Reformatio in Pejus: Res Furtiva
Reformatio in Pejus: Res Furtiva
Reformatio in Pejus: Res Furtiva
Acórdão Nº 1668282
EMENTA
1. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o princípio da insignificância incide quando presentes,
cumulativamente, as seguintes condições objetivas: (i) mínima ofensividade da conduta do agente, (ii)
nenhuma periculosidade social da ação; (iii) grau reduzido de reprovabilidade do comportamento; e,
(iv) inexpressividade da lesão jurídica provocada. Ademais, para o Superior Tribunal de Justiça, o
valor da res furtiva, para fins de aplicação do princípio da insignificância, não pode superar 10% (dez
por cento) do salário mínimo vigente à época dos fatos.
3. Demonstrado nos autos que os réus agiram em conjunto, de forma consciente e voluntária, visando
a prática do delito de furto mediante fraude, não há como afastar a qualificadora do art. 155, §4º, II, do
Código Penal.
4.Analisada a dosimetria da pena por força do efeito devolutivo em profundidade da apelação criminal,
sua revisão não pode conduzir à pena superior àquela aplicada na sentença, por força do princípio da
non reformatio in pejus.
5.A reincidência dos réus implica a fixação do regime inicial semiaberto (art. 33, §2º, do Código
Penal), e impede a substituição da pena privativa de liberdade por restrititvas de direito e a suspensão
da pena (art. 44 e 77 do Código Penal).
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
Tratam-se de apelações criminais interpostas por Wellington Brandão Cabral e por Marcos Junio
Monteiro Tavares contra a r. sentença ao ID 38792208, em que o douto Juízo de origem julgou
procedente a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, para
condenar os réus como incursos nas penas do artigo 155, §4º, incisos II e IV, e do artigo 155, § 4º,
incisos II e IV, c/c artigo 14, II, do Código Penal, na forma do artigo 71, do mesmo diploma legal, à
penas de 3 (três) anos e 1 (um) mês de reclusão cada um, em regime semiaberto, além de 45 (quarenta
e cinco) dias-multa, calculados à razão de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato.
Em suas razões recursais (ID 39972555), a defesa do réu Wellington Brandão Cabral requer a reforma
parcial da sentença. Para tanto, defende que a palavra do acusado merece credibilidade, pois não restou
comprovado nos autos que os acusados atuavam em conjunto. Afirma que o argumento de que os
vídeos demonstrariam unidade de desígnios parte, unicamente, de uma presunção. Alega que, além da
palavra parcial de um policial, não há qualquer outra prova que demonstre a união de esforços dos
acusados. Acrescenta que os acusados não foram vistos juntos e a esposa do ora apelante também
nunca ouviu falar em Marcos. Sustenta que, conforme alegações do réu em seu depoimento, ele
instalou o dispositivo no dia 14/09/2019 e compareceu no dia seguinte para retirá-lo, e questiona o que
ele teria ido fazer na agência se não fosse para retirar o dispositivo que instalou. Acrescenta que, da
forma como exposto na sentença, os acusados precisariam fazer prova de fato negativo – o fato de não
se conhecerem, o que constituiria o chamado ônus diabólico. Dessa forma, afirma que só há como
reconhecer que o réu tenha praticado um furto tentado, sem a qualificadora do concurso de agentes,
afastando, inclusive, a condenação pelo furto consumado. Também requer o redimensionamento da
pena pecuniária, a fim de que seja aplicado o mesmo critério de exasperação da pena corporal, qual
seja, 1/6 (um sexto) para cada circunstância.
O réu Marcos Junio Monteiro Tavares apresentou seu termo de apelação tempestivamente ao ID
38792215. Os autos vieram a este Tribunal de Justiça sem as razões do apelo, razão pela qual esta
Relatoria intimou a Defesa do réu para oferecimento das razões recursais (ID 40781598).
