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Metodologia Científica

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Metodologia Científica

No caso clínico do seminário interdisciplinar foi evidenciado pela Dra.


Alana que surgiram alguns casos de arboviroses em seu consultório e
em suas rotinas de plantões na UPA. Arboviroses são as doenças
causadas pelos chamados arbovírus, que incluem o vírus da dengue,
Zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. A classificação
"arbovírus" engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes, ou
seja, insetos e aracnídeos (como aranhas e carrapatos).

A partir disso, foi realizado um levantamento epidemiológico para


identificar a prevalência dos diferentes casos de arboviroses na
população atendida. Sabe-se que o estudo epidemiológico é muito
importante para que sejam identificadas as causas ou a etiologia das
doenças e seus fatores de risco. Para desenvolver estudos
epidemiológicos deve-se iniciar por um problema de pesquisa
relacionado a uma doença ou agravo em uma dada população e as
possíveis formas de controlá-la.

Tipos de estudos epidemiológicos

Os estudos epidemiológicos podem ser classificados em observacionais


e experimentais. Os estudos experimentais fogem ao escopo deste
trabalho e não serão comentados. De uma maneira geral, os estudos
epidemiológicos observacionais podem ser classificados em descritivos
e analíticos.

Estudos descritivos

Os estudos descritivos têm por objetivo determinar a distribuição de


doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar
e/ou as características dos indivíduos. Ou seja, responder à pergunta:
quando, onde e quem adoece? A epidemiologia descritiva pode fazer
uso de dados secundários (dados pré-existentes de mortalidade e
hospitalizações, por exemplo) e primários (dados coletados para o
desenvolvimento do estudo).

Estudos analíticos

Estudos analíticos são aqueles delineados para examinar a existência


de associação entre uma exposição e uma doença ou condição
relacionada à saúde. Os principais delineamentos de estudos analíticos
são: a) ecológico; b) seccional (transversal); c) caso-controle (caso-
referência); e d) coorte (prospectivo). Nos estudos ecológicos, tanto a
exposição quanto a ocorrência da doença são determinadas para
grupos de indivíduos. Nos demais delineamentos, tanto a exposição
quanto a ocorrência da doença ou evento de interesse são
determinados para o indivíduo, permitindo inferências de associações
nesse nível.

Estudos ecológicos

Nos estudos ecológicos, compara-se a ocorrência da doença/condição


relacionada à saúde e a exposição de interesse entre agregados de
indivíduos (populações de países, regiões ou municípios, por exemplo)
para verificar a possível existência de associação entre elas. Em um
estudo ecológico típico, medidas de agregados da exposição e da
doença são comparadas.

Nesse tipo de estudo, não existem informações sobre a doença e


exposição do indivíduo, mas do grupo populacional como um todo.
Uma das suas vantagens é a possibilidade de examinar associações
entre exposição e doença/condição relacionada na coletividade. Isso é
particularmente importante quando se considera que a expressão
coletiva de um fenômeno pode diferir da soma das partes do mesmo
fenômeno. Por outro lado, embora uma associação ecológica possa
refletir, corretamente, uma associação causal entre a exposição e a
doença/condição relacionada à saúde, a possibilidade do viés ecológico
é sempre lembrada como uma limitação para o uso de correlações
ecológicas. O viés ecológico – ou falácia ecológica – é possível porque
uma associação observada entre agregados não significa,
obrigatoriamente, que a mesma associação ocorra em nível de
indivíduos.

Estudos seccionais

Nos estudos seccionais, a exposição e a condição de saúde do


participante são determinadas simultaneamente. Em geral, esse tipo de
investigação começa com um estudo para determinar a prevalência de
uma doença ou condição relacionada à saúde de uma população
especificada (por exemplo, habitantes idosos de uma cidade). As
características dos indivíduos classificados como doentes são
comparadas às daqueles classificados como não doentes.

Estudos caso-controle

Os estudos caso-controle e os estudos de coorte podem ser utilizados


para investigar a etiologia de doenças ou de condições relacionadas à
saúde entre idosos, determinantes da longevidade; e para avaliar ações
e serviços de saúde. Os estudos de coorte também podem ser utilizados
para investigar a história natural das doenças.

Nos estudos caso-controle, primeiramente, identificam-se indivíduos


com a doença (casos) e, para efeito de comparação, indivíduos sem a
doença (controles). Depois, determina-se (mediante entrevista ou
consulta a prontuários, por exemplo) qual é a Odds da exposição entre
casos (a/c) e controles (b/d). Se existir associação entre a exposição e
a doença, espera-se que a Odds da exposição entre casos seja maior
que a observada entre controles, além da variação esperada devida ao
acaso.
Estudos de coorte

Nos estudos de coorte, primeiramente, identifica-se a população de


estudo e os participantes são classificados em expostos e não expostos
a um determinado fator de interesse.

Depois, os indivíduos dos dois grupos são acompanhados para verificar


a incidência da doença/condição relacionada à saúde entre expostos
(a/a + d) e não expostos (c/c + d). Se a exposição estiver associada à
doença, espera-se que a incidência entre expostos seja maior do que
entre não expostos, além da variação esperada devida ao acaso. Nesse
tipo de estudo, a mensuração da exposição antecede o
desenvolvimento da doença, não sendo sujeita ao viés de memória
como nos estudos caso-controle. Além disso, os que desenvolveram a
doença e os que não desenvolveram não são selecionados, mas sim
identificados dentro das coortes de expostos e não expostos, não
existindo o viés de seleção de casos e controles. Os estudos de coorte
permitem determinar a incidência da doença entre expostos e não
expostos e conhecer a sua história natural.

A principal limitação para o desenvolvimento de um estudo de coorte,


além do seu custo financeiro, é a perda de participantes ao longo do
seguimento por conta de recusas para continuar participando do
estudo, mudanças de endereços ou emigração. Os custos e as
dificuldades de execução podem comprometer o desenvolvimento de
estudos de coorte, sobretudo quando é necessário um grande número
de participantes ou longos tempos de seguimento para acumular um
número de doentes ou de eventos que permita estabelecer associações
entre exposição e doença.

Referências
LIMA-COSTA, Maria Fernanda; BARRETO, Sandhi Maria. Tipos de estudos
epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento.
Epidemiologia e serviços de saúde, v. 12, n. 4, p. 189-201, 2003.

ALMEIDA-FILHO, Naomar De; BARRETO, Mauricio Lima. Desenhos de Pesquisa


em Epidemiologia. In: _ (Org.). . Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos,
aplicaçoes. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. p. 165–174.

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