2022 - Cristiano de Souza Brito
2022 - Cristiano de Souza Brito
2022 - Cristiano de Souza Brito
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM
CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM
CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
Seropédica, RJ
Janeiro de 2022
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Biblioteca Central / Seção de Processamento Técnico
‘DISSERTAÇÃO APROVADA EM
Agradeço primeiramente a Deus por me dar capacidade para iniciar e findar este
ciclo. “Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o
entendimento” (Provérbios 2.6). Sou grato por me permitir conhecer pessoas queridas que
me ajudaram nessa estrada até aqui. Tudo vem de Ti, acontece por Seu intermédio e é
para Ti Jesus!
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Marcelo Almeida Bairral pela parceria de
sempre, pelos conselhos e direcionamentos na pesquisa. Você tem uma sensibilidade
enorme em compreender o que pensamos e em qual caminho estamos trilhando a
pesquisa. Suas atitudes e sabedoria me inspiram a ser um professor melhor. Muito
obrigado pelas conversas e vivências compartilhadas, tão importantes para o meu
desenvolvimento.
Agradeço à Kellen, minha amada esposa, por todo apoio e incentivo que recebi
para seguir adiante. Você foi a pessoa que mais me ouviu falar sobre a pesquisa. E quando
eu precisei de uma palavra de conforto e ânimo, seu carinho me abraçou!
Agradeço aos meus pais, Douglas e Mara, por sempre me incentivarem aos
estudos, sobretudo por me ensinarem os princípios e valores que formam o homem que
sou.
Agradeço aos professores Arthur Belford Powell e Dora Soraia Kindel, pelo aceite
em participar da qualificação e da defesa, pelas contribuições, críticas e sugestões que
foram fundamentais para o meu amadurecimento como pesquisador e professor.
Agradeço aos meus colegas do GEPETICEM, por investirem seu tempo lendo a
dissertação ainda em fase de construção e contribuírem com comentários e sugestões.
Agradeço ao professor Marcos Paulo Henrique, companheiro desde o início, quem
me apresentou o programa de Pós-graduação do PPGEduCIMAT, me incentivou e me
inspirou para a realização do projeto de pesquisa. Nunca vou me esquecer das nossas
conversas a caminho de Seropédica e da sua generosidade de sempre!
Agradeço aos (futuros) professores participantes das implementações da pesquisa.
Sem vocês esta pesquisa não seria possível.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Finance Code 001
RESUMO
Quadro 1: Quantitativo de artigos após busca por palavras-chave nas revistas eletrônicas.
Quadro 2: Relação das pesquisas selecionadas (continua)
Quadro 3: Relação das pesquisas selecionadas em um novo levantamento de três etapas.
Quadro 4: Particularidades de um AGD e suas potencialidades quando integrado a um
AVA.
Quadro 5: Comparativo da primeira proposta (presencial) com a sua segunda (remota)
Quadro 6: Panorama das versões da sequência didática.
Quadro 7: Terceira versão da atividade 2
Quadro 8: Panorama das versões do enunciado da tarefa 3
Quadro 9: Enunciado da tarefa 3 (versão 3)
Quadro 10: Panorama das tarefas implementadas (versão 2)
Quadro 11: Trecho das postagens dos integrantes da AT1S1V2
Quadro 12: Fragmento de análise do chat da sala AT1S1V2 (índices 41-58)
Quadro 13: Fragmento de análise do chat da sala AT1S1V2 (índices 59-64)
Quadro 14: Dados estatísticos dos participantes AT1S1V2 do trecho analisado (7-66)
Quadro 15: Aspectos do raciocínio matemático da AT1S1V2 (42-47).
Quadro 16: Aspectos do raciocínio matemático da AT1S1V2 (48-55).
Quadro 17: Aspectos do raciocínio matemático da AT1S1V2 (48-64).
Quadro 18: Fragmento (84-90, 98) do chat da atividade AT1S3V2.
Quadro 19: Processos utilizados por Ivone ao arrastar sobre a malha quadriculada.
Quadro 20: postagens de observações iniciais sobre arrasto do controle deslizante (99-
101).
Quadro 21: Síntese da evolução de signos de artefato para signos matemáticos (102-110)
Quadro 22: Síntese da evolução de signos de artefato para signos matemáticos (146-167)
Quadro 23: Síntese dos resultados da pesquisa
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO
Entender como essas e outras situações se dão torna-se importante não somente para o
aluno que realiza uma tarefa, mas também para o professor que deseja ajudar seus alunos a
conhecerem o mundo não somente de forma perceptiva, mas de modo a compreendê-lo de
forma mais abrangente e de outras formas.
Sendo assim, o simples fato de trabalhar com um software ou um ambiente virtual de
aprendizagem não garante que os problemas da educação matemática estão resolvidos. É
necessário assim considerar o contexto interno e externo de alunos e do professor em relação
ao uso de um artefato.
A presente pesquisa1, de caráter exploratório, pretende analisar processos interativos de
(futuros) professores de matemática em ambiente virtual, síncrono e colaborativo por meio de
tarefas envolvendo semelhança de triângulos. O produto educacional elaborado é uma
sequência didática composta pelas atividades sobre o conceito de semelhança de triângulos e
um guia para ambientação do VMT a (futuros) professores.
A temática da semelhança surgiu em continuidade ao trabalho de conclusão do curso de
licenciatura em matemática do autor. Naquela pesquisa apresentei um levantamento de
publicações do ENEM sobre o Teorema de Tales do ano de 1998 até 2016. A pesquisa
identificou alguns obstáculos para a aprendizagem do teorema, como a noção de
proporcionalidade e conceitos geométricos. Neste sentido a presente pesquisa busca ampliar os
estudos para o conceito de semelhança de triângulos em dinâmica online.
A semelhança está diretamente relacionada a noção de medida, de ampliação e redução,
mantendo-se as proporções dos lados homólogos e igualdade dos ângulos correspondentes.
Mesmo a semelhança de triângulo ocupando lugar de destaque em relação a sua aplicação,
inclusive em outros conceitos matemáticos com extensão para os demais polígonos e outros
conceitos, os critérios que definem a semelhança não são nitidamente compreendidos por
estudantes e professores (GONZÁLEZ et al., 1990).
Outra questão de suma importância para o ensino de semelhança é a possibilidade de
“[...] explorar e aprofundar os saberes matemáticos envolvidos (por exemplo, o de
proporcionalidade), estabelecer relações com outros saberes e levar em consideração o
desenvolvimento da linguagem do aluno” (BAIRRAL, 1998, p.1). A proporcionalidade está
intimamente relacionada ao conceito de semelhança e a outros temas da matemática como
1
Integrante do Projeto Participando, descobrindo e interagindo em ambientes virtuais: Potencializando novas
formas de aprendizagem matemática, financiado pelo CNPq e aprovado no comitê de ética da UFRRJ com o
parecer 916/17.
3
2
Disponível em: <https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/bolema>. Acesso em: 09 mar. 2020.
3
Disponível em: <http://costalima.ufrrj.br/index.php/gepem/index>. Acesso em: 20 jul. 2020.
4
Disponível em: <http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.ws/revista/index.php/emr>. Acesso em: 21 maio 2020.
5
Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/emp>. Acesso em: 26 maio 2020.
6
Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/IGISP>. Acesso em: 20 maio 2020.
6
Quadro 1: Quantitativo de artigos após busca por palavras-chave nas revistas eletrônicas.
Palavras- Semelhança8 Triângulos Congruência Proporcionalidade
chave
Quantidade 10 4 2 8
de artigos
Fonte: elaboração do autor
Alguns resultados das buscas nas revistas se apresentaram de forma duplicada, ou seja,
que a partir de palavras diferentes um mesmo artigo foi encontrado como resultado no fim da
busca. Localizamos 5 (cinco) artigos duplicados e os eliminamos do quantitativo geral de
trabalhos, totalizando 19 (dezenove) resultados válidos. Esse procedimento proporciona uma
visão mais realista do quantitativo de trabalhos que são candidatos a compor a revisão de
literatura.
Após a seleção destes artigos, um primeiro refinamento foi feito com base no conteúdo
dos títulos e resumos de cada trabalho por meio de duas perguntas: i) O assunto principal da
pesquisa abordada é a temática semelhança de triângulos? ii) Há algum vínculo da pesquisa
abordada com o conceito de proporcionalidade ou congruência? Em resposta a primeira
pergunta, identificamos a ausência de trabalhos que assumam o assunto semelhança de
triângulos como eixo central da pesquisa, considerando a base de dados nas revistas escolhidas
e o período de 01 de janeiro de 2016 a 18 de maio de 2020.
7
A escolha pela palavra no plural se deu por conta do conceito de semelhança se aplicar a dois triângulos no
mínimo.
8
Alguns artigos resultantes da busca nos sites da EMR e EMP constavam como pertencentes ao período de 2016 a
18 de maio de 2020, porém tratavam-se de republicações. Sendo assim, os artigos ficaram fora do período
escolhido para esta pesquisa e decidimos não os utilizar como base para o mapeamento. O mesmo fato ocorreu
para artigos relacionados às outras palavras-chave, dos quais procedemos da mesma forma.
7
Em relação à segunda pergunta, em algumas situações, foi realizada apenas a leitura dos
títulos e resumos, e em caso de dúvida quanto à conformidade do tema central de cada pesquisa
à temática de semelhança de triângulos, foram observados os trechos contendo a palavra-chave
ou avançava para a leitura integral do artigo em busca de pontos relevantes à proposta da
presente pesquisa. Esse processo permitiu excluir pesquisas que se distanciam do objetivo deste
trabalho e indicar àquelas que mais tem afinidade com a proposta escolhida. Foram
identificadas e descartadas neste primeiro refinamento 11 (onze) pesquisas que utilizavam a
palavra semelhança no sentido de comparação e não relacionados à semelhança de triângulos,
e artigos que relacionavam a palavra congruência ao conceito de congruência semântica dos
estudos de Duval.9
As oito pesquisas selecionadas, que se adequam as condições estabelecidas, foram
submetidas a um novo refinamento com base nos seguintes critérios de exclusão: i) pesquisas
que apenas mencionem o conceito de semelhança de triângulos ii) pesquisas cujo público-alvo
não está voltado a professores em formação inicial ou continuada. Ao final deste processo,
permaneceu apenas um trabalho válido. O esquema completo das etapas deste levantamento é
apresentado na figura 1.
9
Na teoria da congruência semântica de Duval uma conversão é congruente quando um indivíduo transita ou faz
conversões nas diversas representações de um mesmo objeto matemático. A conversão também será congruente
se a representação final transparecer na representação de partida (LOURENÇO; OLIVEIRA, 2018). Disponível
em: <https://revistas.pucsp.br/emp/article/view/35043>. Último acesso em: 15 out. 2019.
8
Fonte: elaboração própria com base no modelo de revisão sistemática PRISMA E&E paper
No momento do segundo refinamento ainda não excluímos artigos que não utilizaram
um AGD em sua implementação por conta da carência de trabalhos tratando sobre o assunto
semelhança de triângulos. Tal condição representou um fator desafiador para o
desenvolvimento deste levantamento bibliográfico, mas ao mesmo tempo ressalta ainda mais a
relevância científica desta pesquisa.
No quadro 2 é apresentado cada um dos oito artigos organizados por ano da publicação,
nome da revista, autor (es), título do trabalho, palavra(s)-chave e a análise de temas relevantes
ou não para a pesquisa. A área do quadro 2 com a cor cinza sinaliza o artigo que se adequa aos
critérios estabelecidos para compor a pesquisa.
Autor
Ano/Revista Título Palavra-chave Análise de temas de relevância
(es)
A pesquisa articula uso de um AGD
A Transição das conjuntamente a materiais concretos. Os
2016 Galvão,
Razões para as Triângulos; autores tratam especificamente de temas
BOLEMA Souza e
Funções semelhança que contribuem para a aprendizagem
Miashiro
Trigonométricas significativa de conceitos subsunçores da
trigonometria.
Um estudo sobre a Os autores verificaram como um grupo
2016
Oliveira e participação de de alunos do 6º ano do E.F participou de
Revista Proporcionalidade
Souza alunos do 6º ano uma pesquisa estatística através de
Educação
do Ensino coleta, organização e análise dos dados
9
A partir das informações dos oito artigos, observamos que apenas os trabalhos de
Galvão, Souza e Miashiro (2016) e Menduni-Bortoloti e D’Angela (2018) envolviam o público-
alvo desejado. Porém, a primeira pesquisa tem maior foco em conceitos trigonométricos e cita
em alguns momentos a semelhança de triângulos, esta serve como estratégia para resolução da
tarefa proposta. A pesquisa de Menduni-Bortoloti e D’Angela (2018) também corresponde aos
critérios de refinamento, discutindo o conceito de proporcionalidade de forma mais ampla na
matemática e envolve a semelhança de triângulos como a expressão da proporcionalidade no
campo da Geometria.
Ainda buscamos pesquisas envolvidas, especificamente, com a semelhança de
triângulos e nesse sentido selecionamos a pesquisa de Cruz e Holanda (2019) e de Vieira e
Santos (2019), não pelo conteúdo das pesquisas e sim pelas produções referenciadas10 que se
relacionam à temática e ao público-alvo.
Observamos que apesar dos artigos descartados não tratarem a temática de semelhança
de triângulos de forma específica, há elementos que podem ser úteis em discussões futuras. Em
grande parte, a conclusão dos trabalhos indicava a dificuldade de estudantes com temas diversos
da matemática por consequência da pouca compreensão sobre a semelhança de triângulos
(GALVÃO; SOUZA; MIASHIRO, 2016). Optamos, ainda assim, por dar destaque a estas
pesquisas cujo tema central é o conceito de proporcionalidade. Os resultados dessas pesquisas
apontam que os alunos participantes já apresentavam indícios de noções de proporcionalidade
(OLIVEIRA; SOUZA, 2018) ou ainda indicavam a defasagem dos estudantes com o conceito
de proporcionalidade um fator que inviabilizou o desenvolvimento da pesquisa (OLIVEIRA;
MACEDO, 2017) e comprometeu a compreensão do gráfico de setores. Outras questões
relevantes nas pesquisas descartadas foi a dificuldade dos estudantes em transformar a escrita
matemática em comandos para o computador (OLIVEIRA; ROMÃO, 2018).
Apesar de não tratarem a semelhança como tema central essas pesquisas também
apontaram as falhas no ensino de semelhança de triângulo ao se omitir alguns tópicos
relevantes, o que resulta em prejuízo na aprendizagem de ampliação, redução, escala, projeção
e variação de áreas e volumes por exemplo (JACONIANO et al., 2019). Apesar de discutirem
assuntos relevantes para esta pesquisa, ainda assim isto ocorreu de forma muito pontual e
10
As produções referenciadas por estas e outras pesquisas são discutidas no Capítulo II.
