Presidência Da República: Secretaria-Geral
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Presidência da República
Secretaria-Geral
Subchefia para Assuntos Jurídicos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Esta Lei institui normas para a exploração das atividades econômicas de transporte de gás natural por
meio de condutos e de importação e exportação de gás natural, de que tratam os incisos III e IV do caput do art. 177
da Constituição Federal, bem como para a exploração das atividades de escoamento, tratamento, processamento,
estocagem subterrânea, acondicionamento, liquefação, regaseificação e comercialização de gás natural.
§ 1º As atividades econômicas de que trata este artigo serão reguladas e fiscalizadas pela Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e poderão ser exercidas por empresa ou consórcio de empresas
constituídos sob as leis brasileiras, com sede e administração no País.
§ 2º A exploração das atividades decorrentes das autorizações de que trata esta Lei correrá por conta e risco
do empreendedor e não constitui, em qualquer hipótese, prestação de serviço público.
I - explorar as atividades relacionadas à indústria do gás natural, na forma prevista nesta Lei, nas normas
técnicas e ambientais aplicáveis e nas respectivas autorizações, respeitada a legislação específica sobre os serviços
locais de gás canalizado de que trata o § 2º do art. 25 da Constituição Federal;
II - permitir ao órgão fiscalizador competente o livre acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamentos e
às instalações vinculadas à exploração de sua atividade, bem como a seus registros contábeis.
Art. 3º Ficam estabelecidas as seguintes definições para os fins desta Lei e de sua regulamentação:
I - acondicionamento de gás natural: confinamento de gás natural na forma gasosa, líquida ou sólida em
tanques ou outras instalações para o seu armazenamento, movimentação ou consumo;
II - agente da indústria do gás natural: empresa ou consórcio de empresas que atuam em uma ou mais das
atividades da indústria do gás natural;
III - área de mercado de capacidade: delimitação do Sistema de Transporte de Gás Natural onde o carregador
pode contratar acesso à capacidade de transporte nos pontos de entrada ou de saída por meio de serviços de
transporte padronizados;
IV - autoimportador: agente autorizado a importar gás natural que, nos termos da regulação da ANP, utiliza parte
ou a totalidade do produto importado como matéria-prima ou combustível em suas instalações industriais ou em
instalações industriais de empresas controladas e coligadas;
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V - autoprodutor: agente explorador e produtor de gás natural que, nos termos da regulação da ANP, utiliza
parte ou totalidade de sua produção como matéria-prima ou combustível em suas instalações industriais ou em
instalações industriais de empresas controladas e coligadas;
VII - base regulatória de ativos: conjunto de ativos diretamente relacionados à atividade de transporte de gás
natural;
VIII - capacidade de transporte: volume máximo diário de gás natural que o transportador pode movimentar nos
pontos de entrada ou de saída de um gasoduto ou sistema de transporte de gás natural;
IX - carregador: agente que utiliza ou pretende utilizar o serviço de transporte de gás natural em gasoduto de
transporte, mediante autorização da ANP;
XI - chamada pública: procedimento, com garantia de acesso a todos os interessados, que tem por finalidade
estimar a demanda efetiva por serviços de transporte de gás natural, na forma da regulação da ANP;
XII - código comum de rede: conjunto de regras para promover a operação, de forma uniforme, harmônica,
eficiente, segura e não discriminatória, dos sistemas de transporte de gás natural pelos transportadores;
XIV – consumidor cativo: consumidor de gás natural que é atendido pela distribuidora local de gás canalizado
por meio de comercialização e movimentação de gás natural;
XV - consumidor livre: consumidor de gás natural que, nos termos da legislação estadual, tem a opção de
adquirir o gás natural de qualquer agente que realiza a atividade de comercialização de gás natural;
XVI - consumo próprio: volume de gás natural consumido exclusivamente nos processos de produção, coleta,
escoamento, transferência, estocagem subterrânea, acondicionamento, tratamento e processamento do gás natural;
XVII - distribuição de gás canalizado: prestação dos serviços locais de gás canalizado consoante o disposto no
§ 2º do art. 25 da Constituição Federal;
XVIII – distribuidora de gás canalizado: empresa que atua na atividade de distribuição de gás canalizado;
XIX – entidade administradora de mercado de gás natural: agente habilitado para administrar o mercado
organizado de gás natural mediante celebração de acordo de cooperação técnica com a ANP;
XXI - gás natural: todo hidrocarboneto que permanece em estado gasoso nas condições atmosféricas normais,
extraído diretamente a partir de reservatórios petrolíferos ou gaseíferos, cuja composição poderá conter gases
úmidos, secos e residuais;
XXII - Gás Natural Comprimido (GNC): gás natural processado e acondicionado para o transporte em ampolas
