Aula Sistema de Direção
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1 PINHÃO E CREMALHEIRA
Este sistema é amplamente utilizado nos veículos e se constitui de uma carcaça
de liga de alumínio e componentes internos lubrificados e protegidos por coifas
de borracha.
O pinhão fica localizado junto à arvore ou coluna de direção, acoplando-se a uma
haste dentada, chamada de cremalheira. Quando o volante de direção é
acionado, o pinhão gira a cremalheira, que comanda as barras axiais de direção,
as quais são ligadas às rodas por meio de articulações esféricas. Este conjunto
converte o movimento giratório do volante de direção em movimento linear na
cremalheira, que por sua vez converte-se em deslocamentos angulares das
rodas, proporcionando movimentos independentes da articulação da suspensão.
Figura 1. Princípio básico de funcionamento pinhão e cremalheira.
1.1 MECÂNICA
O funcionamento deste sistema de direção baseia-se no princípio da mecânica
chamado atrito. Este atesta que o movimento de arraste entre dois corpos que
se tocam durante esta movimentação criam um atrito, geram calor e se dilatam.
Funciona como uma engrenagem, com transferência de força pelo contato dos
dentes. No sistema de direção mecânica, este atrito é amenizado pela
lubrificação dos componentes.
Neste sistema de direção mecânica, as rodas do veículo são controladas por
dispositivos e componentes mecânicos que constituem o sistema e todo o
esforço para esterçamento6 do sistema depende do condutor do veículo. A
seguir, você conhecerá os componentes que constituem o sistema de direção
pinhão e cremalheira mecânico.
CASOS E RELATOS!
Folga na direção
Sr. Manoel tem seu veículo há bastante tempo e percebeu que existe uma folga
muito grande na direção. Assim, resolveu consultar um técnico especialista em
caixa de direção. Na oficina, o Sr. Manoel foi informado de que havia um
desgaste excessivo no conjunto pinhão e cremalheira, e somente o ajuste da
folga não seria o bastante para deixar o veículo em condições normais de
rodagem precisando, então, substituir a caixa de direção do veículo.
Após o serviço, Sr. Manoel foi testar o carro com o técnico e eles perceberam
que a folga haviadesaparecido. Então, o técnico o informou que a folga foi gerada
em função do longo período de utilização do veículo e que isso é uma situação
normal, visto que a caixa de direção é um componente que sofre desgaste com
o passar do tempo, porém, se o veículo tivesse passado por processo de
manutenção preventiva no qual fosse realizado o ajuste da folga da caixa de
direção, a vida útil da caixa poderia ter sido prolongada. Sr. Manoel ficou
satisfeito com o serviço e com a honestidade da oficina e passou a recomendá-
la a todos os seus amigos.
Você percebeu que o carro do Sr. Manoel, por não passar por manutenção
periódica, sofreu uma folga no sistema de direção? E, para que isto não
aconteça, avalie, periodicamente, o estado dos componentes internos e externos
e lubrifique.
VOLANTE DE DIREÇÃO
O volante de direção é o primeiro componente deste sistema e o responsável
pela movimentação das rodas por meio de outros componentes anexos. O
volante pode ser do tipo clássico, esportivo ou futurista, e ainda ter comandos de
interatividade com o condutor.
A seguir, você conhecerá outro componente importante deste sistema.
COLUNA DE DIREÇÃO
Este componente é uma haste de aço que recebe o movimento giratório do
volante e transmite até a caixa de direção por meio de juntas articuladas,
conhecidas como cruzetas ou joelhos. Há alguns modelos de veículos em que a
coluna de direção, também conhecida como árvore de direção, fica alojada em
um tubo metálico, preso a carroceria.
TERMINAL DE DIREÇÃO
Sua estrutura é de aço e possui em uma das extremidades a junta esférica com
eixo cônico para fixação na manga de eixo e na outra extremidade uma rosca
interna ou externa, para fixação na barra axial da barra de direção.
VANTAGENS
É um sistema prático que dispensa a utilização de fluidos, mangueiras, correias
e polias. Esse sistema tem mínima produção de ruídos e necessita de mínimo
esforço do condutor durante as manobras.
Proporciona economia de combustível, pois não depende diretamente do esforço
do motor, melhora o desempenho do veículo, já que consome baixa energia do
motor em comparação ao sistema hidráulico.
Além do conforto que proporciona, é fato que a energia empregada no sistema
será utilizada somente
quando necessário e pode ser considerado como ecologicamente correto,
devido as suas características.