11
apenas citam o conceito de semelhança, não apresentando elementos para o seu ensino e
aprendizagem, principalmente, para um grupo de licenciandos e mestrandos.
Menduni-Bortoloti e D'Angela (2018) organizaram a construção de uma matemática
para o ensino de conceito de proporcionalidade com a participação de um grupo de professores
do E.F II e Ensino Médio (E.M). O processo metodológico foi realizado com a participação de
professores que levantaram questões consideradas difíceis para seus alunos ou para eles
próprios, caso não soubessem o porquê de se resolver algum problema da forma que resolviam.
Os professores deveriam descrever "uma situação ou problema relacionado com a noção de
proporcionalidade” (MENDUNI-BORTOLOTI; BARBOSA, 2018, p. 283). Na sequência, os
próprios professores deveriam resolver as questões propostas pelos seus colegas. A partir destas
informações, foram capturadas diversidades de formas ao se comunicar o conceito de
proporcionalidade e, posteriormente, foram alocadas em três grupos: como razão, como
igualdade entre razões e como função.
Por meio dos dados obtidos pelas diversidades de realizações matemáticas dos
professores, os autores perceberam que a proporcionalidade realizada como igualdade entre
razões tem a rotina descrita por meta-regras que comunicaram a regra de três. A sua rotina é
sustentada na proporção que pode ser explicada pela semelhança de figuras, especialmente de
triângulos, teorema de Tales e razão trigonométrica.
Com base no referencial teórico do artigo, de acordo com Sfard (2008), o parágrafo
anterior significa dizer que as narrativas produzidas pelos professores na temática
proporcionalidade, foram justificadas pela semelhança de triângulos por conta da proporção,
inclusive, quando utilizaram a regra de três. Assim os autores identificaram que:
Nos resultados desta pesquisa vemos que a proporcionalidade foi comunicada como
escala, porcentagem, divisão e quotizações proporcionais (quando realizadas como razão),
comunicada como proporção quando realizada como igualdade entre razões e comunicada
como função quando realizada como fator de proporcionalidade. Em síntese, percebe-se que há
uma diversidade de assuntos que se relacionam a proporcionalidade e que possuem distinções
na forma que são realizadas e que comunicam o conceito.
12
11
Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/revemat>. Acesso em: 05 ago. 2020.
12
Para buscas com resultados com o uso de comandos para a busca. No caso do uso do termo NOT, podemos
realizar a pesquisa na base de dados e excluímos outros trabalhos que contêm palavras indesejadas. Foi o que
ocorreu com a palavra-chave congruência adicionada ao string NOT para excluir artigos contendo as palavras
representações e semiótica.
13
na Licenciatura em
Matemática
A matemática Os autores descrevem a matemática
incorporada na presente na construção do quadrante
Pereira, construção do náutico. A pesquisa fica restrita a
REVEMAT Triângulos;
Batista e quadrante descrito apresentação dos passos para a
2017 Semelhança.
Silva na obra Libros del construção deste artefato histórico.
Saber de
Astronomía
Os autores identificaram avanços no
raciocínio geométrico de alunos do 8º
ano pela manifestação das habilidades
Raciocínio visual e lógica no uso do GeoGebra
geométrico e (versão desktop). Os autores também
REVEMAT Viana e Congruência; utilizaram polígonos de papel cartão e
aprendizagem de
2020 Silva triângulos slides com animação. Apesar do uso
congruência de
triângulos de um AGD, os autores não
descrevem o processo de ensino e
aprendizagem mediados com uso do
software.
Conhecimento Os autores investigaram quais as
especializado nos concepções de professores quanto aos
REVEMAT Groenwald currículos de conhecimentos matemáticos
Triângulos
2020 e Rodrigues matemática na consideramos fundamentais para a
concepção dos construção de uma BNCC.
professores
Fonte: elaboração do autor com base nos dados da REVEMAT.
Autor
Temáticas abordadas Implicações para a pesquisa
(es)
Bairral e Reflexões e resultados de análise de dois Análise de interações colaborativas de
Marques contextos interativos (construído e não licenciandos em resolução de tarefas
(2016) construído) com o VMTcG
Potencialidades do AGD: variantes e invariantes;
Bairral e
raciocínio ascendente e descendente; Potencialidades do GeoGebra (off-line)
Barreira
Particularidade do VMTcG: interação síncrona e e particularidades do VMTcG (online).
(2017)
colaborativa; justificativa e processo de prova
Oliveira Análise de interações colaborativas de
Proposição e resolução de tarefas; fases de
e Bairral licenciandos em resolução de tarefas
análise de chats
(2020) com o VMTcG
Fonte: elaboração do autor
13
Disponível em: <http://revistaparadigma.online/ojs/index.php/paradigma>. Último acesso: 02 fev. 2021.
15
Fonte: Elaboração própria a partir de imagem gratuita14, inspirado em Machado (2000, p.18).
14
Disponível em https: <//unsplash.com/photos/NEvS5lHyrlk>. Acesso em: 09 jan. 2022.
20
semelhança, por exemplo, foi aplicado ao cálculo de áreas e volumes por parte dos Egípcios e
Babilônios, à determinação do raio da Terra (Erastóstenes de Alexandria, 276-196 a.C.) e à
medição de distâncias inascíveis.
Há relatos de que a noção de semelhança de triângulos serviu como base para Tales
calcular a altura da pirâmide de Queóps e, por meio da congruência de triângulos, ele também
mediu a distância de um navio à praia (EVES, 2011). Maciel e Almouloud (2004, p.2) destacam
os aspectos práticos do uso da semelhança no decorrer da história e a evolução desses conceitos
práticos para abstratos.
Eram utilizados no Egito quadriculados para determinarem figuras
semelhantes, trabalhavam com a geometria de uma maneira mais
prática. Na geometria grega, com Thales, percebemos um trabalho com
relação ao real, porém com uma preocupação de construir propriedades
gerais de figuras geométricas abstratas. Os Elementos de Euclides
podem realmente ser considerado como a primeira organização da
Geometria de forma dedutiva, baseiam-se nos teoremas de figuras
semelhantes considerando axiomas, forma geral e abstrata em suas
demonstrações, sem nenhuma menção a alguma situação real ou
prática. (MACIEL; ALMOULOUD, 2004, p. 2)
Como vimos até aqui o conceito de semelhança está presente em diversas áreas do
conhecimento, nas aplicações do cotidiano e na construção do pensamento geométrico
denotado pela evolução da história da matemática. A noção de semelhança no contexto
matemático é definido Lima (1991, p. 33), como:
que leva cada ponto ao seu correspondente tem como razão de semelhança a unidade, isto é
𝑟 = 1. A reciprocidade de correspondência de figuras semelhantes é designada como uma
função inversa, cuja razão de semelhança é o inverso multiplicativo 1/𝑟.
S. Pereira e M. Pereira (2016) consideram que para relacionar forma e grandeza um
caminho dos caminhos possível é o conceito de homotetia, já que este preserva a forma da
figura. A figura 5 é um exemplo de uma situação homotética (figura 5). Para Maciel e
Almounloud (2004, p. 3), a homotetia pode ser explicada pela seguinte situação:
Suponhamos um ponto de origem O (fonte puntiforme) situado em um
espaço tridimensional E e dois pontos deste espaço 𝑃 e 𝑃’. Se ̅̅̅̅̅
𝑂𝑃’ =
𝑘. ̅̅̅̅
𝑂𝑃 , sendo 𝐾 ∈ ℝ* diz-se que: o ponto P’ é homotético de 𝑃 em uma
homotetia de centro O e razão K (HO, K).
Assim, a homotetia (HO, K) pode ser definida como uma função que associa o ponto que
representa a origem a outro ponto que representa a sua imagem (GONZÁLEZ et al., 1990).
Desta forma, poderíamos efetuar a mesma homotetia (HO,K) a um retângulo ABCD a partir do
ponto de origem O e gerar um retângulo A’B’C’D’ semelhante (figura 6) com as seguintes
propriedades:
Como quase toda regra, esta também tem uma exceção. Há apenas um
tipo de polígono, e apenas um, em que as duas condições que garantem
a semelhança ocorrem sempre juntas. Neste tipo de polígono, se os
lados forem proporcionais, os ângulos correspondentes já serão
automaticamente iguais, e vice-versa. Este excepcional polígono é o
triângulo. (MACHADO, 2000, p.25)
O autor considera ainda dois outros quesitos, bastando validar apenas um deles, para
verificar se dois triângulos são semelhantes: i) que tenham lados correspondentes proporcionais
ou ii) que tenham ângulos correspondentes iguais. Esta é uma propriedade que diz respeito
apenas aos triângulos. Há ainda um terceiro critério para semelhança de triângulos: iii) que
tenham um ângulo correspondente igual compreendido entre lados homólogos proporcionais
(LIMA; 1991, p.43; GONZÁLEZ et al., 1990, p. 81). Diante do exposto, vemos que a
proporcionalidade também é um conhecimento importante para reconhecer triângulos
semelhantes e analogamente para a congruência, salvo que a razão de semelhança neste caso é
igual a 1.
Como é possível notar, os critérios que definem a semelhança de triângulos necessitam
de um tratamento específico da matemática para que sejam compreendidos. González et al.
(1990) aborda as interferências entre a linguagem cotidiana e a linguagem matemática pelo uso
da palavra “semelhante”. Em relação a linguagem matemática ou científica, já tratamos
anteriormente. Porém no uso da linguagem cotidiana, essa mesma palavra assume outro
significado.
Uma situação comum em nosso dia a dia é “[...] ao observar duas coisas parecidas,
reagimos [...] dizendo: são iguaizinhos!” (MACHADO, 2000, p. 6), ou ainda, é possível que o
leitor já tenha usado no lugar de igualzinho a expressão parecidos para se referir a dois objetos
semelhantes. Entretanto, o uso dessas palavras pode estar relacionado a objetos de tamanhos
diferentes e até mesmo para diferentes aplicações, ou seja, podem possuir sentido ambíguo
(GONZÁLEZ et al., 1990). Machado (2000) considera os seguintes exemplos: o cone de
sinalização de trânsito e a casquinha de sorvete (formas parecidas e usos diferentes) e uma bola
de futebol e uma bola de futebol americano (formas diferentes e usos parecidos). Desta forma,
percebemos que:
Dizemos, em nosso cotidiano, que duas pessoas ou dois objetos são
semelhantes quando estes são parecidos. Na matemática, este conceito
é bem mais específico, designando apenas figuras que tenham a mesma
forma, podendo ter o mesmo tamanho. Ampliar ou reduzir uma figura
são métodos de se obter outra figura semelhante a primeira, pois apenas
mudamos seu tamanho e não sua forma. (PEREIRA, 2017, p.72)
24
Sendo assim, dizemos que dois objetos são parecidos com o sentido de terem a mesma
forma, e no caso da matemática, dizer que duas coisas têm a mesma forma, ainda que de
tamanhos distintos, significa dizer que são semelhantes (MACHADO, 2000).
O autor pondera sobre a importância de diferenciar esses conceitos (sobre o que é
semelhante e o que é parecido), pois mesmo que os alunos tenham algum conhecimento prévio
sobre semelhança, na linguagem cotidiana as figuras “semelhantes” são tratadas como sinônimo
de figuras “parecidas”. Esta confusão quanto aos critérios que definem o que são figuras
semelhantes é comum tanto para alunos quanto para muitos adultos, ao passo que:
O primeiro dos critérios [igualdade dos ângulos correspondentes] é,
talvez, o mais fácil de identificar, salta à vista, mas o segundo
[proporcionalidade dos lados correspondentes], a razão de semelhança
entre as figuras, conceito intimamente ligado ao de razão de
proporcionalidade entre quantidades, necessita de ser efetivamente
trabalhado com muitas atividades significativas o suficiente, para que
sua aquisição seja alcançada” (GONZÁLEZ et al., 1990, p. 148,
tradução livre).
Dessa forma podemos concordar com González et al. (1990, p.146) e assumir que o
estudo do conceito de semelhança deve levar em consideração pré-requisitos, como o
conhecimento sobre grandezas e medidas, procedimentos de cálculo; alguns conceitos
geométricos como planos, retas, ângulos, perpendicularidade, paralelismo, figuras geométricas.
Da mesma forma, devemos considerar a noção de proporcionalidade e dois elementos principais
que a compõem: a razão e a proporção.
O conceito “[...] proporcionalidade está presente em grande parte do que fazemos
também em geometria, principalmente no que se refere a figuras semelhantes e às proporções
que existem entre elas” (JACONIANO et al., 2019, p. 108) e por este motivo o ensino e
aprendizagem de semelhança está tão relacionado a compreensão destes dois elementos que
compõem a proporcionalidade.
O primeiro elemento, a razão, não precisa ser ensinado antes da proporção, até mesmo
“[...] pela variedade de aspectos envolvidos no conceito de razão, este exige bastante tempo e
trabalho para ser construído. Isso pode e deve ser feito ao longo de todo o trabalho com
proporcionalidade” (TINOCO, 1996, p.10).
A noção de razão está relacionada a diversos saberes como a “[...] divisão proporcional,
escala, porcentagem, quotização proporcional e taxa” (VIEIRA; SANTOS, 2019, p. 529). Neste
sentido, Menduni-Bortoloti e Barbosa (2018, p. 277) consideram que as mesmas são utilizadas,
respectivamente, nas situações em que: i) as grandezas de naturezas diferentes são relacionadas
a fim de “repartir” uma grandeza em relação a outra; ii) a razão é representada por meio de um
fator de escala, ou um operador que age sobre um objeto a fim de reduzi-lo ou ampliá-lo
25
mediante operação de multiplicação; iii) representa uma razão especial na qual o denominador
é sempre 100 e o resultado está em porcentagem; iv) difere da divisão por já ter o número total
de elementos de cada grupo e almeja-se encontrar o total de grupos; v) relaciona duas grandezas
de natureza iguais ou não, tornando-se uma nova grandeza (por exemplo, a vazão de um rio).
Já o termo “proporção” aparece em pesquisas anteriores relacionado a Estatística, como
um novo formato para apresentação de dados, mas de forma geral representa a equivalência
entre duas razões (VIEIRA; SANTOS, 2019). Comumente a razão é associada ao algoritmo da
regra de três, na qual a regra é definida como um tipo de problema no qual se conhece três
números 𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 e deseja-se descobrir o quarto, 𝑥4 , (MENDUNI-BORTOLOTI; BARBOSA,
2018). O autor destaca o uso comum da regra de três em problemas práticos que envolvam
semelhança de triângulos.
