratégias auxilie
no controle da DM. Pode-se levantar a hipótese também, que ter pensamentos mais positivos
diante da diabetes, minimize o impacto dessas limitações, bem como proporcionem uma melhor
QV. Tal hipótese pôde ser sustentada pelo estudo de Moldovan (2009) que mostrou que a maior
parte dos diabéticos acredita que conseguem controlar a própria doença e que pensar
positivamente é decisivo nesse controle. Essas hipóteses devem ser mais bem avaliadas em
futuras pesquisas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a diabetes e a hipertensão arterial constituem-
se como a primeira causa de internação no SUS. O maior custo econômico com a diabetes se
deve as complicações decorrentes dessa doença como doenças cardiovasculares, diálise devido
a insuficiência renal crônica e amputações dos membros inferiores. Nos últimos anos, dado o
aumento na incidência da DM e o custo financeiro elevado que essa doença traz para o Estado,
tem se desenvolvido políticas públicas, programas e projetos de prevenção, educação e controle
da DM (Brasil, 2012). A maior parte dessas políticas está voltada para a atenção farmacêutica
e autocuidado da doença que promovam uma melhor qualidade de vida desses pacientes, no
entanto, pouco espaço tem sido dado para a avaliação e modificação da associação diabetes-
depressão. O diagnóstico e tratamento para depressão em pacientes diabéticos pode
proporcionar a maior adesão do paciente às orientações médicas, com melhoria da vida pessoal
e social e do curso do tratamento (como melhor controle glicêmico), e diminuição dos riscos
107

de complicações crônicas da doença. Os resultados encontrados na presente dissertação servem,


dentre outros fatores, para estimular a reflexão e a troca de informações entre diferentes
profissionais que atuam com essa população, de modo a facilitar sua avaliação e evolução
clínica. Além disso, contribui também para o conhecimento sobre a prevenção e tratamento da
depressão nestes pacientes diabéticos, podendo ainda servir de subsídio aos governos no
direcionamento de políticas de saúde de forma racionalizada, calcadas em evidência científica,
incentivando a criação de práticas educativas e psicoterápicas comprovadamente eficazes e
eficientes para essa população.
108

4. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intuito de aprofundar o estudo sobre a relação entre diabetes e depressão, a


presente pesquisa buscou primeiramente elucidar o que a literatura já apresenta. Inicialmente,
o intuito nessa revisão foi compreender os impactos dessa relação na QV dos indivíduos.
Posteriormente, verificar a estrutura cognitiva (crenças e pensamentos) e estratégias cognitivas
de enfrentamento utilizadas por esses indivíduos.
A partir das revisões narrativas empreendidas nesse trabalho pôde-se avaliar quão
grandes são os impactos negativos de ser diabético e deprimido na QV de pessoas. A literatura
existente evidencia que a presença dessa comorbidade intensifica o desajuste e sofrimento
emocional da pessoa. Consequentemente, esse estado de ânimo prejudica o autocuidado,
deteriora a QV, e perturba o próprio controle da DM, bem como a prevenção e os cuidados de
suas complicações. Por outro lado, a literatura se mostra insuficiente quando se buscam os
resultados da investigação de cognições disfuncionais nos pacientes diabéticos, menos ainda
em relação às estratégias cognitivas que esses indivíduos utilizam para lidarem com sua doença.
Verificou-se também que essa escassez de estudos sobre esses temas pode ser devida, entre
outros motivos, à falta de instrumentos apropriados para tal investigação.
Diante das constatações e hipóteses apontadas nas revisões da literatura, foram
realizados dois estudos empíricos. O primeiro deles visou realizar a adaptação para o contexto
brasileiro de um instrumento utilizado para avaliar as estratégias cognitivas que geralmente são
utilizadas pelo indivíduo para lidar com um evento negativo ou estressor. Tal estudo permitiu
avaliar as propriedades psicométricas desse instrumento na população geral, e serviu como base
para a criação de uma versão específica para os pacientes diabéticos. O segundo estudo
empreendido visou avaliar a prevalência de sintomas depressivos em pessoas com DM, bem
como verificar a relação entre cognições disfuncionais, estratégias cognitivas de enfrentamento
e QV nesses sujeitos.
Em relação ao instrumento adaptado, o CERQ-B, os resultados mostraram que se trata
de uma boa ferramenta, com propriedades psicométricas adequadas, para a avaliação das
estratégias cognitivas de enfrentamento uma parte primordial da regulação emocional. No
entanto, a versão específica para as pessoas com DM ainda precisa ter suas propriedades
psicométricas avaliadas, o que não foi possível na presente investigação devido ao tamanho
amostral.
109

No que diz respeito à investigação das cognições (crenças e pensamentos) depressivas


em pacientes diagnosticados com DM, um dos principais focos desse trabalho, pode-se dizer
que foi possível confirmar a hipótese de que as cognições disfuncionais comumente
encontradas em indivíduos deprimidos também estariam presentes naqueles pacientes
diabéticos com sintomas depressivos mais proeminentes. Esse achado se constitui enquanto
uma evidência adicional ao modelo cognitivo de depressão utilizado na terapia cognitiva.
Apesar disso, ainda persiste a lacuna quanto às cognições que são específicas da diabetes, o que
se propõe seja mais bem avaliado em futuras pesquisas. Provavelmente sejam comumente
reconhecidas em pacientes diabéticos cognições como, por exemplo, acreditar que é uma pessoa
fraca ou incapaz de manter a doença sobre controle; cognições desse tipo podem interferir
bastante no controle da doença e no bem-estar emocional dos mesmos. Esse conhecimento pode
auxiliar futuramente as intervenções terapêuticas e educativas.
Quanto à investigação das estratégias cognitivas utilizadas pelos indivíduos para
enfrentar a DM, esse estudo se mostra pioneiro até a presente data. Alguns estudos (ver como
exemplo Duangdao & Roesch, 2008) avaliaram as estratégias de coping geral nesses
indivíduos, e mostraram que, aqueles que se concentram na resolução dos problemas, alcançam
melhor controle glicêmico e apresentam menos sintomas depressivos. Ao contrário, pessoas
que focam mais na própria reação emocional diante da doença experienciam mais sintomas
depressivos e ansiosos, bem como maior concentração de glicose no sangue e,
consequentemente, pior controle da DM. Todos esses estudos citados avaliaram as ações que o
indivíduo tem após passar por uma situação estressora, a presente pesquisa, no entanto, avaliou
os pensamentos que o diabético tem diante do fato de ter que conviver com sua doença, tida por
muitos como um evento negativo e estressor. O coping cognitivo faz parte do processo de
regulação emocional, que desempenha um importante papel adaptativo e, portanto, está
relacionada ao bem-estar das pessoas. Compreender quais são as estratégias cognitivas
utilizadas por esses indivíduos poderá propiciar e reforçar intervenções que tenham como
enfoque o ensino, aprendizagem e modificação daquelas estratégias que são menos eficazes,
causadoras de algum sofrimento emocional para esses sujeitos. Um campo de investigação
futura é verificar se o uso de estratégias menos adaptativas está relacionado ao desenvolvimento
ou manutenção de problemas emocionais, que, por sua vez, potencialize as complicações da
DM.
As principais limitações desse estudo se devem ao fato da amostra ser relativamente
pequena, quando se considera a prevalência nacional de pessoas com DM, e por não se ter um
110

grupo de comparação que permitiria verificar se as variáveis analisadas são específicas, ou não,
da DM. Esses dois pontos, somado ao fato dessa investigação ter sido realizada apenas em duas
instituições públicas de Belo Horizonte, devem ser considerados na hora de se interpretar e,
consequentemente, generalizar os resultados aqui encontrados o que deve ser feito com cautela.
111

REFERÊNCIAS

Akaike, H. (1974). A new look at the statistical model identification. IEEE. Transactions on
Automatic Control, 19(6), 716-723.

Akena, D., Kadama, P., Ashaba, S., Akello, C., Kwesiga, B., Rejani, L., Okello, J., Mwesiga,
K., & Okubu, E. A. (2015). The association between depression, quality of life, and the
health care expenditure of patients with diabetes mellitus in Uganda. Journal of Affective
Disorders, 174, 7-12. doi:10.1016/j.jad.2014.11.019

American Diabetes Association (2008). Diagnosis and classification of diabetes mellitus.


Diabetes Care, 31(Suppl 1), S55-S60. doi: 10.2337/dc08-S055

American Diabetes Association (2010). Diagnosis and classification of diabetes mellitus.


Diabetes Care, 33(Suppl 1), S62-S69. doi: 10.2337/dc10-S062

American Psychiatric Association (2014). DSM-5 Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais (5th ed.) Porto Alegre: Artmed.

Amorim, M. I. (2009). Para lá dos números ... Aspectos psicossociais e qualidade de vida do
Indivíduo com Diabetes Mellitus Tipo 2. Tese de doutorado, Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar, Porto.

Amsberg, S., Anderbro, T., Wredling, R., Lisspers, J., Lins, P., Adamson, U., & Johansson, U.
(2009). A cognitive behavior therapy-based intervention among poorly controlled adult
type 1 diabetes patients: A randomized controlled trial. Patient Education and
Counseling, 77(1), 72-80. doi: 10.1016/j.pec.2009.01.015

Anderson, R. J., Freedland, K. E., Clouse, R. E., & Lustman, P. J. (2001). The prevalence of
comorbid depression in adults with diabetes. Diabetes Care, 24(6), 1069-1078. doi:
10.2337/diacare.24.6.1069
112

Araújo, R. H. S. (2011). Adaptação transcultural da Grid Hamilton Rating Scale for


Depression (grid-hamd) para o português brasileiro e avaliação do impacto de um
treinamento sobre a confiabilidade interavaliadores. Dissertação de mestrado,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil.

Atlantis, E., Goldney, R. D., Eckert, K. A., Taylor, A. W, & Phillips, P. (2011). Trends in
health-related quality of life and health service use associated with comorbid diabetes
and major depression in South Australia, 1998-2008. Social Psychiatry and Psychiatric
Epidemiology, 47(6), 871-877. doi: 10.1007/s00127-011-0394-4

Associação Americana de Psiquiatria (2002). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos


mentais (DSM IV). Tradução de Cláudia Dornelles. 4ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas.

Beck, A. T. (2008). The evolution of the cognitive model of depression and its neurobiological
correlates. American Journal of Psychiatry, 165(8), 969-977. doi:
10.1176/appi.ajp.2008.0805072

Beck, A. T. (2005). Além da crença: Uma teoria de modos, personalidade e psicopatologia. In


P. M. Salkovskis (Ed.), Fronteiras da Terapia Cognitiva. (pp. 23-41). São Paulo: Casa
do Psicólogo (Original publicado em 1997).

