A Herança de Sarah - Tania Giovanelli
A Herança de Sarah - Tania Giovanelli
A Herança de Sarah - Tania Giovanelli
Giovanelli, Tânia
A Herança de Sarah/Tânia Giovanelli- São José do Rio
Pardo-SP
Tânia Giovanelli, Janeiro, 2018.
1. Literatura Nacional
2. Romance
3. Mistério
Sarah Martinelli sempre foi uma mulher inteligente e bem-
sucedida, mas o acidente que vitimou seus pais lhe trouxe
pesadelos, angústia e muita solidão. Tudo isso aconteceu,
há dois anos, em pleno dia de sua formatura. Algum tempo
depois, a jovem advogada recebe uma herança de seu
falecido avô, forçando-a a sair da capital mineira e viajar
para outro estado. E a sua vida, apesar de agitada e cheia de
amigos, toma um rumo diferente e inusitado: um novo
amor, apesar dos contratempos a espera. Traumatizada com
seu passado amoroso, Sarah será testada pelo destino,
precisando ser forte e corajosa. Um romance cheio de
aventura e suspense, cuja missão é ficar de olhos e coração
bem abertos.
ACORDEI COM O DESPERTADOR
TOCANDO estridentemente, olhei no relógio e vi que já
estava atrasada. Como a noite passou rápido! Sem muita
escolha, eu me levantei rapidamente, me troquei,
escovei meus dentes, lavei o rosto, enfim… Fiz
tudo de forma mais rápida e higiênica possível. Fui para a
cozinha pegar uma maçã e, ainda comendo, me encaminhei
para o carro. Infelizmente não dava tempo nem mesmo de
tomar um café decente, pois eu tenho uma audiência agora
cedo. Liguei a chave da ignição e segui o meu
destino. Pelo menos essa era a minha intenção. Precisei
pegar caminhos alternativos, visto que eu estava atrasada, e
o trânsito; caótico àquela hora da manhã.
Consegui chegar em cima da hora, entrei e fui
direto para sala da audiência, onde todos estavam me
esperando. Um tanto encabulada, eu pedi desculpas e me
sentei em meu lugar. Correu tudo maravilhosamente bem,
e, mais uma vez, ganhei a causa. Nunca perdi nenhuma,
diga-se de passagem. Aliviada, saí da sala ainda
ouvindo todos me dando parabéns. Sem perder tempo, corri
para o meu escritório, a fim de adiantar algumas coisas, já
que à tarde, eu almejava sair para comprar algumas roupas,
pois Nadya, minha melhor amiga, vai dar um jantar de
aniversário hoje à noite, e sei muito bem como são estes
jantares que ela sempre dá; chiques e cheio das coisas!
Alta e esbelta, minha amiga Nadya é muito bonita,
tem um corpo bem definido, cabelos pretos, longos e lisos,
pele clara e olhos verdes. Por onde ela passa chama
atenção, diferente de mim que não sou muito
alta, mas tenho um corpo bem definido também, já que me
cuido muito! Meus cabelos são cacheados e loiros para
baixo do ombro, olhos azuis e pele clara. A tenho como
uma irmã.
Adiantei alguns documentos e avisei à Ester, minha
secretaria, que eu não voltava mais hoje, que era só para ela
pegar recados e quando desse o horário dela, que trancasse
tudo, antes de ir embora. Como já tinha organizado tudo,
resolvi ir logo almoçar e aproveitar o restante do dia para
fazer compras e me preparar para o jantar.
Minha sócia aproveitou para tirar o dia de folga e
preparar o jantar de hoje à noite. Jantares são eventos muito
importantes para Nadya, especialmente o de seus
aniversários, algo que realmente eu nunca conseguia
entender, já que nunca a vi preparando algo simples como
coquetel, festa e familiares. Acho que ela não gosta desses
tipos de festas.
Assim que pisei no La Farina - o restaurante
Italiano localizado em meu bairro já me senti em casa.
Além de ser apaixonada pela comida italiana, lá eu poderia
fazer meu próprio prato e, mesmo que não fosse de comer
muito, isso para mim era uma vantagem. Mas o que de fato
fazia tudo ser aconchegante era o fato de conhecer todos
que trabalhavam ali.
Cumprimentei algumas pessoas enquanto entrei, fiz
meu prato e segui para uma mesa. E logo vieram trazer o
meu vinho Cabernet Sauvignon que sempre tomava na hora
do almoço.
Depois do almoço, parti animada para a Ara Macau,
minha loja de roupas preferida. Todos os funcionários
são muito simpáticos, o que faz com que eu me sinta
muito à vontade. Logo que cheguei fui procurar por Leon,
que sempre me falava a verdade se tinha gostado ou não de
uma roupa, mesmo que isso significasse que eu
não levaria a peça. Quando Leon me viu, veio correndo me
abraçar.
— Oi querida! Quando tempo que não te vejo! O
que te traz aqui minha linda? — Leon é homossexual. Será
por isso que ele é tão sincero? Não importa, pois,
independentemente de qualquer coisa, eu gosto muito do
jeito dele.
— Leon, eu tenho um jantar de aniversário para ir!
Da minha amiga Nadya! Você já está acostumado, já que
toda vez que ela faz aniversário, eu te procuro, então sabe o
meu gosto, não é?
— Claro que sei bobinha! — exclamou Leon,
fazendo graça com uma das mãos; enormes! — Vamos para
a sessão de festa, Sarita! — Então ele me levou onde só
tinha roupa de festa. Acessórios e peças mais caras, por
sinal, mas eu queria estar linda esta noite. E ele foi me
mostrando vários vestidos, mas o que me chamou atenção
foi um de tubinho preto de um ombro só, com um risco
largo branco nas laterais. Bem diferente. E a outra era do
mesmo modelo, mas vermelha, frente única e
comprida. Peguei os dois e levei no provador. Provei
primeiro o vermelho e quando Leon viu, bateu palmas,
dizendo que adorou. Voltei para o trocador e provei o
preto, quando me olhei no espelho, eu adorei o que
vi, pois marcou bem meu corpo, deixando-me sexy sem
ser vulgar. Sentindo-me linda, saí radiante, mostrando para
Leon como ficou, e ele simplesmente colocou a mão no
rosto completamente admirado.
— Sarah você ficou linda com esse vestido! Ficou
perfeita em seu corpo! — ele disse, e eu não consegui
esconder o sorriso de satisfação. Em seguida, voltei ao
provador e troquei de roupa.
— Vou levar os dois, Leon, já que cada um tem sua
beleza! — ele apenas concordou com a cabeça.
— Sarah você não quer levar uma sandália de salto
alto prata que amarra na perna até um pouco para baixo do
joelho? Vai combinar com os dois vestidos, que
tal? — sugeriu, piscando um olho azul, mas antes que eu
abrisse a boca, ele continuou: — Minutinho querida, vou
pegar dois modelos para você provar, seu número é 35! —
Confirmou, indo buscar a sandália. Não demorou muito, ele
as trouxe, então calcei ambas e dei alguns passos dentro da
loja para ver se servia bem e se era confortável. Ficou tão
perfeita quanto os vestidos. E eu tinha adorado.
— Leon? Eu vou levar! — ele me levou até o caixa
para pagar, agradeci a ele e dei tchau. Paguei e peguei a
sacola com a compra e fui para o meu carro, coloquei as
compras no banco e quando estava ligando o carro, meu
celular tocou, desliguei na hora para atender, mas antes
olhei no visor para ver quem era. Só que não conheci o
número, então atendi, já que podia ser cliente me ligando.
Ouvi uma voz que não conhecia.
— Alô! Gostaria de falar com Sarah Valentin
Martinelli, por favor! — Nossa quem seria para saber o
meu nome completo? Deve ser alguém conhecido, pois
nem uso Valentim no meu nome mais! Pensei.
— Alô! — Disse a voz de novo.
— Alô! — respondi. — É ela quem está falando!
— Boa tarde senhorita Sarah, meu nome é
Francisco, sou advogado do Seu Nicolas Valentim.
Estou ligando para avisar que seu avô acaba de
falecer. — Meu Deus! Meus olhos encheram-se de
lágrimas. Vovô Nic era o único parente que eu tinha! Meu
avozinho querido! Tinha tanto carinho por ele.
— Alô, dona Sarah, a senhorita está aí?
— Desculpa seu Francisco, fiquei muito abalada
com a notícia, pois adorava o meu avô.
— Sinto muito senhorita Sarah, ele vai ser velado
no velório municipal, e o enterro será às seis e trinta da
tarde. Aguado a senhorita lá, já que temos muito que
conversar! Tentei falar mais cedo com você, mas seu
celular só dava caixa postal. Só consegui falar agora.
— Muito agradecida seu Francisco. Quanto ao
celular, essas operadoras vivem deixando a gente na mão.
Mas logo estarei lá.
— Então até mais — e o moço desligou! Fiquei
arrasada e muito triste. Ainda mais por lembrar que meu
avô Nicolas estava morando em um chalé para idoso, pois
não tinha com quem morar. Eu até convidei meu avô para
morar comigo, só que ele não quis, preferindo ir para um
chalé, já que sempre dizia que lá se sentia em
casa. Confesso que quando conheci o local, me encantei! A
natureza nos arredores de Belo Horizonte é
fantástica! Apesar de não poder visitá-lo com mais
frequência, todas as vezes que eu passava o dia com ele,
percebia que ele estava sendo bem cuidado. E tudo isso
deixava meu vovozinho mais feliz. Depois que minha mãe
morreu, ele teve depressão, já que ela era sua única filha.
Foi bem difícil sua aceitação da perda de sua querida filha,
mas com o auxílio da equipe de médicos, demais
internados e o ar puro do conjunto de chalés, ele foi
melhorando a cada dia.
Liguei o carro, depois de pensar um pouco e segui
meu destino, fui direto para o meu apartamento me trocar,
pois não podia ir para o velório com roupa de trabalho.
Coloquei um vestido preto básico e saí direto para o
velório. Eu me sentia estranha… Confesso que nem chorar,
eu conseguia! Até sentia vontade, mas as lágrimas não
desciam, apesar de estar com os olhos cheios delas. Desde
a morte dos meus pais, nunca mais chorei.
Cheguei ao velório e percebi que tinha muita gente,
já que meu avô era muito querido, só que não conhecia
ninguém, pois sempre fomos muitos reservados tendo
apenas a companhia um do outro desde o dia em que meus
pais morreram. Creio que essas pessoas deviam ser seus
novos amigos do chalé! Fiquei até o fim do enterro do meu
avô, e quando estava indo embora, um senhor de mais ou
menos cinquenta anos me chamou pelo nome.
