Fluid Os
Fluid Os
Fluid Os
PORTO ALEGRE
2016
CIP – CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
Quero agradecer aos meus orientadores, Prof. Dr. José Valdeni De Lima e
principalmente à Profa. Drª Liane Margarida Rockenbach Tarouco que me orienta pela
terceira vez, pela compreensão e direcionamentos para que pudesse ter chegado a bom termo
com a minha pesquisa, apesar dos meus problemas de saúde durante o curso. Também
agradeço ao meu colega do PGIE Gabriel Vianna Schlatter, pela inestimável parceria e ajuda
nas análises estatísticas dos meus dados de pesquisa.
Ao Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS onde por quase 20 anos trabalhei e
possibilitou o uso do laboratório de hidráulica para minha pesquisa, e especialmente ao Prof.
Dr. Luiz Augusto Magalhães Endres que acreditou na minha proposta, deu a oportunidade de
efetuar a pesquisa em suas disciplinas e me recebeu nas mesmas para efetuar o estágio
docência.
Aos professores, Ana Luiza de Oliveira Borges, Edith Beatriz Camano Schettini,
Eduardo Puhl e Rafael Manica, que de alguma maneira colaboraram com meu trabalho e
permitiram também a minha pesquisa nas disciplinas por eles ministradas, e de maneira
especial à Bibliotecária Jussara Silva que tanto me ajudou nas revisões dos meus artigos e nas
referências da tese.
Ao CINTED que já em 2003 me abriu o caminho através do ESPIE, por me interessar
muito pela Informática educativa, e ao próprio PGIE, pela oportunidade de poder realizar este
marco na minha vida. Em suma, à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que me
propiciou cinco cursos de grande significado e qualidade.
Aos meus pais, Juan Carlos e Stella Mary, que me permitiram e incentivaram para sair
do meu Uruguai e vir para o Brasil, em Porto Alegre, expandir meu conceito de mundo e me
realizar tanto pessoal como profissionalmente. A eles devo muito e agradeço por isso.
À minha família, minha esposa, Regina; e minha filha, Maria Eduarda. Elas dão
significado à minha vida, motivação, apoio e desejo de viver por algo que vale a pena.
Finalmente, quero agradecer também ao Grande Arquiteto e Geômetra do Universo,
por ter me propiciado e mostrado um caminho de luz, no qual pude viver as passagens
descritas acima com saúde, força e sabedoria e me mantendo sempre no esquadro.
RESUMO
ABSTRACT
This thesis aimed to the development of a Virtual Learning Lab (AVL) - Hidrolândia, and the
evaluation of its impact in terms of learning, applied in mechanical of fluids and hydraulics
disciplines, in undergraduate engineering courses at the Hydraulic Research Institute - IPH, in
at Federal University of Rio Grande do Sul - UFRGS, where there is experimental and real
laboratory in hydraulics. The survey was conducted through the use of LVA specially
developed for undergraduate courses in Engineering courses. A total of 414 students from
three engineering courses, participated in the survey, which was carried out from 2012/2 to
2015/1. The Hidrolândia allows the simulation of various processes relating to three
laboratory discipline practices: channel speed, Venturi gauging and tank emptying. The
structure of the LVA and the pedagogical approach adopted allowed the interaction of
students with various components of the test by changing factors and variables of virtual lab,
making possible to repeat the experiment with new parameters and analyzing the results
immediately. After using the LVA, the students answered a questionnaire, which allowed a
qualitative evaluation of the use of that virtual technological resource, as well as a theoretical
evaluation of knowledge. Two groups were kept as a control and had not made the LVA, but
having done the theoretical test for further analysis regarding students who performed the
LVA. The theoretical basis that gives foundation for this work is the significant learning
(meaningful learning) within a constructivist perspective, approach proposed mainly by David
Jonassen. The analysis of the statistical results showed that there was wide acceptance of the
use of LVA, shown by students in the assessment questionnaire and a significant gain in the
learning process, the comparison of endnotes and knowledge tests. The average score in the
test of knowledge of the students who used the LVAH was significantly higher than those
who did not use. It has been statistically proven that the profile concepts of students who used
the virtual lab was different from the profile of those who did not use and, due to higher
percentages in concepts "A" and "B", with increased performance those who used it.
Therefore, the main contribution of this thesis is the development of LVA Hidrolândia and a
methodology for its use that was proven to generate greater learning gains in the mechanical
area of fluids and hydraulics, the development of the simplifications of the fluid mechanics
equations, generating the algorithms used in the LVA simulations, the development of the
virtual world to the physical laboratory at IPH and its implementation in Action Script, which
can serve as a reference for the implementation of other virtual worlds; thus complying with
the proposed objectives.
Keywords: Virtual learning labs, meaningful learning, hydraulics and fluid mechanics in
engineering, Hidrolândia.
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos 25 anos, a procura por vagas em vestibulares nas áreas de ciências
exatas, no Brasil, passou por uma estagnação, refletindo na atual escassez de
profissionais técnicos e fazendo gerar na imprensa os comentários de “apagão de
Engenheiros”. Esta mesma tendência também aconteceu nos Estados Unidos e
Europa, fazendo com que vários países (como a Alemanha, por exemplo)
investissem em programas de “importação” de engenheiros. Nos últimos cinco
anos, a procura por cursos na área de Engenharia, no Brasil, vem apresentando
um significativo aumento, principalmente nos cursos de Engenharia Civil,
Mecânica e Produção. Quanto ao número de engenheiros formados, o
crescimento é bastante lento, caracterizado por uma crescente taxa de evasão.
mão de obra qualificada e liderança para produzir uma base para o país crescer. O Brasil tem
hoje cerca de 600 mil engenheiros registrados nos conselhos Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CONFEA) e Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA). Isto
equivale a seis profissionais para cada mil trabalhadores. Nos Estados Unidos e no Japão, essa
proporção é de 25 para cada grupo de mil pessoas economicamente ativas. Dados do sistema
da federação das indústrias mostram que, do total de cursos oferecidos no País por instituições
públicas e privadas, 76% são para áreas de humanas e sociais e 8,8% são para engenharias.
A preocupação com a queda no número de engenheiros que se formam todo ano nas
universidades fez com que, a partir de 2006, não só o governo como setores importantes da
área empresarial mobilizassem esforços na tentativa de atenuar esse quadro. Já segundo o
censo de educação superior de 2010, a distribuição do número de matrículas por área geral de
conhecimento reflete estes números em ordem de grandeza, o que reforça ainda mais a
preocupação, como mostra a tabela 1, onde a Engenharia ocupa em torno de 10% de
matrículas nas Universidades.
engessado de currículo, de aulas em série, de considerar a sala de aula como único espaço em
que pode ocorrer a aprendizagem, podendo lançar mão de novos recursos e novas tecnologias,
como salas de aula informatizadas, laboratórios virtuais, com conteúdo desenvolvido
direcionado a este tipo de estratégia educacional.
Pereira Filho (2002) indica que 50% dos estudantes que ingressavam nos cursos de
Engenharia abandonam o curso, a maioria nos primeiros anos, pelos mais diversos motivos,
havendo indícios que práticas pedagógicas e técnicas de ensino-aprendizagem inadequadas
tenham uma grande parte de culpa nesta desistência. A literatura na área de educação (TEIXE,
2005; SILVA et al., 2005; PAZ et al., 2005; LACAZ et al., 2007, AZAMBUJA et al., 2004)
aborda a reprovação nos cursos de engenharia como um fenômeno que ocorre na maioria das
universidades do país.
A utilização de software educativo está sendo muito explorada no processo de ensino e
aprendizagem de engenharia, trazendo com isto a necessidade de estudos para o seu
desenvolvimento. Enfrentar o desafio de criar novos modelos de ensino alavancados pela
tecnologia exige um esforço que impele à interdisciplinaridade, tanto no sentido de
desenvolver novas formas de ensinar e de aprender como no sentido de implementar
pesquisas para o aprimoramento das próprias tecnologias, visando adequá-las e aperfeiçoá-las
para o uso educacional.
O desenvolvimento de trabalhos de laboratório de hidráulica, na maneira como é
normalmente efetuado e que já fornece bons resultados, exige dos alunos, além da absorção
de conhecimentos em sala de aula, que leiam previamente um texto especialmente preparado
para reforçar os conteúdos e orientar a prática a ser executada no laboratório.
O trabalho do laboratório é uma parte integrante da ciência e da educação em
engenharia. O laboratório é o lugar onde várias teorias são testadas e é um local onde a
relação entre conhecimento teórico e prático é estabelecida. Estes laboratórios têm
desempenhado um papel importante no desenvolvimento de tecnologias, materiais e
informação tornando a vida mais fácil, e trazendo luz sobre novas descobertas, segundo
Diwakar et al. (2013).
Além disso, o Laboratório tem um grande papel no reforço de competências dos
alunos, pois é um ambiente vital de uma variedade de atividades e experiências em que a
ciência é estudada, sendo um ambiente vital onde a ciência é experimentada, onde as
capacidades de resolver problemas são refinadas no contexto da investigação laboratorial. As
atividades laboratoriais desenvolvem uma ampla variedade de aspectos, organizacional,
16
alunos podem ter dificuldade para conectar laboratórios físicos com ideias de nível molecular
e pode ter dificuldades para integrar fenômenos observáveis e moleculares (GABEL, 1999).
Experiências práticas laboratoriais dão aos alunos a experiência direta com os
fenômenos e práticas científicas (National Research Council [NRC], 2006), mas nem sempre
são bem-sucedidos na obtenção de que alunos tenham uma compreensão de conceitos
científicos subjacentes (FINKELSTEIN et al., 2005). Ferramentas de tecnologia virtual,
software e simulações são implementados com sucesso nas aulas de ciências para ajudar os
alunos a desenvolver explicações de temas de ciência complexa (BELL, TRUNDLE, 2008;
CARLSEN, ANDRE, 1992; CHIU, LINN, 2014; HEOFFLER, LEUTNER, 2007; HONEY,
HILTON, 2011; JAAKOLA, NURMI, VEERMANS, 2011; WINDSCHITL, ANDRE, 1998).
Chiu (2015), num dos seus trabalhos, cita que experiências de laboratório físicos em
ciência capacitam os alunos a interagir com fenômenos científicos observáveis, mas os
estudantes muitas vezes não conseguem fazer conexões com os comportamentos de nível
molecular subjacente. Experiências laboratoriais virtuais e visualizações baseadas em
computador capacitam os alunos a interagir com conceitos científicos não observáveis, mas os
estudantes podem ter dificuldades para se conectar a instâncias reais do fenômeno observado.
As experiências ou experimentos são uma maneira eficiente para entender assuntos
que são difíceis de entender usando apenas livros didáticos. Esta é a principal razão pela qual
o trabalho experimental é essencial em cursos de graduação em ensino de engenharia
(HWANG 2016).
Para Ostroukh (2013), aulas práticas e laboratoriais têm um papel importante no
processo educacional moderno. Muitas vezes, a percentagem do material adquirido depende
não só da qualidade do material de ensino, mas também de como são utilizados ao conduzir as
aulas por parte dos professores. A tecnologia informatizada tem permitido o desenvolvimento
de LVA, que enriquece o material pedagógico utilizado em sala de aula. A prática do sistema
de laboratórios virtuais tem um impacto significativo sobre o processo de aprendizagem dos
alunos e conduz a uma aprendizagem de qualidade superior. Estudantes de engenharia devem
ter uma melhor compreensão da teoria instruída, por conseguinte, a maioria dos cursos no
ensino de engenharia exige laboratórios e estes devem ser devidamente utilizados (ODEH,
2014).
A realização prévia de simulações com auxílio da informática desses experimentos,
em muito semelhantes às que serão posteriormente desenvolvidas na realidade do laboratório,
permite unir os conteúdos vistos em aula, a leitura do texto (que acompanha o próprio
18
experimento) e o interesse peculiar dos estudantes pelo uso do computador como ferramenta
de trabalho.
Conflitos entre vivência experimental e entendimentos científicos podem ser um
desafio para superar, mas também podem servir como locais particularmente férteis para
ajudar os alunos a se envolver numa mudança conceitual ou na reestruturação de ideias. Nesta
mudança conceitual e para entender melhor os conceitos científicos difíceis é que os
laboratórios virtuais complementam a prática laboratorial (CHIU, 2015).
Segundo Veljko et al. (2016), na última década, foi desenvolvida uma série de
laboratórios virtuais inteiramente baseados em software em diferentes campos. Na maioria
dos casos eles são específicos para um contexto educacional e não oferecem possibilidades de
generalização para uma plataforma aplicável a uma classe mais ampla de disciplinas de
engenharia. Estes laboratórios têm diferentes níveis de complexidade técnica. Os
pesquisadores estão cientes de que os sistemas de laboratório virtual e simuladores são
frequentemente usados atualmente apenas como um passo inicial no ensino da engenharia de
um estudante, seguido por mais experiências práticas em profundidade com equipamentos
autênticos reais. Citam que, no estado da arte atual sobre o assunto, reconhecem que o
progresso contínuo em computação gráfica, realidade virtual e tecnologias de mundos virtuais
podem oferecer a oportunidade de ampliar rapidamente o uso do laboratório virtual de
aplicações baseadas em sistemas, e que podem eventualmente reduzir a necessidade de
laboratórios reais no mundo completamente.
Para atender a esses princípios e à necessidade de responder ao desafio da inovação, é
que este trabalho propõe desenvolver um Laboratório Virtual de Aprendizagem para as
disciplinas de Mecânica dos Fluidos e Hidráulica da graduação da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, atualmente ministrada em aproximadamente 80% dos cursos de
Engenharia.
Embora o LVA Hidrolândia não tenha o objetivo de substituir as práticas no
laboratório de hidráulica, é possível supor que, após corrigidos pequenos problemas de forma
e conteúdo no primeiro conjunto de resultados obtidos, esta ferramenta possa ser oferecida a
outras pessoas e/ou instituições de ensino interessadas, principalmente para aquelas que não
disponham do laboratório de hidráulica físico para trabalhar, mas que terão, com o uso do
meio computacional e as simulações já otimizadas, possibilidade de visualização de
fenômenos em muito facilitada.
19
Conceber um LVA na área de mecânica dos fluidos e hidráulica, fazendo com que
propostas deste tipo funcionem como ponto de partida de outras iniciativas em
outras áreas da educação;
Explorar o potencial do LVA, no ensino de hidráulica, e mostrar sua capacidade
em termos de ganhos de aprendizagem, identificando se existe diferença
significativa em termos de aprendizagem nos alunos que realizam somente a
prática laboratorial real, somente o LVA ou os dois procedimentos
concomitantemente;
Constatar se os alunos estavam engajados num processo de aprendizagem
significativa durante o processo de aprendizagem com o uso do LVA Hidrolândia;
Verificar nas turmas pesquisadas a importância do uso deste tipo de objeto
educacional e como o aluno vê o mesmo com relação a uma prática laboratorial
tradicional no laboratório de hidráulica;
Verificar se o LVA é visto por parte dos alunos como um substituto da prática
laboratorial tradicional em hidráulica ou como um complemento à experiência
laboratorial;
20
Dentre as limitações do ensino, principalmente as financeiras, têm feito com que seja
necessário enfrentar alguns problemas que acabam por prejudicar o aprendizado de alunos
universitários, e em outros níveis também. Uma destas limitações é a falta de recursos para a
aquisição e manutenção de laboratórios experimentais, utilizados na fixação dos conceitos
teóricos, que na área técnica, e em especial na Engenharia é muito comum e bastante
desejável.
Este fato tem dificultado o contato dos alunos com as práticas de laboratório já que,
segundo Kleinhappel et al. (2004), os laboratórios experimentais ainda em funcionamento, da
área de hidráulica e mecânica dos fluídos, remanescentes de épocas de maiores recursos
destinados à educação, encontram-se em algumas poucas universidades, e esta realidade
pouco se alterou nos dias de hoje. Para Salaheddin et al. (2015), infelizmente muitos cursos de
engenharia não contêm componentes de laboratório por causa de grandes despesas e da falta
de espaço.