ou cilindros à temperatura ambiente e a uma pressão que o mantenha em estado gasoso;
XXIII - Gás Natural Liquefeito (GNL): gás natural submetido a processo de liquefação para acondicionamento e
transporte;
XXV - gasoduto de transferência: duto destinado à movimentação de gás natural, considerado de interesse
específico e exclusivo de seu proprietário, com início e término em suas próprias instalações de produção, coleta de
produção, transferência, estocagem subterrânea, acondicionamento e processamento de gás natural;
XXVI - gasoduto de transporte: duto, integrante ou não de um sistema de transporte de gás natural, destinado à
movimentação de gás natural ou à conexão de fontes de suprimento, conforme os critérios estabelecidos nesta Lei,
ressalvados os casos previstos nos incisos XXIV e XXV do caput deste artigo, podendo incluir estações de
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compressão, de medição, de redução de pressão, de recebimento, de entrega, de interconexão, entre outros
complementos e componentes, nos termos da regulação da ANP;
XXVII - gestor de área de mercado de capacidade: agente regulado e fiscalizado pela ANP responsável pela
coordenação da operação dos transportadores na respectiva área de mercado de capacidade;
XXVIII - indústria do gás natural: conjunto de atividades econômicas relacionadas com exploração,
desenvolvimento, produção, importação, exportação, escoamento, processamento, tratamento, transporte,
carregamento, estocagem subterrânea, acondicionamento, liquefação, regaseificação, distribuição e comercialização
de gás natural;
XXIX - mercado organizado de gás natural: espaço físico ou sistema eletrônico, destinado à negociação ou ao
registro de operações com gás natural por um conjunto determinado de agentes autorizados a operar, que atuam por
conta própria ou de terceiros;
XXX - plano coordenado de desenvolvimento do sistema de transporte: plano proposto pelos transportadores
que contempla as providências para otimização, reforço, ampliação e construção de novas instalações do sistema de
transporte, conforme regulação da ANP;
XXXI - plano de contingência: plano que estabelece os critérios para caracterização de situações como de
contingência, as regras de atuação dos agentes da indústria do gás natural nessas situações, o protocolo de
comunicação, a prioridade de atendimento das demandas, entre outros;
XXXII - ponto de entrega ou ponto de saída: ponto nos gasodutos de transporte no qual o gás natural é
entregue pelo transportador ao carregador ou a quem este venha a indicar;
XXXIII - ponto de recebimento ou ponto de entrada: ponto nos gasodutos de transporte no qual o gás natural é
entregue ao transportador pelo carregador ou por quem este venha a indicar;
XXXIV - processo de alocação de capacidade: processo ou mecanismo que estabelece a ordem de prioridade
e/ou a atribuição de capacidade entre carregadores interessados na contratação de serviços de transporte em pontos
de entrada e saída de sistema ou gasoduto de transporte de gás natural;
XXXVI – receita máxima permitida de transporte: receita máxima permitida ao transportador a ser auferida
mediante contraprestação de serviços de transporte, estabelecida com base nos custos e despesas vinculados à
prestação dos serviços e às obrigações tributárias, na remuneração do investimento em bens e instalações de
transporte e na depreciação e amortização das respectivas bases regulatórias de ativos, na forma da regulação da
ANP;
XXXVII - serviço de transporte: serviço por meio do qual o transportador se obriga a receber ou entregar
volumes de gás natural em atendimento às solicitações dos carregadores, nos termos da regulação da ANP e dos
contratos de serviço de transporte;
XXXVIII - serviço de transporte interruptível: serviço de transporte sem garantia firme de recebimento ou
entrega de volumes de gás natural, que poderá ser interrompido pelo transportador nas situações previstas em
contrato, nos termos da regulação da ANP;
XXXIX - sistema de transporte de gás natural: sistema formado por gasodutos de transporte interconectados e
outras instalações necessárias à manutenção de sua estabilidade, confiabilidade e segurança, nos termos da
regulação da ANP;
XLI - transportador: empresa ou consórcio de empresas autorizados a exercer a atividade de transporte de gás
natural;
XLIII - tratamento ou processamento de gás natural: conjunto de operações destinadas a tratar ou processar o
gás natural a fim de permitir o seu transporte, distribuição e utilização;
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XLIV - unidade de liquefação: instalação na qual o gás natural é liquefeito, de modo a facilitar seu
acondicionamento e transporte, podendo compreender unidades de tratamento de gás natural, trocadores de calor e
tanques para acondicionamento de GNL;
XLV - unidade de regaseificação: instalação na qual o gás natural liquefeito é regaseificado para ser introduzido
no sistema dutoviário, podendo compreender tanques de acondicionamento de GNL e regaseificadores, além de
equipamentos complementares;
XLVI - zona de balanceamento: delimitação de gasoduto ou sistema de transporte de gás natural dentro da qual
serão apurados os desequilíbrios entre os volumes de gás natural injetados e retirados.