— Oi! O senhor me chamou!
— Oi senhorita Sarah, sou eu, seu Francisco, o
advogado do seu Nicolas. A gente poderia conversar em
um café que tem aqui perto?
— Sim podemos! Conheço um muito bom na
esquina da rua principal; “Café do Sol” Te encontro lá.
Entrei no meu carro pensando sobre o assunto que o
tal Francisco queria conversar comigo. Liguei meu carro e
segui meu destino, parando em frente a tal cafeteria. Após
vasculhar a área, eu notei que o homem ainda não tinha
chegado lá, então me sentei em uma mesinha que tinha na
calçada. Logo o garçom veio me trazer o cardápio. Apesar
da dor da perda, senti o estômago vazio, então pedi
logo um café e dois pães de queijo, pois só tinha
almoçado. Não demorou muito, seu Francisco chegou, e
com ele, o garçom, trazendo meu café e o pão de queijo.
Ele sentou na minha mesa e pediu um café para o garçom
que estava ali perto.
— Sarah, você está sabendo que seu avô Nicolas
deixou um testamento para você? Pois você é a única
herdeira viva que ele tinha! Ele falava muito em você —
exclamou o advogado, com ar sério. Quase engasguei. E
sem esperar pela minha resposta, ele continuou: — Você
sabia que para morar naquele chalé, ele teve que vender
quase tudo que tinha? Isso para ter todo conforto e cuidado
que uma pessoa idosa merecia! Eu conheço seu avô desde o
dia em que ele me procurou para vender alguns bens que
tinha para ir morar no chalé, já faz mais ou menos uns dois
anos, foi logo após a morte de seus pais.
— Eu não sabia que ele tinha bens! Pensei que
pagava com a aposentadoria dele! — respondi entre um
gole e outro de café. Estava admirada, pois realmente não
sabia.
— O fato Sarah, era que a aposentadoria dele não
dava para pagar todo conforto e cuidado que ele tinha lá.
— Entendi seu Francisco, mas o que tem no
testamento?
— Seu avô te deixou o seu bem mais precioso; só
ele dava para pagar o chalé onde viveu e ainda sobrava
muito dinheiro, só que esse ele quis guardar para você de
herança.
— Seu Francisco, eu não fazia ideia de nada disso,
afinal o que é?
— Seu avô deixou para você uma casa, quer dizer uma
mansão em Salvador e junto com a mesma, uma quantia em
dinheiro bem generosa. Essa mansão foi construída em
1949 pelo seu pai, quando o pai de seu avô Nicolas morreu,
dividiu a herança que tinha com os dois filhos, e seu avô
herdou essa mansão, mas por ficar muito longe, seu avô
não ia muito para lá, já que ele não gostava de viajar. A
mansão fica em uma Ilha isolada e paradisíaca: “Ilha
Boipeba”, a casa se encontra um pouca afastada da vila
Moreré. Antes de seu avô vender seus bens, ele mandou
alguém avaliar, e pasme; vale uma fortuna, por isso deixou
para você!
— Meu Deus!! Por essa eu não esperava! Quando
meus pais morreram me deixaram dois apartamentos no
meu nome, um eu moro nele, o outro aluguei. Além do
escritório, tenho o dinheiro do aluguel, graças a Deus posso
dizer que nunca me faltou nada. Apesar de tudo preferia ter
meus pais aqui comigo! E agora ainda vou receber mais
essas heranças! — comentei surpresa. — Nossa Seu
Francisco! Confesso que fiquei feliz pela surpresa.
Realmente não imaginava que ganharia uma herança do
meu avô, afinal ele sempre foi tão simples que nunca
imaginei que ele tivesse bens. E o local é realmente muito
longe.
— Sarah, o documento da casa já está em seu nome,
só que você vai precisar ir até lá para buscá-lo. Ele foi
feito por lá, e se você não quiser ficar com o imóvel, você
pode vendê-lo. E não seria difícil, pois já tem muitos
compradores. De qualquer jeito, a senhorita vai ter que ir
para lá para dar andamento na papelada de venda, se
realmente for vender, e isso demora um pouco, sabe como
são essas coisas.
— Verdade seu Francisco! Disso eu entendo bem,
sei que demora.
— Só mais uma coisa, Sarah. Todas as papeladas
para você assinar estão na casa, agora preciso ir. Qualquer
coisa você me liga, já tem meu número — aconselhou o
bom homem, tomando seu último gole de café. Em
seguida, ele e se despediu e foi embora. Quando eu
terminei meu café, já eram sete horas da noite, eu tinha
uma hora e meia para me arrumar para o aniversário de
Nadya, então fui embora para casa o mais a rápido que eu
pude, já que eu não queria me atrasar.
Cheguei ao meu apartamento e fui direto tomar
banho, pensando em tudo o que me aconteceu hoje. Estava
muito triste para ir em festas, mas como era aniversário da
minha melhor amiga, não podia deixar de ir e tenho
também que resolver o que vou fazer com a casa que
herdei. Resolvi deixar isso para amanhã, pois hoje não
dá tempo para mais nada.
Terminei meu banho e fui me arrumar. Coloquei
meu vestido preto de um ombro só que comprei hoje,
arrumei meu cabelo, secando com o secador, em seguida
passei a chapinha e depois fiz uma trança solta de lado, a
qual ficou perfeita. Fiz minha maquiagem, destacando bem
meu olho com delineador preto e um assombreado na
cor prata. Nos lábios escolhi um batom não muito
vermelho, pois não gosto dessa cor tão forte. Ainda bem
que não preciso de base e nem de pó, graças
Deus, pois tenho a pele perfeita. Terminei a maquiagem,
coloquei a sandália prata que comprei, e que realmente me
deixou mais chique, em seguida passei meu perfume Angel
e, depois de pronta, me olhei no espelho e gostei muito do
que vi, já que eu parecia um mulherão, pois estava bem alta
e bem sexy e me senti muito bem.
Olhei no relógio e vi que já eram quase oito e
quinze; o aniversario começaria às oito e meia. Peguei a
chave do carro e saí. Ainda bem que ela mora no mesmo
bairro que eu, então não ia me atrasar muito. Sentindo-me
um pouco melhor, segui em direção à casa de Nadya.
Quando cheguei lá, percebi que já tinham muitos
carros no estacionamento, mas achei um cantinho para
mim, então parei o carro ali e desci.
A casa de Nadya era uma verdadeira mansão; a
gente até se perdia lá dentro! Assim que coloquei os pés no
último degrau da longa escadaria, ela apareceu radiante
num longo vestido amarelo. Após um abraço eu entreguei a
ela o presente que mandei fazer… Um colar com a
primeira letra do seu nome em ouro branco. Um dia eu
estava passando com ela em frente a uma joalheria, e ela
viu um colar com a letra do seu nome. Encantada,
ela entrou para perguntar se tinha em ouro branco, mas a
vendedora falou que só por encomenda. Ela ficou triste,
pois queria na hora, então fomos embora, mas voltei lá e
encomendei para o aniversário dela.
Quando ela abriu o presente ficou muito feliz e
surpresa, me abraçou novamente, me agradecendo pelo
presente.
— Fica à vontade, Sarah! Você já conhece a casa!
Logo o jantar vai ser servido, só que estou percebendo que
você está um pouco triste, aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu sim, amiga! Mas hoje é seu
aniversário e eu prefiro não falar nisso, ok?! Deixa para
amanhã.
—Tudo bem Sarah! Amanhã conversamos então!
— Ela continuou a receber os convidados, e eu fui para o
salão de festa que tinha na casa de Nadya. Tinha um DJ
animando a festa, e estava tocando uma música que gosto
muito: “ThatSong in my head”. Havia muita gente
dançando, só que eu estava muito triste para isso, então
fiquei ali, só observando. Logo o jantar foi anunciado, e
todos foram para o salão onde serviriam o jantar. Eu
me sentei em uma mesa, e o garçom começou a nos servir.
Eram pratos prontos servidos e acompanhados por
vinhos finos. Começou com a entrada, depois o prato
principal e por último a sobremesa. Estava tudo muito
gostoso e perfeito, mas eu estava muito triste para ficar ali
me divertindo, então fui procurar Nadya para me despedir e
ir para casa. Sei que era cedo ainda, nem tinha cantado
parabéns, só que eu não estava bem para ficar.
Achei Nadya conversando com alguns amigos, os
quais eu também conhecia, então eu me aproximei,
cumprimentando todos, e chamei Nadya para conversar.
— Nadya me desculpe! Não estou bem! Então vou
embora, amanhã conversamos.
— O que está acontecendo? Sei que tem algo errado
com você.
— Nadya eu já te falei, amanhã conversamos, hoje
é seu aniversário, e não quero estragar seu dia com os meus
problemas. Relaxa amiga, porque hoje é o seu dia. Divirta-
se.
—Tudo bem Sarah, amanhã quero saber tudinho do
que está acontecendo com você, ok?
— Então Nadya, até amanhã e boa noite —
Abracei-a e fui embora direto para minha casa.
Cheguei ao meu apartamento e fui direto para meu
quarto. Entrei no banheiro, escovei meu dente, lavei meu
rosto e retirei toda a minha maquiagem, depois troquei de
roupa, coloquei uma camisola branca confortável e fui
deitar.
Fui para
cozinha beber um copo de água, pois estava muito
nervosa. Chegando lá vi que em cima do balcão tinha um
papel, peguei e vi que era um bilhete do Noah.
Meu Deus! Noah pensou em tudo! Eu nem preciso ir
atrás de nada, graças a ele! Com o tempo mais livre,
fui colocar minha roupa para lavar, que deixei no banheiro.
Quando cheguei à lavanderia, encontro a porta aberta.
Tenho certeza que ouvi Noah saindo pela frente! Tranquei a
porta assustada e coloquei a roupa na máquina, depois e fui
para sala verificar novamente a porta e, graças a
Deus, estava trancada.
Voltei para cozinha e fui fazer meu almoço, preparei
alguma coisa rápida, já que eu comeria sozinha. Estava
terminando o almoço quando meu celular tocou. Antes de
atender, chequei o visor: número privado. Assustada, mais
muito curiosa como sou, atendi.
— Alô!
— Alô! Quem é? Por que não responde? Sei que está
aí, pois estou ouvindo a sua respiração — apelei, com o
coração acelerado, só que o indivíduo desligou na minha
cara. Só pode ser alguém brincando comigo! Mas que
brincadeira de mau gosto! Primeiro me manda uma
mensagem e agora me liga! Isso está me deixando muito
curiosa.