Beck, A. T, & Bredemeier, K. (2016). A Unified Model of Depression: Integrating Clinical,


Cognitive, Biological, and Evolutionary Perspectives. Clinical Psychological Science.
Advance online publication. doi: 10.1177/2167702616628523

Beck, A. T., & Alford, B. A. (2011). Depressão: Causas e tratamento (2ª ed.). (D. Bueno,
Trad.). Porto Alegre: Artmed (Original publicado em 2009).

Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1997). Terapia cognitiva da depressão (S.
Costa, Trad.). Porto Alegre: Artmed (Original publicado em 1979).
113

Beckham, E. E., Leber, W. R., Wastkins, J. R., Boyer, J. L., & Cook, J. B. (1986). Development
of an instrument to measure Beck’s cognitive triad: The Cognitive Triad Inventory.
Journal of Consulting and Clinical Psychology, 54, 566-567.

Bennett-Murphy, L. M., Thompson, R. J., & Morris, M. A. (1997). Adherence behavior among
adolescents with type 1 insulin-dependent diabetes mellitus: The role of cognitive
appraisal processes. Journal of Pediatric Psychol, 22(6), 811-825.

Botega, N. J., Bio, M. R., Zomignani, M. A., Garcia Jr, C., & Pereira, W. A. B. (1995).
Transtornos do humor em enfermaria de clínica médica e validação de escala de medida
(HAD) de ansiedade e depressão. Revista de Saúde Pública, 29(5), 359-363.

Brasil, Ministério da Saúde. Vigitel Brasil (2015). Vigilância de fatores de risco e proteção
para doenças crônicas por inquérito telefônico: Estimativas sobre frequência e
distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas
capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2014. Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde – Brasília: Ministério da Saúde.

Brasil, Ministério da Saúde. Vigitel Brasil (2012). Vigilância de fatores de risco e proteção
para doenças crônicas por inquérito telefônico: Estimativas sobre frequência e
distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas
capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2011. Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde – Brasília: Ministério da Saúde.

Brasil, Ministério da Saúde (2002). Manual de condutas médicas: Hipertensão arterial e


diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde.

Carper, M. M., Traeger, L., Gonzalez, J. S., Wexler, D. J., Psaros, C., & Safren, S. A. (2013).
The differential associations of depression and diabetes distress with quality of life
domains in type 2 diabetes. Journal of Behavioral Medicine, 37(3), 501-510. doi:
10.1007/s10865-013-9505-x
114

Carver, C.S., & Connor-Smith, J. (2010). Personality and coping. Annual Review of
Psychology, 61(1), 679-704. doi: 10.1146/annurev.psych.093008.100352

Choi, S. E., & Reed, P. L. (2013). Contributors to Depressive Symptoms among Korean
Immigrants with Type 2 Diabetes. Nursing Research, 62(2), 115-121. doi:
10.1097/NNR.0b013e31827aec29

Choi, S. E., Reed, P. L., & Sarkisian, C. S. (2013). Gender Differences in the Relationship
between Diabetes-Specific Quality of Life and Depressive Symptoms in Middle-Aged
and Older Korean Immigrants. Research in Gerontological Nursing, 6(4), 283-292. doi:
10.3928/19404921-20130820-01.

Chung, J. O., Cho, D. H., Chung, D. J., & Chung, M. Y. (2013). Assessment of factors
associated with the quality of life in korean type 2 diabetic patients. Internal Medicine,
52(2), 179-185. doi: 10.2169/internalmedicine.52.7513

Ciconelli, R. M. (1997). Tradução para o português e validação do questionário genérico de


avaliação de qualidade de vida "medical outcomes study 36-item short-form health
survey (SF-36)". Dissertação de mestrado, Universidade Federal de São Paulo, Escola
Paulista de Medicina, São Paulo, SP, Brasil.

Ciconelli, R. M., Ferraz, M. B., Santos, W., Meinão, I., & Quaresma, M. R. (1999). Tradução
para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade
de vida SF-36 (Brasil SF-36). Revista Brasileira de Reumatologia, 39(3), 143-150.

Ciechanowski, P. S., Katon, W.J., & Russo, J.O. (2000). Depression and diabetes: Impact of
depressive symptoms on adherence, function, and costs. Archives of Internal Medicine,
160(21), 3278-3285.

Clark, D. A., & Steer, R. A. (2012). Status empírico do modelo cognitivo de ansiedade e de
depressão. In: Salkovskis, P. M. (Ed.) Fronteiras da Terapia Cognitiva (2a ed.) (Golob,
I. S., & Martinez, T. M., Trad.). São Paulo: Casa do Psicólogo (Original publicado em
1997).
115

Clarke, D. & Goosen, T. (2009). The mediating effects of coping strategies in the relationship
between automatic negative thoughts and depression in a clinical sample of diabetes
patients. Personality and Individual Differences, 46(4), 460-464.
doi:10.1016/j.paid.2008.11.014

Cunha, J.A. (2001). Manual da versão em português das Escalas Beck. Casa do Psicólogo: São
Paulo.

Damásio, B. F. (2012). Uso da análise fatorial exploratória em psicologia. Avaliação


Psicológica, 11(2), 213-228. Recuperado em 17 de novembro de 2016, de
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
04712012000200007&lng=pt&tlng=pt.

Daniele, T. M. C., Bruin, V. M. S., Oliveira, D. S. N., Pompeu, C. M. R., & Forti, A. C. (2013).
Associations among physical activity, comorbidities, depressive symptoms and health-
related quality of life in type 2 diabetes. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e
Metabologia, 57(1), 44-50. doi: 10.1590/S0004-27302013000100006

Dattilio, F. M & Freeman, A. (1998). Introdução à terapia cognitiva. In Dattilio, F. M &


Freeman, A. (Org), Compreendendo a terapia cognitiva (pp 19- 28). Campinas:
Editorial Psy.

DeRubeis, R. J., & Crits-Christoph, P. (1998). Empirically supported individual group


psychological treatments for adult mental disorders. Journal of Consulting and Critical
Psychology, 66(1), 37-52. doi: 10.1037/0022-006x.66.1.37

DeRubeis, R. J., Gelfand, L. A., Tang, T. Z., & Simons, A.D. (1999). Medications versus
cognitive behavior therapy for severely depressed outpatients: Mega-analysis of four
randomized comparison. American Journal of Psychiatric, 156(7), 1007-1013. doi:
10.1176/ajp.156.7.1007
116

Disner, S. G., Beevers, C. G., Haigh, E. A. P., & Beck, A. T. (2011). Neural mechanisms of the
cognitive model of depression. Nature Reviews Neuroscience, 12(8), 467-477. doi:
10.1038/nrn3027

Dobson, K. S. & Dozois, D. J. A. (2006). Fundamentos históricos e filosóficos das terapias


cognitivo-comportamentais. In K. S. Dobson (Ed.). Manual de terapias cognitivo-
comportamentais. (pp. 17-41). Porto Alegre: Artmed.

Doherty, A. M., & Gaughran, F. (2014). The interface of physical and mental health. Social
Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 49(5), 673-682. doi: 10.1007/s00127-014-
0847-7

Domínguez-Sánchez, F. J., Lasa-Aristu, A., Amor, P. J., & Holgado-Tello, F. P. (2011).


Psychometric properties of the Spanish version of the cognitive emotion regulation
questionnaire. Assessment, 20(2), 253-261, doi: 10.1177/1073191110397274

Donald, M., Dower, J., Coll, J. R., Baker, P., Mukandi, B., & Doi, S. A. (2013). Mental health
issues decrease diabetes-specific quality of life independent of glycaemic control and
complications: findings from Australia’s living with diabetes cohort study. Health and
Quality of Life Outcomes, 11(1), 170. doi: 10.1186/1477-7525-11-170

Duangdao, K. M., & Roesch, S. C. (2008). Coping with diabetes in adulthood: A meta-analysis.
Journal of Behavioral Medicine, 31(4), 291-300. doi: 10.1007/s10865-008-9155-6

Duarte, A. C., Matos, A. P., & Marques, C. (2015). Cognitive emotion regulation strategies and
depressive symptoms: Gender’s moderating effect. Procedia: Social and Behavioral
Sciences, 165, 275-283.

Egede, L. E., & Hernades-Tejada, M. A. (2013). Effect of comorbid depression on quality of


life in adults with Type 2 diabetes. Expert Review of Pharmacoeconomics & Outcomes
Research, 13(1), 83-91. doi: 10.1586/erp.12.86.
117

Farrel, S. P., Hains, A. A., Davies, W. H., Smith, P. & Parton, E. (2004). The Impact of
Cognitive Distortions, Stress, and Adherence on Metabolic Control in Youths with Type
1 Diabetes. Journal of Adolescent Health, 34(6), 461-467. doi: 10.1016/S1054-
139X(03)00215-5

Fernandes, S. (2014). A questão emocional na diabetes. Informativos de Psicologia da


Associação de Diabéticos de Juiz de Fora. Acessível em:
http://www.adiabeticosjf.com.br/informativos_ler/8/associacao/diabeticos/

Garnefski, N., & Kraaij, V. (2007). The Cognitive Emotion Regulation Questionnaire.
European Journal of Psychological Assessment, 23(3), 141-149. doi: 10.1027/1015-
5759.23.3.141

Garnefski, N., & Kraaj, V. (2006). Relationships between cognitive emotion regulation
strategies and depressive symptoms: A comparative study of five specific samples.
Personality and Individual Differences, 40(8), 1659-1669.
doi:10.1016/j.paid.2005.12.009

Garnefski, N., Kraaij, V. & Spinhoven, Ph. (2002a). Manual for the use of the Cognitive
Emotion Regulation Questionnaire: Dutch Version (Handleiding voor het gebruik van
de Cognitive Emotion Regulation Questionnaire). Leiderdorp, The Netherlands:
DATEC.

Garnefski, N., Legerstee, J., Kraiij, V., Van den Kommer, T., & Teerds, J. (2002b). Cognitive
coping strategies and symptoms of depression and anxiety: A comparison between
adolescents and adults. Journal of Adolescence, 25, 603-611.
doi:10.1006/jado.2002.0507

Garnefski, N., Kraiij, V., & Spinnhoven, P. (2001). Negative life events, cognitive emotion
regulation and emotional problems. Personality and Individual Differences, 30(8),
1311-1327. doi: 10.1016/S0191-8869(00)00113-6
118

Garnefski, N., Teerds, J., Kraaij, V., Legerstee, J., & Kommer, T. V. D. (2004). Cognitive
emotion regulation strategies and depressive symptoms: Differences between males and
females. Personality and Individual Differences, 36, 267-276.

Gazzaniga, M. S., & Heatherton, T. F. (2005). Ciência Psicológica: Mente, cérebro e


comportamento. Porto Alegre: Artmed.

