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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Faculdade de Engenharia

Viabilidade tecno-económica de
telhas fotovoltaicas
Estudo de Caso

Constantino Dário Justo

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em


Engenharia Eletrotécnica e de Computadores
(2º ciclo de estudos)

Orientadora: Profª. Doutora Maria do Rosário Alves Calado

Covilhã, Junho de 2018


ii
Dedicatória

Dedico este trabalho a minha família, de forma mais


restrita aos meus pais e irmãos que mesmo distante
nunca deixaram de prestar-me apoio emocional.

iii
iv
Agradecimentos

Durante o meu percurso académico no curso de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores


– Mestrado, vários foram os desafios enfrentados, e felizmente ao terminar não poderia deixar
de agradecer a todos que puderam incentivar a continuar e seguir lutando.

Em primeiro lugar agradeço a Deus pela sua proteção, pois somos seres incapazes de atingir
quaisquer patamares se Ele não estender a Sua mão.

A Profª. Doutorª Maria do Rosário Alves Calado, que aceitou o desafio de ser a minha
orientadora, permitindo que eu pudesse alargar o meu leque de conhecimento nessa área de
estudo, os meus sinceros agradecimentos.

Agradeço ao Eng. José Álvaro Nunes Pombo que se mostrou disponível para nos acompanhar e
apoiar durante a escrita da dissertação, partilhando seu conhecimento e experiência, bem
como aos demais colegas de laboratório.

Estendo ainda os meus especiais agradecimentos aos meus colegas e amigos que sempre se
fizeram presente em todos momentos sejam bons e maus. Seu companheirismo permitiu que
pudéssemos concluir esta árdua tarefa.

A todos os meus mais sinceros agradecimentos.

v
vi
Resumo

A energia elétrica está na base do desenvolvimento das sociedades, por isso, a busca por
novos recursos energéticos é atualmente uma incessante tarefa. Por conta disto,
investigações focadas na exploração da energia solar têm assistido a um crescimento
considerável, por se tratar de uma fonte limpa e renovável. Evidencia-se, no entanto, a
produção fotovoltaica por meio de sistemas fotovoltaicos de pequena ou grande dimensão,
garantindo uma redução significativa a nível global da exploração dos combustíveis fósseis.
Assim, a investigação nesta área deverá ser potenciada para que estes sistemas possam ser
cada vez mais eficientes, permitindo avaliar diferentes possibilidades de exploração do
recurso solar, tanto a nível doméstico como industrial.

Esta dissertação visa apresentar uma análise sobre a possibilidade de instalação de um


sistema BIPV em ambiente doméstico, mais concretamente, um sistema fotovoltaico baseado
em telhas fotovoltaicas, sendo elaborados estudos de viabilidade energética e económica do
mesmo.

Para tal, em primeira instância, é apresentada uma visão geral sobre o interesse mundial na
exploração do recurso solar, levando a um desenvolvimento cada vez mais crescente das
tecnologias de conversão – as células fotovoltaicas. Este interesse tem suscitado a análise de
diversas facetas desta tecnologia, entre elas, a BIPV. Assim sendo, foram abordadas as
vantagens e as barreiras relativas à sua implementação, bem como os vários tipos de
tecnologias inerentes a ela. Neste seguimento, com o intuito de poder simular esta tecnologia
num caso prático, são primeiramente estudadas as condições veladas pela legislação
portuguesa no que concerne à geração de eletricidade por meio de fontes renováveis, com
maior destaque para a energia solar, sendo abordados os pressupostos legais necessários para
a implementação de uma unidade de produção fotovoltaica.

Depois, após ter sido apresentada a metodologia teórica para a implementação de um sistema
fotovoltaico ligado à rede elétrica, é simulado sob condições e dados reais, dentro da
categoria BIPV, um sistema que garante a geração de energia por meio de telhas
fotovoltaicas.

Palavras-chave

Células, módulos e telhas fotovoltaicas, recurso e energia solar, efeito fotovoltaico, sistema
fotovoltaico, viabilidade técnica e económica, BIPV, unidades de produção.

vii
viii
Abstract

Electric energy is at the base of the development of societies, so the search for new energy
resources is currently an incessant task. Because of this, investigations focused on the
exploration of solar energy have seen a considerable growth, since it is a clean and renewable
source. However, there is evidence of photovoltaic production by means of photovoltaic
systems of small or large size, ensuring a significant global reduction in the exploitation of
fossil fuels. Thus, research in this area should be enhanced so that these systems can be
increasingly efficient, allowing to evaluate different possibilities of exploitation of the solar
resource, both domestically and industrially.

This dissertation aims to present an analysis about the possibility of installing a BIPV system in
a domestic environment, more specifically, a photovoltaic system based on photovoltaic tiles,
being elaborated studies of the energy and economic viability of the same.

To do this, in the first instance, an overview is presented on the world interest in the
exploitation of the solar resource, leading to an ever increasing development of conversion
technologies - photovoltaic cells. This interest has led to the analysis of several facets of this
technology, among them, the BIPV. Thus, the advantages and barriers related to its
implementation, as well as the various types of technologies inherent to it, were addressed.
Following this, in order to simulate this technology in a practical case, we first studied the
conditions covered by Portuguese legislation regarding the generation of electricity through
renewable sources, with a greater emphasis on solar energy, and the legal assumptions
necessary for the implementation of a photovoltaic production unit.

Then, after presenting the theoretical methodology for the implementation of a grid-
connected photovoltaic system, a system that guarantees the generation of energy through
photovoltaic tiles is simulated under real conditions and data within the BIPV category.

Keywords

Photovoltaic cells, modules and tiles, solar energy and resource, photovoltaic effect,
photovoltaic system, technical and economic feasibility, BIPV, production units.

ix
x
Índice
Dedicatória .....................................................................................................iii

Agradecimentos ................................................................................................v

Resumo ........................................................................................................ vii

Abstract......................................................................................................... ix

Lista de Figuras............................................................................................... xv

Lista de Tabelas ............................................................................................. xix

Lista de Acrónimos.......................................................................................... xxi

1. Introdução .............................................................................................. 3
1.1. Enquadramento ...................................................................................5
1.2. Motivação ..........................................................................................6
1.3. Objetivos do trabalho ............................................................................7
1.4. Estrutura da dissertação ........................................................................7

2. Estado da Arte da tecnologia fotovoltaica ...................................................... 11


2.1. Introdução ....................................................................................... 11
2.2. Células Fotovoltaicas .......................................................................... 14
2.2.1. Efeito Fotovoltaico ...................................................................... 17
2.2.2. Tipos de Células .......................................................................... 18
2.2.3. Curvas características das células fotovoltaicas ................................... 21
2.2.4. Fatores que influenciam o desempenho de uma célula fotovoltaica ........... 23
2.2.5. Modelos matemáticos das células fotovoltaicas .................................... 25
2.2.5.1. Modelo ideal ........................................................................... 26
2.2.5.2. Modelo de um díodo.................................................................. 27
2.2.5.3. Modelo de dois díodos ............................................................... 29
2.2.5.4. Outros modelos das células fotovoltaicas ........................................ 29
2.2.6. Eficiência e Fator de Forma ........................................................... 29
2.3. Painéis/Módulos Fotovoltaicos ............................................................... 31
2.3.1. Ligações série e paralelo em painéis fotovoltaicos ................................ 31
2.3.2. Efeito de sombreamento, díodos bypass e díodos de bloqueio .................. 32
2.4. Sistemas solares fotovoltaicos ............................................................... 34
2.4.1. Sistemas isolados ou autónomos ...................................................... 34
2.4.2. Sistemas híbridos ........................................................................ 35
2.4.3. Sistemas ligados à rede elétrica ...................................................... 35
2.5. Inversores Solares .............................................................................. 37
2.5.1. Inversores on-grid ........................................................................ 37
2.5.2. Inversores off-grid ....................................................................... 39

xi
2.5.3. Inversores híbridos....................................................................... 40

3. Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios ....................... 45


3.1. Introdução ....................................................................................... 45
3.1.1. Aspetos arquiteturais ................................................................... 46
3.2. Tipos de tecnologias BIPV ..................................................................... 47
3.2.1. Folhas fotovoltaicas ..................................................................... 47
3.2.2. Telhas fotovoltaicas ..................................................................... 48
3.2.3. Módulos BIPV ............................................................................. 49
3.2.4. Vidros fotovoltaicos ..................................................................... 49
3.3. Desafios da tecnologia BIPV .................................................................. 50
3.3.1. Barreiras institucionais ................................................................. 51
3.3.2. Aceitação pública ........................................................................ 52
3.3.3. Barreiras económicas ................................................................... 53
3.3.4. Barreiras técnicas ........................................................................ 54

4. Legislação e Normas Aplicáveis à Unidades de Produção (UP) ............................. 59


4.1. Evolução histórica da legislação em Portugal ............................................. 59
4.2. Legislação vigente .............................................................................. 61
4.2.1. Diferenças entre as unidades de produção .......................................... 62
4.2.2. Direitos e deveres do produtor ........................................................ 63
4.2.2.1. Direitos UPAC ......................................................................... 63
4.2.2.2. Direitos UPP ........................................................................... 63
4.2.2.3. Deveres UPAC e UPP ................................................................. 63
4.2.3. Condições de acesso e de exercício da atividade .................................. 64
4.2.4. Tarifas ..................................................................................... 65
4.2.4.1. Tarifário relativo à UPAC ........................................................... 65
4.2.4.2. Tarifário relativo às UPP ............................................................ 66

5. Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede ................................ 71


5.1. Introdução ....................................................................................... 71
5.2. Avaliação do local de instalação ............................................................. 71
5.3. Seleção dos equipamentos .................................................................... 72
5.3.1. Módulos fotovoltaicos ................................................................... 72
5.3.2. Inversores ................................................................................. 74
5.4. Configuração da matriz fotovoltaica ........................................................ 75
5.4.1. Número máximo e mínimo de módulos em série ................................... 76
5.4.2. Número máximo de fileiras em paralelo............................................. 76
5.5. Estimativa da produção de energia ......................................................... 77
5.6. Dimensionamento das cablagens ............................................................ 78
5.6.1. Cabo de fileira ........................................................................... 79
5.6.2. Cabo DC principal ........................................................................ 80

xii
5.6.3. Cabo de ligação AC ...................................................................... 80
5.7. Dimensionamento das proteções ............................................................ 81
5.7.1. Fusíveis de fileiras ....................................................................... 81
5.7.2. Interruptor DC ............................................................................ 82
5.7.3. Disjuntor AC .............................................................................. 82

6. Estudo de Caso ........................................................................................ 85


6.1. Introdução ....................................................................................... 85
6.2. Local da instalação ............................................................................. 85
6.2.1. Potencial solar............................................................................ 85
6.2.2. Sombreamentos .......................................................................... 88
6.3. Seleção dos equipamentos .................................................................... 89
6.3.1. Telha Fotovoltaica ....................................................................... 89
6.3.2. Inversor .................................................................................... 90
6.4. Implementação computacional PVSYST v.6.68 ............................................ 90
6.5. Dimensionamento das cablagens ............................................................ 96
6.5.1. Cabos de fileiras ......................................................................... 96
6.5.2. Cabo DC principal ........................................................................ 96
6.5.3. Cabo AC .................................................................................... 97
6.6. Dimensionamento das proteções ............................................................ 97
6.6.1. Fusíveis de fileiras ....................................................................... 97
6.6.2. Interruptor DC ............................................................................ 97
6.6.3. Disjuntor AC .............................................................................. 98
6.7. Avaliação económica ........................................................................... 98
6.7.1. VAL ......................................................................................... 99
6.7.2. TIR ......................................................................................... 100
6.7.3. Payback ................................................................................... 100

7. Conclusão ............................................................................................ 107

8. Referências Bibliográficas ........................................................................ 113

9. Anexos ................................................................................................ 123


Anexo nº1 – Especificações técnicas do inversor solar Pseries da Solarmax .................. 123
Anexo nº2 – Orçamento do sistema fotovoltaico instalado na Faculdade de Engenharia - UBI
.............................................................................................................. 124
Anexo nº3 – Previsão orçamental para um sistema fotovoltaico de 2,6 kWp ................. 125
Anexo nº4 – Simulação em PVsyst v6.68 de um sistema fotovoltaico de 2 kWp com base em
painéis solares ........................................................................................... 126
Anexo nº5 – Evolução do preço da eletricidade em Portugal desde 1991 a 2017 ............ 130
Anexo nº6 – Consumo elétrico da Faculdade de Engenharia-UBI, 2017 ........................ 131
Anexo nº7 – Curvas de corrente–tensão e potência-tensão da GTFV100 tile para distintos
valores de radiação e temperatura................................................................... 132

xiii
Anexo nº8 – Alçado principal da Faculdade de Engenharias – UBI .............................. 133
Anexo nº9 - Principais perdas influentes no sistema fotovoltaico .............................. 134

xiv
Lista de Figuras

Figura 1.1 - Balanço da produção de eletricidade de Portugal Continental (Janeiro de 2018)


