TCC - Corrigido 05.10.2022
TCC - Corrigido 05.10.2022
TCC - Corrigido 05.10.2022
CAMPUS DE PALMAS
CURSO DE DIREITO
Palmas/TO
2022
MARIA DO SOCORRO PEREIRA DOS SANTOS
Palmas/TO
2022
https://sistemas.uft.edu.br/ficha/
FOLHA DE APROVAÇÃO
Banca Examinadora
___________________________________________________
Prof. Dr. (Nome do professor), sigla da Instituição onde atua
___________________________________________________
Prof. Dr. (Nome do professor), sigla da Instituição onde atua
_________________________________________________
Prof. Dr. (Nome do professor), sigla da Instituição onde atua
Local, 2022
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as quais devem ser escritas em itálico,
alinhadas à direita e posicionadas na base da
página. Exclua esta página se não for incluir
nenhuma dedicatória.
AGRADECIMENTOS
Página opcional para agradecimentos. Exclua esta página se não incluir nenhum
agradecimento.
RESUMO
Introduced to the Brazilian legal system on December 24, 2019, Law 13,964,
better known as the Anti-Crime Package, emerged with the scope of improving criminal
legislation and criminal procedure, where, among several changes, it brought the
prohibition of the request for preventive detention of office, making it mandatory that
this measure is duly substantiated, in addition to presenting other requirements. In this
vein, the present work aims to address the implications of this fence and the possible
impacts. As for the methods used to carry out this research, it was carried out through
bibliographic research, with the investigation of works and books by different authors,
in addition to having analyzed scientific articles on the subject. In the research for the
work in question, books, and scientific articles available on the internet were used, as
well as works presented at legal events, to establish a relationship between the texts
studied, in order to enable a critical analysis of school subjects. Since such a measure is
adopted precisely to prevent the accused from running away, or that he will somehow
harm the progress of the process. Thus, demonstrating its unconstitutionality, since this
norm was previous, it has been noticed that despite the criminal procedural system here
in Brazil allowing the Judge to act ex officio, however, it was always possible to
perceive that this action was carried out impartially, therefore, without contaminate due
process of law.
A prisão é menos recente do que diz quando se faz datar seu nascimento dos
novos códigos. A forma-prisão preexiste à sua utilização sistemática nas leis
penais. Ela se constituiu fora do aparelho judiciário, quando se elaboravam,
por todo corpo social, os processos para repartir os indivíduos, fixá-los e
distribuí-los espacialmente, classificá-los, tirar deles o máximo de tempo e o
máximo de forças, treinar seus corpos, codificar seu comportamento
contínuo, mantê-los numa visibilidade sem lacuna, formar em torno deles um
aparelho completo de observação, registro e notações, constituir sobre eles
um saber que se acumula e se centraliza.
Por prisão preventiva, está pode ser entendida como sendo uma segregação do
acusado da sociedade por tempo determinado a fim de que ele não venha comprometer
o bom andamento da investigação policial ou até mesmo para preservar a vida deste,
dependendo do crime o qual estar sendo acusado, pois, em alguns casos a população
movida pelo espirito de vingança acaba fazendo justiça com as próprias mãos sem dar a
oportunidade do acusado se defender, seja, para contribuir no processo ou até para
demonstrar sua inocência perante os fatos (CARVALHO, 2020). nº de página
Ela estar prevista no art. 312 do CPP, e poderá, como já mencionado ser
decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da
existência do crime e indício suficiente de autoria. Como se observar o legislador optou
por especificar quatro requisitos, a saber: garantia da ordem pública, garantia da ordem
econômica, conveniência da instrução criminal, garantia da aplicação da lei penal
(BRASIL, 1941).
Em relação a garantia da ordem pública, de acordo com Morais (2016) nº de
página está almeja evitar a reiteração de delitos e quando põe em risco a sociedade.
Nesse caso, sendo possível constatar uma situação de comprovada intranquilidade
coletiva no seio da comunidade. Uma vez que, como indica Mirabete (2002) nº de
página, procura-se evitar que com a medida o delinquente pratique novos crimes contra
a vítima ou qualquer outra pessoa, quer porque seja acentuadamente propenso à prática
delituosa, quer porque, em liberdade, encontrará os mesmos estímulos relacionados com
a infração cometida.