Considerando, portanto, os conceitos de razão e proporção podemos entender a
proporcionalidade como “[...] uma relação multiplicativa entre quantidades de dois espaços-
medidas [...] como igualdade entre duas relações” (VIEIRA; SANTOS, 2019, p. 519-520).
Entre outros aspectos, no sentido do que se objetiva com o ensino e aprendizado de semelhança
e da proporcionalidade, entendemos que:
“[...] a proporcionalidade não é apenas um conteúdo matemático, mas
um ‘formador’ de estruturas cognitivas para a compreensão de outros
importantes conceitos matemáticos, tanto nas questões numéricas,
como naquelas que envolvem Medidas e Geometria” (COSTA;
ALLEVATO, 2015, p.3).
p. 9). Apontamos a seguir algumas situações que ilustram prejuízos causados pela ausência do
ensino de semelhança de forma a contemplar seus conceitos correlatos.
Os resultados da pesquisa de S. Pereira e M. Pereira (2016) intitulada O ensino de
semelhança de triângulos na opinião de alunos apontam para os prováveis motivos das
dificuldades de um grupo de 100 estudantes do E.F. em resposta a um questionário
socioeducacional:
Os autores concluem que, com base nas respostas dos estudantes, as situações
contextualizadas envolvendo triângulos semelhantes em diferentes posições, casos de
semelhança e o cálculo de distâncias inacessíveis são os principais tópicos relacionados às
dificuldades dos estudantes, necessitando de uma maior atenção dos professores.
Pesquisas realizadas com licenciandos também apresentam que eles possuem
dificuldades relacionadas ao conteúdo de semelhança de triângulos. Pereira, Munhoz e
Quartieri (2016) analisaram como alunos egressos no curso de licenciatura em matemática
constroem suas conjecturas ao investigar a invariância das razões trigonométricas seno, cosseno
e tangente dos ângulos 30º, 45º e 60º em situações nas quais os triângulos são semelhantes. Os
licenciandos consideraram o conteúdo complexo, apresentaram limitação na compreensão de
aspectos básicos da trigonometria e não tinham entendimento das bases teóricas da geometria
por trás de fórmulas utilizadas em livros didáticos.
Os mesmos autores identificaram nas conjecturas “[...] o apego dos alunos aos
algarismos ou aritmética” (PEREIRA; MUNHOZ; QUARTIERI, 2016, p. 142), com uso
contínuo de operações aritméticas e certa limitação dos seus procedimentos ao campo algébrico,
indicando a possibilidade dos licenciandos estarem em transição do campo aritmético para o
algébrico. Citando Fiorentini, Fernandes e Cristóvão (2014, p. 4), Pereira, Munhoz e Quartieri
(2016) consideram que os estudantes neste período de transição podem ou não usar linguagem
simbólica, concebendo a existência de um número e organizando alguns processos e
generalizações.
27
15
A matemática para o ensino é um modelo teórico adotado pelos autores “como um modelo teórico que captura
uma diversidade de modos de ensinar um conceito matemático, o qual pode ser representado por meio de uma
estrutura teórica que organiza suas formas de ocorrência” (MENDUNI-BORTOLOTI; BARBOSA, 2018, p.271).
16
O termo realizações é utilizado por Sfard (2008) para caracterizar também narrativas, ou seja, “[...] declarações
faladas ou escritas, validadas ou rejeitadas por um grupo que participa da comunicação” (MENDUTI-
BORTOLOTI; BARBOSA, 2018, p. 272).
28
Chama a atenção destes autores, o fato de alguns professores terem apenas utilizado o
Teorema de Tales sem se justificar com base na semelhança de triângulos, mas recorrendo
diretamente ao uso da regra de três, de forma indiscriminada, está relacionado ao como resolver
e não ao porquê utilizá-la.
A matemática para o ensino de proporcionalidade como igualdade entre razões é um
cenário que podemos atribuir diretamente a este grupo de professores investigados, porém,
pesquisadores tem apontado que o ensino de proporcionalidade e semelhança de triângulos tem
sido reduzido ao uso, quase que exclusivo, do algoritmo da regra de três simples (TINOCO,
1996; COSTA; ALLEVATO, 2015).
Acreditamos que “[...] resolver problemas que envolvem o conceito de
proporcionalidade é muito mais que aplicar algoritmos, como a regra de três, por exemplo,
normalmente associada à proporcionalidade” (VIEIRA e SANTOS, 2019, apud COSTA
JÚNIOR, 2010).
Na pesquisa de Costa e Allevato (2015), futuros professores exploraram o conceito de
proporcionalidade através da resolução de problemas envolvendo a medida da sombra e altura
de uma pessoa e de um poste. Os licenciados demonstraram dificuldade na estratégia de
resolução. Uma parte do grupo recorrereu diretamente à regra de três enquanto que outros
estudantes realizaram tentativas para resolver os problemas através do uso do Teorema de
Pitágoras, sem sucesso, e finalmente também seguiram no uso da regra de três sem considerar
o conceito de proporcionalidade. O apego a regra de três é explicado pela falta de vivência de
ensino dessa abordagem. Eles relataram que inicialmente foram resistentes em utilizar outras
estratégias “[...] por não estarem acostumados a ver professores ensinando dessa maneira”
(COSTA; ALLEVATO, 2015, p.8), mas depois compreenderam a necessidade de utilizá-la em
suas aulas de matemática.
No entanto, os estudantes “[...] ainda apresentavam deficiências com relação a este
conteúdo” (COSTA; ALLEVATO, 2015, p. 10) durante a apresentação do conteúdo na
plenária. Os autores destacam que a “[...] pesquisa revelou que os (futuros) professores tinham
poucos conhecimentos com relação ao conteúdo estudado, principalmente em fazer conexão
com a Geometria” (COSTA; ALLEVATO, 2015, p. 11), o que denota a dificuldade em comum
com estudantes da educação básica em situações em que é necessário relacionar conhecimentos
distintos para resolver um determinado problema.
29
A partir das discussões expostas nessa seção, entendemos que o papel da geometria
como campo da matemática, propõem uma forma específica de pensar ao indivíduo,
convidando-o a descoberta e a exploração de propriedades e relações abstratas. De igual modo,
a semelhança de triângulos se destaca por comunicar o conceito de proporcionalidade, que
integra as diversas áreas da matemática e está presente em diversos campos do conhecimento.
E por estar relacionado tanto a proporcionalidade como a outros conceitos da geometria, o
estudo da semelhança permite explorar ainda mais os conhecimentos matemáticos
correlacionados.
Clicar, arrastar e transformar figuras, mantendo ou não Possibilita a colaboração no uso de ferramentas à
as propriedades euclidianas (BAIRRAL; BARREIRA, medida que os membros do grupo compartilham
2017, p. 48; BUSSI; MARIOTTI, 2008). Possibilidade observações e constroem figuras (ALQAHTANI;
de que os estudantes transformem ferramentas POWELL, 2016).
tecnológicas de AGD em um instrumento matemático
(ALQAHTANI; POWELL, 2016), seja de forma
individual ou coletiva.
32
A visualização e representação de objetos invariantes, Por conta da dinamicidade favorecida pelo ambiente,
ou seja, conceitos, propriedades ou construção; e o coletivo instituído pode produzir conjecturas,
variantes como ângulos, perímetro, soma dos ângulos observar conceitos e propriedades emergentes no
internos de um triângulo, lados, dentre outros chat, além de poder (re)elaborar estratégias de forma
(BAIRRAL; BARREIRA, 2017, p. 52). Possibilitando mais ágil, seja individual ou coletivamente
também na internalização da função de arrastar de forma (BAIRRAL; BARREIRA, 2017).
a controlá-lo logicamente (MARIOTTI, 2000), isto é,
desenvolver o recurso de arrastar de forma proposital
(ALQAHTANI; POWELL, 2016).
o objetivo para o qual são utilizadas, a definição de cada modalidade buscando identificá-las e
classificando-as nestes dois tipos de processos.
Fonte: https:<//www.geogebra.org/m/kbtbcuud>.
A tarefa apresenta um triângulo determinado (de cor verde) que serve de base para
identificar dependência ou não de suas medidas com os demais triângulos. Os triângulos 3 e 4
são congruentes ao triângulo 1, os triângulos 6 e 7 são escalas do triângulo 1, e os triângulos 2,
5 e 8 não possuem dependência com o triângulo 1. Todos os triângulos foram construídos em
posições distintas do triângulo 1, sendo necessário arrastar os pontos para realizar a
comparação.
O Objetivo da tarefa consiste em identificar três relações: “1. Mesma forma, mesmos
componentes, 2. Mesma forma, componentes iguais ou proporcionais, e 3. Forma diferente,
com possivelmente alguns componentes iguais” (POWELL; ALQAHTANI, 2021, p.6). Os
17
Disponível em: <https://www.geogebra.org/m/kbtbcuud>. Acesso em: 16 maio 2021.
35
autores propõem que esta tarefa seja utilizada para que os alunos arrastem cada triângulo e o
sobreponha ao primeiro triângulo, comparem, procurem identificar e discutir as semelhanças e
diferenças entre seus elementos (lados e ângulos). Espera-se que os estudantes identifiquem
assim suas propriedades e relacionem os casos observados referentes aos componentes lados e
ângulos dos triângulos descrevendo os casos em que lados e ângulos são semelhantes e aqueles
que não o são.
Convidamos o leitor a acessar o link para a tarefa proposto pelos autores, cliquem nos
três pontos do canto direito superior e selecionem a opção “Abrir com o GeoGebra App”.
Vamos explorar algumas modalidades de arrastar, nos limitando a comparar e analisar os
triângulos 3 e 7 com o triângulo 1.
Considere o triângulo 1, iniciamos arrastando o ponto C do triângulo 1, sem uma regra
existente, por ser um ponto livre, e assim percebemos que o movimento de C implica no
movimento dos pontos L, I, U e R de quatro triângulos diferentes (4, 3, 7 e 6 respectivamente).
Arrastando aleatoriamente o ponto B, notamos que os triângulos 4 e 6 continuam movendo
apenas os pontos L e R, enquanto o mesmo movimento de A ou B modificam dois pontos, ao
mesmo tempo, dos triângulos 3 e 7. Por meio desse arrasto notamos a existência de possíveis
triângulos que tenham uma relação com o triângulo 1. Com o mesmo arrasto aleatório em A, B
ou C percebemos que os triângulos 2, 5 e 8 não possuem relação com o triângulo 1, pois seus
pontos continuam parados à medida que arrastamos os pontos A, B e C.
Ainda arrastando os pontos G e S, notamos que estes têm a função de girar os triângulos
3 e 7, respectivamente, em torno do ponto H e T que não se movem com o arrasto de G e S.
Diante dessas observações, podemos separar os triângulos em dois grupos distintos. O
primeiro, em que identificamos que os triângulos 3 e 7 parecem ser iguais ao tamanho do
triângulo 1, e os triângulos 4 e 6 parecem ter a mesma forma, mas possuem tamanhos diferentes.
Arrastando os pontos G ou S, podemos sobrepor os triângulos 3 e 7 a fim de conjecturar se suas
medidas são iguais ou não.
Arrastando os pontos G e S, entendemos que esses pontos rotacionam os triângulos 3 e
7, respectivamente, em torno de seus eixos H e T. Imaginamos a existência de uma possível
circunferência em que os pontos G e S estejam passando. Construindo os pontos (Q1, R1, ...,
E2) de acordo com o arrasto em locus fictício dos pontos G e S, podemos perceber que os
pontos G e S de fato passam pelos pontos de uma circunferência que é apenas fictícia, e
portanto, não está visível e existe apenas na mente, sendo visualizada com a imaginação, num
diálogo da mente consigo mesmo (GATTEGNO, 1987).
36
Com as seguintes relações construídas: os lados dos triângulos 3 e 7 são iguais aos lados
do triângulo 1, que representam os raios das circunferências de igual comprimento dos
triângulos 1, 3 e 7. Feito isso, a conjectura levantada torna-se mais precisa, pois o locus fictício
tronou-se visível. Diante do exposto, verifica-se assim uma propriedade invariante desses
triângulos. Com uso do ícone de medição dos lados podemos verificar que os ângulos desses
triângulos também são iguais.
Estes recursos podem ser utilizados tanto pelos aprendizes na resolução de uma tarefa
geométrica como por professores para compreender a forma como seus alunos constroem o
conhecimento geométrico.
Em uma tarefa similar realizada com professores participantes de um curso de formação
pelo VMTcG, foi identificado que o uso do recurso de arrastar passou a ocorrer de forma mais
proposital, isto é, deixaram de arrastar apenas para verificar propriedades e passaram a testar a
validade da construção (ALQAHTANI; POWELL, 2016; ALQAHTANI, POWELL, 2017b).
Neste sentido, os professores utilizaram o recurso de arrastar juntamente com a janela de
álgebra para compreender as dependências entre os triângulos como a medida dos ângulos e
lados. Os professores participantes também “[...] arrastaram um triângulo em cima do outro, ou
como os professores chamavam, sobreposição [...] de modo que em quase todas as tarefas após
esta, eles discutiram alguma forma de congruência e semelhança de objetos” (ALQAHTANI;
POWELL, 2017b, p. 32, tradução livre).
Os autores destacam a importância de educadores entenderem o processo de apropriação
com o objetivo de compreenderem como os AGD trazem outra configuração ao pensamento
geométrico dos seus alunos.
Em ambientes de geometria dinâmica (DGEs), os alunos podem
manipular objetos geométricos arrastando e discutir diferentes relações
entre esses objetos, como dependência. As diferentes ferramentas e
recursos - oportunidades para ações e atividades - que os GDEs
fornecem podem se tornar parte do discurso matemático dos alunos e
usados para pensar e comunicar ideias geométricas. (ALQAHTANI;
POWELL, 2017b, p.10, tradução livre)
Os autores destacam dois processos que estão interligados em tarefas com um AGD: a
manipulação de objetos geométricos pelo arrastamento, e o discurso pautado em relações e
dependência observadas a partir do arrastamento desses objetos. O primeiro aspecto foi,
contemplado pelos autores, relacionado às características particularidades do AGD, em especial
o destaque foi dado às diferentes modalidades de arrasto e processos cognitivos relacionados a
ação de arrastar. Já o segundo processo, leva em conta a existência de outros elementos que não
38
somente a interação do aluno com o dispositivo no VMTcG, mas uma potencialização das
particularidades do AGD.
