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5 - Estratégias de Ensino Aprendizagem Do Voleibol

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Manifestações

Culturais e Esportivas:
Esportes Coletivos
Estratégias de Ensino Aprendizagem do Voleibol

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Felipe de Pilla Varotti

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Estratégias de Ensino
Aprendizagem do Voleibol

• Introdução;
• A Origem do Voleibol;
• Regras Básicas do Voleibol;
• Fundamentos Básicos do Voleibol;
• Capacidades Físicas no Voleibol;
• Treinando Habilidades e Fundamentos Técnicos.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender os conteúdos básicos e características do Voleibol;
• Ser capaz de problematizar as abordagens do processo ensino e aprendizagem dessa modali-
dade esportiva.
UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Voleibol

Introdução
Dando continuidade aos estudos das modalidades esportivas coletivas, nesta
Unidade, apresentaremos as principais informações sobre o voleibol.
Desde a década de 1980, no Brasil, o voleibol teve crescimento exponencial.
Motivada pela “Geração de Prata”, seleção masculina vice-campeã dos Jogos
Olímpicos de 1984, essa modalidade passou a receber maior atenção em nosso país.
E essa atenção foi ainda mais fortalecida, após a medalha de ouro nos Jogos
Olímpicos de 1992.

Figura 1 – Seleção Brasileira – Campeã olímpica – Jogos de Barcelona 1992


Fonte: rededoesporte.gov.br

E dali em diante, o voleibol vem se destacando no cenário nacional, como uma


das principais modalidades esportivas. Há quem diga que o voleibol está no cora-
ção dos brasileiros, perdendo espaço apenas para o tão consagrado futebol.

Neste capítulo, apresentaremos a história da modalidade. Compreenderemos


como as suas regras foram evoluindo e se adaptando ao longo dos anos, principal-
mente, sob a influência da mídia.

Abordaremos as características e a dinâmica desse jogo, bem como os aspectos


necessários para seu ensino e aprendizagem.

Então, boa leitura e bons estudos!

A seleção brasileira masculina de 1984 marcou o início de um processo de evolução para o vo-
leibol no Brasil. Conhecidos como “Geração de Prata”, seus atletas mostraram que a modalida-
de teria grande potencial de crescimento. Em uma reportagem criada pelo canal Sportv, você
encontrará mais informações sobre essa história. Disponível em: https://youtu.be/apqsGfLvAg4

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A Origem do Voleibol
O voleibol teve sua origem na América do Norte, por meio da atuação do pro-
fessor da Associação Cristã de Moços (ACM), o sr. Willian Morgan.

Em 1895, o professor Morgan idealizou um jogo, em local fechado, apropriado


para que os executivos da época pudessem praticar, considerando o inverno rigo-
roso de Massachusetts.

Na época, os galpões nos quais se praticavam as ginásticas viravam um local


ideal para que o jogo fosse testado. Utilizando uma rede de tênis, fixada a uma
altura acima da cabeça dos participantes, e a câmara (parte interna) de uma bola
de basquete, Morgan criou um jogo no qual os participantes poderiam se exercitar,
sem o risco do contato físico e com menos intensidade do que o também recém
criado Basquetebol.

Homens jogando vôlei de salão em chicago illinois, 1954. Disponível em: https://bit.ly/36FUcUU

No Brasil, a modalidade começa a ser praticada, também, nos espaços da ACM,


por volta de 1917, em São Paulo. Mas, somente em 1954, a Confederação Bra-
sileira de Voleibol foi criada, e logo essa modalidade foi conquistando o ambiente
escolar e dos clubes.

As equipes brasileiras começaram a disputar as competições em nível internacio-


nal, até se consagrarem, nas décadas de 1980 e 1990.

Daquele período em diante, o Brasil passou a ser respeitado no cenário interna-


cional, sendo reconhecido como uma das potências mundiais do voleibol.

A seleção masculina já acumula três ouros olímpicos (1992, 2004 e 2016) e a


seleção feminina foi campeã em duas oportunidades (2008 e 2012).

Atualmente, o voleibol também ganha certo destaque nas Mídias Esportivas.


Alguns dos jogos são transmitidos em canais de TV aberta e fechada.

A seguir, apresentaremos algumas das regras dessa modalidade.

