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DIOCESE DE SUMBE

SEMINÁRIO MAIOR DE FILOSOFIA SÃO CARLOS LWANGA


SUMBE
“ FILOSOFIA”

TRABALHO EM GRUPO DE
ECONOMIA
GRUPO I

TEMA: As Grandes Correntes do Pensamento Económico

AUTORES: Agostinho, Alegria,

Alves, Amaro, Angelino, Kaveto,

António Francisco, Lello.

O Docente

____________________________________

DOMINGOS VUNGI

SUMBE, 2023
INDICE

INTRODUÇÃO ______________________________________ 3

As Grandes Correntes do Pensamento Económico____4

A Fisiocracia___________________________________4

A Escola Clássica_______________________________6

Teoria Marginalista e o Marxismo_________________11

Conclusão_____________________________________18

Bibliografia____________________________________19
INTRODUÇÃO

Este trabalho aborda sobre As Grandes Correntes do Pensamento Económico,


uma abordagem histórica à volta daquilo que foi a actividade especulativa de vários
pensadores ao longo dos tempos sobre o que entendiam acerca da economia com base nas
circunstâncias de sua época. Estes autores foram vítimas de seu tempo e das suas
circunstâncias e mediante as quais foram desenvolvendo seus pensamentos, suas ideias,
convicções, que muitas das quais perduram até hoje inclusive algumas foram adoptadas
por governos, porém outras resultaram ultrapassadas, superadas e descontextualizadas na
medida que as sociedades foram evoluindo – como é o caso do Malthusianismo –.
As Grandes Correntes do Pensamento Económico

Neste temática a apreciação dos autores e a compreensão de suas ideias é crucial


para, conseguirmos acompanhar o fio condutor em que se vai desenrolar todo historial do
pensamento económico, passaremos pela fisiocracia, escola clássica, Adam Smith,
Thomas Robert, David Ricardo, a revolução marginalista e o marxismo, focando nos
aspectos mais marcantes destes pensadores e escolas.

A Fisiocracia

Na segunda metade do século XVIII, os fisiocratas, economistas franceses,


expõem de uma forma clara, ordenada e sistemática, uma concepção particular do
mercado, segundo a qual, este depende apenas dos movimentos económicos. Abordam o
problema do valor normal e as causas que impedem o valor corrente de coincidir com o
valor normal. Para Cantillon, a propriedade da terra é a principal forma de propriedade e
o fundamento da estrutura social.

As condições económicas e financeiras em França no princípio do século XXVIII


eram terrivelmente más. A dívida externa era muito elevada e a população tinha
diminuído. Os impostos aumentavam continuamente. A corte e os nobres mantinham uma
vida de esplendor e dissipação. A talha, imposto directo, recaía sobre as classes populares.
A população afluía às cidades. O contraste entre o luxo e a miséria acentuava-se. A
agricultura entrava em decadência, escasseando até o trigo para semente.

Esta teoria inspirou Diderot e certos aspectos da Revolução Francesa, teve como
discípulos muitos soberanos e influenciou o próprio Adam Smith.

Quesnay, principal autor fisiocrata, baseou a sua teoria na observação, no


inquérito objectivo, nos dados concretos. A Fisiocracia – ciência da ordem natural –
pretendia construir não só um sistema económico, mas uma sociologia geral. Teriam a
ideia, corrente no século XVIII, de que a ordem social criada pela vontade dos homens se
opunha a uma ordem natural, de que o estado de civilização se opunha a um estado de
natureza? Não. Consideravam, simplesmente, que as sociedades humanas eram regidas
por leis naturais como as que governam o mundo físico e a vida de qualquer organismo.
As leis da ordem natural têm um carácter providencial, supranatural, as mesmas para
todos os homens e todos os tempos. Para o legislador não importava “saber o que é ou o
que foi, mas o que deve ser”. “Os direitos do homem não se fundam na sua história, mas
na sua natureza.”

