Direito Das Obrigações
Direito Das Obrigações
Direito Das Obrigações
DIREITO DAS
OBRIGAÇÕES
Introdução
DEFINIÇÃO
O Direito das Obrigações regula as relações que se estabelecem entre pessoas privadas,
apesar de se poder aplicar também a entidades publicas e privadas.
O Dever Jurídico Genérico consiste na situação em que se encontram os outros sujeitos aos
titulares de direitos absolutos. Direitos de personalidade, vida reais, dever geral de respeito
cuja infração pode acarretar responsabilidade civil.
Não são consideradas obrigações o cumprimento de deveres religiosos, moral interna e regras
de trato social.
Numa obrigação que une duas ou mais pessoas há alguém que deve uma conduta
– Devedor: tem o dever de pagar uma prestação;
- Credor: aquele que tem direito a uma prestação (tem valores/obrigações a receber).
Goza das características do Direito Privado: Liberdade e a igualdade, assim os sujeitos das
relações obrigacionais tem os mesmos poderes e são livres de fazer tudo que não se encontre
abrangido na proibição.
Circulação de bens;
Prestação de serviços;
Instituição de organizações;
Sanções civis;
Matéria relativa a compensação por danos, despesa ou obtenção de enriquecimento.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
PRINCIPIOS DE OBRIGAÇÕES
Dentro do artigo 405º CC, temos a liberdade contratual, liberdade de celebração e a liberdade
de seleção do tipo negocial.
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Existe uma razão de justiça da qual resulte que o dano deva ser suportado por outrem. Uma
obrigação de indemnizar através da qual deve restituir a situação que existiria se não tivesse
ocorrido o dano, artigo 562 CC. Ocorre a imputação de danos quando a lei considera existir
um dano injusto para o lesado, mas também uma razão de justiça que transfira esse dano para
outrem, denominada, responsabilidade civil artigo 483º. No entanto, o lesado não terá
qualquer direito de indemnização a menos que demonstre a culpa do lesante art. 487/1 CC,
com estes temos de conjugar outros que dispensam esse ónus por parte do lesado art.º 491,
492 e 493. De igual forma a criação de risco de que outrem tira proveito é suscetível de
indemnização, responsabilidade pelo risco art.º. 483/2 CC. Insere-se nesta categoria o
artigo 500, 501, 502, 503 e 509 CC. Tais situações levam a obrigação de indemnizar artigo
81/2 e artigo 339 CC.
Imputação por culpa: através de uma conduta ilícita que justifica o dever de suportar
os prejuízos do lesado, tem assim a função sancionatória(483CC).
Imputação pelo risco: baseia-se na base de que quem tira proveito de uma situação de
risco deve suportar os prejuízos dela; aquele que exerça uma atividade que seja fonte
de risco deve suportar os prejuízos; sempre que alguém tem poderes de autoridade
relativamente as condutas alheias deve suportar os prejuízos.
É justo que ninguém enriqueça à custa de outrem e daí a existência efetiva deste princípio no
artigo 473\1 CC, sendo assim que sempre que tal aconteça tem que ser restituído aquilo que
injustamente se locupletou. Remover o património do enriquecimento do património do
enriquecido, transferindo-o para o património do empobrecido.
Atenção aos artigos 616/3 e 617/1; artigo 764/2; artigos 795/1 e n2; artigo 815/2; artigo
1214/3)
4. PRINCÍPIO DA BOA FÉ
Considera-se assim como a ignorância de estar a lesar direitos alheios e sendo assim uma
regra de conduta. A obrigação consiste no dever de adotar uma conduta em benefício de
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outrem que proporcionarão satisfação do direito de crédito. A lei assim vem estabelecer
deveres da boa-fé para os sujeitos das obrigações de forma a permitir o aproveitamento
integral da prestação em satisfação dos interesses do credor de forma a evitar que provoque
danos em ambas as partes.
Nas obrigações a boa-fé esta referenciada em cinco institutos: (artigos 227; 239; 334; 437 e
762/2 CC) visando a deveres acessórios de proteção, informação e lealdade.
1. Estão sujeitos à execução todos os bens do devedor artigo 601, havendo exceções
como os bens do devedor não suscetíveis de penhora (essenciais a sua subsistência e
dignidade) e a situação de separação de patrimónios (artigos 1695, 1696, 2070 e
2071). A limitação pode ainda ocorrer por convenção das partes artigos 602 e 603.
2. Só os bens do devedor podem ser objeto de execução previsto no artigo 817 sendo
este uma exceção para os casos de fiança, artigo 627 CC.
Sendo o Direito de Crédito um Direito subjetivo, a definição do seu conceito terá que ser
traçada a partir do seu objeto, conforme resulta do artigo 397 vem a ser prestação.
O debate em torno do conceito e estrutura da obrigação parte por uma discussão sobre o
objeto do direito de crédito, havendo autores que sustentam ser esse objeto a prestação, outros
o património do devedor, outros uma combinação dessas suas realidades. As principais
teorias que abordam o problema são:
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3. Teoria mistas ou dualistas: a obrigação tanto tem por objeto a prestação como o
património do devedor. Neste sentido, distingue-se entre vinculação pessoal do
devedor e a sua responsabilidade ou, nos termos do direito germânico, distinguia-se
entre a divida e a responsabilidade.
3.1. Doutrinas da complexidade obrigacional: configuram a obrigação como uma
realidade complexa, que abrange um serie de elementos componentes, onde se
encontraria tanto a prestação como a execução sobre o património do devedor.
Critica: no processo civil não surge o direito do credor como complexo de relações
obrigacionais, mas, pelo contrário, o direito de crédito como elemento isolado.
Posição adotada: a obrigação é efetivamente um vínculo entre dois sujeitos, através da qual
um deles exige a outro que adote um comportamento, conceito estreitamente ligado ao artigo
397.º CC. O direito de crédito tem como objeto a prestação negando a existência de qualquer
direito sobre o património do devedor. A ação executiva representa a aplicação pelo Estado
de uma sanção pelo incumprimento das obrigações da qual se assegura a proteção ao direito
de crédito, assim o Estado substitui-se ao devedor na satisfação do direito de crédito obtendo
meios para a execução do património do devedor.
CARACTERISTICAS DA OBRIGAÇÃO
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** os titulares podem reivindicar a coisas sobre que recaem estes poderes junto de qualquer que seja
a pessoa que a detenha;
***sendo constituídos diversos direitos reais sobre o mesmo objeto, os mais antigos prevalecem em
relação aos mais recentes (data de constituição ou data da inscrição no registo, quando estão
sujeitos a registo
****não são hierarquizados temporalmente.
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A obrigação é uma relação jurídica que se analisa num direito subjetivo e num dever.
O objeto da obrigação, é a prestação, definindo no artigo 397 como uma conduta que o
devedor se obriga a desenvolver em benefício do credor. Como tal, a prestação tem certos
requisitos legais, sendo que em parte tem de seguir os limites da lei pelo artigo 398.
A prestação pode consistir numa ação como numa omissão, sendo o seu conteúdo
determinado pelas partes, dentro dos limites da lei. Podendo consistir não propriamente na
atividade que o desenvolve, mas antes no resultado dessa atividade, tendo nessa medida a
expressão prestação um duplo significado. O n2 do artigo 398, estabelece um requisito
suplementar, referindo-nos que a prestação não necessita de ter valor pecuniário, mas deve
corresponder a um interesse do credor digno de proteção legal; se a obrigação de um negócio
jurídico esta estará sujeita as regras relativas ao objeto negocial que constam no artigo 280
CC, tendo como consequência a nulidade se assim não o fizer.
As regras do artigo 280 CC relativas aos requisitos dos objetos negociais são plenamente
aplicáveis à prestação, devendo ser conjugados com os artigos 400 e 401 CC.
A prestação não pode apresentar uma impossibilidade física (280 - ex.: levantar 500kg com
as mãos) ou legal (790 – vender um imóvel verbalmente).
O 401 n. 2 e 3 estabelece algumas restrições a esta regra.
É admissível a celebração de negócios para a eventualidade de a prestação ser possível art.
401/2, abrangendo situações absolutamente futuras artigos 399 e 880 CC.
As prestações só se consideram impossíveis quando seja em relação ao objeto e não em
relação a pessoa do devedor art. 401/3. Dado que em princípio são sempre fungíveis, seu
cumprimento pode ser efetuado por qualquer pessoa artigo 767/1 CC.
LICITUDE
O requisito da licitude da prestação consta dos artigos 280/1 e 294, de onde resulta que o
objeto negocial não pode ser contrário a qualquer disposição que tenha caracter injuntivo. As
normas injuntivas (são as normas que se aplicam haja ou não declaração de vontade dos
sujeitos nesse sentido) constituem um limite à autonomia provada impondo nulidade dos
negócios. A ilicitude pode ser resultado ou de meios, consoante o negócio um resultado ilícito
ou se proponha a alcançar um resultado lícito através de meios proibidos por lei (tratar uma
pessoa com um tratamento que vá contra as regras da medicina). Estes casos serão nulos.
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DETERMINABILIDADE
A prestação tem de ser determinável segundo o artigo 280 ou passara a ser nula caso o objeto
seja indeterminável. De igual forma temos o artigo 400 para os casos da indeterminação da
prestação.
O conteúdo da prestação deve ser determinado ou, no mínimo, determinável;
É necessário que esteja definida a prestação do devedor ou que essa definição possa
vir a fazer-se em momento posterior de acordo com critérios estabelecidos pelas
partes;
A determinação pode ser confiada a uma ou outra das partes ou a terceiro (art. 400.º
CC); ou a tribunal (mas este também não pode determinar uma obrigação através” do
nada”).
Artigo 280 do CC. A semelhança do que acontece com a ilicitude, também apenas o fim
subjetivo das partes pode ser contrário a ordem publica e aos bons costumes. Nesse caso o
negócio será nulo, se o fim for comum a ambas as partes – 281 CC.
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•Os credores que tenham garantias reais são preferenciais em relação aos outros, ou
seja, aqueles credores podem fazer-se pagar em primeiro lugar pelos bens que tais
direitos recaem;
•Os credores não preferenciais apenas se podem fazer pagar pelo remanescente (art.
604.º, n.º 1 CC).
Numa visão mais ampla alem do direito de crédito-dever de prestar, temos um conjunto de
situações geradas no âmbito da relação entre credor e o devedor:
→ Direito à prestação (elemento determinante da obrigação);
→ Dever de prestar (que se pode decompor em sub-deveres relativos a diversas
condutas – conduta que se encontra adstrita o devedor);
→ Deveres secundários da prestação (prestações autónomas que especificamente
acordadas com o fim de complementar a prestação principal, ex.: 882/2);
→ Deveres acessórios, derivados do princípio da boa-fé, que se destinam a possibilitar a
plena satisfação do interesse do credor (762);
→ Poderes ou deveres que o devedor pode ter sobre o credor;
→ Exceções que permitem paralisar eficazmente o direito de crédito (303; 428; 638;
754).
I- OBRIGAÇÕES NATURAIS
Referidas no artigo 402 e ss do CC. São obrigações que se fundam num mero dever de ordem
moral ou social, cujo cumprimento não é judicialmente exigível, mas corresponde a um dever
de justiça. Caracterizam-se pela não exigibilidade judicial da prestação, resumindo-se a sua
tutela jurídica a possibilidade do credor conservar a prestação espontaneamente realizada, a
que se refere o artigo 403 do código. Se o devedor efetuar a prestação já não pode exigir a
restituição, mesmo que estivesse convencido por erro, da coercibilidade do vínculo.
