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1 - Projeto Integrador Aretha

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS

CURSO DE FISIOTERAPIA

AMANDA RODRIGUES RIBEIRO


ANA PAULA BORGES DE OLIVEIRA
ARETHA MACIEL BARBOSA LANA
BRUNELLY ALEXSANDRA SIMÃO OLIVEIRA
CINTIA YOSHIKO
JULIA FONSECA CUNHA
MELISSA KELLEY FERREIRA SILVA

ANÁLISE CINEMÁTICA DA MARCHA DE UMA MULHER EM TRÊS SITUAÇÕES:


descalça, e utilizando calçado de salto baixo e salto alto

Ipatinga
2017
1

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ........................................................................................... 2


LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................... 3
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... 4
RESUMO ............................................................................................................. 5
ABSTRACT ......................................................................................................... 6
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 7
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................... 8
3 OBJETIVOS ......................................................................................... 9
3.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 9
3.2 Objetivos Específicos ......................................................................... 9
4 DESENVOLVIMENTO .......................................................................... 10
4.1 Cinética da marcha ............................................................................. 10
4.2 Neurociência na marcha .................................................................... 12
5 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................... 14
5.1 DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO ESTUDADO ...................................... 14
5.2 LOCAL .................................................................................................. 15
5.3 INDIVÍDUO DO ESTUDO ..................................................................... 15
5.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ....................................... 15
5.5 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................... 16
5.5.1 Análise cinemática do ciclo da marcha situação 1 – descalça ...... 16
5.5.1.1 Análise gráfica variação angular ....................................................... 21
5.5.2 Análise cinemática do ciclo da marcha situação 2 – calçado salto 23
5.5.2.1 Análise gráfica variação angular ....................................................... 27
...baixo
5.5.3 Análise cinemática do ciclo da marcha situação 3 – calçado salto 28
5.5.3.1 Análise gráfica variação angular ....................................................... 32
...... alto
5.6 Comparativo variação angulação nas 3 articulações: quadril,
joelho e tornozelo nas 3 situações: descalça, e com calçado de
salto baixo e médio ............................................................................. 34
5.7 Análise cinemática da alteração do eixo postural nas 3 35
situações: descalça, calçado salto baixo e calçado salto alto
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .........................................................
.................................... 36
7 CONCLUSÃO ....................................................................................... 39
8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ......................................................... 40
2

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Análise angular das articulações, Repouso: Descalça .................... 16


Tabela 2 - Análise angular das articulações, Contato Inicial: Descalça ............ 17
Tabela 3 - Análise angular das articulações, Resposta a carga: Descalça ...... 17
Tabela 4 - Aná Análise angular das articulações, Apoio Médio: Descalça ...... 18
Indivíduo 1
Tabela 5 - Análise angular das articulações, Apoio Final: Descalça ................ 18
Tabela 6 - Análise angular das articulações, Pré-balanço: Descalça ............... 19
Tabela 7 - Análise angular das articulações, Balanço inicial: Descalça ........... 19
Tabela 8 - Análise angular das articulações, Balanço médio: Descalça ........... 20
Tabela 9 - Análise angular das articulações, Balanço final: Descalça .............. 20
Tabela 10 - Análise angular das articulações, Contato Inicial: Salto baixo ....... 23
Tabela 11 - Análise angular das articulações, Resposta a carga: Salto baixo . 23
Tabela 12 - Análise angular das articulações, Apoio Médio: Salto baixo ......... 24
Tabela 13 - Análise angular das articulações, Apoio Final: Salto baixo ........... 24
Tabela 14 - Análise angular das articulações, Pré-balanço: Salto baixo .......... 25
Tabela 15 - Análise angular das articulações, Balanço inicial: Salto baixo ...... 25
Tabela 16 - Análise angular das articulações, Balanço médio: Salto baixo ...... 26
Tabela 17 - Análise angular das articulações, Balanço final: Salto baixo ......... 26
Tabela 18 - Análise angular das articulações, Contato Inicial: Salto alto ......... 28
Tabela 19 - Análise angular das articulações, Resposta a carga: Salto alto .... 29
Tabela 20 - Análise angular das articulações, Apoio Médio: Salto alto ............ 29
Tabela 21 - Análise angular das articulações, Apoio Final: Salto alto .............. 30
Tabela 22 - Análise angular das articulações, Pré-balanço: Salto alto ............. 30
Tabela 23 - Análise angular das articulações, Balanço inicial: Salto alto ......... 31
Tabela 24 - Análise angular das articulações, Balanço médio: Salto alto ........ 31
Tabela 25 - Análise angular das articulações, Balanço final: Salto alto ............ 32
Tabela 26 - Análise cinemática angular do eixo postural nas 3 situações ........ 35
3

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Variação angular articulação quadril: Descalça ...................... 21


Gráfico 2 - Variação angular articulação joelho: Descalça ....................... 21
Gráfico 3 - Variação angular articulação tornozelo: Descalça .................. 22
Gráfico 4 - Comparativo movimentos das 3 articulações: Descalça ......... 22
Gráfico 5 - Variação angular articulação quadril: Salto baixo ................... 27
Gráfico 6 - Variação angular articulação joelho: Salto baixo .................... 27
Gráfico 7 - Variação angular articulação tornozelo: Salto baixo ............... 27
Gráfico 8 - Comparativo movimentos das 3 articulações: Salto baixo ...... 28
Gráfico 9 - Variação angular articulação quadril: Salto alto ...................... 32
Gráfico 10 - Variação angular articulação joelho: Salto alto ..................... 33
Gráfico 11 - Variação angular articulação tornozelo: Salto alto ................ 33
Gráfico 12 - Comparativo movimentos das 3 articulações: Salto alto ....... 33
Gráfico 13 - Comparativo variação angulação QUADRIL nas 3 situações 34
Gráfico 14 - Comparativo variação angulação JOELHO nas 3 situações 34
... Gráfico 15 - Comparativo variação angulação TORNOZELO nas 3 ......... 34
4