DESVANTAGENS
O único fator negativo é o fato de que este sistema pode deixar de funcionar
durante uma pane elétrica, deixando o volante do veículo pesado. Para amenizar
este efeito, alguns fabricantes empregam sistemas de emergência nos quais, no
momento em que ocorre uma pane elétrica, o motor elétrico é desacoplado do
sistema, mantendo somente o peso do sistema mecânico de direção e não mais
o peso dos componentes mecânicos mais o motor elétrico.
2. DIREÇÃO SETOR E ROSCA SEM-FIM (COM E SEM ESFERAS
RECIRCULANTES)
O Sistema de direção setor e sem-fim foi desenvolvido para ser uma unidade
compacta, montada no chassi ou na carroceria e ligada ao mecanismo de
direção do veículo, por meio de um eixo sem-fim ligado a um componente
dentado chamado de setor que está ligado ao braço de direção ou Pitman. Este
sistema de direção é amplamente utilizado em veículos utilitários bem como em
veículos pesados, em virtude de sua robustez, e pode ser encontrado em
versões sem servo-assistência ou com servo-assistência hidráulica.
Nos casos de utilização de sistema hidráulico, este ainda é complementado por
um conjunto de esferas recirculantes que atuam reduzindo o desgaste interno do
setor e do sem-fim.
2.1 MECÂNICA
Este sistema de direção compacto fica instalado sobre o chassi ou carroceria do
veículo e é constituído de uma caixa de liga metálica, que em seu interior possui
peças articuladas as quais transferem o movimento da árvore de direção para
as rodas, por meio de barras e braços de direção. No sistema mecânico, todo o
esforço para esterçamento depende do condutor do veículo.
Figura 9. Vista externa da caixa de direção setor e sem-fim mecânica.
O conjunto de componentes deste tipo de caixa de direção tem a sua lubrificação
realizada por óleo, por meio de uma tampa parafusada. Além de juntas e
vedadores para evitar a saída de lubrificantes ou entrada de impurezas que
possam prejudicar o seu desempenho. Cabe salientar que a definição do tipo de
óleo é baseada no manual de reparação da caixa de direção, não sendo
recomendado o uso de óleo não especificado pelo fabricante do componente.
O funcionamento do sistema direção setor e sem-fim mecânico ocorre quando o
volante é acionado, a rosca sem-fim percebe o movimento e transmite ao setor
por meio de suas engrenagens de aço tratado. Estas engrenagens são
lubrificadas constantemente durante a sua movimentação. Para que não haja
folga no sistema, a rosca sem-fim possui um diâmetro inferior no centro e maior
nas extremidades, e desta maneira proporciona um ajuste no setor, durante a
sua movimentação. Os componentes da caixa de direção têm a sua rotação
facilitada por meio da utilização de rolamentos. Este modelo de caixa de direção
com setor e sem-fim une-se às articulações que movimentam as rodas por meio
de um conjunto de braços de direção.
Veja, a seguir, a imagem da vista interna da caixa de direção setor e sem-fim.
CAIXA DE DIREÇÃO:
Armazenamento: local limpo e seco.
Manuseio: manual.
E.P.I: luva de pano, botina, jaleco e óculos.
Limpeza: pano seco, água e sabão (externo).
No diagnóstico de anomalias, inspeção, teste e análise, inspecionar:
a) quanto a folgas axiais e radiais da cremalheira;
b) possíveis vazamentos nas buchas das extremidades da caixa;
c) possíveis vazamentos nas conexões da mangueiras e tubulações.
Procedimento de desmontagem e montagem: A caixa de direção em muitos
veículos é fixada sobre o agregado, para realizar sua desmontagem é necessária
a remoção desta do veículo. Em caso de sistemas hidráulicos, deve-se realizar
a drenagem do óleo do sistema antes da remoção do componente. Os processos
de desmontagem, lubrificação, montagem e ajuste deve ser consultado no
manual de reparação do veículo.
Procedimento de manutenção:
a) folgas axiais e radiais da cremalheira – axiais: ajustar caixa de direção / radial:
substituir buchas da caixa de direção ou substituir caixa de direção, conforme
manual;
b) vazamentos nas buchas das extremidades da caixa – substituir buchas da
caixa de direção ou substituir caixa de direção, conforme manual;
c) vazamentos nas conexões da mangueiras e tubulações – verificar se o
problema é nas conexões ou nas roscas da caixa de direção, sendo nas roscas,
substituir caixa de direção.
