Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

14734-Texto Do Artigo-47562-1-10-20151030

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 13

IIº SEMINÁRIO NACIONAL

ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

METRÓPOLE DO RIO DE JANEIRO: A CONDIÇÃO DE TRABALHO DO


PESCADOR ARTESANAL NA BAÍA DE GUANABARA

Beatriz Oliveira Cruz


Bolsista PIBIC/UERJ-FFP
beatriz.ocruz@gmail.com

Rhanna Cristina das Chagas Leoncio


Bolsista CETREINA/UERJ-FFP
rhanna_leoncio@ig.com.br

Introdução

A Baía de Guanabara é localizada na metrópole do Rio de Janeiro, margeando as


regiões metropolitanas das cidades do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Magé,
Itaboraí, entre outras.

Baía de Guanabara - Fonte: Grupo de Pesquisa Urbano, Território e Mudanças


Contemporâneas.

Ao longo da história, as áreas costeiras foram de grande atração para a


ocupação. Essa progressiva ocupação, acelerada ao longo das últimas décadas, tem

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

gerado conflitos entre a preservação e o desenvolvimento, de acordo com a


industrialização e a urbanização. Sendo que, esse crescimento não é acompanhado por
um planejamento adequado, causando mudanças nas características naturais do meio e o
comprometimento da qualidade do ecossistema.
Além das modificações físicas nos ecossistemas, a falta de saneamento em parte
da região e de medidas de controle sobre os poluentes industriais transformou a Baía de
Guanabara num verdadeiro receptor de poluentes. Com isso, houve um
comprometimento da qualidade dos recursos naturais ali encontrados, sendo
considerado um dos ambientes mais degradados do país.
Assim, a Baía de Guanabara vem passando por um processo intenso de múltiplos
usos e de vários agentes. No que se refere à indústria petroquímica, desde 2007 vem
acontecendo um novo processo de reestruturação produtiva, com a criação do terminal
de gás liquefeito nas Ilhas Redonda e Comprida, a expansão da REDUC e a construção
do COMPERJ. Quilômetros de dutos foram e estão sendo construídos impactando o
processo produtivo dos pescadores artesanais. Vale destacar ainda, na área de Niterói, a
presença dos estaleiros de consertos e a navegação intensa de navios de grande porte. E
não deixando para trás os pescadores artesanais presentes nessa área, que sofrem
diretamente esses impactos.
Desta forma, busca-se compreender a crise da produção pesqueira e das condições
precárias de trabalho dos pescadores na Baía de Guanabara, relacionando aos impactos
da modernização nesta.

Baía de Guanabara: múltiplos usos

No decorrer do desenvolvimento da história da pesca artesanal na região da Baía


de Guanabara, tem sido vivenciado um intenso processo de ocupação dessa área, o que
gerou e tem gerado conflitos decorrentes dessa heterogeneidade do espaço, pautados
principalmente no ideal de modernização da indústria e urbanização das grandes
metrópoles brasileiras. Esses conflitos associados ao não planejamento dos espaços
costeiros têm levado ao “abafamento” das técnicas dos pescadores artesanais da região e
mudança na natureza dos meios de reprodução da vida do pescador.