§ 1º Os gasodutos não enquadrados nas definições constantes dos incisos XXIV, XXV e XXVI do caput deste
artigo, incluídos os que conectam unidades de processamento ou de tratamento de gás natural, de instalações de
estocagem ou terminal de GNL a instalações de transporte ou de distribuição, serão classificados nos termos da
regulação da ANP, observado o disposto no § 2º do art. 25 da Constituição Federal.
§ 2º Para fins do disposto nesta Lei, o gás que não se enquadrar na definição de gás natural de que trata o
inciso XXI do caput deste artigo poderá ter tratamento equivalente, desde que aderente às especificações
estabelecidas pela ANP.
CAPÍTULO II
Seção I
Art. 4º A atividade de transporte de gás natural será exercida em regime de autorização, abrangidas a
construção, a ampliação, a operação e a manutenção das instalações.
§ 1º A ANP regulará a habilitação dos interessados em exercer a atividade de transporte de gás natural e as
condições para a autorização e a transferência de titularidade, observados os requisitos técnicos, econômicos, de
proteção ambiental e segurança.
Art. 5º O transportador deve construir, ampliar, operar e manter os gasodutos de transporte com independência
e autonomia em relação aos agentes que exerçam atividades concorrenciais da indústria de gás natural.
§ 1º É vedada relação societária direta ou indireta de controle ou de coligação, nos termos da Lei nº 6.404, de
15 de dezembro de 1976, entre transportadores e empresas ou consórcio de empresas que atuem ou exerçam
funções nas atividades de exploração, desenvolvimento, produção, importação, carregamento e comercialização de
gás natural.
§ 3º A empresa ou o consórcio de empresas que tenham obtido autorização para o exercício da atividade de
transporte de gás natural até a data de publicação desta Lei e não atendam aos requisitos e critérios de
independência estabelecidos no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo terão que se submeter à certificação de
independência expedida pela ANP, nos termos de sua regulação, no prazo de até 3 (três) anos, contados da
publicação desta Lei, ou de até 2 (dois) anos, contados da edição de mencionada norma, o que expirar por último.
§ 4º A certificação de independência de que trata o § 3º deste artigo terá validade máxima até 4 de março de
2039.
Art. 6º O transportador deverá permitir a interconexão de outras instalações de transporte de gás natural, nos
termos da regulação estabelecida pela ANP, respeitados os direitos dos carregadores existentes.
Art. 7º Será considerado gasoduto de transporte aquele que atenda a, pelo menos, um dos seguintes critérios:
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I – gasoduto com origem ou destino nas áreas de fronteira do território nacional, destinado à movimentação de
gás para importação ou exportação;
III – gasoduto com origem ou destino em terminais de GNL e ligado a outro gasoduto de transporte de gás
natural;
IV – gasoduto com origem em instalações de tratamento ou processamento de gás natural e ligado a outro
gasoduto de transporte de gás natural;
V – gasoduto que venha a interligar um gasoduto de transporte ou instalação de estocagem subterrânea a outro
gasoduto de transporte; e
VI – gasoduto destinado à movimentação de gás natural, cujas características técnicas de diâmetro, pressão e
extensão superem limites estabelecidos em regulação da ANP.
Art. 8º Os gasodutos de transporte somente poderão movimentar gás natural que atenda às especificações
estabelecidas pela ANP, salvo convenção em contrário entre transportadores e carregadores, previamente aprovada
pela ANP, que não imponha prejuízo aos demais usuários.
Art. 9º A ANP, após a realização de consulta pública, estipulará a receita máxima permitida de transporte, bem
como os critérios de reajuste, de revisão periódica e de revisão extraordinária, nos termos da regulação, e essa
receita não será, em nenhuma hipótese, garantida pela União.
Parágrafo único. As tarifas de transporte de gás natural serão propostas pelo transportador e aprovadas pela
ANP, após consulta pública, segundo critérios por ela previamente estabelecidos.