Iniciativas desta natureza podem estreitar a distância entre os estudantes de engenharia
de escolas relativamente com maiores disponibilidades de recursos e que podem custear
facilidades laboratoriais abrangentes àquelas instituições que contam com menores recursos e
faculdades comunitárias, que não podem oferecer facilidades laboratoriais abrangentes.
Para Tibola et al. (2014), a educação moderna precisa usar todos os recursos para
melhorar o processo de ensino-aprendizagem. Para atingir este objetivo, a tecnologia pode ser
uma boa aliada, já que este busca o equilíbrio entre aulas teóricas e práticas.
Um ambiente virtual de aprendizagem é, quase sempre, em primeiro lugar, um desafio
lúdico que gera, naturalmente, motivação. A motivação para a aprendizagem é fundamental
para que esta se efetue. A interatividade, a manipulação e o controle do ambiente por parte do
aluno reforçam ainda mais a motivação referida e permite-lhe sentir-se mais à vontade,
dominando um universo que compreende e apreende mais facilmente. Por outro lado, em um
ambiente como este, a aprendizagem é realizada pelo aluno, embora sempre com o apoio e
orientação do professor (GOUVEIA, 1998).
A aprendizagem em práticas laboratoriais é uma parte essencial dos currículos de
engenharia; estudantes de engenharia em geral preferem trabalhar em algo real com
experiências autênticas. O modo clássico e a mais antiga forma de educação laboratorial são
os experimentos físicos. Os avanços nas tecnologias de informação e comunicação têm
22
O caráter obrigatório das disciplinas citadas torna o número total de alunos ingressos
nas engenharias da Universidade potenciais usuários do LVA Hidrolândia, mas a aplicação
neste projeto de tese serão nas disciplinas de mecânica dos fluidos e hidráulica. Apenas como
exemplo, tomando o caso da disciplina de Mecânica dos Fluidos ministrada para as
engenharias civil e ambiental, existem 4 ou 5 turmas, dependendo da demanda em cada
semestre, com 25 a 40 alunos matriculados por turma, normalmente cursada por estudantes de
sexto semestre.
26
A partir do semestre letivo 2013 esta demanda cresceu, pois iniciaram os alunos já
ingressos no novo curso da Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área da engenharia
hídrica sediado no Instituto de Pesquisas Hidráulicas. Nestes cursos, existe uma série de
disciplinas oferecidas posteriormente, dando continuidade ao estudo da área. Por outro lado,
para os cursos das engenharias de Minas, Metalúrgica, Materiais, Elétrica, Produção e
Cartográfica, não há continuidade em caráter obrigatório na área dos recursos hídricos,
tornando o uso dos recursos de aprendizagem aqui tratados ainda mais importante, pois será,
talvez, uma única oportunidade de aprendizagem destes conteúdos em sala de aula.
PAG1 (cuja abertura se deu com o Edital PROGRAD 01/2010): tinha como objetivo
apoiar a realização de estudos sobre a retenção e evasão de alunos em cursos de
graduação. Os estudos consistiram em realização de diagnósticos, análises e
27
Na disciplina de Mecânica dos Fluidos, os alunos realizam aulas práticas, onde fazem
3 experimentos no laboratório de hidráulica: Velocidade em Canal, Esvaziamento de
Reservatório e Aferição de Venturi. As figuras 3 a 5 representam os componentes dos
respectivos experimentos: Esvaziamento de Reservatório, Velocidade em Canal e Aferição de
Venturi, no laboratório de hidráulica.
30
proposta principal é oferecer uma trajetória de aprendizagem dos conceitos de mecânica dos
fluídos que seja diferente em relação ao contexto tradicional da disciplina.
A figura 7 mostra a trajetória de aprendizagem tradicional da disciplina de mecânica
dos fluidos, bem como as mudanças de trajeto que ocorreram com a incorporação pedagógica
do LVA Hidrolândia.
Figura 7. Trajetória tradicional e com o uso do LVA na disciplina de mecânica dos fluidos.
vez atingida a totalidade dos conhecimentos teóricos dos conceitos e fenômenos estudados
nas aulas práticas, os alunos podem aceder ao laboratório, que utiliza ou necessita do suporte
teórico anteriormente recebido para o aluno poder entender os fenômenos que acontecerão no
experimento prático.
O LVA, portanto, foi inserido pedagogicamente como um complemento da aula
prática para aquelas turmas que participaram também da aula prática no laboratório real; nas
turmas que não fizeram a aula prática no laboratório, o LVA foi a única experimentação
simulada a que os alunos tiveram acesso, onde ambos resultados dos testes teóricos estão
representados no capítulo 7.
Na trajetória tradicional da disciplina, os alunos percorrem o percurso de
conhecimentos e vivências determinado pela sequência "A, B, C, D, H, E, F, G". Neste
trajeto, há três avaliações: passa-se por diferentes áreas da mecânica dos fluidos e se
trabalham diversos conceitos nas respectivas áreas de conteúdo. Uma vez que os alunos
dominam os conceitos das áreas 1 e 2 (trajeto "B, C"), estes estão capacitados teoricamente
para efetuar a prática laboratorial em um laboratório real.
Neste laboratório real de hidráulica realizam-se três experimentos, os quais utilizam a
base teórica das etapas "B" e "C", sendo compostos por ensaios envolvendo velocidade em
canal, esvaziamento de reservatório e aferição de tubo Venturi. Uma vez efetuada a prática
laboratorial, os alunos continuam o trajeto pelas etapas "E" e "F", abordando os conceitos
destas áreas e realizando uma avaliação após cada uma delas.
Na trajetória modificada, na qual se faz presente o uso do LVA, os alunos percorrem o
percurso "A, B, C, D1, D, H, E, F,G", havendo a prática laboratorial real, mas também a
prática com o laboratório virtual. Além disso, para esse estudo, também foi explorada uma
trajetória alternativa, percorrendo os passos "A, B, C, D1, H, E, F,G", ou seja, sem a prática
laboratorial real neste trajeto. Em ambos os casos, houve um teste teórico após o uso do LVA
a fim de avaliar o conhecimento obtido na área especifica de abrangência do laboratório,
especificamente nos conteúdos comuns à matéria ministrada nas áreas 1 e 2 (Conceitos "B" e
"C").
A intenção principal do estudo, ao propor estas duas trajetórias pedagógicas
alternativas, foi medir se há diferenças significativas em termos de aprendizagem por parte
dos alunos, quando comparadas com a trajetória convencional. Em outras palavras, procurou-
se verificar se a trajetória "A, B, C, D1, H, E, F, G", com o uso do LVA Hidrolândia, gera
melhores resultados quando comparada com a trajetória tradicional "A, B, C, D, H, E, F, G".
34
O uso de laboratórios é necessário para uma melhor compreensão das leis naturais,
mas também para o desenvolvimento do pensamento crítico e a experimentação. No entanto,
os pesquisadores têm marcado que o exercício prático em laboratórios apresenta algumas
restrições. A educação a distância pode ser uma solução importante para este problema no
contexto do ensino superior, tanto para as universidades convencionais, bem como para as
instituições que proponham cursos na modalidade EAD. Modernas tecnologias de
comunicação e informação oferecem novas oportunidades para desenvolver laboratórios
virtuais e/ou laboratórios remotos, segundo Tetour (2011).
O uso de manipulações de objetos virtuais surgiu, inicialmente, como uma necessidade
de complementar manipulações físicas, as quais tinham uma série de deficiências no contexto
da experimentação das ciências na escola (VAN JOOLINGEN; ZACHARIA, 2009). Estas
manipulações virtuais também visavam proporcionar a exposição eficaz à experimentação,
sistematizando o processo de desenvolvimento de habilidades.
Segundo Ray (2012), laboratórios virtuais são plataformas onde os alunos podem ter a
experimentação prática sem qualquer envolvimento físico direto sobre o trabalho real. As
possibilidades constituem-se pelo uso de simulações computadorizadas, modelos, vídeos,
animações e outras tecnologias de ensino para criar um conteúdo interativo.
Os recentes desenvolvimentos de instrumentos em tecnologias virtuais, medição
remota, sistemas distribuídos e ambientes educativos interativos mudaram muito a abordagem
tradicional de ensino e a experimentação prática em qualquer nível educacional, desde escolas
de ensino técnico ou médio a cursos acadêmicos de graduação (TOMIC, 2012).
Para Haddissh (2012), há várias motivações por trás do desenvolvimento de novos
tipos de educação virtual. Primeiro, a educação virtual permite fazer quase tudo o que pode
fazer na vida real, em um meio mais seguro e de maneira mais eficiente. Em segundo lugar, é
mais barato e rápido para projetar e implementar um laboratório virtual. Terceiro, podemos
desenvolver exercícios que simplesmente não são possíveis em circunstâncias normais devido
a preocupações orçamentais ou de segurança.
Das motivações, a preocupação mais imediata é o uso de laboratórios virtuais para
equilibrar o aumento do número de estudantes que frequentam universidades. Os alunos que
não têm a possibilidade de realizar uma prática laboratorial por algum motivo, como faltar no
35
dia do experimento, podem optar por realizar o experimento de maneira virtual. No entanto,
laboratórios virtuais também podem ser usados em conjunto com laboratórios reais.
Um laboratório virtual é um modelo simulado de um laboratório real. Esse ambiente
virtual não tem nenhuma das limitações enfrentadas nas salas de aula ou em laboratórios reais,
oriundas de protocolos de segurança, tempo limitado ou acesso a recursos ou equipamentos
provocados por restrições orçamentárias. Isto permite aos criadores desses laboratórios
virtuais projetarem conteúdos programáticos dinâmicos, os quais combinam conceitos
teóricos importantes e protocolos experimentais práticos que os usuários podem estudar e
assimilar em seu próprio ritmo. Além disso, esses laboratórios são mais econômicos em sua
configuração e manutenção quando comparados com laboratórios e salas de aula tradicionais.
Para Herádio et al. (2016), a experimentação laboratorial desempenha um papel
essencial na engenharia e educação científica. Laboratórios virtuais e remotos reduzem custos
associados com laboratórios convencionais devido aos menores custos com equipamentos,
espaço e pessoal de manutenção necessário. Além disso, eles oferecem benefícios adicionais,
tais como o apoio à aprendizagem à distância, melhorando a acessibilidade ao laboratório para
pessoas portadoras de deficiência, e aumentando a segurança para a experimentação nos casos
de práticas perigosas. Os laboratórios virtuais são também uma ferramenta ideal para permitir
a preparação pré-laboratorial (ABDULWAHED, NAGY, 2011; DALGARNO et al. 2009), o
que é essencial para melhorar a experiência de aprendizagem em laboratório por parte dos
estudantes.
Laboratórios virtuais oferecem acesso a experiências científicas virtuais e eles são
reconhecidos como pedagogicamente eficazes por aumentar o interesse dos alunos em
ciência, bem como em melhorar a motivação dos estudantes e também seu engajamento nas
atividades educacionais (ZERVAS 2014). Segundo Martinez (2011), laboratórios virtuais são
definidos como "ambientes interativos para projetar e conduzir experimentos simulados", e
estes podem fornecer uma série de benefícios para os alunos: (a) suplementos ou mesmo
substitui trabalhos laboratoriais tradicionais; (b) apoio à aprendizagem autônoma, uma vez
que os alunos podem usar eles e conduzir experimentos fora das fronteiras formais de ensino
em sala de aula; e (c) oferece suporte a alunos com deficiência para realizar experimentos,
quando não é possível para eles por estarem presentes num laboratório tradicional.
Os laboratórios virtuais aparecem como um complemento importante no processo de
ensino que oferece uma boa formação para os graduados quando ingressam no mercado de
trabalho. Os mesmos parecem ter um amplo domínio de aplicação nos últimos anos. Os
laboratórios virtuais simulados por computador trazem resultados comparáveis com os
36
Mas muitas vezes verifica-se que os alunos são estranhos uns aos outros; não sabem
como trabalhar em grupos e são inexperientes nos desafios práticos de análise laboratorial,
onde o tempo disponível pode revelar-se insuficiente para concluir o trabalho prático
atribuído. Neste sentido, os pesquisadores fizeram algumas tentativas para ajudar os alunos
com estas dificuldades, enviando documentação sobre as sessões de laboratório, para que eles
pudessem se preparar com antecedência. Vemos aqui um atributo da aprendizagem
significativa tratado nesta tese não sendo devidamente atingido – o atributo colaborativo.
Ao fazer uma nova abordagem que permita que os alunos realizem o trabalho prático
num laboratório virtual com os colegas, o que é mais motivador do que fazê-lo sozinho,
também permite que os alunos aprendam a colaborar. Ao estudante é dada a oportunidade de
realizar experimentos em casa, em colaboração com um colega, sem qualquer pressão de
tempo. Esta maneira de trabalho permite que os alunos reflitam e relacionem teoria à prática,
que não é possível no laboratório físico por causa de limitações de tempo.
Numa fase preparatória, o foco está no desenvolvimento de habilidades de raciocínio
crítico em um contexto experimental, tais como formulação de hipóteses, análise dos
resultados experimentais e uso destes resultados para formular novas experiências.
Finalmente, os alunos devem ser capazes, de forma colaborativa, de explicar seus resultados e
justificar estas explicações. Segundo Barros et al. (2008), os resultados do seu trabalho
mostraram que a adição de cenários laboratoriais virtuais que incluem simulações, tarefas
colaborativas e períodos de incentivar a reflexão dos alunos melhoraram muito a
aprendizagem do material experimental e permitiu aos alunos trabalhar de forma mais eficaz
quando eles realmente vão para uma prática laboratorial real.
As análises quantitativas e qualitativas realizadas durante as pesquisas de Zacharia
(2011) mostraram que o uso dos experimentos com manipulação virtual (VME) permite aos
estudantes a compreensão de conceitos da física de maneira muito semelhante aos alunos que
tiveram uma manipulação física de objetos (PME), desde que os experimentos tenham sido
realizados em um contexto semelhante. Esta abordagem de contextos idênticos para os
laboratórios reais e virtuais também foi utilizada no estudo descrito nesse artigo.
Do ponto de vista teórico, os defensores da manipulação virtual argumentam que a
alegação de que a fisicalidade é um requisito para a aprendizagem não é fundamentada em
nenhuma das principais teorias de aprendizagem, mesmo considerando-se aspectos
construtivistas ou cognitivos. A teoria construtivista, por exemplo, enfatiza a importância do
papel ativo dos alunos na sua própria aprendizagem, mas não enfatiza a necessidade de se
utilizar manipulações físicas de objetos.
38
Já a teoria cognitiva, por sua vez, centra-se na premissa de que os alunos processam
ativamente informações através da prática e experimentação que lide com uma habilidade em
particular. Triona e Klahr (2003) comprovaram que essa experimentação é perfeitamente
factível através do uso de modelos virtuais.
Schaf et al. (2009) desenvolveram um estudo de caso simples com o uso de LVAs do
tipo de controle de circuito fechado em experiências remotas, descrevendo os resultados
práticos desta aplicação em ambientes em educação de engenheiros de controle e automação.
Neste estudo, na área de sistemas de controle, a motivação dos alunos foi comparada entre um
semestre convencional e outro, utilizando a metodologia "blended learning", isto é, em um
misto de ensaios reais e virtuais. O resultado foi que a taxa de aprovação dos alunos aumentou
consideravelmente, chegando a 90%, o que representou um acréscimo de 23% sobre a
aprovação no semestre anterior, apenas com aulas tradicionais.