Este movimento de potencialização do AGD fica evidente quando a ação de clicar,
arrastar e transformar figuras em um AGD tem novas possibilidades ao integrá-lo ao VMT. Por
se tratar de uma versão do software GeoGebra multiusuário, ele permite não só a vivência
individual com o AGD, mas uma interação com os demais integrantes de um coletivo
constituído que analisam suas observações pelo chat e manipulam em uma mesma construção.
Utilizaremos o termo interação, cunhado de estudos da análise do discurso, como
sinônimo do termo interlocução. Em ambos os casos consideramos interação/interlocução como
a troca, reflexão e negociação de significados, podendo ocorrer entre dois ou mais locutores
submetidos a normas comuns, seja na forma verbal ou escrita, seja com ou sem uso de
tecnologia (MAINGUENEAU, 2004; OLIVEIRA; BAIRRAL, 2020). No momento da análise
dos dados passaremos aplicar este termo, conforme Maingueneau (2004, p. 85), a fim de “[...]
designar a unidade de análise mais elevada de uma conversação, o conjunto das trocas efetuadas
pelos participantes num dado contexto”.
O constructo interação é recorrente em pesquisas da educação matemática relacionadas
ao uso do ambiente online VMTcG com enfoque nas práticas discursivas, matemáticas e
colaborativas de professores e estudantes (OLIVEIRA; BAIRRAL, 2020; STAHL;
KOSCHMANN; SUTHERS, 2008). Tarefas propostas em um ambiente com o VMT assumem
papel mais colaborativo, menos competitivo e acidental. Nesse sentido “[...] o grupo se esforça
para o trabalho e o aprendizado conjunto” (OLIVEIRA; BAIRRAL, 2020, p. 280). Assumimos,
então, o construto interação colaborativa para designar o tipo de interação no qual os estudantes
“[...] aprendem através das suas perguntas, perseguindo conjuntamente linhas de raciocínio,
ensinando um ao outro e vendo como os outros estão aprendendo” (STAHL; KOSCHMANN;
SUTHERS, 2008, p. 4).
Salles e Bairral (2012)18 analisaram a interação de um grupo de professores em uma
tarefa envolvendo geometria no ambiente online e síncrono, VMTcG. Os autores definem
interlocução como “[...] a análise das diferentes formas de participação que ocorrem em
unidades de conversas, sejam elas interações orais ou escritas” (SALLES; BAIRRAL, 2012).
Os autores verificaram a existência de quatro propriedades (avaliativa, interpretativa,
informativa e interpretativa) da interlocução em tarefas implementadas neste ambiente, as
mesmas propriedades foram identificadas por Powell (2006) em situação presencial.
18
Cabe ressaltar que essas análises partiram de uma extensão das pesquisas de Powell (2006) sobre práticas
discursivas de sujeitos em situação de trocas conversacionais.
39
Esse mesmo processo é descrito pelas estudiosas por meio de uma relação dupla: i) os
significados pessoais podem estar relacionados ao uso do artefato, em especial ao objetivo de
solucionar a tarefa; ii) e os significados matemáticos que podem estar relacionados ao artefato
e seu uso. O papel do professor, tendo domínio sobre os significados pessoais e matemáticos, é
relacionar significados pessoais e significados matemáticos. Essa dupla relação, denominada
potencial semiótico, demanda mais que relacionar conhecimento matemático e o aluno, mas
exige um sistema de transformação de signos em outros signos. Denotando assim um processo,
não somente de mediação, mas de mediação semiótica. E o artefato funciona com um mediador
semiótico, cuja função de mediação semiótica não é automática, mas orientada pelo professor
na evolução de signos com foco sobre o uso do artefato.
Assim, qualquer artefato será referido como ferramenta de mediação
semiótica, desde que seja (ou se presume que seja) intencionalmente
usado pelo professor para mediar um conteúdo matemático por meio de
uma intervenção didática planejada. (BUSSI; MARIOTTI, 2008, p.754,
tradução livre)
A partir dos autores relacionados, entendemos que o elemento que potencializa o uso do
AGD é a constituição de grupos de interação colaborativa de forma síncrona, possibilitado pelo
uso do VMTcG (POWELL, 2014). Essa condição permite que os processos de descoberta se
tornem produto do grupo constituído na interação (STAHL, 2006, apud BAIRRAL e
BARREIRA, 2017).
Desta forma, o VMTcG se torna uma possibilidade para a educação online do (futuro)
professor, principalmente em situações em que ocorre o trabalho colaborativo baseado na
negociação de significados. De igual importância para a formação e o para a atribuição do papel
do professor em sala de aula. As noções de propriedades de interlocução juntamente com as
categorias de signos, em especial os signos pivôs, se constituem questões centrais ao professor
na evolução de signos de artefato para signos matemáticos, bem como na criação de estratégias
que favoreçam a interação colaborativa do coletivo constituído.
A seção 2.1.1 com a 2.2.1 relaciona a falta de compreensão dos estudantes sobre os
conceitos envolvidos à semelhança de triângulos e a falta do uso de AGD para o ensino de
Geometria. É importante ressaltar que o trabalho com geometria dinâmica não é exclusividade
dos softwares, mas também pode ser feito com uso de lápis, papel e outros recursos correntes
(BAIRRAL; BARREIRA, 2017). Sendo assim, não temos o intuito de destacar o que é melhor
ou pior, mas definir quais situações são frequentes quando não há uso de um AGD.
Na pesquisa de S. Pereira e M. Pereira (2016, p. 6), por exemplo, os resultados de uma
aplicação de questionário aos alunos revelaram o fato de que “[...] 78% dos professores não
utilizarem nunca ou quase nunca softwares de construção geométrica como recurso
metodológico”. Os autores concluem ao final da pesquisa que:
“[...]os dados revelaram que existem alguns tópicos deste conteúdo que
precisam de uma maior atenção no momento de seu ensino,
principalmente no que se refere às questões contextualizadas que
envolvam triângulos semelhantes dispostos de diferentes formas e o
cálculo de distâncias inacessíveis. Os relatos dos alunos nos sugerem
que a metodologia utilizada pelos professores pode estar diretamente
ligada às dificuldades na aprendizagem pelos alunos.” (S.
PEREREIRA; M. PEREIRA, p.7)
19
A disciplina ofertada, foi ministrada pelo orientador e Prof. Dr Marcelo Almeida Bairral, a quem agradeço pela
oportunidade de trabalhar com suas turmas na construção e mediação da sequência didática.
48
20
Disponível em: https://1drv.ms/p/s!Ag8vQaRpJoVKzjlB9GMJ1Lu8IA6r?e=L8lWRs.
49
Chat dos
participantes
Botão de
Solicitação
do controle
GeoGebra quando não há outro participante com o controle, ou solicitando o controle caso
alguém já esteja construindo na zona gráfica.
Além das funcionalidades básicas citadas anteriormente, a sala do VMT possui duas
áreas principais: a janela do GeoGebra (composta pela área de ícones do GeoGebra, a zona
gráfica e algébrica) e o chat no qual os participantes interagem através de mensagens escritas.21
Todas as funcionalidades descritas têm os dados capturados e salvos em um tipo de nuvem do
próprio site, chamado de Replayer. Os dados podem ser acessados pelo usuário no menu da
respectiva sala criada. A visão geral do menu da sala é apresentada na figura 10.
Esse menu contém, além do Replayer, outros recursos de configuração da sala. Através
do menu podemos redigir as instruções da sala, editar informações básicas (nome, data da
implementação, optar pela privacidade da sala e definir uma senha de acesso aos participantes,
caso necessário), incluir ou excluir integrantes do grupo (em members) e visitar os dados
estatísticos (em stats) gerados a partir das informações salvas (postagens e ações dos
participantes) apresentadas em tabela ou graficamente.
21
Na versão do VMT utilizada na pesquisa, todo as informações desde entrada de algum participante, saída,
solicitar controle poluíam muito o chat. Em virtude disso, os desenvolvedores do VMT adicionaram desde meados
de 2021 um botão que possibilita esconder ou habilitar as demais informações distintas das postagens dos usuários.
51
22
Em nossa primeira implementação em novembro de 2020, em todas as salas foi necessário atualizar a tela do
navegador para que as modificações realizadas por outros usuários pudessem ser vistas. Já na implementação de
2021, tivemos uma oportunidade de carregar um arquivo editado no GeoGebra (versão desktop) para dentro do
VMT e com esse procedimento conseguimos visualizar simultaneamente as modificações dos outros participantes.
52
estavam sendo feitas. O chat entretanto, funcionou bem durante boa parte das implementações,
sendo necessário em alguns casos sair e entrar novamente da sala para continuar acompanhando
as postagens.
Outra estratégia utilizada para a análise dos dados da pesquisa são os dados em tabela,
gráfico apresentados na aba stats, inclusive permitindo a aplicação de filtro de informações (por
tipo de postagem ou ação realizada ou especificação de usuário para análise individual). O filtro
de dados é um artifício necessário para o processo de descrição e análise dos dados, pois permite
fazer um recorte temporal dos dados (em time), analisar informações de um número
determinado de participantes (em users) e limitar a análise a eventos ocorridos apenas no chat
(em messages) ou a ações realizadas (em actions). O pesquisador ainda pode escolher analisar
os dados a partir do gráfico gerado ou optar pela atribuição de informações em tabela. As
informações da tabela gerada podem ser exportadas para um documento em formato Excel
(.xlsx) e baixado em um computador. A figura 12 apresenta o panorama de funções de análise
dos dados do VMT descritos anteriormente.
Figura 12: Comparativo de telas sem seleção de filtros e com uso de filtros (da esquerda para a direita)
Fonte: elaborado pelo autor com base nas informações da aba estatísticas do VMT
Até aqui nos concentramos em apresentar uma visão geral acerca do VMT como uma
possibilidade pedagógica e seus recursos para a análise dos dados de uma pesquisa. Passaremos
agora a destacar questões em torno da elaboração da sequência didática, além disso
explicaremos quais adaptações foram necessárias para o design das tarefas com uso do VMTcG.
Atenção: vamos utilizar esse ícone mais a)à a) O que aconteceu com o triângulo A’B’C’ quando vocês
frente. modificaram os valores de “a”?
1.3. Meça cada um dos ângulos internos e ob) b) O que aconteceu com os ângulos internos dos triângulos
comprimento dos lados do triângulo 𝐴𝐵𝐶, ABC e A’B’C’?
apertando no ícone para o ângulo e depois em
5. 8. Comparem os comprimentos dos lados do triângulo
para o comprimento.
A’B’C’ com os lados correspondentes do triângulo ABC.
Obs: Para medir o ângulo interno desejado Para isso, selecionem o campo de entrada com ícone .
deve-se selecionar cada ponto dos vértices do Nesse campo calculem a razão do segmento AB por A’B’.
triângulo.
1.4. Utilizando a ferramenta movimente
livremente os pontos dos vértices do triângulo 6.
e 9. Calculem a razão dos demais lados correspondentes.
observe o que acontece. c) c) Qual é a relação entre as razões calculadas?
Como é possível notar, foi apresentado apenas o primeiro trecho da tarefa para
modalidade presencial23. O trecho do tópico 1 ao 1.4 foram reduzidos aos pontos 1 e 2 na
segunda versão. Logo, houve uma redução considerável do enunciado da atividade da primeira
para a segunda versão.
23
A primeira versão da tarefa 2 está disponível no Apêndice A – ATIVIDADE 2 (1ª versão).
57
Tipo de
Público Atividade proposta Versão da tarefa
ambiente
Estudantes de 8º ano Conjunto de 3 tarefas para 7 GeoGebra App
1ª versão (não aplicada)
(E.F) encontros
Licenciandos e VMTcG
Tarefa 1, 2 e 3 2ª versão (todos)
Mestrandos
2ª e 3ª versão da tarefa 2, VMTcG
Apenas licenciandos Tarefa 2 e 3
3ª versão da tarefa 3
Fonte: elaboração própria.
Não estamos dizendo a atividade de natureza fechada seja pior ou melhor ou que deva
ou não deva ser proposta. Estamos dizendo que se queremos que os participantes investiguem
relações e propriedades de uma figura, a proposição da atividade deve ser de natureza aberta.
Porém, se o objetivo da tarefa é orientar os participantes quanto ao tipo de propriedades que
devem se atentar em suas análises, então a tarefa mais adequada à situação é a de natureza
fechada. Em outras palavras, perguntas que são feitas de forma fechada podem ser
correspondidas com respostas fechadas, e perguntas construídas de maneira abertas podem ser
respondidas com respostas abertas.
A tarefa de natureza aberta possibilita a investigação por meio das movimentações de
pontos livres da construção. Um outro fator que pode interferir no processo de pensamento são
tarefas que apresentam a construção já iniciada ou não. Há indícios que os participantes
movimentem mais e utilizem diferentes ícones para verificar suas conjecturas (BAIRRAL,
MARQUES, 2016).
No caso das tarefas propostas à turma de 2021, esperávamos que os (futuros) professores
explorassem elementos variantes (comprimento dos lados dos triângulos e fator de
proporcionalidade), bem como os fatores invariantes (relação de equivalência entre os ângulos
internos correspondentes e a proporcionalidade dos lados homólogos). Porém, com este novo
entendimento sobre a natureza das tarefas, propomos a terceira versão da atividade 2 e 3 em
modelo de natureza aberta.
O enunciado da terceira versão foi pensado com o intuito de não mais pautar todos os
passos a serem tomados pelos participantes, servindo como um norteador para a interação tanto
pelo chat quanto pelo GeoGebra. A sala da terceira tarefa era iniciada com os triângulos ABC
e DEF construídos e o controle deslizante k construído e funcionando em função do fator de
homotetia. Isso significa que os estudantes não precisariam criar os triângulos e o controle
deslizante, ficando livres para realizar a medição de ângulos e lados e utilizar o controle
deslizante para verificação de suas conjecturas. O novo enunciado proposto é apresentado no
quadro 7.
Para a definição das figuras já construídas, deixamos os triângulos sem a medida dos
ângulos e dos lados propositalmente para verificar se os estudantes tomariam ou não como base
as medidas de ângulos e dos lados para as suas justificativas. A figura 13 ilustra a tela inicial
vista pelos licenciados ao entrar na sala da atividade 2 em sua 3ª versão.
Enunciado da
tarefa
Hoje em nossa tarefa investigaremos quais são as situações em que dois triângulos podem ser
semelhantes. Vamos começar relembrando as propriedades da congruência de triângulos e
Trecho da semelhança de triângulos.
Atividade 3
(Modalidade I - Sabendo de você
presencial)
a) Quais são as propriedades dos triângulos congruentes que você se lembra da aula anterior?
Escreva e/ou desenhe.