Cada indivíduo saberá, natural e livremente, encontrar o caminho que lhe é mais
vantajoso. É desnecessária qualquer coação social. “É da essência da ordem que o
interesse particular de um só não possa separar-se do interesse comum de todos, e é o que
sucede sob o regime da liberdade. É a doutrina do laisser faire. Ao governo cabia-lhe
suprimir os entraves criados à ordem natural, assegurar a propriedade e a liberdade,
descobrir as leis naturais e ensiná-las.

Os fisiocratas consideram que os resultados da livre concorrência não podem


deixar de ser benéficos; refutam a ideia de uma balança de comércio favorável porque
entendem que a acumulação da moeda num país faz subir naturalmente os preços;
afirmam que as tarifas alfandegárias protecionistas são muitas vezes prejudiciais ao país
que as estabelece. Só a agricultura é produtiva, por ter possibilidade de produzir uma
riqueza superior à que consome. Consideravam estéreis a indústria e o comércio. Ao
excedente obtido na operação produtiva deram os fisiocratas o nome de produto líquido.
Este é exclusivo da exploração agrícola. “A indústria aplica, camada sobre camada, vários
valores sobre um só, mas ela não criou nenhum valor que antes dela não existisse.” Só a
agricultura cria realmente riqueza, porque, nela, ao trabalho produtivo se junta a
fecundidade da terra. Deus é o único produtor.

Os fisiocratas definiam riqueza como a soma dos bens comerciáveis produzidos


anualmente. Quesnay distinguia três classes sociais: a classe produtiva, composta pelos
agricultores; a classe proprietária, que abrangia os proprietários e os que exerciam, a
qualquer título, a soberania; e a classe estéril, que englobava os que se dedicavam à
indústria, ao comércio, e às profissões liberais.

A classe agrícola conservava parte da riqueza que produzia para a sua manutenção
e para manter a sua actividade (adubos, sementes). Outra parte era transferida para a
classe proprietária. A classe agrícola tinha de comprar bens industriais ou de pagar
serviços à classe estéril. A classe estéril utilizava o dinheiro obtido pelas suas vendas na
subsistência e compras de matérias primas. As somas recebidas pela classe estéril eram
recuperadas pela agricultura. O circuito da vida económica que o Quadro Económico se
propunha representar era, portanto, fechado.

Os fisiocratas defendem a liberdade do trabalho e a liberdade de dispor dos


produtos do trabalho. Subestimam a actividade comercial, mas defendem a liberdade de
comércio e a livre concorrência, fiéis à ideia de que a liberdade gera o bom preço.
Quesnay recomenda a regulamentação da taxa de juro, cuja liberdade considera
prejudicial à agricultura. Sendo a terra a produzir riqueza, sobre esta deverá recair o
imposto. Politicamente, defendem o Despotismo ilustrado. Devem prevalecer os
interesses dos proprietários rurais, com os quais o soberano é solidário, dado que é co-
proprietário dos produtos líquidos da nação.

A Escola Clássica

A Escola Clássica refere-se a uma linha de pensamento econômico com base em


Adam Smith e David Ricardo. Foi com esta escola que a Economia adquiriu caráter
científico integral à medida que passou a centralizar a abordagem David Ricardo (1772-
1823)
Economista inglês, considerado um dos mais importantes pensadores da Escola
Clássica. Em oposição ao mercantilismo, formulou um sistema de livre comércio e
produção de bens que permitiria a cada país se especializar na fabricação dos produtos
nos quais tivesse vantagem comparativa, também chamado de sistema de custos
comparativos. No ano de 1817 publicou sua obra mais conhecida: Princípios de
Economia política e Tributação.

a) – Adam Smith

O pensamento económico da Escola Clássica domina a primeira metade do século


XIX em todos os países. Esta corrente é fundada por Adam Smith (1723-1790), com a
sua célebre obra: “A Riqueza das Nações”.