Regras Básicas do Voleibol


Uma partida oficial é disputada em melhor de cinco sets, sendo o primeiro,
segundo, terceiro e quarto sets disputados até 25 pontos.

Durante os sets, caso haja empate entre as equipes quando atingirem 24 pontos,
o set somente será encerrado quando uma das equipes abrir dois pontos de vanta-
gem da outra. Exemplo: 26 x 24, 27 x 25, 28 x 26...

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Voleibol

Já o quinto e último set é disputado até 15 pontos. Também aqui, caso haja o em-
pate entre as equipes com 14 pontos, a partida somente será encerrada quando uma
das equipes abrir dois pontos de vantagem. Exemplo: 16 x 14, 17 x 15, 18 x 16...

Para fazer o ponto, a equipe deve conseguir fazer com que a bola toque o chão
dentro da quadra da equipe adversária. As linhas laterais e linhas de fundo também
são consideradas parte da quadra, nesse caso.

A equipe também poderá marcar ponto caso o adversário cometa algum erro,
seja jogando a bola para fora, seja, ainda, se não conseguir fazer a bola passar pela
rede que divide a quadra.

Após o saque, cada equipe terá direito a até três contatos na bola (toques). Esse
contato não pode acontecer consecutivamente por um mesmo jogador. Também
não é permitido segurar a bola em nenhum momento. Os atletas devem sempre
rebatê-la para outro jogador ou para a quadra adversária.

A quadra oficial mede de 18m x 9m. Em geral, o piso da quadra de vôlei é de cor
laranja, contornado por outra área, de cor diferente, com 3 a 8m de recuo.

Essa área ao redor é chamada de zona livre.

Figura 2 – Quadra de voleibol


Fonte: Wikimedia Commons

Cada metade da quadra tem 9 metros. Essa metade também é subdivida em


outras duas regiões. Existe uma linha distante 3 metros a partir da rede, que de-
termina uma zona de ataque (zona da frente) e, consequentemente, uma zona de
defesa (zona de trás).

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Essa marcação é necessária para algumas das regras de posicionamento, ataque
e defesa, que veremos mais a seguir.

Logo atrás da quadra, considera-se uma linha imaginária que limita a zona
de saque.

Figura 3 – Zona de saque


Fonte: Getty Images

A rede que divide a quadra fica fixada a uma altura de 2,43m para competições
masculinas (adulto) e 2,24m para as competições femininas.

Cada equipe joga em uma metade da quadra, com seis atletas. O posiciona-
mento dos atletas na quadra é numerado de 1 a 6, de forma crescente, no sentido
anti-horário.

A posição 1 é aquela à direita, no fundo da quadra, geralmente, chamada de


posição de saque ou defesa direita. A posição 2 é chamada de saída de rede. Já a
posição 3, meio de rede. Na posição 4, temos a entrada de rede. A posição 5 é a
defesa esquerda e a posição 6, a defesa central.

O jogador da posição 1 é o responsável em realizar o saque para sua equipe. Se, du-
rante seu saque, a equipe marcar ponto, permanece sacando e continua nessa posição.

Já no caso de a equipe adversária marcar o ponto, ele deve permanecer nessa


posição durante o próximo saque da equipe adversária. E somente após um novo
ponto de sua equipe os jogadores devem trocar de posição e realizar o rodízio.

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Voleibol

O rodízio faz com que todos os jogadores atuem em todas as posições, passando
pelas zonas de ataque e de defesa, e passando pelo saque.

A figura a seguir identifica o posicionamento e o sentido do rodízio dos jogadores:

4 3 2

5 6 1

Figura 4 – Sentido do rodízio e posições na quadra


Fonte: Adaptado de Getty Images

Outra regra básica do jogo prevê que, durante o saque, a equipe que irá receber
o saque deve respeitar o seu posicionamento, ou seja, o atleta que está na rede não
pode ficar atrás do atleta correspondente que está no fundo da quadra.
Nesse caso, posições 2 e 1, posições 3 e 6, posições 4 e 5. Da mesma forma,
não pode haver troca de posicionamento lateral entre os atletas de uma mesma
zona. Por exemplo, o atleta da posição 4 não pode ficar mais à direita do que o
atleta da posição 3 (e vice-versa).
A figura a seguir ilustra essas situações que, se forem realizadas, serão conside-
radas faltas de posicionamento.