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

Daí surge a pergunta, qual o limite para o entrelaçamento dos circuitos? Até que
ponto um circuito produtivo é mais relevante ou importante que outro?
Em sua obra Raffestin (1993) procura deixar claro a diferença entre espaço e
território, aproximando do primeiro a ideia de noção, algo que estaria mais próximo ao
concreto, e o segundo à ideia de conceito, já que seria apenas um instrumento para
entender a realidade, em suma, o território em sua visão pode ser entendido como
resultado da ação de sujeitos em qualquer nível, trazendo as claras as relações marcadas
pelo poder. O território seria então, apenas uma representação, um recorte do espaço, já
que o último é anterior a sua formação. Em outro momento, o autor atenta para o fato
que nenhuma representação é estável, pois um território é movido pelas relações de
poder que nele se manifestam, desse modo é incabível pensar em algo imóvel, pois a
sociedade e os atores “sintagmáticos” possuem estreita relação com a temporalidade,
com a política, com a economia, com as facetas da sociedade como um todo.
A partir dessa exposição busca-se entender o espaço costeiro da Baía de
Guanabara compreendendo que as intencionalidades dos atores dão origem a um
processo que extrapola o limite do território e passa para uma esfera maior, a do espaço
que é construída da articulação desses territórios.
Para a análise do circuito produtivo da pesca artesanal no contexto metropolitano
onde está inserida a Baía de Guanabara, alguns conceitos como território usado,
modernização e economia política são de grande valia, pois possibilitam a compreensão
das relações entre os sujeitos hegemônicos e os “invisíveis”.
O território usado, segundo Milton Santos, seria o modo de analisar a realidade
social total a partir de sua dinâmica territorial, ou seja, é tanto o resultado do processo
histórico quanto a base material e social das novas ações humanas. É considerado ainda
como espaço banal, espaço comum a todos os homens independente de sua força, é a
dimensão do acontecer.
Segundo Gelsom Rozentino Almeida, a modernização está presente no
capitalismo desde o processo de consolidação deste com a Revolução Industrial, sendo
diretamente relacionado com o processo material. Não alterando a estrutura de
desigualdade econômica e social.

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

O circuito produtivo enquanto referente à maneira como se dá a circulação dos


fluxos no espaço, não é difícil relacionar que a pesca artesanal se encontra inserida no
circuito produtivo inferior, aquele que se caracteriza por demandar muita mão de obra e
pouca tecnologia ou infraestrutura, isso é intensificado quando se vê essa atividade
como apenas uma atividade econômica, negando a identidade do pescador como um
produtor de saberes, dotado de uma cultura própria e um modo de vida particular.
A problematização ocorre entorno da importância da manutenção desse modo de
viver em contra ponto aos projetos públicos e privados que seguem o ideal de
modernização, que antes mesmo de ter uma estrutura física já geram conflitos e negam a
existência do território pesqueiro e a história dos lugares socialmente construída,
tratando estas como rugosidades (SANTOS, 1996), impondo barreiras físicas e
ideológicas para limitar a circulação tanto do sujeito pescador artesanal, como de sua
fonte de renda, impedindo dessa forma a transposição da pesca artesanal dessa
caracterização de circuito inferior da economia, ficando esse fato mais evidente nas
grandes metrópoles brasileiras, visto que é o local mais representativo quando se fala da
articulação entre ações e objetos, sujeitos e materialidade.
As metrópoles refletem o contexto social, econômico, político e a história social
do país, sendo fruto da urbanização e da industrialização, criando e recriando a vida
coletiva cotidiana. Cabe entender a metrópole como uma representação da
territorialidade visto que possui estreitamento com a memória e o pertencimento,
adquirindo dessa forma uma nova conotação de território além daquela apresentada por
Ratzel (1882).
A pesca artesanal enquanto atividade que depende do território vem sofrendo as
consequências da acelerada expansão industrial e da consequente modernização urbana
regulada pela lógica dos impulsos globais e pela racionalidade técnica que nega
qualquer outra forma de racionalidade.

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

Atracadouro da comunidade / localidade de pesca artesanal do Porto Velho. Fonte:


Grupo de Pesquisa Urbano, Território e Mudanças Contemporâneas (08/2011)

Modernização da indústria petroquímica na Baía de Guanabara

A indústria petroquímica tem destaque, no Pós-Guerra quando o modelo fordista


de produção consolida o modelo veicular de circulação – rodoviário e aeroviário – como
matriz fundamental o uso da energia dos derivados de petróleo.
O circuito produtivo do petróleo é extremamente abrangente e impactante. Desde a
extração até as petroquímicas, a ação no território é extensiva, transformando o espaço,
desapropria moradores, polui os rios e o ar, entre outros. Assim, pode-se observar que
os impactos não ocorrem só quando há derramamento de óleo ou gases poluentes de um
duto. Inicia-se desde a obra de construção e implantação da estrutura de produção e
distribuição.
No Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o setor petroquímico é o grande
destaque da economia. Segundo a Revista Forbes (2012), das 33 empresas brasileiras
incluídas na classificação anual das 2000 existentes e cadastradas no mundo, a Petrobras
encontra-se no oitavo lugar entre as 10 maiores (Tabela 1). E tem a pretensão de ser a
quinta (5ª) maior empresa do mundo.