Art. 10. A autorização para a atividade de transporte de gás natural somente será revogada, após o devido
processo legal e assegurado o contraditório, nas seguintes hipóteses:
IV – descumprimento, de forma grave, das obrigações decorrentes desta Lei, das regulações aplicáveis e dos
contratos de serviços de transporte, nos termos da regulação da ANP; e
V – inobservância dos requisitos de independência e autonomia estabelecidos nesta Lei e nas regulações
aplicáveis.
§ 1º Quando necessário à manutenção do abastecimento nacional, a ANP poderá designar outro transportador
para operar e manter as instalações vinculadas à autorização revogada até que ocorra a alienação dessas
instalações.
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, o agente cuja autorização tenha sido revogada fará jus a
parcela da receita de transporte associada aos investimentos realizados, nos termos da regulação da ANP.
§ 3º Os bens vinculados à atividade de transporte de gás não reverterão à União nem caberá indenização por
ativos não depreciados ou amortizados.
Art. 11. O processo de autorização para construção de gasoduto de transporte deverá prever, nos casos
estabelecidos em regulamentação, período de contestação no qual outros transportadores poderão manifestar
interesse na implantação de gasoduto com mesma finalidade.
Parágrafo único. Se houver mais de um transportador interessado, a ANP deverá promover processo seletivo
público para escolha do projeto mais vantajoso, considerados os aspectos técnicos e econômicos.
Art. 12. A ANP poderá, a qualquer momento, na forma da regulação, conduzir processo seletivo público para
identificar a existência de transportador interessado na construção ou ampliação de gasoduto ou instalação de
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transporte, cuja necessidade tenha sido identificada e que não tenha sido objeto dos planos coordenados de
desenvolvimento do sistema de transporte.
Parágrafo único. Fica assegurado o direito de preferência ao transportador cuja instalação estiver sendo
ampliada, nas mesmas condições da proposta vencedora.
Seção II
Art. 13. A malha de transporte poderá ser organizada em sistemas de transporte de gás natural, nos termos da
regulação da ANP.
§ 1º Os serviços de transporte de gás natural serão oferecidos no regime de contratação de capacidade por
entrada e saída, e a entrada e a saída de gás natural poderão ser contratadas independentemente uma da outra.
§ 2º As tarifas nos sistemas de transporte de gás natural devem ser estruturadas pelos transportadores,
observados os mecanismos de repasse de receita entre eles, consoante regulação da ANP.
§ 3º O cômputo da receita máxima permitida de transporte e o cálculo das tarifas de transporte devem
considerar a sinalização dos determinantes de custos associados à área de mercado de capacidade e ao sistema de
transporte, além de incluir critérios de eficiência e competitividade, de acordo com a regulação estabelecida pela ANP.
Art. 14. Os transportadores que operem em uma mesma área de mercado de capacidade deverão constituir
gestor de área de mercado, nos termos da regulação da ANP.
Art. 15. Constituem obrigações do gestor de área de mercado, sem prejuízo de outras que lhe sejam atribuídas
na regulação:
I – publicar, de forma transparente, informações acerca das capacidades e tarifas de transporte referentes aos
serviços de transporte oferecidos;
III – submeter o plano coordenado de desenvolvimento do sistema de transporte de gás natural à aprovação da
ANP;
c) prestar serviços de transporte nas áreas de mercado de capacidade de forma eficiente e transparente, em
observância aos códigos comuns de rede;
d) calcular e alocar a capacidade de transporte dos pontos de entrada e saída da área de mercado de
capacidade, nos termos da regulação estabelecida pela ANP;
§ 1º O gestor de área de mercado responderá perante a ANP pelo descumprimento das obrigações previstas
em lei e em regulação.
§ 2º Para fins de balanceamento das áreas de mercado de capacidade, os transportadores poderão contratar
serviços de armazenamento, acesso a terminais de GNL ou outros serviços eventualmente necessários para essa
finalidade, nos termos da regulação da ANP.
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§ 3º O plano coordenado de desenvolvimento do sistema de transporte terá como objetivo o atendimento da
demanda por transporte de gás natural no sistema de transporte, a diversificação das fontes de gás natural e a
segurança de suprimento pelo prazo de 10 (dez) anos, conforme regulação da ANP.
§ 4º Incumbe à ANP a avaliação dos planos coordenados de desenvolvimento do sistema de transporte de gás
natural e, após realização de consulta pública, sua aprovação.