Liguei para Nadya e advinha; tinham mais de vinte
ligações perdidas desse número privado. Uma hora ele
cansa de ligar! Então sem dar importância
para o tal número, liguei para Nadya; no segundo toque, ela
atendeu. Terminei meu almoço, fiz um prato e fui comer na
sala, assistindo TV, quando me sentei no sofá, meu celular
tocou de novo, então atendi.
— Alô! Você tá de brincadeira comigo! Por que não
vai procurar alguma coisa para fazer ao invés de ficar me
ligando? Já disse que eu posso ouvir a sua respiração, e sei
que você está aí. Não tem coragem de falar, então não liga!
— E eu desliguei na cara dele, só que o meu celular tocou
de novo. Cansada, coloquei no silencioso e fui almoçar.
Depois que terminei, limpei toda a cozinha e fui para
sala. Peguei meu celular a fim de falar com minha amiga:
— Oi Sarah, tudo bem?
— Tudo Nadya. E aí? Como estão as coisas? Tudo bem
no escritório?
— Sim, está tudo bem por aqui. Apenas seu ex que
tá dando trabalho.
— Como assim? O que ele tem aprontado?
— Olha Sarah, eu não sei quem contou para ele que
você viajou e que recebeu uma herança, mas o Adan
apareceu aqui no escritório e queria o seu endereço para ir
atrás de você, como você trocou o número do seu celular,
também queria o seu número, como não conseguiu nada
comigo, aprontou o maior escândalo no escritório e
começou a quebrar as coisas! O bonitinho estava
totalmente descontrolado, nem parecia o Adan que você
namorou. Ele está se revelando viu? Parece até outra
pessoa. Ah, eu fiquei tão assustada que chamei a polícia, só
assim ele saiu daqui.
— Nossa Nadya! Nunca pensei que o Adan ficaria
assim, pois eu nunca o vi nervoso, ao contrário; sempre foi
calmo. Realmente não sei o que está acontecendo com ele.
Entretanto ainda bem que você não deu meu celular e nem
meu endereço para ele.
— Ah Sarah, só sei que ele saiu daqui gritando
que descobriria o seu novo número e onde você está.
— Não sei como, pois, só você sabe onde estou! E são
poucas pessoas que tem meu número novo.
— Verdade Sarah. Eu também acho meio difícil ele
descobrir, mas o que tem para me contar?
— Nadya, acredita que o Noah está sempre comigo e
que até tivemos nosso primeiro beijo? Só que eu fui sincera
com ele, falei que não queria nada sério, pois você sabe
Nadya, o quanto eu sofri quando descobri toda a verdade
sobre o Adan. Não quero por enquanto, só você me
entende, não é amiga? — contei a ela, um pouco
chateada, porque só de lembrar sobre isso, fico muito mal.
— Eu te entendo, fica tranquila, só que eu fiquei feliz
de saber do beijo, acho que você está certa em não querer
nada sério, visto que ainda não o conhece direito. Sim
amiga, sei que você já sofreu muito. Mas continue, por
favor!
— Então, amiga! Aqui na casa têm acontecido
coisas estranhas! Na primeira noite que dormi aqui, ouvi
passos no andar de cima e alguém me olhando da janela da
sala, e ao amanhecer, senti alguém passar a mão em meus
cabelos, vi meu celular no chão e no visor estava o meu
número! E agora fico recebendo ligações de um numero
privado e mensagens também. Só pode ser brincadeira de
alguém que não tem o que fazer na vida.
— Nossa Sarah que estranho! Quanto a casa, acho que
alguém não quer você aí, então está te assustando, já que
você me disse que a casa sempre foi abandonada! Acho
que não deve ser nada de mais, mas toma cuidado viu?
Você acha que já posso passar um fim de semana com
você?
— Acho que você tem razão, alguém não me quer aqui,
mas por qual motivo? Ah outra coisa, decidi que vou
reformar a casa por fora e terminar a edícula e a piscina
também! Assim que a piscina e a edícula ficarem prontas,
eu te ligo e você vem para cá.
— Ok Sarah, então me avisa, nem que for por
mensagens.
— Te aviso sim. Ah, hoje à noite tenho uma festa para
ir com Noah, ele nem me perguntou se eu queria ir,
acredita? Mandou alguém vir me buscar e vou ter que ir.
— Gostei desse Noah! Com você, amiga, tem que ser
assim mesmo, pois não gosta de fazer nada! Divirta-se
viu. Depois me conta tudo, agora vou ter que desligar, pois
estou no escritório. Beijos e se cuida! Até outro dia.
— Se cuida também Nadya, qualquer coisa me liga ou
me manda mensagem. Beijos e até.
Percebi que assim que desliguei o celular, alguém
bateu na porta, chamando e chamava pelo meu nome.
Antes de abrir, perguntei quem era. E do outro
lado alguém respondeu que era o Matheus, então
me lembrei do bilhete do Noah e abri a porta.
— Boa tarde dona Sarah, Noah avisou que eu viria?
— Boa tarde! Sim, ele avisou, mas não precisa me
chamar de dona, apenas de Sarah está ótimo! — falei,
enquanto ele me dava um sorriso sem graça. Matheus era
um rapaz jovem e muito bonito. Parece que os homens
dessa ilha são todos bonitos, só que Noah ainda tinha uma
beleza diferente de todos.
Pedi que ele entrasse, e o levei para a lavanderia, na
sequência, abri a porta e mostrei a piscina e a edícula que
não estavam terminadas e pedi que terminasse a
edícula antes e depois que reformasse a frente e o jardim.
Depois de mostrar tudo a ele, eu perguntei quanto
tempo levaria para ficar tudo pronto, Matheus me
respondeu que, se o tempo ajudasse, em dois meses estaria
tudo pronto. Aproveitei e perguntei também quando ele
poderia começar, ele apenas falou na que segunda.
Hoje é sexta-feira, então passaria rápido. Combinei tudo
direitinho com ele e dei carta branca para comprar o
que precisasse para reforma. Por fim, falei que
esperaria por ele na segunda, e ele foi embora, dizendo que
segunda estaria aqui cedo.
Entrei e novamente tranquei as duas portas que
davam aceso a casa e me lembrei daquela porta no fundo
do corredor, visto que agora eu tinha a chave, só que
achei melhor esperar o Noah chegar para abri-la, pois não
sei o que vou encontrar lá dentro.
Sentei no sofá da sala, liguei a TV e aproveitei para
fazer minha unha, já que eu tinha uma festa para ir e queria
estar bem arrumada. Terminei minha unha e fiquei
assistindo TV até dar quatro horas da tarde, visto que eu
sabia que para me arrumar, demoraria. Quando deu o
horário, fui tomar meu banho, terminei e fui secar meu
cabelo e depois passei a chapinha. Amei o resultado: ficou
bem lisinho com as pontas viradas para fora. Ficou perfeito.
Já que Noah falou para eu me vestir como se fosse para
um luau, escolhi um vestido florido e longo; da cintura para
baixo era rodado e tomara que caia, a estampa era azul com
o fundo branco. Adoro este vestido, pois me deixa muito
bonita e bem vestida. E nos pés, coloquei uma rasteirinha
prata.
Depois de pronta, me olhei no espelho que tinha no
banheiro e gostei muito do que vi, só estava faltando me
maquiar, então peguei minha maquiagem e delineei bem
meu olho com um delineador preto, a fim de fazer
uma maquiagem bem suave. E passei nos meus lábios um
batom rosa. Por fim, me olhei no espelho novamente:
Uau! Nem parecia comigo, já que eu não tinha o costume
de usar meu cabelo liso e maquiagem. Realmente eu estava
muito diferente, só que me sentia muito bonita.
Peguei minha bolsinha e o meu celular, e quando olhei
no visor para ver a hora, tinha mais de cinquenta chamadas
perdidas daquele número privado.
Meu Deus, ele não vai desistir de me ligar? Mas quem
será que estaria me ligando? Só sei que deve ser a mesma
pessoa que esteve no meu quarto esta noite.
Notei que já eram cinco e quinze. E logo seu Heitor vai
estar aqui para me buscar, então desci e fui esperar na sala
ele chegar.
Não demorou muito, ouvi alguém batendo na porta,
perguntei quem era antes de abrir, e era seu Heitor, abri a
porta e vi um rapaz de mais ou menos trinta anos, percebi
que ele me olhava de em cima embaixo, fiquei até
vermelha de vergonha.
— Dona Sarah? Vim te buscar para festa, Noah já está
te esperando. — Saí, trancando a porta, e quando olhei no
pé da escada, tinha um cavalo branco muito lindo. Nunca
andei a cavalo, mas creio que será a minha primeira vez de
muitas que ainda vou andar nesta ilha.
Heitor me ajudou a subir no cavalo e logo em seguida
subiu também. Ainda bem que o vestido era rodado, pois
facilitou bastante para eu subir no cavalo, então segurei na
cintura do Heitor, e nós seguimos nosso destino.
Percebi que o caminho era longo, pois passamos pela
vila e entramos numa trilha que tinha na mata, mas
finalmente nós chegamos em uma praia linda; andamos
mais um pouco e chegamos na pousada. Heitor me ajudou
descer do cavalo e pediu para eu segui-lo, então fui em
direção onde ele estava indo. Quando me aproximei de um
lugar na pousada onde ficava a piscina, vi um palco enorme
lá no fundo do lugar e, observando tudo, vi o Noah em
cima do palco. Heitor fez um sinal para ele, e Noah me
olhando, pegou o microfone e falou:
— Essa música que vou cantar agora, eu dedico a ela; a
mulher que roubou meu coração.
E apontou para mim. Todos os olhares se voltaram para
mim, Noah fez sinal para eu subir ao palco, mas eu estava
vermelha demais de vergonha.
— Sarah! — Chamou de cima do palco. — Sobe, deixa
de ser tímida e sobe. — disse fazendo sinal para eu subir. E
todos começaram a gritar meu nome. Eu não tinha como
me esconder e nem como sair dali. Eu não esperava por
isso. Sem muitas escolhas, me aproximei do palco
iluminado e Noah me deu a mão. Assim que subi, ele me
beijou, fazendo todos gritarem e baterem palmas, e ainda
me olhando, começou a cantar uma música linda: “Out Of
Tears”. Só ouvi uma vez essa música e foi no carro de
Nadya, só que nunca tinha prestado atenção na letra, mas
cantada pelo Noah e para mim, a letra é maravilhosa. Os
meus olhos encheram-se de lagrimas, não sabia nem o que
estava sentindo no meu coração, visto que nunca ninguém
fez isso para mim.