Gherman, A., & Alionescu, A. (2015). Depression and dysfunctional beliefs. Predictors of
negative appraisal of Insulin treatment. Journal of Evidence-Based Psychotherapies,
15(2), 207-218.

Golden, S. H., Lazo, M., Carnethon, M., Bertoni, A. G., Schreiner, P., Diez Roux, A.V., Lee,
H.B., & Lyketsos, C. (2009). Examining a bidirectional association between depressive
symptoms and diabetes. Journal American Medical Association, 299(23), 2751-2759.
doi: 10.1001/jama.299.23.2751.

Goldney, R. D., Phillips, P. J., Fisher, L. J., & Wilson, D. H. (2004). Diabetes, depression, and
quality of life: A population study. Diabetes Care, 27(5), 1066-1070. doi:
10.2337/diacare.27.5.1066

Gonzalez, J. S., Safren, S. A., Gagliero, E., Wexler, D. J., Delahanty, L., Wittenberg, E., Blais,
M. A., & Meigs, J. B., & Grant, R. W. (2007). Depression, self-care, and medication
adherence in type 2 diabetes: Relationships across the full range of symptom severity.
Diabetes Care, 30(9), 2222-2227. doi: 10.2337/dc07-0158

Gonzalez, J. S, Fisher, L., & Polonsky, W. H. (2011). Depression in diabetes: have we been
missing something important? Diabetes Care, 34(1), 236-239. doi: 10.2337/dc10-1970

Gorenstein, C., Argimon, I.I.L., Wang, Y., & Werlang, B.S.G. (2010). Manual da versão em
português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Gregg, J. A., Schmidt, E., Ward, K., Almada, P., & Knezevich, P. (2010). An alternative model
for understanding the diabetes-depression relationship: the mediational role of thought
119

believability. Journal of Behavioral Health and Medicine, 1(1), 15-23. doi:


10.1037/h0100538

Gregg, J. A., Callaghan, G. M., Hayes, S. C., & Glenn-Lawson, J. L. (2007). Improving diabetes
self-management through acceptance, mindfulness, and values: A randomized
controlled trial. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 75(2), 336-343. doi:
10.1037/0022-006X.75.2.336

Gross, J. J., & Tompson, R. A. (2007). Emotion Regulation: Conceptual Foundations. In J. J.


Gross (Ed.), Handbook of emotion regulation. (pp. 3-24). New York, NY, US: Guilford
Press.

Gross, C. C., Scain, S. F., Scheffel, R., Gross, J. L., & Hutz, C. S. (2007). Brazilian version of
the Problem Areas in Diabetes Scale (B-PAID): Validation and identification of
individuals at high risk for emotional distress. Diabetes Research and Clinical Practice,
76, 455-459. doi:10.1016/j.diabres.2006.09.022

Gyurak, A., Gross, J. J., & Etkin, A. (2011). Explicit and Implicit Emotion Regulation: A Dual-
Process Framework. Cognition & emotion, 25(3), 400-412. doi:
10.1080/02699931.2010.544160

Hamilton M. (1960). A rating scale for depression. Journal of Neurology, Neurosurgery, &
Psychiatry, 23(56), 56-62.

Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J, Anderson, R. E., & Tatham, R. L. (2006). Análise
multivariada de dados (5a ed). Porto Alegre: Artmed.

Hays, R. D., Wells, K. B., Sherbourne, C, D., Rogers, W., & Spritzer, K. (1995). Functioning
and well-being outcomes of patients with depression compared with chronic general
medical illnesses. Archives of General Psychiatry, 52(1), 11-19.
120

Helman, R., & Ciechanowski, P. (2010). Diabetes and depression: Management in ordinary
clinical conditions. In: W. Katon, M. Maj & N. Sartorius (Eds.), Depression and
Diabetes (pp. 109-141) [Adobe Digital Editions version].

Holahan, C. J., Pahl, S. A., Cronkite, R. C., Holahan, C. K., North, R. J., & Moos, R.H. (2010).
Depression and vulnerability to incident physical illness across 10 years. Journal
Affective Disorders, 123(1-3), 222-229. doi: 10.1016/j.jad.2009.10.006

Hora, H. R. M., Monteiro, G. T. R., & Arica, J. (2010). Confiabilidade em questionários para
qualidade: Um estudo com o coeficiente Alfa de Cronbach. Produto & Produção, 11(2),
85-103.

Hudson, J. L., Bundy, C., Coventry, P. A., & Dickens, C. (2014). Exploring the relationship
between cognitive illness representations and poor emotional health and their combined
association with diabetes self-care. A systematic review with meta-analysis. Journal of
Psychosomatic Research, 76(4), 265-274. doi: 10.1016/j.jpsychores.2014.02.004.

Imayama, I., Plotnikoff, R. C., Courneya, K. S., & Johnson, J. A. (2011). Determinants of
quality of life in adults with type 1 and type 2 diabetes. Health and Quality of Life
Outcomes, 19(9), 115. doi: 10.1186/1477-7525-9-115.

Internacional Diabetes Federation (2015). Diabetes Atlas (7a ed). Disponível em:
http://www.diabetesatlas.org/

Ismail, K. (2010). Unraveling the pathogenesis of the depression–diabetes link. In W. Katon,


M. Maj & N. Sartorius (Eds.), Depression and Diabetes (pp. 29-61) [Adobe Digital
Editions version]. doi: 10.1002/9780470667309.ch2

Jermann, F., Van der Linden, M., d'Acremont, M., & Zermatten, A. (2006). Cognitive emotion
regulation questionnaire (CERQ): Confirmatory Factor Analysis and Psychometric
Properties of the French Translation. European Journal of Psychological Assessment,
22(2), 126-131. doi: 10.1027/1015-5759.22.2.126
121

Katon, W. J., Russo, J., Lin, E. H., Heckbert, S. R., Williams, J. H., Ciechanowski, P., Ludman,
E., & von Korff, M. (2009). Diabetes and poor disease control: Is comorbid depression
associated with poor medication adherence or lack of treatment intensification?
Psychosomatic Medicine, 71(9), 965-972. doi: 10.1097/PSY.0b013e3181bd8f55

Katon, W., Simon, G., Russo, J., Von Korff, M., Lin, E. H., Ludman, E., Ciechanowski P.,
Bush, T. (2004). Quality of depression care in a population-based sample of patients
with diabetes and major depression. Medical Care, 42(12), 1222-1229.

Lazarus, R. S. (2006). Emotions and interpersonal relationships: Toward a person-centered


conceptualization of emotions and coping. Journal of Personality, 74(1), 9-46. doi:
10.1111/j.1467-6494.2005.00368.x

Leahy, R. L., Tirch, D., & Napolitano, L.A. (2013). Regulação emocional em psicoterapia: Um
guia para o terapeuta cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed.

Leite, E. S., Lubenow, J. A. M., Moreira, M. R. C., Martins, M. M., Costa, I. P, & Silva, A. O.
(2015). Avaliação do impacto da diabetes mellitus na qualidade de vida de idosos.
Ciência, cuidado e saúde, 14(1), 822-829. doi: 10.4025/cienccuidsaude.v14i1.21353

Lin, E. H. B., Katon, W., von Korff, M., Rutter, C., Simon, G.E., Oliver, M., Ciechanowski, P.,
Ludman, E.J., Bush, T., & Young, B. (2004). Relationship of depression and diabetes
self-care, medication adherence, and preventive care. Diabetes Care, 27(9), 2154-2160.
doi: 10.2337/diacare.27.9.2154

Linehan, M. (2010). Terapia Cognitivo-Comportamental para Transtorno da Personalidade


Borderline. Porto Alegre: Artmed (Original publicado em 1993).

Liu, Y., Maier, M., Wu, J., Li, W., Chen, Y., Qin, Y., Hao, Y., & Jin, R. (2013). A descriptive
and comparative study from china on patients with type-2 diabetes with and without
depressive symptoms. Journal of Community Health Nursing, 30(2), 106-115. doi:
10.1080/07370016.2013.778734
122

Lustman, P. J., Anderson, R. J., Freedland, K. E., de Groot, M., Carney, R. M. & Clouse, R. E.
(2000). Depression and poor glycemic control. Diabetes Care, 23(7), 934-942. doi:
10.2337/diacare.23.7.934

Lustman, P.J., Freedland, K.E., Griffith, L.S., & Clouse, R.E. (1998). Predicting response to
cognitive behavior therapy of depression in type 2 diabetes. General Hospital
Psychiatry, 20(5), 302-306. doi: 10.1016/S0163-8343(98)00039-5

Maletic, V., Robinson, M., Oakes, T., Iyengar, S., Ball, S. G., & Russell, J. (2007).
Neurobiology of depression: an integrated view of key findings. International Journal
of Clinical Practice, 61(12), 2030-2040. doi: 10.1111/j.1742-1241.2007.01602.x

Marcelino, D. B., & Carvalho, M. D. B. (2005). Reflexões sobre a diabetes tipo 1 e sua relação
com o emocional. Psicologia: Reflexão e Crítica, 18(1), 72-77. doi: 10.1590/S0102-
79722005000100010

Markowitz, S.M., Gonzalez, M.M., Wilkinson, J.S., & Safren, A.S. (2011). A review of treating
depression in diabetes: Emerging findings. Psychosomatics, 52(1), 1-18. doi:
10.1016/j.psym.2010.11.007

Martin, R. C., & Dahlen, E. R. (2005). Cognitive emotion regulation in the prediction of
depression, anxiety, stress, and anger. Personality and Individual Differences, 39, 1249-
1260.

Martins, E. C., Freire, M., & Ferreira-Santos, F. (2016). Examination of the transdiagnostic and
specific roles of cognitive emotion regulation strategies in psychological symptoms.
Studia Psychologica, 58(1), 59-73.
Matias, C. O. F., Matias, C. O. F., & Alencar, B. R. (2016). Qualidade de vida em idosos
portadores de Diabetes Mellitus Tipo 2 atendidos em Unidades Básicas de Saúde de
Montes Claros/MG. Revista Brasileira de Qualidade de Vida, 8(2), 119-129. doi:
10.3895/rbqv.v8n2.3841
123

Megreya, A. M., Latzman, R. D., Al-Attiyah, A. A., & Alrashidi, M. (2016). The Robustness
of the Nine-Factor Structure of the Cognitive Emotion Regulation Questionnaire across
Four Arabic-Speaking Middle Eastern Countries. Journal of Cross-Cultural
Psychology, 47(6), 875-890. doi: 10.1177/0022022116644785

Meurs, M., Roest, A. M., Wolffenbuttel, B. H. R., Stolk, P. R., de Jonge, P., Rosmalen, J. G.
M. (2016). Association of depressive and anxiety disorders with diagnosed versus
undiagnosed diabetes: an epidemiological study of 90,686 participants. Psychosomatic
Medicine, 78(2), 233-224. doi: 10.1097/PSY.0000000000000255

Mingoti, S. A. (2011). Análise de dados através de métodos de estatística multivariada - Uma


abordagem aplicada. Belo Horizonte: Editora UFMG

Moldovan, R. (2009). An analysis of the impact of irrational beliefs and illness representation
in predicting distress in cancer and type II diabetes patients. Cognition, Brain, Behavior.
An Interdisciplinary Journal, 13(2), 179-193.