Em resposta, a defesa do réu apresentou suas razões ao ID 41634101. Nela, pugna pela absolvição do
réu com base no princípio da insignificância, uma vez que o valor apreendido foi de R$ 540,00, o qual
foi logo restituído à vítima que, portanto, não teve prejuízo material. Subsidiariamente, requer a
substituição da pena corporal pela pena de multa, ou, ainda, a fixação do regime aberto, com
substituição da pena corporal por sanções restritivas de direitos.
É o relatório.
À d. Revisão.
VOTOS
Na origem, os apelantes Wellington Brandão Cabral e por Marcos Junio Monteiro foram denunciados
pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios como incursos nas penas do art. 155, §4º, II e
IV, do CP e art. 155, §4º, II e IV, do CP c/c art. 14, II, do Código Penal, consoante os fatos delineados
na peça acusatória, in verbis:
1º Fato
Entre os dias 14/09/2019 e 15/09/2019, em uma agência do Banco Itaú, localizada na Quadra 504, W3
Sul, Asa Sul, Brasília/DF, os denunciados WELLINGTON e MARCOS, em unidade de desígnios,
subtraíram, para ambos, mediante fraude e concurso de pessoas, alguns envelopes contendo valores
em seu interior, os quais haviam sido depositados nos caixas eletrônicos da referida instituição
financeira por clientes.
Consta dos autos que, no dia 14/09/2019, os denunciados WELLINGTON e MARCOS compareceram
na referida agência bancária, onde instalaram em um dos terminais de auto-atendimento um aparelho,
conhecido como "pescador de envelopes".
2º Fato
Entre os dias 14/09/2019 e 15/09/2019, em uma agência do Banco Itaú, localizada no SIA, Trecho 3,
Brasília/DF, os denunciados WELLINGTON e MARCOS, em unidade de desígnios, tentaram
subtrair, para ambos, mediante fraude e concurso de pessoas, alguns envelopes contendo valores em
seu interior, os quais haviam sido depositados nos caixas eletrônicos da referida instituição financeira
por clientes, não consumando o delito por circunstâncias alheia as suas vontades.
Consta dos autos que, no dia 14/09/2019, os denunciados WELLINGTON e MARCOS compareceram
na referida agência bancária, onde instalaram, no último terminal de auto-atendimento um aparelho,
conhecido como "pescador de envelopes".
Note-se que, ainda no dia 14/09/2019, o setor de segurança do Banco Itaú informou a policiais civis
que os denunciados ainda não haviam retirado os dispositivos "pescadores" e que, provavelmente, os
desinstalariam no dia seguinte, assim que as agências abrissem. O Setor de Segurança do Banco Itaú
acrescentou que os autores estavam utilizavam um veículo VW/Virtus, cor cinza.
Dessa forma, no dia 15/09/2019, equipes de policiais civis compareceram nas agências bancárias e
aguardaram o momento em que os denunciados desinstalariam os dispositivos criminosos.
Cumprido o itinerário processual, os réus foram condenados pela prática das condutas delituosas que
lhe foram imputadas, a penas de 3 (três) anos e 1 (um) mês de reclusão cada um, em regime
semiaberto, além de 45 (quarenta e cinco) dias-multa, calculados à razão de 1/30 do salário mínimo
vigente à época do fato.
Por sua vez, o réu Marcos Junio requer sua absolvição pelo princípio da insignificância.
Subsidiariamente, requer a substituição da pena corporal pela pena de multa, ou, ainda, a fixação do
regime aberto, com substituição da pena corporal por sanções restritivas de direitos.
Brevemente delineados os fatos, passa-se à análise do mérito dos apelos, com a ressalva de que, por
força do efeito devolutivo em profundidade conferido ao recurso da defesa, os pontos não abordados
nos recursos também serão objeto de análise.
