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Atividade Relato de Caso Maria

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RELATO DE CASO

A seguir, você encontrará um relato de caso inicial de uma paciente da clínica de


Transtornos Alimentares. Leia atentamente. No texto, destaque os trechos que
descrevem informações relevantes para o diagnóstico de um transtorno
alimentar. Em seguida, responda às questões abaixo.

Dados do paciente:

Nome fictício: Maria Sexo: Feminino Idade: 21 anos e 3 meses


Profissão: Estudante
Altura: 1,65 Peso: 62Kg

Maria buscou a psicoterapia porque gostaria de ser mais produtiva. Ela relata sentir-
se “insatisfeita” consigo mesma, “para trás” em relação à vida e em comparação
com seus amigos. Maria cursa o 8º período da graduação e apresenta desempenho
acadêmico satisfatório. Entretanto, relata se sentir “burra”. "Sempre fui a mais
esforçada. Nunca a mais inteligente", diz a jovem em seu primeiro atendimento.

Os principais contextos de convívio social da jovem são a família e a faculdade.


Segundo sua descrição, se comporta de maneira extrovertida e brincalhona com seus
colegas. Aonde quer que vá, é capaz de conversar e se enturmar. Entretanto,
sempre tem a sensação de ser menos importante que os demais. Seu bom humor,
segundo ela, é a única coisa que sabe que é apreciada por seus colegas. Quando
questionada sobre o que ela acredita que a torna inferior aos demais, ela repete o fator
da inteligência. Após uma pausa, considera que também não se sente tão
“interessante”. Ela, então, descreve que se sente muito insatisfeita com seu
corpo. Gostaria de ser mais magra. “Eu sei que não sou muito gorda, mas
também não sou magra o suficiente”. Motivada a perder peso, Maria buscou
acompanhamento nutricional e segue um plano alimentar com foco em perda de
gordura e ganho de massa magra. Além disso, faz atividades físicas todos os
dias, à noite, após a faculdade. Perguntada se existe outro fator de insatisfação
com o corpo, além do peso, ela diz que também precisa ter mais corpo “de
mulher” e que planeja realizar uma cirurgia de implante nos seios. Tem feito
trabalhos como freelancer aos finais de semana para juntar o dinheiro necessário para
a cirurgia.

Entre a faculdade, o trabalho de finais de semana e a academia, Maria tem uma rotina
exigente. Precisa se levantar todos os dias às 6:00 da manhã para estar na faculdade
às 7:00. Volta da faculdade entre 17h e 18h e, após se dedicar aos trabalhos de
faculdade e estudo, vai para a academia, onde fica até seu fechamento, que
ocorre às 22:30. Como trabalha sempre que tem oportunidade, aos finais de semana,
não tem muito tempo para descansar. Mesmo com uma rotina cansativa, Maria se
mantém pontual a todos seus compromissos e demonstra ser bastante rígida com
seus compromissos: cada hora do seu dia e planejada e cronometrada. “Tenho que
calcular tudo... meu tempo, meu dinheiro, minha comida.” Apesar de seu uma das
poucas pessoas de sua turma que trabalha, Maria não se sente bem em gastar o
dinheiro que ganha. Só abre exceções quando o objetivo é melhorar sua
aparência. Pergunta-se a Maria se existe algo que ela não controla em sua rotina. A
jovem demostra hesitação, mas responde que consegue controlar quase tudo,
exceto sua alimentação durante o período na noite. Durante o dia, segue a dieta à
risca: pesa sua comida e prepara marmitas para o café da manhã e o almoço,
refeições que realiza fora de casa. Maria não come nada à tarde. À noite, quando
chega em casa, relata episódios de perda de controle em relação à comida:
come até se sentir desconfortavelmente cheia. Enquanto come, se sente muito
culpada e pensa: “sou um fracasso”, “não consigo seguir minha dieta”. De
acordo com a jovem, ninguém sabe sobre sua dificuldade em controlar o que
come durante a noite. Para compensar, se esforça ainda mais no dia seguinte e
passa mais tempo na academia.

Maria mora com a mãe e suas duas irmãs mais velhas. Descreve ter um
relacionamento difícil em casa. A jovem se sente muito julgada por suas irmãs
mais velhas: as duas sempre a trataram com autoritarismo: “elas só sabem me
criticar...nada do que eu faço é suficiente”. Sua mãe não é tão difícil de lidar quanto
suas irmãs, mas Maria descreve que se sente pressionada mesmo que sua mãe não
fale nada: “minha mãe trabalha muito...ela fez faculdade depois de ter três filhas,
enquanto trabalhava, e ainda assim conseguiu ser a primeira da turma”. “Me sinto
envergonhada quando penso em tudo o que ela dá conta de fazer”.

1) Que hipótese(s) diagnóstica(s) de Transtorno Alimentar você teria para esse


caso?

Bulimia Nervosa com comorbidade de Transtorno de Ansiedade, pelo fato da


pacientes manifestar um padrão de preocupação excessiva e necessidade de controle
(acadêmico, social, autoimagem), que pode estar relacionado à ansiedade, ao mesmo
tempo em que ela apresenta comportamentos típicos de bulimia, como compulsão
alimentar e comportamentos compensatórios, acompanhados de intensa culpa e
insatisfação com a autoimagem que podem ser uma tentativa de lidar com a
ansiedade ou estresse acumulado.