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fases do ciclo da marcha (CM) ................................... 11


Figura 2 - Imagens dos calçados usados na coleta de dados. (a) 14
Calçado 1; (b) Calçado 2 ..............................................
Calçado
Figura 3 2Ca
- Repouso: Descalça ...................................................... 16
Figura 4 - Contato Inicial: Descalça .............................................. 17
Figura 5 - Resposta a carga: Descalça ........................................ 17
Figura 6 - Apoio médio: Descalça ................................................ 18
Figura 7 - Apoio final: Descalça .................................................... 18
Figura 8 - Pré-balanço: Descalça ................................................. 19
Figura 9 - Balanço inicial: Descalça ............................................. 19
Figura 10 - Balanço médio: Descalça ........................................... 20
Figura 11 - Balanço final: Descalça .............................................. 20
Figura 12 - Contato Inicial: Salto baixo ......................................... 23
Figura 13 - Resposta a carga: Salto baixo ................................... 23
Figura 14 - Apoio médio: Salto baixo ........................................... 24
Figura 15 - Apoio final: Salto baixo ............................................... 24
Figura 16 - Pré-balanço: Salto baixo ............................................ 25
Figura 17 - Balanço inicial: Salto baixo ........................................ 25
Figura 18 - Balanço médio: Salto baixo ........................................ 26
Figura 19 - Balanço final: Salto baixo ........................................... 26
Figura 20 - Contato Inicial: Salto alto ........................................... 28
Figura 21 - Resposta a carga: Salto alto ...................................... 29
Figura 22 - Apoio médio: Salto alto .............................................. 29
Figura 23 -Apoio final: Salto alto .................................................. 30
Figura 24 - Pré-balanço: Salto alto ............................................... 30
Figura 25 - Balanço inicial: Salto alto ........................................... 31
Figura 26 - Balanço médio: Salto alto .......................................... 31
Figura 27 - Balanço final: Salto alto .............................................. 33
Figura 28 - Variação angular do eixo postural nas 3 situações .... 35
5

RESUMO

Acredita-se que o calçado foi criado como meio de proteção dos pés em condições
desconfortáveis. Entretanto, atualmente o senso de praticidade foi agregado à
estética, fazendo com que muitas vezes se priorize o design em detrimento ao
conforto e à qualidade, podendo causar impactos na execução da marcha. O
presente trabalho objetivou realizar a análise cinemática angular de três
articulações: quadril, joelho e tornozelo durante as 8 fases do ciclo da marcha, e
possível alteração do eixo postural estático em um indivíduo do sexo feminino em
três situações: descalça, com calçado de salto baixo e salto alto, bem como integrar
os conteúdos das disciplinas de Análise do Movimento Humano I e Neurociência
cursadas no presente período acadêmico. Para a coleta de dados, participou uma
mulher que não apresentava histórico de lesão nos membros inferiores e que estava
habituada a utilizar calçados de salto. Foram coletados registros de 5 ciclos da
marcha completa para cada situação, e selecionado o que apresentou melhor
resolução. Foram feitos frames, utilizando o programa Vídeo Frame, de cada uma
das 8 fases do ciclo, e analisados cinematicamente por meio do Software Sistema
de Avaliação Postural Ortostática (SAPO). Em seguida, os dados da variação
angular nas três articulações e no eixo postural estático foram registrados em
tabelas. Foram produzidos gráficos que demonstram as variações angulares e os
correlacionam nas três situações. Ao final do estudo foram nomeados os músculos e
inervações que atuam na biomecânica de cada fase do ciclo da marcha. Por meio
das análises gráficas, foi estipulado o resultado. Concluiu-se que durante o ciclo da
marcha houve grande variação angular nas duas primeiras situações, descalça e
com calçado de salto baixo, sendo que, na maioria das fases, a flexão e extensão
das articulações assemelham-se em relação ao movimento executado, mas variam
muito em angulação. Na terceira situação, devido à altura do salto alto, o tornozelo
não realiza dorsiflexão, produzindo uma distinção no movimento desta articulação,
que nas situações anteriores variam entre dorsiflexão e flexão plantar durante a
marcha. Não houve alteração significativa na angulação do eixo postural estático
analisado em cada uma das três situações.

Palavras-chaves: Análise cinemática. Marcha. Biomecânica. Neurociência.