A ordem pública, por sua vez, deve-se entender a paz e a tranquilidade social,
que deve existir no seio da comunidade, com todas as pessoas vivendo em perfeita
harmonia, sem que haja qualquer comportamento divorciado do modus vivendi em
sociedade. Assim, se o indiciado ou acusado em liberdade continuar a praticar ilícitos
penais haverá perturbação da ordem pública, e a medida extrema é necessária se
estiverem presentes os demais requisitos legais (RANGEL, 2016, p. 590).
Sobre a garantia da ordem econômica, trata-se do fim de coibir crimes contra a
ordem tributária, o sistema financeiro e a ordem econômica. Inclusive, que são os
crimes do “colarinho branco” que podem gerar grandes prejuízos para os acionistas da
bolsa de valores, as instituições financeiras e até mesmo aos órgãos do governo. Está,
tem por finalidade ao que tudo indica, repousa na satisfação que se pretende dar, com
forte dose de demagogia, à grande maioria da população carente, sempre ávida de
querer fazer cair quem quer que seja em nível superior (GONÇALVES, JUNIOR e
REIS, 2018; TOURINHO FILHO, 2013, p. 16).
Se a providência tem como objetivo perseguir a ganância, o lucro fácil, a
safadeza de industriais e comerciantes desonestos, que estabeleçam sanções em relação
a pessoa jurídica: fechamento por determinado prazo, aumento desse prazo nas
recidivas, impossibilidade de, durante certo tempo, fazer empréstimos em quaisquer
estabelecimentos de crédito etc. Essa a medida certa. Para o ganancioso, para o
industrial, ou comerciante que só tem em vista o lucro, para esses Shylocks da vida,
meter-lhe a mão no bolso é pior que prisão.
Por conveniência da instrução criminal, está, almeja a proteção da livre produção
das provas. Nesse caso deve estar vinculada ao processo propriamente dito; assim, não
havendo mais necessidade da prisão, uma vez que a testemunha que precisava ser
ouvida e estava sendo ameaçada, por exemplo, já foi ouvida, não há mais sentido na
manutenção da prisão e o réu precisa ser colocado em liberdade. Geralmente, é
decretada quando o autor do crime ameaça testemunhas ou induz outras a deporem em
seu favor; ou quando o réu está forjando ou destruindo provas que poderiam lhe
prejudicar. Estaria ele interferindo no perfeito andamento da instrução criminal
(MORAIS, 2016; GEMAQUE, 2011). nº de página
E, quanto a garantia da aplicação da lei penal, em casos de iminente fuga do
agente, almeja-se evitar a fuga. Morais (2016) nº de página, relata que o risco de fuga
não pode ser presumido, deve estar fundado em circunstâncias concretas, não bastando
como fundamentação a gravidade do crime. Portanto, como alude Andrade (2017) nº de
página, diz, está busca evitar a fuga do réu antes do término do processo, o legislador
inseriu como um dos pressupostos cautelares, a garantia de aplicação da lei penal.
Ao que tange a revogação, sabe-se que a prisão preventiva é movida pela
cláusula rebus sic stantibus, Távora esclarece que assim, se a situação das coisas se
alterar, revelando que a medida não é mais necessária, a revogação é obrigatória. Deve
o magistrado revogar a medida, de ofício, ou por provocação, sem a necessidade de
oitiva prévia do Ministério Público. O promotor será apenas intimado da decisão
judicial, para se desejar, apresentar o recurso cabível à espécie. Todavia, uma vez
presentes novamente os permissivos legais, nada obsta a que o juiz a decrete
novamente, quantas vezes se fizerem necessárias.
Em relação as hipóteses de cabimento, traz o art. 313 da norma processual penal:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da
prisão preventiva:
I - Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima
superior a 4 (quatro) anos;
II - Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada
em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir
a execução das medidas protetivas de urgência;
IV - (revogado).
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver
dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer
elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese
recomendar a manutenção da medida (BRASIL, 1941).