Nesta obra, Adam Smith não repele as ideias dos seus antecessores, refunde-as e
ultrapassa--as. De Quesnay e dos fisiocratas, reteve o que considerou vivo (o liberalismo,
as ideias relativas à distribuição, ao rendimento e ao comércio), desprezou o que
considerou errado (a preponderância da agricultura), e repensou o que carecia de nova
análise (a divisão do trabalho e a utilidade).

Adam Smith proclama que as virtudes inferiores (os desejos e os gostos), como
instintos naturais, conduzem a sociedade ao conforto e á prosperidade. Para ele, a conduta
humana é condicionada por seis determinantes: amor-próprio, simpatia, ânsia de
liberdade, instinto de propriedade, hábito de trabalho, propensão para a troca. Assim
condicionado, cada homem é o melhor juiz dos seus interesses e deve ter a liberdade de
os realizar segundo a sua livre vontade. A sociedade e as instituições frustram a realização
das inclinações naturais dos homens e prejudicam o seu equilíbrio natural, espontâneo. A
sua concepção de uma ordem natural leva-o a condenar a intervenção do estado.

Para os mercantilistas, a fonte originária da riqueza era o comércio. Para os


fisiocratas, a agricultura. Adam Smith defenderá uma ideia diferente: a verdadeira fonte
de riqueza é o trabalho. O trabalho de todas as classes da nação. Sem a assistência e a
cooperação de vários milhares de homens, o mais humilde habitante de um país civilizado
jamais poderia ser abastecido quantas pessoas intervêm para que possamos comprar um
pão no supermercado? Este trabalho comum, esta cooperação natural, é considerado por
ele como o facto económico e social fundamental, a divisão do trabalho. Adam Smith
considera que o imposto deveria recair sobre o trabalho, sobre todos, portanto, em função
das suas possibilidades (rendimentos auferidos). E atribui à diferente produtividade do
trabalho o facto de umas nações serem mais ricas que outras.

Deve-se a Adam Smith a distinção entre valor de uso e valor de troca. Designa
por valor de uso a utilidade que um qualquer objecto possui. O valor de troca depende
das variações da oferta e da procura do mercado. Aumenta com o aumento da procura e
diminui com o aumento da oferta. Este mecanismo equilibra-se espontaneamente.

Natural e justo eram expressões sinónimas para os pensadores da época. O


naturalismo optimista de Adam Smith leva-o a ser apologista de uma política de plena
liberdade económica, tal como os fisiocratas. “O esforço uniforme, constante e
ininterrupto de cada homem para melhorar a sua condição princípio de que
originariamente deriva tanto a opulência nacional e pública como a opulência privada –
é frequentemente bastante poderoso para manter o progresso natural das coisas para
melhor, mau grado as estravagâncias dos governos e os maiores erros de administração.”

Smith explica, a partir do interesse individual, como se efetua a produção e a


divisão do trabalho, e a definição de preços e o equilíbrio da oferta e procura. Destas
opiniões procede uma doutrina liberal, que se traduzirá no “laissez faire, laissez passer”.

No que respeita ao comércio internacional, Adam Smith foi também um adepto


da liberdade económica, ou seja, um adversário do protecionismo e da intervenção do
estado.

b) – David Ricardo
David Ricardo era um homem de negócios, com grande sentido abstracto como
demonstram as suas teorias, e com grande sentido prático, como demonstra a fortuna que
conseguiu.

A sua teoria do valor é considerada um desenvolvimento da de Adam Smith.


Distingue, como Smith, dois significados no termo “valor”. Mas não aceita que a utilidade
seja causa e medida do valor. Para Ricardo, é o trabalho que determina o valor. Para Adam
Smith, a origem exclusiva do valor era a quantidade de trabalho incorporada na
mercadoria. Ricardo compartilha desta visão, mas não aceita que essa relação seja
absoluta.