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

Tabela 1 - Dez maiores empresas do mundo – Forbes Global - 2011

Valor de
Receita Lucros Ativos
Posição mercado
Companhia Indústria (bilhões (bilhões (bilhões Sede
mundial (bilhões
$) $) $)
$)

Operações de gás Rio de


8 Petrobras 208,3 15,04 149,98 295,60
e petróleo Janeiro

Rio de
49 Vale Mineração 43,23 14,26 84,70 171,39
Janeiro

Osasco,
Banco Grande
81 Banco 36,12 4,11 192,65 59,80
Bradesco São
Paulo

Banco do
101 Banco 28,61 2,60 202,00 41,54 Brasília
Brasil

São
103 Banco Itaú Banco 28,97 2,05 167,06 28,22
Paulo

São
203 Unibanco Banco 15,29 1,94 84,04 27,37
Paulo

Rio de
322 Eletrobrás Utilitários 9,20 0,54 56,62 18,08
Janeiro

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

Belo
514 Usiminas Materiais 5,82 1,18 8,63 19,14
Horizonte

Serviços de Rio de
519 Oi 7,90 0,61 12,36 11,69
telecomunicações Janeiro

Porto
606 Gerdau Aço 11,03 0,63 12,39 8,13
Alegre

Fonte: Revista Forbes, 2011. http://www.forbes.com/global2000/

A produção e o consumo do petróleo no Brasil encontram-se hoje concretizados


e hegemônicos. Entretanto, com os avanços tecnológicos nacionais e a descoberta de
novas reservas, o pré-sal, esta matriz energética está longe de perder a predominância
no cenário mundial.
Nas últimas duas décadas, 2000 e 2010, para os pescadores artesanais e moradores
que vivem próximo ou na Baía de Guanabara tem sido de grande transtorno. Devido à
ocorrência de proibições nos períodos das obras do Terminal GLP (2007-2008), e hoje
vem sofrendo com remoções e proibições na região do COMPERJ. Desde o
derramamento de 2000 e a poluição, está reduzindo o número de pescados, o que faz
com que a área próxima a Ponte Rio – Niterói seja de grande atração por ser mais limpa,
sendo encontrada uma maior quantidade de pescados, entretanto, é área de passagem de
navios para o porto do Rio de Janeiro e para o Terminal GLP. Assim, são áreas
proibidas a navegação e a pesca artesanal.

Modernização e impactos

Os impactos iniciam desde a obra de construção e de implementação da estrutura


produtiva e distributiva, como foi dito anteriormente. Devido aos moradores serem
retirados da área de atuação, os pontos turísticos são destruídos, moradores são retirados
de suas casas, entre outros. Muitas vezes, essas pessoas não são reembolsadas pelo seu

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

prejuízo. O derramamento de óleo e vazamento de gás dos dutos são os maiores


impactos que podem ocorrer.
O vazamento de óleo na Baía de Guanabara aconteceu em janeiro de 2000, em
virtude de um problema originado em uma das tubulações da Refinaria Duque de
Caxias (Reduc). A mancha de óleo se estendeu por mais de 50 quilômetros quadrados,
atingindo o manguezal da APA de Guapimirim, praias que são banhadas pela Baía de
Guanabara, inúmeras espécies da fauna e flora, além dos danos de ordem social e
econômica a população local. Muitos pescadores foram obrigados a sair desta área, e
alguns ficaram sem receber a indenização que deveriam ter recebido. Além da
inviabilização do turismo pela poluição do ambiente.
A criação do terminal de gás liquefeito é destinada ao transporte de gás, possui
trechos submarinos que partem das proximidades da Praia de Mauá seguindo
paralelamente sob as águas da Baía de Guanabara, pelas Ilhas Redonda e Comprida,
atingindo, portanto, o mesmo ambiente ecológico. O sistema de atracação dos navios
ocorre em um píer e o GNL é transferido do navio supridor para o navio regaseificador.
Com capacidade de regaseificação de 14 milhões m³/dia.
A Reduc - Refinaria Duque de Caxias - está ampliando sua planta de gás natural,
construindo novas unidades para atender à demanda por gás natural na região Sudeste
do Brasil.
O COMPERJ é a construção de um novo Complexo Petroquímico em Itaboraí.
Caracteriza-se como um complexo industrial, onde serão produzidos derivados de
petróleo e produtos petroquímicos de primeira e segunda geração.
Há também o conserto e construção de plataformas em meio a Baía de Guanabara.
A UTC Engenharia atuou na maioria das plataformas nos campos de petróleo e gás no
território brasileiro. A Base Operacional Offshore em Niterói, Rio de Janeiro, a Baía de
Guanabara que sua área tem 112 mil m² de construção permitindo módulos e outros
componentes simultaneamente.
Na imagem abaixo, pode-se observar as atividades que estão ocorrendo ao redor e
na Baía de Guanabara.