Calçado.
6

ABSTRACT

It is believed that footwear was created as a means of protecting the feet in


uncomfortable conditions. However, nowadays the sense of practicality has been
added to the aesthetics, often giving priority to design in detriment to comfort and
quality, which can cause impacts in the execution of the march. The purpose of this
study was to perform the angular kinematic analysis of three joints: hip, knee and
ankle during the 8 phases of march cycle, and possible alteration of the static
postural axis in a woman in three situations: barefoot and wearing different footwear
with different heels, as well as to integrate the contents of the disciplines of Analysis
of Human Movement I and Neuroscience in the present academic period. For data
collection, the participant was a woman who had no history of lower limb injury and
who was accustomed to wearing jump shoes. Records of 5 full march cycles were
collected for each situation, and the one with the best resolution was selected.
Frames were made through the Video Frame program of each of the 8 phases of the
cycle and analyzed kinematically through the Sistema de Avaliação Postural
Ortostática (SAPO) software. Then, the angular variation data on the three joints and
the static postural axis were recorded in tables. Graphs were produced that
demonstrate the angular variations and correlate them in the three situations. At the
end of the study were nominated the muscles and innervations that act on the
biomechanics of each phase of the gait cycle. Through the graphic analyzes the
result was stipulated. It was concluded that during the gait cycle there was a great
angular variation in the first two situations, barefoot and with low-heeled footwear,
and in most of the phases, the flexion and extension of the joints resemble the
movement performed, but vary greatly in angulation. In the third situation, due to the
high heel, the ankle does not perform dorsiflexion, producing a distinction in the
movement of this joint, which in the previous situations vary between dorsiflexion and
plantar flexion during march. There was no significant change in the angulation of the
static postural axis analyzed in each of the three situations.

Keywords: Kinematic analysis. March. Biomechanics. Neuroscience. Footwear.


7

1 INTRODUÇÃO

Partindo de um processo evolutivo humano natural, calçados foram sendo


desenvolvidos como forma de proteger os pés de condições desconfortáveis,
oscilações de temperaturas, umidade e superfícies diversas. Com o passar do
tempo, a este senso de praticidade foram agregados valores de estética e poder de
consumo que estão cada vez mais presentes em nossa sociedade.

Atualmente, o público feminino representa uma significativa parcela


consumidora que movimenta o mercado de calçados. Em muitos casos, prioriza-se o
design em detrimento ao conforto e à qualidade, fato que pode interferir diretamente
na biomecânica e alteração da marcha e do eixo postural, podendo gerar também
outras oscilações fisiológicas como o aumento da frequência cardíaca e do consumo
de O², fadiga muscular acelerada, maior ocorrência de hálux valgo, lombalgias,
calosidades e microtraumas. (SANTOS, C., 2008)

A marcha é uma atividade complexa que envolve o sistema nervoso central e


periférico, juntamente com o sistema musculoesquelético. Ou seja, constitui uma
ação funcional que exige uma interação elaborada de diversos sistemas para que
aconteça com o melhor desempenho possível em cada indivíduo.

Diante das questões apresentadas acima, propomos fazer uma análise


cinemática da biomecânica da marcha de uma mulher em três situações: descalça e
utilizando calçados de salto baixo e salto alto.
8

2 JUSTIFICATIVA

O estudo da marcha proposto no presente projeto, justifica-se primeiramente por


proporcionar às integrantes a oportunidade de observação e análise cinemática e do
movimento da marcha em três condições diferentes, uma vez que para realização do
seu ciclo de execução há uma complexa interação entre diferentes sistemas
fisiológicos.

Por meio da integração dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas Análise do


Movimento Humano I e Neurociência, o ciclo pôde ser melhor compreendido, ao
relacionar ocorrências biomecânicas e neurológicas que acontecem no corpo
humano durante sua execução.
9

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Realizar a análise cinemática da marcha de uma mulher em três situações:


descalça e utilizando calçados de salto baixo e salto alto, integrando conhecimentos
biomecânicos e neuromotores ministrados nas disciplinas cursadas no presente
semestre.

3.2 Objetivos específicos

Apresentar cinematicamente a diferença de angulação nas articulações:


quadril, joelho e tornozelo.

Apresentar cinematicamente possível alteração no eixo postural do indivíduo


nas três situações.

Representar graficamente e correlacionar a diferença de angulação das três


articulações em cada situação.

Avaliar os processos biomecânicos e neuromotores que estão envolvidos no


clico da marcha.

Integrar os conteúdos ministrados nas disciplinas Análise do Movimento


Humano I e Neurociência.
10

4 DESENVOLVIMENTO

4.1 CINÉTICA DA MARCHA

O deslocamento do corpo durante a marcha compreende o movimento geral


(linear e angular), uma vez que o indivíduo traslada no espaço por movimentos
rotacionais que acontecem em torno de eixos mediolaterais imaginários no quadril,
no joelho e no tornozelo. (HALL, 2009).

Por meio da cinética angular, uma linha perpendicular ao plano em que uma
rotação ocorre, pode-se destacar alguns músculos de suma importância no processo
da marcha, por efetuarem grande parte dos movimentos e neles refletirem a grande
maioria dos impactos resultantes: flexores de quadril (Iliopsoas), sartório, reto
femoral, extensores de quadril (glúteo máximo), extensores de joelho (quadríceps),
flexores de joelho (isquiotibiais), dorsiflexores (tibial anterior, extensor do hálux) e
flexores plantares (sóleo, gastrocnêmios). As articulações dos metatarsos, subtalar e
dos joelhos são usadas na absorção de cargas compressivas reduzindo as cargas
transmitidas ao restante do corpo.

A marcha humana está intimamente relacionada ao controle postural e motor,


visto que a marcha nada mais é que a perturbação do equilíbrio seguida de uma
resposta urgente do SNC para restauração do mesmo.

Também estão envolvidos na biomecânica da marcha movimentos fisiológicos


osteocinemáticos: flexão e extensão do quadril e joelhos, dorsiflexão e flexão
plantar; e artocinemáticos: rolamentos que ocorrem na articulação coxo-femural e
deslizamentos nas articulações dos joelhos e tornozelos.