“A quantidade relativa de mercadorias que o trabalho pode produzir determina os


seus valores relativos, não as quantidades relativas de mercadorias dadas ao trabalhador
em troca do seu trabalho.” Deduz daqui que o operário, com o salário que recebe, não
pode adquirir o produto do seu trabalho.

Ricardo aborda o problema da renda considerando uma época em que os homens


ocuparam as terras mais férteis para cultivo. Tinham custos de produção iguais e vendiam
os seus produtos ao mesmo preço. Com o aumento da população, têm de ocupar novas
terras, menos férteis. Nestas terras, o custo de produção será mais elevado. Os preços que
vigorarão no mercado serão os correspondentes a estes custos (caso contrário, estas novas
terras seriam abandonadas – o que não é possível, dado o aumento da população). Então,
os donos das terras da primeira categoria auferirão um lucro suplementar, a “renda”.
Como Ricardo admite o princípio da raridade relativa da terra mais fértil, cada vez se
cultivarão terras menos férteis, e as rendas serão cada vez maiores. A sua concepção de
“renda” implica uma ideia pessimista, em oposição ao optimismo do “produto líquido”
dos fisiocratas. Segundo Ricardo, o desenvolvimento económico implicava a diminuição
da taxa de lucro, e, portanto, contribuía para atenuar a acumulação de capital. Ricardo
relaciona a acumulação de capital com a superprodução e com as crises. Ao estudar as
flutuações repentinas nos canais do comércio, Ricardo atribui-as a causas acidentais, não
a factores inerentes ao sistema. O sistema económico adapta-se às novas circunstâncias
e, naturalmente, o equilíbrio restabelece-se. O comércio livre elimina as antinomias e faz
do mundo uma sociedade única, harmoniosa e próspera.

“Permite o livre-câmbio tirar todo o partido possível dos favores da natureza:


consegue-se melhor distribuição e mais economia no trabalho. Ao mesmo tempo, espalha
por toda a parte o bem-estar, o acréscimo da massa geral dos produtos, a permuta liga
entre si as diferentes partes do mundo civilizado por meio de laços comuns de interesse,
por relações de amizade, e faz dele uma única e grande sociedade.”

c) – Thomas Malthus

Thomas Robert Malthus, estudioso pensador inglês do seu tempo, continua


fazendo
história ainda nos dias de hoje com a sua famosa tese sobre o crescimento da população.
Na
sociedade mundial contemporânea os seus seguidores ficaram conhecidos como
neomalthusianos. Foi com a obra Ensaio sobre o princípio da população, publicada
anonimamente em 1798, que Malthus tornou-se conhecido mundialmente.

Thomas Malthus (1776-1836) opôs às teorias da época uma concepção pessimista.


A sua teoria da população afirma que esta é necessariamente limitada pelos meios de
subsistência. No mundo social não há lugar para um acréscimo constante de população.
“Um homem que nasce num mundo já ocupado (...) não tem o direito de reclamar uma
parcela qualquer de mantimento.”

Malthus representa o aumento da população por uma progressão geométrica de


razão dois: 2 4 8 16 32 64 128 256. E o aumento dos meios de subsistência por uma
progressão aritmética (também de razão dois): 2 4 6 8 10 12 14 16. Como os intervalos
correspondem a 25 anos, é fatal o desencontro, de proporções assustadoras. Dos métodos
de limitar o crescimento, Malthus prefere o “constrangimento moral”. Pensava que os
pobres não se devem casar e criar família sem terem assegurados os meios de a manter;
caso contrário, deveriam optar pela castidade ou pelo celibato.

Teoria Marginalista e o Marxismo

Podemos dizer que o desenvolvimento deste pensamento foi evidenciado em


1870, ano que marcou a mundialização das relações econômicas, e estendeu-se até
1929, quando uma grande crise atingiu as economias dos países, colocando em
suspense os pressupostos dos clássicos.

É escola Marginalista, por buscar a integração da Teoria do Valor com a


Teoria do Custo de Produção. Uma maior otimização dos recursos devido à escassez
passou a ser objetivada.