Só poderão admitir-se obrigações naturais com base na disposição do 402, de que seriam
exemplo obrigações prescritas
II- PRESTAÇÃO
O objeto da obrigação vem ser a prestação, ou seja, a conduta a que o devedor está vinculado.
Esta conduta pode consistir numa serie de situações, sendo importante esclarecer esse regime
específico, reconduzindo a uma classificação de prestações.
Prestação de coisa: são aquelas cujo objeto consiste na entrega de uma coisa. Ex.: efeitos da
compra e venda 879CC.
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Prestação de facto: são aquelas em que consistem em realizar uma conduta de outra ordem.
Ex.: alguém se obrigar a cuidar de um jardim 1154CC.
Prestação de facto positivo: são aquelas em que a prestação tem por objeto uma ação.
Podendo ser prestação de facto material e prestações de facto jurídico. As primeiras, a
conduta que o devedor se compromete a realizar é uma conduta puramente material não
destinada a produção de feitos jurídicos ex.: realizar ou não realizar determinada obra. Nas
segundas, a conduta do devedor aprece destinada a produção de efeitos jurídicos, sendo assim
esse resultado jurídico incluído na prestação, ex.: celebrar ou não celebrar determinado
contrato.
Prestação de facto negativo: uma omissão por parte do devedor, ou seja, não realizar
determinada conduta ou tolerar uma conduta por parte de outrem.
Prestações fungíveis: são aquelas que pode ser realizada por outrem que não o devedor,
podendo assim este fazer-se substituir no cumprimento.
Prestações infungíveis: são aquelas em que só devedor pode realizar a prestação, não
podendo de forma alguma ser realizada por terceiros.
Do 767/1 retiramos a regra geral da fungibilidade, determinado que a obrigações pode ser
realizada por terceiros (prestação sempre fungível).
Se a obrigação for fungível, o credor pode obter a realização da prestação de qualquer pessoa
e não apenas do devedor. Admitindo o 827 e o 828 ambos do código civil.
Prestações instantâneas: são aquelas cuja execução ocorre num único momento, não sendo o
seu conteúdo delimitado em função do tempo. Ex.: entrega do bem na compra e venda.
Prestações instantâneas integrais: são aquelas realizadas de uma só vez. Ex.: entrega da
coisa pelo vendedor;
Prestações instantâneas faccionadas: são aquelas em que o seu montante global é dividido
em várias frações, a realizar sucessivamente. Ex.: pagamento a prestações 934 CC.
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Prestações duradouras: são aquelas cuja execução se prolonga no tempo, em virtude de terem
por conteúdo ou um comportamento prolongado no tempo ou uma repetição sucessiva de
prestações isoladas por um período de tempo. Ex.: prestações relativas aos contratos de
locação, de trabalho, de fornecimento elétrico ou de gás. A sua realização global depende
sempre do decurso de um período temporal, durante o qual a prestação deve ser continuada
ou repetida.
Prestações duradouras continuadas: a prestação não sofre qualquer interrupção. Ex.:
fornecimento de gás.
Prestações duradouras periódicas: a prestação é sucessivamente repetida em certos períodos
de tempo. Ex.: pagamento da renda.
Prestações de meios: são aquelas em que o devedor não estaria obrigado à obtenção do
resultado, mas apenas a atuar com a diligência necessária para que esse resultado seja obtido.
Ex.: o medico comprometer-se tão somente a fazer tudo para conseguir curar o doente, sem,
no entanto, o garantir.
O art. 539º define as obrigações genéricas como aquelas em que o objeto da prestação se
encontra apenas determinado quanto género. Isto significa que a prestação se encontra
determinada apenas por referência a uma certa quantidade, peso ou medida de coisas dentro
de um género, mas não está ainda concretamente determinado quais os espécimes daquele
género que vão servir para o cumprimento da obrigação. Sendo a quantidade um acrescento
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deduzível do artigo 280 (sem a quantidade, o objeto da obrigação seria indeterminável, logo
nulo).
Ex.: obrigação de entrega de 20 garrafas de vinho ou dez quilos de maçãs. Há uma referência
ao género – vinho, maçã – e à quantidade – vinte garrafas, dez quilos –, mas ainda não estão
concretizadas quais as unidades – as garrafas ou as maçãs – com que o devedor devera
cumprir a obrigação. Dai ser denominada genérica apenas o género se encontra determinada.
As obrigações genéricas são bastantes comuns no comercio jurídico. Ocorre uma obrigação
genérica quase sempre se negociam coisas fungíveis (art. 207º CC), mas não se limita a essas
situações. Podem ser estabelecidas obrigações genéricas que tenham por objeto coisas
infungíveis (ex.: adquirir uma qualquer obra de um escultor famoso).
i. Escolha
O facto de a obrigação ser genérica implica naturalmente que tenha que ocorrer um processo
de individualização dos espécimes dentro do género, denominada escolha. Nos termos do art.
400º pode caber a ambas as partes ou a terceiro.
O art. 539 estipula a regra geral, cabendo essa escolha ao devedor, referindo o art. 542º as
exceções.
De acordo o artigo 400/1, a escolha deve obedecer aos critérios estipulados pelas partes, e
supletivamente, a juízos de equidade, devendo esta ser adequada a satisfação do interesse do
credor, o que normalmente não ocorrera se a prestação for exclusivamente determinada com
coisas de qualidade inferior.
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Neste caso a concentração atende a teoria da escolha 542CC, passando a ser irrevogável.
V- OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
Regra geral: na falta de determinação em contrário, a escolha pertence ao devedor art. 543/2.
Essa escolha também pode competir ao credor ou a terceiro art. 549º.
Apesar de existirem duas ou mais prestações, o devedor tem apenas uma obrigação, e o
credor apenas um direito de crédito.
Nas obrigações alternativas, a escolha tem que se verificar entre uma outra das prestações,
não sendo permitido, mesmo tratando-se de prestações divisíveis, que aquele a quem incumbe
a escolha decida realizá-la entre a parte de uma prestação ou parte de outra – art. 544 CC. A
designação do devedor quando conhecida pela outra parte, determina a prestação devida – art.
543/1 + 548 CC.
Não é permitida ao devedor a revogação da escolha efetuada apos ser realizada e igualmente
irrevogável quando compete ao credor ou terceiro – art. 549+542.
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Se alguma das partes não realizar a escolha no tempo devido a lei prevê a devolução dessa
faculdade à outra parte (art. 542/2 por força do art. 549 e 548).
Se a escolha couber ao credor e este não o fizer dentro do prazo, a escolha passa a ser do
devedor. Se a escolha couber ao devedor, a devolução da escolha ao credor ocorre apenas na
fase da execução – art. 714 CPC, tendo o credor na fase declarativa, quer obter uma
condenação em alternativa através da formulação de um pedido alternativo – 553 CPC.
a) Impossibilidade causal: não é imputável a nenhuma das partes art. 545. A prestação é
ainda indeterminada porque não se efetuou a escolha e por isso a propriedade não se
encontra transmitida ao credor. Ex.: se o devedor se compromete a entregar o carro X
ou o barco Y, em virtude de um temporal o barco Y naufraga, é o devedor que tem de
suportar esse prejuízo, devendo entregar ao credor o carro X. Caso todas se tornem
impossíveis, extingue-se a obrigação 790;
b) Impossibilidade imputável ao devedor (art. 546): se a impossibilidade competir ao
devedor, ele deve efetuar uma das prestações possíveis. Se a escolha competir ao
credor, ele pode exigir uma das prestações possíveis ou indemnização por danos de
não ter sido realizada a prestação – 801 e 802;
c) Impossibilidade imputável ao credor (art. 547): caso a escolha pertença ao credor,
considera-se efetuada a prestação. Se a escolha couber ao devedor, também se
considera cumprida. O devedor pode optar por cumprir com uma prestação possível e
ser indemnizado – 547 por analogia.
d) Impossibilidade ser imputável a uma das partes e a escolha caber a terceiro: o terceiro
apenas podia escolher a obrigação que o devedor deveria cumprir, ou seja, de entre
duas prestações possíveis. Se for culpa do devedor, a escolha regressa ao credor
cabendo a este decidir se quer o cumprimento da prestação possível ou de uma
obrigação; se for culpa do credor, a escolha regressa ao devedor, cabendo a este
decidir se a obrigação se tem por cumprida ou se prefere efetuar a prestação e ser
indemnizado pelos danos que houver sofrido obrigação.
São aquelas em que se tem por objeto apenas uma prestação, mas o devedor tem a faculdade
de se desonerar mediante a realização de uma outra, sem haver necessidade de concordância
do credor. Há um “poder de substituição” atribuído ao devedor, não há uma alternativa. O
credor não pode exigir a prestação alternativa, mas terá de aceitá-lo sob pena de incorrer em
mora.
Ex.: o antiquário vende a um amigo um exemplar de uma obra jurídica muito antiga, mas
reserva-se a faculdade de, em lugar desse, entregar um outro exemplar de edição mais
recente,
embora de melhor aspeto gráfico.
Como não há várias prestações – a prestação é só uma – não há lugar a uma escolha, pelo que
essa é a única prestação a que o credor tem direito e só essa pode exigir.
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Correspondem as obrigações que têm dinheiro por objeto, visando proporcionar ao credor o
valor que as respetivas espécies monetárias possuam.
De acordo com o código civil (art. 550 e ss), podem assumir-se como:
a) Obrigações de quantidade: são aquelas que tem por objeto uma quantidade de moeda
com curso legal no país;
b) Obrigações em moeda especifica: o objeto corresponde a uma determinada quantidade
na qualidade da moeda considerada;
c) Obrigações com curso legal no estrangeiro: objeto corresponde a dinheiro que tenha
curso legal noutro espaço jurídico.
Há que ter em conta, desde logo, o valor nominal da moeda, o que remete para o princípio
nominalista. Assim, nas obrigações de quantidade releva o valor nominal, ou seja, o valor que
foi acordado no cumprimento (evitando-se possíveis problemas com os desvios dos demais
valores). Dado que o sentido da valorização é decrescente, ou seja, a moeda tem assistido a
uma desvalorização, assiste-se a mais um corolário do favor debitoris.
No entanto, admitem-se exceções ao nominalismo: nomeadamente, na renda vitalícia e na
obrigação de alimentos, permitindo-se a atualização do valor.
É sempre acessória de uma obrigação principal (tem por referência uma outra obrigação – a
de entrega ou restituição do capital) e tem o seu conteúdo e extensão delimitados em função
do tempo; é uma prestação duradoura periódica.
Juros legais: previstos no art. 559/1 e são aplicáveis sempre que existem normas
legais que determinem a atribuição de juros em consequência do diferimento na
realização de uma prestação;
Juros convencionais: aqueles em que a sua taxas ou quantitativo é estipulado pelas
partes; têm, no entanto, limites. Art. 559+559-A+1146;
Juros remuneratórios: têm uma finalidade remuneratória, correspondente ao preço do
empréstimo do dinheiro. 1145;
Juros moratórios: natureza indemnizatória dos danos causados pela mora – 806 CC –
em virtude do atraso no cumprimento da obrigação;
Juros indemnizatórios: são aqueles que se destinam a indemnizar os danos sofridos
por outro facto praticado pelo devedor (nomeadamente, o incumprimento da
obrigação).