[2] ................................................................................................................4
Figura 1.2 - Evolução da produção de eletricidade por fonte em Portugal Continental (Janeiro
2016 a Janeiro de 2018) [2] ..................................................................................5
Figura 1.3 – Potencial solar de Portugal. (a) Módulos montados horizontalmente (b) Módulos
montados com inclinação otimizada [3] ...................................................................5
Figura 2.1 – Capacidade global em PV e adições anuais, 2006 – 2016 [6] .......................... 12
Figura 2.2 – Potencial solar a nível global [7]........................................................... 12
Figura 2.3 - Capacidade global PV por país, 2016 [6] ................................................. 13
Figura 2.4 - Capacidade global PV e adição para os 10 melhores países, 2016 [6] .............. 13
Figura 2.5 - Constituição de uma célula fotovoltaica de silício [11] ............................... 14
Figura 2.6- Gap de energia nos semicondutores [13] .................................................. 15
Figura 2.7 - Cristal de silício puro [13] ................................................................... 15
Figura 2.8 - Cristal de silício dopado com fósforo [13] ................................................ 16
Figura 2.9 - Cristal de Silício dopado com boro fonte [13] ........................................... 16
Figura 2.10 - Junção pn ilustrando onde ocorre a acumulação de cargas ......................... 17
Figura 2.11 - Efeito Fotovoltaico [15] .................................................................... 17
Figura 2.12 - Curva característica I-V de uma célula fotovoltaica [21] ............................ 22
Figura 2.13 - Parâmetros de potência máxima de uma célula fotovoltaica [24] ................. 22
Figura 2.14 - Curvas características P-V de um painel fotovoltaico típico em função da
radiação solar [21] ........................................................................................... 23
Figura 2.15 - Variação da curva I-V com a radiação incidente de uma célula típica de silício
cristalino [25] ................................................................................................. 24
Figura 2.16 - Rendimento de uma célula fotovoltaica vs radiação solar [4] ...................... 24
Figura 2.17 - Variação da curva I-V com a temperatura de uma célula típica de silício
cristalino [25] ................................................................................................. 25
Figura 2.18 – Circuito equivalente para o modelo ideal [30]......................................... 26
Figura 2.19 – Modelo de um díodo [30] .................................................................. 28
Figura 2.20 - Modelo com dois díodos [30] .............................................................. 29
Figura 2.21 - Definição do fator de forma [39] ......................................................... 30
Figura 2.22 - Distinção entre célula, painel e arranjo fotovoltaico [40] ........................... 31
Figura 2.23 - Composição de um painel [41] ............................................................ 31
Figura 2.24 - Ligação em série de células fotovoltaicas [24] ........................................ 32
Figura 2.25 - Ligação em paralelo de células fotovoltaicas [24] .................................... 32
Figura 2.26 - Díodo bypass em um agrupamento de células [24] .................................... 33
Figura 2.27 - Díodo de bloqueio [24] ..................................................................... 34
Figura 2.28 - Sistema solar PV isolado com armazenamento [42] ................................... 35

xv
Figura 2.29 - Sistema solar PV híbrido com armazenamento [43] .................................. 35
Figura 2.30 - Sistema solar PV ligado à rede elétrica de distribuição de energia [44] .......... 36
Figura 2.31 - Inversor central [47] ........................................................................ 38
Figura 2.32 – Configuração de inversor de fileiras [47] ............................................... 39
Figura 2.33 - Micro-inversor [48] .......................................................................... 39
Figura 2.34 - Esquema de funcionamento de um inversor hibrido [51] ............................ 41
Figura 3.1 – Arco curvo com implementação de telhas solares [52] ................................ 46
Figura 3.2 - Telhado de vidro com módulos BIPV transparentes [52] .............................. 46
Figura 3.3 - Exemplo de folhas fotovoltaicas da Alwitra GmbH & Co. usando células de silício
amorfo [57] ................................................................................................... 47
Figura 3.4 - Exemplos de telhas fotovoltaicas. a) Solardachstein, p-Si; b) SRS Energy, a-Si; c)
Lumeta, m-Si; d), Solar Century, m-Si; e) Suntegra, m-Si e f) Dyaqua, m-Si. .................... 48
Figura 3.5 – Exemplo de módulos BIPV. a) módulos instalados em fachada; b) módulos
instalados na cobertura ..................................................................................... 49
Figura 3.6 – Vidro fotovoltaico. a) produto da Onyxsolar; b) produto da Vidursolar ............ 50
Figura 3.7 - Instalação BIPV global e previsão de sua taxa de expansão [68] ..................... 52
Figura 4.1 - UPP [90] ........................................................................................ 62
Figura 4.2 - UPAC [90] ...................................................................................... 63
Figura 4.3 – Processo de licenciamento de uma UPAC com potência superior a 1,5 kW [91] . 64
Figura 4.4 – Processo de licenciamento de uma UPP [91] ............................................ 65
Figura 4.5 - Diagrama de produção e consumo de uma UPAC ligada à RESP (sem baterias de
armazenamento) [91] ....................................................................................... 66
Figura 5.1 – Especificações elétricas e térmicas do módulo JS Yl150P-17b da Gain Solar ...... 73
Figura 5.2 -Especificações mecânicas do módulo JS Yl150P-17b da Gain Solar .................. 73
Figura 5.3 – Especificações técnicas do inversor SIW600T020-44 da WEG ......................... 75
Figura 5.4 – Distribuição horária da radiação incidente sobre a superfície da Terra, adaptado
de [95] ......................................................................................................... 78
Figura 6.1 - Vista superior da Faculdade de Engenharia – UBI [96] ................................. 86
Figura 6.2- Radiação horizontal vs Radiação normal direta para a cidade da Covilhã ao longo
do ano, adaptado de PVGIS (2001 – 2012) ............................................................... 87
Figura 6.3 – Relação entre radiação difusa e global para a Covilhã, adaptado de PVGIS (2001 –
2012) ........................................................................................................... 87
Figura 6.4 – Temperaturas médias diárias ao longo do ano na Covilhã, adaptado de PVGIS
(2001 – 2012) ................................................................................................. 88
Figura 6.5 – Local de instalação das telhas solares. Fonte: Próprio autor ......................... 88
Figura 6.6 – Layout da GTFV100 Tile. Fonte: Catálogo do fabricante .............................. 89
Figura 6.7 – Esquema inversor central. Fonte: PVSYST ............................................... 90
Figura 6.8 - Configuração global do sistema. Fonte: PVSYST ........................................ 91
Figura 6.9 - Energia incidente de referência no plano do coletor. Fonte: PVSYST .............. 92
Figura 6.10 -Produções normalizadas. Fonte: PVSYST ................................................ 93

xvi
Figura 6.11 - Produção normalizada e fatores de perdas. Fonte: PVSYST ......................... 93
Figura 6.12 - Taxa de desempenho do sistema. Fonte: PVSYST ..................................... 94
Figura 6.13 – Diagrama de perdas ao longo de todo ano. Fonte: PVSYST .......................... 95
Figura 6.14 – Energia do arranjo fotovoltaico vs energia injetada na rede ....................... 96
Figura 6.15 – Consumo elétrico da Faculdade de Engenharia da UBI (2017) vs energia injetada
na rede pelo sistema PV .................................................................................... 99
Figura 6.16 - Gráfico do payback do sistema fotovoltaico proposto ............................... 103
Figura 9.1 – a) Curva I-V para valores diferentes de radiação; b) Curva I-V para valores
diferentes de temperatura; c) Curva P-V para distintos valores de temperatura; d) Curva P-V
para distintos valores de radiação ....................................................................... 132
Figura 9.2 – Alçado principal da Faculdade de Engenharias - UBI .................................. 133

xvii
xviii
Lista de Tabelas

Tabela 2.1 – Comparação das características dos diferentes tipos de células [4] ................ 21
Tabela 3.1 – Características de dois produtos BIPV (folhas fotovoltaicas) [52] ................... 47
Tabela 3.2 – Características de produtos de alguns fabricantes de telhas fotovoltaicas [58].. 48
Tabela 3.3 – Caraterísticas de produtos de alguns fabricantes de módulos fotovoltaicos ...... 49
Tabela 3.4 – Caraterísticas de produtos de alguns fabricantes de vidros fotovoltaicos ......... 50
Tabela 3.5 – Dados elétricos do módulo fotovoltaico de vidro da Onyxsolar, tendo em
consideração o nível de transparência das células .................................................... 50
Tabela 4.1 – Tarifário relativo à UPP [88] ............................................................... 66
Tabela 4.2 - Percentagens por fonte primária utilizada [88] ........................................ 67
Tabela 5.1 - Parâmetros para o dimensionamento do cabo de fileira.............................. 79
Tabela 5.2 - Parâmetros para o dimensionamento do cabo DC principal .......................... 80
Tabela 5.3 – Parâmetros para o dimensionamento do cabo de ligação AC ........................ 81
Tabela 6.1 – Radiação global incidente para a cidade da Covilhã, fonte: PVGIS (2001 – 2012) 86
Tabela 6.2 – Especificações técnicas telha solar GTFV100 Solarteg. Fonte: datasheet do
fabricante ..................................................................................................... 89
Tabela 6.3 – Resultados obtidos. Fonte: PVSYST ....................................................... 91
Tabela 6.4 -Balanços e principais resultados. Fonte: PVSYST ....................................... 95
Tabela 6.5 – Custo associado à instalação do sistema fotovoltaico proposto ..................... 98
Tabela 6.6 – Estudo económico do sistema fotovoltaico proposto ................................. 101
Tabela 6.7 - Estudo económico do sistema fotovoltaico proposto [continuação] ............... 102
Tabela 6.8 – Resultados dos indicadores económicos ................................................ 103
Tabela 9.2 - Evolução do preço da eletricidade em Portugal 1991 – 2017. Fonte: [98] ........ 130
Tabela 9.3 - Consumo elétrico da Faculdade de Engenharia – UBI, 2017. Fonte: Serviços
técnicos UBI .................................................................................................. 131
Tabela 9.1- Principais perdas influentes no sistema fotovoltaico [99] ............................ 134

xix
xx
Lista de Acrónimos

BOS Balance-of-system
BIPV Building Integrated Photovoltaics
BT Baixa Tensão
CO2 Dióxido de Carbono
CdTe Telureto de Cádmio
CIS Disseleneto de cobre-índio
CIGS Disseleneto de cobre-índio-gálio
CUR Comercializador de Último Recurso
DSSC Células solares sensibilizadas por corante
ER Energia Renovável
FER Fontes de Energia Renováveis
FF Fator de Forma
FIT Feed-in-Tariff
GEE Gases de Efeito Estufa
GWh Gigawatts hora
GW Gigawatts
HPS Horas de Pico Solar
IEA International Energy Agency
MW Megawatts
MPP Maximum Power Point
MPPT Maximum Power Point Tracking
MT Média Tensão
MVA Megavolts amperes
OMIE Operador do Mercado Ibérico de Energia
PV Photovoltaics
PQs Pontos Quânticos
PER Promoção de Energias Renováveis
PSO Particle Swarm Optimization
PVGIS Photovoltaic Geographical Information System
REN21 Renewable Energy Policy Network for the 21st Century
RESP Rede Elétrica de Serviço Público
SWE Efeito Staebler-Wronski
STC Standar Test Conditions
SPP Small Power Producer
SEP Sistema Elétrico Português
SEN Sistema Elétrico Nacional

xxi
TIR Taxa Interna de Rentabilidade
TMA Taxa Mínima de Atratividade
UBI Universidade da Beira Interior
UPAC Unidade de Produção para Autoconsumo
UPP Unidade de Pequena Produção
UE União Europeia
UP Unidades de Produção
VAL Valor Atual Líquido

xxii
_________________________________

CAPÍTULO

1
_________________________________

Introdução

1
2
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

1. Introdução

Desde os tempos primitivos, o homem desenvolve técnicas para o aproveitamento das fontes
de energia disponíveis na natureza, desde o controlo do fogo, a força dos ventos, dos mares,
etc., aproveitando essas diversas formas de energia para se aquecer, afastar predadores,
preparar alimentos, obter água para consumo, entre outras. As fontes de energia passaram a
ser vitais para a sobrevivência e evolução do homem. Desta forma, devido à grande
importância da energia para a humanidade nos dias de hoje, pesquisas incessantes têm sido
feitas, no sentido de desenvolver e melhorar as técnicas de obtenção de energia, com o
objetivo principal de conciliar grande capacidade de geração, custo reduzido e um mínimo
impacto ao meio ambiente.

A mais importante fonte de energia do nosso planeta é o Sol. É uma fonte de energia
inesgotável e limpa. Com capacidade suficiente para mitigar toda a demanda energética do
planeta. Parte desta demanda corresponde incontornavelmente à energia elétrica, que é a
forma de energia mais importante podendo ser transportada ininterruptamente a longas
distâncias, distribuída em simultâneo a diversos pontos e convertida nas mais diversas formas
de energia como luminosa, mecânica, química e térmica.

O Efeito Fotovoltaico que transforma de forma direta a energia dos raios solares em
eletricidade concilia a fonte mais importante, o Sol, com a principal forma de energia, a
elétrica. Este efeito pode ser explicado como o aparecimento de uma diferença de potencial
aos terminais de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz.
Essas estruturas de material semicondutor são denominadas de Células Fotovoltaicas.

As células correspondem à unidade básica de um sistema de geração de energia; podendo ser


ligadas entre si, formando os painéis/módulos fotovoltaicos, que são os dispositivos utilizados
para geração de energia em maior escala. As primeiras aplicações dos mesmos dispositivos
foram para colmatar a necessidade de geração de energia no espaço, em satélites artificiais,
sondas, naves e estações espaciais. Entretanto, com a redução do custo de produção dos
painéis, do sistema de balanço e da instalação, o seu uso estendeu-se a aplicações terrestres,
inicialmente em locais isolados distantes da rede elétrica, e depois em sistemas de maior ou
menor porte ligados à rede elétrica.

Porém, embora seja possível o aproveitamento do recurso solar por meio dessa tecnologia, o
custo da produção de energia elétrica através de painéis fotovoltaicos ainda é muito elevado
em comparação com outros métodos de geração de energia elétrica (por meio de
combustíveis fósseis) o que inviabiliza muitas vezes a sua aplicação perante a crescente

3
|Capítulo 1 - Introdução
_________________________________________________________________________________

demanda energética necessária no planeta (aplicações residenciais e industriais). Esta


característica leva a que o retorno de investimento de sistemas fotovoltaicos demore muito
mais tempo.

Face aos inúmeros problemas ambientais causados pela produção de energia por meio de
combustíveis fosseis, nos últimos anos vários esforços foram sendo empregues no sentido de
alavancar as fontes de energia renováveis (FER), em particular a solar. Presentemente, a
maior parte da humanidade está familiarizada com os gases de efeito estufa (GEE) como
consequência da poluição ambiental. O rápido crescimento populacional e industrial,
resultará numa maior produção de eletricidade e consequente maior emissão de CO 2.