Art. 16. Instalações de transporte não integrantes de sistema de transporte de gás natural poderão passar a
integrá-lo após aprovação da ANP, precedida de consulta pública.
Art. 17. Os carregadores deverão constituir conselho de usuários para monitoramento do desempenho, da
eficiência operacional e de investimentos dos transportadores.
§ 2º As informações necessárias para o monitoramento deverão ser requisitadas aos respectivos gestores de
áreas de mercado.
§ 3º O conselho de usuários deverá elaborar, periodicamente, relatório sobre as não conformidades verificadas
no exercício de sua competência e encaminhá-lo à ANP, para fins de apuração e devidas providências.
Seção III
Art. 18. A ANP deverá regular e fiscalizar o acesso de terceiros aos gasodutos de transporte e disciplinar a
cessão de capacidade mediante a fixação de condições e critérios para sua liberação e contratação.
§ 3º A ANP poderá estabelecer, para novos gasodutos que não integrem o sistema de transporte de gás
natural, período no qual o acesso não será obrigatório.
CAPÍTULO III
Art. 19. A empresa ou consórcio de empresas constituídos sob as leis brasileiras, com sede e administração no
País, poderão receber autorização da ANP para exercer as atividades de importação e exportação de gás natural.
Parágrafo único. O exercício das atividades de importação e exportação de gás natural observará as diretrizes
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), particularmente as relacionadas com o
cumprimento do disposto no art. 4º da Lei nº 8.176, de 8 de fevereiro de 1991.
CAPÍTULO IV
Art. 20. A empresa ou consórcio de empresas constituídos sob as leis brasileiras, com sede e administração no
País, poderão receber autorização da ANP para exercer a atividade de estocagem subterrânea de gás natural, e essa
atividade deverá ocorrer por conta e risco do interessado.
§ 1º Compete à ANP definir as formações geológicas e as regras para a outorga de autorização de que trata o
caput deste artigo.
§ 2º Não constitui atividade de estocagem subterrânea de gás natural, nos termos desta Lei, a reinjeção de gás
natural em reservatórios produtores com o objetivo de evitar descarte ou de promover a recuperação secundária de
hidrocarbonetos.
§ 3º A autorização para atividade de estocagem subterrânea de gás natural somente será revogada nas
hipóteses dispostas no art. 10 desta Lei.
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Art. 21. A ANP disponibilizará aos interessados, de forma onerosa, os dados geológicos relativos às áreas com
potencial para estocagem subterrânea de gás natural para análise e confirmação de sua adequação.
§ 2º Os dados obtidos nas atividades exploratórias de que trata o § 1º deste artigo serão repassados, de forma
não onerosa, para a ANP.
Art. 22. Fica assegurado o acesso de terceiros às instalações de estocagem subterrânea de gás natural, nos
termos da regulação da ANP.
Parágrafo único. Caberá à ANP estabelecer o período em que o acesso às instalações não será obrigatório,
considerados os investimentos que viabilizaram sua implementação.
Art. 23. O gás natural importado ou extraído nos termos das Leis nºs 9.478, de 6 de agosto de 1997, e 12.276,
de 30 de junho de 2010, e armazenado em formações geológicas não constitui propriedade da União, a que alude o
art. 20 da Constituição Federal.
§ 1º O armazenador de gás natural não poderá retirar da formação geológica volume de gás natural superior
ao originalmente armazenado.
CAPÍTULO V
Art. 24. A atividade de acondicionamento de gás natural será exercida por empresa ou consórcio de empresas
constituídos sob as leis brasileiras, com sede e administração no País, por conta e risco do empreendedor, mediante
autorização da ANP.
§ 1º O enchimento de gasoduto, bem como o aumento ou rebaixamento de pressão não se enquadram como
acondicionamento de gás natural.
§ 2º O acondicionamento de gás natural em tanques, na sua forma gasosa ou liquefeita, será autorizado
isoladamente ou no âmbito dos terminais ou plantas às quais pertencem.
Art. 25. A ANP regulará o exercício da atividade de acondicionamento para transporte e comercialização de gás
natural ao consumidor final por meio de modais alternativos ao dutoviário.
§ 1º Entende-se por modais alternativos ao dutoviário a movimentação de gás natural por meio rodoviário,
ferroviário e aquaviário.
§ 2º A ANP articular-se-á com outras agências reguladoras para adequar a regulação do transporte referido no
§ 1º deste artigo, quando for o caso.