Atenção ao 560 – anatocismo – consiste em fazer vencer juros de juros, ou seja, os juros
vencidos são incorporados no capital, sendo levados em conta para o cálculo dos juros
futuros. Nos termos do artigo 560º, só seriam admissíveis por convenção entre as partes e
mediante notificação judicial feira ao devedor para capitalizar os juros vencidos ou proceder
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A obrigação plural tem por base dois ou mais credores ou dois ou mais devedores (ex.: A, B e
C obrigam-se perante D). A vinculação de várias para com outra é a pluralidade passiva, a
vinculação de uma pessoa para outras é a pluralidade ativa e a vinculação de várias pessoas
para com outras é pluralidade mista.
Nas obrigações conjuntas ou parciárias, cada um dos devedores só está vinculado a prestar ao
credor ou credores a sua parte na prestação e vice-versa (ex.: A, B e C obrigam-se a entregar
a D 900 euros, D só pode exigir de A 300 euros, ou seja, a sua parte da divida e vice-versa).
A obrigação diz-se solidária quando, havendo mais do que um devedor, cada um deles
responde pela totalidade da prestação ou quando cada um dos credores tem a faculdade de
exigir, por si, a prestação integral – artigo 512.º do Código Civil (CC). A solidariedade da
obrigação só existe se ela resultar da lei ou da vontade das partes – art. 513º.
i. Solidariedade passiva
Nos termos do 512/1, pode ocorrer nas obrigações plurais quando cada um dos devedores
responda pela prestação integral e, sendo esta efetivada, a todos libere.
Em suma, A realização da prestação integral por um dos devedores libera todos os outros
devedores em relação ao credor (art. 512.º CC); existe depois um direito de regresso do
devedor cumpridor sobre os outros devedores quanto à parte que lhes competia na obrigação
(art. 524.ºCC)
RELAÇÕES EXTERNAS
O credor pode exigir a qualquer um dos devedores o pagamento do preço, artigo 518º CC, se
não pagar há incumprimento. O credor pode renunciar à solidariedade apenas a favor de
algum dos devedores, caso em que conserva o direito à prestação por inteiro sobre os
restantes, artigo 527º CC.
Quando a prestação se torna impossível por facto imputável a um dos devedores, os restantes
são responsáveis pelo seu valor (520º). Se provocar, noutro cenário, danos que excedam o
valor da prestação, apenas o codevedor a quem é imputável responde pela reparação. A
satisfação do interesse do credor, ou seja, o cumprimento, libera todos os devedores. Nas
relações externas não são oponíveis contratos efetuados nas relações externas (artigo 406º/2).
RELAÇÕES INTERNAS
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Qualquer um dos credores pode exigir a qualquer um dos devedores a prestação devida por
todos os devedores a todos os credores. A realização integral da prestação a um dos credores
libera o devedor no confronto com todos os credores (art. 512.º CC); o credor que recebeu
mais do que lhe compete está obrigado a satisfazer aos outros a parte que lhes cabe no crédito
comum (art. 533.º CC). Na solidariedade ativa, a realização da prestação integral por um dos
credores libera o devedor no confronto com os credores.
RELAÇÃO EXTERNAS
Um dos credores pode exigir, por si só, a prestação integral, liberando-se o devedor perante
todos com a realização da prestação, artigo 512º CC. O devedor pode escolher o credor
solidário a quem realizar a prestação, artigo 528º nº1 CC. Quando há cumprimento da
prestação, artigo 532º CC.
RELAÇÕES INTERNAS
Quando há cumprimento da prestação, artigo 532º CC, o credor tem de satisfazer os outros
credores na parte que lhes cabe o crédito comum, artigo 533º CC.
correm simultaneamente as duas situações, pelo que a realização integral da prestação por um
dos devedores a um dos credores libera todos os devedores em relação a todos os credores.
O nosso código não apresentou qualquer sistematização científica das fontes das obrigações,
optando por efetuar uma mera enumeração nos artigos 405 e ss.
Contratos – arts. 405 e ss;
Negócios unilaterais – arts 457 e ss;
Gestão de negócios – arts. 464 e ss;
Enriquecimento sem causa – arts 473 e ss;
Responsabilidade civil – arts. 483 e ss.
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1. CONTRATOS
Negócio JURIDICO 217 e ss: são atos jurídicos constituídos por uma ou mais declarações de
vontade, dirigidas à realização de certos efeitos práticos, com intenção de os alcançar sob
tutela do Direito, determinando o ordenamento jurídico a produção dos efeitos jurídicos
confirmes à intenção manifestada pelo declarante ou declarantes. Podendo ser unilaterais –
tendo apenas uma parte – ou plurilaterais – tendo duas ou mais partes.
Normalmente o contrato possui apenas duas partes e por isso, é designado de negócio jurídico
bilateral. Pode porem ter cariz multilateral quando tem mais que duas partes, como sucede no
contrato de sociedade (art. 980º).
Modalidades de contratos
Quanto a forma
Contratos formais: contratos em que a declaração negocial só pode ser exteriorizada por uma
determinada forma prevista na lei, designadamente um documento autêntico (escritura
publica) ou particular, podendo este ser autenticado ou não. Ex.: compra e venda de bem
imóvel 875º; doação 947º; mútuo superior a 25.000 euros 1143º.
Contratos não formais: aqueles contrato em que a declaração negocial pode ser exteriorizada
por qualquer meio, incluindo a oralidade. Regulado pelo princípio do consensualíssimo
consagrado no art. 219º, existindo a desnecessidade de qualquer forma especial para a
celebração do contrato, admitindo-se que as declarações das partes podem ser exteriorizadas
por qualquer meio.
Contratos consensuais: são aqueles para cuja celebração não se exige a tradição ou entrega da
coisa de que são objeto.
Contratos reais quod constitutionem: são aqueles para cuja celebração se exige a tradição ou
entrega da coisa de que são objeto. Ex.: penhor de coisas; comodato; mútuo; deposito;
doação; parceria pecuniária.
Contratos reais: são contratos que constituem, modificam ou extinguem um direito real ou a
relação jurídica de que faz parte esse direito como objeto.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
Os contratos reais colocam um problema particular pois esse pode não ter eficácia imediata, o
que se sucede sempre que não estejam preenchidos, no momento necessário para que o
contrato de origem a uma situação jurídica de natureza real.
A regra geral é a da transmissão dos direitos reais ocorre por mero efeito do contrato segundo
o 408/1. Dai ocorre que o adquirente proprietário a partir do momento da celebração do
contrato sofre o risco da sua perda ou deterioração a partir desse momento art. 796/1.
A transmissão por mero efeito do contrato dá-se se os requisitos tiverem todos preenchidos,
nomeadamente, incidir sobre coisa presente, determinada e autónomas de outras coisas. Se as
coisas ainda não possuírem esses requisitos, como sucede se o contrato tiver por objeto coisas
futuras, indeterminadas, frutos naturais ou partes componentes ou integrantes, a
transferências é deferida para um momento posterior ao da celebração do contrato segundo o
artigo 408/2.
A compra e venda a crédito (venda a prestações – arts. 934.º a 936.º CC) traduz-se em riscos
muito elevados para o vendedor: a propriedade muda de esfera jurídica e ele deixa de ser
proprietário, “passando a ser um mero credor comum, sem garantia especial, nem sequer
sobre o bem vendido”. LML Situação agravada pelo art. 886.º CC – “Transmitida a
propriedade da coisa, ou o direito sobre ela, e feita a sua entrega, o vendedor não pode, salvo
convenção em contrário, resolver o contrato por falta de pagamento do preço.”
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2. CONTRATO-PROMESSA
Estamos perante um contrato preliminar de outro contrato que, por sua vez se designa de
contrato definitivo.
Requisitos de forma
A lei não deixou de sujeitar o contrato promessa ao mesmo regime do contrato definitivo. É o
que se denomina a princípio de equiparação, significa que se deve aplicar aos requisitos e
efeitos do contrato-promessa as disposições relativas ao contrato prometido.
Existe duas exceções, nomeadamente:
Forma do contrato, a forma do contrato-promessa não seja necessariamente a mesma do
contrato definitivo o que permite que ao contrato-promessa seja atribuída uma forma menos
solene do que a que seria exigida para o contrato definitivo;
Disposições que pela sua razão de ser não se podem considerar extensivas a promessa,
implica o afastamento de todas as disposições relativas ao contrato prometido, justificadas em
função da configuração deste, e que não se harmonizem com a natureza do contrato-
promessa.
Modalidade do contrato-promessa
Forma do contrato-promessa
O contrato promessa segue por regra geral a liberdade de forma, regulada no artigo
410/1+219ºCC.
Exceção 410/2: nos casos em que a lei exija, para o contrato definitivo, um documento
autêntico ou particular, deve o contrato promessa ser celebrado por documento (artigo 362º)
assinado pelas duas partes (bivinculante) ou pela parte que se vincula (monovinculante).
Assim:
a) Coisas moveis: forma livre/consensual nos termos do artigo 219º;
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b) Coisas moveis sujeitas a registo: não sujeito a exigências de forma, logo 219+205/2º;
c) Coisas imoveis que não edifícios ou frações autónomas de edifícios : está sujeito a
exigências de forma, nos termos do artigo 875º (escritura pública), logo aplica-se a
forma constante do artigo 410º/2 (documento, nos termos do artigo 362º, assinado por
uma ou ambas as partes, conforme se processe a vinculação);
d) Edifícios ou frações autónomas de edifícios 410/2+410/3: um documento (artigo
362º), assinado por uma ou ambas as partes; reconhecimento presencial das
assinaturas e certificação, pela mesma entidade, da existência de licença de utilização
(edifício já construído) ou de construção (edifício em construção ou a construir).
Questão: e um contrato-promessa bilateral que apenas foi assinado por uma das partes?
Uma vez aceite o entendimento de que deve procurar aproveitar como contrato-promessa
unilateral o contrato-promessa bilateral a que falte uma das assinaturas, então deve adotar-se
a solução que de mais abertura a essa possibilidade 294+292.
Vem esclarecer que os direitos e obrigações emergentes do contrato promessa, que não sejam
exclusivamente pessoas, se transmitem por morte aos sucessores das partes. Nada impede
assim que em caso de morte o cumprimento da obrigação seja exigido a herdeiros ou
requerido pelos herdeiros. Havendo a exceção do artigo 2023º na qual se for tomada em
consideração especificamente a pessoa a relação impedira a transmissão.
Execução especifica
Sinal é uma cláusula acessória dos contratos onerosos, mediante a qual uma das partes
entrega à outra, por ocasião da celebração do contrato, uma coisa fungível, que pode ter
natureza distinta da obrigação contraída ou a contrair.
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A lei permite a atribuição de eficácia real a este regime caso respeite a bens imoveis ou
moveis sujeitos a registo caso as partes assim o declarem e procedam ao seu registo art.
413/1. Esta sujeito a um simples documento particular.
A promessa com eficácia real, nos termos do artigo 413º, deve respeitar determinados
requisitos:
Presença de coisas imóveis ou móveis sujeitas a registo;
Uma promessa de alienação ou de oneração;
Escritura pública ou documento particular autenticado;
Quando esta forma não seja exigida, por lei, para o contrato definitivo (móveis
sujeitos a registo): basta um documento particular com reconhecimento da
assinatura da(s) parte(s) que se vincula(m);
Convenção com eficácia real (acordo das partes – declaração expressa);
Registo da promessa (inscrição no registo).