Ao analisar a marcha pode-se observar a aplicação da 3ª Lei de Newton ao


relacionarmos o peso que o corpo imprime no solo com sua massa e a aceleração
da gravidade que é respondida em direção oposta pelas forças de reação do solo
(FRS).

O ciclo da marcha compreende o período entre o contato de um pé com o


solo até o próximo contato deste mesmo membro ao solo. É dividido em duas fases:
apoio que correspondem a 60% das fases da marcha, quando o pé se encontra em
11

contato com o solo e oscilação (balanço) a 40%, quando o pé é elevado do solo,


ocorre avanço do membro e apoio do pé contralateral.

As fases do ciclo da marcha (CM) são: contato inicial, quando o calcanhar


toca ao solo; resposta a carga, quando a face plantar toca a superfície; apoio médio,
quando o pé contralateral ultrapassa o o pé de apoio; apoio final, coincide com a
saída do calcanhar e termina com o toque ao solo do membro contralateral; o pré-
balanço, compreende o contato inicial do membro contralateral até o levantamento
do membro referência; balanço inicial, logo após a perda do contato do pé com o
solo até a flexão máxima do joelho de referência; balanço médio, quando o pé
ultrapassa o apoio do pé contralateral; e balanço final quando a perna se prepara
para o próximo toque do pé no solo.

Figura 1 – Etapas do ciclo da Marcha

FONTE: (ABREU, 2013, p.21)


12

4.2 NEUROCIÊNCIA NA MARCHA

O sistema motor somático ou neuromuscular é operado por quatro elementos


que interagem entre si, a fim de que o movimento aconteça: os ordenadores, os
efetuadores, os controladores e os planejadores. (LENT, 2001).

Os planejadores, regiões específicas do córtex cerebral, trabalham na


sequência dos comandos geradores de movimentos voluntários complexos, como a
marcha. O cerebelo e núcleos da base integram o conjunto de controladores que
cuidam da execução precisa dos comandos motores.

Os ordenadores são os neurônios motores presentes no tronco encefálico e


na medula espinhal. Cada motoneurônio pode inervar diferentes células, mas uma
célula muscular só é inervada por um único motoneurônio. Eles transmitem
comandos aos efetuadores, músculos estriados esqueléticos, e também recebem
informações através de vias aferentes constituídas por receptores proprioceptivos:
os fusos e os órgãos tendinosos de Golgi, situados respectivamente, na massa
muscular e nos tendões.

Desta maneira, a marcha constitui um movimento elaborado que envolve


complexos processos de planejamento, ordenação e controle de diversas regiões
cerebrais e que culmina na contração das fibras musculares.

Ao marchar a pessoa executa movimentos voluntários e involuntários. Ao


decidir deslocar-se e alterar a velocidade por exemplo, há uma consciência atuando
e definindo o que deverá ser feito. No entanto, se observarmos os movimentos dos
braços e o ciclo rítmico produzido pela medula que permite a coordenação das
pernas uma à frente enquanto a outra sustenta o corpo, verificamos que há também
acontecimentos inconscientes.

Os músculos esqueléticos funcionam sobre comando neural. São constituídos


por células capazes de contrair-se ou alongar-se a partir de proteínas especializadas
presentes no citoesqueleto e que são acionadas pelo potencial de ação que percorre
suas membranas plasmática.

Segundo Lent (2001, pg. 347), o início do movimento acontece a partir de


uma sinapse excitatória. A fibra nervosa motora conduz potenciais de ação que
13

despolarizam a membrana pré-sináptica, iniciando a transmissão neuromuscular


através da liberação do neurotransmissor acetilcolina. Ao passar pela fenda
sináptica, a acetilcolina liga-se aos receptores situados na membrana plasmática na
fibra muscular do segmento pós-sináptico, promovendo a excitação do músculo,
através dos canais de Na+ e K+, propiciando abertura de canais por onde passará o
Ca+², ocorrendo posterior propagação da excitação para regiões vizinhas. Quando a
despolarização é cessada, ocorre o relaxamento muscular.

Correlacionando em sequência os eventos que acontecem no corpo humano


para que a marcha seja realizada temos:

1) O centro planejador, regiões do córtex e subcorticais, é acionado enviando


aos posteriores centros, comandos para o início da ação.
2) Simultaneamente acontecem 2 eventos, o córtex motor envia comandos
motores necessários à locomoção para:
2.1 – A medula espinhal que por intermédio do tracto córtico-espinhal os
direciona aos efetuadores e também já informa ao cerebelo sobre o comando
conduzido aos músculos.
2.2 – Os Núcleos da Base e o Cerebelo, que ao mesmo tempo, recebem uma
cópia desses comandos.
3) Uma vez contraídos, os músculos produzirão forças e momentos articulares e
haverá deslocamento dos segmentos.
4) Os receptores proprioceptivos detectando a variação do comprimento das
fibras musculares e posicionamento corporal no ambiente ao qual está
inserido, emitindo respostas a respeito da necessidade ou não de ajustes por
meio dos tractos espino-cerebelares. O cerebelo em conjunto com os núcleos
da base (núcleo caudado, putâmen, globo pálido, núcleo subtalâmico,
substância negra), interferem propondo adaptações e correções como
regulação temporal, precisão, intensidade, assim como o sequenciamento do
ato motor, enviando tais melhorias pelas fibras tálamo-corticais para a área
motora suplementar do córtex. Por intermédio das vias piramidais e vias
extra-piramidais (vias descendentes), os ajustes processados pelo córtex são
transmitidos, gerando então o controle preciso da musculatura distal, a
14