Musselman, D. L., Betan, E., Larsen, H., & Phillips, L. S. (2003). Relationship of Depression
ta diabetes Types 1 and 2: Epidemiology, Biology and Treatment. Biological Psychiatry
54(3), 317-329. doi: 10.1016/S0006-3223(03)00569-9

Nicolau, J., Rivera, R., Francés, C., Chacártegui, B., & Masmiquel, L. (2013). Treatment of
depression in type 2 diabetic patients: Effects on depressive symptoms, quality of life
and metabolic control. Diabetes Research and Clinical Practice, 101(2), 148-152. doi:
10.1016/j.diabres.2013.05.009

Norris, S. L., Lau, J., Smith, S. J., Schmid, C. H., & Engelgau, M. M. (2002). Self-management
education for adults with type 2 diabetes. Diabetes Care, 25(7), 1159-1171. doi:
10.2337/diacare.25.7.1159

Oliva, J., Fernández-Bolãno, A., & Hidalgo, A. (2012). Health- related quality of life in diabetic
people with different vascular risk. BMC Public Health, 12(1), 812. doi: 10.1186/1471-
2458-12-812.
124

Organização Mundial da Saúde (1995). The World Health Organization Quality of Life
Assessment (WHOQOL): Position paper from the World Health Organization. Social
Science and Medicine, 41(10), 403-409.

Pasquali, L. (2007). Validade dos testes psicológicos: Será possível reencontrar o caminho?
Psicologia: Teoria e Pesquisa, 23(nº especial), 99-107.

Patel, B., Oza, B., Patel, K., Malhotra, S., & Patel, V. (2014). Health related quality of life in
type-2 diabetic patients in Western India using World Health Organization Quality of
Life – BREF and appraisal of diabetes scale. International Journal of Diabetes in
Developing Countries, 34(2), 100-107. doi 10.1007/s13410-013-0162-y.

Per, A., & Miclea, M. (2011). The standardization of the Cognitive Emotion Regulation
Questionnaire (CERQ) on Romanian population. Cognition, Brain, Behaviour, 15(1),
111-130.

Pössel, P. (2009). Cognitive Triad Inventory (CTI): Psychometric properties and factor
structure of the German translation. Journal of Behavior Therapy and Experimental
Psychiatry, 40(2), 240-247. doi: 10.1016/j.jbtep.2008.12.001

Prabhakar, V., Gupta, D., Kanade, P., & Radhakrishnan, M. (2015). Diabetes-associated
depression: The serotonergic system as a novel multifunctional target. Indian Journal
of Pharmacology, 47(1), 4-10. doi: 10.4103/0253-7613.150305

Ramos, F. P., Enumo, S. R. F., & Paula, K. M. P. (2015). Teoria motivacional do coping: Uma
proposta desenvolvimentista de análise do enfrentamento do estresse. Estudos de
Psicologia, 32(2), 269-279. doi: 10.1590/0103-166X2015000200011

Ravagnani, L. M. B., Domingos, N. A. M. & Miyazaki, M. C. O. S. (2007). Qualidade de vida


e estratégias de enfrentamento em pacientes submetidos a transplante renal. Estudos de
Psicologia, 12(2), 177-184. doi: 10.1590/S1413-294X2007000200010
125

Rocha, N. S., & Fleck, M. P. (2010). Evaluation of quality of life in adults with chronic health
conditions: The role of depressive symptoms. Revista Brasileira de Psiquiatria, 32(2),
119-124. doi: 10.1590/S1516-44462010000200005

Rubin, R. R., & Peyrot, M. (1999). Quality of life and diabetes. Diabetes Metabolism Research
Review, 15(3), 205-218. doi: 10.1002/(SICI)1520-7560(199905/06)15:3<205::AID-
DMRR29>3.0.CO;2-O

Sartorius, N. (2001). The economic and social burden of depression. Journal of Clinical
Psychiatry, 62(Suppl 15), 8-11.

Saveanu, R. V., & Nemeroff, C. B. (2012). Etiology of Depression: Genetic and Environmental
Factors. Psychiatric Clinics of North America, 35(1), 51-71.
doi:10.1016/j.psc.2011.12.001

Schmitz, N., Gariépy, G., Smith, K. J., Malla, A., Wang, J., Boyer, R., Strychar, I., & Lesage,
A. (2013). The pattern of depressive symptoms in people with type 2 diabetes: A
prospective community study. Journal of Psychosomatic Research, 74(2), 128-134. doi:
10.1016/j.jpsychores.2012.09.021

Sheehan, D.V., Lecrubier, Y., Sheehan, K.H., Amorim, P., Janavs, J., Weiller, E., Hergueta, T.,
Baker, R., & Dunbar, G.C. (1998). The Mini-International Neuropsychiatric Interview
(M.I.N.I.): The development and validation of a structured diagnosticic psychiatric
interview for DSM-IV and ICD-10. Journal of Clinical Psychiatry, 59(20), 22-23, 34-
57.
Sociedade Brasileira de Diabetes (2015). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014-
2015. (J. E. P. de Oliveira, S. Vencio, Orgs.). São Paulo: AC Farmacêutica.

Sociedade Brasileira de Diabetes (2012). Diagnóstico e tratamento da diabetes tipo 1.


Posicionamento oficial SBD 2012. Disponível em:
http://www.portalsaude.ufms.br/manager/titan.php?target=openFile&fileId=477.
126

Suominen, K., Karlsson, H., Rissanen, A., Valtonen, H. M., Räsänen, P., Sintonen, H., Roine,
R. P. (2011). Perceived burden of illness in patients entering for treatment in a university
hospital--is the threshold to secondary care higher for patients with depression than for
those with somatic disorders? European Psychiatry, 26(7), 441-445. doi:
10.1016/j.eurpsy.2010.09.008.

Tanenbaum, M. L., Ritholz, M. D., Binko, D. H., Baek, R. N., Shreck, M. S. E., & Gonzalez,
J. S. (2013). Probing for depression and finding diabetes: a mixed-methods analysis of
depression interviews with adults treated for type 2 diabetes. Journal of Affective
Disorders, 150(2), 533-539. doi: 10.1016/j.jad.2013.01.029

Teng, C. T., Humes, E. C., & Demetrio, F. N. (2005). Depressão e comorbidades clínicas.
Revista de Psiquiatria Clínica, 32(3), 149-159. doi: 10.1590/S0101-
60832005000300007

Teodoro, M.L.M., Ohno, P.M., & Froeseler, M.V.G. (2016). Estrutura fatorial e propriedades
psicométricas do Inventário da Tríade Cognitiva. Revista Psicologia: Teoria e Prática,
18(1), 87‑99. doi: 10.15348/1980-6906/psicologia.v18n1p87-99.

Thommasen, H. V., & Zhang, W. (2006). Health-related quality of life and type 2 diabetes: A
study of people living in the Bella Coola Valley. BC Medical Journal, 48(6), 272-278.

Tuna, E., & Bozo, Ö. (2012). The Cognitive Emotion Regulation Questionnaire: Factor
Structure and Psychometric Properties of the Turkish Version. Journal of
Psychopathology and Behavioral Assessment, 34(4), 564-570. doi: 10.1007/s10862-
012-9303-8

Urbina, S. (2007). Fundamentos da testagem psicológica. (C. Dornelles, Trad.) (Original


publicado em 2004). Porto Alegre: Artmed.

Van der Ven, N., Weinger, K., & Snoek, F. (2002). Cognitive behaviour therapy: How to
improve diabetes self-management. Diabetes Voice, 47(3), 10-13.
127

Vilagut, G., Ferrer, M., Rajmil, L., Rebollo, P., Permanyer-Miralda, G., Quintana, J. M., ...
Alonso, J. (2005). El cuestionario de salud SF-36 español: una década de experiencia y
nuevos desarrollos. Gaceta sanitaria, 19(2), 135-150.

Vismari, L., Alves, G. J., & Palermo-Neto, J. (2008). Depressão, antidepressivos e sistema
imune: um novo olhar sobre um velho problema. Revista de Psiquiatria Clínica, 35(5),
196-204. doi: 0.1590/S0101-60832008000500004

Welch, G. W., Polonsky, W. H., Snoek, F. J., & Pouwer, F. (2000). Diabetes-Related Emotional
Distress in Dutch and U. S. Diabetic Patients: Cross-cultural validity of the Problem
Areas in Diabetes Scale. Diabetes Care, 23, 1305-1309. doi: 10.2337/diacare.23.9.1305

Welschen, L.M. van Oppen, P., Bot, S.D., Kostense, P.J., Dekker, J.M., & Nijpels, G. (2013).
Effects of a cognitive behavioural treatment in patients with type 2 diabetes when added
to managed care; a randomised controlled trial. Journal of Behavioral Medicine, 36(6),
556-566. doi: 10.1007/s10865-012-9451-z

White, C. A. & Trief, P. M. (2007). Psicoterapia para pacientes com doença clínica. In G. O.
Gabbard, J. S. Beck, & J. Holmes (Orgs.), Compêndio de Psicoterapia de Oxford (pp.
534-556). Porto Alegre: Artmed.

World Health Organization (1999). Definition, diagnosis and classification of diabetes mellitus
and its complications: Report of a WHO Consultation. Part 1. Diagnosis and
Classification of Diabetes Mellitus. Geneva: WHO.

Wright. J. H., Basco, M. R., & Thase, M. E. (2008). Aprendendo a terapia cognitivo-
comportamental. Um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed.

Xu, X., Zhao, X., Qian, D., Dong, Q. & Gu, Z. (2015). Investigating Factors Associated with
Depression of Type 2 Diabetic Retinopathy Patients in China. PLoS ONE, 10(7):
e0132616. doi: 10.1371/journal.pone.0132616
128

Zhu, X., Auerbach, R. P., Yao, S., Abela, J. R. Z., Xiao, J., Tong, X. (2008). Psychometric
properties of the Cognitive Emotion Regulation Questionnaire: Chinese version.
Cognition and emotion, 22(2), 288-307. doi: 10.1080/02699930701369035

Zigmond, A. S., & Snaith, R. P. (1983). The Hospital Anxiety and Depression Scale. Acta
Psychiatrica Scandinavica, 67, 361-370.
129

APÊNDICES

APÊNDICE A – Critérios para a seleção dos artigos utilizados na revisão de literatura

A busca para a seleção dos artigos foi realizada no período de 17 a 20 de abril de 2016
nas seguintes bases de dados: PubMed, ScienceDirect, PsycInfo e PsycArticles (APA), Scielo
Brasil, Lilacs e Pepsic. Os descritores e operadores booleanos que foram escolhidos para a
busca podem ser visualizados nas tabelas a seguir. Estes termos foram selecionados com base
em palavras-chave utilizadas em artigos analisados anteriormente à busca. Optou-se pela busca
de artigos publicados em periódicos revisados por pares, que contemplassem os descritores em
seus resumos (abstracts) e que possuíssem o artigo completo disponível gratuitamente pela
internet. Foi realizada a leitura do resumo de todos os artigos encontrados, permitindo a
exclusão dos artigos repetidos e dos trabalhos que não se adequassem aos critérios de inclusão.