Será que mereço tudo isso? Será que realmente ele
gosta de mim? Eu só tenho certeza de uma coisa:
estou apaixonada pelo Noah.
COMO POSSO ESTAR APAIXONADA POR ele?
Se nem sei se esse sentimento que Noah tem por mim é
verdadeiro! Tudo indica que sim! Mas confesso que ainda
tenho medo. Sem falar que preciso saber mais sobre ele, já
que faz apenas quatro dias que estou aqui nesta ilha.
Noah terminou de cantar e veio em minha direção, em
seguida, ele me abraçou e me beijou na frente de todos que
estavam ali, assistindo. Todo mundo, mais uma vez,
bateu palmas. Sorrindo, nós dois descemos do palco.
— Sei que te peguei de surpresa, Sarah! Mas o que eu
falei foi verdade! Você foi a única mulher que roubou meu
coração! Sei que não vai acreditar em mim, mas apesar
do pouco tempo que nos conhecemos, já tenho a certeza
que te amo! — Ah, meu Deus! Isso não pode estar
acontecendo! Não sei o que fazer e nem o que dizer, pois a
única coisa que penso é que não quero ser um objeto mais
uma vez. Apesar do amor que sinto por ele, eu tenho que
me cuidar para não sair magoada.
— Ah, Noah! Estou tão emocionada com tudo o que
disse e fez por mim hoje! Não sabia que você cantava! Isso
foi maravilhoso, nunca ninguém fez isso por mim. Só que
ainda não é o bastante e… — Mas Noah, não
me deixou terminar de falar; lascou um beijo daqueles em
meus lábios trêmulos me deixando nas nuvens.
— Ah Sarah, eu não estou te pedindo nada! Apenas
quero te conhecer melhor, ser seu namorado e poder estar
com você sempre que eu quiser… Enfim, linda, fazer parte
da sua vida. Sei que você é insegura, já falei que sei
esperar, lembra? No momento certo se você quiser me
contar o que se passa nesta cabecinha…! Eu estarei contigo
para te ouvir. Quero apenas estar do lado de quem eu amo,
sem nada em troca. Agora me diz se aceita ser minha
namorada? —Nossa! Quanta informação! Eu sentia que
deveria aceitar, pois meu coração dizia que sim, mas meu
medo dizia que não, só já que o amor sempre vence! E ele
merece uma chance.
— Eu aceito, Noah! — digo com um sorriso bobo e ele
nem me deixou terminar de falar; foi logo me pegando no
colo e me encheu de beijos. Até esperneei um
pouquinho para que ele me colocasse no chão, pois tinha
muita gente ali nos olhando.
— Eu aceito com uma condição: que nunca haja
mentiras entre a gente e que você nunca me esconda
nada. Aceita? Ah, e vamos devagar para gente se conhecer
melhor — falei, olhando bem dentro dos seus olhos.
— Tudo bem, linda! Eu concordo com você, pois tudo
que eu mais quero é estar contigo — disse, pegando em
minha mão com carinho. — Agora vamos comer e beber
alguma coisa — Sugeriu, parecendo faminto. Em seguida,
ele me levou onde havia uma mesa enorme que tinha de
tudo de gostoso. Ele pegou um prato para mim, e nós nos
servimos. Pegamos uma bebida e fomos nos sentar em uma
mesa.
Mal conseguimos comer direito, já que muita gente
vinha nós cumprimentar pela música que Noah cantou para
mim. Até que uma morena alta muito bela de cabelos
longos e lisos, com os olhos iguais a jabuticabas de tão
pretos, se aproximou da gente, dando um selinho na boca
do Noah.
Mas quem ela pensa que é para beijar meu namorado
na minha frente? Minha vontade foi partir para cima dela,
entretanto como sou educada, respirei fundo e me
apresentei.
— Oi! Sou a Sarah, namorada do Noah! — Ele me
olhou com um sorriso aberto nos lábios, e eu vi que ele
gostou do que falei.
— Sarah, esta é a Carla, ela é a filha do dono dessa
pousada. — Quando fui cumprimentá-la, a garota
simplesmente fingiu que eu não existia, e saiu me deixando
com a mão no ar.
— Não liga para ela, Sarah, pois acha que por ser filha
do dono pode ter tudo o que quer, só que não. Sem querer
me gabar, mas ela sempre quis ficar comigo, só que eu
nunca gostei de mulheres assim…! Mesmo assim, a
Carla vive no meu pé. Quando você se apresentou como
minha namorada, deve ter deixado minha amiga com muita
raiva, se bem que eu gostei do jeito que falou, até parecia
que estava com ciúmes!
— Nada disso, Noah! Só não gostei do jeito dela, só
isso — expliquei sem graça, já que a verdade é que eu senti
mesmo, só que eu não podia falar isso para ele.
Já tinha escurecido e a noite estava linda, visto que o
lugar era maravilhoso. A noite estava muito agradável e
nós dançamos muito. Essa tal de Carla não tirava o olho da
gente, e estava até me incomodando, só que deixei para
lá, a fim de não estragar minha noite. Eu conheci muita
gente aqui, mas nem todos moravam na ilha, a
maioria era hospedes da pousada.
— Espere aqui Sarah, eu vou buscar uma bebida para
gente e já volto — disse o Noah me dando um selinho e
saiu em seguida. Eu fiquei ali perto da piscina, olhando
o lindo lugar. Estava tão distraída, que não vi quando
alguém esbarrou em mim, fazendo com que eu me
desequilibrasse. Só não caí dentro da piscina porque
alguém que estava do meu lado me segurou. Quando olhei
para ver quem era, vi um rapaz jovem e muito bonito, o
qual ainda me segurava pela cintura.
— Que sorte você teve de eu estar aqui do seu lado, no
exato momento em que você ia cair na piscina, não acha
linda?! Afinal, eu não poderia deixar uma moça linda como
você cair e ficar toda molhada! Nossa, desculpe,
me esqueci de me apresentar; meu nome é Vinício, posso
saber o seu?
— O meu nome é Sarah, obrigada por me segurar, se
não fosse você, a minha noite teria acabado.
— Sarah, me diz uma coisa: o que uma moça linda
como você está fazendo aqui sozinha? — Quando eu ia
responder que não estava sozinha, eu ouvi uma voz atrás de
mim.
— Ela não está sozinha, Vinício. Sarah está comigo, é
minha namorada, só fui buscar algo para gente beber, então
pode ir cantar em outro lugar.
— Noah, ele só está aqui porque alguém esbarrou em
mim, e graças a ele, eu não caí na água. Eu só estava
agradecendo.
— Obrigada por segurá-la, meu chapa, mas agora você
já sabe que ela está bem acompanhada, será que pode nos
deixar sozinhos? — Vinício apenas se aproximou de mim e
me deu um beijo no rosto, depois ele parou em frente ao
Noah e, me olhando, disse:
— Foi um prazer te conhecer, Sarah! — E saiu,
olhando novamente com ar desafiador para o Noah. Pelo
visto eles já se conhecem e não se dão muito bem.
Noah não me falou nada, mesmo assim percebi que ele
não gostou de eu ter conhecido o Vinício, mas também não
perguntei o porquê daquilo. Voltamos para o centro da pista
com as bebidas nas mãos e começamos a dançar.
Nós ficamos ali um bom tempo dançando e, apesar da
noite estar perfeita, me deu vontade de ir embora. Eu já
estava ficando cansada mesmo e, pelo que percebi, já era
tarde.
— Noah, já está ficando tarde e eu já estou cansada. A
noite foi perfeita, mas eu já quero ir embora, tudo bem? —
questionei, abrindo a boca de sono, levando a mão nos
lábios.
— Oh Sarah, você esqueceu, linda? Nós vamos ter que
passar a noite aqui na pousada, pois agora não temos como
ir para sua casa, eu te avisei que nós dormiríamos aqui!
Vamos para o meu quarto, como trabalho aqui de
guia, tenho um reservado aqui, na verdade eu moro aqui.
— Não sabia que morava nessa pousada! Podemos ir
então? — perguntei de imediato, caindo de
cansaço. Então ele pegou em minha mão e me levou do
outro lado da pousada, assim que chegamos, entramos em
uma porta e subimos uma escada que deveria ter uns dez
degraus. Quando chegamos no grande corredor com várias
portas, Noah parou na segunda e depois de abri-
la, nós entramos.
Quando entrei, vi que o quarto de Noah era enorme,
tinha uma cama de casal bem alta, um guarda roupa
embutido. Foquei no canto do quarto e avistei uma mesinha
redonda de vidro com quatro cadeiras e do outro lado
do recinto; outra porta. Acho que deve ser o banheiro.
— Chegamos Sarah! Fique à vontade, linda. Se quiser
tomar um banho, o banheiro fica ali — ofereceu,
mostrando-me aquela porta. Foi como eu pensei; ali é o
banheiro.
— Nossa! Como vou tomar o banho? Acabei me
esquecendo de trazer a roupa.
— Não se preocupe linda, se você quiser, eu te
empresto uma camiseta minha para você dormir.
— Ah, que fofo, você! — comentei fazendo um
carinho no cabelo arrepiado dele. — Já que você me
empresta uma camiseta sua, vou tomar um banho para
relaxar — falei olhando para ele.
Noah foi até o guarda roupa
pegou uma camiseta branca, e junto com ela, me entregou
uma toalha de banho. Peguei a camiseta e a toalha, agradeci
e fui para o banheiro. Coloquei as coisas na pia, que é
enorme como o banheiro, e entrei no chuveiro pensando se
estava fazendo a coisa certa; por ter aceitado a
namorar o Noah. Meu coração dizia que sim, pois ele
parecia ser uma pessoa boa, então não
custava tentar. Eu me sinto muito bem quando estou com
ele, mesmo assim vou tomar cuidado para não sair
machucada.
Não posso me esquecer de contar ao Noah tudo que
aconteceu logo depois que ele foi embora lá de casa hoje de
manhã, já que ele tinha que saber que não foi sonho como
ele achou.
Terminei meu banho, me troquei, colocando a camiseta
do Noah. O cheiro bom dele invadiu meu nariz.
Saí do banheiro e vi que Noah já tinha arrumado a
cama, e a TV estava ligada. Quando ele me viu, ficou me
olhando. Deu um pulo dá cama e veio em minha direção,
pegando em minha cintura.