manutenção da postura e equilíbrio, produzindo movimentos em


conformidade.
5) E, portanto, segundo a 3ª Lei de Newton, durante o ciclo da marcha há
geração de forças de reação do solo.
O sistema nervoso central controla a marcha por meio de informações
periféricas recebidas por meio de proprioceptores, visão, do sistema vestibular, da
memória somática. Juntamente com o periférico, agem organizando músculos,
articulações, movimentos coordenados, interagindo diretamente com o ambiente
onde está ocorrendo a marcha, promovendo melhorias na precisão, agilidade,
velocidade e manutenção da estabilidade de movimentos.

5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO ESTUDADO
O movimento estudado compreendeu uma marcha em linha reta, com
velocidade natural, executada por uma mulher, em três situações: descalça, usando
o salto baixo (calçado 1) e posteriormente com o salto alto (calçado 2).
O salto do Calçado 1 mede 4centímetros de altura e o salto do Calçado 2
mede 10centímetros de altura, ambos relacionados na Figura 2.
Foi solicitado ao indivíduo que realizasse 5 ciclos de marcha em cada uma
das três situações propostas. Iniciando pela condição descalça, seguida com o salto
baixo e posteriormente com o salto alto.
Ao final dos registros da marcha, foi feito o registro do eixo postural nas três
situações, a fim de analisar possível alteração.
Figura 2 - Imagens dos calçados utilizados na coleta de dados. (a) Calçado 1; (b) Calçado 2

(a)

(b)
15

5.2 LOCAL
Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - Unileste, campus de
Ipatinga/MG.

5.3 INDIVÍDUOS DE ESTUDO

Uma pessoa do sexo feminino integrante do presente projeto que possui o


hábito de usar modelos similares aos calçados utilizados.

Idade 38 anos, medindo 1,62m de altura e massa corporal de 58Kg.

5.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada em uma sala com a parede de fundo revestida
por tecido preto (TNT), para que se evidenciasse os marcadores anatômicos
esféricos fixados com fita no corpo da pessoa participante do estudo.

Foi instalado um fio de prumo com duas bolas de isopor medindo a distância
exata de 1m (100cm) do centro de uma a outra. E uma câmera foi fixada em uma
base estável para captar as imagens.

Marcadores anatômicos para análise dinâmica da marcha – lateral direita:


 Espinha Ilíaca ântero-superior (EIAS) do osso do quadril
 Trocânter maior do fêmur
 Linha articular do joelho
 Maléolo lateral direito da fíbula
 Ponto entre a cabeça do 2º e 3º metatarso

Marcadores anatômicos para análise postural estática – lateral direita:


 Glabela
 Manúbrio do esterno
 Acrômio direito
 Espinha Ilíaca ântero-superior (EIAS) do osso do quadril
 Espinha Ilíaca postero-superior (EIPS) do osso do quadril
 Trocânter maior do fêmur
 Linha articular do joelho
 Maléolo lateral direito da fíbula
 Ponto entre a cabeça do 2º e 3º metatarso
16

5.5 ANÁLISE DOS DADOS

A foto biometria, análise postural por imagem/foto utilizando recursos


tecnológicos, foi realizada pelo programa denominado Sistema de Avaliação
Postural Ortostática (SAPO) instalado em um computador.

O programa Vídeo Frame foi utilizado para transformar os registros efetuados


em frames, a fim de captar cada uma das 8 etapas do ciclo da marcha do indivíduo
participante.

Na análise cinemática em cada uma das três situações: descalça, com


calçado de salto baixo e alto, foram registrados os ângulos das articulações do
quadril, joelho e tornozelo. Para alteração do eixo postural foi considerado o grau de
inclinação do indivíduo tendo como referência os seguintes pontos anatômicos:
acrômio, espinha ilíaca póstero-superior (EIPS) e maléolo lateral direito da fíbula.

5.5.1 Análise cinemática do ciclo da marcha situação 1 – DESCALÇA

Figura 3 – Repouso: Descalça

Tabela 1 – Análise angular das articulações, Repouso: Descalça

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 150 0 Neutro
Joelho 177 0 Neutro
Tornozelo 90 0 Neutro
17

Figura 4 – Contato Inicial: Descalça

Tabela 2 – Análise angular das articulações – Contato Inicial: Descalça

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 132 18 Flexão
Joelho 167 10 Flexão
Tornozelo 104 14 Flexão plantar

Figura 5 – Resposta à carga: Descalça

Tabela 3 – Análise angular das articulações – Resposta à carga: Descalça

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 144 6 Flexão
Joelho 168 9 Flexão
Tornozelo 109 19 Flexão plantar
18

Figura 6 – Apoio Médio: Descalça

Tabela 4 – Análise angular das articulações – Apoio Médio: Descalça

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 161 11 Extensão
Joelho 172 5 Flexão
Tornozelo 89 1 Dorsiflexão

Figura 7 – Apoio Final: Descalça

Tabela 5 – Análise angular das articulações – Apoio Final: Descalça

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 166 16 Extensão
Joelho 157 20 Flexão
Tornozelo 83 7 Dorsiflexão
19