Assim, espera-se que todas as fontes de energia renováveis, devam ser implantadas e
desenvolvidas para o nosso consumo e mitigar os problemas ambientais. Para ilustrar isto, em
2006 cerca de 12% da energia necessária na Alemanha foi suprida por fontes de energia
renováveis e conduziram a uma redução de mais de 100 milhões de toneladas de emissões de
C02 [1]. Em Janeiro de 2018, a quota da produção de eletricidade renovável para Portugal
Continental, como se vê na Figura 1.1, centrou-se nos 47,7% equivalente a 2.341 GWh [2].

Figura 1.1 - Balanço da produção de eletricidade de Portugal Continental (Janeiro de 2018) [2]

Atualmente, como resultado de políticas, e estratégias governamentais, a utilização da


energia fotovoltaica nas mais diversas áreas, tem sofrido um aumento considerável. Isto está
aliado as vantagens como: simplicidade de instalação, facilidade de expansão, aumento
gradual da confiabilidade do sistema, redução das perdas por transmissão de energia devido à
proximidade entre geração e consumo e pouca necessidade de manutenção. Além disso, e
mais importante, os sistemas de geração fotovoltaica são fontes silenciosas e não poluentes.

Contudo, o grande desafio das fontes de energia renováveis, incluindo a solar, é a sua
regularidade. Por serem fontes externas, tais como a radiação solar, a velocidade dos ventos,
a força dos mares, as precipitações, entre outras, o seu controlo não depende da influência
humana. Este facto, naturalmente afeta a produção de eletricidade. Na Figura 1.2, é
apresentado um estudo comparativo da evolução da produção de eletricidade por fonte em

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Portugal Continental (Janeiro 2016 a Janeiro de 2018), onde constata-se a irregularidade das
FER.

Figura 1.2 - Evolução da produção de eletricidade por fonte em Portugal Continental (Janeiro
2016 a Janeiro de 2018) [2]

A análise da produção mensal de eletricidade, por fonte, ao longo dos últimos dois anos,
permite constatar um aumento da produção térmica convencional, nos últimos meses, face
aos valores de 2016, como resultado da baixa pluviosidade [2]. É ainda notável, a fraca
participação da fonte solar nos últimos três anos.

Figura 1.3 – Potencial solar de Portugal. (a) Módulos montados horizontalmente (b) Módulos montados
com inclinação otimizada [3]

1.1. Enquadramento

De todas as fontes de energia renováveis disponíveis, a energia solar é a mais abundante,


inesgotável e limpa. Estima-se que a energia solar recebida em menos de uma hora seja
suficiente para cobrir um ano do orçamento mundial de energia [4]. Porém, o grande desafio,
é o aproveitamento desta energia disponível com custos razoavelmente aceitáveis.

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|Capítulo 1 - Introdução
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Uma das formas mais comum para o aproveitamento da energia solar, é a tecnologia
fotovoltaica, que consiste na conversão direta dos raios solares incidentes na superfície
terrestre em eletricidade através das células fotovoltaicas ou agrupamento de células – os
painéis fotovoltaicos. O custo das células solares tem declinado muito nos últimos anos,
tornando a utilização dos painéis fotovoltaicos, muito vulgarizada, fruto dos grandes avanços
tecnológicos e também da produção destes em grande escala. Porém, mais da metade do
custo dos sistemas PV não está relacionado com o custo das células em si, mas com o custo do
sistema de balanço (BOS, balance-of-system) tais como inversores, baterias, quadros,
trabalho civil de instalação e a cablagem [5]. Esforços estão sendo feitos para reduzir os
custos do BOS.

Por este facto, surgem os sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios, ou mais conhecidos
pelo acrónimo BIPV (Building Integrated Photovoltaics do inglês), que visam colmatar diversos
problemas enfrentados pelos sistemas fotovoltaicos convencionais, relativamente ao peso dos
painéis, as estruturas metálicas de suporte, o espaço requerido para instalação, bem como
suplantar o desafio com a estética dos edifícios. Esta tecnologia tem se tornado numa aposta
cada vez mais crescente para o aproveitamento da energia solar.

Na verdade, como o próprio nome sugere, são dispositivos com capacidade de produção de
energia elétrica fotovoltaica, ao serem diretamente instalados como parte da estrutura dos
edifícios durante ou após a construção. Diferente dos sistemas fotovoltaicos convencionais (os
painéis fotovoltaicos), estes, substituem elementos tradicionais como telhados, fachadas,
paredes, janelas, para produzir eletricidade e garantir de igual forma a função de proteção
contra intempéries.

Porém, por ser uma tecnologia emergente e em constante crescimento, ainda há muito
estudo por se fazer, tais como a eficiência do sistema, a resistência a intempéries, o tempo
de retorno do investimento (playback time), bem como transpor barreiras de índole política,
governamental, arquitetónica, técnica e outras que serão abordadas.

1.2. Motivação

Com o intuito de acompanhar as tendências tecnológicas no campo da energia solar


fotovoltaica, mas concretamente os sistemas BIPV, nos propusemos neste trabalho, a elaborar
um esboço claro sobre as possibilidades de instalação da mesma tecnologia.

Tendo como foco principal a simulação do referido sistema, permitindo organizar um estudo
de viabilidade energética e económica. Sendo que, devido a grande divulgação dos sistemas
fotovoltaicos usando painéis solares, pretende-se trazer com este trabalho, o conhecimento
das vantagens que os sistemas BIPV acarretam e suscitar o interesse nesta tecnologia.

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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1.3. Objetivos do trabalho

A energia renovável pode ser gerada a partir de uma larga variedade de fontes, como o vento,
o sol, a água, a geotermia e a biomassa. Através da crescente utilização destas fontes de
energia, reduz-se significativamente a dependência dos combustíveis fósseis importados e
aumenta-se a sustentabilidade da produção energética.

Para além das estratégias de adoção nacional de planos energéticos a partir das renováveis,
incluindo os sectores industriais e de transporte, é cada vez maior a aposta na utilização
doméstica de parcelas de energia de origem renovável com geração doméstica. Nesta última
situação, a energia fotovoltaica assume particular importância, enquadrando-se numa
filosofia de smarthome/greenhome.

É objetivo principal deste trabalho o estudo dos sistemas de geração de energia a incluir em
sistemas de geração fotovoltaica doméstica por telhas fotovoltaicas ou solares. Pretende-se
analisar e propor um sistema de geração capaz de entregar a energia gerada à rede caso seja
possível, ou suprir uma parcela da demanda requerida. Especial ênfase será dada ao estudo
da viabilidade energética e económica das novas soluções baseadas em telhas solares.

A simulação sob condições reais, mas especificamente na Faculdade de Engenharias da


Universidade da Beira Interior (UBI), visa analisar o sistema para diferentes circunstâncias
meteorológicas, que permitam a produção de energia ao longo de todo ano.

1.4. Estrutura da dissertação

O trabalho está repartido em diversos capítulos, porém conectados. Desde a introdução até
aos anexos são no todo nove secções.

É apresentada na introdução um estudo geral sobre a necessidade energética mundial, bem


como os esforços para diminuir a dependência relativa aos combustíveis fosseis. Sendo que a
solução visada, passa pela exploração cada vez mais acirrada das FER.

No capítulo dois, que aborda o estado da arte da tecnologia fotovoltaica, é exibido uma
análise sobre os componentes que formam os sistemas fotovoltaicos e sua implicação no
sistema. Apresenta-se ainda, uma descrição sobre os diferentes tipos de sistemas
fotovoltaicos.

O estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios é estudado no capítulo


três, onde se infere as implicações relativas a esta tecnologia, bem como a apresentação dos

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|Capítulo 1 - Introdução
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distintos tipos de tecnologias inerentes aos BIPV. Faz-se ainda uma elucidação, sobre as
barreiras enfrentadas por esta, assim como os mecanismos necessários para suplanta-las.

As disposições legais, para a exploração das FER em Portugal, são estudadas no capítulo
quatro, sendo em primeiro lugar mostrada a evolução histórica do interesse de Portugal
quanto a exploração das FER. É posteriormente, analisada a legislação em vigor, que visa
regular a exploração da energia solar por meio de unidades de produção, conhecidas mais
especificamente como UPAC e UPP.

A metodologia para a implementação de um sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica é


estudada no capítulo cinco, com o título “Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados
à rede”. Nesta secção é abordada os fatores inerentes a implementação, dimensionamento
para a instalação tanto de uma UPAC como para uma UPP.

Apegando-se na metodologia elucidada pelo capítulo cinco e levando em consideração vários


pressupostos estudados nos demais capítulos anteriores a ele, é apresentado no capítulo seis
um estudo de caso. Elaborou-se a implementação simulada de um sistema BIPV a base de
telhas fotovoltaicas no telhado da Faculdade de Engenharias – UBI. Consistindo esta
simulação, na análise da viabilidade energética deste sistema. É também apresentado um
estudo de viabilidade económica, com o desígnio de avaliar se sua implementação é viável.

Os resultados obtidos, são organizados no capítulo sete, onde acredita-se, poder apresentar
conclusões satisfatórias. O capítulo oito apresenta as referências bibliográficas citadas ao
longo do trabalho servindo de base para toda esta investigação. Finalmente é visto pelo
capítulo nove, diversos anexos uteis para compreensão dos diversos assuntos abordados.

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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CAPÍTULO

2
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Estado da arte da
tecnologia
fotovoltaica

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|Capítulo 1 - Introdução
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2. Estado da Arte da tecnologia fotovoltaica

2.1. Introdução

O recurso solar, pode ser aproveitado de diversas formas para diversas aplicações, todavia a
mais comum é a produção de eletricidade. A maneira convencional de converter a radiação
solar em eletricidade de forma direta é através de células fotovoltaicas. Estas são
constituídas por materiais semicondutores que apresentam uma característica peculiar – o
aumento do nível de condução com o aumento da temperatura.

Os fotões, minúsculas partículas da radiação solar, ao incidirem sobre a superfície da célula,


transferem a sua energia para os eletrões nela contidos, desencadeando um fluxo de eletrões
para a banda de condução. Este fenómeno é denominado de efeito fotovoltaico.

A produção de eletricidade por meios de células, é na ordem de alguns volts (0,5 – 0,6 V), por
este motivo, para a produção em grande escala seja de corrente ou de tensão faz-se o
agrupamento de células em série ou paralelo, dependendo da necessidade (conforme
estudado mais adiante) ao que chamamos de painel/módulo fotovoltaico. Este, pode ser
considerado como uma unidade básica de uma instalação de grande porte. Cada painel e
ligado de forma a fornecer as tensões em corrente continua adequadas ao sistema. Para
sistemas com baterias, as tensões típicas de trabalho são 12 V, 24 V e 48 V enquanto para
sistemas ligados à rede variam entre 200 V e 600 V.

A energia solar fotovoltaica (PV) tem vindo nos últimos anos a tornar-se uma alternativa para
a produção de energia elétrica no futuro. A sua produção tem tido um crescimento de tal
dimensão a nível global, que, acredita-se, poderá ser um dos principais recursos energéticos
do planeta nos próximos anos.

Este crescimento tem sido cada vez mais visível. Segundo a REN21, durante o ano 2016, pelo
menos 75 GW foi adicionado da capacidade de energia solar fotovoltaica em todo o mundo, o
equivalente a instalação de mais de 31.000 painéis solares a cada hora. Maior capacidade de
PV solar foi instalado em 2016 (até 48% em relação a 2015) do que a capacidade cumulativa
do mundo até cinco anos antes. No final do ano, a capacidade de PV solar global atingiu pelo
menos 303 GW [6]. A Figura 2.1, ilustra esta realidade. Este incremento da produção de
energia PV é justificável, pois, o potencial solar a nível global é bastante elevado, como
claramente se constata na Figura 2.2, sendo as zonas sinalizadas com cores quentes, as que
apresentam maior potencial energético.

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|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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Figura 2.1 – Capacidade global em PV e adições anuais, 2006 – 2016 [6]

Figura 2.2 – Potencial solar a nível global [7]

Em 2016, pelo quarto ano consecutivo, a Ásia eclipsou todos os outros mercados, sendo
responsável por cerca de dois terços das adições globais. Os cinco principais mercados,
nomeadamente a China, Estados Unidos, Japão, Índia e Reino Unido, representaram cerca de
85% das adições, como ilustram as Figuras 2.3 e 2.4 respetivamente. Enquanto a China
continuou a dominar tanto o uso como o fabrico de PV solar, mercados emergentes em todos
os continentes começaram a contribuir significativamente para o crescimento global.
Salienta-se que em 2016, todos os continentes tinham instalados, pelo menos 1 GW,
aproximadamente 24 países tinham 1 GW ou mais de capacidade, e, pelo menos, 114 países
tinham mais de 10 MW [6].

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Figura 2.3 - Capacidade global PV por país, 2016 [6]

Figura 2.4 - Capacidade global PV e adição para os 10 melhores países, 2016 [6]

A energia PV desempenha um papel importante na geração de eletricidade em vários países.


Em 2016, representou 9,8% da geração líquida nas Honduras e supriu 7,3% da procura de
eletricidade na Itália, 7,2% na Grécia e 6,4% na Alemanha. Pelo menos 17 países (incluindo
Austrália, Chile, Honduras, Israel, Japão e vários na Europa) tinham capacidade fotovoltaica
solar suficiente no final de 2016 para atender a 2% ou mais de sua demanda de energia
elétrica.

Mesmo com o crescimento da demanda em 2016, o ano trouxe reduções de preços sem
precedentes para os módulos, inversores e estruturas do sistema. Devido a aumentos ainda
maiores na capacidade de produção, o preço do módulo baixou consideralvente. No entanto,
os desafios permanecem, com a exploração da energia solar fotovoltaica ainda vulnerável às

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|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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mudanças políticas ou medidas para proteger os combustíveis fósseis nalguns países [6]. A
seguir, é estudado, a tecnologia por detrás da exploração da energia proveniente do sol.