Tatli e Ayas (2010) citam que, inicialmente, os laboratórios virtuais foram usados para
validar o conhecimento teórico, mas, ultimamente, transformaram-se em ambientes onde os
alunos descobrem livremente o conhecimento de maneira individual ou em grupo. Nesse
sentido, os laboratórios virtuais emergiram como uma solução alternativa para os problemas
da instrução aplicada. Segundo os autores, a revisão da literatura mostra que o uso de LVA
com base na abordagem de aprendizagem construtivista está aumentando muito,
principalmente na escola secundária e em nível universitário.
Tatli e Ayas (2010) citam como resultados dos seus estudos que os efeitos de
aplicações virtuais não são os mesmos para todos os estudantes. Em algumas das aplicações
dos laboratórios virtuais os alunos participantes disseram que estas são muito eficazes e úteis,
enquanto outros afirmam que não. Neste último caso, diziam que os laboratórios físicos eram
melhores do que os virtuais porque nestes últimos não há sensações como tocar ou cheirar.
Em contrapartida, Tatli e Ayas (2010) notaram que os alunos que participaram de
aplicações virtuais são melhores em relatar o processo experimental quando comparados com
estudantes de grupos de controle, participantes de aplicações em laboratório físicos. Outras
características dos laboratórios virtuais que os alunos referenciaram é que eles gostam porque
são visualmente mais atraentes, permitindo a repetição de demonstrações que não entenderam
ou como revisão para os exames ou provas. Também o pesquisador Zervas (2015) cita que
laboratórios virtuais e laboratórios remotos têm sido atribuídos com um maior nível de
eficácia, aumentando o interesse dos alunos em ciência e seu envolvimento em atividades de
aprendizagem relacionadas, em comparação com laboratórios tradicionais.
39
forte vínculo com três dos quatro campos da ciência da informação – a ciência da
computação, a ciência cognitiva (incluindo inteligência artificial) e a comunicação,
todos com seus estudos e pesquisas em expansão.
41
porque eles são uma alternativa mais econômica à construção de laboratórios reais,
mesmo que seu sentido seja complementá-los e não substituí-los.
porque seu desenvolvimento baseia-se muitas vezes em conceitos de realidade
virtual e em softwares cada vez mais diversificados, poderosos e com custo menor.
porque, nos últimos anos, paralelamente ao desenvolvimento dos aplicativos de
LVA, têm surgido aplicativos e ambientes para aprendizagem colaborativa, e a
convergência de esforços em se obterem soluções de LVA e de ambientes virtuais
colaborativos de aprendizagem potencializando o uso e os benefícios de ambas.
Já para Veljko et. al. (2016) existem diversas vantagens de um laboratório virtual
sobre o físico, independentemente do laboratório virtual ser usado na web ou não.
Para Wang et al. (2015), os resultados de suas pesquisas mostraram que tanto
laboratórios virtuais como laboratórios remotos foram mais eficazes no desenvolvimento dos
alunos em habilidades de investigação científica, em comparação com o modelo de
aprendizagem tradicional, especialmente nas dimensões de conhecimentos sobre processos,
habilidades abrangentes do experimento, atitude na aprendizagem, habilidades de
comunicação e habilidades de reflexão. Além disso, o grau de aceitação dos estudantes para
os seis grandes módulos de aprendizagem do programa aplicado também mostrou que os
estudantes tendem a aceitar o uso do processo mais abrangente e habilidades reflexivas do
experimento virtual preferencialmente.
que ocorrem naturalmente. Isso pode reduzir a carga cognitiva e promover uma mudança
conceitual, enriquecendo e ampliando o uso de experiências virtuais. Em relação a esta
mudança conceitual, tem havido uma série de estudos que demonstram que experimentos
virtuais podem alcançar objetivos de aprendizagem, assim como as experimentações físicas
podem. (KLAHR, TRIONA 2007; ZACHARIA et al.2008).
As recentes tecnologias de base informática abriram novas perspectivas para o ensino
e aprendizagem das ciências em geral. Um dos diversos modos de utilização do computador,
como as simulações, permitiu a diversificação de estratégias no ensino. O professor dispõe de
novas possibilidades para transmitir conteúdos e os alunos dispõem de uma maior variedade
de meios para aprender. Os modos de utilização que disponibilizam formas de aprendizagem
interativas são particularmente promissores para aprender ciências. O uso de simulações nas
diversas áreas do conhecimento tem crescido de forma intensa. Na área educacional, em
particular, as simulações vêm sendo exploradas como uma ferramenta complementar de
atividades didáticas convencionais.
Conforme Focking (1999), a Simulação é a representação ou modelagem de um objeto
real, de um sistema ou evento. É um modelo simbólico e representativo da realidade que deve
ser utilizada a partir da caracterização dos aspectos essenciais do fenômeno. Isto significa que
a simulação deve ser utilizada após a aprendizagem de conceitos e princípios básicos do tema
em questão.
As simulações são classificadas de acordo com o uso de computadores em educação
como aprendizagem por descoberta, possibilitando aos alunos utilizar o computador para
explorar e usar habilidades para a solução de problemas. Oferecem ao aprendiz a
possibilidade de desenvolver hipóteses, testá-las e refinar conceitos. Além disso, em certas
situações, as simulações substituem experimentos reais com grande vantagem (FOCKING,
1999). Esta modalidade destaca-se também pela grande utilidade para trabalhos em grupo,
sobretudo para situações em que envolve a tomada de decisões.
Segundo Cardoso (1998), as simulações têm demonstrado serem ferramentas de
aprendizagem muito efetivas, ainda que os professores tenham sido lentos para explorarem
este claro potencial. Em estudos comparando programas de simulações com laboratórios
tradicionais demonstrou-se que, embora a aquisição de conhecimento por ambos os grupos
tenha sido a mesma, os estudantes tiveram uma atitude mais positiva na utilização em
programas deste tipo, e que o custo de laboratórios convencionais baseados nesta abordagem
foi de cinco vezes maior. A aprendizagem com simuladores é significativamente maior que os
45
outros tipos. Porém, para promover seu uso na educação é necessário facilitar o seu
desenvolvimento e maximizar o seu uso.
Simulações computacionais vão além das simples animações. Elas englobam uma
vasta classe de tecnologias, do vídeo à realidade virtual, que podem ser classificadas em
certas categorias gerais, baseadas fundamentalmente no grau de interatividade entre o
aprendiz e o computador (KENNEPOHL, 2001). Tal interatividade consiste no fato de que o
programa é capaz de fornecer não apenas uma animação isolada de um fenômeno em causa;
mas, uma vasta gama de animações alternativas selecionadas através do input ou entrada de
parâmetros ou variáveis pelo estudante.
Desta forma, por exemplo, para ilustrar a vazão da água dentro de um canal, uma
simulação pode permitir ao estudante a escolha de parâmetros relevantes tais como
porcentagem de abertura do registro de entrada de água, declividade do canal, rugosidade do
mesmo e diversas posições de uma comporta na saída no canal, represando mais ou menos a
água, interferindo desta maneira na velocidade de escoamento, para os quais o programa
fornece as respectivas animações geradas a partir de interações dos alunos com o sistema.
Para Billhardt (2004), pode-se considerar uma simulação como boa quando usa a
complexidade que é apropriada para os objetivos de aprendizagem, metas da experiência que
está sendo simulada e faz a simulação experimental tão fácil quanto possível de entender para
o estudante. Ao usar simulações computacionais baseadas num modelo da realidade física, as
ações básicas do aluno consistem em alterar valores de variáveis ou parâmetros de entrada e
observar as alterações nos resultados.
Evidentemente, qualquer simulação está baseada em um modelo de uma situação real,
modelo matematizado e processado pelo computador a fim de fornecer animações de uma
realidade virtual. A construção, portanto, de uma simulação computacional pressupõe,
necessariamente, a existência de um modelo que lhe dá suporte e que lhe confere significado.
Embora as simulações não devam substituir por completo a realidade que representam,
principalmente pela representação complexa de fenômenos naturais, de difícil modelagem
matemática, elas são bastante úteis para abordar experiências difíceis ou impossíveis de
realizar na prática (por serem muito caras, muito perigosas, demasiado lentas, demasiado
rápidas, etc.). Quando estas simulações revestem-se de um caráter de ''jogo'', fornecem uma
recompensa pela realização de certo objetivo, pois tendem a manter a atenção dos alunos
sobre o objeto de aprendizagem abordado Fiolhais e Trindade (2003).
O acesso a boas simulações contribui para solucionar algumas questões no ensino das
ciências Good (1990). De fato, os alunos que estão formando e desenvolvendo seu
46
pensamento sobre determinadas matérias científicas encontram problemas típicos que podem
ser resolvidos por ambientes de simulação orientados por preocupações pedagógicas. Isto
pode ser realizado numa fase inicial da aprendizagem dessas matérias, pois os alunos não
necessitam de dominar todo o formalismo matemático para explorar uma dada simulação.
Pelo contrário, se aos estudantes só forem fornecidas equações como modelo da realidade,
eles serão colocados numa posição onde nada nas suas ideias comuns é parecido ou
reconhecido como física. Esta é uma situação que obviamente dificulta a aprendizagem,
segundo Papert (1980).
nos laboratórios presenciais é comum o aluno estar acompanhado do professor e dos colegas
de aula, havendo revezamento no uso do material, visto que a falta de recursos financeiros,
muitas vezes, inviabiliza que cada aluno disponha de todo o conjunto de instrumentos e
materiais necessários às suas experiências. Já nos laboratórios remotos, não é necessária a
presença do aluno na instituição para que este possa realizar seus experimentos. Este tipo de
ferramenta oferece ao aluno uma interface que lhe permite a manipulação à distância de
instrumentos. Odeh (2014) aponta também a mesma divisão dos modelos de laboratórios com
características semelhantes às de Schimidt e Tarouco (2008).
Há amplas evidências sobre o uso de plataformas de aprendizagem virtuais nas salas
de aula ao longo da última década. Essas tecnologias de laboratórios virtuais têm mostrado
fornecer novas opções como ferramentas educacionais eficazes para conferir oportunidades
importantes do ponto de vista pedagógico para melhorar a qualidade do ensino e da
alfabetização em ciências (KOREY, 2009).
Conforme discutem Callaghan et al. (2008) e Ramos-Paja et al. (2010), é importante
salientar que os estudantes nem sempre dispõem de um acesso direto a laboratórios para
realizar seus experimentos, embora seja muito importante que os mesmos desenvolvam
atividades práticas para que se apropriem do conhecimento necessário a sua futura prática
profissional.
Desse modo, dispor de um acesso remoto ao laboratório da instituição de ensino pode
ser uma ótima opção para aqueles alunos que não têm condições de se deslocarem até o
laboratório presencial. Nos LVA os alunos interagem com representações virtuais que
reproduzem o ambiente de um laboratório real. Este tipo de aplicação é totalmente baseado
em simulações, dispondo somente de representações computacionais da realidade.
Alguns exemplos de Laboratórios Virtuais são: Sloan Digital Sky Survey
http://www.sdss.org/; SOAR (SOuthern Astrophysical Research http://www.soartelescope.
org/; Projeto Arca http://www. pgie. ufrgs. br/projetos/arca/; Virtual Scanning Electron
Microscope http://www. virtualsem. com/; Engineering Virtual Laboratory
http://www.jhu.edu/virtlab/virtlab.html; Learn Genetics http://learn.genetics.utah.edu/ ; The
Chemistry Collective http://www.chemcollective.org/; NVO (US National Virtual
Observatory) http://www.virtualobservatory.org/; entre outros.
A possibilidade de experimentação prática nos laboratórios virtuais é um elemento
essencial à eficácia destas plataformas, no que tange à sua função educacional. Dalgarno et al.
(2009) confirmam esta constatação em sua pesquisa realizada com o uso de um laboratório
virtual como meio de preparação dos estudantes para as sessões em laboratório real. Iowa
50
(1999) argumenta que o LVA não deve ser visto como um substituto do laboratório real, mas
sim como uma ferramenta complementar capaz de gerar novas oportunidades em situações
comumente dificultadas por questões financeiras, quando no contexto de uso dos laboratórios
reais.
Dentro deste contexto de campus virtual é que o laboratório será representado, e num
destes “prédios virtuais” terá acesso ao laboratório virtual de hidráulica, fazendo uma imersão
neste contexto de ambiente laboratorial, como mostram as figuras 10 e 11.
4 TRABALHOS CORRELATOS
Uma nova geração de aprendizes, imersos nas tecnologias que envolvem a utilização
de mensagens de texto, hipertextos, videogames, smartphones e mídias sociais, vem surgindo
a cada dia. Estes aprendizes possuem uma mentalidade e um estilo de aprendizagem diferente
em relação às gerações anteriores, principalmente porque se sentem igualmente confortáveis
aprendendo e interagindo, social e educacionalmente, tanto no mundo virtual como no real
(KAPP; O’DRISCOLL, 2010).
Corroborando isto, Tibola (2014) cita que a geração deste milênio tem um contato
intenso com dispositivos tecnológicos como smartphone, tablet, notebook, e estes são muitas
vezes inseparáveis para eles. Por outro lado, o professor precisa compreender estas pessoas,
hábitos, relações sociais, que tecnologias usam e o que os motiva e se engajar a eles. Assim, o
professor pode se apropriar desses interesses para alcançar as metas pedagógicas.
Laboratórios virtuais, com diferentes tipos de simulações, têm um papel importante na
educação em engenharia e no treinamento e capacitação nesta área. Embora o conceito não
seja novo, há uma série de questões abertas que devem ser pesquisadas, resolvidas e
devidamente implementadas de modo a estruturar pedagogicamente o uso desses recursos
(STEFANOVIC, 2013).
Dormido (2003) traz uma importante proposta a todos os educadores:
Os educadores devem ter uma atitude aberta para novas tecnologias. Eles devem,
de forma sensata, incorporar novos desenvolvimentos tecnológicos para evitar o
risco de ensinar a estudantes de hoje, a forma de resolver os problemas de
amanhã, com as ferramentas de ontem (p. 317).
eletrônico dos componentes de laboratório é muito boa, enquanto 64% considera muito
importante o fato de que os alunos podem avançar o laboratório em seu próprio ritmo.
Pyatt (2012), num estudo com alunos do segundo grau de química, investigou as
dimensões de aprendizagem que ocorrem em laboratórios físicos e virtuais. Este estudo foi
realizado durante um período de dois anos e utilizou um desenho cruzado experimental que
consistiu de dois ensaios separados de investigação laboratorial. Dados de avaliação e dados
comportamentais foram recolhidos e analisados para medir o valor de instrução de
experiências de laboratórios físicos e virtuais em termos de desempenho e as atitudes dos
alunos.
No primeiro teste não houve diferenças significativas entre os escores médios de
avaliação para o laboratório virtual e grupos de laboratório físicos. Num segundo teste, os
resultados mostram que as notas de avaliação para o controle do grupo de alunos do
laboratório físico foram significativamente menores do que as notas de avaliação médios para
o grupo de alunos do laboratório virtual. Os alunos mostraram atitudes positivas em relação às
experiências físicas e virtuais e demonstraram uma preferência para experiências baseadas em
indagações físicas ou virtuais. Os estudantes que realizaram os experimentos virtuais tiveram
uma maior facilidade de utilização de equipamentos, bem como um grau mais elevado de
abertura para o diálogo e questionamentos.
Mustafas e Haltas (2016) comentam que atualmente a modelagem de sistemas e
simulações é essencial na engenharia, especialmente em sistemas de controle automático. Em
muitas universidades, os currículos de graduação incluem sistemas e cursos de controle com
modelagem dinâmica e simulações em seus currículos. O laboratório de controle virtual
proposto (VCL) foi desenvolvido como uma ferramenta educacional para acompanhar o curso
de sistemas de controle automatizado no Departamento de Engenharia Elétrica e Eletrônica da
Universidade Técnica de Karadeniz, na Turquia. As opiniões dos alunos mostraram resultados
satisfatórios com a média 4 de um máximo de 5, nas questões apresentadas baseados no uso
do VCL.
