Módulo 2 - Aula 4 - Fundamentos de Biblioteconomia
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Módulo 2 - Aula 04
Prof. Thalita Gama
FUNDAMENTOS DE BIBLIOTECONOMIA
A palavra biblioteconomia é composta por três surgiram a CDU, o IIB (Insituto Internacional de
elementos gregos biblíon (livro) + théke (caixa) + Bibliografia), a FID (Federação Internacional de
nomos (regra) aos quais juntou-se o sufixo ia. Documentação); e o programa de Controle
Etimologicamente, portanto, biblioteconomia é o Bibliográfico Universal.
conjunto de regras de acordo com as quais os livros
Segundo período: (1919 a II Guerra - 1939-1945): O
são organizados em espaços apropriados: estantes,
IIB é reestruturado e se constitui numa Federação
salas, edifícios.
de Organizações de Documentação. Otlet e
Área do conhecimento que se ocupa com a Goldschimidt apresentam uma biblioteca portátil
organização e a administração das bibliotecas e composta de microfichas, equivalente a cerca de
outras unidades de informação, além da seleção, 500 metros de estantes cheias de livros. Otlet
aquisição, organização e disseminação de publica o seu Tratado de Documentação (1934).
publicações sob diferentes suportes físicos
Terceiro período: (Do pós-guerra à Conferência
(TARGINO, 2006).
Internacional sobre Informação Científica, 1958): É
A evolução da biblioteconomia tem se caracterizado o período da explosão da informação. Destaca-se
por duas orientações principais: passando da Vannevar Bush e seu conhecido texto As we may
erudição para o serviço ao público (RUSSO, 2010, p. think, de 1945.
37).
Quarto período: (1960 à década de 80): Ocorrem as
Para Le Coadic (2004) o que caracteriza as quatro conferências do Georgia Tech (1961 e 1962).
disciplinas que foram atuantes, até o presente, no Destaca-se Robert Taylor e seus estudos sobre CI,
campo da informação - a biblioteconomia, a que teria como escopo, para ele, “o estudo das
museologia, a documentação e o jornalismo - é que propriedades, estrutura e transmissão do
todas atribuíram um interesse particularmente conhecimento especializado e o desenvolvimento
grande aos suportes da informação e não à de métodos para sua organização e disseminação
informação. Para o autor, a biblioteconomia não é úteis.”
nem uma ciência, nem uma técnica rigorosa, mas
Quinto período: (Da década 90 aos dias atuais):
uma prática de organização: a arte de organizar
Destacam-se Wersig e Saracevic. Ciência da
bibliotecas.
Informação como ciência interdisciplinar. Saracevic
Períodos históricos segundo Robredo (2003) afirma que há diferença substancial entre CI e
Biblioteconomia.
Pioneiros: vai até o período da Primeira Grade
Guerra (1914-1918). Teve como expoentes Paul
Otlet, Henri La Fontaine, dois advogados belgas. Foi
o período chamado por Lópes Yepes (1989)
“Movimento da Documentação”. Nesse período
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Estes são alguns dos grandes marcos da 1821 e 1887: criação dos primeiros cursos da área
biblioteconomia antes mesmo que ela se da École Nationale de Charles, na França, e o da
constituísse em uma área do conhecimento, fato Columbia University, nos Estados Unidos.
que ocorreu a partir da criação dos primeiros cursos
1876: criação da ALA por Melvil Dewey.
da área, como o da Columbia University, em 1887,
Publicação do primeiro periódico científico
nos Estados Unidos. Este último curso foi criado por
especializado – Library Journal, e do primeiro
Melvin Dewey, que se tornou um dos personagens
código de classificação, a Classificação Decimal de
mais importantes da nossa área por suas inúmeras
Dewey (CDD).
contribuições como a criação em 1876, da ALA, a
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1931: Publicado "The Five Laws of Library Science" Esse curso começou a funcionar somente em 1915,
(1931), no qual se abordam questões na própria Biblioteca Nacional, onde continuou
importantíssimas da biblioteconomia moderna. As durante anos até se transformar em 1979, no atual
leis de Ranganathan são cinco leis fundamentais curso da Universidade Federal do Estado do Rio de
instituídas para a biblioteconomia pelo pensador Janeiro (Unirio).
indiano Shiyali Ranganathan.