3. PACTO DE PREFERENCIA
4. CONTRATOS A FAVOR DE TERCEIROS
O contrato a favor de terceiro encontra-se regulado nos artigos 443 a 451 do CC.
Este é o contrato a qual uma das partes (promitente) assume, perante a outra (promissário) a
efetuar uma atribuição patrimonial em benefício de outrem, estranho ao negócio (terceiro).
Essa atribuição patrimonial consiste normalmente na realização de uma obrigação, ou na
cessão de um crédito, bem como na constituição modificação, transmissão ou extinção de um
direito real.
Sujeitos
i) Promitente ou devedor (parte que assume a obrigação);
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Naturalmente que a possibilidade de adesão caduca com a rejeição, tal como a rejeição
caduca com a adesão;
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Num contrato a favor de terceiro há que ter em conta um equilíbrio, exigido pelo facto do
beneficiário não ser parte do contrato:
1. o promitente, quando se desempenhe perante terceiro, não tem a fiscalização da
contraparte;
2. o promissário, por não ser o destinatário da prestação acordada, pode desinteressar-se
dela ou não dispor de elementos para assegurar a integralidade;
3. o terceiro desconhece os precisos termos envolvidos, ficando em inferioridade.
Contrato em que uma das partes se reserva a faculdade de designar uma outra pessoa que
assuma a sua posição na relação contratual, como se o contrato tivesse sido celebrado com
esta última. Regulado nos artigos 452 a 456 do CC.
A cláusula de nomeação não é permitida nos contratos em que a determinação pessoal dos
contraentes é relevante, ou seja, quando estejam em causa contratos familiares ou outros
celebrado intuitu personae (art. 452.º, n.º 2 ;)
Requisitos
A nomeação deve seguir determinados requisitos, tendo esta de ser feita por escrito ao outro
contraente no prazo convencionado, ou na falta de convenção em contrário, dentro dos cinco
dias, a contar da celebração do contrato (453/1), e deve ser feita acompanhada para ser eficaz
de instrumento de ratificação do contrato ou de procuração anterior à celebração deste
(453/2). A nomeação tem assim como requisito necessário uma atribuição de poderes
representativos por parte do nomeado, por forma a garantir a sua vinculação ao contrato,
exigindo a lei para o efeito procuração ou ratificação, consoante essa atribuição de poderes
representativos ocorra antes ou apos a celebração do contrato para nomear.
Efeitos
Nomeação eficaz: para que assim seja, é necessário (i) a nomeação (art. 453.º, n.º 1) pelo
nomeante da pessoa que vai assumir os efeitos do contrato e (ii) o acordo do nomeado (art.
453.º, n.º 2);
Após a nomeação eficaz, a eficácia é retroativa.
Isso significa que: um dos intervenientes originais perde a qualidade de contraente e o
terceiro nomeado assume a sua posição como se fosse contraente desde a celebração do
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contrato;
Nomeação ineficaz: se o nomeante não fizer a nomeação ou se esta não for eficaz, então os
efeitos do contrato subsistirão entre as partes, exceto se as mesmas tiverem acordado em
sentido contrário (art. 453/1);
6. NEGOCIOS JURIDICOS UNILATERAIS
Por negócio unilateral, deve entender-se a fonte das obrigações que se traduza numa única
manifestação de vontade – englobando, assim, o ato unilateral. O Regime encontra-se
previsto nos artigos 457º a 463º.
Promessa publica
Declaração negocial dirigida ao público, através da qual se promete uma prestação a quem se
encontre em determinada situação ou pratique certo facto, positivo ou negativo.
Concurso publico
Oferta de prestação ocorre como premio de um concurso, fixando prazo para a apresentação
se não, não é valido artigo 463/1 e 2 do CC. a decisão do júri tem de ir em conformidade com
as regras definidas no anúncio do concurso.
7. GESTÃO DE NEGOCIOS
Gestão de negócios ocorre quando uma pessoa assume a direção de negócio alheio no
interesse e por conta do respetivo dono, sem para tal estar autoridade. É, assim, instituto que
consiste em alguém começar a praticar atos em nome de outrem, de tal forma que começam a
surgir obrigações em relação a ambos.
A intervenção do gestor assenta – regra geral – numa atitude de altruísmo, que pode relevar
para evitar a perda ou deterioração de interesses do dono do negócio;
A gestão nasce de um facto em princípio ilícito, na medida em que consubstancia uma
intromissão não autorizada na esfera jurídica alheia, podendo inclusivamente causar prejuízo
ao dono do negócio.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
Pressupostos 464 cc
Para que estejamos perante gestão de negócios devem estar preenchidos os requisitos do art.
464.º:
a) Assunção de direção de negócio alheio:
Utilidade da gestão: a lei exige que a questão seja assumida no interesse e por conta
do dominus. Não se abrange apenas a intenção de festão, mas também uma utilidade
da mesma. A tutela dos interesses do dono exige que não possa considerar atribuída
ao gestor a possibilidade de exercer a gestão, quando não exista qualquer utilidade
para o dominus. A utilidade da gestão determina-se no momento do ato a assumir
segundo o critério optado pela lei, utilier coeptum.
Intenção da gestão: no artigo 464 refere que a gestão deve ser realizada por conta do
dono do negócio, confirmado pelo 472.
c) Falta de autorização
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Deveres do Gestor
No artigo 465 os deveres do gestor são mencionados, no artigo 466 a constituição do gestor
em responsabilidade como dono do negócio.
E haverá algum dever do gestor de prosseguir a gestão a partir do momento em que a inicia?
Professores Vaz Serra, Menezes Cordeiro e Menezes Leitão: não. Não há nenhum dever deste
género que resulte da lei quanto ao gestor; apenas à obrigação de indemnizar os danos
causados nos termos do art. 466.º, n.º 1.
O que existe é “um dever específico de proteção do dominus, através do qual o gestor é
responsabilizado se interromper injustificadamente a gestão numa situação suscetível de lhe
causar danos”.
Responsabilidade do gestor
Artigo 466, o gestor é responsável pelos danos que causar no exercício se agir em
desconformidade com o interesse ou a vontade. Portanto, o gestor deve ficar sempre sujeito
as diligencias de um bom pai de família, previstas no artigo 487/2 dado que a intervenção se
apresenta como uma forma de realizar a prestação ao dominus.
a) Gestão regular: significa que a gestão é exercida sobre conformidade com o interesse
e a vontade do dono do negócio e o gestor tem o direito a ser reembolsado de todas de
todas as despesas suportadas e indemnizado por prejuízo artigo 468/1.
b) Gestão irregular: não é atribuída qualquer renumeração ao gestor pela sua atuação, a
menos que corresponda a sua atividade profissional art. 470. Se é irregular foi contra
o 465 a), e o dono responde apenas sobre o enriquecimento sem causa 468/2.
Aprovação da gestão
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b) Gestão não representativa: a é quando o gestor age em nome próprio, artigo 471º, 2º
parte CC. Estamos perante um mandato sem representação, artigo 1180º nº1. Como
vai transferir para o dono do negócio, artigo 1181º nº1 CC.
Se for por efeitos reais, o dono do negócio pode mesmo cobrá-los diretamente ao
devedor respetivo, substituindo-se (ação direta) nessa medida ao gestor, artigo 1181º
nº2 CC. NOTA: ação direta é agir por alguém para salvaguardar um direito que é seu.
Se for por efeitos obrigacionais, o dono do negócio terá de as assumir: ou através da
chamada assunção de divida, ou entregando ao gestor as quantias que sejam
necessárias para ele as cumprir ou reembolsando-as das despesas que este tenha
efetuado para cumprir tais obrigações, artigo 1182º CC.
A gestão de negócio alheio julgado próprio, trata-se da situação em que o gestor gere o
negócio em causa convencido de que é mesmo seu, quando afinal é de outro, artigo 472º nº1
CC.
Assim, o gestor atua sem a intenção de gerir o negócio alheio e naturalmente sem intenção de
o fazer no interesse e para aquele que é o verdadeiro titular. A gestão de negócios apenas se
aplica se houver aprovação da gestão, artigo 472º nº1 CC. Apesar de o gestor agir sem
intenção de gerir negócio alheio, a gestão possa ainda assim, servir ao interesse do verdadeiro
titular do negócio e ter correspondido àquela que seria a sua vontade. Neste caso, o titular do
negócio, não sendo obrigado a aprovar a gestão, terá motivo para, decidir aprová-la.
Renumeração do gestor
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Requisitos
A lei nega o direito a restituição nos casos de prescrição, usucapião, prestação de alimento
provisórios e ente outros; a lei atribui outros efeitos ao enriquecimento quanto as benfeitorias
uteis e quanto a alteração das circunstâncias vigentes a data do contrato.
Assim nos termos do 474 CC, quando há regimes especialmente fixados não se recorre ao
enriquecimento sem causa – anulação + nulidade + resolução + revogação do negócio
jurídico – têm regime próprio, logo é afastado o ESC.
Doutrina
O ESC tem vindo a ser questão controvertida na doutrina, o professor Menezes Leitão
entende que a cláusula geral do art. 473º.1, apresenta-se como demasiado genérica, não
permitindo um tratamento dogmático unitário do enriquecimento sem causa, uma adequada
subsunção aos casos concretos. Estabelece-se assim uma tipologia de categorias que faz uma
divisão do instituto nas seguintes modalidades – enriquecimento por prestação, por
intervenção, por despesas realizadas em benefício doutrem, por desconsideração dum
património intermédio.
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O enriquecimento por prestação, respeita a situação em que alguém efetua uma prestação a
outrem, mas se verifica uma ausência de causa jurídica para que possa ocorrer a receção
dessa prestação.
Este conceito é composto pelos seguintes requisitos: um elemento real, na qual consiste uma
atribuição patrimonial; um elemento cognitivo e outro volitivo; e um elemento final, na qual
a atribuição tem que visar a realização de um fim específico.
O artigo 473/2 tem 3 casos especiais do ESC:
1. Restituição de algo que não era devido: alguém cumpre a obrigação inexistente, por
equívoco (art. 476º quanto à repetição do indevido; repetir = restituir, desfazer
pagamento que foi realizado); cumprimento de obrigações alheias (art. 477º e 478º),
ex.: pago dívida de outro pensando que era minha.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
A situação que alguém obter um enriquecimento através de uma ingerência não autorizada no
patrimônio alheio (como no caso de consumo). Com base no 473/1, deva ser atribuída nesses
casos ao titular uma pretensão à restituição do enriquecimento sem causa. O fim da pretensão
será a recuperação da vantagem patrimonial obtida pelo interventor ocorrerá sempre que, de
acordo com a repartição dos bens, essa vantagem considera-se como pertencente ao titular do
direito.
Pressupostos do ESC
Regime benéfico para o enriquecido pois este geralmente desconhece a inexistência de causa
do seu enriquecimento.
A. Enriquecimento por prestação: restitui-se a própria coisa prestada. Não podendo haver
restituição em espécie, deve restituir-se o valor correspondente a preço comum de
mercado.