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

O Estado do Ambiente - Indicadores Ambientais do Rio de Janeiro 2010 – INEA

Perfil do pescador e da pesca na Baía de Guanabara

O modelo de desenvolvimento econômico do Estado do Rio de Janeiro é


impulsionado ganhando novo fôlego e longe de ser substituído, pela constante busca e
exploração de reservas de petróleo e gás natural e também pela construção de indústrias
de base, somando-se a isso a expansão do setor imobiliário, o que dificulta o acesso ao
mar.
A região da Baía de Guanabara destaca-se como uma importante região que
apresenta um grande potencial hídrico, mineralógico, com vastos manguezais e rica
vegetação típica de Mata Atlântica, que vêm sendo drasticamente afetados pela ação
humana e por seus projetos.
Devido aos impactos sensivelmente observados na região, muitos pescadores se
realocam em outras atividades econômicas, entre as funções mais comuns em que os
pescadores artesanais que por algum motivo ficam impossibilitados de realizar a pesca,
desempenham a função de caseiro de veranista, ou então se empregam numa traineira,

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

ou acabam por fazer parte do crescente número de pescadores artesanais


desempregados.

Pescador da Baía de Guanabara - Fonte: Grupo de Pesquisa Urbano, Território e


Mudanças Contemporâneas.

Na fala de DIEGUES (1999) a pesca artesanal é uma atividade peculiar, pois


demanda conhecimentos adquiridos na prática, tal como o conhecimento da melhor área
para pescar e o tipo de rede e malha para cada tipo de pescado, estando sujeito à
instabilidades do mar e à restrições ambientais.
Na Baía de Guanabara existem restrições quanto ao uso de recursos hídricos em
algumas áreas como, por exemplo, a bacia do rio Guaxindiba que deságua nessa
localidade. Uma das restrições aos pescadores artesanais era o período do defeso,
período de reprodução do pescado. Atualmente um dos empreendimentos localizados na
região, o COMPERJ, buscou na justiça a liberação para poder escoar nessa bacia os
materiais necessários para a finalização de sua construção, violando dessa forma o que
está definido na APA da Guanabara.

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

Outra característica da pesca artesanal na Baía de Guanabara é que ela é


desenvolvida principalmente com o uso de barcos a motor e barcos à remo chamados de
“caico” (embarcações pequenas), que na maioria das vezes são confeccionado pelos
pescadores com seus próprios recursos.
Do ponto de vista de sua estruturação, a pesca artesanal tem características
diferenciadas de estrutura e de trabalho, tornando-se núcleos bastante dispersos. Tais
núcleos (comunidades) constituem-se, geralmente, de pequenos aglomerados de
pescadores que vivem difusos, principalmente, na área litorânea sem formarem,
contudo, um centro de importância econômica regional, que facilitaria o escoamento da
produção. Essas comunidades utilizam em sua maioria pequenos barcos alguns a remo
que denominam de caíque e outros que preferem chamar de pequenos barcos a motores
movidos a diesel ou gasolina que são de fácil manutenção e baixo custo. Em sua
maioria a atividade artesanal se concentra na pesca da sardinha e do camarão, pois
possuem um bom valor de mercado e consumidores certos. Mas também se encontram
outros barcos especializados na pesca de arrasto (mas conhecidos como traineiras) que
retiram do mar tipos de peixes tais como: tainhas, corvinotas, robalo, dourado, entre
outros.
Apesar de qualquer dificuldade encontrada tais como precária infraestrutura –
caminhão frigorífico, freezer para armazenamento do pescado e um local apropriado
para a venda deste, a pesca artesanal mais que simplesmente uma atividade econômica,
é um modo de vida que possui fortes laços culturais e indentitários com a história dos
lugares, fortalecido pela transmissão de saberes de geração a geração e pela interação
entre os sujeitos das comunidades tradicionais pesqueiras.