Podemos destacar alguns autores como principais expoentes do


marginalismo os seguintes autores:

- Vilfredo Pareto: político, sociólogo e economista italiano, que formulou a famosa


teoria do bem-estar social, influenciado pelos princípios do equilíbrio geral. Sua
principal obra, Manual de Política Econômica, foi publicada em 1906. Pareto
influenciou a análise atual onde se discute o grau de satisfação dos indivíduos, ao
aperfeiçoar a teoria de Walras. De acordo com Brue, o estado ótimo de Pareto
implica em: uma distribuição ideal de bens entre os consumidores; uma alocação
ideal técnica de recursos e quantidades ideais de produção (BRUE, 2006, p. 394).

- Léon Walras: demonstrou em suas formulações a interdependência entre os preços,


quando na busca pelo equilíbrio geral macroeconômico da economia. Pertenceu a
Escola Matemática de Lausanne (PINHO; VASCONCELLOS, 2003, p. 36-37).
- Alfred Marshall: nascido em Bermondsey, um subúrbio de Londres, em 26 de julho
de 1842. Filho de William Marshall e Rebeca Oliver, cresceu no bairro londrino de
Clapham. Estudou em Cambridge, onde se dedicou à matemática, à física e,
posteriormente, à economia. Morreu em julho de 1924, aos 81 anos. Foi um dos mais
influentes economistas de seu tempo. Em seu livro, Princípios de Economia (Principles
of Economics) procurou reunir num todo coerente as teorias da oferta e da demanda,
da utilidade marginal e dos custos de produção, tornando-se o manual de economia
mais adotado na Inglaterra por um longo período.

Já o marxismo, é o conjunto de concepções elaboradas por Karl Marx (1818-


1883) e Friedritch Engels (1820-1895), que baseadas na economia política inglesa do
século XIX, na filosofia idealista alemã, e na tradição do pensamento socialista inglês
e francês, influenciaram profundamente a filosofia das ciências humanas da
modernidade além de servir de doutrina ideológica para os países socialistas.

Tendo como principal artífice Karl Marx e Engels.

Karl Marx, o fundador do socialismo científico, nasceu em Trier, na Renânia, em


1818. O revolucionário Karl Marx (1818-1883) pertencia a uma família burguesa de
origem judaica.

Formado em Direito, conclui que necessita de um sistema filosófico e


interessasse por Hegel. Sob a influência de Gans, professor de Direito Penal na
Faculdade de Direito de Berlim, que Marx frequentava, começam a surgir, entre os
jovens hegelianos, tendências esquerdistas. A renovação do hegelianismo iniciara-se,
em 1835, com a publicação da “Vida de Jesus”, de David Strauss grande sucesso entre a
juventude alemã. Marx tinha 19 anos quando assimilou a filosofia de Hegel e
estabeleceu relações com a esquerda hegeliana.
No ano de 1841, a publicação de “A Essência do Cristianismo”, de Feuerbach,
marca uma nova fase na evolução intelectual de Karl Marx. Ao conhecimento da
filosofia materialista junta-se a actividade jornalística na Gazeta Renana. Em 1843 a
Gazeta Renana é proibida, Marx casa-se, e parte para Paris. Em Paris relaciona-se, entre
outros, com Proudhon e Engels. Friedrich Engels era hegeliano de esquerda e socialista,
tendo uma preparação teórica muito diferente da de Marx – estudara economia política,
conhecia a doutrina socialista de Owen e possuía já uma visão esquemática da
interpretação materialista da história. O marxismo é, efectivamente, obra comum de
Marx e Engels.

Em 1843, no seu livro “Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”,


Marx confronta Feuerbach com Hegel e sublinha a contradição inerente ao Estado
hegeliano e os nexos entre o idealismo de Hegel e as suas opiniões reaccionárias. Em
1846 inicia uma crítica ao trabalho de Proudhon “Filosofia da Miséria”, e rompe
relações com o socialismo francês.