Para Villalba et al. (2008), os laboratórios virtuais são ferramentas educacionais
eficazes para a formação de engenheiros de processo e de operadores de plantas industriais.
Eles fornecem uma forma flexível e metódica para definir experiências de fácil utilização a
serem executadas por um modelo matemático, permitindo que os usuários possam projetar e
executar as suas próprias experiências simuladas. Como resultado, os usuários tornam-se
participantes ativos em sua própria aprendizagem em processos, o que os motiva a aprender.
55
O mesmo autor destaca que os laboratórios virtuais são compostos de uma simulação
do modelo matemático que descreve as propriedades relevantes do sistema; de uma interface
de usuário interativa; e de uma narrativa, a qual fornece informações sobre o sistema e a
utilização do laboratório virtual. Em alguns casos, o laboratório virtual destina-se a imitar, em
tempo real, a resposta de uma planta fabril, permitindo ao utilizador efetuar decisões
importantes do processo em execução.
Neste tipo de aplicação, o usuário tem permissão para executar ações interativas sobre
o modelo, a qualquer momento durante a execução da simulação. O usuário também pode
alterar o valor das entradas do modelo, parâmetros e variáveis de estado, percebendo, de
imediato, como estas mudanças afetam o modelo dinâmico.
Segundo Ranjam (2013), no projeto de Laboratórios Virtuais que elaborou, chamado
Virtual labs, para uso em mais de cem faculdades de engenharia em toda a Índia e entorno de
100.000 estudantes, os LVA fornecem vantagens de custo reduzido. Segundo o pesquisador,
os laboratórios virtuais têm o potencial de atender a muito mais estudantes em oposição a um
laboratório físico, além de ser mais rentável.
Laboratórios Virtuais fornecem a vantagem de custos menores devido aos seguintes
motivos:
Laboratórios Virtuais podem ser usados fora dos horários regulares de laboratório.
Laboratórios Virtuais podem ser usados todos os dias, incluindo o fim de semana.
Stefanovic (2013) cita que o número de pesquisas que têm focado na avaliação da
eficácia de laboratórios virtuais, baseadas na satisfação dos alunos, nos resultados ou mesmo
no impacto educacional da aprendizagem, tem crescido. Segundo o autor, alguns problemas
são recorrentes e devem ser tratados com atenção quando do desenvolvimento e uso de
laboratórios virtuais. Alguns pontos a serem observados são:
58
Para Chiu (2015), no seu estudo com alunos da área de ciências, a pesquisadora
investigou como combinar experiências físicas e virtuais em laboratórios de ciência
simultaneamente e como experiências virtuais podem ajudar os alunos a construir ideias
intuitivas e desenvolver explicações sobre os fenômenos físicos ocorridos no experimento. As
descobertas sugerem que o experimento virtual Lab Quadro Gás, que ela utilizou, ajudou
alunos do ensino médio a desenvolver uma compreensão geral do comportamento do
experimento, evidenciado por um aumento significativo das notas do pré-teste para o pós-
teste.
Diwakar (2013), em seus estudos com LVA com alunos de ensino secundário,
verificou que do total de alunos 71% concordaram que eles compreenderam melhor os
conceitos com o novo formato usando LVA, em comparação com o laboratório tradicional.
90% dos estudantes sentiram que este laboratório motivou-os a trabalhar em um laboratório e
67,5% perceberam que estes laboratórios são mais acessíveis como eles poderiam realizar
59
experimentos a partir de seus lares. No geral, cerca de 75% dos estudantes gostaram deste
formato de laboratório virtual mais do que o tradicional e 100% deu um feedback que esses
laboratórios devem ser disponibilizados em outros cursos também.
Pesquisas demonstram que os alunos muitas vezes esforçam-se para entender
conceitos científicos difíceis, porque eles têm dificuldade em integrar explicações
cientificamente normativas em sua base de conhecimento existente (ERICKSON,
TIBERGHIEN, 1985; JONES, CARTER, RUA, 2000), especialmente para tópicos que
incluem níveis não observáveis, como as leis de gases e teoria cinética molecular. Nesta tese,
que trata de laboratórios virtuais em mecânica dos fluidos e hidráulica, na prática laboratorial
acontecem diversos fenômenos físicos não claramente observáveis que levam os alunos a ter
dificuldade no entendimento dos fenômenos físicos que acontecem na prática laboratorial.
Num estudo efetuado por Salaheddin et al. (2015), num total de 30 estudantes de
engenharia de Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Khadoori, efetuou-se
uma comparação do uso de laboratórios físicos e virtuais sobre as percepções e respostas dos
alunos. A análise dos resultados mostrou que os alunos acham que os laboratórios virtuais
e/ou remotos são mais fáceis de usar. Com eles é mais fácil de entender o conceito da teoria,
estão disponíveis o tempo suficiente para os estudantes familiarizem-se com o laboratório,
satisfazem de uma maneira melhor para conhecer a teoria, sendo um ambiente seguro e sem
riscos de qualquer tipo, possibilitando o progresso de novas habilidades, encorajando o
trabalho de equipe e mostrando-se um lugar confortável para trabalhar.
Branovic et al. (2013) desenvolveram um laboratório virtual para os diferentes cursos
introdutórios de computação, e nesta experiência os pesquisadores comprovaram a eficácia da
aprendizagem colaborativa como uma prática educativa com o uso de laboratórios virtuais.
Este tipo de uso ajudou na aquisição de habilidades cognitivas e de resolução de problemas de
nível superior. Os LVA apresentam muitas vantagens em relação aos métodos tradicionais de
ensino, embora não diretamente avaliáveis e mensuráveis.
Xu (2014) comenta que soluções de laboratórios reais existentes geralmente exigem
um esforço significativo para construir: custo alto, dificuldades em configurar e manter,
muitas vezes não suportam reconfiguração, flexibilidade e escalabilidade. Segundo o
pesquisador, o sistema transcende os limites de tempo e espaço dos laboratórios tradicionais, e
proporciona experiências que não só permitem horários flexíveis, mas também permitem aos
alunos concentrar-se no conteúdo e não na criação do ambiente.
60
Nos seus estudos com 604 alunos de pós-graduação e 530 alunos de graduação, com
LVA chamado V-lab, os resultados mostraram que os estudantes que usam V-Lab
conseguiram melhores notas nos testes em comparação com os laboratórios tradicionais.
Tomic (2012), ao implementar um laboratório virtual de ensino em técnicas de
estimativa de frequência, com baixo custo e seguro, verificou que houve uma motivação
grande por parte dos alunos, incentivando a interação e a descoberta pela experimentação.
Segundo Farrokhnia e Esmailpour (2010), existem muitas vantagens evidentes para o
uso de simulações baseadas em recursos computacionais. Laboratórios virtuais têm como
grandes vantagens a portabilidade, a segurança, a relação custo versus eficiência, a
minimização de erros, a amplificação ou a redução de dimensões temporais e espaciais, a
flexibilidade, a rapidez e a exposição dinâmica dos dados. Em um estudo realizado por esses
autores, com 100 alunos de graduação que utilizaram laboratórios virtuais de circuitos
elétricos, foi possível concluir que se pode recomendar que os laboratórios virtuais
substituam, de forma eficaz, o equipamento de laboratório real. Não se sugere que as
simulações promovam aprendizagem conceitual de instalação e manipulação de
equipamentos, mas que, se razoavelmente bem desenhadas, possam ser ferramentas úteis para
uma variedade de contextos que podem promover a aprendizagem do aluno.
Os mesmos pesquisadores sugerem que o uso de LVA seja preconizado em apenas
algumas condições citadas abaixo:
Segundo Pati et. al. (2012), deve-se conectar o uso de LVA a objetivos de
aprendizagem específicos. É importante haver uma ligação entre uma experiência de
laboratório e os conceitos que se quer ensinar. Cada exercício de laboratório deve ter uma
conexão clara com um objetivo específico, comportando-se como uma ferramenta de
aprendizado individualizado.
61
Um laboratório virtual, acima de tudo, precisa ser uma ferramenta que motive os
alunos para o trabalho adicional, a investigação e a busca por soluções. Os alunos devem ser
motivados a ter um trabalho autônomo, por um lado, e, por outro, desenvolver um ambiente
de colaboração de modo que possam compartilhar os resultados e cooperar com os seus
colegas.
Lustigova e Novotina (2012) citam que cursos com aulas laboratoriais desempenham
um papel crítico na educação de ciência e engenharia. Ainda há um desacordo entre os
educadores de ciências e engenharia sobre se e que tipos de trabalho de laboratório mediados
por tecnologia devem ser envolvidos para promover melhor a compreensão conceitual,
habilidades de design e competências profissionais dos alunos.
Os investigadores investigaram quais aspectos das experiências em laboratório são
mais importantes para os alunos e se aquelas características dos laboratórios têm uma relação
do aprendiz com o conhecimento prévio. Eles indicam que, durante o trabalho de laboratório,
os alunos também estão desenvolvendo habilidades de aprendizagem colaborativa, que são
vitais para o sucesso de muitos empreendimentos ao longo da vida.
Há muitas razões porque tem havido relativamente poucas avaliações educacionais de
laboratórios e talvez poucas publicações abordando isto: a mais recente indica que tecnologias
são construídas por engenheiros e cientistas que costumam escrever sobre questões técnicas
do projeto, em vez de questões de avaliação educacional e propostas pedagogicamente bem
concebidas. A perspectiva construtivista também sugere que os alunos individuais podem
melhor construir e reter o conhecimento como resultado do controle interativo que exercem
sobre o aparelho de aquisição de dados em laboratórios virtuais ou remotos ou baseados em
simulações. Ao contrário, de um laboratório tradicional, alguns alunos podem assumir um
papel passivo na organização de atividades e coletando dados.
Frerich (2014) afirma que experiências de laboratório devem estar disponíveis para um
grande número de estudantes no ensino da engenharia, especialmente em momentos em que o
número de alunos é ainda mais crescente. Laboratórios virtuais e laboratórios remotos são
ferramentas inovadoras usadas para melhorias no ensino, podendo ser usados como
ferramentas inovadoras no fornecimento de experiências de laboratório, criando cenários os
mais realistas possíveis.
Os engenheiros têm que resolver problemas na vida profissional e "fazer as coisas
funcionarem"; portanto, a capacidade de transferência de conhecimentos teóricos para
aplicações práticas é crucial. Normalmente, eles combinam conhecimentos teóricos com
experiência prática em laboratórios, onde executam experimentos e analisam o
62
Nickerson et. al. (2007) usaram vários instrumentos para medir a eficácia do uso de
laboratórios virtuais, tal como levantamento de opinião dos alunos sobre sua aprendizagem e
atitudes, o relatório sobre a prática laboratorial, testes de pré e pós-laboratório, assim como
resultados de exames. Os testes pré-laboratoriais foram projetados principalmente para medir
o nível de preparação dos alunos antes dos testes de laboratório e pós-laboratoriais foram
concebidos para medir a aprendizagem resultante após o módulo de sessões de laboratório.
Diwakar et al. (2016) relatam estudos de caso com base na implantação de 20
laboratórios virtuais baseados na Web com mais de 170 experiências on-line em
Biotecnologia e disciplinas de engenharia biomédica com conteúdo para o ensino de
graduação e pós-graduação. Para estes pesquisadores, as aulas práticas em laboratório têm um
papel vital tanto na engenharia como na educação científica em geral.
O custo financeiro para o desenvolvimento de instalações de experimentação físicas,
dificuldades em manter o equipamento do laboratório e da falta de professores treinados
foram os principais inconvenientes para muitas instituições em países em desenvolvimento
como a Índia. Isto incentivou o desenvolvimento de laboratórios virtuais, e esta é uma
realidade lamentavelmente vivida também no Brasil, em muitos centros de ensino.
No trabalho de Park et al. (2016), ferramentas de simulação em laboratórios virtuais
para fins educativos foram desenvolvidas para melhorar a compreensão de estudantes
universitários em cursos relacionados a comportamento estrutural do concreto. Como
estudantes de graduação aprendem sobre a estrutura de concreto, eles geralmente atingem
limites em relação à sua compreensão do comportamento em falhas nos materiais. O
fornecimento de uma ferramenta de simulação realista, o “Virtual Concrete Structure
Laboratory", para fins educacionais na engenharia, permite aos alunos obter uma visão virtual
da experiência prática para aprender sobre a estrutura do concreto. O principal objetivo deste
trabalho é mostrar a eficácia deste laboratório virtual no ensino de engenharia civil.
Diferentes tipos de testes de vigas foram realizados com o laboratório virtual e os
resultados foram positivos como os pesquisadores esperavam. O programa de análise
estrutural linear permitiu aos alunos compreender o comportamento elástico linear,
comparando os resultados de uma solução analítica com os de análise numérica. O programa
de análise de falhas de concreto permitiu aos alunos compreender o comportamento das
fragilidades do concreto.
Dos 28 alunos que usaram o laboratório virtual, 20 manifestaram que foi útil (72%), 6
alunos manifestaram que foi pouco útil (21%) e 2 estudantes manifestaram que não foi útil
(7%). No total, 93% dos alunos responderam que a parte de visualização do laboratório virtual
64
foi útil para melhorar a sua compreensão e, segundo os pesquisadores, a pesquisa mostra que
a realização de uma experiência virtual é tão útil como uma experiência real para fins
educacionais.
65
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
alguma coisa, "as pessoas interagem com o seu ambiente e manipulam seus
objetos, observando os efeitos dessas intervenções e construindo suas próprias
interpretações do fenômeno e dos resultados da manipulação" (JONASSEN, 1996,
p. 8). Desta maneira, um aprendizado real exige aprendizes ativos, sendo que o
aluno deve estar envolvido numa tarefa significativa, onde manipule objetos e o
ambiente onde está trabalhando. Ao fazê-lo, observa os resultados desta
manipulação e tira conclusões sobre o resultado das suas interações, construindo
novos significados, os quais podem funcionar como pré-requisitos para outros
significados mais complexos.
Aprendizagem Construtiva (Articulativa/Reflexiva): Para existir aprendizagem
significativa, a ação é necessária, mas não é suficiente. "Os aprendizes devem
refletir a respeito da sua atividade e de suas observações para aprender a lição que
esta atividade tem para ensinar" (JONASSEN, 1996, p. 9). Os alunos constroem
seu próprio significado para a experiência e, quanto maior for a reflexão sobre o
processo e sobre o que aprenderam, maior será o entendimento e a capacidade de
transferir o conhecimento construído.
Aprendizagem Cooperativa (Colaborativa/Conversacional): As pessoas, de uma
maneira geral, trabalham e vivem em comunidades. É muito comum e natural
solicitarem ajuda para a execução de tarefas e para a resolução de todo tipo de
problema, sendo uma atividade quase inata do ser humano o pedir ajuda e
orientação, cooperando quando há necessidade. Para Jonassen (1996), os alunos
"trabalham na construção da aprendizagem e do conhecimento, construindo
comunidades, explorando as habilidades de cada um, enquanto fornecem apoio
moral e colaboram entre si, observando as contribuições de cada membro"
(JONASSEN, 1996, p. 73). A partir dessa premissa, os professores devem
promover métodos colaborativos de aprendizagem, pois, desta forma, estariam
alinhados a uma estratégia natural do comportamento humano.
Aprendizagem Autêntica (Complexa/Contextualizada): Muitos educadores
simplificam demais os conceitos a fim de transmiti-los mais facilmente aos alunos.