Está tanto cabe tanto para prisão preventiva quanto para a prisão temporária, que
ocorreram dentro da legalidade, mas que não são mais úteis para o processo criminal e
ocorrerá quando não existir mais o motivo da prisão preventiva, conforme determina o
art. 316 CPP, o que consequentemente caso haja ausência de requisitos para sua
manutenção e pelo injustificado excesso de prazo, com a expedição do respectivo alvará
de soltura: “Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do
processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem” (BRASIL, 1941).
Sobre a natureza jurídica dessa espécie, o Supremo Tribunal Federal ao debruçar
em um caso concreto, julgou a RTJ 180/262-264 em 2012 e defendeu que nesse caso a
prisão preventiva, enquanto medida de natureza cautelar – Não tem por objetivo infligir
punição antecipada ao indiciado ou ao réu. - A prisão preventiva não pode – e não deve
– ser utilizada, pelo Poder Público, como instrumento de punição antecipada daquele a
quem se imputou a prática do delito (BRASIL, 2012).
Pois, no sistema jurídico brasileiro, fundado em bases democráticas, prevalece o
princípio da liberdade, incompatível com punições sem processo e inconciliável com
condenações sem defesa prévia. A prisão preventiva – que não deve ser confundida com
a prisão penal – não objetiva infligir punição àquele que sofre a sua decretação, mas
destina-se, considerada a função cautelar que lhe é inerente, a atuar em benefício da
atividade estatal desenvolvida no processo penal (BRASIL, 2012).
Sendo indispensável fazer a ressalva que, uma vez realizada por qualquer do
povo ou por autoridade pública e ratificada pela autoridade policial, não há dúvidas de
que o flagrante, não é decretado por autoridade judicial, quando muito, esta exerce um
controle posterior da prisão (DE SIQUEIRA, 2015). nº de página
Ao que tange a contagem dos prazos, indiscutível que a prisão preventiva estar
revestida do princípio da reserva legal, ou seja, a previsão de que “não há crime sem lei
anterior que o defina, não há pena sem prévia cominação legal”, tem por objetivo, a
limitação do poder de processar e punir indiscriminadamente os indivíduos, operando
como última ratio em meio ao poder punitivo estatal (BITENCOURT, 2019, p. 17).
Este traz em si, muito além da simples percepção de seu texto, ou seja,
considera-se como um dos mais relevantes do direito penal, logo seu intuito é o de
garantir a licitude e sustar todas as normas incriminadoras. Destaca-se que seus
preceitos se convertem em maiores eficiências (BITENCOURT, 2019, p. 17).
Contudo, mesmo estando fundamentada nesse princípio é certo afirmar que não
há uma contagem no tempo em que a pessoa ficará pessoa, agindo assim de forma
arbitrária, dando a ideia de presunção de culpa e que o acusado já estaria cumprindo
antecipadamente a pena, o que de longe já percebe o prejuízo para esta pessoa, pois, a
prisão em si não representa apenas o cumprimento de uma pena, mas, refletirá por toda
a vida as relações que essa pessoa tinha antes de ser preso (BITENCOURT, 2019, p.
17).
Assim, diante dessa lacuna legislativa e em nome do princípio da razoável
duração do processo, ou como Câmara (2016) nº de página menciona o “princípio da
tempestividade da tutela jurisdicional”, o qual de acordo com Dinamarco (2003) nº de
página, pode ser entendido como sendo o núcleo essencial da garantia, o trâmite
processual sem dilações indevidas, mas dentro de lapso temporal capaz de assegurar o
exercício do direito de defesa e a cognição adequada do juiz. É a busca não só de
realizar um processo capaz de produzir resultados efetivos na vida das pessoas
(efetividade da tutela jurisdicional), como também de fazê-lo logo (tempestividade) e
mediante soluções aceitáveis segundo o direito posto e a consciência comum da nação
(justiça).
O Senado Federal entendeu estipular que ela “não poderá ultrapassar 180 dias, se
decretada no curso da investigação ou antes da sentença condenatória recorrível; ou de
360 dias, se decretada ou prorrogada por ocasião da sentença condenatória recorrível”,
e, se exceder a 90 dias serão obrigatoriamente reexaminadas pelo juiz ou tribunal
competente, que deverá avaliar se persistem ou não os motivos determinantes da sua
aplicação, podendo substitui-la, se for o caso, por outra medida cautelar.