2.2. Células Fotovoltaicas

A célula fotovoltaica é a unidade básica de um sistema fotovoltaico. É responsável pela


conversão da radiação solar em eletricidade [8]. Em contraste com a geração solar térmica-
elétrica, a energia solar é diretamente convertida em energia elétrica [9], através da sua
utilização.

As células fotovoltaicas convencionais consistem, em essência, de uma junção entre duas


camadas finas de materiais semicondutores análogos, conhecidos respetivamente como
semicondutor tipo p, e semicondutor tipo n [10],como se ilustra na Figura 2.5.

Figura 2.5 - Constituição de uma célula fotovoltaica de silício [11]

Os materiais classificados como semicondutores, caracterizam-se por terem uma banda de


valência totalmente preenchida por eletrões e uma banda de condução totalmente vazia a
temperaturas muito baixas [12], como ilustra a Figura 2.6. Estas duas bandas de energia são
separadas por uma zona chamada de gap de energia (banda proibida), com valor em torno de
1 eV nos semicondutores e vários eV nos materiais isolantes [8][9].

Isto dá aos semicondutores características especiais. Uma delas é o aumento de sua


condutividade com o aumento da temperatura, devido à excitação térmica dos portadores,
havendo passagem de mais eletrões da banda de valência para a banda de condução.

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Figura 2.6- Gap de energia nos semicondutores [13]

As células fotovoltaicas são constituídas por semicondutores como: silício, arseneto de gálio,
telureto de cádmio ou disseleneto de cobre e índio [8]. Entretanto, a tecnologia mais
difundida e comercializada atualmente é a de silício.

Os átomos de silício caracterizam-se por terem quatro eletrões de valência que interagem
com os átomos vizinhos, formando uma rede cristalina; neste caso não existem eletrões
livres, ou seja, não há passagem de corrente elétrica. Para que ocorra a circulação de
eletrões é necessário introduzir o conceito de dopagem – processo de inserir no cristal puro
de silício minúsculas quantidades de impurezas.

Os semicondutores do tipo-n são formados através da dopagem do cristal de silício com


impurezas que possuam 5 eletrões na sua camada de valência, tais como os elementos arsênio
e fósforo (mais usado [10]). Nessa interação, um desses eletrões ficará livre, permitindo que
este salte para a banda de condução, à custa de pouca energia térmica. O excesso de
eletrões torna o semicondutor carregado negativamente. As Figuras 2.7 e 2.8, ilustram a
diferença entre as ligações do cristal puro e o cristal dopado com fósforo.

Figura 2.7 - Cristal de silício puro [13]

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|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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Figura 2.8 - Cristal de silício dopado com fósforo [13]

De forma semelhante, os semicondutores do tipo-p, são formados através da dopagem do


cristal de silício com materiais como o alumínio ou boro (mais usado), que possuem 3 eletrões
de valência. Na interação entre os materiais faltará um eletrão para criar uma ligação
covalente. Esta falta de eletrões são chamadas de lacunas, que podem ser consideradas como
equivalentes a partículas carregadas positivamente [10], já que com pouca energia um
eletrão vizinho pode ocupar o espaço, deixando uma lacuna na sua posição anterior, fazendo
com que haja movimentação da lacuna. O défice de eletrões torna o semicondutor carregado
positivamente. Tal fenómeno é ilustrado na Figura 2.9.

Figura 2.9 - Cristal de Silício dopado com boro fonte [13]

À temperatura ambiente, existe energia térmica suficiente para que praticamente todos os
eletrões livres em excesso dos átomos de fósforo estejam livres, bem como as lacunas criadas
pelos átomos de boro estejam aptas a deslocar-se.

Entretanto, a união de ambos os tipos de semicondutores (tipo-n e tipo-p), forma aquilo a que
se chama de junção pn. Nesta junção, os eletrões livres do lado n passam para o lado p onde
encontram as lacunas preenchendo-as; isso provoca uma acumulação de eletrões no lado p,
tornando-o negativamente carregado e uma redução de eletrões do lado n, que o torna
eletricamente positivo (como se vê na Figura 2.10). O aprisionamento das cargas origina um
campo elétrico permanente E perpendicular a junção e que dificulta a passagem dos eletrões
remanescentes do lado n para o lado p.

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Figura 2.10 - Junção pn ilustrando onde ocorre a acumulação de cargas

O processo descrito, cria uma região, chamada de região de depleção, cuja largura depende
da quantidade de dopagem aplicada [9].

2.2.1. Efeito Fotovoltaico

Uma propriedade fundamental para as células fotovoltaicas é a possibilidade de existência de


fotões, na faixa visível do espetro da radiação eletromagnética, com energia superior ao gap
do material, que possam excitar eletrões para a banda de condução [8][9].

Quando a luz incide sobre a célula fotovoltaica, os fotões chocam com outros eletrões da
estrutura do silício fornecendo-lhes energia e transformando-os em condutores, Figura 2.11.
Por meio de um condutor externo, ligando a camada negativa à positiva, gera-se um fluxo de
eletrões (corrente elétrica). Enquanto a luz incidir na célula, manter-se-á este fluxo. A
intensidade da corrente elétrica gerada variará proporcionalmente com a intensidade da luz
incidente [14].

É importante ressaltar que uma célula fotovoltaica não armazena energia elétrica. Apenas
mantém um fluxo de eletrões num circuito elétrico enquanto houver incidência de luz sobre
ela [14].

Figura 2.11 - Efeito Fotovoltaico [15]

Entretanto, alguns dos eletrões libertados são recombinados, se não forem capturados. Além
disso, nem todo o espetro da radiação é aproveitado. Os fotões com energia superior ou
inferior àquela que é necessária geram calor desnecessário, que diminui a eficiência da célula
fotovoltaica.

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|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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2.2.2. Tipos de Células

A tecnologia das células PV tem sido classificada em três gerações, tendo em conta o material
de base utilizado, o tempo de vida e, consequentemente, a sua maturidade no mercado.

A primeira geração, dividida em duas categorias, de acordo com as tecnologias de produção


das células, o silício policristalino (p-Si) e o silício mono-cristalino (m-Si), são consideradas
tecnologias estabelecidas e confiáveis e têm a melhor eficiência de conversão,
comercialmente disponível. A segunda geração, também conhecida como filme fino, é mais
difícil de ser encontrada no mercado, tendo uma baixa participação, quando comparada com
os modelos de primeira geração. Inclui normalmente três famílias principais: 1) silício amorfo
(a-Si); 2) telureto de cádmio (CdTe); 3) disseleneto de cobre-índio (CIS) e disseleneto de
cobre-índio-gálio (CIGS). Embora apresentem menor rendimento, possuem diversas vantagens,
tais como o baixo custo de instalação e a flexibilidade física que este tipo de material
apresenta, o que permite a sua fácil aplicação em materiais flexíveis [16].

Na terceira geração existe uma certa ambiguidade na definição de quais as tecnologias são
englobadas, embora haja uma tendência de incluir tecnologias orgânicas, pontos quânticos
(PQs), células tandem/multijunção, células de portadores quentes (hot carriers) e células
solares sensibilizadas por corantes (DSSC). Uma definição útil para a terceira geração de
células solares é a seguinte: são células que permitem uma utilização mais eficiente da luz
solar do que as células baseadas num único band-gap eletrónico. De forma geral, a terceira
geração deve ser altamente eficiente, possuir baixo custo/watt e utilizar materiais
abundantes e de baixa toxicidade. Estas células de terceira geração, embora ainda careçam
de uma maior eficiência de conversão, exibem grande potencial e diversas vantagens sobre as
tecnologias já estabelecidas [17].

Os semicondutores mais apropriados à conversão da luz solar são os mais sensíveis, ou melhor,
aqueles que geram o maior produto corrente-tensão para a luz visível, já que a maior parcela
da energia fornecida pelos raios solares está dentro da faixa visível do espectro [12]. A seguir,
são distinguidos os principais tipos de células fotovoltaicas, que correspondem à primeira e à
segunda geração.

i) Silício monocristalino (m-Si)

É o material mais usado na composição das células fotovoltaicas, também utilizado na


fabricação de circuitos integrados para a microeletrónica. As células feitas com este material
são historicamente as mais utilizadas e comercializadas como conversores diretos de energia
solar em eletricidade [12], atingindo cerca de 60% do mercado. A uniformidade da estrutura

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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molecular resultante da utilização de um cristal único é ideal para potencializar o efeito


fotovoltaico [18][19].

Uma das formas de se obter o cristal único de silício é através do método Czochralski1.
Durante esse processo, uma semente de cristal de silício é inserida, através de uma haste,
numa caldeira com silício policristalino fundido e, enquanto o conjunto gira lentamente, essa
haste com a semente puxada lentamente. Os átomos vão sendo orientados e cristalizados
numa única formação cristalina, e por isso o nome: monocristal [8].

O facto do processo ser já bastante conhecido e a pureza do material, garante alta


confiabilidade e alta eficiência no produto obtido [12]. O rendimento máximo atingido em
laboratório ronda os 24%, o qual em utilização prática se reduz para cerca de 15% [18][20].
Devido às quantidades de material utilizado e à energia envolvida no fabrico, esta tecnologia
apresenta sérias barreiras para a redução de custos, mesmo em grandes escalas de produção
[12][18].

ii) Silício policristalino (p-Si)

Estas células são fabricadas a partir do mesmo material que as descritas anteriormente,
porém, ao invés de formarem um único grande cristal, o material solidificado obtém-se em
forma de um bloco composto de muitos pequenos cristais. A partir deste bloco são obtidas
fatias e fabricadas as células [12]. As várias interfaces ou descontinuidades da estrutura
molecular dificultam o movimento de eletrões e encorajam a recombinação com as lacunas, o
que reduz a potência de saída. Em contrapartida, o processo de fabrico é mais barato do que
o processo para a obtenção do silício monocristalino [18], usando menos energia. Na prática,
os produtos disponíveis alcançam eficiências muito próximas das oferecidas em células
monocristalinas [12][20].

iii) Células de silício amorfo (a-Si)

São obtidas pela deposição de finas camadas de silício microcristalino sobre vidro, plásticos
ou metal. A sua eficiência na conversão da luz solar em eletricidade varia entre 6 à 8%, sendo
as células de silício as com rendimento mais baixo. Entretanto, para temperaturas elevadas,
são células que menos variam a sua eficiência [20][21]. Apresentam uma composição
diferente das demais estruturas cristalinas, devido ao alto grau de desordem que apresentam
na estrutura dos átomos.

1
Czochralski, é um método de cultura de cristais, utilizado na produção industrial de monocristais de
uma diversidade de materiais cristalinos os quais se desejam elevada pureza e cristais isentos de
defeitos. Foi descoberto pelo cientista polaco Jan Czochralski em 1916, e dado o nome em sua
homenagem.

19
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
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Este tipo de células já é utilizado há bastante tempo em equipamentos como calculadoras,


relógios e outros produtos onde o consumo elétrico é baixo, uma vez que a sua eficiência de
conversão é baixa comparadas com células monocristalinas ou policristalinas. Além disso estas
células são, em regra geral, afetadas por um processo de degradação induzida pela luz logo
nos primeiros 6 a 12 meses de funcionamento, o que reduz de forma acentuada (15% a 35%) a
sua eficiência ao longo da sua vida útil [22], devido ao Efeito Staebler-Wronski2, até atingir
um valor estável. Porém, por outro lado, o silício amorfo apresenta vantagens que
compensam as deficiências acima citadas, sendo elas:
- Processo de fabrico relativamente simples e barato;
- Possibilidade de fabrico de células com grandes áreas;
- Baixo consumo de energia na produção.

iv) Células de Telureto de Cádmio (CdTe)

Este é um elemento de grande interesse no fabrico de células solares de filmes finos. Em


grande escala, apresentam um custo de produção mais atraente que as células de silício,
embora a sua disponibilidade na natureza esteja bem aquém à do silício.

Tem como vantagem a alta absorção de luz, funcionando bem com radiação difusa, ideal para
regiões com muita nebulosidade. Porém, esta tecnologia tem levantando problemas dada a
toxidade do cádmio, que pode apresentar um risco para o ambiente e para a saúde quando
em estado gasoso [8].

v) Células de Disseleneto de Cobre-Índio (CIS)

Comparadas com outras células de filmes finos (a-Si e CdTe), estas apresentam maior
eficiência, não sendo tão suscetíveis a deterioração por indução da luz como as células de
silício amorfo, no entanto, apresentam problemas de estabilidade quando instaladas em
ambientes quentes e húmidos. Por isso, os painéis fabricados com este tipo de célula devem
apresentar uma boa selagem.

Os preços destes painéis podem-se tornar mais atrativos com a produção em massa se
comparadas com os de silício amorfo. Porém, esta tendência pode estar condicionada ao
facto das reservas de índio, estarem a ser mais exploradas para a produção dos touch-screen
dos smartphones e tablets, comprometendo o uso desse material para a indústria
fotovoltaica.

2
O conhecido Efeito Staebler-Wronski (SWE) é referente as modificações induzidas pela luz nas
propriedades do sílicio amorfo. A densidade de defeito, aumenta com a exposição à luz, desencadeando
um aumento na corrente de recombinação, reduzindo desta feita, a eficiência da conversão dos raios
solares em eletricidade. Em homenagem a David L. Staebler e Christopher R. Wronski, pela descoberta
em 1977.

20
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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vi) Células de Disseleneto de Cobre-Índio-Gálio (CIGS)

As células de CIGS são muito parecidas com as de CIS, constituídas pelos mesmos elementos,
mas com a particularidade de o índio formar uma liga com o gálio, o que permite obter
melhores desempenhos. Devido à sua boa aparência, estas células e as anteriores são
atrativas para a aplicação em edifícios. No entanto, estas duas apresentam problemas com a
toxicidade e a pouca abundância dos componentes. Permitem obter um bom desempenho
quando comparadas com as CIS, chegando aos 12% de eficiência de conversão [23].