Até o início da década de 1930, a biblioteconomia
ORIGENS E EVOLUÇÃO DA BIBLIOTECONOMIA NO brasileira sofre a influência do modelo humanista
BRASIL da École Nationale des Chartes, contando com
profissionais escritores, historiadores, literatos,
O marco fundador da biblioteconomia no Brasil é a
pessoas cultas em geral. Fundamentado no Curso
criação da Biblioteca Nacional. Tem origem na
elementar de biblioteconomia, ministrado no
Biblioteca Real d’Ajuda, que foi trazida pela Corte
Colégio Mackenzie, em 1936, é criada, por Rubens
Real de Portugal, ao se refugiar na sua colônia mais
Borba de Moraes, a primeira escola de
próspera, em 1808. Sua fundação, oficial, só ocorre
Biblioteconomia, que funcionou inicialmente junto
em 1810, e sua administração fica a cargo de
ao Departamento de Cultura de São Paulo, sendo
religiosos, e só em 1846 é nomeado um Doutor em
depois incorporada à Escola de Sociologia e Política
medicina, o primeiro não religioso para dirigi-la. Em
da mesma cidade, seguindo orientação
São Paulo, até o séc. XVIII, podiam ser consideradas
estritamente americana, influenciada pelo primeiro
como bibliotecas apenas a do convento das
curso dos Estados Unidos – da Columbia University
Carmelitas e a do bispo D. Francisco Manoel da
– mais voltada para as técnicas biblioteconômicas.
Ressurreição. Somente em 1825, é criada a primeira
biblioteca Pública Oficial de São Paulo. A década de 40 se constitui em um cenário de
desenvolvimento das modernas técnicas
Enquanto no Rio de Janeiro a constituição do
biblioteconômicas, no Brasil. Contribuiram para
campo da biblioteconomia esteve atrelada à
esse fato: a) a atuação do Departamento
trajetória da Biblioteca Nacional, em São Paulo, ela
Administrativo do Serviço Público (Dasp), com a
sofre influência da biblioteca escolar do Colégio
abertura de concursos especializados, os quais
Mackenzie. Em ambos os estados a preocupação
criaram novos postos de trabalho na área; b) a
existente na época era com a necessidade de
reforma da Biblioteca Nacional, que ocorreu para a
resolver questões internas (pessoas não capacitadas
elevação do nível de conhecimento dos futuros
à frente dessas bibliotecas), muito mais do que
técnicos brasileiros nas universidades americanas e;
formar pessoal para atuar em qualquer tipo de
d)a criação de um serviço nacional de catalogação
biblioteca.
cooperativa: Serviço de Intercâmbio de Catalogação
O conselho federal de biblioteconomia considera (SIC), pelo Dasp, a exemplo do existente na
que a biblioteconomia, como área do Biblioteca do Congresso Americano.
conhecimento, só passou a existir no Brasil, a partir
Outro órgão relevante, criado em 1937, o Instituto
de 1911, quando Manuel Cícero Peregrino da Silva,
Nacional do Livro (INL), também contribui muito
diretor da Biblioteca Nacional, oficializou a criação
para a difusão das técnicas biblioteconômicas, por
do primeiro Curso de Biblioteconomia do Brasil,
meio da promoção de cursos regulares, alguns deles
primeiro também da América do Sul e 3° no mundo.