1. Da autoria e materialidade
A autoria e a materialidade delitivas são incontroversas nos autos, conforme provas produzidas ao
longo da instrução processual, mormente: Auto de Prisão em Flagrante (ID 38791786, p. 3/11); Auto
de Apresentação e Apreensão (ID 38791786, p. 13); Comunicação de Ocorrência Policial (ID
38791786, p.15/20); Relatórios policiais (ID 38791787, p. 43/57; e ID 38792077, p. 01/04); Vídeos
das câmeras de segurança (ID 38791791); bem como pelas provas orais produzidas judicialmente,
inclusive a confissão dos réus, ainda que parcial (ID 38792180).
Conforme relatado, a defesa do réu Marcos Junio alega que deve ser reconhecida a atipicidade da
conduta, ante a incidência do princípio da insignificância ao caso em comento.
Sobre o tema, impende esclarecer que o entendimento do excelso Supremo Tribunal Federal é firme
no sentido de que o princípio da insignificância incide quando presentes, cumulativamente, as
seguintes condições objetivas: (i) mínima ofensividade da conduta do agente, (ii) nenhuma
periculosidade social da ação; (iii) grau reduzido de reprovabilidade do comportamento; (iv)
inexpressividade da lesão jurídica provocada, ressaltando, ainda, que a contumácia na prática delitiva
impede a aplicação do princípio.
O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, tem entendimento firmado no sentido de que o valor da
res furtiva, para fins de aplicação do princípio da insignificância, não pode superar 10% (dez por
cento) do salário mínimo vigente à época dos fatos.
(HC n. 84.412-0/SP, STF, Rel. Ministro CELSO DE MELLO, DJU 19.11.2004.) 2. Resta clara a
contumácia delitiva do réu, em especial crimes patrimoniais, já que ostenta maus antecedentes e é
reincidente, o que demonstra seu desprezo sistemático pelo cumprimento do ordenamento jurídico.
3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, "a reiteração delitiva afasta a incidência do princípio da
insignificância, pois, "apesar de não configurar reincidência, a existência de outras ações penais,
inquéritos policiais em curso ou procedimentos administrativos fiscais, é suficiente para caracterizar a
habitualidade delitiva e, consequentemente, afastar a incidência do princípio da insignificância"
(AgRg no REsp 1.907.574/PR, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 24/8/2021, DJe 31/8/2021).
4. Nos termos da sentença condenatória, considerando que a res furtiva foi avaliada em R$
305,65, restando superado o critério jurisprudencialmente adotado de 10% do salário-mínimo à
época do fato, em 2019, descabe falar em inexpressividade da lesão ao bem jurídico.
7. Agravo desprovido.
(AgRg no HC n. 764.177/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 28/11/2022,
DJe de 2/12/2022.)
1. A lei penal não deve ser invocada para atuar em hipóteses desprovidas de significação social, razão
pela qual os princípios da insignificância e da intervenção mínima surgem para atuar como
instrumentos de interpretação restrita do tipo penal. Entretanto, a ideia não pode ser aceita sem
restrições, sob pena de o Estado dar margem a situações de perigo, na medida em que qualquer
cidadão poderia se valer de tal princípio para justificar a prática de pequenos ilícitos, incentivando,
por certo, condutas que atentem contra a ordem social.
3. Salienta-se que, quanto ao tema, o Plenário do eg. Supremo Tribunal Federal, ao examinar,
conjuntamente, o HC n. 123.108/MG, o HC n. 123.533/SP e o HC n. 123.734/MG, todos de relatoria
do Ministro ROBERTO BARROSO, definiu que a incidência do princípio da insignificância deve ser
feita caso a caso (Informativo n. 793/STF).
4. Nessa linha, a Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp n. 221.999/RS, de MINHA
RELATORIA, DJe 10/12/2015, estabeleceu que a reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do
princípio da insignificância, ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, a verificação que a
medida é socialmente recomendável, como no presente caso. Precedentes.