63
b) Quais as condições necessárias para que dois triângulos sejam semelhantes? Escreva e/ou
desenhe.
Abra o GeoGebra App em seu smartphone e vamos começar a nossa exploração de hoje.
1. Primeiramente confira se o seu Aplicativo está configurado para a fonte de letras 12 pt.
Caso não esteja, modifique-a para esse tamanho de letra. Isso nos ajudará a enxergar
melhor os números na tela.
Atividade 3 Construam um triângulo ABC qualquer e uma reta r paralela ao lado BC que intercepte
(modalidade os lados AB e AC. O que vocês podem dizer sobre os triângulos ABC e ADE?
remota, 3ª Justifiquem.
versão)
A atividade 3 em sua primeira versão foi planejada com o intuito de permitir aos
estudantes de 8º ano a investigação de casos de semelhança de triângulos, apesar disso
esperávamos que os estudantes elaborassem estratégias definindo os casos possíveis em que
dois triângulos são semelhantes. Não esperávamos tratar cada caso de semelhança de triângulos,
mas aqueles que os próprios alunos buscassem investigar a partir da situação inicial de dois
ângulos internos congruentes.
A primeira versão para modalidade presencial envolvia o uso de folhas que seriam
distribuídas aos estudantes, assim foi inserido um espaço para o registro escrito e pictográfico
dos alunos. Esse espaço está registrado no quadro 8 com o símbolo . Destacamos mais uma
vez a alteração do enunciado da primeira versão para segunda quanto ao seu tamanho. Como o
64
público inicial pertencia ao E.F, pensamos em disponibilizar mais instruções para o melhor
direcionamento dos estudantes na tarefa que utilizaria o VMTcG com versão para smartphones.
Com a mudança de modalidade e de público, decidimos dispensar tais informações e atribuir
um foco maior na construção da figura e, com base nas suas propriedades e relações, ocorrer a
interação dos estudantes pelo chat.
Para o segundo modelo da tarefa 3, modificamos também a estrutura das frases devido
ao ambiente do VMTcG, e colocamos sempre o grupo como um todo envolvido na resolução.
Desta forma tínhamos a intensão de favorecer a interação colaborativa na tarefa proposta. Como
observamos para a proposta da atividade 2 de natureza mais fechada, o mesmo ocorreu para a
atividade 3 ao notamos que o enunciado foi planejado com objetivo de os (futuros) professores
seguirem os passos para a construção da figura e explorarem os casos de semelhança através do
recurso de arrastar os pontos livres na malha isométrica. Neste momento também consideramos
que os participantes avançariam na exploração dos casos de semelhança de triângulos a partir
do caso AA. Entretanto, nem todos entenderam a proposta e em muitos casos limitaram-se a
interação pelo chat sobre as mesmas propriedades de semelhança de triângulos já tratadas nas
atividades anteriores, o que de certa forma serviu como um aprofundamento do conceito de
semelhança de triângulos.
Um ponto interessante ressaltado pelos participantes foi o papel da malha isométrica
para a construção e visualização dos triângulos semelhantes nesta 2ª versão da tarefa.
Um fato decisivo que resultou na modificação da tarefa 3 para sua 3ª versão foi
observado que algumas dúvidas sobre os triângulos serem congruentes ou semelhantes acabou
cessando quando algum participante percebia a presença da palavra semelhança no corpo do
enunciado.
Consideramos os novos elementos trazidos na 3ª versão da tarefa 2, principalmente a
necessidade de inserir uma situação desafiadora e não conhecida pelos participantes, a tarefa 3
objetivou a investigação dos casos de semelhança acrescentando a situação concreta do
Teorema Fundamental da Semelhança. O Teorema enuncia que “Se uma reta é paralela a um
dos lados de um triângulo e intercepta os outros dois lados em pontos distintos, então o triângulo
que ela determina é semelhante ao primeiro” (DOLCE; POMPEO, 1993, p. 200-201). A
elaboração da tarefa se baseou exclusivamente no Teorema, partindo assim do conhecimento
teórico em direção à construção geométrica no ambiente do VMTcG. O enunciado da tarefa 3
em sua terceira versão é apresentado no quadro 9.
65
Construam um triângulo ABC qualquer e uma reta r paralela ao lado BC que intercepte os
lados AB e AC. O que vocês podem dizer sobre os triângulos ABC e ADE? Justifiquem.
1. Entrada1 = (Distance(D,E))/(Distance(B,C))
2. Entrada2 = (Distance(A,D))/(Distance(A,B))
3. Entrada3 = (Distance(A,E))/(Distance(A,C))
24
Ressaltamos que as fórmulas registradas foram aplicadas ao VMT configurado para a língua inglesa.
67
Da mesma forma que apresentamos o Replayer como um instrumento para análise dos
dados gerados no VMT, o texto deste capítulo representa analogamente um conjunto de dados
dos quais destacamos algumas variáveis intimamente relacionadas. Essas variáveis influenciam
na forma como os indivíduos interagem em um ambiente online e síncrono das quais
destacamos: a natureza da tarefa (fechada e aberta), interação pelo chat, uso do recurso de
arrastar e o movimento do processo cognitivo da construção para aspectos teórico, e do teórico
para a construção (Processo ascendente e descendente).
As reflexões deste capítulo ressaltam os resultados de pesquisas preliminares,
destacando que “[...] o ensino de matemática com tecnologia não pode garantir uma influência
positiva na aprendizagem” (ALQAHTANI; POWELL, 2016, p. 72, tradução nossa). Isso
evidencia ainda mais a importância desta pesquisa para a compreensão das propriedades da
interação em grupos e do papel mediador do VMTcG neste processo.
Nesse sentido o processo de design das atividades nos auxiliou a identificar tais
elementos a fim de conformá-los ao objetivo esperado para cada tarefa. Destacamos o papel do
professor como mediador do discurso matemático do grupo e orientador para que observassem
aspetos teóricos e não somente perceptivos das figuras geradas. Além disso, o processo que
descrevemos neste capítulo junto às reflexões teóricas orientam que:
Ainda de acordo com a autora, a justificativa desta veracidade requer uma explicação
do porquê a construção funciona ou não. O deslocamento do foco da figura produzida para o
procedimento que a gerou tem base na própria lógica euclidiana incorporada ao AGD,
possibilitando a investigação das propriedades variantes e invariantes da figura construída
através da internalização do recurso de arrastar (MARIOTTI et al., 2000).
O AGD além de orientar as ações de um indivíduo externamente, em cada objeto da
figura, precisa ser internalizado para que compartilhe os significados com outros sujeitos
(ALQAHTANI; POWELL, 2017; MARIOTTI et al., 2000). Isto nos leva a compreender que o
simples fato de estar utilizando um ambiente virtual como VMTcG não garante a compreensão
do conhecimento matemático envolvido, bem como a interação colaborativa entre os pares ou
entre os indivíduos e o artefato (ALQAHTANI; POWELL, 2016).
O processo de design da tarefa possibilitou ao autor compreender que processos de
pensamento geométrico exigem a mudança do foco da figura construída para o foco no
procedimento da construção. Que o papel do professor é essencial desde o planejamento da
tarefa, por ter de considerar signos de artefato e matemáticos nesta etapa, até a implementação
da qual os significados pessoais devem ser conduzidos para significados matemáticos presentes
no objetivo da tarefa proposta.
Os caminhos teóricos tomados no processo de design de atividades tratadas neste
capítulo serviram para que o autor entendesse a existência de uma relação entre a natureza das
atividades propostas e a execução das mesmas pelo coletivo constituído.
No próximo capítulo identificaremos a relação entre os espaços do VMTcG, da
interação constante, das formas de participação dos (futuros) professores enquanto interagem
entre si e com o GeoGebra agregado ao VMT.
69
25
Enfatizamos aqui o verbo “estar” pois numa construção desse tipo em que se utiliza a malha com um apoio para
a sobreposição, caso movidos os vértices dos triângulos as suas propriedades de congruência não serão mantidas.
Poderíamos dizer que “são” congruentes se suas propriedades de ângulos correspondentes côngruos e lados
homólogos iguais permanecessem sem alteração no caso de arrastar os vértices dos triângulos.
71
discurso escrito do chat; ii) diversidade de justificativas para a congruência de triângulos; iii)
diferentes usos do recurso de arrastar na construção de triângulos congruentes.
A primeira situação, indicada acima, nos chamou a atenção por conta da nossa
expectativa para uma constante interação dos participantes no ambiente VMTcG, seja por meio
do chat ou através da interação de cada participante com o GeoGebra agregado ao VMT. A
segunda curiosidade que será analisada, foi percebida ao notar o surgimento de conteúdos
matemáticos nas postagens dos chats. A terceira situação foi observada por meio do Replayer,
em que notamos usos distintos do recurso de arrastar para a construção de triângulos
congruentes. Nesta última pensamos em identificar os usos do recurso de arrastar adotados
pelos futuros professores na construção de triângulos congruentes.
Tendo por base essas três observações resolvemos analisar fragmentos dos chats e
trechos das construções no replayer do VMT para, respectivamente, verificar i) contribuições
da tarefa no processo interativo constante entre os participantes e de inter-relação dos espaços
(chat e zona gráfica); ii) identificar se as justificativas se baseiam em aspectos empírico-
perceptivos ou teóricos; iii) quais foram os tipos de arrasto utilizados pelos futuros professores
na resolução da tarefa. É importante ressaltar que o direcionamento para este aspecto da
construção se deu a partir das leituras dos trabalhos de Alqahtani e Powell (2016; 2017a; 2017b)
e Mariotti et al. (2000).
Após averiguarmos essas situações utilizamos alguns dados estatísticos gerados pelo
VMT a fim de contrastá-los com as informações obtidas a partir das três situações iniciais.
Começaremos observando o caminho adotado pelos participantes da AT1S1V2 através do chat
a fim de constatar se de fato existe um processo interativo constante em uma tarefa online no
VMTcG.
A primeira aba foi destinada para que o participante pudesse fazer a leitura do enunciado
da tarefa e na segunda aba os usuários poderiam realizar as construções na zona gráfica do
GeoGebra agregado ao VMT. Na figura 17 está ilustrado a aba 1 em que apresentamos o
enunciado da atividade e a aba 2, segunda tela, encontra-se a zona gráfica do GeoGebra, usada
pelos participantes para responder a atividade proposta.
73
O episódio escolhido, registra a construção dos dois triângulos feitos pelos participantes
e os comentários sobre o que observaram (figura 16, passos 1 ao 4 do item a) e a comparação
do comprimento dos lados e medida dos ângulos (figura 16, passo 5, item b) antes e após a
sobreposição dos triângulos.
Destacamos no quadro 11, o recorte do diálogo inicial do grupo. Foram colocadas setas
no lado direito representando as respostas que os participantes deram às postagens anteriores
de outros colegas. As setas colocadas no lado esquerdo representam a correspondência das
postagens de um mesmo interlocutor seja no momento anterior ou posterior referentes a um
mesmo assunto (índice 7, 8, 10, 12, 15; 17-20; 26-28, 30; 32 ao 34).
74
triângulos são côngruos (linha 29), afirmar que os ângulos são iguais e lados têm mesma medida
(linha 35) e quando tenta continuar respondendo à pergunta da letra b (linha 24).
A seguir detalharemos três momentos que identificamos como as formas de participação
dos integrantes do grupo, expresso pelas propriedades de interlocução, e que se relacionam com
os diferentes momentos da tarefa.
pergunta (“Vocês estão em qual passo?”, linha 13), pois a resposta foi dada por João
anteriormente (“Podem pegar o controle [...] para concluir a questão 4”, linhas 10 e 12).
O trecho descrito anteriormente ocorreu no período aproximado de dez minutos e, em
pouco tempo, foi possível notar a constante interação entre os membros da sala, a
correspondência de postagens e o início de uma interação sobre as propriedades observadas na
zona gráfica do GeoGebra.
26
Os participantes que não tinham o controle num dado momento, normalmente atualizavam o seu navegador para
visualizar as mudanças na construção do GeoGebra. Porém alguns testes mostram que é possível atualizar a
construção quando clicamos nas ferramentas do GeoGebra e negamos o pedido de assumir o controle. Esse detalhe
nem sempre era observado pelos participantes que continuavam a sair e entrar durante o período de implementação.
27
Novamente o artifício utilizado por João foi de atualizar a página do navegador (João, 19-20), o mesmo não
solicitou o controle e nem arrastou os pontos livres para fazer tal afirmação.
77
informasse à Ana não haver encontrado propriedades relacionando os triângulos ABC e DEF.
A construção feita por Ana, a qual João se refere é mostrada na figura 19.
Figura 19: Construção do triângulo DEF
Vemos que as sucessivas ações realizadas na zona gráfica por João e agora por Ana,
possibilitaram que ambos apresentassem mais observações sobre as interações com as
construções no GeoGebra. Até esse momento, Maria ainda não havia movimentado os vértices
ou postado alguma observação sobre a construção, pois havia saído e entrado da sala algumas
vezes e por isso mostrou-se perdida sobre os passos que o grupo já teria realizado (quando 10,
linha 13). Esta mesma participante provavelmente estava enfrentando problemas com sua
internet, por isso teria entrado e saído da sala a fim de atualizar o seu navegador. Infelizmente,
Maria saiu da sala e não conseguiu retornar novamente.
Assim como Maria, Rafaela também não fez nenhuma intervenção até o momento em
que há uma interação entre João e Ana tendo apenas observado a construção e não havia
solicitado o controle para fazer observações e comentar no chat. Vemos que a interações sobre
a construção estão restritas às participações de João e da Ana.
A atividade tem sequência com João realizando o movimento de sobreposição do
triângulo ABC em DEF, gerando assim uma figura que aparentemente representava uma classe
de figuras com lados de mesma medida e ângulos côngruos. Porém, a natureza da construção
com os pontos livres gerou triângulos não estáveis e que perderiam a propriedade de
congruência com a mudança da posição dos vértices. O processo de sobreposição dos triângulos
é ilustrado na figura 20, dividido em etapas de construção (de a até e). Ampliamos as últimas
figuras (d e e) para facilitar a visualização pelo leitor.
78
Um recorte da figura 20 (de a até c) apresenta o momento em que João arrasta os vértices
do triângulo ABC (a), posicionando o vértice B sobre o vértice D (b) e arrastando o ponto C ao
encontro do ponto F (c). As duas seções seguintes apresentam o momento em que João não
consegue posicionar o ponto E em cima de A corretamente (d). Após a sobreposição João
arrastou o triângulo DEF para o lado esquerdo (e). Só percebemos que de fato não estão
perfeitamente sobrepostos, pois os ângulos internos têm valores distintos. 𝐸̂ = 33.7° e 𝐴̂ =
̂ = 101.3° e 𝐵̂ = 101.2°.