A Tabela 2.1 apresenta um resumo comparativo das características dos diferentes tipos de
células fotovoltaicas. Nota-se facilmente que as células monocristalinas lideram na eficiência,
entretanto, devido ao custo elevado relativo ao seu processo de fabrico, outros tipos de
células têm-se tornado úteis, principalmente a policristalina.

Tabela 2.1 – Comparação das características dos diferentes tipos de células [4]

Eficiência Área/ 1
Células Vantagens Desvantagens
Módulo (%) kWp (m2)
m-Si 15 - 18 7-9 Mais eficiente; facilmente disponível no mercado; Muito cara; muita
altamente padronizado quantidade de silício no
processo produtivo
p-Si 13–16 8-9 Menor energia e tempo necessário para a Um pouco menos eficiente
produção; custo reduzido; facilmente disponível no que os módulos
mercado; altamente padronizado monocristalinos

a-Si 6–8 13 - 20 As temperaturas altas e sombreamento afetam Mais área requerida para a
pouco o seu desempenho; necessita menos silício mesma saída de potência
para a produção.

CdTe 9 – 11 11 - 13 As temperaturas altas e sombreamento afetam Mais área requerida para a


pouco o seu desempenho; necessita menos silício mesma saída de potência
para a produção.

CIS 10 - 12 9 - 11 As temperaturas altas e sombreamento afetam Mais área requerida para a


pouco o seu desempenho; maior potencial de mesma saída de potência
corte de custos.

CIGS 12 - 13 9 - 10 As temperaturas altas e sombreamento pouco Mais área requerida para a


afetam o seu desempenho; maior potencial de mesma saída de potência
corte de custos.

2.2.3. Curvas características das células fotovoltaicas

O correto dimensionamento de um sistema de produção fotovoltaico depende extremamente


do conhecimento das curvas características das células fotovoltaicas fornecidas pelos
fabricantes. Estas curvas são importantes para se definirem as melhores condições de
funcionamento do sistema.

21
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________

A representação típica da característica de saída de um equipamento fotovoltaico (célula,


painel) denomina-se de curva de corrente-tensão [20]. A Figura 2.12 mostra uma curva I-V
típica de uma célula. Para cada condição de carga acoplada aos terminais da célula, obtém-se
um par de valores I-V. Unindo-se os pontos traça-se a curva I versus V.

Figura 2.12 - Curva característica I-V de uma célula fotovoltaica [21]

Analisando a curva, verifica-se que a corrente se mantém constante desde o curto-circuito


(U=0 V), até um determinado valor da resistência da carga, diminuindo o valor da corrente.
Em circuito aberto a corrente é nula e a tensão máxima (U=0,6 V) [20][21]. Recorrendo a uma
resistência variável (potenciómetro), pode-se determinar os restantes valores da curva.

O ponto da curva I-V onde o produto destas duas grandezas é máximo, chama-se MPP
(Maximum Power Point), tal como apresentado na Figura 2.13, e corresponde à máxima
potência produzida pela célula/painel. Os valores da corrente e tensão que originam este
valor de potência máxima são designados, respetivamente, por I MPP e UMPP [20].

Figura 2.13 - Parâmetros de potência máxima de uma célula fotovoltaica [24]

22
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

O sistema produtor fotovoltaico a funcionar sempre no ponto ótimo de máxima potência


(MPP), para cada valor de radiação solar, conduz sempre à maior eficiência do sistema. De
referir que quanto maior for a radiação solar ao longo do dia, maior será a curva de máxima
potência, geralmente verificada em dias de Verão.

A Figura 2.14 a seguir, apresenta as curvas P-V, de um painel fotovoltaico típico, em função
das diferentes radiações incidentes.

Figura 2.14 - Curvas características P-V de um painel fotovoltaico típico em função da radiação solar
[21]

2.2.4. Fatores que influenciam o desempenho de uma célula


fotovoltaica

Os principais fatores que influenciam diretamente o desempenho de uma célula ou painel


fotovoltaico, são:
- Intensidade da radiação solar incidente;
- Temperatura de operação.

i) Intensidade da radiação solar incidente

A intensidade da radiação solar muda a cada instante em função da rotação da terra e da sua
translação à volta do sol. Quando se adquire um painel fotovoltaico de, por exemplo, 58 Wp,
significa que este painel disponibilizará 58 Watts quando na superfície da terra incidirem 1000
W/m2 (valor de referência). A corrente gerada pelo painel será máxima quando a incidência
de radiação for máxima [20].

23
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________

Com menores intensidades de radiação solar (dias nublados, por exemplo), a corrente
produzida diminuirá na mesma proporção. A redução na tensão de circuito aberto (Voc), no
entanto é pequena. A Figura 2.15, apresenta a curva característica I-V de uma célula ou
painel fotovoltaico para diversas intensidades de radiação solar incidente [4].

Figura 2.15 - Variação da curva I-V com a radiação incidente de uma célula típica de silício cristalino
[25]

A eficiência de conversão de uma célula ou painel fotovoltaico varia muito pouco com a
radiação solar. A Figura 2.16, por exemplo, mostra a eficiência de uma célula em função do
nível de radiação solar. Observa-se que para uma ampla faixa de radiação solar a eficiência é
praticamente constante [4].

Figura 2.16 - Rendimento de uma célula fotovoltaica vs radiação solar [4]

ii) Temperatura de operação

A temperatura é um parâmetro importante uma vez que, estando as células expostas aos
raios solares, o seu aquecimento é considerável. Além disso, boa parte da incidência solar
absorvida não é convertida em energia elétrica, mas sim dissipada sob a forma de calor [20].

24
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

As células fotovoltaicas que compõem um painel sofrem variações de temperatura em função


do nível de radiação solar incidente e da temperatura ambiente, Figura 2.17. Com o aumento
da temperatura da célula, a corrente de curto-circuito Icc aumenta, enquanto a tensão de
circuito aberto Voc diminui, o que provoca consequentemente uma alteração na potência
entregue pelo painel [20].

Figura 2.17 - Variação da curva I-V com a temperatura de uma célula típica de silício cristalino [25]

Da Figura 2.17 podemos concluir que [26]:


- A potência de saída decresce com o aumento da temperatura.
- A tensão de circuito aberto decresce com o aumento da temperatura
- A corrente de curto-circuito varia muito pouco com a temperatura, sendo esta variação
habitualmente desprezada nos cálculos.

2.2.5. Modelos matemáticos das células fotovoltaicas

No domínio do estudo dos equipamentos fotovoltaicos, é habitual representar os


equipamentos através de circuitos equivalentes, com o objetivo de estudar o comportamento
dos mesmos. Para se perceber o comportamento de um módulo fotovoltaico, é imprescindível
conhecer o modelo matemático de uma célula, já que normalmente o módulo é composto por
várias células ligadas em série sob diferentes condições de funcionamento. Uma célula PV é
na forma mais básica, uma junção pn, com a particularidade, de que, na ausência da radiação
solar se comportar como um díodo. No entanto, considerando a existência da radiação solar
surge a necessidade de somar uma outra corrente - a corrente fotovoltaica, Ipv, dependente
da radiação incidente e da temperatura operacional da célula. A seguir são tidos em
consideração os modelos mais comuns da literatura. Sendo, o modelo de um díodo o mais
utilizado por garantir o compromisso entre simplicidade e precisão, porém, para alguns
autores, o modelo de dois díodos é o modelo adotado, com o objetivo de se obter melhor
precisão.

25
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________

2.2.5.1. Modelo ideal

O modelo elétrico que representa uma célula fotovoltaica ideal é mostrado na Figura 2.18,
onde a fonte de corrente IPV representa a corrente elétrica unidirecional gerada pelo feixe de
radiação luminosa, constituída por fotões, ao atingir a superfície ativa da célula (efeito
fotovoltaico), cuja amplitude depende da radiação incidente. A junção pn funciona como um
díodo que é atravessado por uma corrente interna unidirecional ID, que depende da tensão V
aos terminais da célula [18][27][28].

A curva caraterística corrente-tensão (I-V) deste circuito depende do valor de IPV e da


densidade de corrente ID que flui internamente através da junção semicondutora da célula
ideal, para uma determinada temperatura T e uma tensão V aos seus terminais [29]. A
expressão (2.1) resulta da aplicação das leis de Kirchhoff ao circuito da Figura 2.18.

Figura 2.18 – Circuito equivalente para o modelo ideal [30]

(2.1)

A corrente ID que circula pelo díodo é expressa em (2.2). A tensão térmica Vt, é dada pela
expressão (2.3).

(2.2)

(2.3)

onde V é a tensão do circuito, Is é a corrente de saturação do díodo, a é o fator de idealidade


do díodo (ideal: a=1; real: a  1), q é a carga elétrica do eletrão (1,6x10-19 C), K é a constante
de Boltzmann (K = 1,38x10-23 J/K) e T a temperatura absoluta da célula em kelvin (0 ºC =
273,16 K). A corrente inversa de saturação do díodo IS é expressa em (2.4).

(2.4)

26
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

sendo Egap a banda proibida do material semicondutor e C o coeficiente de temperatura. Para


o silício cristalino Egap = 1.124 eV = 1.8E-19 J e para o silício amorfo Egap = 1.7 eV =
2.72370016E-19 J.

A corrente gerada (IPV), a tensão de circuito aberto (VOC), a tensão (VMPP) e corrente (IMPP) na
máxima potência são funções da temperatura (T) e da radiação solar (G), e podem ser
representadas pelas seguintes expressões (2.5) a (2.8) [30]:

(2.5)

(2.6)

(2.7)

(2.8)

onde IPV,STC, TSTC e GSTC representam respetivamente os valores da corrente gerada, da


temperatura e da radiação nas condições padrão de teste (Standard Test Conditions - STC).
Nestas condições a temperatura é 25ºC, a radiação é 1000 W/m2 e a massa do ar é 1,5 kg/m3.
Os símbolos T e G representam respetivamente a temperatura e radiação no instante de
produção da corrente, i é o coeficiente de variação da corrente com a temperatura e, v
representa o coeficiente de variação da tensão com a temperatura [30].

Substituindo (2.2) em (2.1), obtém-se a característica I-V do modelo ideal da célula


fotovoltaica representada pela expressão (2.9) [18][30].

(2.9)

Este modelo apresenta três parâmetros IPV, a e IS. Entretanto, o modelo ideal da célula
fotovoltaica é apenas usado para explicar os conceitos fundamentais, mas não é utilizado na
simulação do comportamento real das células fotovoltaicas.

2.2.5.2. Modelo de um díodo

Para introduzir um modelo das células fotovoltaicas mais próximo da realidade, a resistência
dos elétrodos e a resistência ao fluxo da corrente são tidas em consideração e modeladas
como uma resistência em série denotada por RS na saída, caracterizando as perdas de

27
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________

condução [30][31]. Afim de considerar as correntes de fuga da junção pn, uma resistência em
paralelo RP com o díodo é também incluída neste modelo. O modelo resultante é mais
comumente usado graças à sua relação entre precisão e simplicidade. Não obstante, para
baixos valores de radiação, não se considera ser suficiente a sua precisão.

Assim, a célula fotovoltaica é modelada por uma fonte de corrente IPV, cujo valor depende da
variação da radiação solar e da temperatura do painel, por um díodo D em paralelo com a
fonte de corrente cuja característica varia em função da temperatura da célula e da carga
aplicada, por uma resistência RP em paralelo com o díodo que caracteriza as correntes de
fuga e, finalmente, por uma resistência RS na saída que caracteriza as perdas de condução
[27][31] [32].

A figura 2.19 apresenta o circuito equivalente deste modelo e sua característica I-V é dada na
expressão (2.10), sendo um modelo de cinco parâmetros: IPV, a, IS, RS e RP.

Figura 2.19 – Modelo de um díodo [30]

(2.10)

Deve-se notar que todos os parâmetros do modelo da célula fotovoltaica são dependentes das
condições ambientais. A dependência da IPV já foi enunciada na expressão (2.5). A
dependência dos outros parâmetros pode ser representada pelas expressões (2.11) a (2.14)
[30][33]:

(2.11)

(2.12)

(2.14)

(2.15)

28
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

onde IS,STC, RS,STC, RP,STC e aSTC são respetivamente a corrente de saturação do díodo, a
resistência em série, a resistência em paralelo e o fator de idealidade do díodo nas condições
padrão de teste.

2.2.5.3. Modelo de dois díodos

Este modelo descreve com maior exatidão os fenómenos físicos ao nível da junção pn. Um
díodo (D1) representa a corrente de difusão na junção, enquanto o outro díodo (D2) é
adicionado para representar o efeito de recombinação na região de depleção. A vantagem
deste modelo é permitir uma melhor precisão para baixos valores de radiação, diferindo do
anterior em apenas mais um diodo. Carateriza-se por sete parâmetros IPV, RS, RP, a e IS do
primeiro díodo, a e IS do segundo díodo. O modelo é apresentado na Figura 2.20, e a sua
característica I-V é dada pela expressão (2.16) [28][30][34].

Figura 2.20 - Modelo com dois díodos [30]

(2.16)

A corrente de saturação IS2, é dada pela expressão (2.17). A expressão para calcular a
corrente de saturação IS1 é dada em (2.4).

(2.17)

2.2.5.4. Outros modelos das células fotovoltaicas

Além dos modelos anteriormente mencionados, existem ainda outros modelos para as células
fotovoltaicas que têm sido introduzidos, tais como: modelo de três díodos [35][36], modelo
multidíodo [37], modelo bishop [38], entre outros. Entretanto devido à grande complexidade
destes modelos, a sua aplicação para a simulação de células fotovoltaicas é muito limitada.

2.2.6. Eficiência e Fator de Forma

Um dos parâmetros muito importante das células fotovoltaicas é a sua eficiência. Esta
representa o quociente entre a energia fornecida pela célula e a radiação solar incidente na
célula. É dada pela expressão (2.18), e expressa em percentagem (%):

(2.18)

29
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________

em que:
A – Área da célula em m2
G – Radiação solar incidente por unidade de superfície em W/m2

A eficiência pode ser influenciada por alguns fatores, tais como:


- Perdas causadas pelas resistências internas;
- Perdas por recombinação dos eletrões e lacunas;
- Eficiência termodinâmica, resultante das perdas por efeito de Joule que ocorrem do fluxo
de corrente na célula no processo de conversão de energia. Por consequência, a energia
obtida num período de tempo é reduzida;
- Perdas por reflexão.