Segundo Jonassen, isso é um erro, pois leva a supor que o mundo é simples e
confiável quando, na verdade, os problemas do mundo real são complexos, mal
estruturados e irregulares. Pesquisas têm mostrado que as ações de aprendizagem
situadas em atividades do mundo real (problemas reais) ou simuladas em
problemas com base no meio da aprendizagem são mais entendidas e também mais
69
Segundo Moreira (2011), para existir aprendizagem significativa precisa ter dois
fatores imprescindíveis: o conhecimento prévio ou subsunçores sobre o que se vai aprender e,
não menos importante, a existência de pré-disposição para aprender por parte do aprendiz. O
objetivo do laboratório virtual é favorecer consideravelmente a aprendizagem construtiva
(articulativa/reflexiva), instigando o aluno a interagir com os materiais pedagógicos
elaborados (mind tools). Durante o processo de análise de um experimento simulado que
apresente um conceito ou o funcionamento de um determinado dispositivo, o aluno estará
relacionando esta nova situação com os conteúdos já existentes na sua estrutura cognitiva, de
forma não arbitrária e substantiva.
Ao interagir com as simulações, alterando parâmetros como, por exemplo, o ângulo de
abertura de uma comporta, os tempos de abertura de um reservatório ou, ainda, aumentando a
vazão num canal, permite-se a observação dos efeitos dessas manipulações, incitando à
reflexão. Ao observar e refletir sobre os diferentes resultados nos contextos apresentados, o
aluno está se valendo destes para aperfeiçoar sua estrutura cognitiva, ampliando o número de
conexões entre os conhecimentos envolvidos e criando relações entre eles de modo lógico e
significativo. Progressivamente o subsunçor vai ficando mais estável, mais diferenciado, mais
rico em significados, podendo cada vez mais facilitar novas aprendizagens.
Essas premissas são necessárias tanto em nível do processo quanto dos objetos de
aprendizagem utilizados. Segundo Jonnassen (2000), o uso de tecnologias de informação e
comunicação ou, mais precisamente, o que ele chama de "mind tools" (ferramentas mentais),
deve engajar os alunos numa aprendizagem significativa, onde estejam intencional e
ativamente envolvidos, processando informações enquanto exercem tarefas autênticas. Com
70
A pesquisa adotada para esse estudo foi realizada através de uma abordagem mista,
com vertentes quantitativas e qualitativas. Segundo Mattar (2001), uma pesquisa conclusiva
tem ênfase na objetividade, com resultados quantificáveis. Nesse sentido, foram avaliadas as
percepções dos alunos em relação ao uso do laboratório virtual, bem como o seu desempenho
final na disciplina, quer na forma de conceitos quer na de notas de um teste de conhecimentos.
No que diz respeito à vertente qualitativa, esta foi utilizada de acordo com o proposto
por Malhotra (2001), o qual explica que este tipo de abordagem preocupa-se com a
profundidade do contexto pesquisado, tem ênfase na subjetividade e os dados não são
mensuráveis. Com esse objetivo, foram descritas e analisadas as opiniões dos alunos em
questões abertas que versavam sobre aspectos positivos e negativos do uso do laboratório
virtual de aprendizagem. Em função do grande número de registros obtidos a partir das
manifestações dos alunos nessas questões e da maior complexidade de análise para dados
qualitativos, os resultados apresentados limitam-se aos aspectos quantitativos do estudo.
As técnicas de coleta de dados exploradas foram as pesquisas bibliográfica e
documental, bem como o questionário. Segundo Malhotra (2001), a pesquisa bibliográfica
serve para a revisão da literatura e construção do referencial teórico, tendo-se utilizado,
principalmente, livros e artigos científicos. A pesquisa documental, por sua vez, foi
fundamental para a obtenção dos resultados referentes ao desempenho dos alunos.
Foram fontes para essa pesquisa os registros acadêmicos levantados com autorização
pelas respectivas comissões de carreira dos cursos de engenharia nas respectivas disciplinas, a
partir dos quais se obtiveram os conceitos finais de cada aluno. Além disso, como documentos
consultados, foram utilizados os testes de conhecimento aplicados nas referidas disciplinas.
O questionário, conforme a definição de Marconi e Lakatos (2008, p.86), "é um
instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem
ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador". Nesta pesquisa, foi adotado
um questionário com 32 perguntas, estando apresentadas nos resultados somente aquelas do
tipo de múltipla escolha.
Como técnicas de análise de dados, foi utilizada a análise estatística, com tabulação e
estatística descritiva dos dados, seguida de uma análise de variância para os dados
quantitativos e de independência (Chi-quadrada) para os dados qualitativos. Inicialmente, a
fim de viabilizar uma Análise de Variância (ANOVA) sobre o desempenho dos alunos, o
conceito final foi codificado para valores entre 0 e 10, conforme as regras adotadas pelos
72
professores das disciplinas. Assim sendo, ao conceito "A", por exemplo, foi associado o valor
de 9,5, que é o ponto intermediário de uma média que fica na faixa de 9,0 a 10. Ao conceito
"B" foi associado o valor de 8,5; ao conceito "C", o de 6,75; e ao conceito "D", o valor de 3,0.
A reprovação por infrequência (F) teve um valor codificado como zero.
Após a conversão dos conceitos em notas, conforme os critérios descritos, procedeu-se
a análise de variância para os desempenhos dos alunos, tendo-se adotado como fator de
separação dos grupos o uso ou não do LVA. As análises foram realizadas de forma global
(todos os alunos disponíveis), bem como para diferentes casos como: grupos separados por
curso e ter sido ou não reprovado na disciplina anteriormente (1, 2 ou 3 vezes).
Utilizando-se os mesmos critérios de agrupamento, também foram analisados os
resultados dos testes teóricos, comparando-se diretamente as notas dos alunos que usaram e
que não usaram o LVA. Finalmente, a fim de verificar se a codificação dos conceitos foi
adequada, foi feita uma análise comparativa entre o perfil (conceitos) dos alunos que
utilizaram e que não utilizaram o LVA. Isto foi feito a partir de um teste de independência de
perfis com a distribuição Chi-Quadrada. Todos os testes foram realizados utilizando-se o
software Minitab, versão 17.1.0, com nível de significância de 5%.
No que diz respeito às unidades de estudo da pesquisa, o laboratório virtual de
aprendizagem Hidrolândia foi utilizado em aula presencial nos cursos de Engenharia, em
turmas de Mecânica dos Fluidos, coordenadas pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sua aplicação ocorreu desde o segundo semestre
de 2012 (2012/2) até o primeiro semestre de 2015 (2015/1), totalizando quatro semestres de
aplicação.
A disciplina de Mecânica dos fluidos é uma disciplina que, na UFRGS, está
programada para ser oferecida após a metade dos cursos de engenharia, sendo cursada entre o
6º e o 7º semestres. Nesta pesquisa, participaram 414 alunos, de 19 turmas, sendo que 158
fizeram uso do LVA (37%) e 261 não o utilizaram (63%). Em relação aos cursos dos alunos
pesquisados, 363 pertenciam à Engenharia Civil (87,7%), 49 à Engenharia Ambiental (11,8%)
e 2 à Engenharia de Produção (0,4%).
Em termos de relação com a disciplina, 62,6% dos alunos estavam cursando a
disciplina pela primeira vez e 37,4% eram repetentes, sendo que os alunos avaliavam até o
momento que o desempenho deles na disciplina era para 6,1% bom, para 68,7% médio ou
regular e para 25,2% achavam que tinham um desempenho insuficiente. A estratificação da
distribuição da participação, em relação à ordem semestral de quando foi cursado está
ilustrada na Figura 14 (início em 2012/2 e fim em 2015/1).
73
4º semestre 85
3º semestre 106
2º semestre 118
1º semestre 105
Quando foi feito o estudo com o uso do LVA, os alunos já tinham atingido mais da
metade do semestre em curso, já tendo conhecimento teórico suficiente para a compreensão
dos fenômenos abordados no laboratório real. Com isso, os alunos já haviam atingido os
conhecimentos teóricos prévios para uma correta interpretação das aulas práticas e, da mesma
forma, para o uso do laboratório virtual.
Após a aula prática no laboratório real de hidráulica, foram realizadas aulas teóricas
durante as quais foi apresentado o Laboratório Virtual, explicando suas funcionalidades e
concepção, a abordagem pedagógica que norteia o Hidrolândia. Neste momento, permitiu-se
aos alunos a exploração individual e em grupo, havendo uma interação com as ferramentas do
laboratório virtual e permitindo a troca de experiências e interação. Ao final da aula, foi
entregue uma mídia individual com o laboratório virtual, de modo que o aluno pudesse
experimentá-lo também em casa.
Uma semana após as aulas com o LVA Hidrolândia, os alunos participaram de uma
pesquisa, respondendo a um questionário com 32 questões para avaliar a percepção dos
alunos diante de diversos fatores deste novo objeto de aprendizagem. 131 alunos retornaram o
questionário de avaliação devidamente respondido. Além disso, no fechamento da unidade de
conteúdo daquela área específica, os alunos realizaram um teste teórico com 12 questões a fim
de verificar o nível de compreensão da matéria com e sem o uso do LVA.
Dos alunos que participaram do teste e entregaram o questionário, 62,6% estavam
cursando a disciplina pela primeira vez e 37,4% estavam repetindo. Até aquele momento, na
74
auto avaliação do desempenho da disciplina foi considerado "Bom" por 6,1% dos
entrevistados, "Médio a Regular" por 68,7% e "Insuficiente" por 25,2% dos alunos.
Um dos objetivos deste estudo foi verificar se os alunos estavam engajados num
processo de aprendizagem significativa, conforme os atributos descritos na figura 13. O
questionário estruturado possuía perguntas que estavam diretamente relacionadas com esses
fundamentos, sendo apresentadas a seguir as respostas obtidas nas questões, bem como os
atributos descritos por Jonassen (1999) associados a cada uma delas.
discussão da prática em
algum grau?
A utilização do LVA
permite a manipulação de
objetos de aprendizagem
virtuais, proporcionando
experiências à semelhança
da prática real, e permitindo
Aprendizagem Ativa
De modo semelhante à situação anterior, também no que diz respeito aos aspectos de
aprendizagem ativa, o uso do LVA foi amplamente aceito e reconhecido pelos estudantes.
Todos os entrevistados consideraram que a simulação é semelhante à prática, sendo
conveniente lembrar que estes alunos já haviam utilizado um laboratório real de hidráulica
antes da experiência com o Hidrolândia. Além disso, cerca de 84% dos alunos consideraram
que a forma de uso do LVA foi interativa, isto é, permitia a ação do aluno sobre o objeto de
aprendizagem e a observação dos resultados associados a essa ação.
Os resultados de duas questões, uma ligada ao aspecto construtivista e outra à
aprendizagem autêntica, estão apresentados no quadro 5.
76
Como se pode notar, todos os alunos consideraram que a simulação tem semelhança
com os experimentos reais, previamente realizados pelo grupo. Isto confirma que o
laboratório virtual desenvolvido tem significativa identidade com fenômenos reais, dando
maior significado aos ensaios realizados pelos alunos. Além disso, a maioria dos alunos
(78,6%) manifestou que as atividades realizadas no LVA foram geradoras de reflexões sobre
o tema trabalhado, processo base da aprendizagem construtivista.
Figura 15. Comparação do desempenho (conceito codificado) dos alunos de mecânica dos
fluídos com (S) e sem (N) LVA
De acordo com a figura, a nota média dos alunos que utilizaram (S) o LVA foi
significativamente superior aos que não utilizaram (N). A estatística de teste do ensaio
anterior resultou em um F de Fischer de 27,57 e um valor p menor que 0,1%.
O intervalo de confiança da diferença entre as médias foi estimado a partir de um teste
de Tukey, com 95% de confiança, resultando no intervalo apresentado na figura 16, a seguir:
Figura 16. Intervalo de confiança da diferença entre as notas dos alunos, com e sem LVA.
Assim, pode-se notar que o desempenho dos alunos que utilizaram o LVAH foi de
cerca de 1,2 pontos acima dos que não se valeram desse recurso. De acordo com a codificação
adotada, esse valor é suficiente, por exemplo, para elevar um conceito "B" para o patamar de
um conceito "A".
Os testes anteriores também foram realizados com alunos que frequentavam a
disciplina pela segunda, terceira e quarta vez. Como o número de alunos nessas condições era
muito menor do que os que frequentam a disciplina pela primeira vez, os resultados tiveram
intervalos de confiança muito amplos, os quais não permitiram conclusões diretas sobre a
efetividade de uso do LVA. Por exemplo, os resultados comparativos para os alunos que
frequentaram a disciplina pela segunda vez estão apresentados na figura 17.
78
Figura 17. Comparação de desempenho para alunos que frequentaram a disciplina pela
segunda vez.
Individual 95% CIs For Mean Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev -+---------+---------+---------+--------
N 59 5,597 2,616 (------------*------------)
S 54 5,889 2,405 (-------------*------------)
-+---------+---------+---------+--------
5,00 5,50 6,00 6,50
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
A estatística de teste desse ensaio foi um F de 0,38, com valor p de 0,54. Isto é,
embora existam indícios de um desempenho superior por parte dos alunos que utilizaram o
LVAH, os resultados não são conclusivos. A figura 18, a seguir, apresenta o intervalo de
confiança da diferença das médias dos dois grupos.
Figura 18. Intervalo de confiança da diferença entre as notas dos alunos que cursaram a
disciplina pela segunda vez, com e sem LVAH.
LVA2 Lower Center Upper ------+---------+---------+---------+---
S -0,648 0,291 1,231 (---------------*---------------)
------+---------+---------+---------+---
-0,60 0,00 0,60 1,20
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
Figura 19. Comparação de desempenho para alunos que frequentaram a disciplina pela
terceira vez (F=1,51 e valor p=0,237)
Individual 95% CIs For Mean Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev ---+---------+---------+---------+------
N 7 5,143 2,004 (-------------*--------------)
S 11 6,205 1,646 (----------*----------)
---+---------+---------+---------+------
4,0 5,0 6,0 7,0
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
79
Figura 20. Comparação de desempenho para alunos que frequentaram a disciplina pela quarta
vez (F=0,01 e valor p=0,922)
Individual 95% CIs For Mean Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev --+---------+---------+---------+-------
N 2 3,000 0,000 (----------------*----------------)
S 2 3,375 4,773 (----------------*----------------)
--+---------+---------+---------+-------
-6,0 0,0 6,0 12,0
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
De maneira geral, mesmo para os alunos que frequentam a disciplina mais de uma vez,
existem indícios de que o desempenho daqueles que utilizam o LVAH é superior aos que não
utilizam na medida em que mais elementos passem a integrar a amostra, novos testes poderão
ser realizados, comparando-se os desempenhos e verificando se a diferença é estatisticamente
significativa.
Numa segunda etapa das análises realizadas, procurou-se determinar se o resultado de
uso do laboratório virtual gera desempenhos diferenciados, considerando-se o curso em que o
aluno está matriculado. Assim, foram comparados os desempenhos (conceitos codificados)
dos alunos agrupados por curso. A figura 21, apresentada a seguir, compara o desempenho
dos alunos do curso de engenharia civil que utilizaram e que não utilizaram o LVAH.
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
Figura 22. Intervalo de confiança da diferença entre as notas dos alunos de engenharia civil,
com e sem LVAH.
LVA1 Lower Center Upper ---------+---------+---------+---------+
S 0,905 1,373 1,841 (-------*-------)
---------+---------+---------+---------+
0,00 0,60 1,20 1,80
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
Figura 23. Comparação de desempenho dos alunos do curso de engenharia ambiental com e
sem o uso do LVAH (F=2,49 e valor p=0,121)
Individual 95% CIs For Mean Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev --+---------+---------+---------+-------
N 40 5,662 2,240 (-------*------)
S 9 4,333 2,481 (--------------*---------------)
--+---------+---------+---------+-------
3,0 4,0 5,0 6,0
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
dos grupos com e sem uso do LVA, bem como a contribuição de cada conceito para a
estatística de teste.