Busca sobre qualidade de vida em indivíduos diabéticos e deprimidos

Devido a um número elevado de artigos encontrados na base de dados PubMed (n=1302


artigos), decidiu-se pela restrição dos trabalhos realizados nos últimos 5 anos com humanos.
Não houve restrições quanto ao país de origem dos artigos, nem mesmo quanto à data de
publicação nas demais bases de dados pesquisadas. Os critérios utilizados para a inclusão dos
artigos foram: (1) tratar-se de estudo com adultos com idade igual ou superior a 18 anos e (2)
ter como um dos objetivos avaliar os impactos da associação depressão-diabetes na qualidade
de vida dos indivíduos. Após a leitura dos resumos dos mesmos foi realizada a seleção, de
acordo com os critérios estabelecidos na figura a seguir.
130

Fase 1:
Bases de dados: PubMed, ScienceDirect,
Definição
PsycInfo e PsycArticles (APA), Scielo Brasil,
das bases
Lilacs e Pepsic
de dados

Fase 2: Descritores: (“Diabetes” OR “Diabetes


Definição Mellitus”) AND (“Depression” OR “Depressive
dos Disorder” OR “Major Depressive Disorder”)
descritores AND (“Quality of life” OR “Life Quality” OR
“Life Qualities”)

449 artigos potencialmente relevantes 422 artigos excluídos:


Fase 3: Artigos psicométricos de escalas (n = 6)
Análise Artigos repetidos (n = 4)
Artigos com crianças e/ou adolescentes (n =
dos
19)
resumos
Não avalia a qualidade de vida em diabéticos
deprimidos (n = 393)
Não ter o texto completo disponível (n = 1)

26 artigos analisados integralmente


Fase 4: 14 artigos excluídos:
Análise
integral dos Artigo de revisão (n=1)
textos Não avaliam diretamente a relação
depressão e qualidade de vida (n=13)
12 artigos incluídos na revisão

Figura 1 – Esquema representativo dos procedimentos de seleção dos artigos sobre qualidade
de vida em indivíduos diabéticos e deprimidos

Busca sobre cognições em indivíduos diabéticos

Considerou-se como critérios para inclusão de artigos: (1) tratar-se de estudo com
adultos com idade igual ou superior a 18 anos e (2) ter como um dos objetivos avaliar as crenças,
pensamentos automáticos, e/ou as distorções cognitivas em pacientes diabéticos. Realizou-se a
leitura do resumo de todos os artigos encontrados, possibilitando a exclusão de artigos repetidos
ou que não se adequassem aos critérios de inclusão. O processo de seleção dos artigos pode ser
visto na figura abaixo.
131

Fase 1: Bases de dados: PubMed, ScienceDirect,


Definição PsycInfo e PsycArticles (APA), Scielo Brasil,
das bases Lilacs, e Pepsic
de dados

Descritores: “diabetes” e “diabetes mellitus” conjugados a


“cognitive distortion”, “cognitive distortions”, “automatic
Fase 2: thoughts”, “self-statements”, “self-talk”, “internal dialogue”,
Definição “negative thoughts”, “dysfunctional attitudes”,
dos “dysfunctional beliefs”, “irrational beliefs” e “negative
descritores cognitive”.

43 artigos excluídos:
Fase 3: 47 artigos potencialmente relevantes Artigos repetidos (n = 11)
Análise dos Artigos com crianças e/ou
resumos adolescentes (n = 8)
Estudos que não avaliam as
cognições em diabéticos (n = 23)
4 artigos analisados integralmente Estudo de adaptação de escala
para avaliar crenças (n = 1)

Fase 4:
Análise
integral dos 4 artigos incluídos na revisão
textos

Figura 2 – Esquema representativo dos procedimentos de seleção dos artigos sobre cognições
em indivíduos diabéticos

Busca sobre coping cognitivo em indivíduos diabéticos

Os critérios para inclusão de artigos foram: (1) tratar-se de estudo com adultos, com
idade igual ou superior a 18 anos; (2) ter como um dos objetivos avaliar as estratégias cognitivas
de enfrentamento utilizadas por pacientes diabéticos; (3) possuir artigo completo disponível
gratuitamente pela internet. Conduziu-se a leitura do resumo de todos os artigos encontrados
para verificar a adequabilidade dos mesmos aos critérios de inclusão. A figura abaixo apresenta
todo o processo de seleção e exclusão dos artigos.
132

Fase 1:
Bases de dados: PubMed, ScienceDirect,
Definição
PsycInfo e PsycArticles (APA), Scielo Brasil,
das bases
Lilacs e Pepsic
de dados

Fase 2: Descritores: “diabetes” e “diabetes mellitus”


Definição conjugados a “cognitive coping” OR “cognitive
dos coping strategies” OR “goal adjustment”.
descritores

16 artigos potencialmente relevantes


16 artigos excluídos:
Fase 3: Análise
Somente resumo (n = 4)
dos
Artigos repetidos (n = 2)
resumos/textos Artigos com crianças e/ou
completos adolescentes (n = 6)
Artigo em outra língua (n = 1)
Nenhum artigo foi incluído na revisão
Não avalia estratégias cognitivas de
enfrentamento (n = 3)

Figura 3 – Esquema representativo dos procedimentos de seleção dos artigos sobre coping
cognitivo em indivíduos diabéticos
133

APÊNDICE B – Carta convite da coleta no formato online

Prezado participante,
Você está sendo convidado(a) a participar desta pesquisa que tem o objetivo de adaptar um
instrumento psicológico que visa conhecer as estratégias cognitivas que as pessoas adultas
geralmente utilizam para enfrentar um acontecimento estressante ou ameaçador. Esta pesquisa
faz parte de um estudo maior, conduzido no Laboratório de Processos Cognitivos e coordenado
pelo Prof. Dr. Maycoln Leôni Martins Teodoro e pela psicóloga Priscilla Moreira Ohno, do
Departamento de Psicologia da UFMG. Trata-se de um estudo que investigará a intensidade de
cognições disfuncionais, qualidade de vida e estratégias de enfrentamento em pacientes
diabéticos deprimidos e sem este transtorno do humor. Caso queira conhecer um pouco mais
sobre este, ou os demais projetos desenvolvidos por nós, acesse o nosso site
(http://labcog.webnode.com/projetos/o-identificacao-de-marcadores-cognitivos-de-depressao-
em-pacientes-diabeticos/).
A sua participação nessa pesquisa é voluntária e o preenchimento do questionário será online e
gratuito, não causando qualquer tipo de prejuízo para os participantes da pesquisa. Durante
qualquer etapa você possui o direito de recusar-se a participar da pesquisa ou de retirar seu
consentimento, sem penalidades ou prejuízos pessoais. Todas as informações obtidas serão
criptografadas de modo a garantir a segurança da fonte e impossibilitar a manipulação indevida.
Os dados que serão coletados farão parte de um relatório geral de pesquisa e não serão utilizados
individualmente para qualquer outra finalidade administrativa ou comercial.
Você poderá entrar em contato com a pesquisadora principal, a mestranda Priscilla Moreira
Ohno, a qualquer momento durante a pesquisa, ou posteriormente, para solicitar quaisquer
esclarecimentos acerca da sua participação e/ou da pesquisa através do e-mail
priscillaohno@hotmail.com e/ou pelo telefone (31) 98772-3319.
O tempo estimado para completar o questionário é 10 minutos. Nós nos esforçamos bastante
para tornar essa atividade de responder uma experiência agradável para você. Para participar,
você precisa ler e concordar com todos os pontos elencados no Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE) que lhe será apresentado a seguir. Ao consentir, você declara que autoriza
a sua participação no projeto de pesquisa e que seus dados serão utilizados como parte de um
relatório de pesquisa científica. Você também declara que foi informado dos objetivos e dos
procedimentos a serem utilizados para a coleta de dados, assim como esclarecido o fato de que
sua participação sigilosa não acarretará nenhum prejuízo para a sua situação profissional e
pessoal.
Ressaltamos que sua participação é muito importante para nós!
Muito obrigado!
134

APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)


Prezado participante, você está sendo convidado a participar como voluntário da pesquisa
Avaliação e Intervenção Cognitivo-Comportamental para Depressão em Pacientes Diabéticos,
coordenada pelo Prof. Dr. Maycoln Leôni Martins Teodoro, e pelas psicólogas Priscilla Moreira
Ohno e Alessandra de Fátima Almeida Assumpção, do Departamento de Psicologia da UFMG.
A pesquisa será desenvolvida no Ambulatório de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da
UFMG e tem como objetivo principal identificar os pensamentos, sentimentos e
comportamentos relacionados à depressão e diabetes. Para a condução dessa pesquisa será
necessária a aplicação de alguns instrumentos que você precisará responder individualmente.
Esses instrumentos avaliam crenças e pensamentos que você pode ter sobre o seu tratamento da
diabetes. O tempo médio para responder os questionários é de 1 hora e trinta minutos.
Informamos que a pesquisa que vamos desenvolver não apresenta nenhum risco à sua saúde
física ou psicológica e possui como benefício a possibilidade de verificar a presença de
cognições depressivas e se ela influencia na sua adesão ao tratamento da diabetes, bem como
na sua qualidade e estilo de vida. Durante a avaliação você poderá se sentir desconfortável ao
responder as perguntas, ficar cansado ou se emocionar, mas se algo assim acontecer fale para o
pesquisador que ele saberá como te ajudar. Também garantimos o direito de não participação,
se assim o desejar, sem que isso lhe acarrete prejuízo de qualquer natureza. Você também
poderá a qualquer momento solicitar o cancelamento da sua participação na pesquisa. Não será
cobrada nenhuma taxa ou qualquer outro valor por sua participação na pesquisa. Os resultados
obtidos poderão ser publicados em artigos e eventos científicos. Contudo, em nenhuma hipótese
os participantes serão identificados por seus nomes, sendo mantida em sigilo a sua identidade.
Para colaborar com nossa pesquisa você precisa preencher o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido descrito abaixo. Estamos disponíveis para quaisquer esclarecimentos sobre
eventuais dúvidas que possam surgir a respeito da pesquisa.
Contando com a sua colaboração agradecemos pela atenção.
_______________________ _______________________ _______________________
Psicóloga Priscilla M. Ohno Psicóloga Alessandra F. A.
Assumpção
Prof. Dr. Maycoln L. M.
Teodoro