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4
3
1

2
5 6

Figura 5 – Momento do saque – correspondência frente-trás e látero-lateral


Fonte: Adaptado de Getty Images

Após o saque, esse posicionamento pode ser alterado novamente. Entretanto,


não é permitido que os atletas que estão nas posições de fundo de quadra blo-
queiem ou ataquem dentro da zona de ataque.

Em cada set são permitidas seis substituições. Nessa contagem, não são compu-
tadas as trocas do líbero, que podem entrar livremente no lugar de outro jogador
que está no fundo da quadra.

As regras de voleibol foram sofrendo alterações ao longo dos anos. Tais altera-
ções previam melhorar as condições de segurança dos atletas, mas também tornar
o jogo mais moderno e atrativo, facilitando o entendimento por parte dos telespec-
tadores e atraindo maior interesse da mídia. Um exemplo disso é a alteração em
relação ao sistema de pontuação. Até o ano 2000, os pontos eram contabilizados
de forma diferente. Cada set tinha 15 pontos. Mas, para marcar o ponto, a equipe

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deveria primeiro obter a posse do saque (vantagem) e somente se confirmasse o


ataque, enquanto tivesse a posse do saque é que o ponto era validado.

Isso tornava a partida mais longa (cerca de 3h a 4h de duração), dificultando o


interesse da mídia televisiva para transmissão dos jogos e dificultando, também, o
entendimento dos telespectadores.

Outra alteração nesse contexto foi a implantação do líbero, em 1998, vez que,
com o avançar tecnológico e das condições de treinamento, os atletas conseguiam
realizar o ataque com mais facilidade.

Isso diminuía o tempo de bola em jogo e fazia com as ações de ataque fossem
muito rápidas. A Federação internacional criou, então, uma posição para favorecer
as defesas e tornar a partida mais emocionante, com a possibilidade maior de con-
tra ataques e disputas sequenciais com a bola em jogo (rally).

Fundamentos Básicos do Voleibol


Saque
Ação inicial do jogo, que coloca a bola em jogo, ou então, ação realizada logo após
a marcação de um ponto, com a mesma intenção de recolocar a bola em disputa.

Basicamente, esse movimento consiste no fato de o atleta golpear a bola com


uma das mãos e fazer com que ela ultrapasse por cima da rede, para que caia na
quadra adversária. Existem alguns tipos de saque, nos quais o movimento de exe-
cução desse fundamento é alterado.

Vejamos alguns exemplos:

Quadro 1

Movimento de menor complexidade e que exige menor nível de habi-


Saque por baixo lidade. Geralmente, realizado por iniciantes na prática da modalidade;

Movimento com maior potência de golpe na bola. Esse movi-


mento pode provocar a trajetória da bola de diferentes maneiras,
Saque por cima como trajetória parabólica ou retilínea. Também permite maior
efeito de rotação da bola;

Saque feito por cima, no qual também existe um deslocamento


e salto do atleta no momento de contato com a bola. Assim, os
Saque viagem atletas conseguem fazer com que a bola atinja maior velocidade,
dificultando a recepção do atleta adversário. Por esse motivo, esse
tipo de saque vem sendo mais utilizado atualmente.

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Figura 6 – Movimento do saque por cima
Fonte: Wikimedia Commons

Figura 7 – Saque viagem


Fonte: Getty Images

Recepção
Trata-se do primeiro contato da equipe com a bola, seja após um saque, seja até
mesmo após o ataque da equipe adversária. Esse fundamento tem sua relevância, pois
é por meio dele que a equipe terá melhores condições de escolher as melhores oportu-

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Voleibol

nidades para um possível ataque à equipe adversária. Isso acontece pois, se a recepção
for bem feita, o levantador da equipe terá melhores condições de escolher para qual
jogador será feito o levantamento e, consequentemente, a jogada de ataque.

A recepção é executada, em sua maioria, pela “manchete”. Trata-se de um gesto


motor, que permite ao atleta melhor defesa, principalmente, nos saques e cortadas,
com grande velocidade e força.

Figura 8 – Recepção – Manchete


Fonte: Getty Images

Levantamento
Geralmente, é feito no segundo contato da equipe com a bola. No voleibol atual,
esse fundamento é muito utilizado e provoca um maior dinamismo no jogo.