A análise da tabela anterior mostra que o percentual para os conceitos "A", "B" e "C",
sempre que os alunos usaram o LVA, estes obtiveram proporcionalmente sempre maiores
notas que os alunos do outro grupo sem uso do LVA. Por outro lado, também é possível
constatar pela tabela que, quando os alunos não usaram o LVA, os percentuais de "D" e "FF"
(reprovação) foram maiores.
A validade estatística do teste de independência pode ser confirmada a partir das suas
estatísticas de teste, onde se obteve um chi-quadrado de 31,08, com um valor p menor do que
0,1%. Assim, no que diz respeito aos conceitos na disciplina, o uso do laboratório virtual está
associado a um perfil de maior desempenho e de menor índice de reprovação, quando
comparado a alunos que não utilizaram esse recurso.
Além disso, em função dos percentuais representados em cada conceito, conclui-se
que o desempenho dos alunos que utilizaram o LVA é SUPERIOR aos dos que não o
utilizaram. Dos dados extraídos da tabela 1, pode-se visualizar melhor graficamente o
comportamento dos dados, onde a figura 24 mostra o percentual de alunos e sua distribuição
de conceitos em relação a ter utilizado o LVA ou não, confirmando que quem utilizou o LVA
82
obteve mais conceitos A, B e C, enquanto este mesmo grupo teve menos repetência e
desistências (conceitos D e FF).
Figura 24. Distribuição dos conceitos dos alunos (com e sem LVA)
Pode-se também verificar na figura 25, cujos dados foram extraídos da tabela 1, o
comportamento dos dados em relação à contribuição dos mesmos para o chi-quadrado. Como
o teste Chi-Quadrado é um teste de hipóteses, a estatística de teste resultante é calculada
verificando-se quanto cada amostra real afasta-se de um perfil esperado, portanto, quanto
maior a discrepância entre o encontrado e o esperado, maior o chi-quadrado, mostrando na
figura 25 que quanto maior a amplitude, maior a distinção entre os componentes do perfil
(conceitos), provando, neste caso, que o conceito D (repetentes) teve a maior amplitude, ou
seja, os dois perfis são independentes e foram afetados positivamente pelo uso do LVA.
83
Figura 26. Comparação do desempenho (nota no teste teórico) dos alunos de mecânica dos
fluídos com (S) e sem (N) o uso do LVA
Figura 27. Comparação das médias dos alunos que usaram (S) e que não usaram (N) o
laboratório virtual
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
Figura 28. Intervalo de confiança da diferença entre as médias no teste teórico dos alunos,
com e sem LVA.
LVA1 Lower Center Upper -----+---------+---------+---------+----
S 0,911 1,426 1,941 (--------*-------)
-----+---------+---------+---------+----
0,00 0,60 1,20 1,80
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
Como se pode notar, a diferença média nos testes teóricos apontou que a média dos
alunos que utilizaram o LVA é de cerca de 1,43 pontos maior, com um limite inferior de, no
mínimo, 0,91 pontos. Tomando-se como referência a nota média do grupo que não utilizou o
LVA, obtém-se dos ensaios que o desempenho médio do grupo que utilizou o laboratório
virtual é cerca de 23,2% superior.
85
Os resultados apresentados até este ponto mostram que os alunos que utilizaram os
dois laboratórios (real e virtual) tiveram um desempenho superior na disciplina de mecânica
dos fluídos quando comparados aos alunos que usaram apenas o laboratório real.
Uma análise mais avançada foi efetuada tendo como intuito avaliar a seguinte
possibilidade: o laboratório virtual poderia ser um instrumento que viesse a substituir o uso de
laboratórios reais na disciplina de mecânica dos fluídos? Com esse fim, foi efetuada uma
comparação entre as médias do teste teórico de dois grupos de alunos, sendo que um deles
utilizou apenas o laboratório real de mecânica dos fluídos e outro apenas o LVA Hidrolândia.
O resultado desse estudo está apresentado na figura 29, a seguir.
Figura 29. Comparação do desempenho (nota no teste teórico) dos alunos de mecânica dos
fluídos que utilizaram somente o laboratório real (N) ou somente o laboratório virtual LVA
(S)
Individual 95% CIs For Mean Based on Pooled StDev
Level N Mean StDev +---------+---------+---------+---------
N 17 6,147 1,183 (-------*------)
S 12 7,542 0,838 (--------*--------)
+---------+---------+---------+---------
5,60 6,30 7,00 7,70
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
Figura 30. Comparação das médias dos alunos que usaram somente um dos laboratórios: real
(N) ou virtual (S)
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
86
A análise do teste mostra que as notas dos dois grupos têm diferença estatisticamente
significativa (F=12,27 e valor p=0,002), com 5% de significância. Ou seja, os alunos que
fizeram uso do laboratório virtual, mesmo sem passar pela experiência de uso de um
laboratório real, tiveram um desempenho superior aos alunos que fizeram experiências
práticas reais.
A figura 31 apresenta o intervalo de confiança da diferença das médias dos dois
grupos estudados. Este intervalo de confiança foi estimado a partir de um teste de Tukey com
95% de confiança.
Figura 31. Intervalo de confiança da diferença entre as médias no teste teórico dos alunos do
laboratório real e do laboratório virtual
LVA1 Lower Center Upper -+---------+---------+---------+--------
S 0,578 1,395 2,212 (---------*----------)
-+---------+---------+---------+--------
-0,80 0,00 0,80 1,60
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
Figura 32. Intervalo de confiança da diferença das médias dos testes teóricos de alunos que
utilizaram o LVA quando comparados com os que usaram o laboratório real.
Fonte: Elaborado pelo autor com o uso do software Minitab versão 17.1.0.
Constata-se, portanto, que a diferença média entre os dois grupos foi de 1,39 pontos,
sendo de, no mínimo, 0,58 pontos (T=3,50 e valor p=0,002). Logo, pode-se concluir que é
possível a substituição do laboratório real por um laboratório virtual, caso se tome como
87
“Ajuda, pois muitas das dúvidas são apenas questões de didática, e com aulas
virtuais fica mais fácil o entendimento. ”
“Contribui pelo aspecto da familiarização e da exemplificação do que será
desenvolvido. ”
“Aproximação com a prática. Noção real do que acontece na teoria. ”
“Entendo o que não foi compreendido no laboratório. ”
“A possibilidade de refazer os experimentos e calculá-los novamente. ”
“Visualizar quantas vezes quiser. Ver o fluído escoar de fato. Ilustração mais
simplificada. ”
“Visualização da teoria. ”
“Todas as visualizações nos facilitam o entendimento. ”
“O ritmo é imposto pelo aluno, alto detalhe, fidelidade ao laboratório real. ”
“Podemos verificar os estudos trabalhados em aula em um ambiente de ensaios. É
capaz de unir a teoria á prática. ”
“Rever as instalações / com fatos e explicações. Simular experimentos. ”
“Boa organização das informações. Introdução aos experimentos facilita o
entendimento destes no ato. ”
“Possibilidade de ver melhor o sentido físico do experimento, aliando com teoria”.
“Poder repetir os experimentos em casa e analisar o comportamento. ”
“Imagens permitem que a prática seja relembrada. A realização simplificada dos
experimentos fixa o aprendizado. ”
“Apostila explicativa. Esquema da instalação. Simulações. ”
“Visualização do experimento. Apresentação dos procedimentos. ”
“Tudo no LVA ajuda no aprendizado. ”
“Melhora a aprendizagem / Visualização de aspectos desconhecidos. ”
“Rever as instalações para entender melhor o seu funcionamento. ”
“Semelhança com realidade, facilidade para repetir o experimento, apresentação de
explicações.”
“Interface interativa. Boa organização das informações. ”
“Importante o fato de poder refazer, de diversas formas, o que fizemos na prática
já foi esclarecedor. ”
“União da parte teórica com a parte prática do experimento. ”
89
Quadro 6. Opiniões dos alunos sobre a trajetória de aprendizagem com o LVA Hidrolândia
Quão importante é para você poder usar o material deste curso no futuro?
93
Quão importante está sendo aprender Quanto você gostou deste recurso de
novos conteúdos para você, utilizando este LVA, introduzido nas aulas laboratoriais?
tipo de recurso?
Você recomendaria fazer esta disciplina Você acha que devem aperfeiçoar-se
em uma turma que utiliza este tipo de materiais instrucionais deste tipo, para
recurso? complementar a aula tradicional, no ensino
de hidráulica?
Se você tivesse realizado antes o LAV, Você preferia ter visto primeiro o LVA
teria se sentido mais capacitado a executar antes da prática, ou a prática antes da
a prática laboratorial após a utilização do simulação?
LVA?
95
utilizar este tipo de recurso em 58% e “razoavelmente importante” para 32,1%, não havendo a
percepção de falta de apoio teórico com o material apresentado no LVA, sentindo-se
confortáveis em relação a estes aspectos.
Considerando as respostas dos alunos em relação à estratégia de aprendizagem, vemos
que as respostas têm relação direta com o fato de terem praticado uma experiência
significativa do ponto de vista dos atributos da aprendizagem significativa descritos
anteriormente neste trabalho. Por exemplo, quando questionados se a utilização deste LVA
possibilitou a oportunidade para discussão da prática em algum grau, 74% dos alunos
manifestaram que “oportunizou a discussão na quantidade certa” e 21,4% que “oportunizou
demasiadamente”, sendo que 4,6% disseram que “oportunizou de maneira suficiente”.
Quando comparado com a prática tradicional, 51,9% acharam que oportunizou a discussão
educativa “praticamente o mesmo” e 48,1% que “oportunizou muito mais” que a prática
tradicional, sendo que 74,1% dos alunos manifestaram que é “muito importante” para eles a
discussão.
Portanto, se para os alunos é muito importante a discussão, e com o uso do LVA
houve a possibilidade para a discussão e na quantidade certa, e ainda havendo mais
oportunidade para discutir do que na prática tradicional, vemos que o LVA como objeto
educacional que proporciona aprendizagem de fato é significativo.
Os mesmos alunos indicaram que o uso de tecnologias diversas como apoio ao
processo de aprendizagem é “muito importante” para 71,1%, e “razoavelmente importante”
para 22,9%. Então, os mesmos consideram muito importante o uso de tecnologias na sua
aprendizagem, pois por algum motivo estas tecnologias devem contribuir positivamente para
o aluno, seja despertando a curiosidade, motivando, melhorando o entendimento do fenômeno
estudado, facilitando a compreensão, mudando a maneira como tradicionalmente o aluno
aprende nesta disciplina.
Os alunos que participaram da pesquisa ainda afirmaram que poderão usar
“razoavelmente” este material de estudo para 73,3% deles, e poderão usar “muito bem” para
22,9% dos participantes, sendo que, comparado ao material educacional usado
tradicionalmente, 58% acham que poderá usar “muito mais”. Também afirmam 51,9% dos
alunos que é “razoavelmente importante” poder usar este material no futuro e 45,1% acham
que é “muito importante” poder usar no futuro este novo material educacional utilizado na
disciplina.
O LVA, como recurso educacional que promove aprendizagem, foi avaliado como
“muito valioso” para 61,8% e “razoavelmente valioso” para 32,1% dos alunos, sendo que,
97
comparado a uma disciplina tradicional, eles valorizariam “muito mais” para 93,9% uma
disciplina que explora novas tecnologias na educação como o LVA no aprendizado. Além
disto, 87% recomendam “certamente” fazer esta disciplina numa turma que usa este tipo de
recurso e 13% “talvez recomendariam”, não havendo nenhuma indicação de que não
recomendariam fazer numa disciplina que use o Hidrolândia. Como fechamento das
recomendações, 100% dos alunos citam que devem ser elaborados materiais instrucionais
deste tipo para complementar a aula tradicional no ensino de hidráulica.
Para Abdulwahed e Nagy (2011) e Dalgarno et al. (2009), os laboratórios virtuais são
também uma ferramenta ideal para permitir a preparação pré-laboratorial, o que é essencial
para melhorar a experiência de aprendizagem laboratorial dos estudantes. Esta constatação
dos pesquisadores vai ao encontro dos resultados desta tese, onde os alunos afirmam que para
90,1% deles, o LVA é um complemento da prática laboratorial e 93,1% afirmam que
preferiam ver primeiro o LVA por sentir-se mais capacitado para executar posteriormente a
prática real.
Esta pesquisa possivelmente não teria chegado aonde chegou se não fosse pelo
entendimento de alguns professores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, que permitiram
aplicar o LVA Hidrolândia em suas respectivas disciplinas durante o período deste trabalho,
inclusive podendo efetuar o estágio de docência do pesquisador nestas disciplinas,
concomitantemente com a aplicação desta pesquisa nas mesmas.
Inicialmente o Prof. Dr. Luiz Augusto Magalhães Endres abriu as portas das suas
disciplinas, sendo que foi com este que se iniciou a concepção do LVA e principalmente
foram elaboradas as equações reduzidas ou simplificadas da mecânica dos fluidos nas
simulações contidas no LVA. Posteriormente, outros professores como a Profa. Dra. Edith
Beatriz Camano Schettini, Prof. Dr. Eduardo Puhl e o Prof. Dr. Rafael Manica, permitiram
também incluir nas suas disciplinas esta abordagem com uso do LVA Hidrolândia.
A seguir dois professores participantes desta experiência mostram suas percepções em
relação ao uso do LVA nas suas disciplinas, sendo que as mesmas são muito positivas e
mostram a aceitação do uso deste tipo de recurso tecnológico nas aulas de mecânica dos
fluidos.
98
necessitam de tempo para serem assimilados por parte dos alunos, os quais necessitam
vinculá-los a fenômenos práticos. Neste sentido, muitos alunos comentaram a utilização do
LVA em casa e, uma parte destes, elogiou o modo como as atividades foram expostas.
O fato mostra que o LVA supriu a necessidade dos alunos em compreender e
participar das atividades de laboratório por um período de tempo superior ao que foram
submetidos. Pode ser visto que as atividades, no laboratório físico, despertaram seu interesse
pelos conceitos apresentados e o uso do LVA lhes permitiu explorar com maior
disponibilidade as atividades. Além disso, outra vantagem do uso de LVA relatada é a
liberdade para simular diferentes condições de escoamento, utilizando as mesmas instalações;
porém, alterando a ordem de grandeza dos parâmetros iniciais.
Como mencionado, por escassez de tempo, nas atividades práticas não é possível
variar os parâmetros iniciais, mas cada experimento é realizado na mesma configuração. Por
permitir esta variação dos parâmetros, o LVA em questão lhes dá a oportunidade de adquirir
uma importante habilidade para um engenheiro: a sensibilidade da ordem de grandeza e da
influência dos parâmetros envolvidos no problema.
Finalmente, a acessibilidade é um ponto essencial para que uma ferramenta virtual
cumpra seu dever, pois não deve ser um empecilho para que o usuário tenha acesso ao
conteúdo objetivo, mas a ferramenta deve ser um meio de acesso tranquilo aos módulos
principais, permitindo um aprendizado significativo por parte dos alunos. No caso relatado,
pode-se perceber que a interface do LVA foi satisfatória e amigável, não tendo sido relatada
nenhuma dificuldade, por parte dos alunos, em acessar os módulos disponíveis.
Afinal, a experiência do uso de LVA, juntamente com as atividades em laboratório, foi
positiva em diversos aspectos, abrandando algumas limitações das atividades práticas como o
tempo de exposição e variação dos parâmetros dos experimentos. A receptividade e utilização
do LVA por parte dos alunos foi satisfatória, recebendo avaliações positivas tanto da interface
quanto dos módulos disponíveis, permitindo um ganho significativo no aprendizado dos
conceitos envolvidos. Julga-se que o uso de ferramentas digitais como esta, em cursos de
engenharia que não possuam infraestrutura física para atividades práticas complementares,
deva permitir um ganho no aprendizado ainda mais significativo.
pesquisa não valiam nota e isto foi comentado em algumas oportunidades pelos professores
da disciplina antes do teste, acreditando que isto tenha sido um fator de potencial desestímulo
ao esforço de realizar uma boa prova para ajudar no conceito da disciplina; alguns professores
não cobravam presença em aula o que por muitas vezes havia uma quantidade pequena de
alunos em aula, a não entrega por parte dos alunos dos questionários de pesquisa, tendo
reduzido a população pesquisada; além disso, poderia ter havido mais tempo para adequar
devidamente os preceitos da aprendizagem significativa abordados neste trabalho, mas que
não puderam ser assim apresentados pela limitação de horários dentro das disciplinas onde se
elaborou a pesquisa.