2) Que dados encontrados no relato sustentam sua hipótese diagnóstica? (Caso


tenha oferecido mais de uma hipótese, ofereça uma justificativa para cada
hipótese)

Maria apresenta uma série de comportamentos e sentimentos que são indicativos de


Bulimia Nervosa com comorbidade de transtorno de ansiedade. Um dos aspectos mais
notáveis é sua compulsão alimentar noturna, durante a qual ela perde o controle sobre
sua alimentação, seguida por intensos sentimentos de culpa. Essa combinação de
compulsão e culpa é alarmante e sugere um ciclo de angústia psicológica relacionado
à alimentação. Além disso, Maria adota comportamentos compensatórios,
especialmente através de exercícios físicos intensos. Essa estratégia para compensar
a ingestão excessiva de alimentos é um indicativo de que ela pode estar lutando
contra uma imagem corporal distorcida e uma insatisfação profunda com seu corpo.
Essa insatisfação se estende a outras áreas de sua vida. Maria está constantemente
preocupada com seu desempenho, tanto acadêmico quanto social, frequentemente se
comparando aos outros de maneira desfavorável. Essas comparações e
preocupações excessivas sugerem uma ansiedade generalizada que permeia diversos
aspectos de sua vida. Os relacionamentos familiares de Maria são uma fonte de
preocupação adicional. Ela percebe uma pressão constante de sua família,
especialmente de suas irmãs e sua mãe. Essas relações parecem reforçar seus
sentimentos de culpla e alimentar ainda mais sua ansiedade e preocupações com a
autoimagem.

3) Quais instrumentos de avaliação você usaria, em um primeiro momento, para


o caso apresentado? Justifique a utilização de cada um deles.
● Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM-5 - Versão
Clínica (SCID-5-CV): Este instrumento é particularmente adequado para o
caso de Maria devido à sua abordagem estruturada e rigorosa, que segue os
critérios do DSM-5, permitindo a identificação precisa de transtornos
alimentares e de ansiedade, condições potencialmente presentes no seu caso.
Além disso, esse modelo de entrevista é eficaz na identificação de
comorbidades, que é crucial dada a possível coexistência de múltiplas
condições psiquiátricas em Maria. Os resultados obtidos através desta
ferramenta são fundamentais na orientação de intervenções futuras e no
desenvolvimento de um plano de tratamento eficaz, abordando todas as
condições diagnosticadas em seu contexto.
● Questionário de Avaliação de Transtornos Alimentares (EDE-Q): Para
investigar a frequência e natureza dos comportamentos alimentares
desordenados. Sua aplicação permitirá entender melhor a frequência com que
Maria experimenta episódios de compulsão alimentar, suas atitudes em relação
à comida e ao seu corpo, e qualquer comportamento de restrição ou purgação.
● Escala de Investigação Bulímica de Edimburgo (BITE): é altamente
recomendada, considerando os indícios de comportamentos associados à
bulimia, como a compulsão alimentar seguida por comportamentos
compensatórios.
● Inventário de Ansiedade de Beck (BAI): Para medir a severidade dos
sintomas de ansiedade.

4) Vimos que o desenvolvimento de Transtornos Alimentares está associado à


presença de fatores de vulnerabilidade. Que fatores de vulnerabilidade é
possível encontrar no caso de Maria?

Maria mora com a mãe e suas duas irmãs mais velhas. Descreve ter um
relacionamento difícil em casa. A jovem se sente muito julgada por suas irmãs mais
velhas: as Duas sempre a tratam com autoritarismo “Elas so sabem me criticar nada
do que eu faço é suficiente”.

Sua mãe não é tão difícil de lidar quanto suas irmãs, mas Maria descreve que se sente
pressionada mesmo que sua mãe não fale nada. Um ambiente familiar não adaptativo
no transtorno alimentar é aquele que contribui para o desenvolvimento ou manutenção
do transtorno. Ela recebe criticas constantes das irmãs. A mãe se mostrar neutra
nessa família. A literatura aponta que estilos parentais permissivos, caracterizados por
um baixo grau de controle e alta flexibilidade, podem levar o jovem a sentir-se
desamparado e sem limites, o que também pode aumentar a probabilidade de
desenvolver comportamentos de controle do peso. Grande presença de critica
pensamento dicotômico tudo ou nada. São fatores que vulnerabiliza e força Maria em
seu comportamento mantendo seu foco na imagem corporal distorcida.

É importante mencionar também que Maria exibe uma forte necessidade de controle e
tendências perfeccionistas, manifestadas na sua gestão rígida do tempo e na
minuciosa organização de suas atividades diárias, o que pode ser uma resposta ao
desejo de atender a essas expectativas externas.
5) Que perguntas você gostaria de acrescentar à entrevista com Maria para
confirmar/refutar sua(s) hipótese(s) diagnóstica(s)?

● Você já induziu vomito depois de comer uma grande quantidade de alimentos,


fez uso de laxante, diurético para perder peso.
● Como você tem se sentido ultimamente?

● Você já se sentiu deprimido, ansioso ou com raiva?

● Você sente ansiosa ou desconfortável antes de comer?

● Você tem alguma historia familiar de doenças ou condições semelhantes?

● Você tem algum histórico de trauma ou de abuso?

● Como você se sente em dias que não consegue seguir sua rotina planejada? O
que você faz?
● Há alguma relação entre seus níveis de ansiedade e os momentos em que
você perde o controle com a comida?
● Você já evitou situações sociais ou acadêmicas por se sentir ansiosa ou
insegura?
● Você já ingeriu alimentação em excesso como resposta a um estresse?

● Você se sente ansiosa ou preocupada com questões que não estão


relacionadas à comida ou ao seu corpo?
● Com que frequência você compensa os episódios de comer em excesso com
outros comportamentos?

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