Outro parâmetro que se deve ter em consideração, é o fator de forma (FF), que é o quociente
entre a potência máxima da célula e o produto de V OC e ICC. É um parâmetro que nos indica a
qualidade da célula solar, e calcula-se através da expressão (2.19) [20][28].

(2.19)

O FF tem valor inferior à unidade, normalmente entre 0,7 e 0,8 para células de silício
cristalino e entre 0,5 e 0,7 para células de silício amorfo [8]. Sendo que nem sempre este
dado é fornecido pelo fabricante. A Figura 2.21 ilustra o cálculo do fator de forma.

Figura 2.21 - Definição do fator de forma [39]

Quanto melhor a qualidade das células no painel, mais próxima da forma retangular ser sua
curva I-V. A área a tracejado simples corresponde ao produto VOC x ISC, valor sempre acima da

30
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

potência que o painel pode alcançar. A área duplamente tracejada representa o produto VMPP
x IMPP, ou seja, PMPP, a potência máxima do painel. A relação entre as áreas e o valor de FF
[39].

2.3. Painéis/Módulos Fotovoltaicos

Na secção anterior, foram descritas as características das células fotovoltaicas e o modo de


conversão da energia solar em eletricidade. Entretanto, uma única célula, gera entre 0,5 a
0,6 V, equivalente a 2 – 3 W, para células de silício. Para a obtenção de maiores valores de
potência, as células fotovoltaicas são ligadas em série ou em paralelo, formando-se um painel
fotovoltaico. As Figuras 2.22 e 2.23 ilustram a composição de um painel por várias células,
sendo que os painéis são ligados em paralelo. A ligação em paralelo dos painéis (ou módulos),
formando um arranjo (array do inglês) fotovoltaico, permite aumentar a corrente aos
terminais da associação, mantendo a mesma tensão.

Figura 2.22 - Distinção entre célula, painel e arranjo fotovoltaico [40]

Figura 2.23 - Composição de um painel [41]

2.3.1. Ligações série e paralelo em painéis fotovoltaicos

Os painéis com células fotovoltaicas ligadas em série são fabricados para possibilitar um
aumento na tensão de saída, mantendo o valor de corrente igual ao de uma única célula. Os
contactos frontais de cada célula são soldados aos contactos posteriores da célula seguinte,
por forma a ligar o polo negativo (parte frontal) da célula com o polo positivo (parte traseira)
da célula seguinte. Os terminais de início e de fim da fileira (strings) de células são
estendidos para o exterior, tendo em vista a posterior ligação elétrica. Na associação em

31
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________

série, devem ser utilizadas células do mesmo tipo, de forma a minimizar as perdas de
potência no sistema.

Quanto maior o número de células maior será a tensão produzida e consequentemente a


potencia do painel. Os painéis convencionais de silício são formados por 36, 60 ou 72 células,
podendo produzir até 21,6 V, 36 V ou 44 V respetivamente, em circuito aberto. A ligação das
células é ilustrada na Figura 2.24, sendo a tensão do sistema igual ao somatório das tensões
individuais das células.

Figura 2.24 - Ligação em série de células fotovoltaicas [24]

Ao ligar as células em paralelo, as correntes de cada célula somam-se e a tensão do painel é


exatamente a tensão da célula. Na Figura 2.26 ilustra-se a ligação das células em paralelo.
Pelas características típicas das células, este arranjo não é utilizado salvo em condições
muito especiais. Em ambas as ligações, em série ou em paralelo, têm-se em consideração os
limites de tensão e de corrente impostos pelo fabricante.

Figura 2.25 - Ligação em paralelo de células fotovoltaicas [24]

2.3.2. Efeito de sombreamento, díodos bypass e díodos de


bloqueio

As instalações fotovoltaicas, enfrentam diversos problemas de sombreamento, que são


classificados em: i) sombreamento temporário, que advém geralmente da presença de neve,
nuvens, folhas, poeiras ou dejetos de pássaros. Este tipo de sujidade provoca sombras
constantes que têm maior ou menor permanência conforme o ângulo de inclinação dos
módulos; ii) sombreamento inerente à localização, compreende todo o sombreamento
produzido pela envolvente do edifício da instalação, desde outros edifícios, árvores, cabos

32
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

aéreos, entre outros e iii) sombreamento produzido pelo edifício, resulta de sombras
constantes causadas por elementos pertencentes ao edifício da instalação, como chaminés ou
antenas.

Quando uma célula fotovoltaica dentro de um painel, por algum motivo, estiver sombreada,
esta funcionará como uma carga, dissipando a corrente de entrada, fazendo com que a
potência de saída do painel caia drasticamente que, por estar ligada em série, comprometerá
todo o funcionamento das demais células no painel. Isto significa que o MPP irá ser desviado,
havendo assim uma redução da potência comparativamente com um painel não sombreado.
Este efeito pode ter consequências graves tanto na eficiência como na segurança do painel.

Para que toda corrente de um painel não seja limitada por uma célula com pior desempenho
(no caso de estar encoberta), usa-se um díodo de desvio (bypass em inglês). Este díodo serve
como um caminho alternativo para a corrente e limita a dissipação de calor na célula
defeituosa (tal como se ilustra na Figura 2.26). Geralmente, a colocação do díodo bypass é
feito por agrupamentos de células o que torna a configuração muito mais barata, se
comparada com o custo da ligação de um díodo em cada célula. Na prática, os díodos bypass
são colocados em antiparalelo com um conjunto de 18 a 20 células [8].

Figura 2.26 - Díodo bypass em um agrupamento de células [24]

Um outro problema que pode acontecer é quando surge uma corrente negativa fluindo pelas
células ou seja, ao invés de gerar corrente, o painel passa a receber muito mais do que
produz. Esta corrente pode causar queda na eficiência das células e, em caso mais drástico, a
célula pode ser desligada do arranjo, causando assim a perda total do fluxo de energia do
painel. Para evitar esses problemas, usa-se um díodo de bloqueio, como mostra a Figura 2.27,
impedindo assim correntes inversas que podem ocorrer caso o painel seja ligado diretamente
a um acumulador ou bateria. Para painéis fotovoltaicos, constituídos por células com as
mesmas características, recomenda-se o uso de fusíveis de proteção em vez de díodos.

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|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________

Figura 2.27 - Díodo de bloqueio [24]

2.4. Sistemas solares fotovoltaicos

Os sistemas solares fotovoltaicos podem ser categorizados em três principais grupos,


nomeadamente, sistemas isolados ou autónomos, sistemas híbridos e sistemas ligados à rede
elétrica. É apresentada a seguir uma descrição dos mesmos.

2.4.1. Sistemas isolados ou autónomos

Os sistemas isolados ou autónomos, também conhecidos como sistemas Off-Grid, são sistemas
interessantes para situações onde a rede elétrica de serviço público (RESP) não existe, quer
seja por razões técnicas e/ou económicas ou para aplicações em países com baixo
desenvolvimento, onde as infraestruturas elétricas são praticamente nulas. Em menor escala
também podem ser aplicadas em aparelhos eletrónicos, como relógios, calculadoras,
telefones, etc. Os sistemas isolados constituíram o primeiro campo de operação económica da
tecnologia PV.

Estes sistemas podem incorporar o armazenamento ou não da energia. Quando possuem


armazenamento são constituídos normalmente por um conjunto de módulos PV, um
controlador de carga, uma ou mais baterias e um inversor. Os controladores de carga realizam
o controlo da carga das baterias (evitam a sobrecarga e a descarga profunda), as quais devem
ter capacidade suficiente para alimentar a carga na ausência de radiação solar. A presença de
baterias, que podem ser em grande número, aumenta consideravelmente o custo da
instalação. A Figura 2.28 exibe a configuração de um sistema deste género.

Contudo, quando não têm sistemas de armazenamento, a energia produzida pelo sistema PV é
imediatamente consumida pelas cargas em corrente contínua (DC) ou em corrente alternada
(AC). É comum utilizar esta topologia para bombeamento de água, por exemplo. Como não
utilizam baterias para armazenar energia possibilitam custos mais reduzidos e menor
manutenção.

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Figura 2.28 - Sistema solar PV isolado com armazenamento [42]

2.4.2. Sistemas híbridos

Um sistema híbrido consiste na conjugação de um sistema fotovoltaico com outro tipo de


sistema de produção de energia, como é o caso de um sistema com motor-gerador diesel, ou
gás ou mesmo eólico, que se destinam a assegurar a alimentação da carga em situação de
radiação solar insuficiente ou inexistente. A combinação destes sistemas permitirá
potencializar o aproveitamento energético do local como também, caso se justifique, a
diminuição dos painéis fotovoltaicos tornando a solução mais económica. O acoplamento de
distintos sistemas permitirá uma maior fiabilidade e continuidade, podendo estes ter ou não
sistemas de armazenamento. No entanto, estes sistemas têm de possuir equipamentos com
sistemas de controlo mais eficientes quando comparados com os sistemas isolados, o que
poderá tornar a solução inviável. A Figura 2.29, ilustra a configuração deste tipo de sistema.

Figura 2.29 - Sistema solar PV híbrido com armazenamento [43]

2.4.3. Sistemas ligados à rede elétrica

Estes sistemas, normalmente conhecidos como sistemas On-Grid, estão geralmente associados
a unidades de produção para autoconsumo (UPAC), no qual o excesso de produção é injetado
na RESP, bem como a unidades de pequena produção (UPP), as quais injetam a totalidade de
produção na RESP. Em ambas as situações, pretende-se obter uma receita adicional do maior
valor que é pago por cada unidade de energia elétrica injetada. Nos casos da produção

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centralizada, as centrais fotovoltaicas, encontram-se por norma em áreas desertas e


afastadas dos centros urbanos, dada a necessidade de grandes áreas, e por norma a energia é
entregue em média tensão junto à rede de distribuição MT. Na produção descentralizada os
sistemas são normalmente integrados em edifícios ou junto a estes, pois a instalação deve-se
encontrar junto do consumo e a entrega, apesar de ser possível em média tensão, é na grande
generalidade feita em baixa tensão na rede de distribuição BT. A Figura 2.30, ilustra uma
configuração básica deste tipo de sistemas.

Para um local de consumo inerente a uma UPP, toda a energia elétrica necessária provém da
RESP. No entanto, no local de consumo relacionado com uma UPAC, parte da energia elétrica
necessária, ou mesmo a sua totalidade, pode ser proveniente da RESP, caso o sistema PV não
conseguida satisfazer a demanda da carga imposta localmente.

Figura 2.30 - Sistema solar PV ligado à rede elétrica de distribuição de energia [44]

Quer na aplicação para pequena produção de energia quer para a grande produção, os
elementos constituintes que encontramos são de uma forma genérica os mesmos, variando
apenas em quantidade. Esta realidade permite distinguir as pequenas produções das grandes
produções pela sua dimensão, ou seja, pela área de terreno que ocupam. Considera-se em
algumas situações a implementação de um transformador elevador, nomeadamente para
potências de produção consideráveis.

Apesar deste tipo de sistema, em geral, não incluir banco de baterias, estas podem ser
instaladas, bem como um gerador de apoio, de forma a criar um sistema de backup para
garantir o fornecimento de energia à carga caso ocorra insuficiência da radiação solar e/ou
corte da energia fornecida pela RESP. Para os casos em que o excedente de energia é vendido
a rede, é indispensável, nesta topologia, um contador para registar a energia elétrica
vendida, podendo ser ou não ser bidirecional, dependendo de se para além do fornecimento
também for adquirida energia elétrica.

36
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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2.5. Inversores Solares

O inversor solar estabelece a ligação entre o gerador fotovoltaico e a rede AC ou as cargas. A


sua principal tarefa consiste em converter o sinal elétrico D do gerador fotovoltaico num
sinal elétrico e a usta -lo para a frequência e o nível de tensão da rede a ue esta ligado,
para que possa ser utilizada pelos aparelhos elétricos [45]. Existem essencialmente dois tipos
de inversores, nomeadamente inversores ligados à rede (on-grid) e inversores autónomos (off-
grid) que diferem de acordo com o seu funcionamento em relação à forma como fornecem
energia elétrica aos aparelhos consumidores. A seguir, são descritas, as diferentes
configurações dos inversores on-grid e off-grid.

2.5.1. Inversores on-grid

Estes inversores são especificamente construídos para operar na rede e, de forma


automatizada, comportando-se como unidades de controlo do sistema fotovoltaico on-grid.
Como estão permanentemente ligados à rede, devem ser capazes de fornecer a corrente
alternada da maneira mais perfeita possível, além de detetar qualquer anomalia que ocorra
na rede, como flutuações de tensão ou de frequência, e principalmente quedas de tensão
[45].

omo o e variável ao longo do dia, principalmente em função das condições ambientais,


tais como a radiação e a temperatura, os inversores ligados diretamente ao painel
fotovoltaico possuem um seguidor do MPP conhecido como MPPT (Maximum Power Point
Tracking) para maximizar a transferência de energia.

Em sistemas on-grid, os módulos fotovoltaicos são geralmente ligados em série, formando


fileiras (strings em inglês), sendo que, a tensão máxima produzida pela fileira não deve
exceder o valor máximo de tensão do inversor [46]. Este é um fator importante para
determinar a quantidade de strings a acoplar a um inversor. Neste contexto, podem ser
definidas as seguintes configurações de inversores on-grid:

i) Inversor Central

Neste tipo de configuração, todos os módulos que constituem o arranjo fotovoltaico estão
ligados a um único inversor, como apresentado na Figura 2.31. São modelos de grande
dimensão, utilizados somente em grandes centros de produção e que incluam arranjos
fotovoltaicos compostos por um grande número de módulos.