B. Enriquecimento por intervenção: só se restitui o valor da exploração do bem
(Menezes Leitão) ou deve restituir-se todo o ganho que se obteve em virtude dessa
intervenção.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
a. Não cabe restituir os lucros que o empobrecido poderia ter (não há lucros
cessantes)
b. E se o infrator tiver lucros muito superiores? Difícil responder. Pode levar a um
enriquecimento sem causa do empobrecido. E se pessoa publica obra e depois tem
lucro.
C. Enriquecimento por despesas: não apenas o objeto ou direito primariamente adquirido
sem causa, mas também todo o commodum ex re, o qual abrange os frutos da coisa ou
outras vantagens obtidas com ela.
Obrigação de restituir não pode exceder o valor do bem – limite da aplicação do
Enriquecimento sem Causa é o Enriquecimento por Prestação.
TRANSMISSÃO DA OBRIGAÇÃO
I. CESSÃO DE CRÉDITO
Prevista nos arts. 577º e ss. CC, consiste numa forma de transmissão do crédito que opera por
virtude de um negócio jurídico (normalmente um contrato celebrado entre o credor e
terceiro).
Para cessão de créditos não se exige o consentimento do devedor, nem ele tem que prestar
qualquer colaboração para que esta venha a ocorrer. O crédito é uma situação jurídica
suscetível de transmissão negocial, sem que o devedor tenha que outorgar de alguma forma
colaborar no negócio transmissivo.
Requisitos
Pode ser qualquer negócio jurídico, sendo que a cessão de créditos se apresenta como um
efeito desse mesmo negócio, no qual se integra.
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Efetivamente prevendo genericamente a prestação de coisa futura (399º CC), a lei admite que
os bens futuros possam ser objeto de venda (880º CC), desde que esteja preenchido o
requisito da determinabilidade (280º.1 CC), é possível a cessão onerosa de créditos futuros,
podendo estes resultar quer de negócio jurídico já celebrado ou ainda não celebrado.
Se o negócio transmissivo vier a ser declarado nulo ou anulado, isso acarretará a anulação da
transmissão do crédito (de acordo com o disposto nos arts. 289.º a 291.º).
Em certos casos, a lei proíbe que o crédito seja cedido. Estão nesta situação créditos como o
direito de preferência – 420 – direito a alimentos – 2008. Um casos específico diz respeito à
cessão de créditos e direitos litigiosos, (579º e ss. CC). Os direitos consideram-se litigiosos
nos termos do 579/3 CC. Se apesar da proibição vier a ser realizada a cessão é, esta
considerada nula (580/1CC), que não pode ser invocada pelo cessionário (580/2 CC).
Estão nessa situação os créditos que se constituem para a satisfação das necessidades pessoais
do credor – implicaria sujeitar o devedor a ter que realizar uma prestação a pessoa diferente
daquela em relação à qual a prestação se encontra, por natureza, intimamente ligada.
Natureza da prestação constitui um obstáculo à cessão do crédito – pelo que se for realizada
será nula (art. 294º).
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
A cessão de créditos apenas produz efeitos em relação ao devedor, desde que lhe seja
notificada (583º.1). A notificação e a aceitação não estão sujeitas a forma especial (219º). Se
o devedor antes da notificação ou aceitação, pagar ao cedente ou celebrar com ele algum
negócio relativo ao crédito, o pagamento ou o negócio têm efeitos sobre o crédito podendo
produzir a sua extinção e são oponíveis ao cessionário, exceto se ele demonstrar que o
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
devedor tinha conhecimento da cessão (583º.2). O devedor pode opor ao cessionário todos os
meios de defesa que lhe era lícito invocar contra o cedente consoante os termos do 585º.
A cessão produz efeitos independentemente de qualquer notificação, pelo que a partir da sua
verificação podem os credores do cessionário executar o crédito ou exercer a ação sub-
rogatória;
Há uma exceção a esta regra no art. 584.º CC – Há um caso, em que a eficácia da cessão em
relação a terceiros depende da notificação ou da aceitação da situação de o crédito ser cedido
a mais de que uma pessoa. Neste caso, prevalece a cessão que primeiro tiver sido notificada
ao devedor ou por este tiver sido aceite (584º).
II. SUB-ROGAÇÃO
A sub-rogação é a designação atribuída ao fenómeno pelo qual uma pessoa vem substituir, no
âmbito da relação jurídica, outra pessoa;
Esta se encontra prevista nos artigos 589 e ss do CC, consistindo assim na situação que se
verifica quando, cumprida uma obrigação por terceiro, o crédito respetivo não se extingue,
mas antes se transmite por efeito desse cumprimento para o terceiro que realiza a prestação
ou forneceu os meios necessários para o cumprimento.
Modalidades
Prevista no artigo 589, verifica-se através da declaração do credor, de que pretende que o
terceiro que cumpre a obrigação venha por virtude desse cumprimento, a adquirir o crédito.
Esta tem dois requisitos cumulativos, não sendo a declaração do credor eficaz só por si para
determinar a transmissão do crédito. Os requisitos são: Cumprimento da obrigação por
terceiro e declaração expressa anterior do credor a consentir a sub-rogação.
Prevista no artigo 590, verifica-se através de declaração do devedor de que pretende que o
terceiro que cumpre a obrigação adquira o respetivo crédito. Essa declaração tem igualmente
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
de ser expressa e deve também ser efetuada até ao momento do cumprimento, para evitar a
extinção da divida em lugar da sua transmissão.
Efeitos da sub-rogação
O art. 594º manda aplicar a esta transmissão as disposições do arts. 582º-584º. Transmitem-se
assim para o sub-rogado as garantias não inseparáveis da pessoa do credor (ex: fiança). No
caso de sub-rogação parcial parece que as garantias passarão a beneficiar ambos os créditos,
ainda que por força da sua indivisibilidade, cada credor tenha que exercer o direito real de
garantia por inteiro, estabelecendo-se a preferência de acordo com o 593º.2 e 3.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
O art. 594º, não efetua qualquer remissão para o artigo 585º, onde se determina que as
exceções que o devedor tinha contra o cedente podem ser também invocáveis contra o
cessionário.
Eficácia da sub-rogação
Por força de remissão do 594º aplicam-se à sub-rogação também as disposições dos artigos
583º e 584º. A sub-rogação deve ser notificada ao devedor, ou por este aceite, para que se
produza efeitos em relação a ele (art. 583º.1), sob pena de não lhe ser oponível, a não ser
demonstrado o seu conhecimento da sub-rogação (583º.2). Assim, caso o devedor, ignorando
a sub-rogação, vier a pagar ao credor originário, esse pagamento será eficaz perante o sub-
rogado. Em caso de vários pagamentos do mesmo crédito por terceiro, prevalece a sub-
rogação que primeiro for levada ao conhecimento do devedor ou que este seja aceite (584º ex
vi 594º).
III. ASSUNÇÃO DE DIVIDAS
Encontra-se prevista nos artigos 595 e ss do CC. Transmissão singular de uma divida através
de um negócio jurídico celebrado com terceiro. – a divida transfere-se de um devedor
originário para um terceiro.
a) Por contrato entre o antigo e o novo devedor, ratificado pelo credor – assunção interna
b) Por contrato entre o novo devedor e o credor, c/s consentimento do antigo devedor –
assunção externa
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
primitivo devedor, sem que ele dê o seu acordo. Uma solução, que é tutelado pela atribuição
de caráter contratual à remissão, conforme determina o artigo 863/1.
assunção cumulativa de dívida (em que o antigo devedor não é liberado da sua
obrigação, mantendo-se solidariamente obrigado perante o credor);
Ao verificar-se a transmissão da dívida, o novo devedor pode vir a substituir integralmente o
antigo devedor, que fica assim exonerado
1. Consentimento do credor
Sempre necessário, uma vez que o credor só conta com o património do devedor para garantir
a realização do seu crédito, pelo que poderia ser prejudicado pela transferência da obrigação a
terceiro, uma vez que poderia confrontar-se com um novo devedor numa situação patrimonial
muito pior do que aquela que possuía o antigo devedor.
A lei exige que esta decorra de um contrato transmissivo da obrigação que exista e que não
seja nulo ou anulável. Não existirem obstáculos legais à transmissão de dívidas futuras, desde
que esteja preenchido o requisito da sua determinabilidade (280º), quer de negócio já
celebrado, quer de negócio a celebrar.
1. Assunção cumulativa
É necessário estabelecer uma distinção entre os seus efeitos na relação interna entre o antigo
e o novo devedor e na relação externa dos devedores para com o credor.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
Se antigo devedor invocar contra o credor um meio de defesa pessoal, esse meio de defesa
aproveitará ao novo devedor, extinguindo a sua obrigação. Prescrita a obrigação do antigo
devedor ele não terá direito de regresso sobre o novo.
2. Assunção liberatória
Novo credor torna-se o exclusivo devedor, ficando o antigo devedor totalmente liberado da
sua obrigação.
Pelo artigo 599º, a transmissão da dívida envolve em princípio igualmente a transmissão das
garantias e acessórios. Relativamente às obrigações acessórias do primitivo devedor, que não
sejam inseparáveis da pessoa deste, estas transmitem-se em princípio para o novo devedor
(599º.1). O novo devedor assume todo o vínculo obrigacional como realidade complexa,
abrangendo os deveres da prestação secundários e os deveres acessórios de informação,
lealdade e proteção. Se se transmite a obrigação de entrega de uma coisa o assuntor, fica
vinculado à entrega das partes integrantes e documentos (882ºº.2 e 955º.2), terá por força do
princípio da boa-fé (762º.2).
Relativamente às garantias que acompanhavam o crédito, a lei determina que elas se mantêm,
com exceção das que tiverem sido constituídas por terceiro ou pelo antigo devedor, que não
haja consentido na transmissão da dívida (599º.2).
O art. 598º. vem referir quais os meios de defesa a que pode recorrer o novo devedor, após a
celebração do contrato de transmissão.
Verifica-se que o novo devedor não pode opor ao credor quaisquer meios de defesa que
resultem de relação entre a assunção de dívida.
➥exemplo: Se o antigo devedor prometeu ao novo devedor uma prestação como
contrapartida da assunção de dívida é vedado a este último opor ao credor, quer a exceção de
não cumprimento, fundadas no não cumprimento.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
O novo devedor pode opor ao credor os meios de defesa derivados da relação entre ele
próprio e o credor.
➥exemplo: O credor aquando da assunção da dívida, concedeu ao novo devedor uma
moratória no prazo de pagamento o novo devedor poderá opor essas exceções ao credor.
Relativamente aos meios de defesa existem na relação entre o antigo devedor e o credor, estes
poderão ser opostos pelo novo devedor, uma vez que ao assumir a dívida ele passa a
responder exatamente nos mesmos termos em que respondia o antigo devedor.
➥exemplo: O novo devedor, poderá opor ao credor, quer a nulidade do contrato constitutivo,
quer a sua ineficácia quer a verificação de causas objetivas de extinção do crédito.
Já não poderá opor-se ao credor meios de defesas pessoais do antigo devedor, podem ser
utilizados pelo seu titular, como a anulabilidade do contrato por erro dolo, coação ou
incapacidade (287º) e a compensação (847º).
Figura afins
1. Subcontrato
Sempre que alguém celebrar determinado contrato com base na posição jurídica que lhe
advém de outro contrato do mesmo tipo, já previamente celebrado com outrem
➥exemplo: Sublocação (1060º e ss.)