— Sarah você está linda, quer dizer você fica linda de
qualquer jeito — elogiou e em seguida me beijou
carinhosamente, mas logo se afastou dizendo:
— Vou tomar um banho também, minha linda. Fica à
vontade, a cama já está arrumada e o controle da TV está
ali — disse pegando algo no guarda roupa e em seguida foi
para o banheiro.
Assim que me deitei na cama, peguei o controle, a fim
de procurar um filme, e logo achei um bem
legal, inclusive já tinha assistido, mas como o filme é tão
lindo, deixei no canal para assistir novamente: “Um Amor
para recordar.’
Não demorou muito e Noah saiu do banheiro só de
boxer. Eu já tinha visto ele outras vezes, então não me
importei. Ele se aproximou de mim e deitou ao meu lado, e
assim que se encostou, meu corpo arrepiou todinho, pois eu
fiquei com medo do que poderia acontecer entre nós dois,
mas apesar do medo, havia muito desejo e uma vontade
louca de me entregar inteirinha para ele.
FOI COMO PENSEI; ELE NÃO perdeu tempo e se
aproximou de mim, dando-me um beijo delicioso. Estava
tão louca de desejo que me entreguei aquele beijo sem
pensar em nada, só que dessa vez, Noah já estava tirando a
minha camiseta, me deixando apenas de calcinha e sutiã.
Enfim, meu corpo ficaria exposto novamente, estaria nua a
sua frente para que ele o tomasse e fizesse o que achasse
melhor.
Por um momento ele parou o que estava fazendo. Acho
que esperava alguma reação minha, mas eu continuei ali
sem dizer nada, mostrando em gestos o quanto eu desejava
aquilo, o quanto precisava senti-lo dentro de mim,
possuindo-me e tornando-me sua. Esse era um desejo que
fritava em meu peito e queimava pelos meus poros
fazendo-me delirar em uma espécie embriagante de prazer.
Quando Noah percebeu que eu também o queria, me
beijou loucamente. Desabotoou meu sutiã lentamente, seus
dedos ágeis faziam meu corpo arrepiar quando se tocavam,
e foi beijando meu pescoço e descendo até chegar nos em
meus seios e ali, começou a dar leves mordidinhas fazendo
com que eu pendesse a cabeça para trás e abafasse um
gemido manhoso em minha garganta. Ao sentir sua língua
quente em torno do meu bico arrebitado, em uma espécie
de dança prazerosa não consegui controlar, e um gemido
baixinho saiu da minha boca, e mesmo baixo foi o
suficiente para ele ouvir, no mesmo instante senti mais uma
vez o volume se formar em sua boxer.
Em um momento ousado, seduzida por luxuria e
prazer, deixei que meus dedos tomassem o caminho do
paraíso. Passei minha mão para dentro da calcinha e me
toquei enquanto sentia sua boca sugar cada um dos meus
seios.
Parei o que fazia quando Noah continuou a descer,
sempre me enchendo de beijinhos e deixando uma trilha de
lambidas por onde passava, quando ele chegou na parte da
minha calcinha, ele a tirou e continuou me dando beijinhos,
até que senti sua língua passar em meu ponto de prazer
fazendo-me gemer mais alto. Ele inspirou fundo, fazendo
com que eu lhe desse total atenção. Noah me deu uma
última olhada antes que começasse a me torturar de
maneira gostosa e lenta. Não demorou nada para que sua
língua me invadisse, começou a me chupar, embriagada
pelo desejo, comecei a movimentar meu quadril
lentamente, fazendo assim, sua boca explorar um espaço
maior em minha intimidade. Sua boca me preenchia e me
dominava, fazendo-me gemer cada vez mais alto.
Noah me levaria à loucura!
Logo em seguida, penetrou um dedo fazendo meu
corpo se curvar para trás e um rosnado rasgar minha
garganta, não aguentei e cheguei na hora ao clímax de tanto
prazer. Quando ele percebeu, colocou a boca na minha
entrada e me chupou novamente, sugando tudo o que podia
de mim e fazendo-me sentir uma explosão de desejo
deixando-me anestesiada, então ele tirou a boxer, abriu
minhas pernas e me olhando perguntou:
— Você tem certeza que está pronta? — Certeza eu não
tinha, mas desejo eu tinha e muito.
— Noah, eu não sei se estou pronta, mas quero tentar –
sem falar mais nada, ele me possuiu, fazendo-me gemer
mais alto ainda. Ofegando de prazer, ele me puxou
gentilmente e me colocou em cima dele. Sem pensar em
nada, eu cavalguei, enquanto ele me apertava contra seu
corpo, porém quando eu comecei a movimentar mais
rápido, como em sintonia, nós chegamos juntos na loucura
do prazer. Quando terminamos, fiquei em cima dele até
nossas respirações se acalmarem e, logo depois bem
devagar, ele saiu de dentro de mim. Ambos ficamos ali;
deitados na cama com nossas respirações ofegantes.
Quando eu voltei à realidade, senti vontade de chorar,
pois foi maravilhoso. Confesso que eu nunca senti isso nem
com meu ex, mas havia o medo de que tudo isso acabasse.
— O que foi Sarah? Minha linda! Por que você ficou
triste de repente? — questionou acariciado meu rosto.
Eu não vou ficar falando das minhas neuras para
ele, afinal não vejo necessidade.
— Eu não estou triste, apenas estou assimilando tudo o
que acabou de acontecer conosco esta noite.
— Ah Sarah, espero que não tenha se arrependido, pois
para mim esta noite foi especial! — Quando Noah terminou
de falar, meu celular apitou em sinal de mensagem, eu tinha
tirado o meu celular do silencioso, já que a Nadya poderia
precisar de mim. Claro que achei ótimo ter apitado agora,
pois consegui um motivo para mudar de assunto.
— Noah, eu preciso ver quem é, pode ser minha amiga
que deve estar precisando de mim — Então me levantei
enrolada no lençol e fui pegar meu celular. Voltei com ele
para cama e abri a mensagem que dizia:
Terminei de ler e joguei o celular na cama. Depois eu
me levantei ainda enrolada no lençol, e comecei a andar de
um lado para o outro, indo até a janela do quarto.
— O que está acontecendo, Sarah? Por que está tão
nervosa?
— Olha no meu celular que você vai entender. — Ele
pegou meu celular e olhou, vi pela expressão do seu rosto
que ele não estava entendendo nada.
— O que significa isso?
— Significa que tinha alguém nos espiando e vendo
tudo o que fizemos aqui, Noah! — expliquei, colocando a
mão no rosto, pois estava com os olhos marejados. Queria
chorar, só que as lágrimas não desciam. Noah veio em
minha direção e me abraçou.
— Calma Sarah, não fica assim! Deve ser uma
brincadeira de mau gosto, já que não tem como ninguém
nos espiar aqui, linda! Eu moro no segundo andar, e como
você viu; é bem alto para alguém subir e ficar nos
espiando.
— Noah, eu ia te contar, só que ainda não tive tempo,
só que agora eu tenho. Lembra que te falei que de
madrugada alguém passou a mão em meus cabelos e ainda
pegou o número do meu celular e você disse que eu deveria
ter sonhado?
— Lembro sim!
Então peguei o celular e mostrei a mensagem que
recebi cedo e as chamadas perdidas que já tinham mais de
cem. Ele pegou o celular, leu a mensagem e viu o tanto de
ligações que eu tinha desse tal número privado.
— Meu Deus! Realmente tem alguém te espiando e
você não estava sonhando! No entanto como entraram em
seu quarto? Se a porta estava trancada? Eu estou achando
tudo muito estranho e sem sentido.
— Também acho estranho, mas o fato e que eu ouvi
alguém dentro do meu quarto, só não vi como saiu, pois,
estava escuro. Olha Noah, eu desconfio que alguém está se
escondendo atrás daquela porta do final do corredor, pois
estava sem chave, lembra? E agora com a chave pronta,
precisamos abri-la para ver o que tem ali. Sozinha, Noah,
eu não tenho coragem.
— Que tal se a gente tentasse dormir Sarah? Amanhã
resolvemos isso — sugeriu, me abraçando. Eu estava
mesmo cansada e precisava dormir. Então nós deitamos na
cama e, de conchinha, acabamos pegando no sono.
Acordamos com o celular tocando, e ainda sonolenta
eu atendi:
— Alô!
— Alô, eu estou ouvindo a sua respiração, sei que está
aí! Por que não vira homem e fala alguma coisa?
— comentei angustiada, ouvindo a respiração mais forte.
Assustado, Noah pegou o celular da minha mão e
retrucou para o intruso:
— Alô! Para de ligar para minha namorada e vai
procurar o que fazer cara! E se continuar, eu vou ligar para
polícia…
— Sarah, ele desligou na minha cara. Você sabe se tem
alguém que não gosta de você ou gosta até demais para
ficar te perseguindo?
— Não que eu saiba, pois sempre me dei bem com
todo mundo, mas deixe-me pensar… Só se for o meu ex-
namorado, já que andou me procurando no meu
trabalho! Entretanto ele não sabe onde eu estou agora,
então não deve ser.
— Amanhã resolvemos isso, linda. Vem, vamos
dormir. — Eu estava tão assustada com tudo isso, que acho
que Noah percebeu, porque ele me abraçou mais forte que
de costume. Na certa tentando me deixar segura, como se
quisesse me dizer que era para eu ficar tranquila que ele
estava comigo. Funcionou, pois mesmo assustada, acabei
dormindo.
Acordei e vi que Noah não estava na cama, levantei,
olhando em volta. De repente, notei que a mesa estava
repleta de coisas gostosas. Pelo visto Noah novamente
preparou o café. Quando peguei meu celular para ver a
hora vi muitas ligações daquele número. Ainda bem que
coloquei no silencioso para poder dormir! Ah e pelo
visto, dormi bem, pois já eram quase nove horas da manhã.
Eu me levantei e fui direto para o banheiro, a fim de
tomar um banho completo. Estava louca para lavar o meu
Cabelo. Terminei o banho e me troquei. E sai do banheiro,
quando eu estava indo abrir a janela, a porta do quarto se
abriu, olhei e vi o Noah, entrando com algumas flores
lindas nas mãos.
— Bom dia, linda! Dormiu bem? — questionou com
um belo sorriso nos lábios. Todo lindo, meu gato veio se
aproximando de mim, usando uma calça rasgada no joelho,
uma camiseta branca com decote V e com óculos escuros.
Que homem é esse? Meu Deus! Ele é perfeito demais!