Prof. Dr. Maycoln L. M. Teodoro – Tel: (31)3409-6267 / (31)98320-2449


Av. Antônio Carlos, 6627. Fafich, Departamento de Psicologia - 4º andar - Sala 4070. Campus Pampulha, Belo
Horizonte, MG – Brasil.
Psicóloga Priscilla Moreira Ohno – Tel: (31)98772-3319
Av. Antônio Carlos, 6627. Fafich, Departamento de Psicologia - 2º andar - Sala 2022A. Campus Pampulha, Belo
Horizonte, MG – Brasil.
Psicóloga Alessandra F. A. Assumpção – Tel: (31)99475-9606
Av. Antônio Carlos, 6627. Fafich, Departamento de Psicologia - 2º andar - Sala 2022A. Campus Pampulha, Belo
Horizonte, MG – Brasil.
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Minas Gerais – Tel: (31)3409-
4592
Av. Antônio Carlos, 6627. Unidade Administrativa II - 2º andar - Sala 2005. Campus Pampulha, Belo Horizonte,
MG – Brasil.
135

Autorização:

Eu, __________________________________________________________________
declaro que fui informado dos objetivos e finalidades do estudo “Avaliação e Intervenção
Cognitivo-Comportamental para Depressão em Pacientes Diabéticos”. Li e entendi as
informações. Tive oportunidade de fazer perguntas e tirar minhas dúvidas. Este formulário está
sendo assinado voluntariamente por mim e concordo em participar do estudo até que eu decida
o contrário, bem como autorizo a divulgação e publicação das informações que dei, exceto os
meus dados pessoais, em eventos e publicações científicas. Sendo assim, assino este
documento, juntamente com o pesquisador, em duas vias de igual teor, ficando uma via sob
minha responsabilidade e a outra via com o pesquisador.

Belo Horizonte, ____de __________de 2016.

_______________________________________
Assinatura do Participante
136

APÊNDICE D - Questionário de Dados do Participante

Nome: _____________________________________________________________
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Idade: __________________
Cidade onde reside atualmente: _________________________________________

Qual é a sua escolaridade?


( ) Não estudou
( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo
( ) Superior incompleto
( ) Superior completo
( ) Pós-graduação

Se você ainda é um estudante universitário, qual curso frequenta?


_____________________________________
( ) Licenciatura ( ) Bacharelado

Qual período da graduação você está cursando? _______________________


137

APÊNDICE E – Questionário de Regulação Emocional Cognitiva (CERQ-B)

Nome: Data de hoje:


Idade (anos): Sexo: Masculino / Feminino Escolaridade:

Como você lida com os eventos?


Todos nós somos confrontados com eventos negativos ou desagradáveis em determinados
momentos da vida e cada um responde de sua própria maneira.
A partir das frases abaixo indique o que você geralmente pensa quando você passa por eventos
negativos ou desagradáveis.
Quase Algumas Regular- Frequen- Quase
nunca vezes mente temente sempre

1. Eu sinto que sou eu o(a) culpado(a) pelo


1 2 3 4 5
que aconteceu.
2. Eu penso que tenho que aceitar o que
1 2 3 4 5
aconteceu.
3. Eu penso sobre como me sinto em
1 2 3 4 5
relação ao que aconteceu.
4. Eu penso em coisas mais agradáveis do
1 2 3 4 5
que o ocorrido.
5. Eu penso no que é que posso fazer
1 2 3 4 5
melhor.
6. Eu penso que posso aprender alguma
1 2 3 4 5
coisa com a situação.
7. Eu penso que tudo poderia ter sido muito
1 2 3 4 5
pior.
8. Eu penso que o que aconteceu comigo é
muito pior do que o que aconteceu com 1 2 3 4 5
os outros.
9. Eu sinto que os outros são os culpados
1 2 3 4 5
pelo que aconteceu.
10. Eu sinto que sou eu o(a) responsável
1 2 3 4 5
pelo que aconteceu.
11. Eu penso que tenho que aceitar a
1 2 3 4 5
situação.
12. Eu me preocupo com o que penso e sinto
1 2 3 4 5
sobre o que aconteceu comigo.
13. Penso em coisas agradáveis que não têm
1 2 3 4 5
nada a ver com a situação.
14. Eu penso sobre como eu posso lidar
1 2 3 4 5
melhor com a situação.
15. Eu penso que posso me tornar uma
pessoa mais forte como resultado do que 1 2 3 4 5
aconteceu.
138

Quase Algumas Regular- Frequen- Quase


nunca vezes mente temente sempre
16. Eu penso que outras pessoas passam por
1 2 3 4 5
experiências muito piores.
17. Continuo pensando no quão terrível foi
1 2 3 4 5
o que aconteceu.
18. Eu sinto que os outros são responsáveis
1 2 3 4 5
pelo que aconteceu.
19. Eu penso nos erros que cometi nesta
1 2 3 4 5
situação.
20. Eu penso que não tem como eu mudar
1 2 3 4 5
nada sobre a situação.
21. Eu quero entender por que eu me sinto
1 2 3 4 5
dessa forma sobre o que aconteceu.
22. Eu penso em algo de bom, em vez do
1 2 3 4 5
que aconteceu.
23. Eu penso sobre como mudar a situação. 1 2 3 4 5
24. Penso que a situação também tem seu
1 2 3 4 5
lado positivo.
25. Eu penso que não foi tão ruim assim
1 2 3 4 5
comparado a outras coisas.
26. Eu penso que o que aconteceu comigo é
o que de pior poderia acontecer a uma 1 2 3 4 5
pessoa.
27. Eu penso nos erros que outras pessoas
cometeram em relação a esse 1 2 3 4 5
acontecimento.
28. Eu penso, basicamente, que a causa
1 2 3 4 5
encontra-se em mim mesmo(a).
29. Eu penso que tenho que aprender a viver
1 2 3 4 5
com isso.
30. Eu tento pensar sobre os sentimentos
1 2 3 4 5
que a situação provocou em mim.
31. Eu penso em experiências agradáveis. 1 2 3 4 5
32. Eu penso em um plano sobre o melhor
1 2 3 4 5
que eu posso fazer.
33. Procuro pelos lados positivos da
1 2 3 4 5
situação.
34. Eu digo a mim mesmo que há coisas
1 2 3 4 5
piores na vida.
35. Eu fico pensando o tempo todo em como
1 2 3 4 5
a situação foi horrível.
36. Eu sinto que, basicamente, a causa está
1 2 3 4 5
nos outros.

Obrigado por preencher este questionário!


139
140

APÊNDICE F - Questionário de Dados do Paciente

Nome do participante: __________________________________________________

Endereço:___________________________________________________________________

Telefones:_________________________________

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Data de Nascimento: _______________________

Escolaridade:

( ) Não estudou Até qual ano? _____________

( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino médio completo

Até qual ano? ____________ ( ) Superior incompleto

( ) Ensino fundamental completo ( ) Superior completo

( ) Ensino médio incompleto ( ) Pós-graduação

Você trabalha? ( ) Sim ( ) Não Qual sua profissão? ___________________________

Você é religioso(a)? ( ) Sim ( ) Não Qual sua religião? ___________________________

Estado civil: _________________

Tem filhos? Se sim, quantos? ___________________________

Quem mora com você em sua casa? _________________________________________

Que tipo de Diabetes Mellitus você tem?

( ) Tipo 1 ( ) Tipo 2 ( ) Outro tipo. Especifique: ______________

Tem o diagnóstico há quanto tempo? _________________________

Quando você começou o seu tratamento para diabetes? __________________________

Como é o seu tratamento?

( ) Antidiabéticos orais ( ) Insulina ( ) Dieta Alimentar ( ) Exercícios Físicos

Que tipos de exercícios? _____________________________________________________


141

Tem algum destes problemas?

( ) Nos olhos ( ) Nos pés ( ) Nos rins (Nefropatia)

( ) No coração ( ) Nos nervos (Neuropatia)

Tem alguma dessas outras doenças?

( ) Hipertensão Arterial ( ) Obesidade ( ) Dislipidemia

( ) Doença Vascular Periférica ( ) Epilepsia ( )Outras.Especifique: ___________

Você está ou esteve em atendimento psiquiátrico ou psicológico?

( ) Não ( ) Sim

Se sim, por qual motivo? E por quanto tempo?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Usa algum medicamento psiquiátrico? Qual?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Alguém da sua família está ou esteve em atendimento psicológico ou psiquiátrico?

( ) Sim ( ) Não Se sim, quem (parentesco)? _________________________________________

Você perdeu recentemente (nos últimos três meses) algum ente querido?

( ) Não ( ) Sim. Quem? ______________________

Houve alguma mudança nos seus relacionamentos com outras pessoas depois que você
descobriu que tinha diabetes?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

O que tem te ajudado a enfrentar essa doença?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
142

Tem alguém que te ajuda com a diabetes? Quem e como essa pessoa te ajuda?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Quais são suas maiores preocupações hoje em dia?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

O que você espera que aconteça com você daqui para frente?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
143

APÊNDICE G – Questionário de regulação Emocional Cognitiva para Diabéticos (CERQ-


BD)

Como você lida com seu diabetes?


Assim como você, existem várias pessoas no mundo que têm diabetes, e todos lidam com isso
da sua pópria maneira. Sendo assim, cada um tem uma maneira diferente de pensar sobre seu
diabetes. Por favor, leia as frases abaixo e indique com que frequência você tem os seguintes
pensamentos quando pensa no seu diabetes.