2. Adesão ao contrato
O terceiro vem a constituir-se como parte numa relação contratual existente entre duas
pessoas, participando da posição jurídica a uma delas, sem que esta perca, por sua vez, a
titularidade dessa mesma posição.
• Torna-se cotitular dos créditos dum parceiro contratual.
• Não ocorre qualquer transmissão e há apenas a agregação de outro sujeito a uma posição
contratual que é conservada.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
– art. 1057º - transmissão da posição contratual não resulta de um negócio jurídico entre
cedente e cessionário, nem sequer exige o consentimento do outro contraente.
• É uma transmissão imposta por determinação legal, que é independente da
estipulação das partes, baseando-se num facto jurídico stricto sensu.
• Operada ex lege e determinada por facto que a lei atribui.
Efeitos
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O cedente pode solicitar a anulação do negócio que originou a posição contratual transmitida,
caso em que a cessão da posição contratual se tornará nula, por impossibilidade do objeto
(280º.1).
O art. 426º.1, vem determinar, no âmbito da cessão da posição contratual que o cedente
garante ao cessionário, no momento da cessão, a existência da posição contratual transmitida
nos termos aplicáveis ao negócio. A garantia do cumprimento das obrigações só existe se for
expressamente convencionada, nos termos do 426º.2.
Quantos às exceções refere o art. 427º. Resulta que ao contrário do que sucede na cessão de
créditos (585º), a cessão da posição contratual não implica que a outra parte conserve
integralmente as exceções que possuía contra o cedente, apenas passando a poder invocar
contra o cessionário as exceções que resultam da própria relação contratual.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
Quando as obrigações resultam da autonomia privada, a sua extinção verifica-se sempre que
o negocio que lhe serve de fonte vem a ser posteriormente destruído, através:
I. REVOGAÇÃO
A resolução opera através de um negócio jurídico unilateral: não há lugar ao comum acordo
das partes. É uma decisão unilateral.
O fundamento mais comum é o incumprimento (art. 801º/2) mas admite-se, lato sensu, a justa
causa (art. 1140). Se o fundamento resultar da vontade das partes, estas são livres para
estipularem cláusulas resolutivas.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
O art. 436/1 CC adota o sistema da resolução por declaração, ie, a resolução efetua-se
mediante uma simples declaração da parte à sua contraparte.
III. DENUNCIA
Não tem eficácia retroativa – produz efeitos para o futuro e não havendo lugar à restituição
das prestações já realizadas.
São igualmente aplicáveis à caducidade dos negócios jurídicos os arts. 328º e ss. As partes
podem estabelecer negócios pelos quais se criem casos especiais de caducidade, como nos
termos do 330/1. A caducidade é de verificação automática, resultando imediatamente do
facto jurídico que a desencadeia, pelo que não depende de declaração negocial das partes. A
caducidade é apreciada oficiosamente pelo Tribunal, nos termos do 333.
V. OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO
É necessário decorrer um certo lapso de tempo (previsto no contrato) para que possa ocorrer a
sua extinção, mas, tal está dependente de declaração negocial contrária à sua renovação.
Ex.: as partes convencionam que o contrato vigora por períodos limitados de tempo, mas
simultaneamente preveem a sua renovação tacita, se não houver declaração em contrario.
As partes convencionam que o contrato vigora por períodos limitados de tempo, mas
simultaneamente preveem a sua renovação tácita, se não houver declaração em contrário.
A oposição à renovação consiste nessa declaração e caracteriza-se por ser um exercício livre,
não retroativo, mas que só pode ser exercida num certo lapso de tempo antes de ocorrer a
renovação do contrato.
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
VI. PRESCRIÇÃO
Encontra-se referida no n.º 1 do artigo 298.º e regulada, enquanto instituto geral, nos artigos
300.º a 327.º do Código Civil.
O regime jurídico da prescrição é um regime injuntivo(imperativo) que não pode ser afastado
ou modelado pelas partes no negócio jurídico.
Sempre que não exista um prazo especial de exercício, resultante da lei ou da vontade real de
gozo (298/2), ou perante um direito que a lei considere indispensável ou imprescindível
(298/1), aplicam-se ao caso as regras da prescrição (300 e ss), o que significa que o direito
pode prescrever se não for exercido dentro do prazo da prescrição, que é ordinariamente
fixado em 20 anos (309).
Modalidades de prescrição
Prescrição comum: esta funda-se no puro não exercício do direito durante um certo lapso de
tempo, sendo que uma vez decorrido esse prazo gera-se para o devedor a faculdade de recusar
o cumprimento da sua obrigação (304/1)
Regime da prescrição
Resulta do artigo 303 que a prescrição não pode ser reconhecida ex officio, necessitando para
ser eficaz ser invocada judicialmente ou extrajudicialmente por aquele a quem aproveita. A
prescrição não resulta automaticamente do decurso do prazo, sendo necessária à sua
invocação pelo devedor, para que possa ocorrer a extinção da obrigação. Se o devedor não
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
Os prazos de prescrição começam a correr a partir do momento em que o direito podia ser
exercido, independentemente da alteração do titular do direito.
Tal como a prescrição, também a caducidade é uma forma de extinção de direitos pelo não
exercício durante um determinado período de tempo, embora assuma um regime jurídico
distinto.
VII. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS
Modificação dum estado de coisas que existia ao tempo que as partes celebraram e que foi
importante para as partes celebrarem esse negócio jurídico.
Art. 252º/2 tem uma solução subjetivista – situação que está em causa é a falsa representação
da realidade que as partes tinham no momento da celebração do negócio.
Coloca apenas um problema de erro, com a consequência da anulação do contrato, e
não a possibilidade da sua resolução ou modificação segundo juízos de equidade.
Art. 437º tem uma solução objetivista – situação das circunstâncias efetivamente existentes
no momento da celebração do contrato e que depois se alteram, resultante de factos que as
partes não podiam prever.
Ex1: A arrenda casa de B para ver passar o desfile – mudança do percurso já estava decidida,
mas A e B não sabiam (erro); mudança do percurso foi posterior ao negócio (alteração).
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• Ex2: A contrata com B para ser levado de Lisboa a Almada – aviso sobre encerramento da
ponte já tinha sido emitido (erro); ponte encerrou devido a um suicida depois das partes
contratarem (alteração).
Requisitos
Exige-se que essa alteração tenha caráter anormal, ou seja que fosse de todo imprevisível
para as partes a sua verificação. Ex.: guerras; revolução; pandemia…
Exige-se que o desequilíbrio contratual gerado pela alteração das circunstâncias seja de tal
ordem, que torne contrária à boa-fé que a parte beneficiada venha a exigir o cumprimento do
contrato. Pode considerar-se que apresenta uma modalidade específica do abuso de direito
(334).
envolve uma assunção de riscos, não se podendo recorrer à alteração das circunstâncias
sempre que a lesão sofrida não ultrapasse o círculo dos riscos considerados como normais
naquele contrato.
Art. 438º - nega-se à parte lesada o direito à resolução ou modificação do contrato se esta se
encontrava em mora no momento em que a alteração das circunstâncias se verificou. Solução
coerente com o regime pois a mora implica a inversão do risco (art. 807º) pelo que se o
devedor não cumprir atempadamente por causa que lhe é imputável, assume o risco de
verificação de posteriores desequilíbrios contratuais, não podendo impor ao credor uma
distribuição do risco distinta.
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VIII. CUMPRIMENTO
Conceito
Princípios Gerais
1. Principio da pontualidade
Em suma, o principio da pontualidade define que o contrato tem de ser cumprido ponto por
ponto, conforme o estipulado. É aplicável a todas as obrigações e não só aos contratos.
Resulta a proibição de qualquer alteração à prestação devida.
2. PRINCIPIO DA INTEGRALIDADE
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Este princípio regulado, regulado pelo artugo 763/1, significa que o devedor deve realizar a
prestação de uma só vez, mesmo que seja uma prestação que – em teoria – possa ser
fracionada;
Contudo, esta é uma norma supletiva: admite-se estipulação em contrário pelas partes. Assim,
se as partes convencionarem que a obrigação deve ser cumprida de forma fracionada, então a
prestação deve ser cumprida desse modo e de acordo com as datas que as partes tenha
elegido.
Também haverá cumprimento fracionado quando a lei o estabeleça (ex: art. 784.º, n.º 2 + art.
649.º) ou quando os usos assim o indiquem.
Fora destes casos: se devedor quiser prestar parcialmente, credor pode rejeitar sem entrar em
mora.
3. Principio da boa-fé
4. Principio da concretização
Este principio, significa que vinculação do devedor deve ser concretizada numa conduta real
e efetiva. Porém o comportamento acatado aquando do cumprimento, vem a ser
juridicamente regulada, não apenas em termos de exigência de certos pressupostos para o
cumprimento, mas também através da disciplina da sua forma de realização. Para que o
cumprimento da obrigação possa efetivamente ocorrer haverá que respeitar toda a disciplina
específica.
a) Capacidade do devedor
Não se exige a capacidade do devedor, a menos que a própria prestação consista num ato de
disposição, tendo sido validamente celebrado o negócio jurídico, a prestação poderá
normalmente ser realizada pelo devedor incapaz (764º).
Distingue-se se a prestação é:
Realização de atos materiais (realizar serviços, entregar coisas e etc.) – não requer
capacidade do devedor.
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o Quanto contraiu a obrigação é que tinha de ter capacidade – exigida para celebrar
negócios jurídicos, mas não para os concretizar.
o No cumprimento, o devido é válido mesmo que prestado por incapaz
b) Capacidade do credor
Credor tem de ser capaz – pois é um ato com efeitos jurídicos que libera o devedor – tem
consequências importantes.
o Se for incapaz, o ato é inválido e devedor terá que prestar outra vez.
o Ressalva-se se chegar ao representante legal e o devedor pode opor-se à
anulabilidade
Disponibilidade
O devedor para realizar eficazmente o cumprimento tem que ser titular da coisa e
legitimidade para proceder à sua alienação (765/1). Se o devedor cumprisse a obrigação com
coisa alheia ou com coisa própria de que não pudesse dispor, o credor estaria sempre sujeito à
possibilidade de ver a coisa reivindicada ou o cumprimento ser anulado.
Legitimidade
Num caso em que a prestação for efetuada por terceiro tem que se verificar se o autor da
prestação e o seu recetor têm legitimidade para efetuar ou receber a prestação. Sem
legitimidade não se extingue a obrigação.
Legitimidade passiva: a lei que determina que a prestação deve ser efetuada ao
credor/seu representante (769). Em princípio só estes têm legitimidade para
receber. Na incapacidade do credor, parece claro que é apenas ao
representante legal que a prestação deverá ser realizada → poderá determinar
a anulação do cumprimento (764/2).
Exceção: situações previstas no 770 CC.
a) Lugar
Não havendo convenção entre as partes a estabelecer o lugar do cumprimento, a regra geral é
a de que ele deve ser realizado no domicílio do devedor (772/1).
Se a obrigação tiver por objeto a entrega de uma coisa móvel, a regra é a de que a obrigação
deve ser cumprida no lugar onde a coisa se encontrava ao tempo da conclusão do negócio,
quer seja:
→ coisa móvel determinada (773/1);
→ coisa genérica (773/2);
Se a obrigação tiver por objeto certa quantia em dinheiro a regra é de que a obrigação deve
ser cumprida no domicílio que o credor tiver ao tempo do cumprimento (774º).