106
este tipo de recurso e 84% informaram ter gostado muito do LVA, sem manifestações de que
não gostaram desse recurso.
Mais importante do que estes aspectos, entretanto, há a intensa manifestação dos
alunos de que o estudo do tema tornou-se muito mais atraente. Estes resultados estão
alinhados com os atributos da aprendizagem significativa apresentados por Jonassen, que
propõe que ocorre aprendizagem significativa quando esta for ativa, construtiva, cooperativa,
autêntica e intencional.
Finalmente, destaca-se o cumprimento dos objetivos desta tese, podendo trazer
contribuições significativas em termos de aprendizagem na área de mecânica dos fluidos e
hidráulica, promovendo o uso de laboratórios virtuais de aprendizagem que, como 100% dos
alunos citaram, deve-se aperfeiçoar materiais instrucionais deste tipo para complementar a
aula tradicional, no ensino em outras áreas da engenharia, e recomendado por 95,4% dos
alunos que outros alunos tenham o mesmo tipo de experiência com LVA de algum tipo, para
testar e representar situações reais como práticas de laboratório.
Verifica-se, também, que é imprescindível na engenharia ter aulas experimentais para
solidificar conhecimentos teóricos, e que em locais em que possa haver uma consorciação de
aula prática em laboratórios reais e também com laboratórios virtuais, esta é a melhor
concepção pedagógica, onde os alunos obtêm um melhor desempenho.
Do ponto de vista de trabalhos futuros, o LVA Hidrolândia por ser uma estrutura
modular, pode receber novos módulos de outras práticas laboratoriais no futuro. Além disso,
tutoriais mais detalhados podem ser incorporados à mesma, sendo que este detalhe foi uma
das sugestões por parte dos alunos, onde houvesse um detalhamento maior em relação às
equações da mecânica dos fluidos.
Durante esta pesquisa, também foram rastreados, em termos de notas e conceitos, os
alunos que participaram desta pesquisa até chegarem na próxima disciplina curricular,
chamada de Hidráulica, ministrada também no IPH, ou seja, os alunos, ao finalizarem a
disciplina de mecânica dos fluidos, cursam a disciplina de hidráulica na sequência; portanto, a
mecânica dos fluidos é uma disciplina pré-requisito, ou uma disciplina onde os conceitos
subsunçores da hidráulica são abordados, ou seja, o conhecimento prévio para poder cursar a
disciplina de hidráulica. Isto faz com que possamos verificar, estatisticamente, se o uso do
LVA Hidrolândia numa disciplina de conceitos subsunçores da Hidráulica pode ter afetado
positivamente os alunos cursando a outra disciplina, de maneira que estes tenham obtido
melhores resultados.
108
REFERÊNCIAS
ABDULWAHED, Mahmoud; NAGY, Zoltan K. Developing the TriLab, a triple access mode
(hands-on, virtual, remote) laboratory, of a process control rig using LabVIEW and Joomla.
Computer Applications in Engineering Education, v. 21, n. 4, p. 614-626, Dec. 2013.
ABDULWAHED, M.; NAGY, Z. K. The trilab, a novel ict based triple access mode
laboratory education model. Computers & Education, 56, 262-274, 2011.
Al-ZAHRANI, Fahad. Web-based learning and training for virtual Metrology lab. Journal of
Telecommunications, London, v. 1, n. 2, p.42-54, Mar. 2010.
BEHAR, Patrícia A. Informática & educação. 1992. 80p. Trabalho Individual (Mestrado em
Ciência da Computação) – Instituto de Informática, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
110
BLIKSTEIN, P. et al. Bifocal modeling: mixing real and virtual labs for advanced science
learning. In 11TH INTERNATIONAL CONFERENCE ON INTERACTION DESIGN AND
CHILDREN. Anais… (pp. 296e299). ACM, 2012.
BRANOVIC, Irina et al. Development of modular virtual lab for introductory computing
courses. In: IEEE Global Engineering Education Conference, 2013, Berlin, Germany.
Proceedings. [New York]: IEEE, 2013. p. 1027-1031.
CHIU, J. L. et al. The effects of augmented virtual science laboratories on middle school
students' understanding of gas properties. Computer & Education, 85 (2015) p. 59-73.
DE JONG, T.; NJOO, M. Learning and instruction with computer simulation: learning
processes involved. In: CORTE, E. de et al. Computer-based learning environments and
problem solving. Berlin: Springer-Verlag, 1992. p. 411-427.
DE JONG, T., LINN, M. C., ZACHARIA, Z. C. Physical and virtual laboratories in science
and engineering education. Science, 340(6130), 305-308, 2013.
DIWAKAR, Anita et al. Control systems virtual labs: pedagogical and technological
perspectives. In: IEEE International Conference on Control Applications, 2013, Hyderabad,
India. Proceedings. [New York]: IEEE, 2013. p. 483-488.
DIWAKAR, Anita S.; NORONHA, Santosh B.; AGASHE, Sudhir. Virtual and remote
triggered industrial automation labs: collaboration case study. In: International Conference on
Remote Engineering and Virtual Instrumentation, 12., 2015, Bangkok, Thailand.
Proceedings. [New York]: IEEE, 2015. p. 127-130.
DIWAKAR, Anita S. et al. Complementing Education via Virtual Labs: Implementation and
Deployment of Remote Laboratories and Usage Analysis in South Indian Villages.
International Journal of online Engineering. v12. n. 03, p. 8-15, 2016.
DORMIDO, S. Control learning: present and future. In: IFAC World Congress, 15., 2002,
Barcelona. Proceedings. Oxford: Pergamon, 2003. p. 314-319.
ERICKSON, G., TIBERGHIEN, A. Heat and temperature. In DRIVER, R., GUESNE, E.;
TIBERGHIEN (Eds.). Children's ideas in science (pp. 52-83). Philadelphia: Open
University Press, 1985.
FEISELl, L. D.; ROSA, A. J.. The role of the laboratory in undergraduate engineering
education. Journal of Engineering Education, 94, 121-130, 2005.
FINKELSTEIN, N., ADAMS, W., KELLER, C., KOHL, P., PERKINS, K., PODOLEFSKY,
N., et al. When learning about the real world is better done virtually: a study of substituting
computer simulations for laboratory equipment. Physical Review Special Topics - Physics
Education Research, 1(1), 1-8, 2005.
FIOLHAIS, Carlos.; TRINDADE, Jorge. Physics in the Computer: the computer as a tool in
the education and the learning of physical sciences. Revista Brasileira de Ensino de Física,
v. 25, n. 3, Set 2003
112
FRERICH, Sulamith et al. Virtual labs and remote labs: practical experience for everyone. In:
IEEEE GLOBAL ENGINEERING EDUCATION CONFERENCE, 2014, Istanbul, Turkey.
Proceedings. [New York]: IEEE, 2014. p. 312-314.
GABEL, D. Improving teaching and learning through chemistry education research: a look to
the future. Journal of Chemical Education, 76(4), 548, 1999.
GIRE, E., CARMICHAEL, A., CHINI, J. J., ROUINFAR, A., REBELLO, S., SMITH, G., et
al. (2010). The effects of physical and virtual manipulatives on students' conceptual learning
about pulleys. In GEOMEZ, K.; LYONS, L.; RADINSKY, J. (Eds.). Learning in the
disciplines: Proceedings of the 9th international conference of the learning sciences (ICLS
2010) (Vol. 1, pp. 937e944).
HOFSTEIN, A.; LUNETTA, V. The laboratory in science education: foundations for the
twenty-first century. Science Education, 88(1), 28-54, (2004).
HONEY, M. A.; HILTON, M. L. (Eds.). Learning science through computer games and
simulations. Washington, DC: National Academy Press, 2011.
HUANG, Y.-M.; CHIU, P.-S.; LIU, T.-C.; CHEN, T.-S. The design and implementation of a
meaningful learning-based evaluation method for ubiquitous learning. Computers &
Education, Elmsford, v. 57, n. 4, p. 2291-2302, Dec. 2011.
IOWA, Ames. Report of the Expert Meeting on Virtual Laboratories. Paris: Unesco,
2000.
JONASSEN, D.; CARR, C. Mind Tools: Provide multiple knowledge representations for
learning. In computers as cognitive tools, v. 2: No more walls. 2000 (Chapter 6). Disponível
em http://web.missouri.edu/jonassend/Mindtoolschapter.pdf. Acesso em 22/07/2012.
JONASSEN, D.H.; PECK, K.C.; WILSON, B.G. Learning with technology in the
classroom: a constructivist perspective. Columbus (OH): Prentice-Hall. In press, 1999.
JONASSEN, David H.; PECK, Kyle L.; WILSON, Brent G. Learning with Technology – A
Construtivist Perspective. New Jersey, Columbus, Ohio: Merril, an imprint of Prentice Hall,
1999.
114
JONASSEN, David H.; PECK, Kyle L.; WILSON, Brent G. Learning with Technology – A
Construtivist Perspective. New Jersey, Columbus, Ohio: Merril, an imprint of Prentice Hall,
1999.
KLAHR, D, Triona LM, Williams C () Hands on what? The relative effectiveness of physical
versus virtual materials in an engineering design project by middle school children. J Res Sci
Teach, 44(1):183–203, 2007.
LUNETTA, V. N.; HOFSTEIN, A.; CLOUGH, M. P. Learning and teaching in the school
science laboratory: an analysis of research, theory, and practice. In ABELL, S. K.;
LEDERMAN, N. H. (Eds.) Handbook of research on science education (pp. 393e441).
Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 2007.
LIU, X. Effects of combined hands-on laboratory and computer modeling on student learning
of gas laws: a quasi-experimental study. Journal of Science Education and Technology,
15(1), 89-100, 2006.
LUSTIGOVA, Zdena; NOVOTNA, Veronika. The role of virtual and remote labs in
promoting conceptual understanding of students. In: International Conference on Interactive
Mobile and Computer Aided Learning, 2012, Amman, Jordan. Proceedings. [New York]:
IEEE, 2012. p. 42-47.
MACIAS, R.; PINZI, S.; JIMENEZ, M.; DORADO, G. Virtual laboratory on biomass for
energy generation. Journal of Cleaner Production. v.112, p.3842-3851, 2016.
115
MARTINEZ, Max Quiroz. La world wide web como poderosa herramienta didáctica em la
educación a distancia. In: CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE INFORMÁTICA NA
EDUCAÇÃO, 3., Barranquilla. Actas. Barranquilla, 1996. Disponível em: http://www.
phoenix sce .fct.unl.pt/ribie/ cong1996/congresso html/ 120/ ponecol.htm>. Acesso em: 23
dez. 2012.
NEVES, Cláudio Freitas; MARTINS FILHO, Protásio Dutra. 2002. Ensino ou aprendizagem
de Engenharia? Desenvolvimento de posturas e valores com as novas tecnologias ed
Informática. In: PINTO, Danilo Pereira; NASCIMENTO, Jorge Luiz do (Org). 2002.
Educação em Engenharia: metodologia. São Paulo: Mackenzie. 295 p.
NIPPERT, C., “Online Experiments—The Results of the Online Widener Laboratories,” In:
32ª ASEE/IEEE FRONTIERS IN EDUCATION CONFERENCE, Anais… Boston Mass.,
Nov 6-9, 2002, pp. T2E-12-T2E- 17.
ODEH, Salaheddin. A web-based remote lab platform with reusability for electronic
experiments in engineering education. International Journal of Online Engineering: iJOE,
Wien, v. 10, n. 4, p. 40-45, 2014.
OLIVEIRA, Vanderli Fava de. Teoria, prática e contexto no curso de Engenharia. In: PINTO,
Danilo Pereira; NASCIMENTO, Jorge Luiz do (Org). 2002. Educação em Engenharia:
metodologia. São Paulo: Mackenzie. 295 p.
PARK, S. H.; ADEBA, A.D.; HWANG, Y. K.; BOLANDER, J. E.; LIM, Y. M. A Built-up
Virtual Laboratory to Enhance understanding of Concrete Structure Design Requirement.
International Journal of online Engineering. v12. n. 03, p. 46-52, 2016.
PAPERT, Seymour A. Mindstorms: children, computers, and powerful ideas. New York:
BasicBooks, 1980.
PATI, B.; MISRA, S.; MOHANTY, A. A model for evaluating the effectiveness of software
engineering virtual labs In: PROC. IEEE INT. CONF. TECHNOL. ENHANCED EDUC.,
Anais... Jan. 2012, pp. 1_5.
PYATT, K. Case for simulations. In: GIBSON, I et al. (eds). Proceedings of society for
information technology & teacher education international conference (SITE),
Charleston, South Carolina, USA, (pp 1541–1544). AACE, Chesapeake, VA, 2009.
PYATT, Kevin; SIMS, Rod. Virtual and physical experimentation in inquiry-based science
labs: attitudes, performance and access. Journal of Science Education and Technology,
New York, v. 21, p. 133-147, 2012.
RAY, Sandipan et al. Virtual labs in proteomics: new E-learning tools. Journal of
Proteomics, Amsterdam, v. 75, n.9, p. 2515-2525, May 2012.
RUSSEL, G. Computer mediated school education and the web. First Monday, Copenhagen,
v. 6, n. 11, Nov. 2001.
SAVERY, J., DUFFY, T.M. Problem based learning: an instructional model and its
constructivist framework. In: WILSON, B.G. (Ed.). Designing constructivist learning
environments. Englewood Cliffs (NJ): Educational Technology Publications, 1995.
SELL, Raivo; RÜÜTMANN, Tiia; SEILER, Sven. Inductive teaching and learning in
engineering pedagogy on the example of remote labs. International Journal of Engineering
Pedagogy: iJEP, Kassel, v. 4, n. 4, p. 12-15, 2014.
SHEOREY, Tanuja. Empirical evidence of relationship between virtual lab development and
students learning through field trials on Vlab on Mechatronics. International Journal of
Information and Education Technology, v. 4, n. 1, p. 97-102, Feb 2014.
SNIR, J. et al. The truth, but not the whole truth: an essay on building a conceptually
enhanced computer simulation for science teaching. Draft article. Cambridge: MIT, 1988.
(Technical Report 88-18).
TAO, P.; GUNSTONE, R. The process of conceptual change in force and motion during
computer supported physics instruction. Journal of Research in Science Teaching, New
York, v. 36, p. 859-882, 1999.
TOMIC, J. et al. A virtual laboratory for teaching frequency estimation techniques. In:
International Power Electronics and Motion Control Conference, 15: 2012 : Novi Sad, Serbia.
Proceedings. [New York]: IEEE, 2012. DS3e.1-p. 1-6.
119
TRIONA, L.; KLAHR, D. Point and click or grab and heft: comparing the influence of
physical and virtual instructional materials on elementar school students’ ability to design
experiments. Cognition and Instruction, 21, 149-173, 2003.
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Rs. Brasil). Programa de
Pós-Graduação em Informática na Educação. Oscar Eduardo Patrón Guillermo; Luiz Augusto
Magalhães Endres. Hidrolândia: Laboratório Virtual de Aprendizagem em Mecânica dos
Fluidos. BR nº BR 51 2013 000432-2, 08 abr. 2014, 02 maio 2013.