Marx e Engels prosseguem, simultâneamente com a actividade teórica, uma


intensa actividade política. Expõem, em 1848, a sua doutrina no “Manifesto
Comunista”. Este torna-se famoso e Marx é expulso da Bélgica, refugiando-se em Paris.
Segue com Engels para a Alemanha, para participar nos acontecimentos revolucionários
de 1848. Em 1849 vê-se outra vez no exílio, passando a viver em França e na Inglaterra,
onde funda a Associação Internacional dos Trabalhadores.

É na Inglaterra que se lança no estudo da economia política. As doutrinas da


Escola clássica, o desenvolvimento industrial do país e as crises cíclicas, proporcionam
a Marx um vasto campo de estudo. Em 1859 publica a “Crítica da Economia Política”,
que é uma profunda introdução a “O Capital”, a sua obra decisiva, cujo volume I
aparece em 1867. A fusão do movimento operário alemão dá-lhe uma oportunidade para
criticar vigorosamente o socialismo reformista.
Os restantes volumes de “O Capital” só foram publicados após a morte de Marx,
em 1883. Foi Engels quem os publicou, em 1885 e 1889. Em 1904, Kautsky publicou
“Teorias da Mais-Valia” a partir das notas de Marx para o volume IV de “O Capital”.

“As minhas investigações conduziram à conclusão de que as relações jurídicas –


assim como as formas de Estado – não podiam ser compreendidas nem em si, nem pela
chamada evolução geral do espírito humano, mas que, inversamente, tinham as suas
raízes nas condições materiais da existência na produção social da sua existência, os
homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade,
relações de produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das
suas forças produtivas materiais. O conjunto destas relações constitui a estrutura
jurídica e política, à qual correspondem formas de consciência social determinadas. O
modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e
intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é,
inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência. Num certo estádio de
desenvolvimento as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição
com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica,
com as relações de propriedade no meio das quais até então tinham evoluído. De formas
de desenvolvimento das forças produtivas que eram, estas relações tornam-se obstáculos
ao seu desenvolvimento. Então inicia-se uma época de revolução social. A mudança na
base económica transforma, mais ou menos, toda a superestrutura.”

Munido do seu método dialéctico, e de um conhecimento profundo da economia


política inglesa, Marx analisa a estrutura económica da sociedade capitalista.

“O que caracteriza a economia política burguesa” é o facto de “ver na ordem


capitalista não uma fase transitória do progresso histórico, mas a forma absoluta e
definitiva da produção social.” Marx verifica que a vida económica na época capitalista
consiste num “sistema de trocas”. E ao contrário dos clássicos, conclui que esse sistema
não é um sistema de trocas equivalentes. Se assim fosse, não se dariam, regularmente,
crises de superprodução. É da periodicidade das crises que Marx deduz que não existe
uma tendência natural para a harmonia e o equilíbrio económico, mas uma tendência
permanente para o desequilíbrio.

A teoria da troca de equivalentes não explica também, para Marx, a origem do


lucro. O problema das crises e a investigação do verdadeiro carácter do lucro conduzem
Marx ao estudo do valor.

Marx atribui ao trabalho a origem do valor. O valor de uma mercadoria é


objectivamente determinado pela quantidade de trabalho social médio que essa
mercadoria representa: “O tempo socialmente necessário à produção das mercadorias é
o que exige qualquer trabalho, executado com o grau médio de habilidade e de
intensidade e em condições [...] normais.”

A aparência económica dá-nos a ilusão de que o dinheiro se troca por dinheiro,


ou por coisas que vale dinheiro. Na realidade, a troca estabelece a passagem de umas
mãos para outras de trabalho humano incorporado nos produtos da actividade humana, e
isso segundo certas relações históricas e sociais que constituem a estrutura de cada
sociedade diferenciada (comunidade tribal, sociedade senhorial, sociedade capitalista,
etc.) A simples troca de mercadorias constitui uma operação complexa, iguala o que é
desigual, realiza um movimento dialéctico. Quando a maquinaria se torna fundamental
para a produção, o que acontece na época do capitalismo industrial, o verdadeiro
capitalismo, a troca complica-se.