33.8°; 𝐷
Possivelmente, por João não ter utilizado a malha quadriculada, a sobreposição dos
pontos não ocorreu de forma exata, resultando na diferença das medidas angulares de 𝐸̂ e 𝐴̂ e
̂ e 𝐵̂. Ao final João arrastou o triângulo DEF para a esquerda e sem alterar a medida dos
de 𝐷
ângulos e lados no momento da provável sobreposição (d e e). Ocorre que mesmo os triângulos
não tendo as mesmas medidas dos ângulos correspondentes, o GeoGebra arrendondou as
medidas dos lados homólogos e, portanto, ficaram iguais visualmente. Assim após a
sobreposição e translação do triângulo DEF João conclui: “AGORA OS TRIÂNGULOS SÃO
CÔNGRUOS [...] Eles possuem os mesmos ângulos e os mesmos lados agora” (quadro 11,
linhas 29 e 35, grifo nosso).
As duas postagens de João citadas anteriormente apontam para a falta de atenção de
João quanto aos valores das medidas angulares para fazer a afirmação e a ênfase das mudanças
ocorridas em ambos os triângulos denotadas pela palavra “agora”, ou seja, antes não eram
iguais, mas sobrepostos os triângulos passam a ser e se tornaram congruentes. João enviou
79
Este trecho também ilustra a atenção dada por Rafaela e pelos integrantes do grupo às
medidas equivalentes dos lados correspondentes, mas também aponta para o conhecimento
prévio de Rafaela sobre o assunto, pois sua afirmação não teve base em alguma construção
realizada no GeoGebra, mas apenas na comparação do comprimento dos lados correspondentes.
Outro fato que indica o conhecimento prévio de Rafaela sobre o assunto é exemplificado pelo
uso da letra k quando se refere à razão. Isso pode estar relacionado ao seu conhecimento sobre
a constante de proporcionalidade ou razão de semelhança que normalmente são referenciadas
pela letra k em materiais de conhecimento especializado de matemática. Neste interim,
percebemos que João não visualizava mais as postagens das colegas no chat (quadro 12, linha
58).
Na sequência apresentamos a continuidade da interação entre Ana e Rafaela sobre o
tema da razão de proporcionalidade inserido por Rafaela (quadro 12, linha 48). Esse novo
elemento desenrola um assunto não tratado pelos demais participantes até o momento.
não da congruência (quadro 13, linhas 59-60) tudo indicava que elas buscariam chegar a uma
conclusão juntas por meio de negociação de significados, porém este fato não ocorreu.
Entendemos que apesar de inicialmente Ana parecer questionar a colocação de Rafaela
sobre a definição de semelhante sendo aplicada a congruência, logo na sequência este tipo de
interlocução aparentemente interpretativo não prossegue. Primeiro a própria Rafaela confirma
que a congruência é um caso particular de semelhança (quadro 13, linhas 62-63) e Ana em tom
de dúvida apenas confirma (quadro 13, linha 64). Após essa mensagem as participantes se
despendem, porém, João permanece e realiza mais uma vez a ação de arrastar (comentaremos
este episódio ao final desta seção).
A pergunta de Rafaela poderia ter sido direcionada para um outro sentido, para uma
negociação sobre o porquê de o caso de congruência ser considerado um caso especial de
semelhança. Neste caso o mediador, caso estivesse acompanhando o chat nesse exato momento,
poderia ter inserido este questionamento. Percebemos que o grupo compartilhou muitos
significados sobre o conceito de congruência e semelhança de triângulos neste ambiente online
síncrono.
As mensagens de João poderiam ser tomadas de forma isolada e mesmo assim seriam
compreendidas. Vejamos essa propriedade nos fragmentos a seguir: “Quando a gente
movimenta os vértices, o comprimento dos lados e ângulos se alteram [...] AGORA OS
TRIÂNGULOS SÃO CÔNGRUOS [...] Eles possuem os mesmos ângulos e os mesmos lados
agora” (quadro 11, linhas 17, 29, 35). São trechos retirados de momentos distintos do chat e
mesmo assim é possível entendê-lo, dessa forma percebemos que a propriedade de interlocução
informativa está presente nas postagens de João.
Com base nesses dados, notamos que as postagens sem reações de outros participantes
no chat escrito, que pareciam estar perdidas, estão relacionadas ao tipo de interlocução de
propriedade informativa que também está sendo empregada por João. Em outros momentos, as
informações postas no chat se referem a continuidade da ação de arrastar, em que primeiro o
sujeito foi a zona gráfica arrastar os pontos livres e depois retornou para compartilhar suas
observações.
Identificamos assim que algumas postagens no chat têm continuidade do processo de
construção na zona gráfica do GeoGebra, iniciadas a partir do movimento de arrastar pontos
livres. Percebemos que há uma interferência no processo colaborativo dos participantes quando
essas postagens são de cunho mais informativo, ou seja, quando apenas respondem às perguntas
da tarefa sem intervenções ou quando produzem respostas para suas próprias perguntas feitas.
Percebemos também a existência de um movimento dual e articulado entre chat e o
campo gráfico do GeoGebra, por conta do processo interativo constante (SALLES; BAIRRAL,
2012), tanto o espaço do chat quanto o campo gráfico do GeoGebra acabam se complementando
a ponto de os participantes interagirem mais pelo chat em alguns instantes e em outros
realizarem mais as construções na zona gráfica. Nesse processo interativo constante “Não há
predominância nem importância de um espaço em relação ao outro” (SALLES; BAIRRAL,
2012).
Quadro 14: Dados estatísticos dos participantes AT1S1V2 do trecho analisado (7-66)
Tipo (s) de
interlocução Aspectos do
Fragmentos Exemplos dos aspectos do raciocínio matemático
identificado (s), raciocínio
de análise na interlocução
na ordem em matemático
que aparecem
“Acho que os triângulos são sim congruentes, pela
construção que a gente fez [...] meio que fizemos
uma cópia [...] do triângulo ABC”. (João, 42-44)
AT1S1V2 - Informativa
Comparação “Agora os triângulos são congruentes” (Ana, 45)
42-47 - Avaliativo
“Sim, são congruentes” (Rafaela, 46)
“NO TRIÂNGULO DEF” (João, 47)
Fonte: Elaboração a partir de Salles e Bairral (2012)
Tipo (s) de
interlocução Aspectos do
Fragmentos Exemplos dos aspectos do raciocínio matemático
identificado (s), raciocínio
de análise na interlocução
na ordem em matemático
que aparecem
“Os ângulos são iguais e lados com uma razão”
(Rafaela, 48)
“então eles terão as mesmas medidas” (João, 49)
AT1S1V2 Confirmação das
- Avaliativo “Isso” (Ana, 50)
48-55 respostas
“Alguém discorda [...] ??” (João, 51-52)
Tipo (s) de
interlocução Aspectos do
Fragmentos Exemplos dos aspectos do raciocínio matemático
identificado (s), raciocínio
de análise na interlocução
na ordem em matemático
que aparecem
“Os ângulos são iguais e os lados com uma razão”
- Aplicação de (Rafaela, 48)
definição de
semelhança em “Essa é a definição de semelhança [...] no caso,
-Informativa caso específico como são iguais, eles são congruentes” (Ana, 59-
AT1S1V2
-Avaliativo (congruência) 60)
48-64
-Interpretativo
- Responde sua “Mas a congruência não é um caso particular da
própria pergunta semelhança? [...] é sim” (Rafaela, 62-63)
Apesar de João ter seguido as orientações do enunciado para sobreposição, como vimos
anteriormente, ele concluiu que os triângulos ABC e DEF são iguais porque “eles possuem os
mesmos ângulos e os mesmos lados agora [...] são sim congruentes, pela construção que a gente
fez [...] meio que fizemos uma cópia” (quadro 11, linhas 35; quadro 12, linhas 42-43).
Ana solicita o controle e, habilita a malha quadriculada e não a utiliza, prossegue
realizando o processo inverso de João. A participante arrasta o triângulo DEF e sobrepõe ao
ABC novamente, sem modificar o que João havia construído. É interessante que Ana não
realizou a primeira sobreposição, logo o uso que ela faz do recurso de arrastar tem o propósito
de verificar o que João disse, que de fato os triângulos são congruentes e possuem ângulos
iguais e lados congruentes (quadro 11, linha 35).
Identificamos que Ana arrastou o triângulo inteiro sem arrasar os pontos livres. Desta
forma ela não realizou o movimento por acaso, ao posicionar um triângulo sobre o outra ela
confirma que de fato os triângulos que foram sobrepostos são congruentes pelas medidas iguais
de lados homólogos e dos ângulos correspondentes. Isso se confirma na postagem seguinte de
Ana ao informar que Agora os triângulos são congruentes (quadro 11, linha 45) concordando
com a manifestação de João sobre a primeira sobreposição. Não identificamos nesta situação
um tipo específico de arrastar adotado por Ana, mas afirmamos a intencionalidade da
participante ao sobrepor os triângulos como estratégia para verificar o que João havia afirmado.
João utilizou primeiramente o recurso de arrastar sem o uso da malha quadriculada, mas
ao final da tarefa decidiu mover novamente os pontos livres da figura. O participante selecionou
o botão para conduzir os controles do GeoGebra e arrastou os pontos livres para sobrepor
novamente os triângulos. A diferença da primeira para a segunda sobreposição feita por João
está no fato de sua nova investida ocorrer com o uso da malha quadriculada28, esta foi habilitada
por Ana anteriormente. A ação de arrastar realizada por João, e respondida pelo AGD,
reconduziu os pontos livres nas posições graduadas no plano cartesiano.
Apesar de se tratar de uma forma prática para gerar triângulos congruentes, João não
questionou como o uso da malha garantiu a congruência dos dois triângulos que obteve.
Novamente, destacamos o papel do professor em direcionar a discussão para o foco do
procedimento que produziu a figura e assim abrir espaço para uma perspectiva teórica
(MARIOTTI et al., 2000). João usou o recurso de arrastar guiado, com auxílio da malha, pois
28
Convidamos o leitor a visualizar a comparação entre os dois momentos de sobreposição feita por João com e
sem o uso da malha quadriculada. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1R8aF8ecALdKEOAY7AO8Utfa9e5_56kAN/view?usp=sharing
88
seu objetivo foi gerar uma forma específica de triângulos que se sobrepõem e, portanto, são
congruentes.
foi observado por Bairral e Marques (2016) ao aplicar uma mesma tarefa em duas salas, uma
com a figura previamente construída e outra não. Os autores observaram que em ambas
situações houve “[...] a falta de uma justificativa mais elaboradas para as mesmas propriedades
emergentes [...] O convencimento pela mera visualização da figura parece ter sido suficiente
em alguns casos” (BAIRRAL; MARQUES, p. 127).
Em parte, atribuímos o não avanço do pensamento empírico para o teórico por conta da
falta de motivação para a descoberta do porquê a construção funciona (MARIOTTI et al., 2000).
Para alguns participantes as justificativas tiveram base na construção realizada. João destacou
achar que “[...] os triângulos são sim congruentes, pela construção que a gente fez” (quadro 11,
linha 42).
Como vimos anteriormente, nem todos os participantes se basearam no recurso de
arrastar do GeoGebra para justificar suas afirmações. E mesmo Ana e João que utilizaram o
recurso de arrastar com objetivos diferentes, validaram a congruência dos triângulos sem a
necessidade de recorrer à teoria. Afirmações como “[...] meio que fizemos uma cópia [...] do
triângulo ABC” constituem uma forma de raciocínio matemático, porém não explicam como a
figura foi gerada. O trecho em que Rafaela questionou a congruência como um caso particular
da semelhança (Quadro 13, linhas 62-63) foi o que mais avançou para o sentido teórico que
esperávamos.
Ressaltamos que o recurso de “[...] arrastar apoia a produção de conjecturas: explorar
figuras movendo-a, observando as maneiras pelas quais suas formas mudam (ou não mudam)
permite que os usuários descubram suas propriedades invariáveis” (MARIOTTI et al., 2000, p.
66, tradução livre). As modalidades de arrasto aleatório e arrasto guiado foram identificadas
no uso de João e Ana. Segundo a pesquisa de Arzarello et al. (2002) com estudantes, tanto o
arrasto aleatório quanto o guiado foram utilizados na fase de descoberta e o objetivo pretendido
com seu uso foi a investigação de uma determinada tarefa. Os autores consideram que os dois
tipos de arrastar configuram o processo cognitivo de modalidade ascendente, isto é, da figura
para a teoria.
Concluímos, considerando que a tarefa 1 de natureza fechada alcançou o seu objetivo
no sentido de submeter os estudantes a construções cujos conceitos já eram de seu
conhecimento. Entendemos que o processo cognitivo ascendente, identificado pelos usos do
recurso de arrastar, se conformou à natureza da tarefa proposta, partindo da construção da figura
(nível perceptivo) em direção ao nível teórico. Entretanto, destacamos que a resolução da tarefa
AT1S1V2 ficou restrita à fase de descoberta, sem avançar para construção de conjecturas e
validação.
90
Conforme figura 21, agrupamos as salas em três categorias distintas. Um certo padrão é
visível, já que nas salas referentes a atividade 1 o uso da malha quadriculada foi identificado,
enquanto as salas da atividade 2 os registros escritos se relacionaram com o uso do controle
deslizante e na atividade 3 foi discutido o uso da malha isométrica por influência da própria
tarefa proposta. Apesar do mapeamento das salas ocorrer englobando todas as salas, inclusive
da atividade 3, apresentamos apenas os resultados referentes às atividades 1 e 2 correspondentes
ao uso da malha quadriculada e do controle deslizante das salas Rep.AT1S3V2 e AT2S1V2.
Motivados pela inter-relação entre os espaços do VMT descrita no capítulo anterior,
entendemos que cada postagem no chat está de alguma forma relacionada ao arrasto de pontos
ou a postagens anteriores. Isso ocorre porque os espaços do VMT estão inter-relacionados, ou
seja, o que ocorre na zona gráfica interfere na continuidade da interação dos participantes pelo
chat, e vice-versa.
Como queremos entender os objetivos para os quais os participantes arrastaram os
pontos livres, tomaremos como ponto de partida os momentos em que houve uso da malha
quadriculada e do controle deslizante. A partir dos instantes de arrasto na malha e com o
controle deslizante já selecionados, passamos a analisar os dados discursivos presentes nas
postagens anteriores e posteriores a cada ação de arrastar. No segundo momento, buscamos
analisar como se deu o arrasto na zona gráfica e cruzar os dados gráficos com os escritos para
interpretar qual foi o objetivo desejado para cada arrasto na malha quadriculada e com o
controle deslizante.