Figura 8 – Pré-balanço: Descalça

Tabela 6 – Análise angular das articulações – Pré-balanço: Descalça

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 153 3 Extensão
Joelho 128 49 Flexão
Tornozelo 106 16 Flexão plantar

Figura 9 – Balanço inicial: Descalça

Tabela 7 – Análise angular das articulações Balanço inicial: Descalça

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 149 1 Flexão
Joelho 120 57 Flexão
Tornozelo 113 23 Flexão plantar
20

Figura 10 – Balanço médio: Descalça

Tabela 8 – Análise angular das articulações Balanço médio: Descalça

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 133 17 Flexão
Joelho 139 38 Flexão
Tornozelo 91 1 Flexão plantar

Figura 11 – Balanço final: Descalça

Tabela 9 – Análise angular das articulações Balanço final: Descalça

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 134 16 Flexão
Joelho 171 6 Flexão
Tornozelo 103 13 Flexão plantar
21

5.5.1.1 Análise gráfica variação angular ciclo da marcha situação 1 –


DESCALÇA

Gráfico 1 – Variação angular articulação quadril: Descalça

Gráfico 2 – Variação angular articulação joelho: Descalça


22

Gráfico 3 – Variação angular articulação tornozelo: Descalça

Gráfico 4 – Comparativo movimentos das 3 articulações: Descalça


23

5.5.2 Análise cinemática do ciclo da marcha situação 2 – COM CALÇADO DE


SALTO BAIXO
Figura 12 – Contato Inicial: Salto baixo

Tabela 10 – Análise angular das articulações Contato inicial: Salto baixo

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 128 22 Flexão
Joelho 173 4 Flexão
Tornozelo 94 4 Flexão plantar

Figura 13 – Resposta à carga: Salto baixo

Tabela 11 – Análise angular das articulações Resposta à carga: Salto baixo

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 141 9 Flexão
Joelho 165 12 Flexão
Tornozelo 97 7 Flexão plantar
24

Figura 14 – Apoio médio: Salto baixo

Tabela 12 – Análise angular das articulações Apoio médio: Salto baixo

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 162 12 Extensão
Joelho 156 21 Flexão
Tornozelo 72 18 Dorsiflexão

Figura 15 – Apoio final: Salto baixo

Tabela 13 – Análise angular das articulações Apoio final: Salto baixo

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 159 9 Extensão
Joelho 169 8 Flexão
Tornozelo 84 6 Dorsiflexão
25

Figura 16 – Pré-balanço: Salto baixo

Tabela 14 – Análise angular das articulações Pré-balanço: Salto baixo

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 145 5 Flexão
Joelho 128 49 Flexão
Tornozelo 89 1 Dorsiflexão

Figura 17 – Balanço inicial: Salto baixo

Tabela 15 – Análise angular das articulações Balanço Inicial: Salto baixo

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 148 2 Flexão
Joelho 112 65 Flexão
Tornozelo 95 5 Flexão plantar
26

Figura 18 – Balanço médio: Salto baixo

Tabela 16 – Análise angular das articulações Balanço médio: Salto baixo

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 139 11 Flexão
Joelho 122 55 Flexão
Tornozelo 82 8 Dorsiflexão

Figura 19 – Balanço final: Salto baixo

Tabela 17 – Análise angular das articulações Balanço final: Salto baixo

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 138 12 Flexão
Joelho 178 1 Extensão
Tornozelo 99 9 Flexão plantar
27

5.5.2.1 Análise gráfica variação angular ciclo da marcha situação 2 – COM


CALÇADO DE SALTO BAIXO

Gráfico 5 – Variação angular articulação quadril: Salto baixo

Gráfico 6 – Variação angular articulação quadril: Salto baixo

Gráfico 7 – Variação angular articulação tornozelo: Salto baixo


28

Gráfico 8 – Comparativo movimentos das 3 articulações: Salto baixo

5.5.3 Análise cinemática do ciclo da marcha situação 2 – COM CALÇADO DE


SALTO ALTO

Figura 20 – Contato inicial: Salto alto

Tabela 18 – Análise angular das articulações Contato inicial: Salto alto

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 129 21 Flexão
Joelho 164 13 Flexão
Tornozelo 126 36 Flexão plantar
29

Figura 21 – Resposta à carga: Salto alto

Tabela 19 – Análise angular das articulações Resposta à carga: Salto alto

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 136 14 Flexão
Joelho 160 17 Flexão
Tornozelo 131 41 Flexão plantar

Figura 22 – Apoio médio: Salto alto

Tabela 20 – Análise angular das articulações Apoio médio: Salto alto

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 143 7 Flexão
Joelho 161 16 Flexão
Tornozelo 125 35 Flexão plantar
30

Figura 23 – Apoio final: Salto alto

Tabela 21 – Análise angular das articulações Apoio final: Salto alto

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 149 11 Flexão
Joelho 160 17 Flexão
Tornozelo 113 23 Flexão plantar

Figura 24 – Pré-balanço: Salto alto

Tabela 22 – Análise angular das articulações Pré-balanço: Salto alto

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 149 1 Flexão
Joelho 135 42 Flexão
Tornozelo 123 33 Flexão plantar
31

Figura 25 – Balanço inicial: Salto alto

Tabela 23 – Análise angular das articulações Balanço inicial: Salto alto

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 140 10 Flexão
Joelho 123 54 Flexão
Tornozelo 123 33 Flexão plantar