CAPÍTULO VI
Art. 26. Empresa ou consórcio de empresas constituídos sob as leis brasileiras, com sede e administração no
País, poderão receber autorização da ANP para exercer as atividades de construção, ampliação de capacidade e
operação de unidades de processamento ou tratamento de gás natural.
Parágrafo único. O exercício da atividade de processamento ou tratamento de gás natural poderá ser
autorizado para as empresas que atendam aos requisitos técnicos, econômicos e jurídicos estabelecidos na
regulação.
Art. 27. Empresa ou consórcio de empresas constituídos sob as leis brasileiras, com sede e administração no
País, poderão receber autorização da ANP para construir e operar unidades de liquefação e regaseificação de gás
natural, bem como gasodutos de transferência e de escoamento da produção.
Parágrafo único. A regulação deverá disciplinar a habilitação dos interessados e as condições para a outorga da
autorização, bem como para a transferência de sua titularidade, respeitados os requisitos de proteção ambiental e
segurança das instalações.
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Art. 28. Fica assegurado o acesso não discriminatório e negociado de terceiros interessados aos gasodutos de
escoamento da produção, às instalações de tratamento ou processamento de gás natural e aos terminais de GNL.
§ 1º O proprietário da instalação terá preferência para uso da própria infraestrutura, na forma da regulação da
ANP.
§ 2º Os proprietários das instalações relacionadas no caput deste artigo deverão elaborar, em conjunto com os
terceiros interessados, observadas as boas práticas da indústria e as diretrizes da ANP, código de conduta e prática
de acesso à infraestrutura, bem como assegurar a publicidade e transparência desses documentos.
§ 4º Na eventualidade de controvérsia sobre o disposto neste artigo, caberá à ANP decidir sobre a matéria,
considerado o código de conduta e prática de acesso à infraestrutura de que trata o § 2º deste artigo, ressalvada a
possibilidade de as partes, de comum acordo, elegerem outro meio de resolução de disputas legalmente admitido no
Brasil.
§ 5º O acesso de terceiros a terminal de GNL situado em instalação portuária deverá observar as regulações
setoriais pertinentes.
CAPÍTULO VII
Art. 29. O consumidor livre, o autoprodutor ou o autoimportador cujas necessidades de movimentação de gás
natural não possam ser atendidas pela distribuidora de gás canalizado estadual poderão construir e implantar,
diretamente, instalações e dutos para o seu uso específico, mediante celebração de contrato que atribua à
distribuidora de gás canalizado estadual a sua operação e manutenção, e as instalações e dutos deverão ser
incorporados ao patrimônio estadual mediante declaração de utilidade pública e justa e prévia indenização, por
ocasião da sua total utilização.
§ 1º As tarifas de operação e manutenção das instalações serão estabelecidas pelo órgão regulador estadual
em observância aos princípios da razoabilidade, da transparência e da publicidade e às especificidades de cada
instalação.
§ 2º Caso as instalações e os dutos sejam construídos e implantados pela distribuidora de gás canalizado
estadual, na fixação das tarifas estabelecidas pelo órgão regulador estadual deverão ser considerados os custos de
investimento, de operação e de manutenção, em observância aos princípios da razoabilidade, da transparência e da
publicidade e às especificidades de cada instalação.
§ 3º Caso as instalações de distribuição sejam construídas pelo consumidor livre, pelo autoprodutor ou pelo
autoimportador, na forma prevista no caput deste artigo, a distribuidora de gás canalizado estadual poderá solicitar-
lhes que as instalações sejam dimensionadas de forma a viabilizar o atendimento a outros usuários, negociando com
o consumidor livre, o autoprodutor ou o autoimportador as contrapartidas necessárias, sob a arbitragem do órgão
regulador estadual.
Art. 30. É vedado aos responsáveis pela escolha de membros do conselho de administração ou da diretoria ou
de representante legal de empresas ou consórcio de empresas que atuem ou exerçam funções nas atividades de
exploração, desenvolvimento, produção, importação, carregamento e comercialização de gás natural ter acesso a
informações concorrencialmente sensíveis ou exercer o poder para designar ou o direito a voto para eleger membros
da diretoria comercial, de suprimento ou representante legal de distribuidora de gás canalizado.
§ 1º O prazo para adequação aos requisitos estabelecidos no caput deste artigo será de 3 (três) anos, contado
da publicação desta Lei.
Art. 31. A comercialização de gás natural dar-se-á mediante a celebração de contratos de compra e venda de
gás natural, registrados na ANP ou em entidade por ela habilitada, nos termos de sua regulação, ressalvada a venda
de gás natural pelas distribuidoras de gás canalizado aos respectivos consumidores cativos.