— Como não sabia que tipo de flor você gosta, peguei
um pouco de cada. — comentou Noah me entregando o
lindo buquê e me dando um daqueles beijos de perder o
fôlego, minha perna até bambeou. Que poder ele tem sobre
mim! Impressionante! Meu corpo só responde de vê-
lo. Ah sou louca por esse homem! Nunca recebi flores na
minha vida! E eu amei todas, claro. Depois de tirar seus
lábios do meu, Noah ainda completou:
— Ah Sarah, você é a mulher dos meus sonhos e eu te
amo! – Declarou, deixando-me ficar sem palavras.
— Ohw Noah! Que fofo! Muito obrigada pelas flores!
Eu amei e eu também te amo! — Sorrindo, ele pegou um
vasinho de vidro que estava em cima da mesa do café.
— Sarah, minha linda! Coloca suas flores aqui e vamos
tomar café. — Eu coloquei as flores no vaso, e ele colocou
o vaso no meio da mesa, depois nós nos sentamos para
tomar nosso café.
Havia muitas comidas gostosas na mesa. Apesar de não
estar acostumada, estou gostando muito de todo esse
carinho que Noah tem por mim.
— Nossa Noah! Quando eu voltar para minha cidade,
vou sentir falta de tudo isso!
— Como assim, linda? Você vai voltar para sua
cidade? Não veio para ficar?
— Não! Eu tenho minha vida lá em BH e um
escritório que precisa de mim. Eu só estou aqui para pegar
a papelada da casa que está no meu nome e dar andamento
na venda, pois acho que vou vendê-la. E como precisa de
reforma, então vou ter que ficar aqui mais tempo do que eu
imaginava, pois nem encontrei a papelada.
— Vou ser sincero com você, viu? Eu fiquei triste de
pensar que um dia, você não vai estar mais aqui comigo,
mas quanto tempo acha que vai ficar aqui?
— Eu achei que fosse ficar uns três meses, só que acho
que vou ficar mais, pois nem comecei a reforma e nem
achei os papéis.
— Então vai dar tempo para eu mostrar para você
como essa ilha te faz bem, e que você não pode viver sem
mim, e nem eu sem você! — disse com um olhar triste.
Realmente eu estava amando este lugar; as pessoas são
muito simpáticas, e quem eu mais amo mora aqui, mas
confesso que eu não sei o que vai acontecer nesse tempo
em que eu estiver nessa ilha.
— Noah? Que tal se a gente não falar sobre isso
agora? Vamos curtir o momento e ver no que vai dar? Pois
vou ficar aqui por um bom tempo, pelo visto. Mas agora
eu preciso voltar para casa, você vem comigo?
— Sim, vou passar o dia com você. Hoje é sábado e eu
não trabalho.
— Fico feliz de poder passar o dia comigo, lindo! Pois
ainda não me sinto segura sozinha naquela casa.
Terminamos o café, e Noah pegou uma mochila,
colocou algumas roupas dentro, e eu peguei minhas coisas.
Noah guardou tudo que tinha na mesa numa mini geladeira
que nem tinha visto no quarto dele, pois estava dentro do
guarda-roupa, na última porta do lado da parede e saímos
do quarto.
— Nós temos que passar na casa do Heitor para pegar
minha encomenda, você se importa de passar lá comigo?
Vai ser rápido.
— Não, não me importo, podemos passar sim!
Saímos da pousada, e seguimos em direção a uma casa
branca, não muito pequena, ali perto. Noah bateu na
porta, e não demorou muito ela abriu. Era o Heitor dizendo
para o Noah que a encomenda estava pronta, mas antes ele
me cumprimentou e perguntou se nós gostaríamos de
entrar, só que o Noah disse que não, que esperaria aqui.
Heitor entrou na casa e voltou com uma cesta grande na
mão, entregou ao Noah e ele agradeceu. Antes de irmos, ele
ainda perguntou se ele usaria seu cavalo neste fim de
semana, Heitor disse que não e Noah pediu emprestado, ele
emprestou e foi buscar o cavalo. Noah
agradeceu novamente e falou que entregava na segunda de
manhã, e finalmente nos despedimos dele. Noah me ajudou
a subir no cavalo e me entregou a cesta que não era pesada,
em seguida ele subiu no cavalo e seguimos nosso destino.
O caminho era longo até em casa, e eu sentia alguma
coisa se mexer dentro do cesto, mas não tinha como eu
olhar, então ia ter que esperar chegar em casa para saber do
que se trata.
Depois de uma longa caminhada, nós chegamos
em casa. Noah pegou o cesto, que agora fazia um barulho
tipo um animalzinho chorando, e me ajudou a descer do
cavalo. Depois entramos.
— Sarah, essa cesta é para você. — disse me
entregando a cesta novamente. Agradeci e curiosa, abri
para ver o que tinha dentro e não acreditei no que vi, pois
sempre gostei de animais, mas por morar em um
apartamento, nunca pude ter um. Tirei rapidamente o
cachorrinho do cesto, já que ele estava chorando, e um
filhote da raça Cocker branco e marrom, que ao me
vir abanou o rabinho para mim. E que coisa mais fofa! Ele
me lambia muito, parecendo que gostou de mim.
— Noah, eu não acredito que você me deu um
cachorro! Sempre quis ter um, mas nunca pude ter, pois
moro em um apartamento. Eu amei, viu? Muito grata. — E
dei um beijo estalado na bochecha dele em forma de
agradecimento. — Quanto tempo ele tem você sabe?
— Não sabia se você gostava, mas arrisquei mesmo
assim, pois acho que cães são ótimas companhias e eles
estão sempre alerta a qualquer barulho. Heitor me falou que
ele já tem três meses de vida. E como é macho, que nome
vai dar para ele?
— O que acha de Lipe? Sempre quis ter um cachorro
com este nome.
— Ah Sarah, Lipe combina com ele e é um nome
muito bonito. Você viu que no cesto tem ração e potinhos
de água e comida?
Então fui olhar dentro do cesto, e vi que tinha
mesmo. Pedi para o Noah colocar água e ração para ele,
pois nós demoramos muito para chegar aqui, e o
Lipe deveria estar com fome e sede.
— Enquanto você cuida do Lipe, vou para o meu
quarto colocar uma roupa mais confortável. — Eu ainda
estava com o vestido de festa e não via a hora de tirá-lo.
— Vai lá, que eu cuido do Lipe.
Então subi e fui para meu quarto, mas ao abrir a
porta levei um susto tão grande com o que vi, que me fez
gritar na hora.
— Noaaaah! — Notei que ele já estava subindo a
escada correndo com o Lipe no colo.
— O que foi Sarah?
— Noah vem ver.
Ele se aproximou do meu quarto e entrou. Vi que ele
mudou de cor; ficou branco com o que viu, e eu corri para
os braços dele, assustada e o abracei, pois me sentia
perdida sem saber o que fazer.
CONHECER A SARAH FOI A melhor coisa que
aconteceu em minha vida, pois ela é muito especial. Apesar
da insegurança que ela tem em relação aos homens, é uma
mulher corajosa, independente e pelo que notei; é sofrida,
mas ainda assim, ela é muito forte, e eu admiro isso nela.
Foi difícil conquistá-la, só que acho que finalmente
consegui entrar no seu coração e quebrar todo aquele gelo
que estava dentro dele.
A cada aproximação e cada beijo que eu lhe
dava, eu sentia seu corpo responder. Entretanto eu sabia
que teria que esperar o momento dela e sentia que ela me
desejava, mesmo sempre tentando não demonstrar, o seu
corpo e o seu olhar mostravam o quanto eu mexia com ela.
Até o momento em que eu percebi que Sarah estava
pronta para ser minha, pois quando deitei ao seu lado em
minha cama e a beijei, percebi o quanto ela me desejava,
pois me beijou loucamente. Então tudo foi acontecendo
naturalmente, e cada vez mais ela se entregava a esse
desejo, tornando tudo perfeito, e maravilhoso. O que eu
sinto por ela, eu jamais senti por ninguém. Sei que nunca
namorei, mas já fiquei com muitas e nunca senti nada.
No entanto Sarah me enfeitiçou, estou louco de amor por
ela, só que quando ela me falou que um dia iria embora
para sua cidade, senti medo de perdê-la, já que a amo tanto
e não quero ficar longe dela. Eu teria que mostrar para
Sarah que ela também não vai conseguir viver sem mim e
que esta ilha vai lhe fazer muito bem.
Confesso que estou preocupado com ela, pois tenho
certeza que tem alguém a perseguindo, não imagino como,
mas tem. Também não faço ideia de como esse suposto
invasor havia entrado em seu quarto, e somente este fato
era o suficiente para me deixar nervoso. Alguém estava
olhando minha namorada dormir, não sei se ele é um
psicopata maníaco, não sei se ele poderia lhe fazer algum
tipo de mal, mas diante de tudo isso, eu me sinto um inútil.
Não sei o que fazer para ajudar, qualquer coisa que eu tente
poderá afastá-la de mim e fazê-la voltar para sua cidade
mais cedo. O cachorrinho foi uma tentativa, um tiro no
escuro para falar a verdade. Talvez ela não gostasse, mas
era difícil imaginar alguém que não quisesse ter um
bichinho. Só não quero que ela se sinta sozinha, já que
tenho um trabalho que me ocupa muito tempo e nem
sempre vou poder estar ao seu lado.
Sarah ficou tão feliz em ganhar o filhote, que eu me senti
realizado, pois consegui fazê-la, mais uma vez, feliz. Visto
que ela também se alegrou com o café na cama, com a
música que cantei e as flores que lhe dei. E agora com o
cachorrinho, só que Sarah merece muito mais.
E com
aquele susto que nós dois levamos ao olhar seu quarto, não
consigo imaginar o que está passando em sua cabeça, só sei
que preciso protegê-la e mostrar para ela que não vou
deixar nada mal lhe acontecer, nem que eu tenha que
contratar alguém para descobrir quem está perseguindo-a.
Estou muito assustada!
Alguém entrou no meu quarto, e deitou na minha
cama! Ainda por cima
vi que minhas calcinhas estavam espalhadas por todo o
quarto. E pior… Acho até que quem fez isso, se masturbou
por aqui, pois as minhas calcinhas estavam todas meladas!
Que nojo! E todas as minhas roupas também estão
espalhadas pelo chão. Isso porque ainda não chequei o
banheiro!
— Oh Sarah, você não pode ficar sozinha aqui! Esse
cara está obcecado por você. Olha o que ele aprontou no
seu quarto, linda! Ah, ele não deve ser uma pessoa
normal, e pode até ser uma pessoa perigosa! — disse
nervoso e muito preocupado.