O desgaste da maquinaria entra no valor do produto, assim como o valor dos


salários e o lucro. Ao capital investido na maquinaria, nas instalações e nas matérias-
primas, Marx dá o nome de capital constante, enquanto que ao capital gasto em salários
e do qual provém o lucro, chama capital variável. A proporção entre os capitais é
designada por composição orgânica do capital, variando de acordo com o ramo de
produção. Duas mercadorias que resultem do mesmo tempo de trabalho social não são
trocadas com o mesmo valor senão quando a composição orgânica do capital dos dois
ramos de produção for igual.

O assalariado não vende ao capitalista “o seu trabalho”, mas a sua força de


trabalho, o seu tempo de trabalho. O salário representa a quantidade de trabalho
necessário à sociedade para ela alimentar, vestir, alojar, etc. o trabalhador individual.
Que é inferior ao tempo de trabalho social médio que representa o seu tempo de
trabalho individual. Se não o fosse, o trabalho de cada indivíduo não seria produtivo;
seria o trabalho suficiente para assegurar a sua manutenção.

O salário revela, e dissimula, uma operação complexa: a troca da força de


trabalho, paga pelo seu valor, pelo valor criado pela força de trabalho. O capitalista
guarda a diferença entre o salário e o valor do produto. O lucro deixa então de ser um
mistério social, é a mais-valia adquirida pelo capital no decurso do processo de
produção.

O capitalismo surge como uma troca de não equivalentes. Por isso, em vez de
harmonia e equilíbrio, manifestam-se no seu seio forças de desequilíbrio e rotura. A
massa dos produtores não pode consumir o que produz. Para Marx, a contradição
principal não é a que existe entre produção e consumo, mas entre o carácter socialmente
produtivo do trabalho e a apropriação privada dos produtos do trabalho.

As crises periódicas revelam o conflito interno entre as forças de equilíbrio e as


forças de rotura. O ciclo apresenta tendência para a sobreprodução que, ao atingir a fase
aguda, se manifesta pela crise, pela queda das vendas, pelo desemprego, pela destruição
de stocks, de parte da maquinaria, etc. Fazendo diminuir a produção, a crise equilibra-a
com o nível imposto pelas possibilidades de consumo. Vem então o equilíbrio, a
animação económica, que dura algum tempo, até nova crise. O equilíbrio interno do
capitalismo obtém-se por intermédio das crises, que resolvem a contradição entre as
forças de equilíbrio e as forças de rotura.

Conclusão

Contudo, podemos notar que todas estas teorias surgiram tendo como pano de
fundo a necessidade do homem de organizar a sua casa maior que é a sociedade, alcançar
o bem-estar comum e prosperar. Mas, nem sempre algumas dessas teorias chegaram perto
destes objectivos, outras pareciam boas no papel, mas colocando em prática causaram
consequências catastróficas, até muitas chegaram por ceifar vidas. Entretanto o homem
ainda sente que não alcançou esse desiderato, pois que, na sociedade atual os mesmos
problemas socioeconómicos perduram, a exploração dos mais fracos pelos mais fortes,
os ricos vão ficando cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, a desigualdade
social baseada na economia…; esses problemas ainda assolam a mente humana, e
enquanto existirem ainda existirá a economia como a ferramenta para atenuar os mesmos,
e com o nosso trabalho constatamos que ele não é a solução desses problemas mas é já
um caminho meio andado.

Bibliografia

- A. MARSHALL, Princípios De Economia, Tratado Introdutório, trad.


port. de Ottolmy Strauch, Editora Nova Cultura, 1996, Volumes: 2,3,4.

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