§ 1º A ANP deverá estabelecer o conteúdo mínimo dos contratos de comercialização, bem como a vedação a
cláusulas que prejudiquem a concorrência.
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§ 2º Poderão exercer a atividade de comercialização de gás natural, por sua conta e risco, mediante
autorização outorgada pela ANP, as distribuidoras de gás canalizado, os consumidores livres, os produtores, os
autoprodutores, os importadores, os autoimportadores e os comercializadores.
§ 3º Não está sujeita a autorização da ANP a venda de gás natural, pelas distribuidoras de gás canalizado, aos
respectivos consumidores cativos.
§ 4º A comercialização de gás natural no mercado organizado de gás natural deve ser efetuada por meio de
contratos de compra e venda padronizados, nos termos da regulação da ANP.
§ 5º Os contratos de comercialização de gás natural deverão conter cláusula para resolução de eventuais
divergências, podendo, inclusive, prever a convenção de arbitragem, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro
de 1996.
Art. 32. O agente interessado em atuar como entidade administradora do mercado de gás natural deverá
celebrar acordo de cooperação técnica com a ANP, no qual serão estabelecidas, no mínimo, as obrigações de:
I – facultar o acesso da Agência a todos os contratos registrados no termos do art. 31 desta Lei;
II – certificar-se de que os contratos estão aderentes à regulação da ANP de que trata o art. 31 desta Lei;
III – atender ao fluxo e ao sigilo de informações entre as entidades administradoras do mercado e os gestores
das áreas de mercado de capacidade, nos termos da regulação.
Parágrafo único. A celebração de acordo de cooperação técnica com a ANP não afasta a obrigatoriedade de
atendimento da regulação nem a necessidade de autorização de outros órgãos competentes.
Art. 33. Caberá à ANP acompanhar o funcionamento do mercado de gás natural e adotar mecanismos de
estímulo à eficiência e à competitividade e de redução da concentração na oferta de gás natural com vistas a prevenir
condições de mercado favoráveis à prática de infrações contra a ordem econômica.
II - programa de venda de gás natural por meio do qual comercializadores que detenham elevada participação
no mercado sejam obrigados a vender, por meio de leilões, parte dos volumes de que são titulares com preço mínimo
inicial, quantidade e duração a serem definidos pela ANP; e
III – restrições à venda de gás natural entre produtores nas áreas de produção, ressalvadas situações de ordem
técnica ou operacional que possam comprometer a produção de petróleo.
§ 2º A ANP deverá ouvir o órgão competente do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC)
previamente à aplicação das medidas de que trata o § 1º deste artigo.
CAPÍTULO VIII
Art. 34. Os transportadores, em conjunto com os carregadores, deverão elaborar plano de contingência para o
suprimento de gás natural, consoante diretrizes do CNPE, e submetê-lo à aprovação da ANP.
§ 2º Em situações de contingência, entende-se por base firme a modalidade de fornecimento ajustada entre as
partes pela qual o fornecedor obriga-se a entregar o gás regularmente, enquadrado nesse conceito o consumo
comprovado dos fornecedores em suas instalações de produção, de transporte, de processamento e industriais.
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§ 3º O plano de contingência deverá dispor, entre outros aspectos, sobre:
II – protocolo de comunicação;
IV - consumos prioritários;
V - distribuição de eventuais reduções na oferta de gás de forma isonômica, atendidos os consumos prioritários
e respeitadas as restrições de logística.
Art. 35. Os contratos de comercialização e de serviço de transporte de gás natural deverão prever cláusula de
observância compulsória do plano de contingência, incluída a possibilidade de suspensão de obrigações e
penalidades em situações caracterizadas como de contingência.
Art. 36. Os gestores das áreas de mercado deverão celebrar acordo de cooperação técnica com distribuidoras
de gás canalizado situadas nas respectivas áreas de mercado para atuação conjunta e coordenada e para
atendimento dos consumos prioritários de que trata o inciso IV do § 3º do art. 34 desta Lei em situações
caracterizadas como de contingência no suprimento de gás natural.
Art. 37. A ANP estabelecerá procedimentos de contabilização e liquidação, de aplicação compulsória a todos os
agentes da indústria do gás natural, destinados a quitar as diferenças de valores decorrentes das operações
comerciais realizadas entre as partes, em virtude da execução do plano de contingência.
§ 1º Até o limite dos volumes contratados, os fornecedores e transportadores afetados pela execução do plano
de contingência, mas não envolvidos na situação de contingência, têm assegurada a manutenção dos preços
contratados, ainda que venham a fornecer parte do volume ofertado a outros consumidores ou distribuidoras.