Considerações finais

A pesca artesanal trata de uma forma de trabalho e de economia primária que se


remonta ao período colonial e se realiza por meio de circuito produtivo que envolve a
atividade de produção de rede, da embarcação, técnica de pescar e de maricultura, além
da venda a atacado e a varejo nos setores de comércio urbano.

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

Os trabalhadores vivem, em geral, em condições de muita pobreza devido à


estrutura precária de sua economia e devido à deterioração das condições ambientais
(poluição das águas das baías e dos rios causada pela industrialização e pela deficiência
do de saneamento básica) e à redução das áreas de pesca (embarque-desembarque), de
navegação e as áreas tradicionais de comunidade de pescadores e de venda de pescado
por causa da pressão de ocupação urbana e da modernização espacial feita pelos grandes
empreendedores industriais e pelo crescimento de domicílios residenciais.
O presente trabalho tem como finalidade analisar a problemática da pesca
artesanal na metrópole do Rio de Janeiro, averiguando a cadeia produtiva, a condição de
trabalho do pescador artesanal na Baía de Guanabara, e os usos do espaço por diversos
agentes averiguando a relação com a vida metropolitana.
Enfim, desta forma, pode-se observar que ninguém é contra o processo de
modernização, e sim, a relação desta com os pescadores artesanais, que muitas vezes
são excluídos. Devido a não haver a preocupação com a destruição da história dos
lugares. Assim, a responsabilidade cultural é esquecida, podendo ser observado o lado
negativo da modernização, desde o aumento da poluição química ao número de
embarcações presentes.

Referências bibliográficas

SILVA, Cátia Antonia. Economia política do território: Desafios para pensar a


metrópole. In: Território e ação social: Sentidos da apropriação urbana. Rio de Janeiro:
Lamparina, 2011.
RAFFESTIN, Claude. Crítica da geografia política clássica. In: Por uma geografia do
poder. Editora ática, 1993.
SANTOS, Milton. A natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
HUCITEC, 1996.
RATZEL, Friedrich. Antropogeografia – fundamentos da aplicação da Geografia à
História. 1882
O PAPEL ATIVO DA GEOGRAFIA: UM MANIFESTO - Apresentado pelo grupo
Estudos Territorais Brasileiros, do Laboplan (Laboratório de Geografia Política e

www.costeiros.ufba.br
IIº SEMINÁRIO NACIONAL
ESPAÇOS COSTEIROS
03 a 06 de junho de 2013

Eixo Temático 2 – Litoral Urbano: apropriação, usos e conflitos

Planejamento Territorial e Ambiental) do Departamento de Geografia - Faculdade de


Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) no XI
Encontro Nacional de Geógrafos. Florianópolis, Brasil, Julho de 2000.
ALMEIDA, Gelsom Rozentino. A cidade pacificada: modernização, controle e
hegemonia. In: Catia Antonia da Silva (org.) Território e ação social: sentidos da
apropriação urbana. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011.

http://araucb.blogspot.com.br/2009/08/vazamento-de-oleo-na-baia-de-guanabara.html
http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2011/03/01/implantacao-de-terminal-de-
regaseificacao-de-gnl-da-bahia/
http://www.comperj.com.br/Apresentacao.aspx
http://www.pontosbr.com/reduc-refinaria-duque-de-caxias-duque-de-caxias-rj-
3917.html
http://www.utc.com.br/esp/atuacao.php?c=9&s=18

www.costeiros.ufba.br

Você também pode gostar