— Apesar de estar assustada, Noah, eu não vou sair
dessa casa. Também acho que ele não vai me fazer nenhum
mal, já que oportunidade teve naquela noite em que passou
a mão no meu cabelo. Aposto que ele só quer me assustar
e olha; o louco está conseguindo, mas eu não vou sair
daqui! Não mesmo! — exclamei, cruzando os braços em
sinal de protesto. Em seguida, suspirei, ainda olhando a
baderna do recinto. Noah também suspirou e, parecendo
desanimado, retrucou:
— Não posso dormir com você toda a noite! Quem vai te
proteger?
— Eu sei me cuidar Noah, então fica
tranquilo, pois agora tenho o Lipe para me acordar e para
me alertar de qualquer barulho.
Logo depois de olhar todo o quarto, notei que a porta
do banheiro estava aberta, então peguei na mão do Noah, e
juntos entramos. Minhas roupas estavam espalhadas e pelo
visto estavam sujas. Minha maleta de maquiagem estava
toda quebrada, e tinha marca de batom para todo lado. Mas
o que mais me assustou foi o que vimos escrito no
espelho com batom vermelho:
. E enviei a mensagem.
— Pronto, agora podemos ir.
— Não Noah, nós não sabemos se ele está armado,
logo, precisamos de alguma coisa para nos defender.
— Vinício você tem razão, na cozinha tem muitas facas
grandes e boas, cada um pega uma, e vamos atrás da Sarah
— falei me encaminhado com todos
para a cozinha, então cada um pegou uma faca e voltamos
para a passagem.
— Pessoal, mais uma coisa, não vamos fazer nenhum
barulho, pois a essa hora eles devem estar dormindo, vamos
pegá-lo de surpresa.
— Boa ideia Noah, vamos todos em silêncio — disse
Vinício, entrando na passagem. E atrás dele
estava Nadya, e um de cada vez entrou ali; eu fui o último a
entrar.
Quando entrei na passagem, fui em direção a um
corredor muito estreito e escuro, e com o lampião fui
clareando todo o caminho. Eu me sentia ansioso para
encontrá-la, pois alguma coisa me dizia que eu estou no
caminho certo. Logo, continuei andando. De repente senti
meu celular vibrar, pois estava no silencioso, quando
peguei para ver de quem era, vi que era uma mensagem do
delegado, que dizia:
— Sarah, você não vai voltar mais lá, vamos te tirar daqui
— falei abraçando-a, e no mesmo instante meu celular
vibrou, olhei era mensagem do delegado que dizia:
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Dois meses se passaram, e nunca mais vi o Nicolas. Mas ele deixou uma
marca profunda em mim, já que depois daquela noite no banheiro ele não sai
da minha cabeça. Ele tinha os olhos mais lindos que já vi, de um verde único,
completamente diferente. Seu cheiro me impregnou de um jeito que até hoje
consigo me lembrar, e tenho certeza que nunca vou esquecer aquele cheiro.
Sei que faz tempo, mas nunca me esqueço dele, aquela noite me marcou de
uma maneira especial.
Já na cama, depois de um dia cansativo de eventos e desfiles, tudo o que
eu queria era dormir. Nas últimas semanas eu estava sempre sonhando com o
Nicolas, e isso me fazia muito bem, era como se o marcasse ainda mais em
minha memória. No sonho ele sempre estava comigo, em todos os momentos,
e até parecia real, mas quando eu acordava voltava a minha realidade sem ele.
Ainda na cama ouvi meu celular apitar com um sinal de mensagem,
levantei correndo e o peguei na mesinha do notebook. Ao olhar no visor, vi
que era mensagem do Brayan.
Brayan: Meu anjo, você se sente melhor hoje? Ontem enquanto a gente
conversava, você passou mal e não me respondeu mais, me deixando
preocupado.
Sorri ao ler a mensagem, ele sempre se preocupava comigo de uma forma
que fazia com que eu me sentisse especial. Rapidamente lhe mandei uma
resposta.
Eu: Não se preocupe, devo ter comido algo que não me fez bem, passei a
noite vomitando e com muito mal-estar, o estranho é que os enjoos não
passam. Eu não me lembro de comer nada diferente. Mas obrigada por se
preocupar ❤
Segurei o celular com as duas mãos, enquanto ele digitava uma
mensagem, que chegou em menos de um minuto depois.
Brayan: Claro que me preocupo, Lily, e acho que deveria ir ao médico,
enjoos todos os dias não é normal, queria estar aí para cuidar de você.
Eu: Ah que lindo, Brayan, te conhecer era tudo o que eu mais queria, já
conversamos há mais de dois meses, parece até que te conheço faz tempo.
Brayan: Também sinto o mesmo Lily, mas só posso ir para o Brasil daqui
dois meses, então vamos ter que esperar, e continuar conversando por aqui,
ok?
Eu: OK, eu entendo, a gente vai se falando por aqui.
Respirei fundo pensando em como gostaria que esse tempo passasse mais
rápido, eu já o conhecia tão bem que parecíamos ser amigos há anos, não
apenas amigos virtuais…
– Emilly abre essa porta, por que trancou a porta? O que está acontecendo
com você?
Rapidamente mandei uma mensagem para o Brayan, antes de abrir a
porta.
Eu: Brayan, estão me chamando, logo eu volto.
Brayan: Ah meu anjo, não vou poder esperar amanhã viajo cedo a
negócio, mas assim que eu chegar te chamo aqui. OK? ❤
Respondi rapidamente:
Eu: Ok boa viagem e boa noite.
Brayan: Boa noite, beijos minha linda e até amanhã ❤
Eu: até ❤
– Emilly abre essa porta.
– Já vou Rayane, calma. – no mesmo instante em que abri a porta,
Rayane e Toninha e Cadu entraram feito um furacão.
– O que foi? Que cara são essas? – perguntei a eles.
– Não se faça de boba, menina.
– Mas o que eu fiz, Toninha?
– Emilly, Toninha nos contou que anda passando mal e vomitando muito,
e que só sai de casa para trabalhar, passa o resto do tempo trancada no quarto,
quase não come mais. Emilly isso tudo é culpa daquele rapaz, que estava com
você na noite do seu aniversário? Não quis me contar nada sobre ele, não quis
tocar no assunto e ainda por cima desde aquela noite anda diferente, parece
triste e distante. Toninha marcou médico para você, para amanhã e você vai,
nem que tenhamos que te pegar a força. Você é muito teimosa, dizendo que
não há nada de errado, se todos aqui percebemos que algo de errado sim –
minha amiga disse tudo tão rapidamente que fiquei até confusa com tantas
informações, mas pude perceber pela sua expressão o quanto estava
preocupada.
‒ Ok! Eu vou ao médico, mas só se todos vocês forem comigo, pois não
quero receber sozinha que tenho uma doença grave – Falei assustada com a
ideia de ir ao médico.
‒ Desde quando vomitar e se sentir mal é doença grave? Não é como se
você fosse receber uma notícia que tem tantos dias de vida. Acontece que só
estamos preocupados, por que todos esses sintomas são sinais de gravidez, os
enjoos, vômitos, mas sabemos que você não está namorando, então estamos
preocupados, já que pode ser alguma outra coisa, algum vírus, talvez?
Entrei em desespero assim que Toninha mencionou gravidez e, como em
um filme, várias coisas começaram a passar pela minha mente. Eu não
tomava nenhum tipo de pílula, e para falar a verdade eu nem me lembro se eu
e Nicolas usamos camisinha naquela noite, eu estava um pouco bêbada e me
entreguei àquela loucura toda de uma forma que nem pensei em nada. No
momento eu não me preocupei com nada, mas agora todo o peso daquelas
ações começava a cair sobre meus ombros, e sim, eu poderia muito bem estar
grávida… No mesmo instante sentir lágrimas quentes encherem meus olhos e
escorrerem pelo rosto
‒ Meu Deus, Emilly, por que está chorando? – perguntou Toninha
assustada, ela se sentou ao meu lado na cama e começou a passar a mão em
meus cabelos, em uma tentativa de me acalmar.
‒ Garota, eu não sei por que, mas algo me diz que você tem um segredo
aí. Você conheceu alguém na noite do seu aniversário e desde então tem
evitado de falar sobre isso. Não é você que sempre diz que somos sua família?
Então, na família a gente confia e você sabe que pode confiar na gente. Agora
bota para fora o que está te fazendo mal – disse Cadu gesticulando
exageradamente com as mãos e tentando me analisar com os olhos grudados
em mim.
‒ Ok Cadu, você tem razão, vocês são tudo que tenho e confio em vocês
– digo soluçando.
‒ Então conta logo, Emilly, o que está acontecendo com você?
‒ Toninha me desculpe, eu estava bêbada aquela noite…. Se lembra
daquele rapaz que me observou a noite toda? – digo enquanto tentava me
recompor depois de ter chorado tanto, todos os três me olhavam atentamente,
e Toninha balançou a cabeça confirmando minha pergunta. – Então, quando
saí do banheiro, depois que dançamos, ele me puxou pela cintura e me beijou,
eu não resisti, e acabamos nos trancando dentro do banheiro feminino. Eu tive
a melhor noite da minha vida, me entreguei por completo para ele, mas eu
apenas sei que o seu nome é Nicolas.
Todos os três me olharam assustados, rapidamente me senti ainda pior.
Era claro que eles iam se assustar, quando na minha vida que eu tinha feito
qualquer loucura? Nunca! Imagine uma loucura desse tamanho…
– Ele era carinhoso, gentil, tinha uma pegada muito boa e eu não
consegui fugir, nem dizer que não queria, pois, meu corpo dizia o contrário –
continuei a contar rapidamente a história, meu corpo foi consumido por uma
adrenalina para poder finalmente desabafar toda aquela história. – Eu amei
aquele homem, não apenas naquele momento, mas até agora, ele deixou em
mim uma marca profunda. Sonho com ele todas as noites. Não entendo como.
Se eu nem acredito no amor, e estou aqui sofrendo. Quando você apareceu,
Rayane, eu estava saindo do banheiro para a gente conversar, só que aí você e
toda aquela gente me tirou de perto dele. Eu não tirei meus olhos dele, nem
por um minuto e ele me olhava de longe, de repente ele recebeu uma ligação
no celular e saiu do restaurante sem falar comigo. Por esse motivo eu quis ir
embora dali – terminei de contar, sentindo as lágrimas voltarem para meus
olhos.
‒ Meu Deus, Emilly, você pode estar gravida de um estranho! De um
homem que nem conhece de fato – falou Toninha preocupada.
‒ Eu sei, um estranho que eu amo. Como pode isso? Nunca amei
ninguém antes… – soltei um breve soluço e abracei meu travesseiro, sentindo
as lágrimas escorrerem em meu rosto sem parar.