Com isso, dizer que a prisão preventiva não apresenta um lapso temporal para
sua permanência é errôneo, isso porque, apesar de não estar registrado em lei, mas, que
em razão do bom senso e da previsão acima mencionada é então correto declarar que o
vicio estar sanado, assim, caso alguém venha ser submetido a um prazo superior aos já
relatados, consequentemente terá sua prisão relaxada, contudo, poderá voltar a estar
preso novamente assim seja o resultado da persecução penal.
1
Constituição está, a de 1937, que por sinal, vigeu após o golpe de Estado encenado pelo então Presidente
Getúlio Vargas, portanto, uma norma decorativa para encobrir o cenário ditatorial que havia sido
instalado (PATTO, 2017, p. 121).
O modelo acusatório foi questionado, na época do Império Romano, pela
alegação de que esse sistema não era suficiente para a reprimenda dos delitos, pois os
resultados obtidos por ele não seriam satisfatórios. Tais contestações deram ensejo a que
houvesse o surgimento do sistema inquisitório, com características como a atuação de
ofício dos juízes e a ausência de publicidade dos atos processuais (LOPES JR, 2018) nº
de página.
Modernamente, o sistema acusatório tem como algumas características a
explicita distinção entre as atividades de acusar e julgar; a igualdade entre as partes e a
atuação do Juiz como um terceiro imparcial, para quem se exige a impassividade na
coleta de provas, que deve caber às partes envolvidas no processo. Daí, porque, é um
imperativo do moderno processo penal, haja vista o contexto social e político vigente
(LOPES JR, 2018). nº de página
Acerca ainda do sistema acusatório, Marcão (2020) corrobora a afirmação de
Lopes Jr (2018), ao pontuar que, diferentemente do sistema inquisitório, o sistema
acusatório trata o acusado como sujeito de direitos e não apenas como objeto de
persecução, daí que se presume o acusado inocente, até comprovação em contrário, o
que em regra lhe permite permanecer em liberdade até o final dos trâmites judiciários
inerentes ao seu caso.
Sobre esse aspecto, a tutela cautelar, por sua vez, como medida de restrição em
busca da segurança do processo deve ser decretada pela autoridade judiciária
competente. Assim como cabe à jurisdição à tutela do bem jurídico objeto do processo,
cabe a ela também a tutela da segurança e da utilidade do provimento final deste
procedimento (DE SIQUEIRA, 2015). nº de página
Até porque o juiz é apresentado como elemento subjetivo indispensável à
medida cautelar: "A relação processual envolve elementos subjetivos e objetivos, todos
importantes para a consecução final da meta do processo: a justa composição da lide.
São elementos "subjetivos", além do juiz que soberanamente representa o poder estatal,
as partes envolvidas na lide; e são elementos "objetivos" ora as provas (processo de
conhecimento), ora os bens (processo de execução) (JÚNIOR, 2016, p. 685).
Assim, todos esses elementos (pessoas, provas e bens) podem, na duração ou
demora do processo principal, enfrentar situação de risco de dano, por conduta de um
dos litigantes ou por evento ocasional. Para proteção provisória de todos eles, tem
cabimento a atuação da função cautelar (JÚNIOR, 2016, p. 685).
Mas, essa função não consiste em antecipar solução da lide para satisfazer
prematuramente o direito material subjetivo em disputa no processo principal. O que se
obtém no processo cautelar, e por meio de uma medida cautelar, é apenas a prevenção
contra o risco de dano imediato que afeta o interesse litigioso da parte e que
compromete a eventual eficácia da tutela definitiva a ser alcançada no processo de
mérito” (JÚNIOR, 2016, p. 685).