Uma boa ação de levantamento poderá diminuir o tempo de deslocamento da


bola no ar e/ou confundir a ação do adversário, antes de chegar ao atacante da
equipe. Com isso, dificultará o trabalho do bloqueio.

Em sua grande maioria, é realizado por meio do toque por cima, no qual o le-
vantador posiciona a bola para uma ação de ataque da sua equipe. Mas também
pode ser realizado com uma manchete, ou com apenas uma das mãos.

Ataque ou cortada
Gesto motor responsável pela maioria dos pontos conquistados pela equipe du-
rante uma partida. Possui grande poder ofensivo. Em geral, a cortada é realizada
na altura máxima alcançada pelo atleta. Quanto maior essa altura, maior as chan-
ces de ele acertar a quadra adversária, ou ainda, vencer o bloqueio.

A potência com que o atleta golpeia a bola também é fundamental. Mas também
é necessário que o atleta possua bom controle motor desse gesto, para conseguir
colocar o direcionamento correto na bola, buscando, assim, uma precisão maior no
momento do ataque.

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Figura 9 – Cortada
Fonte: Getty Images

Bloqueio
Ação em que os atletas saltam próximos à rede, para impedir o ataque adversário.
Geralmente, esse movimento é realizado com os dois braços estendidos acima da
cabeça, tentando, assim, impedir a trajetória da bola. A intenção desse fundamento
é também realizar o ponto, fazendo com que a bola, após tocar no bloqueio, caia
novamente na quadra adversária.

O bloqueio pode ser simples, quando apenas um jogador salta para realizá-lo, du-
plo, quando dois jogadores saltam juntos, e triplo, quando três jogadores realizam o
movimento, diminuindo, assim, as chances do êxito da ação ofensiva do adversário.

Figura 10 – Bloqueio triplo


Fonte: Getty Images

A defesa
Pode ser considerada a segunda tentativa de uma equipe de impedir a pontuação
do ataque adversário. Esse fundamento consiste em não permitir que a bola toque
o solo, após um ataque adversário.

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Voleibol

Em geral, é realizada pelos atletas que estão na zona de defesa, no fundo da qua-
dra. Atualmente, o atleta pode realizar essa ação com a manchete, toque por cima,
ou mesmo um movimento rápido usando apenas uma das mãos, ou pés. Também
é bastante comum usar um “mergulho”, movimento acrobático no qual o atleta salta
em direção à bola, evitando que ela toque no chão da quadra.

Figura 11 – Movimento de Defesa


Fonte: Getty Images

Tática no voleibol
As equipes podem ser organizadas durante o jogo, levando em consideração
o perfil de seus atletas e suas características, bem como as características da
equipe adversária.

No voleibol, o sistema de jogo utilizado é baseado no número de levantadores e


de atacantes que a equipe utiliza durante seu ataque.

Dessa forma, temos alguns sistemas de jogo: 6x0, 5x1, 4x2, 3x3. Na identifica-
ção do sistema, o primeiro número refere-se à quantidade de atletas de ataque e o
segundo número refere-se à quantidade de levantadores que estão em quadra:
• Sistema 6 x 0: Também chamado de 6x6. Nesse sistema, nenhum jogador cum-
pre somente a função de levantador, ou seja, todos deverão executar a função de
ataque, cabendo ao atleta que estiver na posição 3 ou 2, realizar também o levan-
tamento. Esse sistema exige um alto nível técnico dos atletas, utilizado tanto na
iniciação quanto forma de estimular o aprendizado de todos os fundamentos por
todos os atletas, quanto no alto rendimento, quando a equipe já possui bom desen-
volvimento e domínio de todos os fundamentos;
• Sistema 5x1: Sistema que apresenta maior especialização de cada posição, no qual
a equipe permanece com um levantador e outros cinco atacantes. Essas posições
passam a ser o levantador, o oposto, os pontas, os meios e o líbero.