Quase Algumas Regular- Frequen- Quase


nunca vezes mente temente sempre
1. Eu sinto que sou eu o(a) culpado(a) de
1 2 3 4 5
tudo.
2. Eu penso que tenho que aceitar o meu
1 2 3 4 5
diabetes.
3. Eu penso sobre como me sinto sobre ter
1 2 3 4 5
diabetes.
4. Eu penso em coisas mais agradáveis do
1 2 3 4 5
que no meu diabetes.
5. Eu penso no que é que posso fazer para
1 2 3 4 5
melhorar meu diabetes.
6. Eu penso que posso aprender alguma
1 2 3 4 5
coisa com meu diabetes.
7. Eu penso que tudo poderia ter sido muito
1 2 3 4 5
pior.
8. Eu penso que o que aconteceu comigo é
muito pior do que o que aconteceu com 1 2 3 4 5
os outros.
9. Eu sinto que os outros são os culpados
1 2 3 4 5
pelo meu diabetes.
10. Eu sinto que sou eu o(a) único(a)
1 2 3 4 5
responsável pelo meu diabetes.
11. Eu acho que tenho que aprender a
1 2 3 4 5
conviver com a diabetes.
12. Eu me preocupo com o que penso e sinto
1 2 3 4 5
sobre o meu diabetes.
13. Penso em coisas agradáveis que não têm
1 2 3 4 5
nada a ver com meu diabetes.
14. Eu penso sobre como eu posso lidar
1 2 3 4 5
melhor com meu diabetes.
15. Eu penso que posso me tornar uma
pessoa mais forte como resultado do 1 2 3 4 5
meu diabetes.
16. Eu penso que outras pessoas passam por
experiências muito piores do que ter 1 2 3 4 5
diabetes.
144

Quase Algumas Regular- Frequen- Quase


nunca vezes mente temente sempre
17. Continuo pensando no quão terrível é ter
1 2 3 4 5
diabetes.
18. Eu sinto que os outros são responsáveis
1 2 3 4 5
pelo meu diabetes.
19. Eu penso nos erros que cometi para ter
1 2 3 4 5
diabetes.
20. Eu penso que não tem como eu mudar
1 2 3 4 5
nada sobre meu diabetes.
21. Eu quero entender por que eu me sinto
1 2 3 4 5
dessa forma sobre ter diabetes.
22. Eu penso em algo de bom, em vez do
1 2 3 4 5
meu diabetes.
23. Eu penso sobre como mudar meu
1 2 3 4 5
diabetes.
24. Penso que meu diabetes também tem seu
1 2 3 4 5
lado positivo.
25. Eu penso que ter diabetes não é tão ruim
1 2 3 4 5
assim comparado a outras coisas.
26. Eu penso que ter diabetes é o que de pior
1 2 3 4 5
poderia acontecer a uma pessoa.
27. Eu penso nos erros que outras pessoas
1 2 3 4 5
cometeram em relação ao meu diabetes.
28. Eu penso, basicamente, que a causa do
meu diabetes encontra-se em mim 1 2 3 4 5
mesmo(a).
29. Eu penso que tenho que aprender a viver
1 2 3 4 5
com meu diabetes.
30. Eu tento pensar sobre os sentimentos
1 2 3 4 5
que meu diabetes provoca em mim.
31. Eu penso em experiências agradáveis. 1 2 3 4 5
32. Eu penso em um plano sobre o melhor
1 2 3 4 5
que eu posso fazer.
33. Procuro pelos lados positivos da
1 2 3 4 5
diabetes.
34. Eu digo a mim mesmo que há coisas
1 2 3 4 5
piores na vida.
35. Eu fico pensando o tempo todo em como
1 2 3 4 5
ter diabetes é horrível.
36. Eu sinto que, basicamente, a causa do
1 2 3 4 5
meu diabetes está nos outros.

Obrigado por preencher este questionário!


145

APÊNDICE H – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para pacientes do Centro de


Saúde

Prezado participante, você está sendo convidado a participar como voluntário da pesquisa Avaliação e
Intervenção Cognitivo-Comportamental para Depressão em Pacientes Diabéticos, coordenada pelo Prof. Dr.
Maycoln Leôni Martins Teodoro, e pelas psicólogas Priscilla Moreira Ohno e Alessandra de Fátima Almeida
Assumpção, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. A pesquisa será
desenvolvida no Centro de Saúde Alcides Lins e tem como objetivo principal identificar os pensamentos,
sentimentos e comportamentos relacionados à depressão e diabetes. Para a condução dessa pesquisa será necessária
a aplicação de alguns instrumentos que você precisará responder individualmente. Esses instrumentos avaliam
crenças e pensamentos que você pode ter sobre o seu tratamento da diabetes. O tempo médio para responder os
questionários é de 3 horas, e a avaliação será realizada em dois dias distintos, cada dia com a duração máxima de
1 hora e trinta minutos.
Informamos que a pesquisa que vamos desenvolver não apresenta nenhum risco à sua saúde física ou
psicológica e possui como benefício a possibilidade de verificar a presença de cognições depressivas e se elas
influenciam na sua adesão ao tratamento da diabetes, bem como na sua qualidade e estilo de vida. Durante a
avaliação você poderá se sentir desconfortável ao responder as perguntas, ficar cansado ou se emocionar, mas se
algo assim acontecer fale para o pesquisador que ele saberá como te ajudar. Se durante a avaliação for constatado
a presença de problemas ou dificuldades psicológicas, você terá direito à assistência psicológica gratuita que será
realizada no próprio centro de saúde por um profissional qualificado da nossa equipe. Você tem garantido o seu
direito de não aceitar participar ou de retirar sua permissão, a qualquer momento, sem nenhum tipo de prejuízo ou
retaliação, pela sua decisão. Você também poderá a qualquer momento solicitar maiores informações, para isto
basta entrar em contato com o pesquisador. Você não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa
além do custo com o deslocamento até o centro de saúde, bem como nada será pago por sua participação. Fica
garantida a indenização em casos de danos, comprovadamente decorrentes da sua participação na pesquisa,
conforme decisão judicial ou extrajudicial.
Os resultados obtidos poderão ser publicados em artigos e eventos científicos. Contudo, em nenhuma
hipótese os participantes serão identificados por seus nomes, sendo mantida em sigilo a sua identidade. Os
instrumentos e documentos utilizados nesta avaliação serão armazenados por 5 (cinco) anos, em local apropriado
no Departamento de Psicologia, ficando sob a responsabilidade dos pesquisadores, sendo garantido o acesso
restrito à essas informações e o sigilo das mesmas.
Caso você concorde em participar desta pesquisa, você precisa rubricar esta folha do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e preencher a autorização apresentada a seguir com as suas informações e
assina-la juntamente aos pesquisadores. Este documento possui duas vias, sendo uma delas sua, e a outra, do
pesquisador responsável pela pesquisa. Estamos disponíveis para quaisquer esclarecimentos sobre eventuais
dúvidas que possam surgir a respeito desta pesquisa. Seguem os telefones e o endereço institucional dos
pesquisadores responsáveis e dos Comitês de Ética em Pesquisa – CEP, onde você poderá tirar suas dúvidas sobre
o projeto e sua participação nele, agora ou a qualquer momento.
146

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Autorização:

Eu, __________________________________________________________________ declaro que fui


informado dos objetivos e finalidades do estudo “Avaliação e Intervenção Cognitivo-Comportamental para
Depressão em Pacientes Diabéticos”. Li e entendi as informações. Tive oportunidade de fazer perguntas e
tirar minhas dúvidas. Este formulário está sendo assinado voluntariamente por mim e concordo em participar
do estudo até que eu decida o contrário, bem como autorizo a divulgação e publicação das informações que dei,
exceto os meus dados pessoais, em eventos e publicações científicas. Sendo assim, assino este documento,
juntamente com o pesquisador, em duas vias de igual teor, ficando uma via sob minha responsabilidade e a
outra via com o pesquisador.
Belo Horizonte, ____de __________de 2016.

_______________________________________
Assinatura do Participante

Contando com a sua colaboração agradecemos pela atenção.

___________________________ __________________________ _______________________


Prof. Dr. Maycoln L. M. Teodoro Psic. Priscilla M. Ohno Psic. Alessandra Assumpção

Prof. Dr. Maycoln L. M. Teodoro – Tel: (31) 3409-6267 / (31) 98320-2449


Av. Antônio Carlos, 6627. Fafich, Departamento de Psicologia - 4º andar - Sala 4070. Campus Pampulha, Belo
Horizonte, MG – Brasil.
Priscilla Moreira Ohno (Psicóloga) – Tel: (31) 98772-3319
Av. Antônio Carlos, 6627. Fafich, Departamento de Psicologia - 2º andar - Sala 2022A. Campus Pampulha, Belo
Horizonte, MG – Brasil.
Alessandra F. A. Assumpção (Psicóloga) – Tel: (31) 99475-9606
Av. Antônio Carlos, 6627. Fafich, Departamento de Psicologia - 2º andar - Sala 2022A. Campus Pampulha, Belo
Horizonte, MG – Brasil.
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Minas Gerais – Tel: (31)
3409-4592
Av. Antônio Carlos, 6627. Unidade Administrativa II - 2º andar - Sala 2005. Campus Pampulha, Belo Horizonte,
MG – Brasil.
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte –
Tel: (31) 3277-5309. Rua Frederico Bracher Júnior, 103, 3º andar - sala 302. Padre Eustáquio, Belo Horizonte,
MG – Brasil.
147

ANEXOS

ANEXO A – SF-36
INSTRUÇÕES: As questões que se seguem pedem-lhe a opinião sobre a sua saúde, a forma
como se sente e sobre a sua capacidade de desempenhar as atividades atuais.
Pedimos que leia com atenção cada pergunta e responda o mais honestamente possível. Se não
tiver a certeza sobre a resposta a dar, dê-nos a que achar mais apropriada e, se quiser, escreve
um comentário a seguir à pergunta.

Para as perguntas 1 e 2, por favor coloque um círculo no número que melhor descreve a sua saúde.

1- Em geral você diria que sua saúde é:


Excelente Muito Boa Boa Ruim Muito Ruim
1 2 3 4 5

2- Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua idade em geral, agora?
Muito Melhor Um Pouco Melhor Quase a Mesma Um Pouco Pior Muito Pior
1 2 3 4 5

3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum. Devido à
sua saúde, você teria dificuldade para fazer estas atividades? Neste caso, quando?
(Por favor, assinale com um círculo um número em cada
linha)
Não, não
Sim, dificulta Sim, dificulta um
Atividades dificulta de
muito pouco
modo algum
a) Atividades Rigorosas, que exigem muito
esforço, tais como correr, levantar objetos 1 2 3
pesados, participar em esportes árduos.
b) Atividades moderadas, tais como mover uma
mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a 1 2 3
casa.
c) Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3
d) Subir vários lances de escada 1 2 3
e) Subir um lance de escada 1 2 3
f) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3
g) Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3
h) Andar vários quarteirões 1 2 3
i) Andar um quarteirão 1 2 3
j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
148

4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou com alguma
atividade regular, como consequência de sua saúde física?
Sim Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras 1 2
atividades?
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou a outras atividades. 1 2
d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (p. ex. necessitou de 1 2
um esforço extra).

5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou outra atividade
regular diária, como consequência de algum problema emocional (como se sentir deprimido ou ansioso)?
Sim Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras 1 2
atividades?
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto cuidado como geralmente 1 2
faz.

6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais interferiram nas
suas atividades sociais normais, em relação à família, amigos ou em grupo?
De forma nenhuma Ligeiramente Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5

7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?