Descarte de materiais: Este componente é metálico e pode ser descartado em
cooperativas que recolhem resíduos industriais.
TERMINAIS DE DIREÇÃO:
Armazenamento: local limpo e seco.
Manuseio: manual.
E.P.I: luva de pano, botina, jaleco e óculos.
Limpeza: pano seco.
No diagnóstico de anomalias, inspeção, teste e análise inspecionar:
a) folga no terminal esférico;
b) possíveis rasgos na coifa.
Procedimento de desmontagem e montagem: realizar o desprendimento do
terminal em relação à manga de eixo utilizando sacador de terminal adequado,
retirar o torque da porca trava que fixa o terminal na barra axial, remover terminal.
Para montagem realize o procedimento inverso. Sempre consulte o manual de
reparação do veículo.
Procedimento de manutenção:
a) folga no terminal esférico – substituição do terminal de direção;
b) rasgo na coifa – substituição do terminal de direção.
Descarte de materiais: Este componente é metálico e pode ser descartado em
cooperativas que recolhem resíduos industriais.
COLUNA DE DIREÇÃO E CRUZETAS:
Armazenamento: local limpo e seco.
Manuseio: manual.
E.P.I: luva de pano e óculos.
Limpeza: pano seco.
Diagnóstico de anomalias, inspeção, teste e análise:
a) inspecionar folga nas cruzetas.
Procedimento de desmontagem e montagem: para remove a coluna de direção
é necessária a remoção do volante de direção, remoção de todos os
acabamentos do painel que dão acesso à coluna
Procedimento de manutenção:
a) folga nas cruzetas – substituir coluna de direção.
Descarte de materiais: Este componente é metálico e pode ser descartado em
cooperativas que recolhem resíduos industriais.
VOLANTE DE DIREÇÃO:
Armazenamento: local limpo e seco.
Manuseio: manual.
E.P.I: luva de pano.
Limpeza: pano seco.
Diagnóstico de anomalias, inspeção, teste e análise:
a) inspeção de desgaste das estrias internas;
b) desgaste da empunhadura do volante.
Procedimento de desmontagem e montagem: Deve inicialmente remover o
acionamento da buzina e/ou módulo do airbag, remover a porca de que fixa o
volante na coluna e fazer a remoção do volante, em alguns veículos é necessária
utilização de sacador especial para puxar o volante sem gerar danos ao mesmo.
Sempre consulte o manual de reparação antes de iniciar o processo de
manutenção.
Procedimento de manutenção:
a) desgaste das estrias internas – substituir volante;
b) desgaste da empunhadura do volante – em volantes com empunhadura em
couro alguns fabricantes sugerem a substituição do revestimento, já em volantes
com empunhadura de borracha, substituir volante.
Descarte de materiais: Em sua grande maioria os volantes são confeccionados
em metal com revestimento de borracha, em função dessa construção devem
ser segregados em lixeira para resíduos não recicláveis.
BOMBA HIDRÁULICA:
Armazenamento: local limpo e seco.
Manuseio: manual.
E.P.I: luva de pano, botina, jaleco e óculos.
Limpeza: pano seco.
Diagnóstico de anomalias, inspeção, teste e análise:
a) testar pressão de trabalho em bancada de teste;
b) inspecionar possíveis travamentos da polia;
c) verificar possíveis vazamentos na estrutura da bomba;
d) checar a presença de ruído durante o funcionamento.
Procedimento de desmontagem e montagem: Remover o óleo do reservatório,
remover da bomba a mangueira/tubulação de baixa pressão, remover a conexão
da tubulação de alta pressão da bomba, soltar a correia e remove a bomba, para
montagem realizar o procedimento contrário, e realizar a sangria da direção
hidráulica.
Procedimento de manutenção:
a) pressão de trabalho baixa – substituir bomba;
b) travamentos da polia – substituir bomba;
c) vazamentos na estrutura da bomba – verificar a existência de possíveis
elementos de vedação substituíveis, caso contrário, substituir bomba;
d) ruído durante o funcionamento – ineficiência na alimentação da bomba ou falta
de óleo no sistema.
Descarte de materiais: Este componente é metálico e pode ser descartado em
cooperativas que recolhem resíduos industriais.