7. Na hipótese em análise, trata-se de situação que não atrai a incidência excepcional do princípio da
insignificância, uma vez que, mesmo o bem subtraído (1 fogareiro de duas bocas, marca Ramos,
avaliado em R$ 70,00) não superar o percentual de 10% do salário mínimo vigente à época dos fatos
(R$ 954,00 em 2018), o acusado é multirreincidente, além do delito ter sido praticado mediante
rompimento de obstáculo e concurso de pessoas, o que afasta o reduzido grau de reprovabilidade da
conduta e não configura a mínima ofensividade do comportamento do acusado.
(AgRg no AgRg no AREsp n. 2.181.925/PR, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta
Turma, julgado em 22/11/2022, DJe de 28/11/2022.)
Partindo, então, das premissas fixadas tanto pelo Supremo Tribunal Federal como pelo Superior
Tribunal de Justiça, não há como reconhecer, nesse caso, a atipicidade material por força da aplicação
do princípio da insignificância.
Ressai dos autos que os réus praticaram o crime de furto mediante fraude, consistente na instalação de
dispositivos retentores de envelopes bancários em caixas eletrônicos, vulgarmente conhecidos como
pescadores de envelopes.
O modus operandi utilizado pelos réus demonstra, além de um grau elevado de reprovabilidade, a
periculosidade social da ação, que, embora tenha como vítima direta a instituição bancária, atinge
inúmeros consumidores que se utilizam dos caixas eletrônicos para o depósito de dinheiro.
1. De acordo com o explicitado na Constituição Federal (art. 105, I, "c"), não compete a este Superior
Tribunal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão denegatória de liminar, por
desembargador, antes de prévio pronunciamento do órgão colegiado de segundo grau.
2. Em verdade, o remédio heroico, em que pesem sua altivez e sua grandeza como garantia
constitucional de proteção da liberdade humana, não deve servir de instrumento para que se afastem
as regras de competência e se submetam à apreciação das mais altas Cortes do país decisões de
primeiro grau às quais se atribui suposta ilegalidade, salvo se evidenciada, sem necessidade de exame
mais vertical, a apontada violação ao direito de liberdade do paciente.
Somente em tal hipótese a jurisprudência, tanto do STJ quanto do STF, admite o excepcional
afastamento do rigor da Súmula n. 691 do STF.
3. A prisão preventiva é compatível com a presunção de não culpabilidade do acusado desde que não
assuma natureza de antecipação da pena e não decorra, automaticamente, da natureza abstrata do
crime ou do ato processual praticado (art. 313, § 2º, CPP). Além disso, a decisão judicial deve
apoiar-se em motivos e fundamentos concretos, relativos a fatos novos ou contemporâneos, dos quais
se se possa extrair o perigo que a liberdade plena do investigado ou réu representa para os meios ou os
fins do processo penal (arts. 312 e 315 do CPP).
4. O Juiz de primeira instância apontou, de forma idônea, a presença dos vetores contidos no art. 312
do Código de Processo Penal, indicando motivação suficiente para decretar a prisão preventiva, ao
salientar a reincidência do paciente.
5. No que tange à alegada incidência do princípio da insignificância, "esta Corte entende que a
prática do delito de furto qualificado pelo concurso de agentes e mediante fraude, caso dos
autos, indica a especial reprovabilidade do comportamento, sobretudo quando se trata de agente
reincidente, o que afasta a aplicação do princípio da insignificância".
(AgRg no HC n. 705.654/SP, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em
7/12/2021, DJe de 14/12/2021.)
1. O acórdão impugnado decidiu no sentido de que a cártula (cheque nominal) possui valor
econômico, sendo passível de se obter vantagem ilícita por parte do agente ou de outrem, o que afasta
a alegada atipicidade da conduta. Ademais, o cometimento do crime mediante fraude inviabiliza a
aplicação do princípio da insignificância.
(AgRg no HC n. 624.632/SC, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em
23/11/2021, DJe de 26/11/2021.)