Figura 26 – Balanço médio: Salto alto

Tabela 24 – Análise angular das articulações Balanço médio: Salto alto

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 139 11 Flexão
Joelho 170 7 Flexão
Extensão
Tornozelo 128 38 Flexão plantar
32

Figura 27 – Balanço final: Salto alto

Tabela 25 – Análise angular das articulações Balanço final: Salto alto

ARTICULAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU MOVIMENTO


GRAU FÍSICO (°) FISIOTERAPÊUTICO (°)
Quadril 136 14 Flexão
Joelho 166 11 Flexão
Tornozelo 131 41 Flexão plantar

5.5.3.1 Análise gráfica variação angular ciclo da marcha situação 2 – COM


CALÇADO DE SALTO ALTO

Gráfico 9 – Variação angular articulação quadril: Salto alto


33

Gráfico 10 – Variação angular articulação joelho: Salto alto

Gráfico 11 – Variação angular articulação tornozelo: Salto alto

Gráfico 12 – Comparativo movimentos das 3 articulações: Salto alto


34

5.6 COMPARATIVO GRÁFICO VARIAÇÃO ANGULAR NAS 3 ARTICULAÇÕES:


QUADRIL, JOELHO E TORNOZELO NAS 3 SITUAÇÕES: DESCALÇA, E COM
CALÇADO DE SALTO BAIXO E ALTO

Gráfico 13 – Comparativo variação angulação QUADRIL nas 3 situações

Gráfico 14 – Comparativo variação angulação JOELHO nas 3 situações

Gráfico 15 – Comparativo variação angulação TORNOZELO nas 3 situações


35

5.7 ANÁLISE CINEMÁTICA DA ALTERAÇÃO DO EIXO POSTURAL NAS 3


SITUAÇÕES: DESCALÇA, CALÇADO SALTO BAIXO E CALÇADO SALTO ALTO

Figura 28 – Variação angular do eixo postural nas 3 situações.

Tabela 26 – Análise angular do eixo postural nas 3 situações.

SITUAÇÃO AVALIAÇÃO EM GRAU FÍSICO (°)


Descalça 159,9
Com salto baixo 159,8
Com salto alto 159,6
36

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

As ações musculares na marcha humana ocorrem para manter o equilíbrio,


acelerando e desacelerando os deslocamentos dos segmentos corporais,
amortecendo choques e vibrações, garantindo a estabilidade articular e
apresentando constante alteração do centro de gravidade.
Apesar da marcha ser um movimento aparentemente simples e comum,
constitui um processo complexo a ser automatizado por nosso corpo, envolvendo
vários sistemas.

Diante dos conhecimentos adquiridos, podemos analisar na junção dos


dados coletados e análises de variações cinemáticas angulares e gráficos que o tipo
de calçado não interferiu no eixo postural estático, e sim na amplitude do movimento
(ADM), alterando diretamente os ângulos das principais articulações analisadas.

Observamos no plano sagital, com base no eixo látero-lateral, que os


movimentos de flexão/extensão que ocorrem no quadril e joelho durante a marcha
nas situações descalço e com salto baixo são amplos e que por sua vez ao ser
realizado com salto alto esses movimentos se tornam mais restritos, acontecendo
em um eixo mais próximo ao tronco.

Analisamos que a variação dos ângulos nas três situações depende


diretamente do calçado utilizado, sendo relacionado diretamente com a força
aplicada para realização do movimento. Os movimentos feitos foram flexão,
extensão, dorsiflexão e flexão plantar.

A ação concêntrica dos músculos está presente tanto no início da fase de


apoio como no início da fase de balanço. Serve para a impulsão e aceleração do
segmento no início da oscilação e na transferência de peso durante a fase de duplo
apoio.

Na segunda fase da marcha, denominada resposta a carga, o conjunto:


extensores do joelho, abdutores do quadril, flexores plantares do tornozelo,
estabilizam a pelve e absorvem o impacto provocado pelo contato do pé com o solo.
O nervo Femoral realiza a extensão do joelho, flexão e abdução do quadril,
37

juntamente com os nervos Obturador Interno e Glúteo Superior. O nervo Tibial


auxilia na flexão plantar do pé.

Durante o apoio médio, terceira fase da marcha, os músculos mais ativos são
os flexores plantares que ajudam na preservação do momento, estabilização do
joelho e atuam impulsionando o corpo à frente, promovendo a aceleração da massa.
No apoio final, última fase de apoio da marcha, mantém-se a ação principalmente
dos flexores plantares do tornozelo, músculos em movimentos concêntricos. O nervo
Tibial atua nestas duas fases de apoio.
A primeira fase de balanço é denominada pré-balanço. Nesta fase, os
flexores do quadril iniciam o processo de preparação para o balanço. Sendo que o
nervo Isquiático está ativo e logo o nervo Femoral, nervos lombares atuam iniciando
a flexão do quadril.

O balanço inicial é o período em que ocorre a elevação do pé ativo e a


variação da cadência. Os dorsiflexores do tornozelo, flexores do quadril e flexores do
joelho são os grupos mais atuantes durante esta fase, sendo esses inervados
sucessivamente pelo nervo Fibular profundo, Femoral e Isquiático.