Nenhuma Muito leve Leve Moderada Grave Muito grave
1 2 3 4 5 6

8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho normal (incluindo o trabalho dentro
de casa)?
De maneira alguma Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
149

9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as últimas 4
semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime de maneira como você se sente,
em relação às últimas 4 semanas.
Uma
A maior Uma boa Alguma
Todo pequena
parte do parte do parte do Nunca
Tempo parte do
tempo tempo tempo
tempo
a) Quanto tempo você tem se
sentindo cheio de vigor, de 1 2 3 4 5 6
vontade, de força?
b) Quanto tempo você tem se
sentido uma pessoa muito 1 2 3 4 5 6
nervosa?
c) Quanto tempo você tem se
sentido tão deprimido que 1 2 3 4 5 6
nada pode anima-lo?
d) Quanto tempo você tem se
sentido calmo ou tranquilo? 1 2 3 4 5 6

e) Quanto tempo você tem se


1 2 3 4 5 6
sentido com muita energia?
f) Quanto tempo você tem se
sentido desanimado ou 1 2 3 4 5 6
abatido?
g) Quanto tempo você tem se
1 2 3 4 5 6
sentido esgotado?
h) Quanto tempo você tem se
1 2 3 4 5 6
sentido uma pessoa feliz?
i) Quanto tempo você tem se
1 2 3 4 5 6
sentido cansado?

10- Durante as últimas 4 semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais interferiram
com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)?
Todo A maior parte do Alguma parte do tempo Uma pequena parte Nenhuma parte do
Tempo tempo do tempo tempo
1 2 3 4 5
150

11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
A maioria das A maioria Definitiva-
Definitivamente
vezes Não sei das vezes
verdadeiro mente falso
verdadeiro falso
a) Eu costumo obedecer um
pouco mais facilmente que as 1 2 3 4 5
outras pessoas
b) Eu sou tão saudável quanto
qualquer pessoa que eu 1 2 3 4 5
conheço
c) Eu acho que a minha saúde
1 2 3 4 5
vai piorar
d) Minha saúde é excelente 1 2 3 4 5

CÁLCULO DOS ESCORES DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA

Fase 1: Ponderação dos dados

Questão Pontuação
01 Se a resposta for Pontuação
1 5,0
2 4,4
3 3,4
4 2,0
5 1,0
02 Manter o mesmo valor
03 Soma de todos os valores
04 Soma de todos os valores
05 Soma de todos os valores
151

06 Se a resposta for Pontuação


1 5
2 4
3 3
4 2
5 1
07 Se a resposta for Pontuação
1 6,0
2 5,4
3 4,2
4 3,1
5 2,0
6 1,0
08 A resposta da questão 8 depende da nota da questão 7
Se 7 = 1 e se 8 = 1, o valor da questão é (6)
Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 1, o valor da questão é (5)
Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 2, o valor da questão é (4)
Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 3, o valor da questão é (3)
Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 4, o valor da questão é (2)
Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 3, o valor da questão é (1)

Se a questão 7 não for respondida, o escorre da questão 8 passa a ser o seguinte:


Se a resposta for (1), a pontuação será (6)
Se a resposta for (2), a pontuação será (4,75)
Se a resposta for (3), a pontuação será (3,5)
Se a resposta for (4), a pontuação será (2,25)
Se a resposta for (5), a pontuação será (1,0)
152

09 Nesta questão, a pontuação para os itens a, d, e ,h, deverá seguir a seguinte


orientação:
Se a resposta for 1, o valor será (6)
Se a resposta for 2, o valor será (5)
Se a resposta for 3, o valor será (4)
Se a resposta for 4, o valor será (3)
Se a resposta for 5, o valor será (2)
Se a resposta for 6, o valor será (1)
Para os demais itens (b, c,f,g, i), o valor será mantido o mesmo
10 Considerar o mesmo valor.
11 Nesta questão os itens deverão ser somados, porém os itens b e d deverão seguir a
seguinte pontuação:
Se a resposta for 1, o valor será (5)
Se a resposta for 2, o valor será (4)
Se a resposta for 3, o valor será (3)
Se a resposta for 4, o valor será (2)
Se a resposta for 5, o valor será (1)

Fase 2: Cálculo do Raw Scale

Nesta fase você irá transformar o valor das questões anteriores em notas de 8 domínios que
variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 = pior e 100 = melhor para cada domínio. É chamado
de raw scale porque o valor final não apresenta nenhuma unidade de medida.

Domínio:
• Capacidade funcional
• Limitação por aspectos físicos
• Dor
• Estado geral de saúde
• Vitalidade
• Aspectos sociais
• Aspectos emocionais
• Saúde mental
153

Para isso você deverá aplicar a seguinte fórmula para o cálculo de cada domínio:

Domínio:
Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100
Variação (Score Range)

Na fórmula, os valores de limite inferior e variação (Score Range) são fixos e estão estipulados
na tabela abaixo.

Domínio Pontuação das questões Limite inferior Variação


correspondidas
Capacidade funcional 03 10 20
Limitação por aspectos 04 4 4
físicos
Dor 07 + 08 2 10
Estado geral de saúde 01 + 11 5 20
Vitalidade 09 (somente os itens a + e + 4 20
g + i)
Aspectos sociais 06 + 10 2 8
Limitação por aspectos 05 3 3
emocionais
Saúde mental 09 (somente os itens b + c + 5 25
d + f + h)

Exemplos de cálculos:
• Capacidade funcional: (ver tabela)

Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – limite inferior x 100


Variação (Score Range)

Capacidade funcional: 21 – 10 x 100 = 55


20

O valor para o domínio capacidade funcional é 55, em uma escala que varia de 0 a 100, onde o
zero é o pior estado e cem é o melhor.
154

• Dor (ver tabela)


- Verificar a pontuação obtida nas questões 07 e 08; por exemplo: 5,4 e 4, portanto somando-
se as duas, teremos: 9,4

- Aplicar fórmula:
Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – limite inferior x 100
Variação (Score Range)
Dor: 9,4 – 2 x 100 = 74
10
O valor obtido para o domínio dor é 74, numa escala que varia de 0 a 100, onde zero é o
pior estado e cem é o melhor.
Assim, você deverá fazer o cálculo para os outros domínios, obtendo oito notas no final,
que serão mantidas separadamente, não se podendo soma-las e fazer uma média.

Obs.: A questão número 02 não faz parte do cálculo de nenhum domínio, sendo utilizada
somente para se avaliar o quanto o indivíduo está melhor ou pior comparado a um ano atrás.

Se algum item não for respondido, você poderá considerar a questão se esta tiver sido
respondida em 50% dos seus itens.
155

Anexo B - Inventário da Tríade Cognitiva (ITC)


© Teodoro, Ohno & Froeseler

Nome: _____________________________________________________________________

Sexo: ____ Feminino____ MasculinoIdade: ____ anos

Este inventário lista diferentes ideias que as pessoas às vezes têm. Mostre o quanto você concorda com
cada uma dessas ideias, marcando a resposta que melhor descreve a sua opinião. Certifique-se de escolher
apenas uma resposta para cada frase. Responda de acordo com o que você está pensando NESTE
MOMENTO.

EXEMPLO:

CONCORDO TOTALMENTE
CONCORDO MUITO
CONCORDO UM POUCO
NEM CONCORDO, NEM DISCORDO
DISCORDO UM POUCO
DISCORDO MUITO
DISCORDO TOTALMENTE
Concordo muito

Nem concordo,
Concordo um

nem discordo

Discordo um
totalmente

totalmente
Concordo

Discordo

Discordo
pouco

pouco

muito
1. A vida tem seus altos e baixos.

No exemplo acima, a marca em “Concordo um pouco” indica que quem respondeu a este questionário
concorda um pouco com a ideia de que “a vida tem seus altos e baixos”.

AGORA VIRE A PÁGINA E COMECE.


156

Instruções: Marque a resposta que melhor descreva a sua opinião. Escolha uma única resposta para cada ideia.
Responda as frases de acordo com o que você está sentindo NESTE MOMENTO.

CONCORDO TOTALMENTE
CONCORDO MUITO
CONCORDO UM POUCO
NEM CONCORDO, NEM DISCORDO
DISCORDO UM POUCO
DISCORDO MUITO
DISCORDO TOTALMENTE

RESPONDA as frases de acordo com o que você está pensando NESTE MOMENTO.

Nem concordo,
Concordo um

nem discordo

Discordo um
totalmente

totalmente
Concordo

Concordo

Discordo

Discordo
pouco

pouco
muito

muito
1. Eu tenho muitos talentos e habilidades.
2. Meu trabalho (trabalho doméstico,
trabalho escolar, tarefas diárias) é
desagradável.
3. A maioria das pessoas são amigáveis e
prestativas.
4. Nada parece dar certo para mim.
5. Eu sou um fracasso.
6. Eu gosto de pensar sobre as coisas boas que
terei pela frente.
7. Eu faço o meu trabalho (emprego, escola,
trabalho doméstico) adequadamente.
8. As pessoas que eu conheço me ajudam
quando eu preciso.
9. Espero que as coisas dêem certo para mim
a partir de agora.
10. Tenho estragado quase todas as relações
importantes que já tive.
11. O futuro reserva muita emoção para mim.
12. Minhas atividades diárias são divertidas e
gratificantes.
13. Eu não consigo fazer nada direito.
14. As pessoas gostam de mim.
15. Não resta nada em minha vida para
desejar.
16. Meus problemas ou preocupações atuais
estarão sempre presentes, de uma forma ou de
outra.
17. Eu me comporto tão bem quanto as outras
pessoas que eu conheço.
18. O mundo é um lugar muito hostil.
19. Não há nenhuma razão para eu estar
esperançoso quanto ao futuro.
20. As pessoas importantes na minha vida são
prestativas e me apoiam.
21. Eu me odeio.
157

Concordo muito

Nem concordo,
Concordo um

nem discordo

Discordo um
totalmente

totalmente
Concordo

Discordo

Discordo
pouco

pouco

muito
22. Eu vou superar meus problemas.
23. Acontecem muitas coisas ruins comigo.
24. Eu tenho um(a) companheiro(a) ou
amigos que são calorosos e prestativos.
25. Eu posso fazer bem várias coisas.
26. Meu futuro é simplesmente terrível
demais para se pensar.
27. Minha família não se importa com o que
acontece comigo.
28. As coisas vão funcionar bem para mim no
futuro.
29. Sou culpado por muitas coisas.
30. Não importa o que eu faça, as outras
pessoas tornam as coisas que eu quero mais
difíceis.
31. Eu sou uma pessoa com muitas
qualidades.
32. Não há nada para desejar nos próximos
anos.
33. Eu gosto de mim mesmo.
34. Eu estou enfrentando muitas dificuldades.
35. Eu tenho defeitos graves.
36. Espero estar contente e satisfeito com o
passar dos anos.

Você também pode gostar