E, por isso, necessária se sua ordem for excepcionalmente adequada para
proteger a sociedade ou mesmo o bom andamento do processo, e for adequada ao caso
individual. No entanto, o problema não diz respeito à legalidade da sua aplicação, mas
ao seu abuso. A introdução da prisão preventiva para fins ilícitos de defesa social
despontou como um grande mal que assola o sistema penal brasileiro e desestabiliza a
segurança jurídica e a credibilidade da Constituição Federal de 1988, violando
diretamente o princípio da presunção de inocência e direitos fundamentais do
prisioneiro (VIANA, 2013). nº de página
Por este, o sistema Processual penal Misto recebe essa denominação em razão de
que os demais sistemas puros não guardariam correspondência com os sistemas vigentes
atualmente, tendo exemplificado que a divisão do Processo penal em fase pré-
processual e fase processual acarretaria o predomínio da forma inquisitiva na fase
preparatória e da fase acusatória na fase processual, o que lhe daria o caráter de sistema
misto (LOPES JR, 2018). nº de página
Sobre esse tipo de sistema, como se vê, trata-se da união dos dois sistemas
supracitados, onde um ocorre na primeira fase pré-processual, ainda quando é um
procedimento administrativo, para que já em sede judiciária tenha-se a o segundo,
momento em que o juiz passará a julgar o processo e daí nascer ou não uma sentença
penal condenatória (COSTA, 2012). nº de página
Por essa razão, é, que nessa primeira fase, não há a obediência aos princípios
constitucionais, tais, por exemplo, a ampla defesa e o contraditório, entre outros, que
fazem parte da segunda etapa e que em breve serão trazidos à baila, porém, é essencial
para o andamento do processo, visto que, sem essa etapa o parquet não teria subsídios
necessários para oferecer a denúncia e tampouco o magistrado condições para proferir
uma sentença condizente com a realidade dos fatos.
Esse tipo de prisão, permite que o juiz mesmo sem ter sido provocado poderá
decretá-la, isto é, desde que estejam presentes a autoria e a materialidade, além dos
seguintes pressupostos de admissibilidades:
Tem-se que para que se possa decretar a custódia preventiva, o juiz deverá
verificar a presença dos pressupostos probatórios ou fumus commissi delicti
(materialidade do delito e indícios de autoria), e dos pressupostos cautelares ou
periculum libertatis (ordem pública, ordem econômica, conveniência da instrução
criminal e aplicação da lei penal), e após a observação de ambos, deverá analisar a
natureza e qualidade do delito exteriorizado, verificando se autorizada a decretação da
prisão preventiva.
Por fumus boni iuris ou fumus commissi delicti, é a verificação acerca da
serenidade dos indícios de autoria não se confunde, por óbvio, com eventual
prejudicamento, mesmo porque a prisão provisória não será nunca decretada com base
nessa constatação, mas sim, com fundamento em sua necessidade cautelar (JUNIOR,
1997). nº de página
Além disso, a indispensabilidade desses indícios sérios de autoria para que se
proceda ao encarceramento provisório afigura-se, antes de tudo, como uma verdadeira
exigência do direito à presunção de inocência, uma vez que vem a limitar ao máximo, a
utilização da prisão provisória que, repetimos, não será jamais decretada em função da
culpabilidade do acusado (JUNIOR, 1997). nº de página
Andrade ensina no sentido que nesse caso, exige-se prova da existência do
crime, não sendo lícito, portanto, a decretação da prisão preventiva quando houver
dúvidas quanto à prática delituosa. A fim de cumprir essa condição deve-se avaliar a
materialidade do injusto penal, analisando os vestígios deixados pelo crime, procurando,
assim, comprovar com a máxima veracidade a existência do fato delituoso tipificado na
legislação penal (ANDRADE, 2017). nº de página
Quanto ao periculum libertatis, traduz-se no fato de que a demora no curso do
processo principal pode fazer com que a tutela jurídica que se pleiteia, ao ser dado, não
tenha mais eficácia, pois o tempo fez com que a prestação jurisdicional se tornasse
inócua. O periculum traduz-se pelo binômio urgência e necessidade (ANDRADE,
2017). nº de página
De início, vale salientar, que sobre o sistema processual penal adotado aqui no
Brasil, o sistema adotado foi o acusatório, quando o Estado ao dar início a persecução
criminal, indicando então que o infrator apresenta provas de autoria e materialidade
contra este, em outras palavras, precisando assim de um lastro probatório mínimo de
que o crime ocorreu e de que há a probabilidade do acusado ser o autor (PIMENTEL,
2016, p. 22).
