117072-Texto Do Artigo-215442-1-10-20160630
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RESUMO
Este artigo analisa a agricultura do Estado de Santa Catarina utilizando a análise fatorial
ponderada, o cálculo do pessoal ocupado e medidas de concentração da posse da
terra em cinco cortes temporais de 1920 a 1985. No Estado, a concentração fundiária
predominou, desde 1920, na faixa de média e forte, com um aumento no período mais
recente. O pessoal ocupado foi crescente no período, estando concentrado no Litoral
no início do século e em 1985 na MRH Colonial do Oeste Catarinense. As
transformações ocorridas desde 1920, com exceção de 1980, relacionaram-se à
intensidade de exploração da terra, associada, quase sempre, ao uso da força animal,
mão-de-obra familiar e pastagens plantadas. A modernização foi limitada pelas
características das propriedades e dos solos predominantes, estando associada aos
complexos agroindustriais de cana-de-açúcar, fumo, aves e suínos.
PALAVRAS-CHAVE
agricultura de Santa Catarina, desenvolvimento da agricultura, estrutura fundiária,
trabalhadores rurais, modernização
ABSTRACT
This paper analyzes the agriculture of the State of Santa Catarina using the weighted
factorial analysis, number of rural workers and measures of land tenure concentration in
five cross-sections from 1920 to 1985. In the State the degree of land concentration
prevailing since 1920 varied from medium to high having increased in last years of the
analyzed period. The number of rural workers have increased in the period and they
were concentrated in the Coastal region in the beginning of the century and in the MRH
Colonial do Oeste Catarinense in 1985. The transformations occurred since 1920, except
1980, were related to intensity of land exploitation associated most of the time with the
animal force, family labor and cultivated pastures. The agriculture modernization was
limited by farms characteristics and predominant soils being associated to the sugar-
cane, tobacco, poultry and hogs agribusiness complex.
KEY WORDS
Santa Catarina agriculture, agriculture development, land structure, rural workers,
modernization
INTRODUÇÃO
Porém, a agricultura não podia mais crescer apenas em extensão; eram necessários
aumentos de produtividade no curto prazo. Sendo assim, foi adotado um conjunto
de políticas que visavam à modernização da agricultura brasileira. Estas políticas
partiam do crédito subsidiado e do uso de insumos modernos, os quais geraram
uma revolução tecnológica, cujos excedentes foram utilizados para financiar o
setor industrial.
Nas últimas décadas, devido a sua importância, o estudo de todo este processo e as
suas conseqüências sobre o meio rural têm sido objeto de diversas análises (vide
PAIVA, 1975; VERGARA FILHO, 1993; SILVA, 1993 e KAGEYAMA, 1993),
sendo o conhecimento de todos os fatores envolvidos essencial para o
desenvolvimento rural. Entretanto, apesar dos diversos estudos para o caso
brasileiro, são poucos os que avaliam ou descrevem o processo de modernização
na agricultura do Estado de Santa Catarina, suas microrregiões e municípios.
METODOLOGIA
Os Censos de 1920 e 1950 não contêm muitas das informações encontradas nos
Censos de 1975, 1980 e 1985 acerca do assunto. Por isto, foi necessário utilizar
diferentes conjuntos de variáveis de acordo com o ano em estudo e as informações
disponíveis.
Foi utilizado, também, o conceito de área explorada (AE), que nos Censos
Agropecuários corresponde à soma das áreas com lavouras permanentes e
temporárias, pastagens, matas e florestas plantadas (área trabalhada) e as áreas
com pastagens, matas e florestas naturais.
QUADRO 1 - VARIÁVEIS UTILIZADAS NA ANÁLISE FATORIAL PONDERADA DE 1920, 1950, 1975, 1980 E 1985
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como pode ser verificado, em 1920 o índice de Gini era próximo à unidade,
indicando muito forte concentração fundiária, diminuindo em 1950 para 0,674 e
em 1975 para 0,659. Nas últimas décadas este índice vem mostrando um pequeno
aumento no grau de desigualdade da posse da terra, apresentando valores de 0,680
em 1980 e 0,685 em 1985.
Pode ser verificado que mais de 70% da variabilidade dos dados foram explicadas
por três fatores em 1920 e quatro fatores nos demais anos. De acordo com as
correlações positivas e negativas que os fatores apresentaram com as variáveis em
cada ano do estudo, constatou-se que o principal fator explicativo das
transformações pelas quais passou a agricultura dos municípios catarinenses, que
aparece como primeiro fator com exceção do ano de 1980, foi a intensidade de
exploração da terra associada quase sempre ao uso de mão-de-obra familiar, tração
animal e pastagens plantadas.
Fator 1 positivo TEC2 TEC4 SAT1 SAT2 TEC2 TEC7 TEC6 CAP1 TEC2 TEC7
CAP2 CAP3 RMT1 CAP5 SAT1 CAP2 VAP1 SAT1 RMT1
SAT1 SAT2 VAP2
Fator 1 negativo CAP1 TEC7 RMT2 - - HEC2 RMT2
HEC2 RMT3 RMT3
Fator 2 positivo TEC3 TEC6 CAP2 TEC6 CAP1 TEC2 TEC7 CAP2 VAP1
RMT2 CAP4 CAP2 VAP1 CAP5 SAT1 VAP2
VAP2 SAT2
Fator 2 negativo RMT1 CAP1 - - -
HEC1
Fator 3 positivo TEC1 TEC1 TEC2 TEC1 TEC3 TEC4 CAP3 TEC4 CAP1
TEC5 TEC5 TEC8 TEC5 TEC8 RMT2 RMT3 CAP3
Fator 4 positivo - TEC3 TEC4 TEC4 CAP3 TEC1 TEC3 TEC1 TEC3
TEC9 RMT2 TEC5 TEC8 TEC5 TEC8
Fator 4 negativo - - RMT1 CAP4 -
HEC1
CONCLUSÕES
A qualidade dos recursos naturais e o tamanho das propriedades devem ser vistos
como buscando a sua utilização racional. Deve-se considerar o fato de que os
recursos são exauríveis, exigindo ao longo do tempo, como, por exemplo, no caso
dos solos, o uso de insumos químicos, os quais nem sempre são viáveis em pequenas
propriedades, devido à sua elevada relação custo-benefício.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS