DISSERTAÇÃO JogosDidáticosEnsino
DISSERTAÇÃO JogosDidáticosEnsino
DISSERTAÇÃO JogosDidáticosEnsino
CDU 510:374
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
REITORIA
INSTITUTO DE CIENCIAS EXATAS E BIOLOGICAS
PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM EDUCACAO
MATEMATICA
FOLHA DE APROVAÇÃO
Jogos didáticos no ensino de Análise Combinatória: uma proposta com futuros professores de
Matemática
Membros da banca
Profa. Dra. Marli Regina dos Santos (orientadora) – Universidade Federal de Ouro Preto
Profa. Dra. Ana Cristina Ferreira – Universidade Federal de Ouro Preto
Prof. Dra. Carmen Rosa Giraldo Vergara - Universidade Federal de Minas Gerais
Profa. Dra. Marli Regina dos Santos, orientadora do trabalho, aprovou a versão final e autorizou seu depósito
no Repositório Institucional da UFOP em 21/07/2022
Documento assinado eletronicamente por Marli Regina dos Santos, PROFESSOR DE MAGISTERIO
SUPERIOR, em 29/07/2022, às 14:09, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art.
6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
Referência: Caso responda este documento, indicar expressamente o Processo nº 23109.009602/2022-33 SEI nº 0365610
https://sei.ufop.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=404652&infra_sistema=1… 1/1
Dedico à minha mãe, Maria, por sempre
me apoiar e acreditar nos meus sonhos.
Por todo amor, carinho e compreensão.
Agradecimentos
Agradeço a minha mãe, Maria, que sempre acreditou nos meus sonhos, por todo amor,
carinho, exemplo de sabedoria e persistência.
Agradeço imensamente, com todo o meu coração a minha orientadora Marli, primeiro por
ter me escolhido como orientanda e segundo por ser a melhor orientadora e professora do
mundo. Um exemplo de admiração, foco e resistência que jamais havia visto. Obrigada
pelos conselhos, aprendizados e por ter entrado nesta aventura dos jogos. Sentirei
saudades dos nossos encontros e de todos os momentos de orientação.
Ao Eduardo, por todo amor, conselhos e por ser um Papis incrível. Ao meu Pai, Nilson,
por todo carinho, amor e paciência.
As minhas amigas Thayná e Érica e os meus primos Joaquim, Dara, Carol, João, Larissa,
Paulo, Helena, por fazerem essa trajetória ser mais leve, proporcionando conselhos,
risadas e me fazerem sentir especial.
Ao Pedro por acreditar em mim e ver o meu lado mais doce. Por todo amor, carinho e
compreensão.
Enfim, MESTRE!
Resumo
INTRODUÇÃO
Durante a minha trajetória estudantil tive vários professores no Ensino Médio que
demonstraram grande carinho e respeito pela profissão, ministrando aulas acompanhadas
de atividades que buscavam envolver seus alunos, instigando-os a um aprendizado mais
participativo ou relacionado ao cotidiano. Sempre cultivei o envolvimento com o ensino,
principalmente quando relacionado às mudanças, transformações e protagonismos dos
alunos. Diante disso, considero que podemos fazer a diferença quando buscamos
valorizar as experiências e as participações dos alunos, indicando caminhos para que
possam compreender o “porquê dos conteúdos”, e não apenas decorarem procedimentos
ou algoritmos.
O meu interesse pela Matemática surgiu no Ensino Médio e foram minhas
experiências nesse nível de ensino que me fizeram ter um interesse pela Educação
Matemática, pois durante minha formação no Ensino Fundamental, muitas vezes, as aulas
eram baseadas em uma introdução breve do assunto, fórmulas e exercícios para fixação.
Então, dúvidas e questionamentos surgiam com perguntas, como: Por que decorar essas
fórmulas? Será que só é possível resolver os exercícios usando fórmulas? Eu queria
compreender mais sobre modos que poderiam ser utilizados em salas de aulas para evitar
o uso excessivo de “decoreba”, e isso me encorajou a iniciar o curso de licenciatura em
Matemática, em 2016, na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Desde o primeiro período da graduação busquei participar de atividades de ensino
e extensão como forma de complementar minha formação curricular, aprendendo e
conhecendo novas perspectivas educacionais e metodologias de ensino. O primeiro
projeto que tive a oportunidade de participar durante a graduação foi o de Iniciação
Científica Jr (PIC), voltado para os alunos medalhistas da Olimpíada Brasileira de
Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Nesse programa, participei atuando como
docente virtual e minha responsabilidade era preparar e lecionar aulas, corrigir provas,
preencher diário de classe e responder aos fóruns de dúvidas. Um aspecto interessante da
proposta era que os alunos participantes estudavam em escolas da rede pública de ensino
de distintas regiões do Brasil, de Norte a Sul do país, e as aulas ministradas eram
planejadas com abordagens de demonstrações das fórmulas, com o intuito dos alunos
compreenderem o raciocínio matemático envolvido. O principal objetivo era despertar e
12
2 Xadrez é um jogo de estratégia e tática onde cada enxadrista (jogador de xadrez) move 16 peças em um
tabuleiro de 64 casas. O objetivo é a realização da jogada final que captura o rei adversário, deixando-o
sem opções de movimento, chamada xeque-mate.
3 O site referente ao produto educacional, jogos e contextos, pode ser acessado através do link
https://www.combinalise.com.br/ .
19
levantamento realizado nessa área, a fim de compreender os tipos de jogos e aqueles que
são associados à Análise Combinatória.
O capítulo 3 é a junção dos três temas, jogos didáticos, Análise Combinatória e
futuros professores. A intenção dessa relação de temas é compreender suas relações
quanto à formação docente. Enfocando os aspectos teóricos de Análise Combinatória e
jogos na formação docente.
O capítulo 4 descreve as metodologias de pesquisas adotadas, apresentando uma
breve introdução quanto ao tipo de metodologia, apresentação da coleta de dados e seus
desenvolvimentos, sujeitos de pesquisas e aspectos éticos. Nesse espaço se encontram
licenciandos participantes do Programa de Residência Pedagógica de Licenciatura em
Matemática de uma Universidade Pública que estariam realizando atividades práticas nas
escolas de educação básica.
O capítulo 5 é destinado aos dados coletados nos encontros. Encontra-se uma
descritiva sobre a aplicação do minicurso associada às análises desses encontros,
buscando observar as unidades significativas e as suas convergências.
O capítulo 6 é uma complementação do anterior, em que são apresentados textos
relatando para os locais que essas unidades se convergem.
O capítulo 7 consiste em realizar as considerações reflexivas finais, com
observações e conclusões sobre a pesquisa realizada.
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Como produto educacional criado por ocasião da realização desta pesquisa, foram
elaborados um caderno e um site, o Combinálise, voltados para professores, futuros
professores e formadores de professores, no qual são apresentadas a proposta e algumas
discussões abordadas no estudo e disponibilizados os jogos criados.
4
Os jogos didáticos serão discutidos com mais detalhes no capítulo 2.
21
Por outro lado, na prática escolar, o ensino da Matemática, em geral, tem uma
conotação negativa para grande parte dos alunos, o que, para alguns autores, pode
influenciar o aprendizado ou mesmo alterar o percurso escolar, acarretando, por exemplo,
em escolhas visando o distanciamento de situações que envolvam a disciplina. Conforme
Lima (2012), a Matemática é tida como um “bicho de sete cabeças” por muitos alunos,
levando a um alto índice de reprovação na disciplina. Araújo (2000) enfatiza a
constatação dessa rejeição, questionando os motivos que podem levar a esse sentimento
de medo ou ódio:
Há algo errado com o ensino de Matemática: os adultos a temem e odeiam,
enquanto as crianças não querem aprendê-la ou não a aprendem. Os problemas
matemáticos são difíceis de resolver, os menores cálculos já assustam, a
tabuada é difícil de decorar. [...] Do ponto de vista dos alunos, o ensino e a
aprendizagem não são atividades envolventes. É comum encontrar alunos
dizendo “eu não sou bom em Matemática”, “Matemática é uma matéria
difícil”, e verificar a constante dificuldade e o consequente fracasso quando é
proposta a resolução de problemas nas aulas de Matemática. Por que a Escola
e a Matemática se tornaram tão desinteressantes? Boa parte dos alunos nem
sequer tenta uma resolução própria ficando simplesmente na espera da solução
correta, apresentada pelo professor. (ARAÚJO, 2000, p.13)
importância e têm consciência de que, sem ela, não seria possível calcular, medir e mesmo
encontrar um bom emprego. Além disso, muitos estudantes relatam que compreendem
seu papel no cotidiano, mas não se dedicam o suficiente aos estudos. Os autores apontam
ainda que o interesse pela Matemática diminuiu com o passar dos anos devido ao nível
de dificuldade dos assuntos, pois, conforme relatos, nos anos iniciais a Matemática é
“fácil” e depois é “chata” e, por isso, os alunos não conseguem entender os assuntos
abordados.
Os PCN (BRASIL, 1998) relatam que o ensino de Matemática ainda é marcado
pelos altos índices de retenção, pela formalização precoce ou inadequada de conceitos,
preocupação excessiva com o treino e a mecanização de processos sem compreensão,
sendo que esses fatos afetam diretamente os objetivos de desenvolver habilidades como
expressão, compreensão, argumentação, decisão, contextualização e abstração. Nesse
sentido, outro aspecto destacado por Vitti (1999), quanto aos fatores que podem levar
para essa dificuldade com a disciplina é a abordagem em sala de aula pois, grande parte
dos professores estão preocupados em cumprir o cronograma escolar, o que dificulta um
planejamento que permita, por exemplo, abordar os assuntos iniciando com uma
discussão sobre os conhecimentos prévios dos alunos, trazendo suas vivências cotidianas
e envolvendo-os no desenvolvimento de aprendizagens.
Nesse sentido, Marinque (2009) argumenta que os docentes, muitas vezes, não
têm uma visão razoável da realidade de seus alunos e dos contextos escolares em que
atuam. A quantidade excessiva de turmas, a atuação em diferentes escolas e a extensa
carga horária de trabalho agravam esse quadro e dificultam ações visando promover o
sentido de pertença à escola, tanto entre os alunos como entre os professores.
Quanto aos conhecimentos dos estudantes, Zacarias (2008) considera que, antes
de entrarem na escola, eles já possuem um contato com a Matemática, seja diretamente
ou indiretamente, nas diversas situações cotidianas, como nas compras, ao realizarem
medições, ao compararem resultados, ao se envolverem nas regras de uma brincadeira
etc. Autores, como Tavares (2017), Alves (2001) e Santos, França, Santos (2007),
ressaltam a importância de valorizar o saber discente pois, quando o estudante constrói,
cria e participa das experiências de aprendizagem, ele pode estabelecer conexões com os
conceitos trabalhados, deixando de ser apenas um “ouvinte” e se tornando um
“protagonista” nas situações tratadas. Ele pode, assim, se tornar o “cientista” que
investiga e caminha na construção de seu conhecimento.
26
Mas como envolver o aluno e trazer suas vivências para a aula de Matemática
buscando explorar as competências desejadas, considerando a diversidade de sujeitos em
uma sala e as características particulares de cada um? Longe de consideramos a resposta
simples e direta, já que ela envolve muito mais do que a relação professor-aluno pois
perpassa (inclusive) a valorização social da escola e do aprender, uma discussão quanto
ao indagado refere-se às abordagens de ensino, de modo que, ao diversificá-las, o aluno
pode ter experiências diversas que se complementam e enriquecem suas aprendizagens.
Os PCN (BRASIL, 1998), por exemplo, apresentam alguns caminhos para fazer
Matemática na sala de aula, enfatizando que nenhum deles deva (ou possa) ser
identificado como único ou melhor para o ensino da disciplina. Como destaca o
documento, conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental
para que o professor construa sua prática e se desenvolva profissionalmente.
Dentre os caminhos apresentados no documento, destacam-se a abordagem
envolvendo a história da Matemática, o uso das tecnologias da comunicação, os jogos e
a resolução de problemas. Este último é enfatizado pelo documento ao perpassar os
demais, como um eixo que os conecta. Assim, como norteador para as diversas
abordagens e metodologias, os PCN (1998) ressaltam a importância de fornecer contextos
envolvendo situações-problemas e instrumentos que favoreçam a construção de
estratégias de resolução.
Dessa maneira, ao adentrar pelo significado da Matemática, enquanto área de
estudos e de ensino, é possível destacar a correlação entre temas que se interligam e que
possuem importância no cotidiano. Conforme histórico quanto ao tema, desde a
introdução do raciocínio combinatório em sua relação com as contagens, há o
desenvolvimento constante que leva à emergência de aprofundamento e sistematizações.
Assim, quanto mais a espécie humana se desenvolvia mais era necessário mais
aprofundamento pelo tema.
Quanto ao ensino de combinatória, podemos identificar que para sua compreensão
é necessário aos alunos terem uma boa base Matemática, visto que as ideias e temas se
relacionam e se articulam. Por isso, é importante os conceitos serem introduzidos desde
as séries do Ensino Fundamental, conforme as possibilidades de cada ano, visando
auxiliar e contribuir na aprendizagem dos alunos ao ingressarem no Ensino Médio,
quando adentrarem no tema.
Nesta pesquisa, em particular, é tematizado o uso dos jogos em uma abordagem
que visa a inserção de situações-problemas e de ações com o foco no ensino e
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sendo que o assunto passou a ser estudado e estruturado como uma área da Matemática,
com as formalizações, teoremas e características próprias do pensar axiomático.
Almeida (2010) descreve que a Análise Combinatória se constitui como uma área
da Matemática que possui aplicações em diferentes campos, como química, biologia,
física, estatística. Devido ao seu vasto campo de aplicações no cotidiano, permite a
elaboração de situações problemas que podem ser apresentadas pelas instituições, com o
intuito dos alunos desenvolverem a capacidade de argumentação em diferentes níveis de
ensino. Quanto à relevância de se abordar o tema junto aos alunos da Educação Básica,
do Fundamental ao Médio, ela pode ser associada à:
Um fator que pode, de certo modo, influenciar a prática docente, são os recursos
que o professor tem à disposição sua disposição. Pinheiro (2008), sua pesquisa, tematiza
o papel dos livros didáticos como ferramenta nas aulas de Matemática, particularmente
quanto à Análise Combinatória. Seu levantamento, tem como objetivo analisar o papel
dos livros na prática docente, destacando que, no Brasil o livro didático é um dos recursos
didáticos mais utilizados em sala de aula. O autor explica que entre 1895 até 2009, os
livros didáticos, no Brasil, apresentaram modificações na metodologia dos conteúdos de
Análise Combinatória, sendo que de 1985 a 1960 focavam no binômio de Newton e
soluções de polinômios e, assim, não apresentavam um caminho metodológico que
propiciasse a resolução dos problemas de contagem relacionando os saberes envolvidos
nas noções de combinação simples, arranjo e permutação. De 1960 a 1980 passaram a ser
fundamentados teoricamente os cálculos de arranjos simples, arranjos com repetição,
permutação simples, por meio do princípio multiplicativo e inserção da árvore de
possibilidades na solução de certos problemas. Já de 1980 a 2009 havia o predomínio do
raciocínio combinatório com técnicas limitadas à memorização e utilização de fórmulas
de resolução, em detrimento do desenvolvimento do raciocínio combinatório,
influenciando no ensino voltado ao resolver, e não ao compreender.
Tavares (2017) explica que as resoluções para problemas combinatórios estão
diretamente relacionadas com o PFC (princípio fundamental da contagem), na qual
envolve as definições de princípio aditivo e princípio multiplicativo. Borba e Braz (2012)
explica que o PFC pode ser compreendendo como uma ferramenta Matemática para
problemas específicos, isto é, questões que apresenta a existência de subconjuntos de
elementos de um dado conjunto finito ou identificar quais subconjuntos desse conjunto
pode satisfazer uma condição predeterminada. De acordo com Morgado e Carvalho
(2015):
O princípio fundamental da contagem diz que se há x modos de tomar uma
decisão 𝐷1 e, tomada a decisão 𝐷1, há y modos de tomar a decisão 𝐷2, então
o número de modos de tomar sucessivamente as decisões 𝐷1 e 𝐷2 é xy.
(MORGADO e CARVALHO, 2015. p. 108)
relações próprias que devem ser tratadas por meio de representações simbólicas que
permitem o adequado levantamento de possibilidades.
Nos arranjos os elementos são escolhidos a partir de um conjunto único, mas
nem todos os elementos constituem as possibilidades a serem enumeradas.
Neste tipo de problema a ordem na qual os elementos são escolhidos
constituem possibilidades distintas. Se, por exemplo, fosse solicitado a um
menino que colocasse em ordem de preferência duas de suas quatro camisas
(verde, azul, laranja e branca), a escolha da verde como a mais preferida e da
azul como a segunda mais preferida é uma escolha distinta de azul como a mais
preferida e da verde como a segunda mais preferida. Dessa forma, tem-se um
conjunto único, mas nem todos os elementos são escolhidos todas as vezes e a
ordem de escolha destes elementos em arranjos constitui-se em possibilidades
distintas. Neste dado exemplo, são 12 as maneiras distintas de se ter as camisas
preferidas: verde e azul, azul e verde, verde e laranja, laranja e verde, verde e
branca, branca e verde, azul e laranja, laranja e azul, azul e branca, branca e
azul, laranja e branca, e, por fim, branca e laranja (...) nas combinações tem-se
que são escolhidos alguns elementos de um conjunto único e a ordem de
escolha dos elementos não constituem possibilidades distintas. (BORBA,
2013, p.4)
Alves (2001), em seu estudo, opta por utilizar estratégias lúdicas da Matemática,
considerando que elas geram reações de comportamento provenientes dos jogos, como
participação, competição, entusiasmo, entre outros. Alves (2001) uniu sua paixão por
jogos e Matemática, criando, adaptando e aplicando alguns jogos em suas salas de aula,
tendo como resultado o maior interesse nos alunos para criarem sua própria estratégia,
despertando a vontade de participar, questionar e, consequentemente, aprender a
Matemática.
Barbosa e Carvalho (2008) recomendam a introdução de jogos como estratégia no
processo de ensino e aprendizagem, pois são um recurso pedagógico que apresenta bons
resultados na exploração de situações que permitem ao aluno desenvolver métodos
próprios para resolver problemas. Somado a isso, estimula a criatividade num ambiente
desafiador e ao mesmo tempo gerador de motivação para se envolverem com a proposta.
Eles ressaltam que essa metodologia quando bem explorada favorece significativamente
o aprendizado do aluno, em uma perspectiva de valorização da interatividade entre o
aprendiz e o objeto de sua aprendizagem, o que pode propiciar a partição ativa do aluno
e a reflexão sobre suas ações e posturas em sala de aula.
Nesta pesquisa, embasando nos referenciais teóricos, é nítido confirmar a
complexidade do tema Análise Combinatória. Quando adentramos pelo tema
relacionando com a docência e o uso de jogos didáticos (como faremos a seguir), torna-
se um tema ainda mais desafiador e que exige a utilização de estratégias para a
compreensão dos conceitos, auxiliando no ensino e aprendizagem do aprendiz.
No 3: Em relação as questões docentes, como explicitado no capitulo 1, há
professores que possuem dificuldades com o tema, sendo assim a metodologia utilizada
irá auxiliá-lo no desenvolvimento e no seu conhecimento, compreendendo conceitos,
diferenças e facilitando sua apresentação em sala de aula. Como Tavares (2017) e Silva
(2019) retratam, quando o docente está a parte do tema, a aplicação do conteúdo em sala
de aula flui, podendo trazer questões do cotidiano e outras metodologias de ensino, como
proposto na BNCC (2017) ou ressaltado por Alves (2012).
Nesta pesquisa, compreendemos que há várias estratégias de ensino para
abordagem do tema, porém delimitamos aos jogos como metodologia, buscando
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A primeira ideia que nos chega quando pensamos na palavra jogo é relacioná-lo
ao sentindo de competir, brincar, se divertir. Em outros idiomas, a palavra também indica
essa associação: se analisamos no inglês teremos play que remete a hora de brincar ou no
francês jouer que pode ser entendido como jogar. A palavra jogo possui 25 significados
distintos, sendo os principais: qualquer atividade recreativa que tem por finalidade
entreter, divertir ou distrair, brincadeira, entretenimento, folguedo ou divertimento,
exercício de crianças em que elas demonstram sua habilidade, destreza ou astúcia
(JOGOS, 2022). Direcionando para o entendimento dos acordos e combinados, o
dicionário especifica como: modelo de uma situação competitiva que identifica as partes
interessadas e estipula as regras que regem todos os aspectos da competição. E,
relacionando especificamente para a área de Matemática, o jogo é foco da teoria dos
jogos, que visa determinar o melhor curso de ação para uma parte interessada ao jogá-lo.
Kishimoto (2011) explica que cada indivíduo compreende a palavra jogo de uma
perspectiva pessoal, isto é, uma criança pode considerar amarelinha um jogo, enquanto
um adulto a considera jogo apenas para um conjunto com regras padronizadas como, por
exemplo, as que determinam a movimentação das peças em um jogo de xadrez. A autora
explica que um dos aspectos que têm uma grande relevância na dificuldade de conceituar
a palavra jogo, em relação ao que ele é, seriam as especificações da sociedade em que ele
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se insere. Por exemplo, brincar de boneca para uma criança de classe alta pode ser apenas
uma brincadeira, enquanto pesquisas etnográficas mostram que, para certas tribos
indígenas, trata-se da adoração à um símbolo, ou objeto de culto.
A variedade de situações ou cenários onde se insere interferem na compreensão
daquilo que pode ser considerado como jogo, o que mostra a complexidade da tarefa de
defini-lo de forma objetiva ou de conceituá-lo. Xexéo et al (2017) explicam que as
primeiras pesquisas na área lúdica apresentavam um conceito desfocado do termo, isto é,
havia lacunas sobre o que seriam os jogos e como concretizá-los, sendo difícil conceituá-
los. Os autores consideram que a grande quantidade de definições abordadas em diversas
áreas do conhecimento resulta em diferentes perspectivas quanto à ideia de jogo,
concluindo que não há uma única definição precisa na literatura, mas, sim, vários
conceitos sendo aceitos, parcialmente, nas diversas áreas de pesquisas. Para os autores,
o jogo está relacionado com o entretenimento e, em uma visão mais técnica e crítica,
explicam que os:
Jogos são atividades sociais e culturais voluntárias, significativas, fortemente
absorventes, não-produtivas, que se utilizam de um mundo abstrato, com
efeitos negociados no mundo real, e cujo desenvolvimento e resultado final é
incerto, onde um ou mais jogadores, ou equipes de jogadores, modificam
interativamente e de forma quantificável o estado de um sistema artificial,
possivelmente em busca de objetivos conflitantes, por meio de decisões e
ações, algumas com a capacidade de atrapalhar o adversário, sendo todo o
processo regulado, orientado e limitado, por regras aceitas, e obtendo, com
isso, uma recompensa psicológica, normalmente na forma de diversão,
entretenimento, ou sensação de vitória sobre um adversário ou desafio.
(XEXÉO et al, 2017, p 10).
Vila e Santander (2003, p.53) definem jogo como “qualquer interação entre
jogadores dentro de um conjunto definido de regras”, sendo que as interações podem ser
compreendidas envolvendo outras pessoas ou apenas uma pessoa com o próprio jogo.
Consideram ainda que, além de brincar e divertir, existem dinâmicas relacionadas aos
jogos que se relacionam com os fins educacionais, escolares ou não. Ressaltam que,
quando voltados ao ensino, os jogos geram uma rápida introdução de questões similares
aquelas que ocorrem no cotidiano, de tal modo que o cérebro tem a capacidade de extrair
aprendizagens de uma simulação e transferi-las para outras circunstâncias com elementos
parecidos.
Kishimoto (2011) explica que fatores como ambiente e sociedade modificam,
historicamente, os fundamentos que os jogos podem assumir. Na trajetória histórica do
termo, os jogos eram considerados, na idade média, inúteis e sem valor, já no
renascimento aparecem como objeto destinado a educar a criança. Nesse sentido, a autora
37
A participação ativa do sujeito sobre o seu saber é valorizada por pelo menos
dois motivos. Um deles deve-se ao fato de oferecer uma oportunidade para os
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Tais características quanto ao uso dos jogos também são ressaltadas por Alves
(2001) que considera que o uso ou criação de jogos em salas de aulas desencadeia atitudes
positivas entre alunos e na relação professor-aluno. A autora considera que há uma
aproximação entre as pessoas envolvidas, quebrando hierarquias e promovendo respeito,
confiança e amizades iniciadas e/ou alicerçadas. Conforme a autora, os alunos se sentem
instigados com o jogo, o que, de certo modo, incentivava a autonomia nas ações de jogar
e competir.
Grando (2004) no livro “O jogo e a Matemática no contexto da sala de aula”,
explica que a Matemática no contexto de jogos propicia o ensino e aprendizagem dos
alunos, na qual o prazer que crianças têm por jogos, pelo lúdico, e o compromisso que
têm nesse contexto pelo cumprimento de regras é uma estratégia que intermedeiem o
abstrato e o concreto, e o jogo apresenta esse papel junto a Matemática
Vila e Santander (2003) consideram que as atividades com jogos em sala de aula
proporcionam um ambiente motivador, divertido e proveitoso na assimilação do
conhecimento, fazendo com que os alunos se sintam à vontade para arriscar tentativas,
analisar resultados e observar as discussões estabelecidas. De certo modo, eles promovem
a convivência entre os envolvidos e a construção coletiva de conhecimentos.
A despeito da inserção dos jogos nos espaços de ensino, Cabral (2006) considera
que os jogos têm ganhado espaço e os resultados podem ser promissores se aplicados com
objetivos estabelecidos. O autor também se preocupa com o uso inapropriado dos jogos
no qual a motivação conduz apenas à atividade lúdica, por si só, não adentrando por
objetivos relacionados ao conteúdo e ao processo de aprendizado. Conforme o autor, os
jogos podem se tornar um recurso pedagógico eficaz para o ensino e aprendizagem
quando são planejados e avaliados. É necessário ponderar sobre qual o melhor tipo de
jogo para a situação ou conteúdo que se pretende abordar visando atingir certo objetivo
relacionado à aprendizagem dos alunos. Mas o autor enfatiza que, para muitos docentes,
39
Vantagens Desvantagens
(re)significado de conceitos já aprendidos de uma quando os jogos são mal utilizados, existe o perigo
forma motivadora para o aluno; de dar ao jogo um caráter puramente aleatório,
tornando-se um “apêndice” em sala de aula. Os
introdução e desenvolvimento de conceitos de alunos jogam e se sentem motivados apenas pelo
difícil compreensão; jogo, sem saber porque jogam;
Grando (2000) sintetiza que a dinâmica e passos dos jogos são importantes nas
habilidades e compreensão do estudante, no qual cada a partida leva o jogador a planejar
as próximas jogadas, mas acima desenvolver o raciocínio dedutivo e matemático.
Quadro 2-Momento do Jogo e Aprendizagem do Aluno
Familiarização com o material do jogo Neste primeiro momento, os alunos entram em contato com
o material do jogo, identificando materiais conhecidos,
como: dados, peões, tabuleiros e outros, e experimentam o
material através de simulações de possíveis jogadas. É
comum o estabelecimento de analogias com os jogos já
conhecidos pelos alunos.
Reconhecimento das regras O reconhecimento das regras do jogo, pelos alunos, pode
ser realizado de várias formas: explicadas pelo orientador
da ação ou lidas ou, ainda, identificadas através da
realização de várias partidas-modelo, onde o orientador da
ação pode jogar várias partidas seguidas com um dos
alunos, que aprendeu previamente o jogo, e os alunos
restantes tentam perceber as regularidades nas jogadas e
identificam as regras do jogo.
O “Jogo pelo jogo”: jogar para garantir Este é o momento do jogo pelo jogo, do jogo espontâneo
simplesmente, em que se possibilita ao aluno jogar para
regras
garantir a compreensão das regras. Neste momento, são
exploradas as noções Matemáticas contidas no jogo. O
importante é a internalização das regras, pelos alunos. Joga-
se para garantir que as regras tenham sido compreendidas e
que vão sendo cumpridas
Intervenção pedagógica verbal Depois dos três momentos anteriores, os alunos passam a
jogar agora contando com a intervenção propriamente dita.
Trata-se das intervenções que são realizadas verbalmente,
pelo orientador da ação, durante o movimento do jogo. Este
momento caracteriza-se pelos questionamentos e
observações realizadas pelo orientador da ação a fim de
provocar os alunos para a realização das análises de suas
jogadas (previsão de jogo, análise de possíveis jogadas a
serem realizadas, constatação de “jogadas erradas”
realizadas anteriormente, etc.). Neste momento, a atenção
está voltada para os procedimentos criados pelos sujeitos na
resolução dos problemas de jogo, buscando relacionar este
processo à conceitualização Matemática
Registro do jogo É um momento que pode acontecer, dependendo da
natureza do jogo que é trabalhado e dos objetivos que se têm
com o registro. O registro dos pontos, ou mesmo dos
procedimentos e cálculos utilizados, pode ser considerado
uma forma de sistematização e formalização, através de
uma linguagem própria que, no nosso caso, seria a
linguagem Matemática. É importante que o orientador da
ação procure estabelecer estratégias de intervenção que
gerem a necessidade do registro escrito do jogo, a fim de
que não seja apenas uma exigência, sem sentido para a
situação de jogo.
Intervenção escrita Trata-se da problematização de situações de jogo. Os alunos
resolvem situações-problema de jogo, elaboradas pelo
orientador da ação ou mesmo propostas por outros sujeitos.
A resolução dos problemas de jogo propicia uma análise
mais específica sobre o jogo, onde os problemas abordam
diferentes aspectos do jogo que podem não ter ocorrido
durante as partidas. Além disso, trata-se de um momento
onde os limites e as possibilidades do jogo são resgatados
pelo orientador da ação, direcionando para os conceitos
matemáticos a serem trabalhados (aprendizagem
Matemática). O registro do jogo também está presente,
neste momento. (...)
Jogar com “competência” Um último momento representa o retorno à situação real de
jogo, considerando todos os aspectos anteriormente
analisados (intervenções). É importante que o aluno retorne
43
Dos resultados obtidos, e após uma primeira apreciação dos estudos indicados no
Banco de Teses, selecionamos aqueles com maior proximidade com as temáticas desta
pesquisa. Assim, o objetivo deste levantamento foi não apenas a compreensão dos
resultados dos estudos, mas, também, obter um suporte para elaboração minicurso
proposto.
Considerando que o foco desta pesquisa de mestrado é direcionado para uma
proposta de ensino de combinatória por meio de jogos, voltada para licenciados, serão
destacadas a seguir as pesquisas que apresentam, de modo explícito e detalhado, a
elaboração de suas propostas de intervenção e os resultados atrelados à sua
implementação.
Diante dessas delimitações, nós voltamos para quatro pesquisas que apresentamos
mais detalhadamente a seguir, considerando que elas, além de fornecerem reflexões sobre
as temáticas que enfocamos, inspiraram a elaboração dos jogos desta pesquisa. Assim, a
análise efetuada contribuiu com o próprio planejamento do estudo de campo realizado,
principalmente no momento de elaboração da proposta do minicurso Combinálise,
permitindo destacar os caminhos a serem trilhados e os resultados pretendidos.
Tavares (2017), em sua pesquisa, aborda o ensino de Análise Combinatória
através um aplicativo para o sistema operacional Android. Ao devolver um jogo com
focado no ensino de na Análise Combinatória, questiona como os avanços tecnológicos
podem contribuir positivamente para o aprendizado significativo do aluno em sala de
aula. Após seu estudo de campo junto aos alunos, conclui que o ensino da Análise
Combinatória por meio de jogos facilitou o entendimento e a compreensão do tema e que
os alunos tiveram um bom envolvimento e interesse pela proposta apresentada. O autor
crê que são muitas as contribuições da utilização dos jogos para a aprendizagem, pois os
objetivos e as motivações são bem definidos e o aluno se sente atraído. A introdução de
forma lúdica de conceitos matemáticos através de desafios e problemas que contribui para
o processo de socialização e para o aprendizado do trabalho em grupo. Ele considera que
o desenvolvimento tecnológico e científico tem um papel fundamental na sociedade,
porém não são todos que conseguem se conectar a esses recursos.
Sousa (2017) em sua pesquisa traz um questionamento sobre o uso de jogos, jogos
de sorte e jogos de azar no ensino de Análise Combinatória. Diferente de Tavares(2017)
que utiliza um aplicativo, Sousa (2017) elaborou um jogo de tabuleiro com exercícios
envolvendo cartas, dados e loterias, com o objetivo principal de apresentar uma forma
lúdica para o estudo de Análise Combinatória e probabilidade. Um dos intuitos da
45
desenvolvimento. Nesse sentido, o autor enfatiza que ser professor é mais do que ter o
conhecimento da sua respectiva matéria: é também ser ousado e curioso, atualizando-se
constantemente e buscando atividades visando a participação do aluno junto as mudanças
do cotidiano. Silva (2013) explica que o professor tem um papel ativo no ensino e
aprendizagem do estudante, sendo que é fundamental o docente compreender que a sua
formação nunca será um processo acabado. O autor descreve que é importante buscar
novas metodologias de ensino, qualificar, trazer os contextos da atualidade para sua
respectiva matéria, mostra uma nova concepção do tema, deve ser um aspecto relevante
na profissão, visto que possibilitar o real aprendizado do aluno deve ser algo a que o
docente dever estar sempre atento, seja conectado com o mundo e com a realidade do
estudante.
Morgado (2004) explica que o professor tem um papel ativo no ensino e
aprendizagem do estudante, sendo que ao buscar novas metodologias de ensino,
qualificar, trazer os contextos da atualidade para sua respectiva matéria, mostra uma nova
concepção do tema, são os principais aspectos. Porém, outro aspecto relevante é a relação
que o docente cria em sala de aula com os estudantes, relação aluno professor, pois ao
utilizar os nomes dos estudantes; dar reforço; responder as perguntas; ter um momento de
debates mantém um ambiente ideal para o aprendizado e permite novas abordagens em
sala de aula. Campos e Macedo (2011) consideram que a aprendizagem está diretamente
associada ao papel do professor, destacando sua função de mediador na relação dos alunos
com o conteúdo. Os autores explicam que essa intermediação entre o conhecimento e o
estudante decorre do compromisso e missão docente em ser o interventor entre os
conceitos e a formação cidadã dos sujeitos envolvidos, formando-os em vistas dos
contextos sociais em que se inserem.
Um aspecto apontado nos PCN (BRASIL, 1997), refere-se à intervenção docente
na aprendizagem dos conteúdos escolares frente aos conhecimentos cotidianos dos
alunos.
As aprendizagens que os alunos realizam na escola serão significativas à
medida que conseguirem estabelecer relações substantivas e não-arbitrárias
entre os conteúdos escolares e os conhecimentos previamente construídos por
eles, num processo de articulação de novos significados. Cabe ao educador,
por meio da intervenção pedagógica, promover a realização de aprendizagens
com o maior grau de significado possível, uma vez que esta nunca é absoluta
— sempre é possível estabelecer alguma relação entre o que se pretende
conhecer e as possibilidades de observação, reflexão e informação que o
sujeito já possui. (BRASIL, 1997, p.38)
50
Segundo Santos (2007), a formação docente tem ganhado destaque no âmbito das
pesquisas envolvendo, especialmente, a discussão sobre as práticas formativas nos cursos
de licenciaturas. Para ele, deve-se priorizar a aprendizagem profissional do professor, pois
ela é necessária para compreender como os alunos lidam com os conteúdos que lhes são
apresentados, podendo, assim, contribuir para construção do conhecimento refletindo
sobre abordagens e adaptando-as para a realidade do aluno.
Shulman (2005) ao abordar o conhecimento docente, considera que a formação
do professor perpassa diversas fontes e se origina de um conjunto de aspectos que
influenciam compreensões e decisões.
Há pelo menos quatro fontes principais da base de conhecimento para o ensino:
1) formação acadêmica na disciplina para ensinar, 2) materiais e contexto
institucional (por exemplo, currículos, livros didáticos, o processo de ensino,
organização escolar e de financiamento, bem como a estrutura da carreira
docente), 3) a pesquisa sobre educação, organizações sociais, a aprendizagem
humana, outros fenômenos socioculturais que influenciam o trabalho dos
professores de educação e desenvolvimento, e, 4) a sabedoria adquirida com a
própria prática. (SHULMAN, 2005, p.11)
Minayo e Sanches (1993) aborda o método qualitativo como aquele voltado para
os significados, motivos, aspirações, crenças, isto é, visa compreender as questões
pessoais de cada sujeito a fim de entender um determinado fenômeno humano. Nesse
sentido, a interrogação tem um papel de destaque na pesquisa qualitativa, pois ela “lança
luz” sobre os dados e permite ao pesquisador identificar, em suas descrições, aquelas
informações que se mostram importantes ou significativas para o estudo. No campo
educacional, a interrogação, muitas vezes, surge na prática do pesquisador, ao vivenciar
uma situação e indagar sobre ela, buscando compreende-la para além do senso comum,
ou seja, compreende-la em sua essência e sua estrutura.
Segundo Creswell (2007), no âmbito das pesquisas qualitativas, existem diversos
tipos de estudos que podem ser implementados, tais como a etnografia, a teoria embasada
nos estudos de caso, as narrativas. As escolhas e caminhos a serem traçados na realização
de um estudo, considerando o do fenômeno indagado, devem estar em consonância com
57
a visão de mundo do pesquisador e aquilo que pretende investigar, de forma que os vários
momentos da metodologia de pesquisa se articulem de forma harmônica.
Nesta pesquisa, especificamente, a abordagem a fenomenológica se apresenta
como uma metodologia em sintonia com a proposta de investigação, ao promover a
explicitação dos significados e sentidos expressos pelos sujeitos participantes do estudo
de campo. A escolha por tal abordagem se dá em meio aos percursos da pesquisadora
junto à orientadora, diante da identificação de características que podem contribuir para
a compreensão daquilo que é tematizado aqui (os jogos e a Análise Combinatória em uma
proposta junto à licenciandos), indicando caminhos para a análise qualitativa dos dados
coletados que serão explicitados aos longos dos capítulos seguintes. Assim, essa
abordagem permitiu destacar os diálogos e interações entre os sujeitos e identificar
aspectos importantes para a indagação posta.
Quando à abordagem fenomenológica, ela tem como objetivo não partir de
conceitos prévios ou teorias já postas quanto aquilo que se indaga, buscando, por outro
lado, que os resultados revelem, em meio à experiência vivida, aspectos importantes
daquilo que é indagado. Dessa forma, se mostra importante descrever, interpretar e
compreender o fenômeno investigado por meio daquilo que se mostra nos dados
coletados, e não agrupando-os em classificações prévias.
A pesquisa na abordagem fenomenológica inicia-se com uma interrogação.
Inicialmente, esta interrogação não está muito bem delineada para o pesquisador.
Ela corresponde a uma insatisfação do pesquisador em relação a aquilo que ele
pensa saber sobre algo. Sente-se pouco à vontade em relação a isto. Algo que o
incomoda. Cria-se a uma “tensão” que acompanha e “alimenta” o pesquisador
na busca da intuição da essência do fenômeno interrogado”. (FINI, 1994, p. 27).
Pesquisar, segundo Joel Martins, quer dizer “ter uma interrogação e andar em
torno dela, em todos os sentidos, sempre buscando todas as suas dimensões e,
andar outra vez e outra ainda, buscando mais sentido, mais dimensões, e outra
vez”. A interrogação se mantém viva porque a compreensão do fenômeno não
se esgota nunca. (FINI, 1994, p. 25).
5
Socrative é uma ferramenta virtual de avaliação formativa voltada para professores e com o objetivo
de conectá-los com os alunos à medida que o aprendizado acontece, “fornecendo ferramentas divertidas
e eficazes para avaliar a compreensão dos alunos em tempo real”. Disponível em:
https://www.socrative.com/
61
Figura 2- Personagem Ju
6
Objetivos retirados do site do Programa Residência Pedagógica da UFOP através do url:
https://www.prograd.ufop.br/%3Cnolink%3E/residencia-pedagogica
66
Além disso, uma das questões eram sobre ter ensinado ou estar ensinando esse
conteúdo onde 11 licenciandos responderam que não ou que nunca haviam ensinado essa
disciplina e apenas dois haviam lecionados relatando que “gera uma confusão pois os
exercícios são muitos parecidos e cada caso é um jeito de resolver.” (L.5) e descrevendo
que no Residência Pedagógica construiu “materiais sobre Análise Combinatória para os
alunos” (L.3).
Quanto ao modo como compreendem os jogos didáticos, suas respostas foram:
Compreendo que é um jogo que auxilia o ensino, a recompensa não é a
vitória do jogo e sim a aprendizagem adquirida. (L.1)
São jogos que possuem um fundamento educacional, propondo um ensino e
aprendizagem de forma não tradicional. (L.7)
São atividades divertidas que tem como intuito de fazer os alunos divertir e
aprender ao mesmo tempo. (L.12)
Acredito que sejam jogos com a finalidade de ensinar/reforçar algo. (L.16)
Jogos que envolvem o conteúdo e auxiliam no ensino e aprendizagem. (L.4)
Jogo com objetivo de aprendizagem em algum conteúdo escolar. (L.5)
Uma maneira que pode prender mais a atenção dos alunos. (L.2)
Uma maneira lúdica de ensinar um conteúdo especifico. (L.8)
Transmitir conhecimentos através dos jogos. (L.6)
Jogos que de alguma forma ajuda no aprendizado. (L.14)
Jogos que tem como objetivo o aprendizado. (L.3)
Uma forma de proporcionar aprendizagem. (L.10)
a Matemática chata ou difícil” (L.10), “pode despertar o interesse dos alunos, visto que
muitos dizem não gostar ou achar a Matemática chata ou difícil” (L.1), “os jogos se
tornam as aulas mais dinâmicas” (L.12), “aprendizagem lúdica, maior participação dos
alunos, competição, respeito de regras” (L.5) e “maior participação” (L.2). Sobre os
diálogos aparecerem diálogos como “O maior desafio é saber aplicar o jogo no momento
certo. Pode acontecer da turma ainda não ter as habilidades necessárias para manipular o
jogo ou não fazer sentido naquela hora” (L.14), “fácil o professor perde o controle sobre
a situação, então é preciso saber administrar bem sua turma” (L.1), “é que o professor tem
que saber quais tipos de jogos podem trabalhar com os alunos para não sair fora dos
conteúdos estudado” (L.12), “alta de tempo para aplicar em escolas particulares” (L.5),
“alcançar e manter a atenção dos alunos no conteúdo, muitas vezes, facilitando o
aprendizado deles e fazendo-os gostar da matéria em questão” (L.8) e “chegar ao objetivo
da aprendizagem não ser apenas um jogo” (L.10).
No primeiro encontro, convidamos os participantes a se apresentarem e falarem
um pouco sobre suas expectativas com o minicurso. Destacamos abaixo alguns trechos
desse momento de apresentação em que compartilharam suas percepções:
Que acaba que é Análise Combinatória do mesmo jeito, e é uma matéria bem
complicada de trabalhar, e eu achei muito interessante esse curso (risos) e falei:
Isso aí vai ajudar pra caramba no futuro, como professor. (L.2)
(...) a gente fez um projeto assim de aplicar jogos, mas foi no ensino
fundamental. E aí os alunos, tipo assim quando acabaram, quando acabou o
projeto ficaram, falaram assim professora deles: Professora, a partir de hoje a
gente vai voltar à ter aula normal? A gente vai voltar a ter aula? Tipo assim
acabou as férias sabe? (...) é um conteúdo muito assim, que até na nossa cabeça
dá muto nó na gente né. Eu acho que aprender diferente vai ser legal. (L.4)
Acho que é isso, acho que o curso vai ser bem interessante para a gente. (L.10)
(...) eu gostei bastante do tema do minicurso, gosto bastante de combinatória,
acho que vai ser bastante produtivo aí esse tempo que a gente vai ter ai junto.
(L.9)
(...) eu acabei de cursar combinatória nesse período que acabou agora né. E é
isso (risos), eu tô animada. (L.8)
E aí assim, do ensino médio eu tenho vagas lembranças também. Eu lembro
mais assim de Análise Combinatória preparando para Olimpíadas de
Matemática né, então é isso assim, então eu acho que vai ser muito bom para
o meu crescimento fazer esse minicurso. (L.6)
E cursei essa matéria período passado, e igual todo mundo falou estou com
expectativas também, pode ser de grande ajuda. (L.1)
E eu fiquei mais interessado no minicurso agora por saber que vai ser em
questão de jogos online, que até o momento eu pensava que seria jogos em
Tabuleiro, jogos físicos né? Mas eu fiquei mais curioso agora, mas interessado
também. (L.7)
70
E acho que o minicurso vai ser muito bom, que eu gosto muito de jogos e já
escrevi já alguns textos sobre jogos, acho que é interessante. (L.5)
Fiz combinatória com a P e mais uma galera aí também, eu gosto bastante desse
desses materiais alternativos, tô bastante animada já tô aqui com o papel para
anotar. E a expectativa está lá em cima. (L.16)
jogos para os licenciandos, como por exemplo, Quizzer, Kahoot, Plickers e Google
Forms.
Ao iniciar o jogo Permutaquiz, eles receberam a senha e o login para entrarem na
plataforma e terem acesso ao jogo. Foi explicado o passo a passo para acessar tanto a
versão do computador quanto a do smartphone. O jogo elabora um ranking dos jogadores,
e, durante o jogo, a pesquisadora conseguiu verificar em quais eram as posições de cada
jogador.
L.2: Eu acho que o nome dos conceitos Considera que os nomes dos E1.05 Apresentação
poderiam ser trabalhando depois, conceitos matemáticos tratados dos conceitos após
igual ela tá fazendo. Depois discutiria. podem ser trabalhados após a abordagem com o
aplicação do jogo, como na jogo.
abordagem apresentada.
76
E.1.06 Crítica à
prática de valorizar o
L.3: Eu tava pensando que tipo a Considera a importância das
conceito e não o seu
definição de fato tem a sua definições, mas que muitos docentes
desenvolvimento.
importância, mas acho que se você dá acabam desvalorizando o
tanto foco nisso de início e jogar na desenvolvimento do conceito. E1.07 Concorda com
cara e não se desenvolver, joga na o colega quanto à
Concorda com o colega em relação a
cara dos alunos. Acho que trabalhar abordagem.
trabalhar jogos e em seguida
assim no início e depois trabalhar
conceitos. E1.08 O diálogo
com os conceitos e ter: “Ah então a
possibilitado pelo
gente pode chamar desse jeito daí”, Indica a possibilidade de diálogo
jogo.
acho que é um caminho mais legal. com os alunos por meio do jogo
Mas dependendo do nível também né, E1.09 Diferenças
Pontua que no Ensino Fundamental
acho que se você trabalha mais no entre os níveis de
os conceitos podem ser trabalhados
início do ensino fundamental, eu acho ensino.
de forma menos formal, mas que no
que não precisa dessa definição mais
Ensino Médio devem ser
formal. Já para o ensino médio, acho
aprofundados.
a necessidade de trazer mais para
frente esses conceitos.
vezes, em vez de eu colocar toda a extensos pois perde o foco da negativo para a
historinha ali, eu colocaria que elas questão, e sugere perguntas mais extensão das questões.
e resolução.
preocupei se é na aula, se é um
recurso, uma orientação ou um
reforço. No meu caso, a maior
(dificuldade) é a forma que estou
passando aquele tema, aquela
Independente do recurso, diz que se
matéria. Se os alunos estão
preocupa em relação a forma que está
entendendo aquela matéria, se E1.26 Dificuldades
ensinando a matéria e se os estudantes
eles estão compreendendo. Esse da docência em
estão compreendendo.
aqui é o mais crítico, alcançar o verificar a
aluno de maneira que ele está aprendizagem.
aprendendo verdadeiramente,
isso aí que dá um nó na cabeça.
P questiona os participantes em
relação às questões do jogo e sua
aplicação em salas de aula. E quais
as possíveis mudanças que eles
adotariam.
internet.
E1.43 A plataforma
Ressalta que apenas as questões sem a dá a dinâmica de jogo
plataforma do jogo tornam as questões às questões.
como em uma prova escrita
Nesse encontro estavam presentes: L.1, L.2, L.3, L.5, L.6, L.8, L.9 e L.12.
O segundo encontro se inicia com uma recapitulação do encontro anterior e a
pesquisadora explica sobre seu desejo de trazer uma proposta diferente da anterior e que
seja acessível às escolas, já que o debate da infraestrutura foi marcante nos debates em
grupos. Com isso, após pesquisas sobre essa área de jogos, o encontro atual será um jogo
através da perspectiva do powerpoint, na qual o contexto e enredo seguem inalterados.
Explica que o jogo do dia será proposto no PowerPoint, uma ferramenta
comumente utilizada na sala de aula, mas agora envolvendo programação e animação. O
jogo pode ser jogado em equipe ou dupla, e a pesquisadora divide os participantes em
Time A e Time B, de forma aleatória. As questões do jogo estão numeradas de 1 a 20 que
podem aparecer no formato de quatro situações: pergunta, anjo (pergunta com bônus),
queimada (pergunta eliminatória) e missão (pergunta considerada difícil). Cada pergunta
possui uma pontuação, que é apresentada após a resposta, sendo que o time que acertar
leva os pontos.
84
complicada. Tem quatro letras do e relacionar com o tema anagramas. E2.04 Dinâmica para abordar
alfabeto. A questão é que você vai pegar o conceito de anagrama
quatro letras ali e você tem que formar (contextualização).
palavras e colocar elas na disposição Descreve o uso de uma sacola, na qual há
que estão pegando, por exemplo, se papéis com 4 letras do alfabeto. Daí uma
pegar o primeiro D coloca o D, se pegar pessoa pega quatro letras e anota essa
A coloca o A no segundo ali, e assim por disposição, devolve para a sacola e
diante. De quantas maneiras eu poderia realiza o mesmo processo.
arranjar? De anagramas?
os dois problemas.
87
L.2: Eu tinha pensando igual a L.6, Explica que pensou igual a colega em
relacionar os dois exemplos. relacionar os dois exemplos.
L.6: Essa missão é parecida com a que a Relata que a questão se associa à questão
gente falou anteriormente, né? A do anagrama da palavra Dani com a dos
E2.09 Relação entre as
semelhança aí de anagramas com os números.
diferentes situações.
números, então da mesma forma que a
Semelhança dos problemas.
gente pode saber aí de quantos números E2.10 Destaque para a
podemos formar com 3 algarismos, que Descreve uma correlação na resolução, importância da ordem dos
a gente aí trocar as letras de ordem a do mesmo modo que associa a ordem dos elementos.
gente pode saber quantas são as números.
88
visualizar, pelo menos assim quando eu visualização dos alunos. dos alunos.
vejo, simplesmente, seis vagas e tendo
Descreve que pessoalmente tinha E2.36 Dificuldade na
tantas possibilidades assim.
dificuldades de visualizar pois não visualização da solução.
A discussão continua quanto à abordagem entendia como 6 vagas poderiam ter
com os alunos: muitas possibilidades.
E2.37 Relato de dificuldade
L.6: Eu acho que uma dica que eu daria, é
pessoal na interpretação do
eles começarem a pensar em números
problema.
menores, entendeu? Porque ele poderia
fazer, multiplicar o número de E2.38 Possível interpretação
possibilidades tanto verificar olhando, (errônea) do aluno.
escrevendo quais eram as
possibilidades. Então eles veriam Sugere apresentar aos alunos exemplos
enxergando que esse processo se dá com valores menores para que percebam
certo sim e aí, é para ir então fazer o com que o princípio multiplicativo se mantém
E2.39 Abordagem com
quatro algarismos pra ver né. Por para um valor maior de modo que os
exemplos menores visando a
exemplo, se eu tenho um número de dois alunos percebam a relação
generalização da
algarismos, a gente consegue formar aí
permutação.
dois números. E aí com três, com quantos
números é possível? Com três números E2.40 Possibilidade de
exemplo de um anagrama em
um filme.
L.3: P, só para ficar claro. É no caso das Dúvida no enunciado quanto a formação E2.43 Dúvidas na
duplas já estão formadas? Aí tipo não das duplas. interpretação no enunciado.
vai escolher aleatório?
possibilidades diferentes de sentar cada cinco possibilidades diferentes de sentar entendimento do enunciado.
dupla, certo? E como, entre a dupla cada dupla. Nota que as duplas podem
pode trocar de lugar como a gente pensou; trocar entre si.
tem cinco possibilidades temos 5! (cinco
fatorial) que dá 120, e como a dupla
entre si pode trocar então cada uma Soluciona o exercício falando que cada
pode sentado num lugar ou outro, tendo dupla pode permutar entre si, 5!, mas
mais duas possibilidades. Então no caso cada dupla pode trocar de lugar entre si,
E2.47 Possível resolução da
daria 240. Foi isso que a gente pensou. sendo 2! ou 2. Multiplicando as
questão.
informações obtém 240.
L.6: Eu tinha mandado isso lá no grupo
né, porque o L.5 tinha dito até a parte
aí do 5 fatorial e aí falei sobre as duas
Explica que havia pensando como o
possibilidades para cada.
colega a mesma solução.
P questiona as maiores dificuldades como
docentes em relação à questão.
L.2: Eu acho que a parte mais difícil é anteriormente ter visto questões desse
L.1: É então, como os problemas que a Associa a problemas vistos em exemplos E2.55 Relacionar as
gente viu aí trata de arquibancada ou anteriores como arquibancada e situações de permutação.
estacionamento, então o primeiro que estacionamento.
sentar o primeiro que estacionasse vai
Desenvolve a ideia de permutação para a
ter todas as possibilidades. Já o segundo E2.56 Utilizar exemplos
primeira vaga, segunda e assim por
a fazer isso vai ter todas as menores visando a
97
L.3: Não entender que “n” ou “n-1” são Acha que os alunos poderiam ter
nada mais que números, que a gente dificuldades de utilizar o “n” ou “n-1”, E2.59 Dificuldades dos
não tá definindo né. Porque são muito por não estarem definidos. alunos no emprego das
grandes, acho que pode dar uma variáveis na generalização.
confusãozinha. Considera uso de letras como números
grandes e podendo gerar confusão.
L.1: Eu acho até mesmo que o sinal né,
Dificuldade para compreenderem o uso E2.60 Destaque para o sinal
o sinal de exclamação.
do sinal ! (fatorial) do fatorial.
L.6: Eu acho que primeiro, como a gente
vai partir de problemas isso pode
facilitar. Porque você dá para os alunos, Acha que usar problemas pode facilitar o
já formalizam antes né, aí eu acho que processo de aprendizagem, fazendo os
E2.61 A contextualização
esse caminho inverso poderia dificultar alunos se formalizarem.
pode auxiliar no
assim para eles poderem entender de fato
Acredita que o caminho inverso, fórmula entendimento dos alunos.
a permutação. Mas como a gente tem aí
depois exercício pode dificultar
nesse caso, começando com problemas,
eu acho que talvez isso facilitaria um Uso de problemas ajuda a compreender o
pouco eles entenderem é, na hora de conteúdo.
formalizar porque a gente estaria
98
L.9: Eu acho que é igual a L.6 falou, E2.64 Destaque para o papel
é, você fez o caminho inverso né, da competição no jogo.
Afirma que concorda com a colega sobre
colocando problemas e indo aplicando o
a abordagem de perguntas e depois a
tema. Realmente para os alunos
formalização.
entenderem como é que funciona, e
depois disso você conseguir introduzir Acredita que os alunos conseguiriam
compreender o assunto e ver os E2.65 Contextualização
realmente o conteúdo para os alunos.
desenvolvimentos, em seguida aplicar o visando o entendimento dos
Eu acho que ficou top demais!
conteúdo. alunos.
Gostou do jogo.
L.3: Fora a vitória que eu fui roubado das
suas mãos de forma ilegítima, o jogo é
excelente e gostei bastante. Realmente
interessante e quero aprender para
99
Nesse encontro estavam presentes: L1, L2, L3, L4, L5, L6, L8, L9 e L12.
Iniciamos o encontro, explicando a tarefa que deveriam realizar para a próxima
semana, no encerramento do minicurso. Os licenciandos teriam que propor um jogo
abordando a ideia de combinação simples. Após alguns combinados quanto aos horários,
retomamos à discussão do encontro anterior que focou na ideia de fatorial.
L.1: Eu falaria que a gente ia botar o fatorial Explica que o uso do fatorial é uma
pra diminuir a escrita. forma de “diminuir a escrita” ou
E3.01 Fatorial como
simplificar.
L.3: Eu tinha pensado igual ao L.1 mesmo. modo de simplificar.
Concorda com o amigo.
P: Então vocês iam utilizar o fatorial só para
uma simplificação da escrita.
se desdobra com (n+1) fatorial sobre a Explica como proceder para operar Operações/cálculos
mesma coisa que n, (n + 1) vezes n fatorial. com o fatorial, ou na divisão de com o fatorial.
Aí você corta n fatorial por n fatorial, porque (n+1)! por n!.
justamente é a mesma coisa: n vezes o
antecessor, antecessor, antecessor. Daí por
diante. É só uma forma de sempre ficar
escrito e a gente não tem que ficar a vida
toda escrevendo trinta números ou mais.
talvez enxergar a permutação como que envolve todos os elementos. E3.07 Permutação
falar.
aquela alternativa estava errada. Aí com a matéria anterior e contribuir com alunos ao
justamente por isso começa por essa uma nova visão do problema. entendimento por
análise das alternativas e depois meio de indagações.
explicar, é, porque a (letra) c [5*4*3]
está certa? Mas só porque ele errou a
primeira, se ele acertasse direito, talvez
acho que não seria necessário explicar,
porque as outras estão erradas. Sei lá, não
E3.19 Importância
sei [risos].
do diálogo para
L.2: Oh P, talvez eles poderiam compreender os
interpretar também como três vezes dois Compreender o motivo de marcar a erros.
vezes um. Eu acho que seria uma opção alternativa em relação a interpretação do
também, porque não sei se eles aluno.
enxergariam esse cinco aí como uma
das três posições. Então, aí você colocou
1 vezes 2 vezes 3, mas falando se fosse
E3.20 A compressão
um fatorial por exemplo, três fatorial [3!]
e interpretação do
né, agora quando você desse essa
Relacionar a alternativa correta com a aluno.
atividade você já teria dado a definição de
interpretação do novo tema ensinado, a fim
fatorial ou não? Ou seria pra introduzir?
de orientar para uma compreensão a partir
(...) eu acho que essa um aí fosse E3.21 Abordagem
dos erros.
fatorial, 3 vezes 2 vezes 1, fosse um bem para o arranjo.
votado, justamente porque confundi Possível compreensão do aluno
E3.22 Dificuldades
um pouco, é, na questão da posição. relacionando com a matéria anterior,
associadas ao
Apesar de serem três de cinco, talvez permutação.
conteúdo anterior
eles não interpretariam que teriam que Provável dificuldade dos alunos em
(permutação).
colocar o cinco, e o quatro e o três. Não relacionar a quantidade total de pessoas
sei, pode ser que, que gere um pouco de E3.23 Explicitação
com o número de posições.
dúvida. de dificuldades
Sugestão de uma alternativa para o ensino
comuns aos alunos.
junto aos alunos.
Dando continuidade, explicamos que o jogo deste encontro foi baseado nas peças
de xadrez. Após alguns participantes informarem suas experiências e curiosidades sobre
o xadrez, a pesquisadora indaga se eles conhecem suas peças. Eles se manifestam através
108
P provoca os participantes se os
alunos perguntam aos docentes da
seguinte maneira: “Pra mim isso é
permutação, não estou entendendo”,
você como professor o que você
faria?
toda forma você tem que tirar uma destacando a diferença com os demais para a diferença
pessoa ali e cada uma só pode problemas combinatórios e o contexto entre os problemas
próprio quadro, acho que ficaria bem às possibilidades dos três primeiros Procedimento para
L.3: Posso pegar três peões Indaga sobre o enunciado. E3.43 Enunciado se
seguidos, por exemplo? mostra confuso.
cartesianas. entendimentos.
L.2: Então a posição, também, que Destaca a importância da posição (casa) E3.50 Relação entre a
define é diferente, né? (...) Eu não do peão na sua identificação, assim, cada posição e a peça.
posso considerar que os peões são peão é diferente.
os mesmos, não?
E3.53 Sugestão de
explicação
Apresenta uma proposta de comentar essa complementar ao
L.2: Mas aí só, pode explicar antes noção de nome para as peças antes de enunciado.
também né. iniciar a pergunta.
A pesquisadora segue para a próxima estação: a sala da torre. Após o encontro foi
observado um erro no enunciado da questão que já foi modificado no produto
educacional, mas para melhor compreensão dos diálogos e interações durante o
minicurso, mantivemos o enunciado que foi apresentado no encontro. A situação
apresentada é relacionada com esta peça:
114
L.1: Então, o aluno ia ter que Expõem uma possível concepção do E3.54
somar peões com torres e depois aluno. Procedimento de
fazer a ordem de que foram resolução do aluno.
Explica que os alunos deveriam somar as
perdendo né. Talvez ele pudesse
peças, com o intuito de encontrar o total E3.55 Identificação
confundir ali na hora antes de
de elementos. de confusão de
somar, multiplicar duas torres e
interpretação do
oito peões ali. Mas é isso, acho que Expõe uma possível dificuldade que o
aluno.
essa seria mais tranquila, é, aluno poderia ter em relação ao total de
decorrendo das outras né, que a peças.
gente já fez.
seria um número muito maior, a Analisa que o uso do fatorial para resolução.
gente meio que corta boa parte dos representar um cálculo grande
E3.57 Calcula a
casos. simplificaria a resposta.
expressão da
alternativa (b).
115
E3.58 O fatorial
simplifica a
representação de
resultados.
L.1: A esse aí eu acredito que os Refere uma possível tentativa de E3.68 Resolução
alunos iriam desenhar. Certeza. resolução dos alunos a partir de desenhos. dos alunos a partir
de desenhos.
L.2: Poderia ser também Indica uma representação usada pelo
marcando com x. Se eles tivessem aluno, marcando com “x” os possíveis E3.69
um papel particular, poderiam movimentos da peça. Representação e
marcar posições para entender. registro dos
movimentos da
alunos resolvem a
questão.
E3.71 Descrição de
L.3: Eu só consigo pensar em se ele Analisa e descreve os movimentos que o
todas as
vai fazer movimento reto, como aluno pode fazer com a peça para achar a
possibilidades de
posso dizer, se ele vai fazer a parte resposta.
movimento da
comprida e depois virar, quantas
peça.
possibilidades tem de cada, da
posição que ele tá?. Que ele pode ir
para cima pode ir para dois lados,
Aí se ele tá na outra por tudo L aí
mesmo história [risos] (...) É
partindo desta posição mesmo, dessa
posição. Por exemplo, tá no E4 vai
para cima, no caso vai em direção vai
em direção ao 8. Aí tem duas
possibilidades, ele pode ir para F, se
ele está no E4 vai pro F6, aí ele pode,
tô falando tipo ele fez a primeira
parte do movimento dele, antes de
fazer a curva, tanto pro F6 quanto pro
D6. Aí se ele for em direção ao 1, aí
no caso é primeira parte do
movimento ele vai parar, digamos vai
parar no F2 aí ele pode ir para o F2
ou D2. Ele vai em direção a, ao H por
exemplo, aí a primeira parte
movimento G4 aí para terminar ele
vai para o G3.
acho que eles irão gostar sim. (...) Considere que a questão é intrigante para questão.
Vai traçando os caminhos, né. os alunos.
E3.73 Traçando os
Como uma linha assim, os
Apresenta a solução indicando os movimentos da
caminhos que ele ia percorrer.
caminhos que o cavalo irá percorrer. peça.
L.1: Desenharia e marcar o X,
aonde chegou [risos].
Concorda com a solução do colega E3.74
anterior. Compartilhando
conclusões.
Logo após a leitura, foi possível perceber que ela gerou muitas dúvidas entre os
participantes.
Mas no caso são 8 opções, ele tem 8 dificuldade de compreender o enunciado, na interpretação.
possíveis casas para se movimentar. afirmando que não consegue pensar como
E3.76 Tentativa de
Eu realmente estou um pouco os alunos podem compreender a questão.
sintetizar a
confuso, não estou entendendo a
pergunta.
pergunta. É o que, oito para quatro?
é diferente da jogada que ele faz na Explica que é relevante falar que os jogos
outra. Não só diferente a jogada, são diferentes, relacionando com as
mas também é outro jogo, então faz jogadas individuais.
essa diferença.
Após, não havendo mais sugestões, seguimos com o jogo, passando para as duas
questões da Rainha. Segue o enunciado:
L.1: Achei a questão tranquila Analisa a questão, explicando que os E3.86 Familiarização com os
também, como os alunos vão alunos poderiam sentir facilidade, pois conceitos.
estar na pegada já, vão ter já vão ter visto exercícios similares.
dificuldades não.
de uma outra forma, porque o alunos marcassem a opção 12! Indicaria E3.90 O erro sinaliza
entendimento né, não estaria que não estariam compreendendo a necessidade de rever a
ocorrendo ali. Eu acho que eu necessidade de reavaliar a abordagem. abordagem.
colocaria sim, porque, né, se ele
Analisa que se o aluno marcasse a
marca correta e tenho 12 fatorial
resposta correta seria uma forma de
e a gente vai perceber que, sim, E3.91 Assinalar a alternativa
avaliar seus conhecimentos e perceber
eles estão sabendo fazer! correta é um indicativo para o
que estão compreendendo.
professor.
L.3: Eu acho que é mais
Considera que, como anteriormente as
complicado também colocar a E3.92 Resposta por extenso
alternativas indicavam somente as
resposta por extenso, digamos pode confundir.
multiplicações, escrever o resultado por
assim, que o era 1320 [mil trezentos
extenso pode levar o aluno a não realizar
e vinte]. Espera um pouco, antes a
as contas ou a se “assustar” com as
gente estava trabalhando com E3.93 Comparação dos tipos
alternativas e marcar a resposta
multiplicação, botar esse número de alternativas nas respostas.
incorreta.
grande aí..., tô tentando, pensar o
raciocínio do aluno. Porque de Tentativa de avaliar qual seria o
fato a gente poderia verificar, raciocínio do aluno ao tentar resolver a
E3.94 Possível
mas se o aluno for preguiçoso questão.
raciocínio/procedimento dos
igual eu, falar assim: “só vai na
Analisa que se o aluno pode marcar a alunos.
fé, pow”, não é o A e nem o C, vai
alternativa certa por dois motivos:
nesse [letra B] [risos]. Que não
primeiro verificando ou apenas
vai fazer a conta. É, o número
excluindo as alternativas que não
quando tá por extenso meio que até
poderiam ser.
assusta né, você vê o tamanho
daquelas coisas, não pode ser isso
não. É, pode levar a essa
desconfiança.
peraí, eu vou fazer o cálculo para os conceitos e as primeira noções não E3.98 Analisa a possível
eu confirmar que auxiliou 1320, iriam marcar a opção A e C, realizando compreensão dos alunos a
né?". Vai fazer o 12 vezes 11 os cálculos e verificando que era a partir de alternativas.
na letra A.
E3.104 Corroborando o
colega.
L.2: Mas eu não entendi: uma O participante questiona como os E3.105 Enunciado
fileira inteira tem que ser rosa e quadrinhos podem ser pintados de rosa ou gera dúvida.
outra azul, se cada quadradinho azul (se é a fileira ou cada casa).
você pode pintar de rosa ou azul,
como que é?
que não vai haver repetição vai? Inicialmente, afirma que pode ser Interpretação do
Não! vai sim! distinto. Em seguida, considera que não enunciado.
haverá repetição, mas reavalia e conclui
E3.107 Dúvida
que haverá.
sobre ter repetição
(ou não).
E3.108
Reelaborando
compreensão.
L.3: Então pode ser tudo rosa ou
pode ser tudo azul. E3.109
contar ali, é uma pessoa, uma coisa, por ser diferente dos anteriores. do tipo de questão
enfim. E nesse aí não, né, porque com os anteriores
Analisa que pode haver dificuldades dos
como a gente pode ter ali todas as
alunos, pois é um exercício diferente, em E3.111 Possíveis
casas consecutivas da mesma cor,
que pode haver repetição. dificuldades dos
então é, é um exercício diferente
alunos.
que os meninos podem travar um
pouco. Ali na pretinha, na E3.112 Ênfase na
primeira, a ali pode ser rosa ou azul repetição dos
aí se ele pensar que ele pode ser elementos.
Analisa que os alunos poderiam verificar
rosa na brancas e vou pensar que
que faltaria cores para as duas casas E3.113 Relacionar
azul, mas pera acabou as
restantes não teriam valores, pois nos com problemas
possibilidades [pensamento do
problemas anteriores cada elemento anteriores pode
aluno], né. Porque antes, por
ocupava uma posição. levar ao erro.
exemplo do 12, a gente teria 12
possibilidades de peças, depois 11 e E3.114 Possível
depois 10. Agora ali a gente tá procedimento de
brincando com duas cores só, mas resolução do aluno.
com quatro casas, então aí é
importante pra eles entenderem a E3.115 O número
Descreve que os alunos brincaram com as de cores é menor
diferença de exercício.
cores para resolver, usando duas cores que o de casas a
L.2: E que a ordem no caso aí, a para colorir quatro casinhas. preencher.
ordem vai influenciar? Porque se
for azul, rosa, azul, rosa ou rosa,
azul, rosa azul, seriam duas de Apresenta uma dúvida em relação se a E3.116 Destaque
cada. Mas aí iria influenciar, então ordem das cores na resolução (se importa
127
eu acho que seria uma dúvida bem, ou não), que pode levar à dúvida na para a ordem.
né. Porque tudo rosa ou tudo azul tentativa de resolver a questão.
fica mais fácil, mas a variação
Destaca que os alunos podem considerar
quando você muda a primeira com E3.117 Possíveis
apenas duas soluções: todas as três casas
rosa, e a segunda azul e assim dúvidas dos alunos.
azuis ou todas rosas.
sucessivamente. Ou a primeira azul
e a segunda rosa sucessivamente, já E3.118 Possível
E3.119 Destaque
L.6: Eu acho que eles iam tentar para a importância
fazer da forma com o mesmo Descreve que os alunos iriam realizar a
ordem importa.
raciocínio dos exercícios anteriores atividade de maneira similar às
gosta dessas coisas né. Eu já vi eles ou usar letras para representar as cores, alunos.
numerando então fala assim a cor 1 por exemplo, A e B.
E3.125
e a cor 2 sabe, usar símbolos, sei lá
Participante descreve que os alunos Representação
A e B, não sei. E aí fazer aí as
poderiam usar as iniciais das cores para visual das
combinações possíveis e fazendo
identificá-las. possibilidades com
mesmo A a B, AB ou tudo A, tipo
símbolos
fazer isso em vez de usar cores. Reafirma a fala da colega, explicando que
usar as iniciais das cores é utilizado em E3.126 Notação
sala de aula. para representação.
E3.127 Confirma o
colega quanto à
representação.
L.2: Ou usar as iniciais, né, R e A,
Confirma o colega quanto à opção de
rosa e azul. E3.128 Confirma o
representar as cores pelas iniciais.
colega quanto à
L.6: Isso, que é geralmente o que
representação.
faz né. Ninguém sai colorido
milhões de possibilidades, o que Confirma o colega e enfatiza o uso das E3.129 Uso das
eles mais usam é usar letras ou iniciais para representar as cores na iniciais para
números para nomear as coisas e solução. representar.
principalmente a primeira inicial
do nome.
L.1: Então, essa seria tranquila também, Considera que essa questão seria
né, porque ela é bem parecida com os mais fácil, pois parece com as
E3.130 Facilidade de
primeiros exemplos que a gente teve, lá questões iniciais.
resolução ao
no início. Eu acho que eles iam deduzir
Analisa que os alunos terão mais comparar com as
rápido.
facilidade por conta dos questões anteriores.
anteriores.
L.3: Não, eu acho que não. Pode ser que Discorda do colega, e considera
E3.131 Dificuldade
haja um pouco de confusão em relação que os alunos podem sentir
devido ao número de
à quantidade de vagas, por assim dizer. dificuldades. Uma das
casas maiores que as
É que, é maior que nos casos anteriores, dificuldades que podem ser
anteriores.
mas eu acho que é tão difícil. A única apresentadas está relacionada com
coisa que vai falar é assim: “não vou fazer a maior quantidade de número de
esse cálculo a mão de contação, não”, é vagas (nos casos anteriores eram
só isso que eu acho que deve dar. valores menores).
L.3: A única coisa que eu penso, é que Considera que para identificar
justamente a gente só está olhando para as cada caso é preciso verificar as
131
situações, que são muito semelhantes. Só situações, mesmo sendo E3.133 Identificação
que a gente tem no caso, que o número de semelhantes. do tipo de problema
casos, de espaço de vagas, é menor que o considerando
Analisa que há situações em que o
número de objetos ou de elementos que elementos e
número de espaços é menor que o
a gente tá estudando. É tipo, falar desse “espaços”.
de elementos.
jeito, não sei ao certo. Eu precisaria de
um pouco mais de tempo para elaborar Descreve que para identificar cada
melhor. Mas essa é a ideia principal, a caso é preciso analisar o número E3.134
gente tem um número de vagas maior do de espaços com o número de Diferenciação do
que o número de participantes. Não, objetos. arranjo.
pera, falei o contrário. [Risos] O número
de participantes é maior que o número Destaca que, no arranjo, o número
L.3: Talvez seja um pouco complicado Acha que os alunos conseguiriam E3.135 Possível
132
outros demais exercícios da aula. fórmula com exemplos que sejam E3.138 Uso de
mais numéricos, relacionando exemplos numéricos
com as atividades anteriores. para generalização da
fórmula.
L.3: Ham, entendi aonde você quer chegar. Nota que através do exemplo e de E3.139 Perspectiva
133
L.6: (...) Mas pensando, a gente até na Relembra o assunto visto no E3.141 Diferenças
semana passada, a gente estava fazendo encontro anterior em que não entre permutação e
problemas não se preocupando com foram consideradas as repetições. arranjo.
repetições né, ordem. Não sei a melhor
Destaca a diferença desse E3.142 Destaque
forma de falar. E hoje, a gente já teve que
encontro atual com o da semana para a repetição ou
se preocupar em alguns momentos com
passada: a ordem. para a ordem.
isso né? (...) Então talvez aí relacionar, é, o
numerador com as possibilidades que a Descreve que o numerador, pode E3.143 Destaque
gente tem. E o denominador com as ser relacionado às possibilidades para as possibilidades
repetições ou o que a gente não quer que se têm. O denominador pode no arranjo.
considerada daquelas, de todas, do total ser interpretado com repetições.
de possibilidades. Não sei.
L.1: Sim, eles iam ver que é, eram 7 E3.144 Relação com
7 × 6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1 7! 7!
= =
3×2×1 3! (7 − 4)!
Então podemos generalizar da seguinte maneira o final:
𝑛!
𝐴𝑟𝑟𝑎𝑛𝑗𝑜 =
(𝑛 − 𝑝)!
Seguimos para o final conversando e discutindo em relação a que série poderia
ser aplicado o jogo e finalizando o encontro com a seguinte imagem:
138
Nesse encontro estavam presentes: L.1, L.2, L.3, L.4, L.6, L.7, L.8, L.9, L.10 e
L.12.
O objetivo desse encontro era colocar em prática algumas experiências dos
licenciandos com os jogos, na qual realizaram uma atividade assíncrona com o objetivo
de estruturar e propor um jogo focando no seguinte tema: a combinação.
Os licenciandos tiveram o prazo de uma semana para desenvolver a estrutura de
uma proposta do jogo, na qual foi combinado que trouxessem para o último encontro: a
ideia da proposta, sua estrutura, modos de organização dos alunos da classe (dupla, equipe
ou individual), tipo de jogo (digital ou presencial) e a dinâmica abordada. Vale ressaltar
que os licenciandos podiam fazer as atividades individualmente ou em dupla.
Sendo assim, a primeira parte desse último encontro foi de apresentação das
propostas e a segunda parte envolveria o jogo proposto para o encerramento.
L.1: Eu pensei assim. Ela saiu do xadrez, do Associa a proposta com a ideia do E4.01 Proposta de jogo
palácio lá. Ela e a amiga, a personagem que jogo anterior (estação do xadrez), similar ao do
eu esqueci o nome. Aí elas foram numa apresentando situações que
139
banca de milk shake comprar um milk envolvem combinatória (ou a ideia minicurso.
shake, sabe?. Aí chegou lá, beleza, depararam da pergunta).
com 5 opções de sabores e [pausa] cada uma
ia misturar dois sabores. Ai nisso elas
pensaram quantas possibilidades poderiam ter
né?, Nisso elas começaram a fazer as
continhas do jogo. Só que aí,
propositalmente, o jogo ia com um erro.
Sugere a inserção de um erro
Escolher o sabor A e B e a outra amiga ia E4.02 Sugestão de
(“pegadinha”) ao longo do jogo
escolher o sabor B e A. Nisso elas iam abordagem
para levar à conclusão dos alunos,
perceber que precisaria refazer a conta diversificada para o
apresentando situações envolvendo
porque iam pensar que era tirar os sabores jogo (uso do erro).
a ordem e outras onde a ordem não
que se alternavam. Ai de novo, ia fazer a
importa.
continha do jogo. Ai nisso, seguindo o jogo
elas iam pensar que era uma coincidência; E4.03 Jogo com
“Ah, aconteceu na loja de milk shake”. Aí, retomada de conteúdos
depois eu pensei nisso, ter uma, um outro abordados.
problema só que de permutação simples, pra
tipo reforçar que foi uma coincidência, sabe.
Tipo, do Inter clássico do time de vôlei, vai
ter um probleminha disso, de tipo de
continha sabe, para os alunos fazerem de
permutação simples, e nessa pergunta ter a
palavra ordem, tipo assim: “Qual a ordem
dos times vão ficar na interclasse?” e ter ela
grifada no jogo. Aí depois dessa de
permutação simples, aí eu ia botar uma de
combinação de novo, que a professora pediu
para guardar as bolas, tipo: “12 bolas em 4
sacos”, ai tipo a professora fala que não
interessa a ordem e gravava a palavra não
interessa a ordem lá, sabe. Aí elas iam se
deparar com o mesmo problema que se
deparam na loja de milk shake. Aí eles, elas
iam ficar se perguntando por que disso e ia,
ia…, tipo, gerar um bate papo no meio do
jogo com qual a principal diferença do Destaca o bate papo entre os alunos
E4.04 Destaque para
exemplo anterior para esse. Aí depois disso, visando destacar a diferença entre
palavras chaves no
eu acho que, ia …, pra eles, para eles os problemas apresentados no jogo
jogo.
acharem a continha usando uma fórmula de
140
ambos? generalização do
conceito de
L1: Para ambos. Ia, ia tipo botar na combinação.
plataforma igual cê está fazendo, de
Powerpoint e tal, tipo o de trilha. Sugere usar plataforma ou recursos E4.07 Jogo pensado
E4.08 Uso de
plataforma virtual ou
power point no jogo.
A segunda proposta foi realizada por L.10 e L.7. O nome do jogo é “Jogo de
tabuleiro Combinatório”, em que poderia ser jogado em dupla ou em grupo. O jogo seria
do tipo físico, sendo composto por um tabuleiro de trilha, um dado e fichas com perguntas
baseadas em combinação. Durante as jogadas, podem aparecer obstáculos com ordens
aos jogadores: voltar 2 casas, retornar ao início, avançar 5 casas. Joga-se o dado para
saber o número de casas que se deve avançar. Cada jogada, retira-se uma ficha com uma
pergunta, se acertar avança o número de casas que saiu no dado, se erra o jogador não
pode sair do lugar. Se parar em alguma casa com obstáculos deve fazer o que se pede.
Ganha quem chegar em primeiro lugar.
Vale ressaltar que os futuros docentes mandaram um documento explicando sobre
o jogo e apresentando algumas perguntas elaboradas por eles. A seguir a discussão da
proposta:
L.10: Eu pensei que o jogo não daria O jogo proposto não seria E4.09 Proposta de
continuação do seu. Ele seria um jogo de continuidade do jogo estação de jogo diferente do do
trilha, ai , o …, é…, o jogo ia conter o xadrez, mas um jogo do tipo trilha minicurso.
tabuleiro com alguns obstáculos. É por com tabuleiro e alguns obstáculos,
E4.10 Jogo de
exemplo, avance duas casas, volte duas por exemplo, avance/volte casas.
tabuleiro com questões
casas. E teria um número de fichas, pros haveria fichas empilhadas com
a serem respondidas .
alunos, é …, durante o jogo, cada jogada perguntas para os alunos irem
pegariam uma ficha e nessa ficha continha, retirando na sua vez de jogar.
tem, contém uma pergunta de Análise
O dado seria para saber a E4.11 Destaque para as
Combinatória, alguma questãozinha. E aí,
quantidade de casas que os regras do jogo.
avança uma casa quem acertar a pergunta, e
participantes podem andar no
antes disso tudo joga o dado para saber
tabuleiro.
quantas casas vão avançar. Inicialmente, a
gente, eu, a gente pensou em Diferente da proposta anterior, o E4.12 Aplicação
presencialmente o jogo. E ..., e para aplicar jogo seria realizado de modo presencial com
remotamente a gente pensou em várias presencial havendo possibilidade possibilidade para o
possibilidades, mas assim, a gente não, não de ser remoto. remoto.
sei se daria certo.
liberamos a próxima pergunta. É uma trilha, molde de tabuleiros citado pelos E4.17 Compartilha um
L3: a gente tinha pensado no contexto de Inicialmente tinha pensado em E4.19 Tentativa de um
utilizar dados de RPG, ou alguma coisa do utilizar em seu jogo dados de jogo de RPG.
tipo, mas não deu muito certo (risos), uai RPG(role-playing game) na qual os
porque quando a gente foi analisar a gente jogadores assumem o papel de
ia depender muito mais de princípio personagens imaginários, em um
multiplicativo, do que de fato pra poder mundo fictício, mas como
chegar depois a forma de combinação, mas dependeria mais do princípio E4.20 Proposta de um
jogo envolvendo
143
para essa combinação mais simples, por multiplicativo alteraram o contexto loterias.
assim dizer não ia dar certo. Então a gente do jogo no ambiente de loteria.
ajustou para o contexto de, é, uma loteria. É,
uma loteria, que a gente trouxe uma situação
do João em que a gente tinha situações mais O personagem João vira
simples, tipo de números sorteados, é, dos E4.21 Cenário do Jogo
protagonista do jogo e vai viver
que basicamente a loteria também acaba envolvendo a loteria.
situações envolvendo loteria onde a
sendo um exemplo bem fatídico de se ordem dos números sorteados não
trabalhar, é, com combinações, porque importa.
justamente a gente tem os elementos
variando, mas a gente não tem, não importa
a ordem deles. Justamente por isso, pra que
Esperam que as vivências do João
esses alunos percebessem através da E4.22 Abordagem do
no jogo deduzam a fórmula de
situação do João, essas relações. E , com jogo com situações
combinação.
isso, a gente pudesse posteriormente cotidianas.
deduzir uma fórmula também. Não que seja
essencial, mas a gente também, é, que a gente
não refinou muito bem mas, seria possível não
estou dizendo que é o caminho ideal, mas Sugerem criar os jogos com os
justamente a partir dessas situações, a gente alunos, com prêmios, ou desafiá- E4.23 Correlação do
desenvolver o jogo com eles, se tivesse los a encontrar resultados com jogo com o cotidiano e
L.2 não pôde apresentar sua proposta de jogo durante o encontro, mas fez e enviou
um documento explicando sua proposta. Seria um Jogo da Memória com situações
problema e resultados que deveriam ser relacionados ao par correspondente à resposta do
problema. Explica um exemplo do desenvolvimento do jogo que poderia ser: um aluno
escolhe uma carta, caso o número da resposta não seja referente a uma “situação”, ele
deverá escolher outro número, até que encontre uma situação. Porém, o primeiro número
poderá ser uma opção do par. Se o primeiro número escolhido for uma “situação”, então
ele deverá encontrar a solução, e escolher outro número ao acaso para encontrar o par
correto.
Ao final das apresentações, a pesquisadora questiona quais foram (ou sentiram
ser) as maiores dificuldades para a realização dos jogos em sala de aula. A seguir as
respostas dos licenciandos:
pesquisadora
L.10: Pensar no remoto. Pra nós e acho que a Considera que a dificuldade em E4.28 Dificuldade em
maior dificuldade foi essa. Pensar em como aplicar as atividades no remoto. aplicar do jogo remoto.
aplicar o jogo no remoto, se daria certo.
E4.29 Dificuldade em
L.1: Acho que pensar na dedução da deduzir as fórmulas de
Considera difícil deduzir as
fórmula mesmo, sem, só falar a fórmula. combinatória com os
fórmulas para os alunos.
Acho que é isso. alunos.
L.8: Acho que é 360, 6x5x4x3. Apresenta a solução como a E4.32 Cálculo errôneo
multiplicação 6x5x4x3. relacionado com
arranjo.
O participante explica que tem que
148
L.3: Mas tem que dividir. ficar atento à divisão e o colega E4.33 Destaque para a
afirma ser 15. divisão do cálculo.
L.1: Acho que é 15.
Destaca as permutações. E4.34 Sugestão da
L.3: Pelo número de permutações.
resposta.
E4.35 Relaciona a
Nota que se confundiu confirma a
L.7: Né 18, não. Ai gente, pera, confunde. combinação com
resposta do colega.
Acho que é 15 mesmo. permutação.
E4.36 Sugestão da
resposta.
L.2: 24? Não sei. Tô raciocinando não. Nossa Participante descreve sua E4.43 Possível solução
tava lendo direito não. Achei que eram três dificuldade de concentração. da resposta.
movimentações. (risos). Nossa.
peões. A gente tem que pegar esses grupos, fazer grupos de 3 em 3 desses peões
grupos de 3 em 3 entre esses 8, e fazer as para realizar as combinações
combinações possíveis. possíveis.
obtendo 11.
Como o tempo do encontro era limitado, iriam pular as questões para o final com
o intuito dos participantes formalizarem o conceito e a fórmula de combinação.
L.1: Que não. Participante acha que a ordem não E4.57 Ordem não
importava e que os alunos importa na situação
poderiam notar isso. (combinação).
gente vai eliminando, é, essas repetições de que tem menos casos e podem ir procedimento dos
casos, tipo: Ana, Ju, é, sei lá, maçã, banana, eliminando os casos, raciocinando alunos na
pera é a mesma coisa que pera, banana e quanto ao enunciado. diferenciação dos
L.8: Eu acho que usando o próprio exemplo. que em combinação a ordem não
mostrar para ela o porquê um importar e dos próprios exemplos com situações
do outro não, e falar sobre Arranjo. apresentados é possível mostrar a anteriores.
diferença, relacionando com
E4.64 Destaques para a
Arranjo.
compreensão quanto à
ideia de ordem.
L.1: Seis (...), eu contei as, os negócios né, Conta as possibilidades. E4.65 Contagem das
especificando a permutação. possibilidades.
Analisa a questão e observa que
L.4: Então, a gente poderia ali, como tem ali tem um ponto de exclamação(!), E4.66 Destaque para o
tem uma exclamação poderia colocar 3 associando com 3! fatorial.
fatorial, que é a mesma coisa.
é mais amigável desse jeito, do que de arranjo é n! sobre (n-p)! Acha da fórmula de
E4.69 Validade da
abordagem dedutiva da
fórmula
convergência efetuado. Nele, olhamos para cada um dos encontros com os licenciandos,
buscando pelos sentidos a que nos levavam cada uma das US.
Em um segundo movimento de convergência, esses sentidos se mostraram
relacionados a categorias maiores de análise quanto ao indagado, permitindo uma
discussão entre as centenas de unidades destacadas, os sentidos revelados por elas, as
leituras da pesquisadora sobre os temas envolvidos e suas compreensões, interpretações
e articulações quanto ao que indaga.
Como destaca Santos (2007), o fato de muitas asserções convergirem para mais
de uma ideia revela que a compreensão do fenômeno se dá por meio da análise da
totalidade das categorias obtidas, não sendo possível a escolha de uma como sendo a mais
relevante. A conexão entre elas também indica que o emaranhado de sentidos destacados
conecta as compreensões e interpretações.
Eu acho que eles não iriam olhar, porque para mim isso nunca foi uma coisa
fácil de visualizar, pelo menos assim quando eu vejo, simplesmente, seis vagas
e tendo tantas possibilidades assim. (L.6)
Então eu acho que quando eles vissem ali seis vagas em seis carros, eles não
conseguiriam enxergar no 720 esse tanto de possibilidades, sabe? (L.6)
Eu acho que teria que ter uma introduçãozinha para eles aí, já partirem para a
atividade. Que se fosse uma aula pelo menos, pelo menos para esclarecer
algum caminho, não essa teoria nominal falando de definições (...) mas pelo
menos apresentando estatística e probabilidades né, acho que pelo menos
alguma coisa poderia ser feita um pouco antes para chegar nessas
combinações, que fosse bem básico assim. (L.2)
Eu quero falar, que eu usaria esse jogo como aula introdutória mesmo. (L.10)
Acho que um exemplo já seria interessante, mas não sei se é tão necessário
aula mesmo. Mas sei lá alguns exemplos, algumas situações do cotidiano que
podem ser ouvidas. (L.3)
Não há garantia que eles vão pegar a ideia do princípio multiplicativo, digamos
assim já de cara. Por isso que eu acho que, por exemplo, o diagrama de árvore
assim pode ser interessante se entender que justamente tem essa multiplicação
166
Pegar uma primeira questão e fazer um diagrama junto com eles ou deixar que
eles façam, pedir ao invés de pedir resposta escrita pedir um desenho que
represente a solução sabe, algo assim. Desenhos influenciam muito, tipo assim,
eles desenham um pensamento de princípio da multiplicação e da adição. (L.1)
Uai porque quando a gente foi analisar a gente ia depender muito mais de
princípio multiplicativo, do que de fato pra poder chegar depois a forma de
combinação (... ). (L.3)
(...) é, a gente pra eliminar essas repetições porque eu ter abacate, maçã, peraí,
banana é a mesma coisa que ter banana, pera, maçã e abacate. A gente dividiu
pelas permutações entre essas, entre a ordem digamos assim. Não sei se, por 4
fatorial [4!] (L.3)
(...) nessa representação a gente faz, a gente ter essas repetições, como
poderíamos eliminar esses casos? Uma alternativa justamente dividida pelo
número de permutações que a gente tem do, é, entre o trio; quantas formas esse
trio pode se reorganizar, se a gente dividir por esse número total de
permutações a gente consegue, é o número real de combinações (L.3)
167
Eu acho que usando o próprio exemplo. O próprio exemplo que ela fala, que
tipo assim, que no momento da fila importa a ordem e no outro momento não
importa. Acho que usando do próprio exercício mesmo, e mostrar para ela o
porquê um importar e do outro não, e falar sobre Arranjo. (L.8)
Acho que eu conhecia, tipo, pensar que a gente divide pelo número de
Permutações. Mas sempre bom, acho que é mais amigável desse jeito, do que
simplesmente “Pah uma fórmula na cara”. (L.3)
E que a ordem no caso aí, a ordem vai influenciar? Porque se for azul, rosa,
azul, rosa ou rosa, azul, rosa azul, seriam duas de cada. Mas aí iria influenciar,
então eu acho que seria uma dúvida bem, né. (L.2)
Assim, ao longo do minicurso, mesmo sem as definições terem sido propostas nas
situações-problema, os licenciandos diferenciavam as situações e respectivas soluções a
partir de características e palavraschave aos problemas de combinatória.
Esses debates e interações entre os licenciandos, quanto às abordagens e
possibilidades de enriquecer as situações dadas, com o intuito de auxiliar na compreensão
e interpretação dos conceitos é abordada na BNCC, ao enfatizar a importância da
contextualização e busca por diversas situações cotidianas, visando dar sentido ao que se
aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem é relevante para o ensino e
aprendizagem do estudante quanto ao papel do educador.
168
Eu tava pensando que tipo a definição de fato tem a sua importância, mas acho
que se você dá tanto foco nisso de início e jogar na cara e não se desenvolver,
joga na cara dos alunos. Acho que trabalhar assim no início e depois trabalhar
com os conceitos e ter: “Ah então a gente pode chamar desse jeito daí”, acho
que é um caminho mais legal”. (L.3)
Eu acho que o nome dos conceitos poderiam ser trabalhando depois, igual ela
tá fazendo. Depois discutiria. (L.2)
(...) acho que vai ser pelas situações né. A gente pode começar com o número
pequeno, depois já falar em n (variável) lugares para estacionar, aí segundo vai
ter quantas possibilidades? Ele vai (n - 1) aí depois entraria com conceito de o
169
que é o que é o fatorial. Acredito que é isso, uma maneira boa de trabalhar.
(L.1)
(...) Na hora de generalizar pode ser um pouco complicado, mas para os
exemplos mais numéricos, eu não sei a palavra correta, acho que eles não
teriam muitas dificuldades assim de trabalhar, visto que eles conseguiram
compreender os outros demais exercícios da aula. (L3)
Eu acho que primeiro, como a gente vai partir de problemas isso pode facilitar.
Porque você dá para os alunos, já formalizam antes né, aí eu acho que esse
caminho inverso poderia dificultar assim para eles poderem entender de fato a
permutação. (L.6)
Souza (2010), Melo (2017), Tavares (2017), e Silva (2014) consideram que a
Análise Combinatória é um obstáculo aos estudantes das escolas do Ensino Fundamental
e Médio, pois ao trabalharem os conceitos e aplicarem em fórmulas, a ênfase está em um
processo mecânico que não permite a compreensão das razões de uma generalização. Os
licenciandos observaram a importância dos procedimentos e de uma abordagem que
levem até as fórmulas, valorizando a compreensão dos conceitos relacionados aos
conteúdos, ainda que verifiquem as dificuldades atreladas a uma proposta que se volte
para as compreensões e raciocínios envolvidos.
No último encontro, o de criação dos próprios jogos pelos licenciandos, foi
possível notar que lançaram mão de aspectos dos jogos abordados, seja nas situações
propostas ou no formato jogo apresentado, mas também criando e propondo novas
possibilidades que foram compartilhadas com os participantes. Uma característica das
propostas criadas por eles foi o foco em questões investigativas e o trabalho visando a
generalização (E4.01, E4.09, E4.10, E4.11, E4.18, E4.19, E4.20, E4.21, E4.22, E4.23,
E4.25, E4.26).
a gente tinha situações mais simples, tipo de números sorteados, é, dos que
basicamente a loteria também acaba sendo um exemplo bem fatídico de se
trabalhar, é, com combinações, porque justamente a gente tem os elementos
variando, mas a gente não tem, não importa a ordem deles. Justamente por isso,
pra que esses alunos percebessem através da situação do João, essas relações.
E , com isso, a gente pudesse posteriormente deduzir uma fórmula também.
(...) (L.3)
Eu acho que o nome dos conceitos poderiam ser trabalhando depois, igual ela
tá fazendo. Depois discutiria. (L.2)
170
Assim, não tem nada a ver, mas eu acho que talvez assimilar as informações.
Porque fala de 64 casas, 8 por 8, A a H, né, letra e número de 1 a 8, a1, b6, e
tal. Aí a pergunta em si não tem nada a ver. Talvez eles tenham, não sei, eles
tenham essa confusão. (L.8)
Aí tem seis opções, aí faz as repartições de cada um. Pensando que para seis
será um diagrama um difícil de visualizar né, mas em casos menores podem
ser usados. (L.3)
(...) e não sei o que, eles vão por tentativas e aí como são muitos eles podem
se sentir cansados. Então uma das dificuldades pode ser essa, eles não
percebem que tem um método mais fácil que pode agilizar esse processo. (L.6)
Não há garantia que eles vão pegar a ideia do princípio multiplicativo, digamos
assim já de cara (L.3)
(...) eles não conseguiriam enxergar no 720 esse tanto de possibilidades, sabe?
Eu acho que eles não iriam olhar (...). (L.6)
É no caso das duplas já estão formadas? Aí tipo não vai escolher aleatório?
(L.3)
Sozinhos eu acho que não, mas eles vão conseguir ver um padrão de repetição
(L.8)
Uma coisa que eu acho que é importante na formatação, é como você deixa
destacados e separados das informações essenciais da questão, é uma coisa
muito importante. Porque de fato quando a gente vai lendo o texto é fácil perder
a informação chave, mas quando você deixa ali bonitinho é muito mais fácil
para captar. (L.3)
(...) porque às vezes ele consegue enxergar. Pois alguns tem algumas barreiras
e aí ele também tendo uma imagem próxima exercício ou no exercício anterior,
ele pode tentar em outra pergunta fazer uma relação. (L.2)
(...) que a gente aí trocar as letras de ordem a gente pode saber quantas são as
possíveis palavras que a gente pode formar. (L.6)
É porque (pensando), porque assim por ser uma questão que tem seis né, se
eles não souberem um método de resolver, eles terão dificuldades. (L.6)
Cada ordem corresponderia a uma posição, depois anotariam as posições ou
filas. Quatro alunos seria o ideal. (L.2)
E2.28, E2.33, E2.47, E2.49, E4.32, E4.33, E4.34, E4.36, E4.38, E4.39, E4.40, E4.42,
E4.43, E4.46, E4.48, E4.50, E4.51, E4.52, E4.56, E4.61, E4.65, E3.01, E3.02, E3.03,
E3.09, E3.11, E3.12), os licenciandos trazem para o debate sua prática docente,
constituída em suas vivências como alunos e como professor, propondo abordagens de
auxiliá-los.
Talvez ele pudesse confundir ali na hora antes de somar, multiplicar duas torres
e oito peões ali. (L.1)
Eu acho que talvez o aluno pode confundir, pensar como permutação e pensar
como fatorial, simplesmente. (...). (L.3)
(...) justamente porque dariam, é, o mesmo número tipo coincidentemente daria
o mesmo número de possibilidades. Seria uns casos diferentes, mas com a
mesma resposta (L.3)
Que você colocou 3 e 12 fatorial [12!], então os espertinhos podiam colocar 12
fatorial eu acho. (L.6)
Eu não sei, eu acho que eles poderiam confundir. (...) Não é que eles poderiam
confundir, porque como eles fizeram exemplo de tipo assim, escolher primeiro
colocado, segundo colocado, ou alguma posição. (L.4)
Um fato que se destacou nos encontros foi o papel atribuído ao erro, em particular
aqueles previsíveis frente aos aspectos da combinatória. Ressaltou-se que o erro apresenta
aspectos relevantes para a prática docente, podendo orientá-lo quanto à compreensão do
aluno, indicando dificuldades na interpretação e permitindo orientá-lo aluno para a
resposta correta, por meio de indagações e análises. Sugerem ainda que o erro pode
indicar quando é preciso modificar a abordagem do professor:
(...) “olha, eles não tão entendendo direito conceito, né”. E é ótimo isso, porque
se a maioria coloca 12 fatorial [12!] eu teria que rever lá os meus conceitos e
trabalhar o conteúdo de uma outra forma, porque o entendimento né, não
estaria ocorrendo ali. (L.7)
Isso, dado que ele errou, primeiramente entender porque aquela alternativa
estava errada. Aí justamente por isso começa por essa análise das alternativas
e depois explicar, é, porque a (letra) c [5*4*3] está certa? (L.3)
Acho que ele assim ele poderia ter pensando e ter chegado nesse ponto, aí o
esforço pra poder conduzir o aluno a resposta certa seria, é, também olhar a
(letra) b né, que tá dizendo 3 vezes 3 vezes 3, que no caso também não condiz
justamente porque não são três possibilidades o tempo todo, é para cada vaga,
a gente tem. (L.6)
Eu acho que apareceria 10! (dez fatorial), pode que elas já estavam vendo
assim. Pode ser que aconteça algumas vezes contar individualmente ao invés
de dupla.(L.8)
(...) achei 11(...) então, eu somei as possibilidades de homens e mulheres. (L.8)
175
:É, 66. Porque, eu [risos], eu utilizei a resposta anterior e só fiz o das mulheres.
Deu 10 e somei. (L.1)
Almeida e Ferreira (2009) e Batanero (1997) observam que o erro nos problemas
de combinatória podem derivar da interpretação do enunciado, confusão entre as
definições, mecanização de fórmulas.
Mesmo sendo considerado por eles como um conteúdo difícil, o jogo permitiu a
participação de outros licenciandos e o erro não foi visto como punição, mas como uma
oportunidade de discussão, aprendizado e desenvolvimento de estratégias (SILVA, 2014,
P.110).
Outro aspecto relevante dos encontros refere-se ao modo como avaliam a
justificativa Matemática das fórmulas e o papel de seus elementos. O algebrismo, visando
a dedução das fórmulas de combinação, é visto como um caminho promissor junto aos
alunos, ainda que os licenciandos considerem as possíveis dificuldades e a necessidade
de se dar atenção aos pontos importantes da dedução. Destacam, assim, a importância de
não apenas explicar apresentar a fórmula pronta e acabada, mas compreender como se
chega até ela (E3.140, E1.04), ressaltando os elementos envolvidos nos enunciados e as
interpretações necessárias para a diferenciação de cada caso (E2.26. 2.40). Há, portanto,
um destaque para a importância do entendimento em detrimento da mecanização no
trabalho do tema em sala de aula:
E é isso, eu acho que é um caminho muito legal também, que você pediu para
entender o que tá acontecendo é muito mais importante de fato do que a gente
olhar somente para a fórmula, tipo isso é o princípio multiplicativo. Não ficar
tão preso a esse matemátiques nosso. (L3)
176
Não que a gente, precisa ficar tão preso a fórmula, mas pelo menos a gente já
tem ideia, é construir para poder montar ela. Na hora de generalizar pode ser
um pouco complicado (...) (L.3)
Eu acho que primeiro, como a gente vai partir de problemas isso pode facilitar.
Porque você dá para os alunos, já formalizam antes né, aí eu acho que esse
caminho inverso poderia dificultar assim para eles poderem entender de fato a
permutação. Mas como a gente tem aí nesse caso, começando com problemas,
eu acho que talvez isso facilitaria um pouco eles entenderem é, na hora de
formalizar porque a gente estaria partindo aí dê exemplos concretos, igual a
L.2 deu um exemplo de fazer isso com os alunos dentro das salas, pegando lá
uma fileira, eu acho que poderia facilitar. (L.6)
(...) essa condução do pensamento de, justamente ter mais elementos do que
vagas, por assim dizer, é uma coisa justamente para talvez enxergar a
permutação como um caso específico de arranjo né, sei lá, talvez justamente
relata, e a partir daí a gente poderia no futuro deduzir a fórmula né, entender
da onde ela vem. (L.3)
Nas interações são trazidas falas dos licenciandos nas quais identificamos os
diferentes conhecimentos dos contextos educacionais, abordando outras situações-
problema e exemplos, buscando agregar àquelas apresentadas nos jogos. Vale evidenciar
dois tipos de exemplos constantes nos debates, sendo o primeiro com os alunos sendo
questionados e participando das situações e o segundo a contextualização de exemplos
com o cotidiano. Silva (2014), Tavares (2017), Sabo (2010) e Alves (2001) abordam que
os docentes, para ajudar os estudantes a compreenderem o assunto, questionam e
contextualizam situações a partir de diálogos contemplando o contexto educacional e o
cotidiano.
No sentido de levar o aprendiz ao entendimento dos conceitos e fórmulas de
combinatória, ganhou destaque a importância de enfocar os problemas e contextualizar
diferentes situações junto aos alunos (E1.14, E2.01, E2.17, E2.21, E2.42, E2.55, E2.58,
E2.61, E2.65, E2.68, E2.69, E4.19, E4.20, E4.21, E4.22, E4.23, E4.25, E4.53, E3.37,
E3.41, E3.63, E3.155, E1.27, E2.02, E2.04, E4.56, E4.61, E3.16, E3.32, E3.38).
Tavares (2017) afirma que o ensino de Análise Combinatória vai além de apenas
decorar fórmulas Matemáticas e que se o seu ensino demanda por situações reais vividas
pelo aluno em seu cotidiano, como sugerem as US E2.16, E2.41, E2.56, E2.57, E2.58,
E2.68, E4.06, E4.67.
O conhecimento da docência se evidenciou nos encontros e permitiu o
compartilhamento de entendimentos, a reelaboração das compreensões, sugestões e
encaminhamentos didáticos para a proposta, perpassando aspectos de suas vivências,
envolvendo ou não a Matemática em si. Tais interações enriqueceram o ambiente dos
encontros, ao proporem sugestões didáticas, adaptações e dinâmicas para as atividades
(E2.19, E2.25, E2.50, E3.21, E3.44, E3.51, E3.53).
177
Tipo assim, a alternativa sobre dividir em grupo e tal e aplicar um quiz nesse
modelo eu acho que sairia muito dessa visão de prova, aí pensando em no
presencial que tipo, cada um aluno fica lá com uma questão diferente, mas com
o mesmo contexto e depois discutisse como que cada grupo, eu acho legal e
não sairia do Quiz. (L.7)
(...)Acho que se a ordem em que eles fossem eliminados talvez seria melhor.
Que tipo, faria mais sentido a diferença da ordem que eles são eliminados em
vez de fazer uma sequência, quais sequências poderiam ser eliminados. (L.3)
participativa, dependendo do tipo de jogo e dos seus objetivos. Ainda que os receios e
incertezas na aplicação dos jogos estejam presentes nos relatos dos licenciandos, as
interações no curso permitiram refletir e pensar sobre as dificuldades atreladas. Dessa
forma, sentimos que a oportunidade de participar do minicurso envolvendo os jogos no
ensino – temática nem sempre presente nas grades dos cursos de licenciatura ou
disciplinas formativas – indicou aberturas para novas abordagens e para a criatividade
dos licenciandos, em meio às atividades, experiências dos participantes e expectativas,
articulando-se a teoria e a prática.
Ao elaborarem a ideia de propostas de seus jogos com o tema combinação (E4.01,
E4.09, E4.10, E4.11, E4.18, E4.19, E4.20, E4.21, E4.22, E4.23, E4.25, E4.26), eles
destacam em seus diálogos possibilidades de focar os conteúdos trabalhados, explorando
a realidade dos alunos. Ainda que alguns tenham apenas apresentado as ideias de seus
jogos e outros a proposta completa com regras e questões, a criação dos jogos por eles foi
uma oportunidade de pensar o tema específico, a combinação, nos quais tanto a
abordagem do jogo quanto o enfoque do conteúdo são perpassados pelas possibilidades
abertas para a discussão coletiva.
(...) Inter clássico do time de vôlei, vai ter um probleminha disso, de tipo de
continha sabe, para os alunos fazerem de permutação simples, e nessa pergunta
ter a palavra ordem, tipo assim: “Qual a ordem dos times vão ficar na
interclasse? (...) Ia, ia tipo botar na plataforma igual cê está fazendo, de
Powerpoint e tal, tipo o de trilha.” (L.1)
Autores como Mello (2017), Silva (2014), Tavares (2017) e Barbosa e Carvalho
(2008) acreditam que a elaboração e a execução dos jogos desenvolvem o pensamento
lógico, a resolução dos problemas e diferentes habilidades.
Quanto à dinâmica dos jogos propostos, destacam-se as competições que podem
proporcionar interesse pela investigação e pela descoberta dos alunos. (E1.03, E.1.08,
E1.18, E1.37, E1.38, 4.05 e E4.26)
(...) acho bem mais interessante, justamente porque acaba quando você indaga
com os alunos, você vê os sentidos e que não é trazido do nada aquilo. O jogo
eu acho uma forma interessante de você trabalhar cada conceito, é tipo de
179
forma mais pausada é que tem aqueles espaços, é, que explique como cê usou
para chegar até aí. (L.3)
A aprendizagem que permeia o jogo pode ser favorecida pelas “competições” que
podem surgir em sua aplicação. No minicurso, os jogadores observavam os times
adversários com o intuito de analisar e verificar suas respostas, na esperança de terem a
oportunidade de também responder. O que seria uma “briga” surge como uma brincadeira
entre eles:
Fora a vitória que eu fui roubado das suas mãos de forma ilegítima, o jogo é
excelente e gostei bastante. Realmente interessante e quero aprender para
aplicar nas aulas. (L.3)
A gente gostou de jogar né, teve uma competiçãozinha aqui saudável, né
(risos). (L.1)
Ah eu também usaria sim, eu acho isso muito a cara dos alunos, gostarem e até
pedir mais. (L.1).
Eu acredito que como vai ser novidade dependendo do tamanho da turma, pode
demorar um pouquinho para começar, igual ocorreu aqui também. (L.1)
Mas talvez esse aplicativo seja leve né, eu não sei como é esse complicador
que é ter que ter um celular, tem que ter a internet. (L.2)
181
Eu utilizaria sim, inclusive nesse meio remoto né. Então, por exemplo, essa
semana eu apliquei uma dinâmica lá na residência, e aí aconteceu um
imprevisto e eu tive que ir para WhatsApp. Aí eu fico pensando na minha
dinâmica e como seria legal, por exemplo se eu tivesse usado esse meio, para
minha dinâmica. Porque foi uma dinâmica de competição também né, a gente
tava trabalhando com funções do primeiro grau com criptogramas, então por
exemplo que respondia primeiro ganhava dois e quem respondia depois é
correto ganhava um ponto. Então assim, aí eu fui jogando esse jogo hoje
pensando: Nossa seria superinteressante se eu tivesse feito a minha dinâmica
dessa forma, eu acho que a gente nem precisaria ter migrado para o WhatsApp
poderia ter ficado lá no Meet e no WhatsApp também, é né quando a gente fez
hoje. (L.6)
Vale ressaltar que, com o ensino remoto, o único meio de tornar as ações de ensino
e aprendizagem possíveis se deu por meio das tecnologias digitais. Assim, os jogos
didáticos sinalizam para as possibilidades abertas de adaptação aos jogos digitais, diante
da impossibilidade, por exemplo, de se usar um tabuleiro físico.
Os licenciandos, ao avaliarem sobre possibilidades de uso em sala de aula com os
alunos, discutem possibilidades de adequação: a possibilidade de se adequar os jogos
propostos ao presencial (tanto no formato digital como criando o físico), assim como o
oposto, de adequar jogos físicos comumente utilizados nos espaços escolares para o
digital (E1.01, E1.43, E2.72, E4.13, E2.63, E4.08 e E4.14).
A educação por meio dos jogos tem-se tornado, nas últimas décadas, uma
alternativa metodológica bastante pesquisada, utilizada e abordada de variados
aspectos. Tais trabalhos, entretanto, ocorrem em torno de jogos aplicados na
pré-escola e nas primeiras séries do ensino fundamental. Poucas ainda são as
pesquisas que enfatizam o uso de jogos no ensino de 5ª a 8º série do ensino
fundamental, no ensino médio e de modo mais específico no ensino da
Matemática. (ALVES, 2001,p.15)
Nessa direção de uma análise crítica quanto aos recursos disponíveis, nos
encontros foi possível discutir sobre as possibilidades e também as limitações
relacionadas ao uso dos jogos. Os licenciandos apresentaram suas inseguranças quanto à
aplicação dos jogos em sala de aula, sendo que os alunos podem considerar que é somente
brincadeira, como fala L.4 “Os alunos não levam a sério e acham que "não é aula”. Alves
(2001), Tavares (2017) e Barbosa e Carvalho (2008) consideram que os jogos ainda são
vistos como atividades lúdicas por parte da população, sendo muitas vezes associados
como brincadeiras ou hora do lazer. O papel do docente é fundamental para determinar
essas distinções, estabelecendo os objetivos a serem cumpridos, a escolha de uma
metodologia de trabalho que permita a exploração do potencial dos jogos para a
182
Esse trabalho não se encerra aqui, já que, para a pesquisadora, ele se abre enquanto
possibilidade de contribuir com a docência e poder dialogar com colegas da área por meio
do site do Combinálise. Também se abre a possibilidade de outros estudos, diante das
reflexões e constatações que surgiram. Dentre eles, algumas indagações se destacam e
podem indicar o início de novos estudos: “Como seria aplicar a proposta do Combinálise
em uma sala de aula do ensino médio, em especial em uma escola pública?”, “Como os
jogos digitais e possíveis adaptações dos jogos físicos para o virtual podem contribuir
189
com o ensino de Matemática?” “Como pode se dar a inserção dos jogos nos cursos de
licenciatura, em uma perspectiva se investigação de situações contextualizadas?”
Com essas e outras tantas indagações que se constituíram ao longo do pesquisar,
o produto educacional desta pesquisa de mestrado profissional, o minicurso Combinálise,
estará disponível na versão livreto e no site (www.combinalise.com.br), dando acesso aos
jogos para professores, futuros professores, formadores de professores, alunos, jogadores
e demais interessados pelos temas que perpassam a proposta. Esperamos que os
resultados apresentados e a proposta criada e revista após os encontros com os
licenciandos auxiliem outros educadores quanto ao ensino de combinatória,
possibilitando reflexões quanto à prática docente, ao conteúdo específico, aos jogos no
ensino, permitindo adentrarem na busca por metodologias que auxiliem em um ensino de
Matemática mais significativo e crítico.
190
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