Outrossim, o envelope subtraído pelo réu Marcos continha o valor de R$ 540,00 (quinhentos e
quarenta reais), o que ultrapassa de modo considerável o limite aceito pelo Superior Tribunal de
Justiça, já mencionado.
Dessa forma, sob qualquer ótica que se analise, incabível cogitar a aplicação do princípio da
insignificância ao caso.
Defende o réu Wellington, no ponto, que não existem provas nos autos capazes de comprovar que os
réus agiram em unidade de desígnios.
Pelo que se extrai dos autos, os réus são monitorados pela segurança do Banco e pela polícia há um
tempo, existindo indícios que a prática delituosa remonta ao ano de 2018 (relatório policial ao ID
38791787, p. 43/56).
Especificamente quanto aos dois fatos ora denunciados, observa-se que o réu Wellington, no dia
14/09/2019, instala os dispositivos nos caixas eletrônicos das agências do Banco Itaú da Av. W3 Sul e
do Sia, sendo que, horas depois, o réu Marcos se dirige exatamente aos mesmos caixas eletrônicos,
conseguindo resgatar o envelope de um desses caixas, com o valor de R$ 540,00.
O relatório policial é minucioso quanto à prática delitiva e as imagens colacionadas tornam indene de
dúvidas que os réus agiam em conluio.
Não se mostra crível a versão dos réus de que não se conheciam, não sendo razoável cogitar que os
dois réus, de forma independente e desvinculada, agiam nas mesmas agências, nos mesmos caixas
eletrônicos e nos mesmos intervalos de tempo.
4. Da dosimetria da pena
Neste tópico, convém esclarecer que, em relação à primeira fase da dosimetria, considerando que
não há quantum de aumento de pena previsto em lei, adota-se o entendimento jurisprudencial que
considera a fração de 1/8 a ser aplicada sobre o intervalo entre a pena máxima e a pena mínima
prevista em abstrato.
Já na segunda fase da dosimetria, pelo fato de também não haver previsão legal em relação ao
quantum de pena a ser majorado para cada agravante, ou para ser reduzido para cada atenuante,
utiliza-se a fração de 1/6, a ser aplicada sobre a pena-base fixada na primeira fase , conforme
orientação jurisprudencial.
Na primeira fase, o magistrado entendeu pela valoração negativa dos antecedentes e das circunstâncias
do delito, nos seguintes termos:
A culpabilidade foi normal a essa espécie de delito. O réu possui duas condenações anteriores em sua
folha penal (ID 89717208), sendo que uma será valorada para fins de reincidência (furto na 3ª Vara
Criminal de Brasília) e a segunda como maus antecedentes (furto na 6ª Vara Criminal de Brasília).
Não há, nos autos, elementos que permitam analisar sua conduta social e personalidade. Os motivos
do crime são os inerentes à espécie, confundindo-se com o elemento subjetivo do tipo, qual seja, a
intenção de lucro fácil, por intermédio da prática do crime. As circunstâncias do delito também são
negativas, uma vez que o réu fazia a instalação de diversos dispositivos em cada agência, aumentando,
portanto, as chances de êxito em cada empreitada criminosa. As conseqüências foram as comuns ao
tipo penal. O comportamento da vítima, nas circunstâncias, em nada contribuiu para o evento
criminoso.
A análise das circunstâncias se revela adequada e não merece reparos. Contudo, conforme elucidado
anteriormente, esta Relatoria entende pela exasperação da pena-base em 1/8 sobre o intervalo entre a
pena máxima e a pena mínima prevista em abstrato, para cada circunstância.
Nesse sentido, a pena-base do réu deveria ser fixada no patamar de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
reclusão.
Por fim, na terceira fase, não foram verificadas causas de aumento ou diminuição da pena.
Assim, a pena foi definitivamente fixada em 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão.