As regras gerais cedem em certos casos onde vigoram outras regras havendo por isso que
averiguar se o regime especial do contrato não estabelece regras específicas para o lugar de
cumprimento (regras gerais diferentes do 772º e ss.).
Tendo as partes fixado um lugar para o cumprimento, pode ser ou tornar-se impossível
realizar a prestação nesse lugar.
b) Tempo de cumprimento
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Obrigações Puras: cujo cumprimento pode ser exigido/ realizado a todo o tempo;
Obrigações a Prazo: aquelas em que a exigibilidade do cumprimento ou a
possibilidade da sua realização é diferida para um momento posterior.
A regra geral é a de as obrigações não terem prazo certo estipulado, sendo, portanto,
obrigações puras.
O credor terá direito de exigir a todo o tempo o cumprimento da obrigação, assim como o
devedor de exonerar-se dela (777/1).
Beneficio do prazo
Regra Geral → o prazo é estabelecido em benefício do devedor, o que significa que o credor
não pode exigir a prestação antes do fim do prazo, mas antes que o devedor tem o direito de
proceder à sua realização a todo o tempo.
Todavia, é possível as partes estabelecem que o prazo corra antes→ em benefício do credor.
O credor tem a faculdade de exigir a prestação a todo o tempo, mas o devedor só tem a
possibilidade de cumprir no fim do prazo.
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Perda do Beneficio
Em caso de atribuição do benefício do prazo ao devedor, este pode perder esse benefício caso
a sua situação patrimonial se altere/pratique algum ato considerado incompatível com a
confiança do credor (780).
Outro caso de perda de benefício do prazo é a não realização de uma prestação nas dívidas a
prestações (781).
Nas dívidas as prestações, caso o devedor que falte ao pagamento de uma das
prestações, admite-se que o credor possa exigir antecipadamente as prestações ainda que não
se venceram (781).
A perda do benefício do prazo, é, no entanto, pessoal pelo que não se estende aos
coobrigados do devedor, nem aos terceiros, que garantiram o cumprimento da obrigação
(782).
Outro caso em que a perda do benefício do prazo ocorre é a insolvência do devedor, ainda
que não judicialmente declarada (780).
Imputação do cumprimento
Operação pela qual se relaciona a prestação realizada com uma determinada obrigação,
quando existiam várias dívidas entre as partes e a prestação efetuada não chegue a extinguir
todas.
Esta é uma faculdade do devedor escolher quem cumpre – artigo 783/1. A exceção a esta
regra geral encontra-se estipulada no artigo 783/2+785/2.
Caso o devedor não efetue a designação verificam-se as regras do art.784. Estas regras cedem
perante regime especial, de que se salienta o caso do contrato de conta corrente e a situação
de insolvência.
PROVA DO CUMPRIMENTO
Por vezes a lei presume que já ocorreu o cumprimento da obrigação em virtude de já ter
decorrido certo prazo sobre a sua constituição 312º e ss.
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Realização de prestação diferente da que era, em princípio, devida pelo devedor, prevista nos
artigos 837 e ss do CC.
Pressupostos
a) Realização de uma prestação diferente da que for devida: prestação que o devedor
realiza não coincida com aquela a que está vinculado e que, por isso mesmo, não
possa produzir a sua exoneração (762/1), por não ser considerada como atuação do
vínculo obrigacional.
Forma
O autor da dação em cumprimento tem que conceder ao credor uma garantia pelos vícios da
coisa ou do direito transmitido nos termos prescritos para a compra e venda (838º). Sempre
que a dação em cumprimento tenha conteúdo translativo, o autor responderá pela evicção
(892º e ss.), bem como por ónus e limitações existentes (905º e ss.) e pelos vícios da coisa
(913º e ss.).
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causa imputável ao credor, não renascem as garantias prestadas por terceiro, exceto se este
conhecia o vício na data em que teve notícia da dação.
Nesta o crédito subsiste até que o credor venha a realizar o valor dele.
➥exemplo: Através da venda do bem entregue, da cobrança do crédito cedido ou do
cumprimento da dívida assumida por um novo devedor.
Pode ser qualificada como um mandato conferido pelo devedor ao credor para proceder à
liquidação da prestação realizada e se pagar com o dinheiro obtido por essa via – mandato
não pode ser revogado pelo devedor, salvo ocorrendo justa causa (art. 1170/2).
X. CONSIGNAÇÃO EM DEPOSITO
A lei não considera justo que nestes casos o devedor fique indefinidamente vinculado ao
cumprimento, apenas em virtude de o credor não prestar a colaboração necessária para esse
cumprimento, pelo que confere ao devedor a colaboração necessária para esse cumprimento,
pelo que confere ao devedor um meio de produzir a extinção da obrigação sem a colaboração
do credor. Trata-se, no entanto, de uma faculdade do devedor que este não é obrigado a
exercer (841/2).
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a) ter a obrigação por objeto uma prestação de coisa podendo ser uma quantia
pecuniária, ou uma coisa de qualquer outra natureza.
➥exemplo: O facto de se ignorar o paradeiro do credor.
b) não ser possível ao devedor realizar a prestação por um motivo relativo ao credor
(813)
➥exemplo: Casos de o credor recusar receber a prestação ou passar a quitação da
dívida (787/2).
Institui-se uma nova relação substantiva, o depósito da coisa devida implica o surgimento de
obrigações a cargo do consignatário. É possível distinguir 3 tipos de efeitos da consignação
em depósito:
O consignante será normalmente o devedor, mas a lei à semelhança do que ocorre com o
cumprimento (767º) estende a legitimidade para a consignação em depósito a qualquer
terceiro a quem seja lícita efetuar a prestação (842/9).
O credor adquire imediatamente o direito de exigir a prestação do consignatário,
independentemente da aceitação (844º), podendo o devedor exigir que a coisa consignada não
seja entregue ao credor, enquanto este não efetuar aquela prestação (845º).
XI. COMPENSAÇÃO
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Situação em que duas pessoas são reciprocamente credoras e devedoras uma da outra.
Quando 2 pessoas estejam reciprocamente obrigados a entregar coisas fungíveis da mesma
natureza é admissível que as respetivas obrigações sejam extintas, total/parcialmente, pela
dispensa de ambas de realizar as suas prestações ou pela dedução a uma das prestações da
prestação devida pela outra parte.
➥exemplo: Se um comerciante deve a outro 1000 €, de um fornecimento que este lhe fez,
mas
tem por sua vez um crédito de 1000€ sobre aquele, resultante de um empréstimo antigo,
podem a dívida do fornecimento como a dívida do empréstimo ser declaradas extintas por
compensação entre elas, ficando os dois comerciantes liberados de realizar a sua prestação.
Pressupostos
1. Existência de créditos recíprocos: cada uma das partes tem de possuir na sua esfera
jurídica um crédito sobre a outra e só pode operar a compensação para extinguir a sua
própria dívida. Está vedada a utilização de créditos alheios (art. 851º);
2. Fungibilidade das coisas objeto das prestações e identidade do seu género: no caso em
que cabe a uma das partes determinar o objeto da prestação (como nas obrigações
genéricas e alternativas) só se poderá recorrer à compensação se a escolha implicar
prestações de coisas fungíveis homogéneas para ambos os créditos;
3. Exigibilidade do crédito que se pretende compensar: tanto os créditos do declarante
como o do declaratório têm de ser judicialmente exigíveis (tem que ser possível obter
a realização coativa da prestação)49, o crédito tem de estar vencido (declarante não
pode pretender compensar uma dívida ainda não vencida, se o prazo tiver sido
estabelecido em benefício do credor).
Regime da compensação
O 848º, refere que a compensação se torna efetiva mediante declaração de uma das partes à
outra. Uma vez efetuada essa declaração, os créditos consideram-se extintos desde o
momento em que se tornaram compensáveis (854º). Apesar de se exigir uma declaração de
compensação, os efeitos desta retroagem à data compensabilidade dos créditos. O momento
relevante para a extinção da obrigação, após essa data um dos créditos for cedido a terceiro, o
declarante pode continuar a invocar a compensação (853/2 ad contrarium). Também a
prescrição da obrigação não releva se ela ainda não tinha ocorrido no momento em que os
créditos se tornaram compensáveis (850º). Para a compensação se tornar efetiva é necessária
a declaração de uma das partes à outra (848/1), a qual pode ser feita judicialmente (219º).
A lei estabelece que a declaração de compensação é ineficaz se for feita sob condição ou
termo (848/2).
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
Pode suceder que existam, quer de uma, quer de outra parte, vários créditos compensáveis,
podendo a qualquer deles ser referida a declaração de compensação. A escolha dos créditos
que ficam extintos pertence ao declarante (855/1), vigorando na ausência de escolha as regras
relativas à imputação do cumprimento (855/2).
Compensação convencional
As partes já não estarão sujeitas à maior parte dos pressupostos e limites estabelecidos para a
compensação legal. Exigirá apenas que ambas as partes disponham de créditos que
pretenderam extinguir através do contrato, não sendo necessário que se trate de créditos
recíprocos.
XII. NOVAÇÃO
Pressupostos da novação
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
torne ineficaz sempre que se verifique que a referida obrigação não existia ou estava
extinta ao tempo em que a segunda foi constituída e ainda quando, essa obrigação
vem a ser declarada nula / declarada (860/1);
3. Constituição válida de nova obrigação: a nova obrigação tem de ser constituída, uma
vez que, se tal não ocorrer, não se pode verificar a novação, subsistindo assim a
obrigação primitiva (860/2), já que a sua extinção apenas tinha sido determinada em
razão da constituição de uma nova obrigação.
Regime da novação
A novação resulta a extinção da primitiva e a constituição de uma nova obrigação. Uma vez
que se verifica essa substituição de vínculos, não se vem a operar qualquer continuidade entre
eles, determinando, a lei que, o novo crédito não recebe as garantias relativas à obrigação
antiga (861º), nem lhes pode ser opostos os meios de defesa desta (862º). A lei determina a
extinção dos meios de defesa em consequência da novação, a menos que se estipule o
contrário (862º). Relativamente às garantias a sua extinção compreende-se que estas tenham
sido prestadas pelo devedor, quer por terceiro, quer mesmo quando resultem da lei (861/1).
No caso de garantia dizer respeito a terceiro, é necessária também a reserva expressa deste
(861/2).
XIII. REMISSÃO
Consiste assim no acordo entre o credor e o devedor pelo qual aquele prescinde de receber
deste a prestação devida (863º e ss. sendo vulgarmente designado por perdão da dívida).
➥exemplo: Se o credor sabe que o devedor se encontra em dificuldades económicas e não
tem
condições de cumprir pode acordar com ele em perdoar-lhe a dívida, evitando assim uma
ação executiva que seria destituída de efeitos práticos.
Pressupostos
Efeitos da remissão
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
remissão in rem: existir uma pluralidade de partes, haverá que distinguir se a remissão
foi concedida a todas ou por todas as partes, produzindo a sua extinção definitiva em
relação a todos os sujeitos;
remissão in personam: apenas concedida por ou em benefício de pessoas específicas,
a remissão apenas produzirá efeitos em relação a estas, mantendo-se a obrigação para
as restantes.
XIV. CONFUSÃO
Confusão Strecht sensu → as situações em que não se verifica a reunião na mesma pessoa das
qualidades de proprietário e titular de um direito real.