Durante o balanço médio, penúltima fase da marcha, ocorre um


deslocamento do pé elevado. No decorrer desta fase, os dorsiflexores do tornozelo e
flexores do quadril especialmente, atuam mantendo o pé elevado e o deslocando
para frente. As inervações responsáveis por esses movimentos envolvem os nervos
Fibular profundo e Femoral principalmente. O nervo Isquiático é um nervo auxiliador
dos flexores de joelho, e atua mantendo-o em flexão durante o movimento.
A última fase da marcha é denominada balanço terminal. No decorrer de tal
fase, ocorre a desaceleração dos membros inferiores, o posicionamento do pé e a
preparação para o contato com o solo. Os flexores e extensores do joelho,
extensores do quadril, dorsiflexores do tornozelo, são ativados consecutivamente
nesta etapa. Este processo envolve os nervos Isquiático, Glúteo Inferior, Fibular
profundo e Femoral, sucessivamente.

Quanto à análise comparativa da variação angular dos movimentos das 3


articulações: quadril, joelho e tornozelo, nas três situações analisadas descalça e
calçada com salto baixo e alto, podemos observar:
38

No gráfico 13, que as variações angulares do quadril estão entre 16º de


extensão e 22º de flexão, variando entre esses dois movimentos. Entretanto, na
marcha com salto alto não acontece o movimento de extensão do quadril durante a
execução do ciclo.

No gráfico 14, observando as variações angulares da articulação do joelho.


Podemos notar que ocorre pouca variação angular durante as fases de apoio na
situação descalço mantendo-se em uma linha variável entre 5º e 20º. Na marcha
com salto baixo ocorre maior variação, atingindo como máxima 65º de flexão. Nas
situações descalça e com salto alto, não houve movimento de extensão dessa
articulação.

Já no gráfico 15, onde estão relacionadas as variações angulares da


articulação do tornozelo, observamos que na situação descalço há alteração angular
entre 7º de dorsiflexão e 23º de flexão plantar. Ao realizar a marcha com salto baixo
analisamos que há menor variação angular, ocorrendo entre 18° de dorsiflexão e 9º
de flexão plantar. Por sua vez, na marcha com salto alto, destacamos a ausência do
movimento de dorsiflexão, que ocorre durante o processo natural da marcha. Em
sua primeira fase de contato, os movimentos iniciam com 36º de flexão plantar, a
variação angular na fase de apoio é crescente, ocorrendo uma queda de até 18º
entre a fase final de apoio e início da fase de balanço. Ao iniciá-la apresenta uma
evolução angular até o término da marcha, que ocorre em 41º de flexão plantar. As
variações presentes durante a situação com salto alto estão entre 23º e 41º.

Em relação ao eixo postural, podemos ver relacionado na Tabela 26 – Análise


cinemática angular nas 3 situações, que, nessa Amostra não houve alteração
significativa na angulação do mesmo. Esperávamos verificar uma variação relevante
em cada situação, o que não ocorreu. Porém, ressaltamos que, em outros casos, a
aplicação da metodologia utilizada pode ser importante aliada na detecção de
alterações posturais.
39

7 CONCLUSÃO

Concluímos, portanto, com o presente estudo, que há variação angular nas


articulações do quadril, joelho e tornozelo durante o ciclo da marcha, de acordo com
o tipo de calçado utilizado, ampliando ou restringindo seus movimentos.

A utilização de salto alto exige um maior trabalho das articulações do


tornozelo, uma vez que não realizam o processo de movimentos naturais envolvidos
na marcha, encontrando-se somente em flexão plantar durante todo o ciclo.

Sugerimos que sejam feitos estudos mais minuciosos, com uso de


instrumentos tecnológicos avançados como plataformas de força, dinamômetros,
eletromiógrafós, que sejam capazes de fornecer dados mais complexos como força
de torque, forças de reações do solo (FRS), força muscular concêntrica e excêntrica
envolvidas em cada movimento, a fim de conseguir uma análise mais completa a
respeito da vantagem e/ou desvantagem biomecânica para o corpo ao utilizar
diferentes tipos de calçados.
40

8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ABREU, Ródney Silva. Análise cinética da marcha em esteira por meio de


ciclogramas em jovens e idosos de ambos os gêneros. 2013. Dissertação
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<https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/14567>. Acesso em: 08 ago. 2017.

BRITO, Felipe. Vídeo Aula-29-#,Avaliação Postural com fotos- Software, (Sapo) -


Prof: Felipe Brito. 22 abr. 2017. Disponível em:
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DRAKE, R. L. PhD; Vogl W. PhD; Mitchell A. W. M.; Gray’s Anatomia para


Estudantes. Cleveland, Ohio, Estados Unidos: Elsevier, 2005.
HALL, Susan J. Biomecânica básica. [tradução Patrícia Numan]. 5. ed. Barueri:
Manole, p. 296, 2009.

LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de


neurociência. São Paulo: Atheneu, cap. 11, 2001.

SANTOS, Andresa Mara de Castro. Análise cinética da marcha de mulheres em


três condições: descalça e utilizando calçados de salto baixo e salto alto. 2006.
Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) - Universidade do
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SANTOS, Cleber Luz et al. Repercussões biomecânicas do uso de salto alto na


cinemática da marcha: um estudo retrospectivo de 1990 a 2007. Revista de
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<https://www.researchgate.net/publication/237576725_REPERCUSSOES_BIOMEC
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_use_of_high_heels_in_the_kinematics_of_the_march_a_retr>. Acesso em: 11 set.
2017.

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<http://demotu.org/sapo/>. Acesso em: 05 set. 2017.

VÍDEO FRAME. Disponível em: < http://www.baixaki.com.br/download/video-frame-


for-wmv.htm>. Acesso em: 06 set. 2017.

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