Além disso, foi imposta a pena pecuniária de 30 dias-multa, calculados na razão de 1/30 do salário
mínimo vigente à época dos fatos, quantidade que se revela adequada a proporcional à pena corporal,
não merecendo reparos.
Na primeira fase, o magistrado entendeu pela valoração negativa dos antecedentes e das circunstâncias
do delito, nos seguintes termos:
A culpabilidade foi normal a essa espécie de delito. O réu possui duas condenações anteriores em sua
folha penal (ID 89717208), sendo que uma será valorada para fins de reincidência (furto na 3ª Vara
Criminal de Brasília) e a segunda como maus antecedentes (furto na 6ª Vara Criminal de Brasília).
Não há, nos autos, elementos que permitam analisar sua conduta social e personalidade. Os motivos
do crime são os inerentes à espécie, confundindo-se com o elemento subjetivo do tipo, qual seja, a
intenção de lucro fácil, por intermédio da prática do crime. As circunstâncias do delito também são
negativas, uma vez que o réu fazia a instalação de diversos dispositivos em cada agência, aumentando,
portanto, as chances de êxito em cada empreitada criminosa. As conseqüências foram as comuns ao
tipo penal. O comportamento da vítima, nas circunstâncias, em nada contribuiu para o evento
criminoso.
A análise das circunstâncias se revela adequada e não merece reparos. Contudo, conforme elucidado
anteriormente, esta Relatoria entende pela exasperação da pena-base em 1/8 sobre o intervalo entre a
pena máxima e a pena mínima prevista em abstrato, para cada circunstância.
Nesse sentido, a pena-base do réu deveria ser fixada no patamar de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
reclusão.
Como cediço, a tentativa é punida com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços, observado o iter criminis percorrido pelo réu.
No caso dos autos, como bem pontuado em sentença, o réu instalou dispositivos que ficaram nos
caixas eletrônicos por longas horas, aumentado, assim, as chances de êxito da empreitada, que
somente não ocorreu pela ação dos policiais.
Dessa forma, correta a redução da pena em ½, de tal sorte que a reprimenda definitiva imposta ao réu
foi de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses de reclusão, e 15 (quinze) dias multa.
Sobre a unificação das penas, correta a r. sentença ao reconhecer a continuidade delitiva, haja vista
que as condutas foram praticadas sob as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução.
Assim, a pena do furto consumado foi majorada em 1/6, totalizando 3 (três) anos e 1 (um) mês de
reclusão.
As penas de multa foram somadas, a teor do disposto no artigo 72 do Código Penal, totalizando 45
(quarenta e cinco) dias multa, à razão de um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato.
Em razão da reincidência, correta a aplicação do regime semiaberto, a teor do disposto no art. 33, §2º,
do Código Penal.
Também em razão da reincidência, o réu não faz jus aos benefícios constantes nos artigos 44
(substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos) e 77 (suspensão da pena) do
Código Penal.
Na primeira fase, o magistrado entendeu pela valoração negativa dos antecedentes e das circunstâncias
do delito, nos seguintes termos:
A culpabilidade foi normal a essa espécie de delito. O réu possui duas condenações em sua folha
penal (ID 89717207), sendo que a primeira será valorada para fins de reincidência (furto na 6ª Vara
Criminal de Brasília) e a segunda como maus antecedentes (roubo na 2ª Vara Criminal de Luziânia).
Não há, nos autos, elementos que permitam analisar sua conduta social e personalidade. Os motivos
do crime são os inerentes à espécie, confundindo-se com o elemento subjetivo do tipo, qual seja, a
intenção de lucro fácil, por intermédio da prática do crime. As circunstâncias do delito também são
negativas, uma vez que o réu fazia a instalação de diversos dispositivos em cada agência, aumentando,
portanto, as chances de êxito em cada empreitada criminosa. As consequências foram as comuns ao
tipo penal. O comportamento da vítima, nas circunstâncias, em nada contribuiu para o evento
criminoso.