4 ALINHAMENTO
Como você pôde perceber até agora, o sistema de direção é constituído de
diversos componentes e este conjunto é responsável pelo direcionamento do
veículo durante a condução. Você deve imaginar que para um veículo manter a
trajetória necessária e garantir um direcionamento preciso e seguro, o sistema
de direção deve estar devidamente alinhado. Ao longo deste subcapítulo, você
conhecerá o processo de alinhamento de direção, incluindo todos os ângulos e
ajustes necessários para garantir uma condução precisa e segura.
Este alinhamento é determinado pelo fabricante do veículo, com o intuito de
proporcionar melhor dirigibilidade e otimização do grau de esterçamento das
rodas. Caso ocorram alterações nas especificações de alinhamento do veículo,
devido a impactos, trepidação, desgaste ou substituição de componentes, como
caixa de direção, terminais, barra axial, entre outros, poderá ocorrer alterações
no comportamento do veículo e ainda comprometer a banda de rodagem dos
pneus.
CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA
A convergência é o ajuste das rodas direcionadas, de modo que fiquem mais
fechadas na extremidade dianteira do que na traseira.
Já a divergência é a condição oposta à convergência, as rodas ficam mais
abertas na extremidade dianteira do que na traseira, e podem causar desgaste
irregular com formato serrilhado na banda de rodagem dos pneus.
A convergência e a divergência podem ser medidas de forma angular ou linear,
sendo a medida angular realizada em graus em relação à linha geométrica
central do veículo e a medida linear realizada em milímetros em relação borda
da roda. Estas medidas têm o objetivo de fazer com que as rodas mantenham-
se paralelas com a trajetória, quando o veículo está em movimento, evitando,
desta maneira, que se tenha um desgaste prematuro nas laterais dos pneus.
CÁSTER
O cáster é o ângulo de inclinação do conjunto de suspensão em relação ao plano
vertical, ou seja, é traçada uma linha imaginária que se inicia no coxim superior
do amortecedor a qual segue via amortecedor, manga de eixo, pivô até chegar
ao chão. Esta inclinação, quando está para frente é negativa, e quando está para
trás, é positiva, caso seja vertical, será considerada nula. É responsabilidade do
cáster manter a estabilidade direcional do veículo.
CÂMBER
O câmber é a inclinação da parte superior da roda, tanto para dentro quanto para
fora, em relação à outra roda do mesmo eixo. O câmber pode ser encontrado
em três tipos: negativa, é quando as partes superiores das rodas estão mais
próximas umas das outras; neutra, é quando as rodas se encontram
perpendiculares ao solo, não apresentando ângulo; e positiva, que é o
afastamento da parte superior das rodas. O câmber pode ser medido em graus
ou milímetros.
A função do câmber é dispor o peso do veículo sobre a banda de rodagem dos
pneus de maneira uniforme, evitando, assim, o seu desgaste irregular. Os
desgastes irregulares nos ombros dos pneus são geralmente atribuídos a
regulagens incorretas do câmber.
KPI/SAI
É o ângulo desenvolvido pela linha que cruza o eixo de giro e a vertical natural,
visto a roda de frente.
O KPI11/SAI é um ângulo que não é medido diretamente, mas sim com um giro
pré-determinado das rodas dianteiras. Obtém-se mais precisão quando o giro for
simétrico em relação à linha direcional do eixo traseiro.
Este método contribui com a estabilidade da direção, pois determina que as
rodas mantenham uma trajetória retilínea, diminuindo os efeitos dos obstáculos
no volante de direção. O ângulo KPI/SAI tolera que sejam utilizados ângulos de
caster menos positivos, facilitando a dirigibilidade do veículo, sem alterar a
estabilidade do sistema de direção.
ÂNGULO INCLUSO
É o somatório dos ângulos KPI/SAI e câmber. É composto pelo eixo de giro e o
eixo geométrico da roda.
A diferença máxima tolerável do ângulo incluso de uma roda em relação a outra
é de 1,5 grau. Quando o ângulo do câmber é alterado, altera-se também o ângulo
incluso.
SET BACK
Set back é a diferença coaxial dos eixos e traduz a distância que uma roda está
recuada (atrasada) em relação a outra.
O ângulo de set back é medido em graus e está estabelecido entre a linha
geométrica central e a perpendicular da linha do eixo dianteiro. Quando a roda
esquerda está à frente da direita, classifica-se como set back positivo e quando
a roda direita está a frente da esquerda, a classificação é set back negativo.
RAIO DE GIRO
O raio de giro compreende a distância entre o ponto de contato do pneu com o
solo e a projeção do eixo direcional.