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Figura 2.31 - Inversor central [47]

Os inversores centrais oferecem uma alta eficiência. No entanto a sua utilização e restrita a
módulos com iguais características elétricas e sujeitos a condições de sombreamentos
semel antes. or outro lado, a fiabilidade do sistema fotovoltaico esta limitada pelo facto de
este depender de um inversor que em caso de falha compromete toda a instalação.

ii) Inversor de fileira

Nos sistemas fotovoltaicos de grandes dimensões, compostos por várias fileiras com diferentes
orientações ou sujeitos a diferentes condições de sombreamento, a instalação de um inversor
por cada fileira de módulos permite uma melhor adaptação do MPP às condições de radiação.
Assim, os módulos sujeitos a condições de funcionamento semelhantes (radiação e
sombreamento) devem estar ligados na mesma fileira e esta, por sua vez, ao inversor de
fileira. Em comparação com a configuração de inversores centralizados, apresentam
vantagens como [46]:
 A adaptação individual do MPP de cada fileira permite o aumento da eficiência do
sistema;
 O efeito de ligações defeituosas e reduzido, assim como o efeito associado às
questões de sombreamento (redução de potência máxima do sistema pelo facto de
apenas uma parte se encontrar sombreada);
 m caso de avaria de uma fileira, a energia produ ida nas restantes continua a ser
entregue a rede.

Estes modelos são de baixa potência, com capacidade para operar com até algumas dezenas
de módulos fotovoltaicos, sendo os mais utilizados em aplicações de pequeno porte, como são
as aplicações domésticas. A Figura 2.32, ilustra a configuração de um sistema com inversor de
fileiras.

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Figura 2.32 – Configuração de inversor de fileiras [47]

iii) Micro-inversor

A eficiência global de um sistema fotovoltaico será maior se for garantido o funcionamento


permanente e individual de cada módulo no seu MPP. Assim o módulo fotovoltaico e o
inversor são diretamente ligados, tal como se pode verificar na Figura 2.33. São utilizados
apenas para sistemas de muito baixa potência, entre 50 a 400 W.

Figura 2.33 - Micro-inversor [48]

Esta configuração apresenta a vantagem concernente da sua modularidade, permitindo a


expansão simples do sistema. Apesar do pequeno tamanho, o micro-inversor deve possuir
todas as características de um inversor de fileira, a única diferença é somente o valor da sua
potência. Porém, a grande desvantagem está relacionada com o incremento no custo global
do sistema.

2.5.2. Inversores off-grid

Nos sistemas fotovoltaicos autónomos, off-grid, os inversores são utilizados para possibilitar o
uso de aparelhos elétricos convencionais que requerem alimentação em AC a partir da rede
em DC. Os inversores utilizados nos sistemas autónomos possuem características bastante
diferentes dos inversores utili ados em sistemas ligados a rede e são, por vezes, conhecidos
como inversores para baterias ou inversores autónomos.

39
|Capítulo 2 – Estado da arte da tecnologia fotovoltaica
_________________________________________________________________________________

escol a de um inversor para um sistema deste tipo e feita tendo em conta que a potência
nominal do inversor deve ser suficiente para alimentar as cargas de forma contínua. Estes
inversores devem apresentar características especificas, tais como [49]:
 Gerar uma onda de tensão em AC estável;
 A tensão DC de entrada deve acautelar as variações de tensão na bateria;
 Ser dimensionado de modo a ter capacidade de alimentar continuamente todas as
cargas;
 Capacidade de fornecer correntes de arranque elevadas;
 Elevada eficiência para diferentes condições de carga;
 Fiabilidade elevada;
 Baixa interferência eletromagnética;
 Baixo consumo quando não há carga a ser alimentada.

2.5.3. Inversores híbridos

Os inversores híbridos são aqueles que se usam em instalações fotovoltaicas de autoconsumo


e a sua função principal reside em transformar a corrente contínua em corrente alternada, ao
mesmo tempo que se encarregam de armazenar a energia obtida dos painéis solares nas
baterias. Combinam a tecnologia da energia solar com a rede elétrica integrando da melhor
forma possível ambas as fontes de energia e dando prioridade a cada uma de acordo as
necessidades. Estes sistemas são dotados de grande versatilidade para instalação numa
habitação. São uma grande aposta no futuro das instalações solares de autoconsumo com
baterias.

O inversor híbrido aproveita ao máximo todos os recursos disponíveis e tenta que o excedente
de energia na rede elétrica seja o menor possível, acumulando nas baterias para que se
obtenha consumo mais eficientes.

A principal caraterística deste tipo de inversores é a sua grande versatilidade e a existência


de um banco de baterias que alimenta este inversor. De facto, é possível ao utilizador
parametrizar com relativa facilidade a gestão das fontes de energia que estão ligadas ao
inversor, (fotovoltaica, baterias, RESP, gerador, etc) e definir a sua prioridade de utilização.
Por exemplo pode definir que quando a energia produzida através do gerador fotovoltaico for
suficiente, o inversor alimenta as cargas e se houver excedente de energia, esta ser
canali ada para arma enamento nas baterias e se estas estiverem carregadas o e cesso de
energia e injetado na RESP. Pelo contrário se houver ausência de produção fotovoltaica ou se
esta for insuficiente para alimentar as cargas, poder-se-á usar energia armazenada nas
baterias ou alimentar essas cargas com energia da rede elétrica, como se pode perceber pelo
esquema da Figura 2.34 [50].

40
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

Figura 2.34 - Esquema de funcionamento de um inversor hibrido [51]

No capítulo seguinte, apresentar-se-á um estudo sobre o estado da arte das tecnologias


fotovoltaicas que são integradas em edifícios, onde espera-se conhecer e aprofundar o
conceito BIPV (Building Integrated Photovoltaics), suas vantagens e limitações.

41
42
________________________________

CAPÍTULO

3
________________________________

Estado da arte dos


sistemas fotovoltaicos
integrados em edifícios

43
44
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

3. Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos


integrados em edifícios

3.1. Introdução

O desenvolvimento combinado de células solares em materiais de edifícios elimina a


necessidade de estruturas e materiais de telhado convencionais, enquanto a permutabilidade
facilita sua introdução em casas comuns, bem como aumenta a eficiência do uso do espaço
[5]. São os chamados sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios (BIPV – Building
Integrated Photovoltaic, em inglês) que seguem a evolução das tecnologias das células
fotovoltaicas em geral [52].

No estado da arte do desenvolvimento dos sistemas PV, os BIPV têm-se tornado na mais
promissora e potente tecnologia. Comparados com os sistemas PV tradicionais (não
integrados), os BIPV não só não requerem espaços de alocação extra, suportes e trilhos para
instalação, mas também oferecem instantaneamente eletricidade aos edifícios para alimentar
eletrodomésticos tais como aparelhos de ar condicionado e iluminação [53].

Os BIPV são materiais fotovoltaicos que substituem os materiais convencionais do edifício tais
como telhados e fachadas. São considerados como uma parte funcional da estrutura do
edifício, ou são arquitecturalmente integrados no design do edifício. É uma tecnologia que
transforma edifícios, de consumidores para produtores de energia [54]. Funcionam como um
material que fornece cobertura ao mesmo tempo que produz eletricidade. Além disso, a parte
sombreada de um sistema BIPV pode também ser usada como sombra para os raios solares,
reduzindo a absorção de calor pelo edifício e assim, diminuir o consumo de energia e a
temperatura interna [53]. Isto pode possibilitar a economia nos materiais de construção, mas
obviamente aumenta a preocupação sobre penetrações de água e a durabilidade do produto
BIPV.

Os sistemas integrados podem incluir as propriedades de um elemento de cobertura ou vários,


pois o uso de PV pode substituir uma camada de vidro ou telha que se encontre na fachada ou
telhado do edifício. No entanto, a falta de fluxo de ar por baixo do módulo pode ser um
desafio, para diminuir a temperatura [52].

Embora, as principais zonas do edifício a serem aproveitadas pelo BIPV sejam o telhado e as
fachadas, as áreas a serem cobertas por módulos PV variam de caso para caso. Esta
dependência deve-se, em grande parte, ao facto de as áreas que em geral são pouco

45
|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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iluminadas ao longo do dia serem evitadas, privilegiando as zonas com maior incidência de
raios solares. Se o projeto for subsidiado, os subsídios podem ser concedidos para um
determinado nível de energia produzido e, portanto, o tamanho da área coberta de PV pode
depender disso. Isso pode levar a soluções com apenas alguns módulos fotovoltaicos
distribuídos na estrutura, e, portanto, alguns fabricantes disponibilizam módulos falsos para
possibilitar uma estética consistente no telhado ou na fachada.

3.1.1. Aspetos arquiteturais

Os sistemas BIPV oferecem muitas oportunidades para um design arquitetónico inovador e


podem ser esteticamente atraentes. Os BIPVs podem atuar como dispositivos de
sombreamento e também formar elementos semitransparentes de fenestração [55][56]. As
telhas de silício amorfo podem ser usadas para fazer um telhado BIPV muito parecido com um
telhado de telhas padrão (como mostrado na Figura 3.1), enquanto que, por outro lado,
módulos semitransparentes podem ser usados em fachadas ou telhados de vidro para criar
diferentes efeitos visuais (como mostrado na Figura 3.2). Alguns arquitetos gostam de
apresentar de forma evidente o telhado BIPV, enquanto outros querem que o telhado BIPV
tenha tanto quanto possível o aspeto de um telhado convencional.

Figura 3.1 – Arco curvo com implementação de telhas solares [52]

Figura 3.2 - Telhado de vidro com módulos BIPV transparentes [52]

46
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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3.2. Tipos de tecnologias BIPV

Existe uma grande variedade de produtos BIPV diferentes, que podem ser categorizados de
diferentes maneiras. A principal forma de categorizar é feita com base na forma como o
fabricante descreve o produto, e de acordo com o tipo de material utilizado para ser
combinado com este. As principais categorias são: folhas fotovoltaicas, telhas fotovoltaicas
(ou telhas solares), módulos e vidros fotovoltaicos [57]. Os módulos podem normalmente ser
usados em combinação com vários tipos de material de cobertura. Os vidros fotovoltaicos
podem ser integrados em fachadas, telhados ou em equipamentos de fenestração (ex.
janelas) e oferecem várias soluções estéticas.

3.2.1. Folhas fotovoltaicas

As folhas fotovoltaicas dos BIPV são produtos leves e altamente flexíveis, que permitem
facilmente a instalação em diferentes locais, bem como suprir constrangimentos relacionados
com o peso que a maioria dos telhados normalmente têm. As suas células fotovoltaicas são
frequentemente feitas de filmes finos para manter a flexibilidade e obter maior rendimento a
altas temperaturas. Isso é importante quando se deseja utilizar esta tecnologia em telhados
não ventilados [52][57][58].

Estes produtos apresentam baixo FF devido à sua baixa eficiência e às altas resistências
elétricas das células solares dos filmes finos [58]. Contudo, devido à sua flexibilidade e peso
relativamente baixo, podem ser facilmente aplicados em diferentes superfícies de edifícios. A
Tabela 3.1 apresenta um exemplo de dois produtos de um fabricante, mostrando algumas
características técnicas. Na figura 3.3 pode ver-se exemplos de folhas fotovoltaicas.

Tabela 3.1 – Características de dois produtos BIPV (folhas fotovoltaicas) [52]

 Uoc Isc Pmax Área


Fabricante Produto FF
(%) (v) (A) (W) (mm x mm)
Evalon V Solar 408 138.6 5.1 408/módulo 0.58 1550 x 6000
Alwitra GmbH & Co.
Evalon V Solar 136 46.2 5.1 136/módulo 0.58 1050 x 3360

Figura 3.3 - Exemplo de folhas fotovoltaicas da Alwitra GmbH & Co. usando células de silício amorfo
[57]

47
|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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3.2.2. Telhas fotovoltaicas

As telhas fotovoltaicas podem cobrir todo o telhado ou apenas algumas partes selecionadas.
Geralmente, são agrupadas em módulos com a aparência e propriedades das telhas normais e
substituem um certo número das telhas tradicionais, permitindo assim, uma fácil instalação
nos telhados [52][57][58]. As telhas podem apresentar formatos variados, desde as telhas
mais planas (shingles), até às mais curvadas (tiles). Entretanto, as telhas com características
curvas, embora garantindo a estética, não oferecem a mesma área efetiva para
aproveitamento energético.

As telhas podem ter incorporadas células monocristalinas, policristalinas, de silício amorfo,


dependendo dos níveis de eficiência e flexibilidade desejados. A Tabela 3.2 apresenta
algumas características de produtos de distintos fabricantes. Percebe-se que os produtos da
maior parte dos fabricantes apresentados exibe alto FF, isso porque, as telhas usam células
monocristalinas e policristalinas. A exceção é o produto da SRS Energy que usa células de
silício amorfo, para garantir maior flexibilidade, como se observa na Figura 3.4b).

Tabela 3.2 – Características de produtos de alguns fabricantes de telhas fotovoltaicas [58]

Uoc Isc Pmax Área


Fabricante Produto  (%) FF
(v) (A) (W) (mm x mm)

Solardachstein STEPdesign 23.15 2.40 1.36/célula 0.76 8 unid 100x100


SRS Energy Solé Powertile 6.3 4.6 15.75/módulo 0.54 868x457.2
Lumeta Solar Flat Tile 7.4 5.2 28/módulo 0.73 432x905
Solar Century C21e Tile 20/célula 12 5.55 52/módulo 0.78 1220x420
Suntegra STT 70 15.1 8.30 9.09 70 16 unid 520x160
Dyaqua Invisible solar 9.7/célula 7.48 0.76 4.5/módulo 0.79 6 unid 455x180

Figura 3.4 - Exemplos de telhas fotovoltaicas. a) Solardachstein, p-Si; b) SRS Energy, a-Si; c) Lumeta,
m-Si; d), Solar Century, m-Si; e) Suntegra, m-Si e f) Dyaqua, m-Si.