A análise das circunstâncias se revela adequada e não merece reparos. Contudo, conforme elucidado
anteriormente, esta Relatoria entende pela exasperação da pena-base em 1/8 sobre o intervalo entre a
pena máxima e a pena mínima prevista em abstrato, para cada circunstância.
Nesse sentido, a pena-base do réu deveria ser fixada no patamar de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
reclusão.
Todavia, em obediência ao princípio da non reformatio in pejus, mantenho a pena-base fixada em
sentença, correspondente a 2 (dois) anos e 8 (oito) meses.
Por fim, na terceira fase, não foram verificadas causas de aumento ou diminuição da pena.
Assim, a pena foi definitivamente fixada em 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão.
Além disso, foi imposta a pena pecuniária de 30 dias-multa, calculados na razão de 1/30 do salário
mínimo vigente à época dos fatos, quantidade que se revela adequada a proporcional à pena corporal,
não merecendo reparos.
Na primeira fase, o magistrado entendeu pela valoração negativa dos antecedentes e das circunstâncias
do delito, nos seguintes termos:
A culpabilidade foi normal a essa espécie de delito. O réu possui duas condenações em sua folha
penal (ID 89717207), sendo que a primeira será valorada para fins de reincidência (furto na 6ª Vara
Criminal de Brasília) e a segunda como maus antecedentes (roubo na 2ª Vara Criminal de Luziânia).
Não há, nos autos, elementos que permitam analisar sua conduta social e personalidade. Os motivos
do crime são os inerentes à espécie, confundindo-se com o elemento subjetivo do tipo, qual seja, a
intenção de lucro fácil, por intermédio da prática do crime. As circunstâncias do delito também são
negativas, uma vez que o réu fazia a instalação de diversos dispositivos em cada agência, aumentando,
portanto, as chances de êxito em cada empreitada criminosa. As consequências foram as comuns ao
tipo penal. O comportamento da vítima, nas circunstâncias, em nada contribuiu para o evento
criminoso.
A análise das circunstâncias se revela adequada e não merece reparos. Contudo, conforme elucidado
anteriormente, esta Relatoria entende pela exasperação da pena-base em 1/8 sobre o intervalo entre a
pena máxima e a pena mínima prevista em abstrato, para cada circunstância.
Nesse sentido, a pena-base do réu deveria ser fixada no patamar de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
reclusão.
Como cediço, a tentativa é punida com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços, observado o iter criminis percorrido pelo réu.
No caso dos autos, como bem pontuado em sentença, o réu instalou dispositivos que ficaram nos
caixas eletrônicos por longas horas, aumentado, assim, as chances de êxito da empreitada, que
somente não ocorreu pela ação dos policiais.
Dessa forma, correta a redução da pena em ½, de tal sorte que a reprimenda definitiva imposta ao réu
foi de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses de reclusão, e 15 (quinze) dias multa.
Sobre a unificação das penas, correta a r. sentença ao reconhecer a continuidade delitiva, haja vista
que as condutas foram praticadas sob as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução.
Assim, a pena do furto consumado foi majorada em 1/6, totalizando 3 (três) anos e 1 (um) mês de
reclusão.
As penas de multa foram somadas, a teor do disposto no artigo 72 do Código Penal, totalizando 45
(quarenta e cinco) dias multa, à razão de um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato.
Em razão da reincidência, correta a aplicação do regime semiaberto, a teor do disposto no art. 33, §2º,
do Código Penal.
Também em razão da reincidência, o réu não faz jus aos benefícios constantes nos artigos 44
(substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos) e 77 (suspensão da pena) do
Código Penal.
5. Dispositivo
Ante o exposto, CONHEÇO das apelações dos réus Wellington Brandão Cabral e Marcos Junio
Monteiro Tavares e NEGO-LHES PROVIMENTO, mantendo intacta a r. sentença.
É como voto.
DECISÃO