Nascendo dessa forma o dito ente o direito/dever que apesar de não ser absoluto,
isso porque encontra limitações do direito, tem por objetivo garantir a segurança a todos
e evitar consequentemente todos e quaisquer atos de arbitrariedade e abusos contra os
indivíduos, a fim de haja um processo regular e que seja assegurado a aplicação da lei
penal ao caso em concreto sem fugir das normas já pré-estabelecidas (PIMENTEL,
2016, p. 22).
Além de uma relação muito próxima entre a tradição inquisitiva e o
autoritarismo político, onde para fazer valer o ideal do autoritarismo, práticas
inquisitivas foram adotadas como verdadeiros dogmas, se espalhando e contribuindo na
formação da matriz do Direito criminal do Brasil. Apesar da implementação do sistema
acusatório e do Estado Democrático de Direito pela Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 (BATISTA, 2000, p. 363).
A exemplo disso, é a possibilidade do Juiz, de ofício, produzir prova, conforme
insculpido no artigo 156, incisos I e II do Código de Processo Penal, dentre outras, um
exemplo adotado pelo direito francês, o qual em 1795 dividiu a polícia administrativa da
judiciária dando origem em 1867 a Polícia Civil, refletindo assim um ““repertório
cultural que aponta para uma maneira de ver a vida e compreender o desvio, a culpa, os
mecanismos de penitência e como consequência, um processo penal” (CASARA e
MELCHIOR, 2013, p. 362).
A justificativa seria que o juiz após a Lei nº 13.964 de 2019 teria vetado a prisão
preventiva de ofício, isso porque, essa medida estaria correlacionada ao sistema
inquisitório, portanto, sem cabimento aos dias atuais (BRASIL, 2019). nº de página
Uma vez que, espera que o magistrado apresente uma conduta imparcial, em que pese,
trata-se a garantia que as partes têm que o magistrado não irá no momento de proferir a
sentença pender para um lado sem realizar um juízo sobre os fatos e fundamentá-la
conforme a lei, afastado assim quaisquer interesses pessoal ou ideológico em favor de
um. O que, embora, não tenha condição dessa imparcialidade ser de forma plena,
porém, é exigido que suas ações fujam da subjetividade e se detenham apenas ao direito
que estar preterido (DE ANDRADE e CAVALCANTI, 2017, p. 7-8).
Um outro princípio que a decretação da dita prisão estaria ferindo, seria o da
presunção da inocência, este que por sinal, de acordo com Silva (2018), nº de página
fundamento no art. 5º, inciso LVII da Constituição Federal, dispõe que ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. E
apresenta um tríplice função: a primeira, a função interpretativa, da qual é um elemento
de apoio. Segunda, a função de elaboração do direito do trabalho, já que auxiliam o
legislador. Terceira, a função de aplicação do direito, na medida em que servem de base
para o juiz sentenciar.
Ao que tange a esfera do Direito Processual Penal, precisamente ao princípio da
presunção de inocência, o qual, refere-se a garantia que o acusado tem de fazer uso de
todos os meios admitidos em lei e cabíveis para a situação para que não seja
considerado como culpado antes mesmo da finalização do processo e, portanto, da
sentença penal condenatória (LIMA e BEZERRO, 2016, p. 454).
Para Lopes Júnior (2011, p. 11 e 12), ele atua em duas vertentes, a saber: pela
via interna, porque impõe somente ao acusador o dever de apresentar as provas, a
justificativa é que o acusado, uma vez que até então como inocente não poderá produzir
provas contra si mesmo; na via externa, há uma exigência que as investigações sejam
realizadas em sigilo, dado ao fato de que publicitar os atos processuais. Além de que,
leciona Gomes (2009, p. 2), antes de ser proferida a sentença penal condenatória o
acusado não pode sofrer “qualquer antecipação de juízo condenatório”.