As funções de análise do VMT, o Replayer e da função estatística do VMT,
possibilitaram visualização e esquematização de alguns achados referentes ao processo
semiótico presente na formulação das tarefas e na implementação com os (futuros) professores.
O referencial teórico de Arzarello et al. (2002) sobre as modalidades de arrasto e tipo de
raciocínio (ascendente e descendente) nos possibilitam uma análise visual dos processos
cognitivos. Em paralelo, a análise com base nas categorias dos signos gerados pelo uso do
VMTcG, o artefato, concentra-se no papel da malha quadriculada e do controle deslizante.
Quanto à forma de participação dos sujeitos nas interações pelo chat do VMT, utilizaremos a
perspectiva teórica adotada por Salles e Bairral (2012).
Na sequência apresentaremos a análise da tarefa 2, seguindo os mesmos princípios
teóricos, porém analisando o uso do controle deslizante. Reforçamos que a separação da análise
envolvendo o uso de malha quadriculada e do controle deslizante surgiu pela referência que os
próprios participantes fizeram no chat no decorrer da tarefa.
92
triângulo e comentem o que vocês observam” . No fragmento (quadro 18, índices 84-90, 98),
apresentamos a discussão entre os participantes.
84 Nicole Sobre a 5-a) os dois triângulos têm ângulos com medidas diferentes e o
comprimento dos lados, diferente, porém, se os dois estivessem, de acordo com a
malha, forem construídos nas mesmas posições, seriam iguais.
87 Maria Então o triangulo DEF deveria ter sido construído semelhante ao primeiro?
88 Nicole Não sei, Maria. Mas se fosse construído semelhante, eles teriam ângulos e lados
iguais.
98 Ivone Questão 5, letra B: Os triângulos ABC e DEF, tem o comprimento dos lados e os
ângulos iguais ao se movimenta na malha, observando a medida. Os lados AB=DE,
BC=EF e AB=DF, nesse caso os triângulos podem ser escalenos ou isósceles.
A interação entre Nicole e Maria pelo chat (quadro 18, índices 84 a 90) mostra que Ivone
trabalhava na zona gráfica. Na sequência cronológica, omitida acima (quadro 18, índices 91-
98), o professor mediador orienta quanto ao compartilhamento do controle e solicita que
reforcem o pedido do controle, se necessário, utilizando o chat29. A última postagem (quadro
18, índice 98) é inserida no chat após Ivone realizar as ações e liberar o controle para as demais
colegas.
Enquanto isso, Nicole e Maria estão discutindo sobre o objetivo da tarefa para aquele
momento, e conversavam sobre o uso da malha quadriculada como uma forma construir
triângulos semelhantes (quadro 18, índices 87-90). O assunto semelhança havia surgido após
Nicole responder os itens conforme solicitados pelo roteiro da tarefa (quadro 18, índice 84).
Essa resposta leva em consideração uma estratégia para construir dois triângulos semelhantes,
isto é, “[...] de acordo com a malha [...] construídos nas mesmas posições” (quadro 18, índice
84). Com isso a integrante complementa seu raciocínio apresentando uma suposta consequência
ao movimento, isto é, os triângulos seriam iguais.
29
O próprio botão “Take control” ao ser acionado fornece uma postagem automática no chat “Can I take control?”.
Porém, devido à dificuldade de compartilhamento entre as integrantes, optamos por orientá-las a reforçar a
solicitação por meio de uma postagem no chat.
94
A forma como Nicole responde ao roteiro, e faz referência no chat, ilustra bem a relação
entre o seu significado pessoal sobre o uso da malha e a sua busca por solucionar a parte do
roteiro. Nicole se expressou “5-a)”, mas na realidade estava se referindo ao passo 4 item a do
roteiro da tarefa.
Apesar de Nicole ter respondido especificamente ao roteiro da tarefa, as observações de
Nicole levam Maria a questionar o objetivo da tarefa naquele instante, e ao mesmo tempo Maria
está tentando interpretar o que Nicole está querendo dizer (quadro 18, índice 87). Se antes
Nicole respondia ao roteiro da tarefa e relacionava a disposição dos pontos livres na malha com
a semelhança (quadro 18, índice 84), agora ela informa quais propriedades estão envolvidas
nessa relação entre triângulos. Com isso, Nicole esclarece a Maria a relação anterior com as
propriedades dos triângulos, ou seja, triângulos semelhantes tem a propriedade de igualdade
dos ângulos e lados (quadro 18, índice 88).
Diante do exposto, vemos que uma resposta dada ao roteiro da tarefa (quadro 18, índice
84), possibilitou um questionamento de caráter interpretativo (quadro 18, índice 87) que
resultou na interação entre as participantes que trocaram informações tanto acerca das
propriedades dos triângulos como sobre o objetivo da tarefa. As integrantes relacionaram a ação
de arrastar diretamente os pontos a um tipo específico de posição no plano, com a malha, e
relacionaram esse processo às propriedades dos triângulos semelhantes (ângulos e lados iguais).
Em especial sabemos que se trata da congruência de triângulos, e esse conceito fica explícito
pelo uso da palavra “iguais” referindo-se aos triângulos. Enquanto para a noção de congruência
as integrantes utilizaram um termo mais geral: “semelhantes”.
A suposição ou conjectura construída e compartilhada no chat por Nicole e Maria ainda
não havia sido comentada por Ivone, pois ela estava desenvolvendo modificações na tarefa por
meio do recurso de arrastar. O quadro 19 apresenta em etapas as alterações na construção e usos
da malha quadriculada por Ivone.
95
Quadro 19: Processos utilizados por Ivone ao arrastar sobre a malha quadriculada.
Procedimentos de arrastar
Parâmetro Captura do Replayer
na malha
Ivone arrasta DEF e ABC
sem alterar medidas (A). Em
seguida arrasta pontos A, B e
C formando triângulo
retângulo (B).
1 (A)
(B)
Ivone reconstrói ABC
adicionando os pontos na
malha quadriculada.
2
A análise dos dados, revelou alguns modos de arrastar sobre malha adotados por Ivone:
i) arrastou para formar um triângulo retângulo (Parâmetro 1, figura B), ii) construir triângulo
(Parâmetro 2), iii) ampliou a forma de arrastar na malha para reposicionar triângulos sem alterar
medidas (Parâmetro 3 e 4) dando uma distância entre os triângulos como se estivesse
preparando um próximo movimento, iv) construiu o segundo triângulo retângulo isósceles
congruente ao primeiro (Parâmetro 5).
Num primeiro instante, as alterações de Ivone nos triângulos pareciam tratar-se de ações
isoladas de exploração dos triângulos por meio da malha. Mas o próximo movimento de Ivone
coincide com a conjectura de Nicole (quadro 19, índice 84) sobre a igualdade dos triângulos
dadas as mesmas posições na malha. Alguns segundos após Nicole afirmar que “se fosse
construído semelhante, eles teriam ângulos e lados iguais” (quadro 19, índice 88), o arrasto de
Ivone sobre a malha transformou ambos os triângulos em triângulos retângulos isósceles.
Alguns minutos após, Ivone responde ao roteiro da tarefa e com base no arrasto desenvolvido
na malha diz: “Questão 5, letra B: Os triângulos ABC e DEF, tem o comprimento dos lados e
os ângulos iguais ao se movimentar na malha, observando a medida. Os lados AB=DE, BC=EF
e AB=DF, nesse caso os triângulos podem ser escalenos ou isósceles” (quadro 19, índice 98).
Em parte, Ivone confirma a conjectura de Nicole, relacionando malha e igualdade dos triângulos
com medidas iguais, e em parte adicionando informação em relação aos lados correspondentes
e os tipos de triângulos que se enquadram na situação observada. Esta última informação, não
havia sido postada anteriormente.
Com isso mostramos pela inter-relação dos espaços que há uma ação conjunta entre
roteiro da tarefa, o chat e a zona gráfica. O roteiro direcionou a atenção para o objetivo da tarefa
e para a ação de arrastar sobre a malha, o artefato, gerando signos relacionados ao uso do arrasto
sobre a malha e questionamentos que permitiram explorar a possibilidade levantada. Assim,
emergiram as propriedades dos triângulos congruentes, ângulos e lados, bem como as
conjecturas foram testados pelos participantes por meio do arrasto guiado na construção de
triângulos específicos (triângulo retângulo isósceles). A figura 22 sintetiza o processo de
mediação semiótica no episódio analisado, destacando o papel do roteiro da tarefa, do chat e da
zona gráfica no trecho analisado.
97
Figura 22: Processo de mediação semiótica composta por roteiro, chat e zona gráfica
Significados
Roteiro da Atenção Zona Conjecturas
Chat pessoais
tarefa ao artefato gráfica
Questionamentos Propriedades
Figura 23: Sequência de postagens e capturas de arrasto sobre a malha (16:57:43 – 17:02:59)
Chat
Ivone: Grupo, ao movimentar ficam com a mesma medida (lados e ângulos) os triângulos ABC e
DEF se fizermos os movimentos. (120, 16:57:43)
Maria: Gente, o triângulo ABC sumiu para mim (121, 16:58:07)
Nicole: concordo, Ivone. Mas sem movimentar não (122, 16:58:24)
Chat
Nicole (123, 16:59:19): é porque o triângulo DEF está em cima.
Maria (124, 16:59:59): Entendi kkk.
Ivone (125, 17:00:00): Nicole, isso sem se movimentar NÃO, pois foram criados de formas diferente.
Ivone (126, 17:00:20): posso assumir pra ver o que foi feito até agora???
Nicole (127, 17:01:50): 7-c) Comparando os triângulos sobrepostos, são iguais (ou semelhantes), têm
as mesmas medidas dos ângulos e dos lados. Sendo os pontos coincidentes: A e D; B e E; C e F.
Chat
Maria (128, 17:02:59): Concordo com a Nicole, observei o mesmo, agora que estão sobrepostos os
triângulos são semelhantes.
A sequência de postagens e capturas da zona gráfica nos revelam o fato curioso de Maria
não ter visto o triângulo ABC (120) e o procedimento de Nicole sobre os dois triângulos para
posicioná-los com as mesmas medidas (16:58:25 – 16:58:43). Neste último, Nicole arrasta o
triângulo DEF, como se estivesse organizando o espaço para a ação seguinte. Na sequência
(16:58:46 – 16:59:02), é possível identificar que Nicole não utiliza o triângulo DEF na malha
para coincidir os pontos de ABC, pois DEF fica fora da malha e em seguida ABC aparece
posicionado sobre a malha de forma a gerar as mesmas medidas.
A estratégia de Nicole foi usar a malha como uma medida padrão que permitiu ajustar
outro triângulo com as mesmas medidas do primeiro. Em outras palavras, ela fez de acordo com
sua postagem anterior, tornando as medidas dos dois triângulos iguais “de acordo com a malha
[...] construídos nas mesmas posições” (84). Daí entendemos o procedimento inicial de Nicole
ao retirar o triângulo DEF da sua posição inicial e colocar ABC na mesma posição que DEF
ocupava anteriormente. Logo após igualar as medidas, Nicole sobrepõe os triângulos,
arrastando sem mudar a medida e fixando sobre a malha quadriculada.
As medidas angulares e do comprimento dos lados foram utilizados para fazer
comparação entre os triângulos sobrepostos, e a sobreposição por sua vez ajudou os
participantes a relacionarem os pontos que coincidiam e concluir que “(7-c) Comparando os
triângulos sobrepostos, são iguais (ou semelhantes), têm as mesmas medidas dos ângulos e dos
lados. Sendo os pontos coincidentes: A e D; B e E; C e F)” (Nicole, 127).
Ao fim da tarefa, os integrantes foram motivados pelo roteiro da tarefa a identificar além
de pontos correspondentes, também ângulos e lados correspondentes.
Em função do último ponto do roteiro da tarefa “f) A partir da construção que vocês
realizaram, comentem se os triângulos ABC e DEF são ou não congruentes e justifiquem quais
os motivos que os levaram a essa conclusão”, as integrantes foram influenciadas a diferenciar
o fenômeno explorado como a congruência de triângulos e justificaram com base nas
propriedades já observadas.
arrastar sobre a malha quadriculada em conjunto com um roteiro que aponte as propriedades
que devem ser exploradas para o compartilhamento e negociação dos significados pelo chat.
Por conta de a exploração dos objetos ter sido mais intensa por parte dos integrantes do grupo,
o professor mediador não necessitou de fazer muitas interferências. Entendemos que o objetivo
da tarefa proposta foi atingido e que a linguagem matemática estava de acordo com o
conhecimento dos participantes que avançaram de signos do artefato para algumas propriedades
globais e relações entre elas.
Figura 24: Processo de arrasto amplo desenvolvido por Nicole (19:44:05 – 19:44:45)
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Neste trecho exemplificado, notamos que os valores do controle explorados por Nicole
pertencem ao intervalo entre zero e cinco (figura 24-a até 24-d) e depois explorando valores
maiores que 1 (figura 24-d até 24-f). Essa mesma forma de arrastar o controle foi repetida por
Maria na sequência da tarefa, primeiro explorou o intervalo de 1 a 5 e depois arrastou até o
valor zero e para valores próximos ao 5. Sua exploração foi parecida com a de Nicole no sentido
de estar em um estágio mais amplo de exploração, entre o valor inicial e o valor final do controle
deslizante. Por meio do chat Maria argumenta sobre as postagens de Júlio, feitas antes da
entrada das demais participantes. O quadro 20 apresenta as observações iniciais de Nicole e
Maria.
Quadro 20: postagens de observações iniciais sobre arrasto do controle deslizante (99-101).
ponto D (<triângulo A’B’C’>, <afasta>, <aproxima>, <ponto D>). Enquanto Nicole se refere
ao controle para referenciar a distância do triângulo A’B’C’ ao ponto D, Maria observa o
tamanho do triângulo.
De forma geral, neste primeiro momento o arrasto do controle deslizante é do tipo mais
amplo, ou seja, apresenta um movimento do controle desde seu limite inferior igual a zero e seu
valor máximo igual a 5. Essa amplitude de valores permite comparar o tamanho dos triângulos
e observar a distância dos pontos A, B e C em relação ao ponto fixo D.
Em geral, ações de arrastar realizados de forma mais ampla resultaram em observações
de caráter mais genéricas. A medida que o controle continuou sendo usado, os participantes
passaram a se concentrar em alguns valores específicos. Cabe destacar que apenas os ângulos
internos e do comprimento dos lados de A’B’C’ haviam sido medidos pelos (futuros)
professores até este momento.