Pressupostos da confusão
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
Também configura uma causa de extinção das obrigações a impossibilidade da prestação tal
como regulada nos arts. 790.º e ss.
objetiva (salvo quando a obrigação tiver por objeto uma prestação infungível): deve
respeitar à obrigação em si, independentemente da pessoa que a realizar (com exceção
das prestações infungíveis, naturalmente) – vale relembrar aqui a legitimidade
genérica para o cumprimento prevista no art. 767.º, n.º1 CC que deve ser lido em
conjunto com o art. 791.º CC;
b. absoluta: é necessário que a prestação se torne efetivamente irrealizável, ou seja, não
basta uma mera dificuldade na realização (a dificuldade na prestação pode, em alguns
casos, levar à aplicação do art. 437.º CC.;
2. Temporário: a prestação não foi realizada no momento devido, mas ainda é possível
através de um incumprimento retardado. Estamos aqui a falar de uma mora.
I. INCUMPRIMENTO TEMPORARIO
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
MORA
i. Mora do devedor
O artigo 804/2, define a mora do devedor, como a situação em que a prestação, embora ainda
possível, não foi possível realizada no tempo devido, por facto imputável ao devedor.
A regra é a de que as obrigações são puras (não têm prazo certo estipulado, cabendo então a
qualquer das partes determinar o momento do cumprimento 777/1). Aqui o devedor só fica
constituído em mora de ter sido judicialmente interpelado para cumprir (805/1) – caso da
mora ex persona,
Há porem casos em que a mora do devedor depende apenas de fatores objetivos, tornando-se
irrelevante a existência ou não da interpelação pelo credor – caso da mora ex re – que se
encontra referida no artigo 805/2.
O artigo 805/3, exige, no entanto, para que ocorra uma situação de mora que a obrigação seja
liquida, ou seja, que o seu quantitativo já se encontre determinado, uma vez que enquanto tal
não suceder, a mora não se verifica.
Exceção a esta regra: falta de liquidez imputável ao devedor (constitui-se mora na mesma
para não beneficiar de uma situação pela qual ele é responsável); situação de
responsabilidade por facto ilícito ou pelo risco em que, apesar da liquidez, incorre-se em
mora a partir da citação da ação de responsabilidade.
Consequências da mora do devedor
Previsto no artigo 804/1, na qual trata-se da responsabilidade obrigacional, que concorre com
o dever de prestar, em virtude de o credor conservar o direito à prestação originária. O credor
tem assim direito a uma indemnização pelos danos sofridos (como, despesas, lucros cessantes
e prejuízos).
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
art. 806º. Não se permite ao credor exigir outra indemnização, mas dispensa-o da prova dos
requisitos do dano e do nexo de causalidade.
Extinção da mora
2. Purgação da mora
Pressupostos
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
c) nos casos em que o devedor se oponha ao cumprimento por terceiro (art. 768º/1).
➢Fora destas situações justificativas, a recusa do credor implica constituição
em mora.
d) nos casos em que a impossibilidade de prestação não é imputável nem ao credor nem
ao devedor
art. 816 – responsabilidade por ato lícito ou pelo sacrifício, pois ao entrar em mora o credor
provoca o sacrifício de interesses do devedor, sujeitando-o a maiores despesas de que aquelas
que se vinculou a suportar ao assumir a obrigação.
art. 815º - o risco já corria por parte do credor, no entanto, em certos casos (art. 796º/2), a lei
atribuía esse risco ao devedor. Ocorrendo mora do credor, o risco da prestação inverte-se e
corre sempre por conta do credor, alargando-se por força da atenuação das responsabilidades
do devedor (art. 815º fala de “facto não imputável a dolo”)
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
– culpa (cabe ao devedor demonstrar que não teve culpa na violação do vínculo
obrigacional- pode aqui também revestir as modalidades de dolo/negligência);
– dano (o devedor que incumpriu a obrigação, mas tal incumprimento não provocar
danos ao credor, não fica sujeito à responsabilidade).
O credor tem, em caso de não realização da prestação, uma garantia judiciária da obrigação,
na possibilidade de exigir judicialmente o seu cumprimento e de executar o património do
devedor (817º).
Execução especifica
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Direito das Obrigações | Tainircia Figueiredo
Credor exige, por via judicial, que lhe seja entregue a prestação acordada para satisfazer o seu
crédito, obtendo o mesmo resultado que teria se o devedor tivesse cumprido voluntariamente
a obrigação.
➢ Pressuposto é a mora, pois mantém na esfera do credor o direito à prestação
original
Nos casos em que não é possível o recurso à execução específica, a lei admite a
possibilidade de coagir o devedor ao cumprimento, através da denominada
sanção pecuniária compulsória.
Ação de cumprimento
Ação judicial que corre nos Tribunais cíveis em que se pretende obter a declaração que a
obrigação não foi cumprida pelo devedor e declarar-se que o devedor deve cumprir. Art. 4º/3
CPC
• Tribunal condena o devedor a cumprir
O direito de crédito, recebe a proteção do direito. Essa proteção denomina-se de garantia das
obrigações.
A ordem jurídica assegura ao credor os meios necessários para realizar o seu direito em caso
de incumprimento por parte do devedor.
Garantia geral
Não havendo garantias especiais, todos os credores têm igualdade possibilidade de, através
das
vias apropriadas, buscarem a satisfação do seu crédito no património do devedor; Art. 601.º
CC
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Sendo o património do devedor a garantia geral das obrigações, a ordem jurídica consagra
aos devedores diversos mecanismos destinados a evitar a diminuição daquele património:
I. DECLARAÇÃO DE NULIDADE
O primeiro dos meios de conservação da garantia patrimonial que a lei atribui aos credores é
a declaração de nulidade (605º), consiste na faculdade de os credores, poderem vir invocar
em tribunal a nulidade dos atos praticados pelo devedor. Fica assim esclarecido que o artigo
605º, atribui aos credores legitimidade para invocar a nulidade de qualquer ato praticado pelo
devedor que os possa prejudicar, independentemente do momento em que esse ato ocorreu ou
das suas consequências para o património do devedor. A lei esclarece que a declaração de
nulidade aproveita, não apenas ao credor que haja invocado, mas também a todos os demais
(805/2).
Reação do credor contra uma conduta omissiva do devedor, pelo que, se o devedor vir a atuar
positivamente em ordem a prejudicar o credor, a via adequada para este reagir já não será a
da ação sub-rogatória, mas a da impugnação pauliana ou do arresto. Já é permitido o
exercício da sub-rogação em relação ao direitos sujeitos a condição ou a prazo, desde que o
credor se encontre em condições de demonstrar que tem interesse em não aguardar pela
verificação ou pelo vencimento do crédito (607º).
ii) direitos cujo exercício se omitiu tenham conteúdo patrimonial, não estando esse
exercício reservado ao titular
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O art, 606º.2, não basta qualquer interesse do credor para que a sub-rogação possa ser
decretada, exigindo-se a sua essencialidade para a satisfação ou garantia do direito do credor.
Regime
Conforme se deduz ad contrarium do art. 608º, a ação sub-rogatória pode ser exercida tanto
judicial como extrajudicialmente. Exercida a sub-rogação, o artigo 609º, determina que esta
aproveita a todos os credores, não atribui a qualquer preferência no pagamento ao credor que
a ela recorre, mas antes determina o ingresso dos bens obtidos no património do devedor.
A impugnação pauliana pelo credor dos atos do devedor que o possam prejudicar (610º e ss.),
consiste num meio de conservação da garantia geral, destinada a permitir aos credores reagir
contra os atos do devedor que se apresentam como lesivos dessa garantia. Essa reação dos
credores é admissível quer em relação à primeira alienação do devedor (610º e ss.), quer
alienações subsequentes efetuadas pelo adquirente dos bens ( 613º).
Pressupostos
2. Que o crédito seja anterior ao ato ou, sendo posterior, ter sido dolosamente praticado
com o fim de impedir a satisfação do direito do futuro credor; (quanto aos posteriores
– cfr. Art. 613.º);
3. Que o ato seja de natureza gratuita ou, sendo oneroso, exista má-fé do alienante e do
adquirente; (cfr. Art. 612.º)
Efeitos
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IV. ARRESTO
O arresto pode ser requerido sempre que o credor tenha justo receio de perda da garantia
patrimonial do seu crédito (619/1). Basta, que exista um risco de o devedor ir proceder à
ocultação alienação ou dissipação dos seus bens ou que se verifiquem quaisquer outras
circunstâncias que indiquem a possibilidade de futuro desaparecimento dos bens que
constituem a garantia patrimonial do crédito.
O arresto pode ainda ser decretado em relação ao adquirentes dos bens do devedor, exigindo-
se nesse caso que tenha sido judicialmente impugnada a transmissão (619/2).
V. GARANTIAS ESPECIAIS
Situações em que a posição do credor aparece reforçada para além do que resultaria
simplesmente da responsável patrimonial do devedor.
A garantia vai implicar que outros patrimónios para além do património do devedor sejam
sujeitos ao poder de execução do credor (garantias pessoais) ou ter caráter qualitativo, quando
o credor adquire o direito de ser pago com preferência sobre outros credores em relação a
bens determinados ou rendimento desses bens (garantias reais).
É essencial à garantia especial é que um dos credores se encontre, numa posição de benefício,
quebrando-se a normal igualdade entre os credores (pars conditio creditorum). Caracterizam-
se assim por sujeitar a um terceiro à possibilidade de execução do seu património, em caso de
não cumprimento pelo devedor.
Os credores titulares garantias reais dizem-se a credores preferenciais, mas há certos casos de
garantias especiais.
Garantias pessoais
Fiança
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Garantia pessoal das obrigações, através da qual um terceiro assegura a realização de uma
obrigação do devedor, responsabilizando-se pessoalmente com o seu património por esse
cumprimento.
A fiança abrange todo o património do fiador, embora possa por limitação convencional ser
restringida a alguns dos seus bens (602º). Se não for estabelecido qualquer critério para a
determinação das obrigações a afiançar, o negócio não poderá deixar de ser considerado nulo
por indeterminabilidade do objeto (280º).
Garantias reais
possibilitar ao credor obter o pagamento preferencial do seu crédito pelo produto da venda de
bens determinados ou rendimento desses bens. Constituem categorias de direitos reais, mais
precisamente de direitos reais de garantia.
Os credores titulares de garantias reais dizem-se credores preferenciais por oposição aos
outros credores, ie, credores comuns ou quirografários.
Separação de Patrimónios
Casos em que a lei prevê a sujeição de certos bens do devedor a um regime próprio de
responsabilidade por dívidas. Ex: bens adquiridos pelo mandatário no mandato (art. 1184º),
meação nos bens comuns do casal, património da herança em relação ao herdeiro
(art.2070º2071º).
Consiste em toda e qualquer garantia que, por lei, decisão judicial ou negócio jurídico, é
imposta ou autorizada para assegurar o cumprimento de obrigações eventuais ou de
amplitude indeterminada.
➢ Pode ter origem legal, judicial ou negocial.
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Devedores entregam património aos credores para eles se satisfazerem com a sua liquidação
–mas não há transmissão da propriedade, apenas se cede os bens para que eles possam ser
vendidos.
• Pode ser todo o património do devedor ou apenas parte dele – objeto do negócio é
universalidade patrimonial e não bens determinados.
Se forem bens individuais é dação pro solvendo e não cessão de bens aos credores
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