VANCE, Shem; BOSWORTH, April. Replicating reality: the power of simulations. Salt
Lake City, c2003. Disponível em: <http://www.allencomm.com/webminars/
moreinfo.aspx?CourseID=8>. Acesso em: 07 jun. 2013.
VELJKO, Potkonjak. et al. Virtual laboratories for education in science, technology, and
engineering: A review. V.95, p. 309-327, 2016.
WANG, J.; GUO, D.; JOU, M. A study on the effects of model-based inquiry pedagogy on
students’ inquiry skills in a virtual physics lab. Computers in Human Behavior. v 49, 658–
669, 2015.
XU, Le; HUANG, Dijiang; TSAI, Wei-Tek. Cloud-based virtual laboratory for network
security education. IEEE Transactions on Education, New York, v. 57, n. 3, p. 145-150,
Aug. 2014.
ZERVAS, Panagiotis et al. Towards competence-based learning design driven remote and
virtual labs recommendations for science teachers. Technology, Knowledge and Learning,
Dordrecht, v. 20, n. 2, p. 185-199, July 2015.
ZHAO, Hongduo; ZHENG, Yi; SUN, Yanna. Virtual laboratory system for road engineering.
In: GEOSHANGHAI INTERNATIONAL CONGRESS, 2014, Shanghai, China. New
frontiers in geotechnical engineering: selected papers from the proceedings. Reston: ASCE,
2014. p. 169-178.
121
Seção A:
1. A que engenharia pertences?
(....) Ambiental (....) Civil (....) Hídrica
122
4. No caso de estar repetindo ou de não estar obtendo um bom desempenho na disciplina até
o momento, a que atribuis?
5. Quando estudas ou assistes às aulas, qual tua maior preocupação e/ou dificuldade?
7. Que aspectos vivenciados nas simulações realizadas no laboratório virtual podem ser
considerados como possíveis facilitadores da aprendizagem. Lista do mais importante ao
menos importante:
Quão importante para você é ser exposto a uma ferramenta de apoio multimídia como
o LVA, na área de hidráulica?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Razoavelmente
Não importante Muito importante
importante
Comentários:
Comentários:
124
Comentários:
Comentários:
Você interagiu no LVA de maneira ativa focado no experimento que estava fazendo,
observando os resultados desta manipulação?
Sim ( ) Não ( )
125
Você acha que o LVA proporciona ou pode aumentar a aprendizagem cooperativa entre os
alunos, ampliando a cooperação e a troca de informações e experiências, permitindo uma
análise em grupo?
Sim ( ) Não ( )
Você acha que o LVA tem uma semelhança significativa com o modelo real dos
experimentos?
Sim ( ) Não ( )
Comparado a uma "prática tradicional", quão bem você poderá usar o material de
apoio deste curso no futuro?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Praticamente o
Muito menos Muito mais
mesmo
Quão importante é para você poder usar o material deste curso no futuro?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Razoavelmente
Não importante Muito importante
importante
Quão importante está sendo aprender novos conteúdos para você, utilizando este tipo
de recursos multimídia?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Razoavelmente
Não importante Muito importante
importante
Quanto você gostou deste recurso de LVA, introduzido nas aulas laboratoriais?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não muito Razoavelmente Muito
Comentários:
Comparado a uma "disciplina tradicional", quanto você valorizaria uma disciplina que
explora novas tecnologias no aprendizado?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Muito menos Praticamente o mesmo Muito mais
Você recomendaria fazer esta disciplina em uma turma que utiliza este tipo de
recurso ou em uma que não o utiliza?
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Não Talvez Certamente
Você preferia ter visto primeiro o LVA entes da prática, ou a prática antes da simulação?
Simulação/Prática ( ) Prática/Simulação ( )
127
Você acha que devem aperfeiçoar-se materiais instrucionais deste tipo, para complementar a
aula tradicional, no ensino de hidráulica?
Sim ( ) Não ( )
Você acha que devem aperfeiçoar-se materiais instrucionais deste tipo, para complementar a
aula tradicional, no ensino em outras áreas da Engenharia também?
Sim ( ) Não ( )
Você recomendaria que outros alunos/turmas tenham o mesmo tipo de experiência com LVA
de algum tipo, para representar e testar situações reais, como práticas de laboratório?
Sim ( ) Não ( )
Se você tivesse realizado antes o LAV, teria se sentido mais capacitado a executar a prática
laboratorial após a utilização do LVA?
Sim ( ) Não ( )
1. Qual a principal razão das vazões teórica e medida não coincidirem se a medição de
pressões é feita com o manômetro diferencial?
a) No cálculo da vazão teórica não são considerados os efeitos da viscosidade no
interior do tubo.
b) O manômetro empregado não permite a leitura, sequer aproximada, da diferença
de pressões nas seções do tubo.
c) A vazão medida é obtida a uma distância muito longa da posição em que se
encontra o medidor Venturi.
2. Deveria ser esperada uma relação constante entre as vazões teórica e medida em toda a
faixa ensaiada?
a) Sim, pois, como se trata do mesmo tubo, embora operado em vazões diferentes, a
resposta deve ser uniforme.
b) Não, pois esta relação é fortemente influenciada pela velocidade do escoamento
que foi variada nas diferentes situações ensaiadas.
c) Sim, pois durante o experimento não há variações significativas de temperatura do
liquido e pressão atmosférica, que possam alterar o valor da viscosidade do
liquido.
6. Qual a razão de evitar a realização deste trabalho com níveis de água muito baixos,
próximos à geratriz superior do orifício?
a) Esta situação conduziria a uma distribuição não uniforme de velocidades na seção
do orifício, que é uma das hipóteses de trabalho.
b) Apenas para que o tempo decorrido no experimento não seja muito longo, sem
qualquer razão de ordem técnica.
c) Quando o nível de água aproximar-se da geratriz superior o reservatório
interrompe o esvaziamento e o experimento deveria ser encerrado.
8. Que propriedade dos líquidos pode melhor servir como justificativa à curvatura dos
perfis de velocidades? Justifique.
a) Peso especifico.
b) Densidade.
c) Aceleração da gravidade.
d) Viscosidade.
9. Para a faixa de velocidades encontradas neste trabalho, seria possível utilizar outros
líquidos, de densidades diferentes, no manômetro acoplado à sonda?
a) Sim, desde que o liquido manométrico tivesse densidade maior do que a da água.
Deve-se tomar cuidado para líquidos com densidades maiores do que a utilizada,
pois não permitirão a leitura com precisão de 1mm.
b) Podemos utilizar qualquer outro liquido.
c) Não, só pode ser este liquido manométrico.
10. Para a sonda de Pitot-Prandtl utilizada, com diâmetro externo de 1cm, seria possível
posicionar a mesma próximo às fronteiras sólidas do que foi feito ?
a) Depende do escoamento.
b) Sim, pois ainda tem uma folga de 0,5 cm.
c) Não, maiores proximidades levarão, certamente, a efeitos indesejados sobre a
tomada de pressão estática da sonda.
d) Não, porque a régua de suporte não chega na parede.
1 Introdução
2 Resumo da Teoria
Qz C a 2 g z
(1)
Q z dt S dz (2)
O tempo necessário para baixar o nível do reservatório desde a cota “z1“, até a cota
“z2“ (fig. B), pode ser calculado. Substituindo (1) em (2) e isolando ‘dt’ obtém-se:
143
S dz
dt
Ca 2g z
(3)
S
t z
t2 z2 dz 2S
t dt z1 z 2
1 1 Ca 2g z Ca 2g (4)
S z1 z 2
t
1
2
Ca 2 g z 1 C a 2 g z 21 (5)
2 S z1
t
C a 2 g z1
(6)
C2a 2g Ca 2g z
t z1
1
z t2
2
2 S S (7)
144
C a g t C a 2 g 2 g z1
2
Qt C a t 2 g z1
S S (8)
3 Trabalho Prático
3.3. Operações
II - Manipulações:
verificar o nível inicial de água no reservatório(z0), indicado no piezômetro (8);
anotá-lo.
de posse do cronômetro de 2 ponteiros, abrir o bocal ou orifício, retirando a tampa
de borracha, acionando simultaneamente o cronômetro ( botão 1 );
145
4 Relatório
Figura A.
147
1 Introdução
2 Resumo da Teoria
Q
Vm
A
ou, já que Q v dA
A
v dA
1
Vm
AA (1)
3 Trabalho Prático
O trabalho tem por objetivo o cálculo da vazão em um canal através de alguns valores
pontuais de velocidade medidos na seção transversal, comparação deste valor com a vazão
real e cálculo do erro cometido. Além disso, o aluno terá oportunidade de observar uma
distribuição real de velocidade num canal aberto.
Consta a instalação experimental de um canal de alvenária (fig. B), com 0,4 x 0,4 m2
de seção transversal, alimentado por um vertedor (2), incorporado ao modelo. Na jusante
existe uma comporta (6) comandada pelo volante (6a) para a regulagem do nível d’água no
canal, e duas pontas linimétricas (4) e (5), uma a montante e outra a jusante da seção (S) de
ensaio, cujas medidas de profundidade serão utilizadas para cálculo de profundidade média
(hc).
Há dispositivos de tranquilização para diminuírem as perturbações ocasionadas pela
lâmina oriunda do vertedor. Os registros (1) e (1a) comandam a vazão no vertedor
e,consequentemente, no canal. O vertedor tem por finalidade medir diretamente a vazão
admitida no canal, a qual é uma função da carga “h” sobre a crista (7). Uma ponta linimétrica
(3) permite o conhecimento da cota da superfície do vertedor. A carga “h”pode ser calculada
conhecendo-se a cota da curva do vertedor (a0).
O manejo do registro (1) e diferencial (1a) altera a vazão que escoa no canal e o da
comporta (6), a profundidade da água, sem alterar a vazão. Na figura C, vê-se o dispositivo
para medidas de velocidades, constituído, no caso, por uma sonda de Prandtl montada em um
suporte, que permite seus movimentos vertical e horizontal, de modo a poder-se medir a
velocidade em qualquer ponto da seção. As partes componentes do dispositivo são as
seguintes: sonda de Prandtl (1), suporte de pressão da sonda (2), parafuso de pressão (3),
régua (4), suporte da régua (5), ponta de referência para deslocamento vertical da sonda (6),
149
tomada de pressão dinâmica da sonda (7), parafuso de pressão de suporte do conjunto (8),
régua de medida de deslocamento vertical da sonda (9).
Pa Pb
2
V
2g (2)
Pa Pb
d 1 h
(3)
V 2 g d 1 h
(4)
V 2 g d 1 h sen (5)
3.4. Operações
2 - O início do ensaio deve ser precedido da verificação das vazões a utilizar, das
profundidades da água no canal, das abscissas e coordenadas dos pontos em que deverão ser
medidas as velocidades.
A seguir, devem ser executadas as seguintes manipulações:
abrir o registro (1),usar (1a) para pequenas diferenças,de modo a obter no vertedor a
vazão desejada,colocando a ponta linimétrica do mesmo na leitura (H) igual à soma
da carga (h) correspondente à leitura do gráfico e à cota da crista do vertedor (a0)
(fig.B);
regular a comporta, manejando o volante do comando da mesma, a fim de obter-se a
profundidade do canal (hc) a qual será verificada pelas pontas linimétricas (4) e
(5),cujos valores são referidos ao fundo do canal. As leituras indicam diretamente a
profundidade da água;
manejar o conjunto de medidas de velocidades,de modo que o eixo da sonda
coincida como plano horizontal da cota (y). OBS.: É interessante iniciar com o plano
de cotas mais baixo, para evitar-se o risco de entrada de ar na sonda, o que
inutilizaria o ensaio.
manejando somente a régua para o deslocamento da sonda no plano de cota (y), para
o primeiro ponto de abcissa (x1) , e depois sucessivamente para os outros pontos;
151
elevar a sonda para a cota (y2) e explorar novamente os pontos de abcissa (x1), (x2).
4 Relatório
Figura B
Figura D
152
1 Introdução
2 Aspectos Teóricos
p1 V12 p2 V22
z1 = z2
2g 2g (1)
V12 V22 A2
2
2 g 2 g A1 (3)
V2
2 g p1 p2 / h
A2
2
1
A1 (4)
2 g p1 p2 / h
Q A2 2
A
1 2
A1 (5)
p1 p2
h d 1
(6)
A equação (5) é uma equação aproximada, como já foi visto. A equação da vazão real
que passa pelo venturi ou diafragma é obtida multiplicando-se esta equação por um
coeficiente de vazão "C". Substituindo nesta equação a equação (6) encontra-se, para h = 0:
154
A1 A2
QC 2 g h(d 1)
A12 A22 (7)
Fazendo:
A1 A2
k 1 const .
A12 A22 (8)
2 g k 2 const . (9)
(d 1) k3 const . (10)
Tem-se:
Q Ck1k2 k3 h C1 h C1 h
1
2
(11)
onde C1 = C k1 k2 k3
3 Trabalho Prático
Q
t (12)
4 Operações
2o - Manipulações:
verificar nas instruções recebidas quais os desníveis manométricos ( h) a empregar
no manômetro diferencial;
abrir lentamente o registro de comando de vazões a fim de obter no manômetro o
desnível desejado;
fazer a leitura do nível (Ni ) da água na cuba (19);
acionar a calha (16) mediante a válvula (18) - posição F - de modo a transferir a
água para a cuba de aferição. Neste instante destravar o cronômetro;
deixar em funcionamento a instalação por um espaço de tempo que será indicado
prèviamente para cada desnível manométrico;
acionar a calha para transferir a água novamente para o canal de retorno, válvula
(18) - posição A - travando o cronômetro;
após esperar a tranquilização da água na cuba (19) ler no piezômetro (20) o nível
superior (Ns);
esvaziar a cuba (19) por meio do registro (21) quando necessário;
fechar o registro (21);
proceder como nos itens anteriores para os demais desníveis solicitados.
5 Relatório
O relatório será feito do mesmo modo tanto para o venturi como para o diafragma,
devendo conter:
Figura 1
Figura 2.
158
OBJETIVOS: Fornecer aos alunos os conhecimentos básicos das propriedades dos fluidos,
dos esforços mecânicos e das leis de conservação de massa, quantidade de movimento e
energia. Apresentar noções e conceitos básicos do escoamento real.
BIBLIOGRAFIA: Os principais textos utilizados, indicados pelo nome dos autores e títulos
são:
11.Escoamentos elementares;
12.Superposição de escoamentos; Redes de fluxo;
13.Resolução de escoamentos: métodos gráfico e numérico;
14.1ª prova;
15.Dinâmica dos fluidos: Teorema do transporte de Reynolds; Leis básicas;
16.Conservação de massa; Conservação de quantidade de movimento;
17.Aplicações das equações de conservação; Turbo-máquinas;
18.Apresentação de vídeos sobre movimento de fluidos;
19.Equações de Euler, Navier-Stokes, Bernoulli;
20.Aplicações da equação de Bernoulli; Linhas piezométrica e de energia; Tubos
piezométrico e de Pitot;
21.Trabalhos em laboratório: Medição de velocidades em canal; Esvaziamento de
reservatório; Aferição de medidor Venturi;
22.Análise dimensional: teoremas de Bridgman e Buckingham;
23.Números adimensionais na hidráulica; Modelos reduzidos;
24.2a prova;
25.Escoamento viscoso; Regimes de escoamento; Detecção da turbulência; Escoamentos
externo e interno;
26.Camada limite: espessuras características; Camada limite em escoamentos externos;
27.Camada limite sobre placa plana: soluções laminar e turbulenta;
28.Separação e aerodinâmica: coeficientes de arrasto;
29.Correlações no escoamento turbulento; Leis de velocidade na camada limite
turbulenta;
30.Escoamento interno; Escoamento em tubos de seção circular
31.Processos de transporte de calor, massa e quantidade de movimento;
32.3a prova;
33.Revisão geral da matéria;
34.Provas de recuperação.