Chama atenção também que a forma de participação dos integrantes do grupo se limitou
nesse instante a colocações mais diretas, avaliativa, sem uma preocupação de convergir as
ideias compartilhadas.
observações dos integrantes foram mais específicas. Já a manipulação no intervalo [1,5]30 ainda
permaneceu no âmbito mais genérico.
O quadro 21 apresenta colunas com informações sobre o índice, o nome fictício do
participante, a postagem referente a cada participante e os signos (de artefato e matemático)
gerados após o uso do controle deslizante. Os quadros de texto na intercessão das duas últimas
colunas, destacam os signos mais utilizados pelos integrantes e que denota a relação que fizeram
do uso do artefato com os signos matemáticos (signos pivô). Esses signos estão grifados em
negrito para melhor identificação do leitor.
Quadro 21: Síntese da evolução de signos de artefato para signos matemáticos (102-110)
30
Sugere-se relativizar esse resultado pois, embora o intervalo indicado tenha sido [1,5], as interações ficaram
restritas ao valor a=1, como se vê na fala dos alunos. Cabem novas análise com mais variação (aberta ou fechada)
no intervalo.
108
ângulos correspondentes se mantêm para qualquer posição no plano. Esse episódio representa
a combinação da verificação das propriedades por meio das medidas (ALQAHTANI;
POWELL, 2017b) com o arrasto aleatório (ARZARELLO et al., 2002). Os integrantes do
grupo realizaram o arrasto para explorar a figura e pela reação do ambiente identificaram a
propriedade da igualdade dos ângulos e a correspondência deles.
Já partindo para a conclusão da atividade, os integrantes da equipe iniciaram a oitava
seção da tarefa centrada na comparação do comprimento dos lados. Neste momento eles
deveriam utilizar um ícone do VMT que possibilitaria o cálculo da razão entre os lados do
triângulo ABC com os respectivos lados do triângulo A’B’C’, este dependente do controle
deslizante. Os participantes mediram os comprimentos dos lados do triângulo A’B’C’ e
seguiram tentando inserir a razão das medidas dos lados, porém sem êxito.
Nesse passo foi necessário a intervenção do professor mediador, pois o ícone não
funcionou como o esperado e não gerou a razão do comprimento dos lados. No lugar da razão,
os valores inseridos na caixa de entrada retornaram como resposta coordenadas de pontos.
Detectamos este problema em outras salas que ocorriam ao mesmo tempo e passamos a orientar
os (futuros) professores a usar a calculadora de seus computadores para encontrar a razão entre
as medidas, mesmo não possibilitando um cálculo automático das razões para todos os possíveis
comprimentos dos lados correspondentes. A configuração final da posição do controle
deslizante na zona gráfica e a interação pelo chat são mostrados na figura 25 e no quadro 22.
Figura 25: Configuração da zona gráfica, cujos dados foram extraídos para uso na calculadora (146-167)
Quadro 22: Síntese da evolução de signos de artefato para signos matemáticos (146-167)
Ao testar a razão do comprimento dos lados de ABC com os lados de A’B’C’, Nicole
demonstra ter identificado a propriedade referente a razão (“A'B' = a*AB”, quadro 22, linha
149), mas as outras participantes seguem o roteiro da tarefa realizando o cálculo das razões
AB/A’B’ e AC/A’C’. Ao considerarem a = 3 (figura 25) as razões são valores aproximados da
razão inversa 1/3. Conforme apresentado na coluna “signos de artefato” do quadro 22, muitos
signos de artefato são relacionados aos triângulos e às suas medidas devido a referência do
artefato estar sendo o comprimento dos lados dos triângulos. Mas há um signo de artefato que
aparece tanto no contexto do artefato quanto no contexto matemático que está relacionado a
razão entre os comprimentos, esse signo pivô ainda continua sendo o controle deslizante.
O signo <a> (em negrito no quadro 22) é referenciado frequentemente desempenhando
um papel de conectar os dois contextos e promover a passagem dos significados pessoais
referentes as medidas dos lados dos triângulos aos signos matemáticos representados pelas suas
respectivas razões. A referência do valor a = 3 também é útil para as integrantes, de modo que
a razão é identificada como a mais aproximada ao valor previsto por Nicole (quadro 22, índices
162 e 166), valor 0,333 ou na representação fracionária 1/3. Consideramos pelas respostas
apresentadas, que a relação de proporcionalidade poderia ter sido mais explorada caso o roteiro
da tarefa solicitasse a razão de A’B’ por AB e não AB por A’B’, conforme a Nicole destacou
(quadro 22, índices 149 e 154).
Destacamos que a problematização em torno da razão se caracteriza em uma situação
de contexto propriamente matemático, cujo entendimento que está em jogo é a noção de razão
como fração. Percebemos a preocupação dos participantes em designar os valores das razões
como valores aproximados. Isso acontece porque o GeoGebra fornece medidas aproximadas de
acordo com o número de casas decimais que o usuário determina. Então, como as medidas dos
lados são aproximadas, as razões também são aproximações. E a partir desse entendimento das
aproximações que conceito de razão se aplicou ao problema da razão do triângulo A’B’C’ em
relação ao triângulo original. Essa relação permitindo concluir que as razões dos lados
113
correspondentes representavam o próprio valor do controle deslizante (quadro 22, índices 162-
166).
A pergunta do professor mediador (“Esse resultado tem alguma coisa a ver com o valor
de 'a'?”) destacou ao mesmo tempo a ênfase nos signos vinculados ao artefato e solicitou a
produção de uma síntese das relações observadas pelos participantes. O entendimento final das
integrantes é que o valor do controle deslizante se trata da razão e que mudando o valor do
controle, ou seja, há uma relação do controle com o tamanho de A’B’C’ e consequentemente
com a razão.
Ao final da tarefa, Nicole voltou a manipular o controle deslizante após esta interação,
e de forma mais consciente, modificou o controle para um valor inteiro que possibilitou notar
que A’C’ é igual a “a vezes AC”. Tornando a = 4, é destacado que AC = 6 e isso confirmaria a
afirmação feita anteriormente. A ação foi realizada de forma lenta, como se estivesse buscando
um valor específico (o valor a = 4).
Descobrimos que o objetivo pelo qual a integrante do grupo realizou este arrasto (quadro
22, índice 167) consistiu em verificar se a propriedade era válida para outras medidas dos lados,
sem necessidade de realizar o cálculo com a calculadora, e este valor é o comprimento do lado
AC = 6 e A’C’ = 24. Desta forma, Nicole, conclui que 24 divido por 6 é exatamente o valor do
controle deslizante, comprovando que os valores do controle deslizante expressam a razão entre
as figuras (quadro 22, índice 164). Esta afirmação ocorre logo após Nicole reafirmar que a razão
mais precisa deveria ser o valor 1 para 3, já que o valor do controle deslizante era três naquele
instante. A configuração abordada por Nicole é apresentada na figura 26.
114
Figura 26: Configuração da zona gráfica que compõe o processo descendente (quadro 21, linha 167)
O tipo de raciocínio adotado por Nicole é do tipo descendente, pois ela partiu das
relações entre medidas dos triângulos, o controle deslizante e a razão e verificou se as
propriedades de manteriam modificando o valor de “a”. A calculadora foi utilizada com a
finalidade de construir uma conjectura sobre a razão do comprimento dos lados de ABC por
A’B’C’ e o arrastamento do controle deslizante teve o papel de validar uma propriedade
observada, como um teste de arrasto do controle deslizante. Destacamos que estes últimos
processos ocorreram mediante a representação das medidas dos ângulos e dos lados.
objetivo desejado para cada momento da tarefa com as modalidades utilizadas no controle
deslizante.
A tabela 3 apresenta as modalidades de arrasto identificadas no uso do controle
deslizante desta tarefa, bem como a definição para cada modalidade e os respectivos trechos
que compõem o nosso embasamos para a conclusão.
Modalida
Fases da des de Objetivo
resolução do arrastar Caracterização Fonte pretendido
problema controle com seu uso
deslizante
Consiste em arrastar o controle deslizante
Exploração
desde o valor mínimo até o máximo, quantas Quadro 20
de uma
vezes necessário, a fim de descobrir padrões (linha 99 a
Arrasto determinada
mais genéricos entre a figura em movimento e 101)
amplo tarefa
os demais objetos que não estão em Figura 24
(controle
movimento. Exemplo: distâncias, tamanho e
Fase da ascendente)
tipo de movimento.
descoberta
Em comparação com o arrasto amplo, este tipo Exploração
é mais pausado e busca descrever casos de uma
Arrasto Quadro 21
especiais, subdividindo em situações, sejam determinada
guiado (linhas 102 a
valores pontuais ou intervalos que denotam um tarefa
local 110)
dado evento, cujo motivo de ocorrência ainda (controle
não se encontra muito claro. ascendente)
Validação de O movimento de arrastar o controle deslizante, Quadro 22
Teste de Controle
uma tem por objetivo verificar a permanência das (linha 167)
controle descendente
conjectura propriedades inicialmente identificadas. Figura 26
Fonte: elaboração própria, conforme dados principais da coluna fonte.
VMTcG, dado que mesmo as postagens muito anteriores à entrada dos participantes
contribuíram para que a interação contínua no ambiente virtual do VMT acontecesse.
Sintetizamos o processo analítico e os resultados obtidos durante a pesquisa no quadro
23, em que destacamos os momentos, o foco da análise e os principais achados.
Considerações finais
apenas a esses aspetos para que as relações entre os objetos e como se dá a dinâmica entre
relações não fique restrita. Mas, guardadas as suas necessidades de ajustes, tarefas como a
malha e controle deslizante têm suas importâncias para o desenvolvimento do pensamento
geométrico.
31
Suporte técnico do VMT ocorre via e-mail vmt@21pstem.org que, preferencialmente, devem ser escritos em
inglês.
32
No dia 03/01/2022 foram adicionados controles de ampliação, redução e direcionais que possibilitam um melhor
enquadramento das construções reproduzidas no Replayer. Após contato com os organizadores, normalmente, nos
finais de semana ocorrem as atualizações solicitadas pelos usuários no período de segunda à sexta.
122
correspondentes e uma exploração muito mais potente das propriedades e relações envolvidas
no conceito de semelhança de triângulos.
Esperamos que a presente pesquisa possa contribuir para outras pesquisas nacionais da
área e para (futuros) professores em sua formação e prática de sala de aula em contexto
presencial ou à distância.
O produto educacional33 Sequência didática sobre semelhança de triângulos no
ambiente Virtual Math Teams tem por objetivo inserir o (futuro) professor no VMTcG, tecendo
orientações teóricas quanto ao seu uso e das atividades da sequência didática. Nele buscamos
discutir de forma sucinta o processo semiótico envolvido às tarefas da sequência didática com
o VMTcG, de acordo com a vivência que tivemos na pesquisa. Ao final apresentamos sugestões
e uma relação dos aspectos de raciocínio matemático e tipos de arrasto envolvidos nas tarefas.
A figura 27 apresenta o código QR para acesso ao produto Educacional.
33
Disponível em:
<https://drive.google.com/file/d/1Tsf0clfUfpN_DtoG18YzEwKq257Q6aQi/view?usp=sharing>. Acesso em: 24
abr. 2022.
123
c) Com a ajuda da malha, movimentem os vértices do triângulo ABC com , de forma que
o triângulo ABC coincida exatamente com o triângulo DEF.
6. Deem um toque no centro do triângulo e o arrastem para o lado.
d) Comparando a medida dos ângulos e lados: o que vocês podem dizer sobre as
características dos triângulos que se sobrepõe?
e) Observem e comentem no chat, quais são os ângulos correspondentes dos triângulos ABC
e DEF?
f) E quais são os lados correspondentes dos triângulos ABC e DEF?
g) A partir da construção que vocês realizaram, comentem se os triângulos ABC e DEF são
ou não congruentes e justifiquem quais os motivos que os levaram a essa conclusão.
124
internos.
a) Observem a construção dos triângulos ABC e DEF, e expliquem porque vocês consideram
6. Meçam os ângulos e os lados que ainda não foram medidos nos dois triângulos.
b) Agora que vocês sabem as medidas dos ângulos internos e dos lados, o que vocês podem
dizer em relação a todos os triângulos que têm dois ângulos internos iguais?
c) O que essa atividade difere ou enriquece das atividades que vocês vivenciaram nas seções
anteriores?
126
Construam um triângulo ABC qualquer e uma reta r paralela ao lado BC que intercepte os
lados AB e AC. O que vocês podem dizer sobre os triângulos ABC e ADE? Justifiquem.
127
8. REFERÊNCIAS
ARZARELLO, F.; OLIVERO, F.; PAOLA, D.; ROBUTTI, O. A cognitive analysis of dragging
practises in Cabri environments. ZDM, 34(3), 66-72, 2002. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/225443259_A_cognitive_analysis_of_dragging_pr
actises_in_Cabri_environments>. Acesso em: 15 jun. 2021.
FARIA, Renata Aparecida. As múltiplas representações em uma tarefa de proporção direta. In:
XII Encontro Nacional de Educação Matemática. 2016, São Paulo. Anais do XII ENEM:
Relato de Experiência. São Paulo: SBEM, 2016. Disponível em:
<http://www.sbem.com.br/enem2016/anais/pdf/4587_2458_ID.pdf>. Acesso em: 29 set. 2016.
FERNANDES, Filipe Santos. A Educação Matemática Muda. Bolema, Rio Claro, v. 30, n. 55,
p. 308-324, ago. 2016 . Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1980-4415v30n55a01>.
Acesso em: 18 maio 2020.
MACIEL, A. C.; ALMOULOUD, S. Ag. O Ensino de Semelhança: uma proposta de ensino In:
ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE MATEMÁTICA, 9. Anais, Belo Horizonte,
2007. Disponível em: <http://www.sbem.com.br/enem2016/anais/pdf/7486_3464_ID.pdf>.
Acesso em: 21 abr. 2021.
<http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.ws/revista/index.php/emr/article/view/957>. Acesso
em: 18 maio 2020.
PEREIRA, M.F.F. Uma sequência didática para o ensino de semelhança de figuras planas. In:
Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em Educação Matemática
(EBRAPEM), 20, 2016, Curitiba. Anais... Curitiba: Ebrapem, 2016.
STAHL, G. Das representações individuais à cognição de grupo. ReVEL. vol. 18, n. 35, 2020.
Tradução de Paloma Petry e revisão de Pedro Garcez. Disponível em: www.revel.inf.br. Acesso
em: 21 abr. 2021.
VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 4.ed. São Paulo: Editora Martins Fontes,
1991. 191 p.
136