Por sinal, acrescenta mais uma etapa formando assim três: a primeira, quando
estar ocorrendo a instrução penal, ocasião em que as informações não devem ser
publicitada para evitar um juízo prévio por parte da sociedade; o segundo, na produção
de provas, ora, se quem estiver avaliando a ação não tiver uma visão holística e ficar
restrito a encontrar provas que condenem o acusado, consequentemente ele será
prejudicado; e, por fim, o terceiro, no curso de fato do processo e da aplicação ou não de
uma medida cautelar (CAPEZ, 2021, p. 39).
Razão pela qual esse princípio é reconhecido no ordenamento jurídico pátrio
como o princípio básico de todo o sistema penal, conforme o autor leciona, o acusado é
o protagonista da ação. Todavia, vale salientar, que não há cabimento para que em nome
desse princípio um acusado deixe de ser atuado e preso em flagrante delito (CATENA,
2015, p. 3).
Da mesma forma, o princípio não pode impedir que seja decretada a prisão
preventiva, pois “uma situação é a de presumir alguém inocente; outra, sensivelmente
distinta, é a de impedir a incidência dos efeitos da condenação até o trânsito em julgado
da sentença, que é justamente o que a Constituição brasileira garante a todos”. O que,
ainda impera uma discussão sobre esse princípio em relação a manutenção da aplicação
de medida cautelar, em especial a prisão preventiva, isso porque ela é adotada antes
mesmo que o processo inicie (CUNHA, 2015, p. 96).
Todavia, por não ser absoluto, mas, deve se adequar ao caso concreto, esse
princípio deve andar lado a lado aos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal,
a saber: garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da
instrução criminal e garantia da aplicação da lei penal, visto, que ele atinge aos livres e
não para evitar que uma decisão punitiva deixe de ser efetivada. Motivos suficientes
para que seja cabível tanto para prisão preventiva quanto para a prisão temporária,
porque ambas ocorreram dentro da legalidade (BRASIL, 1941).
Também há a previsão do devido processo legal, ou seja, a obrigatoriedade que
todos os atos processuais sejam respeitados e com isso garantir a ampla defesa e o
contraditório para ambas as partes sem prejuízo para nenhuma delas. Na ampla defesa,
por exemplo, trata-se do direito que o acusado tem de se manifestar em relação as
acusações que estão sendo a ele desferidas (CAGLIARI, 2001, p. 6-8).
Continua Cagliari (2001, p. 6 a 8), ela é a garantia do contraditório, uma vez que
a partir dele que nasce a possibilidade de defesa, o momento em que o réu passa a ter
ciência do processo ou a ação movida pela outra parte. Bechara e Campos (1999, p. 4),
mencionam que nada mais é que a igualdade das condições para ambas as partes, ou
seja, o direito a paridade das armas, visto que o acusado não pode ser prejudicado por
não ter sido concedido que ele apresentasse a seu ver a verdade dos fatos.
Ao passo que o contraditório, previsto no art. 5º, LV, CF, este consiste na
ciência bilateral das partes a respeito da realização dos atos processuais. Trata-se da
igualdade jurídica, isso porque garanti ao acusado o direito de tomar ciências de todos
os atos do processo, bem como de poder produzir suas provas e sustentar suas razões
(CARVALHO, 2010).
Tal princípio tem a função de garantir que haja a citação e a participação no
processo, do postulado do pleno acesso ao Judiciário. E, o outro, a efetivação do
princípio da dignidade humana, que é evitar toda e quaisquer ato discriminatório em
relação as partes, portanto, princípios sem os quais não haverá o juiz de garantia e nem
tampouco o Estado Democrático de Direito, até porque, antes de estarem no processo, a
maioria desses são inerentes ao indivíduo enquanto pessoa humana (MEZZOMO,
2014). nº de página
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAGLIARI, José Francisco. Prova no processo penal. Justitia, São Paulo, v. 63, n.
195, p. 78-100, 2001.
CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas,
2016.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. 13 ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2009.
COSTA, Ivana Rocha. Juiz das garantias de acordo com o projeto do novo código de
processo penal. 2012.
CRUZ, Rogerio Schietti Machado. Pena e punição no Brasil do século XIX. Revista do
CNMP, n. 4, p. 223-236, 2014.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Salvador: Jus Podivm, 2015.
DE SIQUEIRA, Tatiana Paula Cruz. Um breve estudo sobre a natureza jurídica das
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