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O oposto, como é conhecido, refere-se ao jogador que está na diagonal do
levantador. Em geral, realizando os ataques pelas posições 1 e 2. Os pontas
realizam a maior parte das ações de ataque. Estão nas posições 4 e 6. Além
das habilidades de ataque, também devem possuir boas habilidades de defesa e
do passe. Os meios, por sua vez, são os atletas centrais no bloqueio. Por isso,
costumam ser os jogadores mais altos da equipe.
O líbero é um jogador especializado em ações de defesa. Ao líbero somente é
permitido jogar na zona defensiva. Este jogador não pode realizar um ataque
com a bola mais alta que a rede. Também não é permitido sacar, nem bloquear.
Quando, após o rodízio, este atleta alcançar a posição 4 (entrada de rede), deve
ser substituído por outro atleta e, após a definição da jogada, ele pode voltar a
substituir outro atleta que esteja no fundo de quadra (posições 1, 6 e 5).
Esse atleta é identificado por uma camisa de cor diferente do restante da equi-
pe e, como características principais, possui bom desenvolvimento dos funda-
mentos de defesa, bem como grande agilidade e resistência;

Ação do Líbero – Jogadora na zona de defesa, com camisa de cor diferente.


Disponível em: https://bit.ly/3kyamEE

• Sistema 4x2: Nesta opção, dois jogadores serão responsáveis por realizar o le-
vantamento, e quatro atacam. Os levantadores são posicionados de forma oposta,
possibilitando, assim, que sempre exista um levantador na zona de ataque. É con-
siderado um sistema de transição, geralmente, utilizado como forma de aperfeiço-
amento e de reforço do posicionamento. É utilizado em equipes que estão em um
nível entre a iniciação e o alto rendimento;

• Sistema 3x3: Neste sistema, cada atacante terá o seu levantador. É um sistema que
permite grandes variações, trocas de posicionamento dos atletas, tanto na zona de
defesa quanto de ataque, mas, por outro lado, o de tornar a ação defensiva mais
vulnerável. Por isso, só é utilizado em equipes mais treinadas.

Capacidades Físicas no Voleibol


O jogo do voleibol apresenta como principal característica a intermitência entre
ações de ataque, nas quais se exige trabalho intensivo, com momentos de descanso
e pausa após a realização de um ponto.

Quando a bola está em jogo, as ações são mais intensas, exigindo pequenos
deslocamentos e saltos verticais para os atletas de ataque, entretanto, executados
na maior parte das vezes em potência moderada. Isso pois as ações se repetem
por várias vezes ao longo das partidas que, muitas vezes, têm duração entre 1h
e 2h. Além disso, se um atleta realizar um determinado movimento com o grau

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de potência máximo, ele poderá perder o controle sobre a bola, executando um


fundamento de maneira ineficiente.

Por essas características, é necessário que se desenvolva a potência média dos


atletas, considerando que o voleibol é basicamente composto de força, potência e
velocidade de aceleração.

Entretanto, deve-se considerar que o jogador de vôlei não é apenas um robô


que produz movimentos mecânicos. Cabe a esse atleta ter a capacidade de leitura
do jogo, ou seja, ter um raciocínio e uma capacidade de interpretação das jogadas
bem desenvolvido.

Assim, não basta somente ter a habilidade para a realização de um determinado


fundamento, mas também é necessário que ele compreenda muito bem os motivos
daquela execução.

Treinando Habilidades e
Fundamentos Técnicos
Nos itens a seguir, você poderá encontrar exemplos de atividades que poderão
ser trabalhadas para a aprendizagem e o aperfeiçoamento da execução dos funda-
mentos no voleibol.

Saque
A melhor forma de se aprender o saque é executando os movimentos de forma
repetitiva. Isso faz com que os atletas sejam capazes de automatizar o movimento
e dominar a sua técnica de execução, conseguindo, assim, transferi-la para o mo-
mento da partida.

Ao professor, é válido controlar a quantidade de erros e acertos de cada joga-


dor, facilitando, assim, a identificação de suas dificuldades na execução. Também é
válido relacionar esses números à quantidade de acertos por região da quadra, ou
tipo de saque.

Também é válido estimular que o seu aluno realize ao menos dois tipos de saque
diferentes. Assim, dependendo da situação do jogo, ele terá condições de escolher
a melhor estratégia para aquele momento.

Durante os treinamentos, o professor poderá variar alguns elementos, amplian-


do, assim, a experiência e a quantidade de cenários vivenciados pelos alunos:
• Variar os espaços ocupados por jogadores que receberão o saque;
• Solicitar que um determinado jogador seja alvo do saque;

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• Solicitar que o saque seja realizado nos espaços de fundo da quadra;
• Solicitar que o saque seja feito na direção do atleta que acabou de entrar na partida;
• Solicitar um saque de segurança, apenas colocando a bola em jogo, caso a equipe
esteja em uma situação desconfortável no placar;
• Solicitar saques com mais agressividade e força, tentando dificultar a recepção
do adversário.