§ 2º Fica facultada a utilização de entidade existente para efetuar a contabilização e liquidação de que trata
este artigo, com os custos decorrentes da operacionalização suportados pelos agentes da indústria de gás natural,
nos termos da regulação da ANP.
Art. 38. A execução do plano de contingência será de responsabilidade dos transportadores, coordenados
pelos gestores das áreas de mercado, com acompanhamento da ANP.
Parágrafo único. Caberá à ANP homologar o início e o fim das situações de contingência.
Art. 39. O descumprimento das determinações do plano de contingência implicará penalidades pecuniárias,
correspondentes ao dobro do prejuízo provocado, conforme apuração da ANP, a serem aplicadas ao agente infrator e
dele cobradas pela ANP.
Parágrafo único. A aplicação da penalidade prevista neste artigo não elimina ou restringe o direito dos agentes
prejudicados pelo descumprimento do plano de contingência de exigir reparações, na forma da legislação civil,
perante o responsável, pelos eventuais prejuízos causados.
Art. 40. A aplicação do plano de contingência não exime o agente que deu causa ao prejuízo de ser
responsabilizado por culpa ou dolo.
CAPÍTULO IX
Art. 41. Fica assegurada a manutenção dos regimes de consumo de gás natural em unidades de produção de
fertilizantes e instalações de refinação de petróleo nacional ou importado existentes em 5 de março de 2009.
Art. 42. Fica assegurada a manutenção dos regimes e modalidades de exploração dos gasodutos que, em 5 de
março de 2009, realizavam o suprimento de gás natural em instalações de refinação de petróleo nacional ou
importado e unidades de produção de fertilizantes.
Art. 43. Ficam ratificadas as autorizações para o exercício da atividade de transporte de gás natural expedidas
pela ANP até a data de publicação desta Lei.
Art. 44. As novas modalidades de serviço de transporte não prejudicarão os direitos dos transportadores
decorrentes dos contratos vigentes na data da publicação desta Lei.
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§ 1º Os contratos de serviço de transporte vigentes na data de publicação desta Lei serão adequados, no prazo
de até 5 (cinco) anos, contados da publicação desta Lei, ou de até 3 (três) anos, contados da edição de mencionada
norma, o que expirar por último, de modo a refletir os novos regimes de contratação de capacidade, preservando a
receita auferida pelos transportadores com os respectivos contratos.
§ 2º A ANP poderá considerar, no processo de definição ou revisão das tarifas de transporte, a compensação
por eventuais prejuízos às partes, desde que devidamente comprovados.
Art. 45. A União, por intermédio do Ministério de Minas e Energia e da ANP, deverá articular-se com os Estados
e o Distrito Federal para a harmonização e o aperfeiçoamento das normas atinentes à indústria de gás natural,
inclusive em relação à regulação do consumidor livre.
Parágrafo único. Os mecanismos necessários à implementação do disposto no caput deste artigo serão
definidos em regulamento.
Art. 46. Os arts. 2º, 8º, 8º-A, 23 e 58 da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, passam a vigorar com as
seguintes alterações:
Art. 2º ..................................................................................................
.....................................................................................................................
............................................................................................................” (NR)
“Art. 8º ..................................................................................................
.....................................................................................................................
...................................................................................................................
XX – (revogado);
XXI – (revogado);
XXII – (revogado);
XXIV – (revogado);
XXV – (revogado);
...................................................................................................................
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XXXIII - regular e aprovar os planos coordenados de desenvolvimento do sistema de
transporte de gás natural, bem como fiscalizar a sua execução;
.............................................................................................................” (NR)
§ 1º (Revogado).
§ 2º ........................................................................................................
.....................................................................................................................
..............................................................................................................” (NR)
.......................................................................................................................
“Art. 58. Será facultado a qualquer interessado o uso dos dutos de transporte e dos
terminais marítimos existentes ou a serem construídos, mediante remuneração ao titular das
instalações ou da capacidade de movimentação de gás natural, nos termos da lei e da
regulamentação aplicável.
...........................................................................................................” (NR)
Art. 47. Os arts. 3º e 10 da Lei nº 9.847, de 26 de outubro de 1999, passam a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 3º .................................................................................................
....................................................................................................................
.....................................................................................................................
.............................................................................................................” (NR)
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I - a Lei nº 11.909, de 4 de março de 2009;
c) § 1º do art. 8º-A; e
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