‒ Calma garota, vamos procurar esse bofe e resolver isso, e no momento
certo você saberá o que é o amor – disse Cadu tentando me acalmar, sentando
do meu lado e me abraçou com muito carinho.
‒ Como, Cadu? Eu não sei nada dele, e se ele for casado? Um completo
idiota, um safado, que costuma fazer esse tipo de coisa… – Respirei fundo,
tentando me acalmar, o que não adiantou, pois comecei a chorar mais ainda.
– Mas prefiro pensar nele somente naquela noite, como se ele fosse só meu.
‒ Emilly, cai no real, ele apenas te usou. – Minha amiga disse, já
estressada com tudo aquilo.
‒ Calma, Rayane não seja tão dura com ela, já que se arrependeu do que
fez e está pagando caro por isso, vamos todos com ela amanhã ao médico –
disse Cadu ainda tentando me acalmar.
‒ Ah minha menina, não chore, vamos todos com você. E não vai ser
nada não, apenas estresse por tudo que passou esses dias. Vou te trazer um
chá e amanhã cedo vamos ao médico – Toninha me deu um último abraço, e
enquanto ainda chorava na cama, ela fez sinal para que todos saíssem.
Pouco tempo depois Toninha voltou com o chá. Eu já estava mais calma,
apesar dessa hipótese de que eu esteja gravida, pensar nisso me assustava
muito, pois tenho minha carreira de modelo e isso estragaria todos meus
planos.
‒ Vejo que está mais calma – disse Toninha ao entrar em meu quarto.
‒ Estou sim, só estou com muito medo, de saber o que o médico vai falar.
‒ Calma menina, você não está sozinha. E seus amigos vão passar a noite
aqui, pois estão muito preocupados com você. Agora tenta descansar, amanhã
teremos um logo dia – ela falou pegando a caneca do chá depois que o bebi,
me beijou a testa e saiu, fechando a porta sem fazer barulho.
Mesmo sem sono, eu fechei os olhos, na esperança de não pensar em
nada e conseguir dormir. Rolei um pouco na cama até finalmente pegar no
sono.
Levantei da cama em um pulo e corri para o banheiro com a mãos na
boca, aquilo já estava quase virando rotina. Quando voltei para o meu quarto
vi que já era de manhã.
‒ O que foi? – perguntou Toninha entrando feito um furacão no quarto.
‒ Não foi nada, só estou vomitando novamente.
‒ Você está bem, Emilly? – questionou Cadu entrando em meu quarto.
‒ Você parece que vai desmaiar de tão fraca – Ray disse preocupada. –
Senta aqui, vou te ajudar a se trocar.
‒ Enquanto isso, eu vou preparar um mingau de fubá, você precisa comer
direito – falou Toninha saindo do quarto.
Cadu fuçava no meu guarda roupa, procurando uma roupa para eu vestir.
Ele acabou escolhendo um macaquinho rosa com estampas delicadas que,
segundo sua opinião, vai me deixar bonita, mas não vai chamar a atenção. Eu
não estava me preocupando tanto assim em sair bem vestida, tudo que eu
queria mesmo era tirar essa dúvida de mim. Mas o agradeci por ter escolhido
aquela roupa, sem dúvidas seria bem mais fácil na hora da consulta, já que eu
nem precisaria ter que tirar a roupa e usar aqueles aventais horrorosos de
hospital, era só abrir os botões da frente do macaquinho.
Peguei a roupa da mão da Rayane e fui me trocar no banheiro. Passei mal
mais um pouco assim que fechei a porta. E depois de vestida, voltei para o
quarto.
‒ Emilly, o seu mingau está pronto, senta aqui para comer – avisou-me
Toninha colocando o prato na mesinha do notebook. Comi para não parecer
mal-educada, mas não estava bem para comer.
Ao terminar, corri novamente para o banheiro, e voltei totalmente fraca,
nada parava no meu estomago.
‒ Vou te fazer um rabo de cavalo, senta aqui – disse Rayane. Então me
sentei.
‒ Emilly, eu vou me arrumar, já está quase na hora da gente te levar ao
médico – explicou Toninha saindo do quarto com o prato na mão, e parecia
muito preocupada comigo, só que não disse nada.
Cadu também saiu dizendo que iria se arrumar. Rayane terminou de
arrumar meu cabelo e saiu em seguida. E no mesmo instante que ela saiu,
meu celular apitou, era mensagem do Brayan.
Brayan: Bom dia meu anjo, como está hoje?
Pensei na hipótese de estar grávida e me senti tonta novamente.
Eu: Bom dia, estou indo para o médico agora, assim que eu chegar te
chamo, ok?
Brayan: Ok não se esquece de me chamar, quero saber por que anda
passando mal, pois estou preocupado aqui.
Eu: Pode deixar te chamo sim ok <3
Brayan: Ok, linda <3
‒ Está pronta Emilly? – perguntou Toninha entrando no meu quarto.
‒ Estou sim, já vou descer.
‒ Então vamos, falta apenas meia hora para a sua consulta.
‒ Tá certo, vou pegar minha bolsa.
‒ Emily, acho melhor eu ir dirigindo seu carro, já que não se sente bem.
‒ Tudo bem, Cadu, está aqui a chave – falei entregando para ele.
Chegando na clínica, fomos atendidos por uma jovem muito simpática.
‒ Bom dia, qual o nome da paciente? – perguntou a secretaria.
‒ Emilly Castiel – ela verificou no caderno e me olhando falou:
‒ Senhorita Emilly, logo será aproxima, fiquem à vontade, logo o Doutor
Carlos irá chama-la.
‒ Obrigada – agradeci e fui me sentar, mas ao sentar, me senti mal
novamente e me levantei.
‒ Por favor, onde é o banheiro? – perguntei a secretaria, e ela me disse
onde ficava, e corri para lá, colocando tudo para fora novamente, lavei meu
rosto em seguida, tentando me recompor e voltei para a sala de espera.
‒ Está melhor? – perguntou Rayane.
‒ Não, estou muito enjoada – respondi me sentando do seu lado.
‒ Senhorita Emilly – O Doutor me chamou e fui até ele, com meus
amigos logo atrás de mim.
‒ Emilly, o que a traz aqui? Já faz um tempinho que não a vejo. Sentem e
fiquem à vontade, só não vai ter cadeira para todo mundo – ele falou assim
que entramos.
‒ Tudo bem, estamos bem aqui – respondeu Cadu, com as mãos apoiadas
na parte de trás da minha cadeira, ao lado de Rayane.
‒ Então Emilly, em que posso ajudar?
‒ Doutor Carlos, ando muito enjoada, e vomitando muito.
‒ Isso já faz quanto tempo?
‒ Não sei ao certo, mais ou menos um mês, eu acho.
‒ Qual foi sua última menstruação? – ele perguntou a notando tudo que
eu falava.
‒ Foi há dois meses – e assim ele foi me fazendo muitas perguntas.
Depois me mandou deitar e me examinou de todas as maneiras, e não
satisfeito me pediu então para que eu tirasse a roupa e colocasse um avental.
Fiz o que ele me pediu e me deitei novamente, e ele fez outro exame e em um
monitor que estava na minha frente, me mostrou que eu estava grávida de dez
semanas. Fiquei em choque, quando vi o coraçãozinho pulsar parecia um
pisca-pisca.
Um sentimento estranho tomou conta de mim, era felicidade misturado
com amor, só que ao mesmo tempo eu sentia medo, nunca senti nada igual,
eram tantas emoções que comecei a chorar.
‒ Meus parabéns rapaz, você vai ser pai – O Doutor falou
cumprimentando o Cadu que me olhou assustado, mas não disse nada,
acredito que para não me constranger.
O Médico passou muitos remédios, alguns para o bebê e outros para mim,
principalmente para acabar ou diminuir os enjoos. Depois fez minha
carteirinha de pré-natal, e pediu que eu marcasse um retorno para daqui
quinze dias, e foi o que eu fiz ao sair do consultório
Já em casa, um súbito desespero tomou conta de mim, comecei a chorar
muito, pois tudo que eu queria era poder falar com o Nicolas e dividir com ele
tudo o que eu estava sentindo, a felicidade e o peso dessa responsabilidade
que agora estava dentro de mim.
No entanto eu não faço ideia de onde encontra-lo. Nem sei seu nome
completo. Estava me sentido perdida, assustada, sem saber o que fazer. Me
tranquei no quarto, e não quis ver mais ninguém, queria ficar sozinha, para
tentar assimilar tudo isso. Eu estava grávida de um homem que vi apenas uma
única vez, que além de deixar marcas profundas no meu coração, deixou um
pedacinho dele crescendo dentro de mim.
Amor Muito Além
Depois do seu acidente de carro, Annabela ficou entre a vida e a
morte, e algo estranho aconteceu em sua vida. A moça tinha visões
estranhas que ela mesma não compreendia, e muito menos sabia se
existiam. Entretanto, tal mudança fez com que alguém especial surgisse
em seu caminho e a ajudasse em suas descobertas.
Eric é um cara diferente dos rapazes de sua idade. Aos vinte e
poucos anos de idade, tem poucos amigos e não é muito apegado à
família. Sem tempo para distrações; como baladas e festinhas, a única
coisa que faz é ajudar as pessoas, e isso ele faz muito bem! Um dia o
destino colocará Annabela em seu caminho, e ele viverá tudo que
nunca viveu em sua vida, inclusive a possibilidade do verdadeiro amor.
Será que existe uma barreira para se amar?
Um espaço que possa separar dois corações apaixonados?
Venha descobrir em Amor muito além, uma história de amor
que te fará questionar até onde somos capazes de ir em nome do amor.
À meia-noite
Lorena é uma mulher sonhadora e nunca teve um namorado. No
entanto, ela é apaixonada por um rapaz que conhece há três anos.
Lorena achava que ele apenas a via como amiga, até que um dia ele
decide convidá-la para sair, e foi a melhor noite da sua vida. Só que
depois desse dia, ele simplesmente desapareceu, sem ao menos lhe dar
alguma notícia. Por esse motivo, se fechou em uma tristeza profunda,
já que não entendia o que estava acontecendo.
Será mesmo que o amor poderá nos pregar uma peça? Ou será,
que nós nos enganamos muito com o amor?
Descubra você, neste conto romântico “A meia noite”.
Acordei
casada
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[tb1]Nessa frase, tem dois isso muito perto, não tem como substituir um?
[Ƹ_s2]Tania, segui a sugestão acima e substitui um dos “isso”