Levantamento
Para se treinar o fundamento do levantamento, antes de tudo, é necessário
que o atleta tenha bom domínio da execução do toque. Então, cabe ao professor
estimular situações em que este aprendizado possa ocorrer, estando atento aos
seguintes aspectos:
• Posicionamento das mãos;
• Toque em suspensão;
• Toque na direção do companheiro, seja lateralmente, frontal, seja até mesmo nas
costas do levantador.
Também é importante o levantador ser capaz de se movimentar rapidamente na
direção da bola e, nesse momento, é fundamental que seja treinada a posição do
corpo em relação à posição e ao deslocamento da bola.
A altura da bola também poderá influenciar. Por isso é necessário que sejam
treinadas situações em que a bola se encontra em altura favorável, mas também em
situações desconfortáveis, tais como bolas muito altas, meia altura ou bolas baixas.
A sincronia com os atacantes também se torna elemento fundamental e, assim,
cabe ao professor estimular o desenvolvimento da noção espacial e temporal de
seus jogadores, tanto para os levantadores quanto para os atacantes.

Ataque
Como vimos, a cortada é um dos elementos mais importantes durante a partida,
podendo decidir os pontos, na maioria das oportunidades. Mas, para isso, é neces-
sário que haja uma boa recepção e um bom levantamento anterior.

Ao atacante, é necessário ser capaz de realizar a cortada de diversas formas


e em diferentes condições. Assim, alguns aspectos se tornam importantes de
serem avaliados:
• Movimentação dos braços;
• Altura em que a mão alcança a bola;
• Velocidade do movimento dos braços no momento em que toca a bola;
• Potência empregada na bola.

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Voleibol

Em Síntese
Durante esta Unidade, vimos algumas das principais informações sobre o voleibol. Con-
siderado, atualmente, o segundo esporte no coração dos brasileiros, esta modalidade
vem ganhando destaque nos últimos anos.
A transmissão dos jogos na TV e os bons resultados alcançados pelas seleções mas-
culina e feminina em grandes competições internacionais são fatores que auxiliaram
nesse processo. Por isso, é facilmente encontrada em projetos sociais, clubes, projetos
de secretarias de esportes e escolas, tornando-se, assim, boa oportunidade e excelente
campo de atuação para o profissional de Educação Física.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Transformando suor em ouro
REZENDE, B. R. de. Transformando suor em ouro. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
O livro conta a trajetória de Bernardinho, ex-treinador da seleção brasileira masculina
de voleibol, bicampeão olímpico e tri campeão mundial
O voleibol e a psicologia do esporte
BRANDÃO, M. R. F.; MACHADO, A. A. O Voleibol e a psicologia do esporte.
São Paulo: Atheneu, 2010.
O livro apresenta conceitos relevantes no campo da Psicologia do Esporte, que
podem interferir diretamente na preparação de atletas e equipes que atuam com
o voleibol

Vídeos
Viagem, o saque que mudou o vôlei
O vídeo apresenta o depoimento dos jogadores Willian, Renan e Montanaro, atletas
da seleção brasileira, vice campeões olímpicos em 1984.
https://youtu.be/RokHHHFQycQ
Mulheres de ouro: a história de uma conquista
O vídeo conta a história da seleção brasileira feminina de voleibol e suas conquistas,
bicampeãs olímpicas em Pequim 2008 e Londres 2012.
https://youtu.be/q2i8cVKOdhk

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UNIDADE Estratégias de Ensino Aprendizagem do Voleibol

Referências
MARCHI JÚNIOR, W.; CARON, A. E. G. Introdução ao ensino do voleibol. Curitiba:
InterSaberes, 2019.

SESI-SP. Programa SESI atleta do futuro: perspectivas da inclusão e diversidade na


aprendizagem esportiva. São Paulo: SESI, 2006.

UGRINOWITSCH, C.; UEHARA, P. Modalidades esportivas coletivas: o voleibol.


In: ROSE JUNIOR. Modalidades esportivas coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006. p. 166-179.

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