se tornam permanentes e são absorvidos por
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Especiais: são aquelas que se destinam a atender Instituto Internacional de Bibliografia (IIB), com o
a um tipo especial de leitor e, por isso, detêm um apoio do governo belga. Iniciativa pioneira dentre
acervo especial, como, por exemplo, as bibliotecas as associações internacionais no campo da
para deficientes visuais, presidiários e pacientes de informação, o IIB teve seu nome alterado para
hospitais. Instituto Internacional de Documentação (IID), em
1931, e para Federação Internacional de
Biblioteca ambulante ou Carro-biblioteca ou Documentação (FID), em 1938. Desde 1986, recebe
Bibliobus: são bibliotecas volantes, que objetivam a a denominação de Federação Internacional de
extensão dos serviços bibliotecários às áreas Informação e Documentação, mas mantém a sigla
suburbanas e rurais, quando estes são deficientes original (ORTEGA, 2004).
ou inexistentes. São serviços de extensão de
bibliotecas já existentes, como bibliotecas públicas Otlet e La Fontaine planejaram criar uma Biblioteca
ou universitárias. Universal, a qual não reuniria acervos, mas sim
referências de como encontrar produtos de
Popular ou comunitária: é um tipo de biblioteca interesse, utilizando para isso as técnicas
criada e mantida pela comunidade. Tem os mesmos fundamentais de Biblioteconomia. Para coordenar
objetivos da biblioteca pública, mas não se vincula tais atividades foi fundado em 12 de setembro de
ao poder público. É mantida por órgãos, como 1895 o Instituto Internacional de Bibliografia (IIB),
associações de moradores, sindicatos e grupos em Bruxelas, que passou a desenvolver ferramentas
estudantis. para registrar, de forma sistemática e padronizada,
DOCUMENTAÇÃO as referências dos documentos (RUSSO, 2010, p.
40).
As atividades dos documentalistas foram se
desenvolvendo simultaneamente ao surgimento Marcos históricos:
das bibliotecas públicas. Na virada do século, Otlet Criação do Mundaneum (1910) que chegou a
e La Fontaine sistematizaram a documentação, reunir 11 milhões de fichas catalográficas, em 1914,
cunhando este termo para significar, de forma mais constituindo-se em um verdadeiro repertório
ampla, aquilo antes denominado bibliografia. Mais mundial do conhecimento.
que isso, Otlet vem sendo considerado precursor e
fundador da documentação e da própria Ciência da Traité de Documentation (1934) que ressaltou,
Informação . entre outras coisas, a identificação dos novos
suportes da informação como portadores de
O projeto teve início no encontro entre Paul Otlet e
memória e, ainda, a importância da organização da
Henri La Fontaine, em 1892, e no reconhecimento
informação, visando à sua recuperação pela
de preocupações comuns quanto à organização
humanidade.
bibliográfica da produção científica, para o que
criaram o Escritório Internacional de Bibliografia,
em Bruxelas, na casa de Otlet. Logo perceberam
que, para organizar um índice universal, era
necessária uma cooperação internacional. Em 1895,
promoveram a I Conferência Internacional de
Bibliografia, na qual foi aprovada a criação do
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Estas leis podem ser resumidas da seguinte forma: Dica decore as palavras-chaves para saber a ordem:
3° lei: A cada livro o seu leitor - a Biblioteca deve A segunda lei “Para cada leitor o seu livro” está
conhecer bem os seus leitores, observando-os para relacionada as bibliografias que contribuem com a
preparar o acervo. Aponta-se para a seleção de divulgação dos documentos e permitem identificar
acordo com o perfil do utilizador. Em resumo: aqueles que atendam a necessidade de cada
Disseminação seletiva da informação usuário.
4° lei: Poupe o tempo do leitor - uma boa A terceira lei “Para cada livro o seu leitor” está
catalogação e arrumação dos documentos diminui o vinculado a sistema de livre acesso/ arranjo
tempo necessário para encontrar a informação alfabético.
desejada. Aponta-se para o livre acesso às estantes,
A quarta lei “Poupe o tempo de leitor” trata das
o serviço de referência e a simplificação dos
funções da biblioteca e também as obras de
referência. Orienta para a seleção de uma coleção
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