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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3.2.3. Módulos BIPV

Esta tecnologia é utilizada nas coberturas ou fachadas dos edifícios em substituição dos
materiais convencionais. São apresentados no mercado com algumas semelhanças com os
módulos PV convencionais, porém com a diferença de serem melhor preparados para lidar
com as intempéries que afetam a cobertura e fachada dos edifícios.

Estes, são uma forma inovadora de incorporar a tecnologia solar nos edifícios, combinando de
forma coerente design e tecnologia, sem esquecer a parte ecológica. Fornecem um excelente
isolamento acústico e térmico, produzindo ao mesmo tempo energia solar, sendo ainda feitos
à medida e incorporados no projeto de forma vertical, horizontal ou angular, aumentando
assim a facilidade de instalação. Na Tabela 3.3 está exibida as características de alguns
módulos BIPV de três fabricantes. O FF para estes módulos é alto, por se tratar de tecnologias
monocristalinas e policristalinas. As Figuras 3.5a) e 3.5b) mostram exemplos de aplicação
destes módulos.

Tabela 3.3 – Caraterísticas de produtos de alguns fabricantes de módulos fotovoltaicos

Uoc Isc Pmax Área


Fabricante Produto  (%) FF
(v) (A) (W) (mm x mm)

Solar Innova GG-M125-36 13.92 22.28 5.23 90 0.73 1189x535x25


Suntech MSZ-190J-D 45.2 5.62 190 0.75 1641x834.5x33
Creaton AG Creaton Solesia 13.86 8.46 90 0.77 1778x355

Figura 3.5 – Exemplo de módulos BIPV. a) módulos instalados em fachada; b) módulos instalados na
cobertura

3.2.4. Vidros fotovoltaicos

Os produtos fabricados com estes materiais providenciam uma grande variedade de opções
para janelas, fachadas ou telhados. Os vidros fotovoltaicos, além de produzirem eletricidade,
permitem a entrada da luz solar para o interior do edifício, ao mesmo tempo que impedem a
entrada dos nocivos raios ultravioletas (UV) e infravermelhos (IV). A passagem de luz através
das estruturas pode ainda ser controlada através da adequação das dimensões, e do ajuste do
número e espaço entre células no caso da tecnologia de silício cristalina. Para módulos de
películas finas, o nível de transparência pode ser controlado pela alteração no processo de
fabrico. Quanto mais transparente o módulo, menos eficiente será [4].

49
|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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A Tabela 3.4 ilustra as características de dois vidros fotovoltaicos. Porém, importa referenciar
que não se pode avaliar por completo as características elétricas deste tipo de produto sem
levar em consideração o nível de transparência da célula. Este detalhe é nitidamente
percetível na Tabela 3.5, onde se apresenta o mesmo produto da Onyxsolar da Tabela 3.4,
mas considerando agora o seu nível de transparência. Na Figura 3.6 é possível observar
diferentes formas de aplicação desta tecnologia.

Tabela 3.4 – Caraterísticas de produtos de alguns fabricantes de vidros fotovoltaicos

Uoc Isc Pmax Área


Fabricante Produto  (%) FF
(v) (A) (W) (mm x mm)

OnyxSolar 034_N12000600 47 1.45 41 1200x600


Vidursolar VS16 C36 P135 22.2 8.12 135 1600x720

Tabela 3.5 – Dados elétricos do módulo fotovoltaico de vidro da Onyxsolar, tendo em consideração o
nível de transparência das células

Fabricante Produto Transparência (%) UMPP (v) IMPP (A) Uoc (v) Isc (A) Pmax (W)
0 32 1.29 47 1.45 41
10 32 0.90 47 1.11 29
OnyxSolar 034_N12000600
20 32 0.76 47 0.93 24
30 32 0.63 47 0.74 20

Figura 3.6 – Vidro fotovoltaico. a) produto da Onyxsolar; b) produto da Vidursolar

3.3. Desafios da tecnologia BIPV

A tecnologia BIPV apresenta inúmeras vantagens, pois a radiação solar é um recurso


abundante e sem custos, infinito, acessível e sem quaisquer efeitos negativos para o
ambiente. Além disso, a instalação, operação e manutenção dos painéis solares são
relativamente fáceis e baratos [59]. Ademais, uma vez que os geradores de energia solar
estão normalmente localizados perto dos clientes, não há necessidade de construir outras
linhas de transmissão. Portanto, os recursos financeiros podem ser economizados e as perdas
de energia nas redes de distribuição e os riscos de segurança são minimizados. Sendo também

50
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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desnecessário construir mais grandes centrais produtoras de energia devido ao fato de que
fontes renováveis podem ser utilizadas como fornecedores de emergência. Além disso, a
energia solar pode ajudar a rede principal durante as horas de pico de carga e contribuir para
a partilha do fornecimento de energia [60][61].

A geração de energia por meio do sol ainda é relativamente insignificante comparada com
outros tipos de tecnologias de produção, mas o recente crescimento é inquestionável e não
pode ser ignorado [62]. A International Energy Agency (IEA) prediz que os sistemas
fotovoltaicos produzirão um quinto de toda a energia global em 2050 e antecipa um
crescimento de 60% para o final deste século [63]. Este crescimento, tem sido claramente
visto ao redor do mundo, com a implementação cada vez mais alargada de células
fotovoltaicas em diversas instalações. Mas para que esta tendência seja cada vez maior, ter-
se-ão que resolver um conjunto de problemas associados. Em [1] é apresentada uma
classificação destes desafios/barreiras em quatro grupos principais:

1- Barreiras institucionais
2- Aceitação pública
3- Barreiras económicas
4- Barreiras técnicas

3.3.1. Barreiras institucionais

Os programas, políticas e planos governamentais têm um papel muito importante para


alavancar as tecnologias das energias renováveis. Alguns artigos descrevem estas politicas,
como a chave principal para revolucionar e abrir as portas para o desenvolvimento dos
sistemas BIPV [64][65][66]. Como exemplo, a política de incentivo às energias renováveis em
Espanha teve início a partir de 1999, só a grande evolução apenas aconteceu em 2005 quando
a promoção de energias renováveis (PER) foi planeada. Como consequência disso, a Espanha
obteve a segunda posição no ranking das energias renováveis no ano de 2009, logo a seguir à
Alemanha [64].

3
A adoção de tarifas como o FIT (Feed-in-Tariff), em sistemas ligados à rede elétrica (On-
Grid), tem se tornado numa política fundamental para planear e facilitar os investimentos em
energia renováveis. Especialmente para BIPV, o FIT é um dos fatores mais importantes.

As tarifas FITs são a política mais utilizada em muitos países para acelerar a instalação da
energia renovável (ER), representando uma maior participação no desenvolvimento de ER do
3
FIT é um mecanismo de incentivo de adoção de energias renováveis por meio da criação de uma
legislação que obrigue as concessionárias regionais e nacionais a comprarem eletricidade renovável em
valores acima do mercado, estabelecidos pelo governo. É também conhecido como Tarifa Renovável
Avançada ou Pagamento da Energia Renovável.

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|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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que os incentivos fiscais ou outras políticas padrão. Os FITs provocaram uma significativa
implantação da ER, ajudando a catapultar os países que os adotaram para a vanguarda do
setor global de ER. Na União Europeia (UE), as políticas de FIT levaram à instalação de mais
de 15.000 MW de energia solar fotovoltaica (PV) e mais de 55.000 MW de energia eólica entre
os anos de 2000 e 2009. No total, os FITs são responsáveis por cerca de 75% do PV global e
45% das instalações de energia eólica. Particularmente, países como a Alemanha,
demonstraram que os FITs podem ser usados como uma poderosa ferramenta política para
impulsionar a instalação de ER e ajudar a atingir os objetivos combinados de segurança
energética e redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) [67].

A definição de padrões aplicáveis e adequados e a remoção de medidas burocráticas


desnecessárias também devem ser consideradas como fatores importantes no sucesso das
BIPVs e essas decisões estão também contempladas na jurisdição dos governos [1]. É
apresentado na Figura 3.7 o estado do mercado BIPV bem como uma previsão da sua evolução
até 2020.

Figura 3.7 - Instalação BIPV global e previsão de sua taxa de expansão [68]

3.3.2. Aceitação pública

O sucesso e fracasso dos projetos BIPV dependem totalmente da cooperação dada pela
sociedade. O esclarecimento das pessoas acerca da importância da utilização de energia
renovável e dos perigos que advêm da utilização de combustíveis fósseis, como o petróleo e o
carvão, para nós e para o nosso planeta, é fundamental.

Devido à baixa eficiência dos painéis e também à baixa quantidade de energia produzida,
esses projetos precisam de mais tempo para se tornarem populares. Portanto, os cidadãos

52
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

precisam ser pacientes e os governos têm de investir tempo e recursos para aumentar o
conhecimento e provocar ideias inovadoras. Também as normas e os regulamentos devem ser
simplificados o suficiente para se tornarem mais compreensíveis para o público em geral [1].

A visão e aceitação pública, no que concerne à transição de tecnologias antigas para as novas,
como a microgeração, incluindo células fotovoltaicas em edifícios, segundo [69] ainda é
insuficiente. Em [1], considera-se que, ao melhorar a divulgação por parte dos órgãos de
comunicação social, dos benefícios económicos e ambientais das fontes renováveis, potencia-
se o desenvolvimento da ER, tal como aconteceu entre 2004 e 2010 na Espanha. Importa
salientar que, mesmo com o apoio governamental, sem a aceitação pública, todo o projeto
estará seriamente ameaçado.

3.3.3. Barreiras económicas

As barreiras económicas serão talvez as mais importantes para impedir o cumprimento dos
objetivos energéticos já descritos. Sem colaborações governamentais, os projetos
definitivamente falharão. A importante influência da formulação de políticas fortes e os
incentivos e apoios financeiros, tais como empréstimos a longo prazo com baixas taxas de
juro, subsídios e redução de impostos para a realização de projetos progressivos de BIPV, são
relevantes.

O investimento em sistemas BIPV é de longo prazo e os seus resultados somente poderão ser
visíveis apenas muito tempo depois. Assim, convencer empresas e pessoas a trabalhar nesse
investimento depende do poder político e das preocupações governamentais. Muitos estudos
tentaram comparar a viabilidade económica das energias renováveis com a dos métodos
convencionais de geração de eletricidade. Neles, alguns fatores económicos importantes,
como o prazo do empréstimo, os custos iniciais do sistema e o custo do financiamento foram
avaliados minuciosamente. Foi concluído que os programas e as políticas devem ser de longa
data e que os governos devem definitivamente conceder incentivos sustentáveis.

Em [70] considerou-se o financiamento como uma enorme barreira para alavancar o programa
Small Power Producer (SPP) na Tanzânia. Uma vez que os bancos da Tanzânia não estavam
familiarizados com as vantagens do aproveitamento de energias renováveis, a SPP não
encontrou apoio financeiro suficiente, com empréstimos a altas taxas de juro e tempos de
retorno curtos, o que resultou na impossibilidade de estes serem realmente úteis.

As inúmeras questões técnicas levantadas quando se consideram os sistemas BIPV ligados à


rede, sendo que, às vezes, a rede local possui uma capacidade específica e finita para a
aceitação de novos sistemas BIPV, resultam numa maior atenção dedicada aos sistemas com

53
|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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autoconsumo. Também para estes, os suportes financeiros e os incentivos são importantes


para a sua competitividade.

No entanto, à medida que os custos dos sistemas de energia baseados em energias renováveis
diminuem, a questão económica está perdendo lentamente a sua importância.

3.3.4. Barreiras técnicas

A seguir, são mencionadas algumas barreiras técnicas, sendo que certas barreiras são comuns
aos sistemas BIPV e a outros sistemas PV ligados à rede, tais como as perdas de energia e a
escassez de componentes da célula, ao passo que outros são específicos do BIPV, como as
considerações arquitetónicas. Os fatores abaixo descritos são importantes para avaliar a
viabilidade técnica dos sistemas BIPV, sejam eles ligados à rede ou não.

i) Perdas de energia

A alteração das condições normais de funcionamento do sistema provoca perdas de energia.


Estas condições podem ser por exemplo quedas de tensão em cabos DC e díodos de proteção,
partículas poluentes no ar, nuvens, sujidade, sombreamento (por árvores e edifícios),
variação na radiação solar ou ângulo de orientação dos painéis [61][71][72]. Uma nuvem
passageira pode impedir parcial ou totalmente a geração solar no caso de sombrear uma
grande área de células fotovoltaicas.

O sombreamento parcial é responsável por 5% a 10% das perdas de energia em sistemas BIPV.
Isto poderia ainda danificar as células fotovoltaicas. Este fenómeno é chamado de ponto
quente (hot spot em inglês) e ocorre quando a célula sombreada não pode operar como as
outras células do mesmo módulo. Então, ao invés de gerar energia, dissipa energia, o que
pode danificar o módulo todo. Os díodos bypass podem ser usados para proteger as células
desse fenómeno, como foi referenciado no capítulo anterior.

Devido à facilidade de manutenção e baixo custo inicial, geralmente os sistemas BIPV são
painéis fixos com uma determinada inclinação, o que afeta o desempenho do sistema.

ii) Qualidade da energia

Para os sistemas BIPV, ligados à rede, é muito importante avaliar a qualidade da energia
produzida. Esta qualidade pode ser definida através de diferentes parâmetros como por
exemplo o valor da tensão e as variações na frequência.

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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A qualidade da energia pode ser posta em causa principalmente em situações com alta
penetração de ER. A ligação à rede de diferentes pequenos produtores pode diminuir a
qualidade do fornecimento e coloca em risco o equilíbrio dos sistemas de energia,
especialmente nos pontos de ligação.

Os inversores são a maior causa de harmónicas em sistemas fotovoltaicos. Porém, utilizando


filtros e sistemas de condicionamento de potência, pode-se remover a maior parte das
harmónicas à saída das instalações PV. As harmónicas que resultam da geração de energia
fotovoltaica podem também ser influenciadas por outros sistemas fotovoltaicos. Assim,
durante o projeto do sistema, é importante avaliar a presença de todos os geradores que
estão ligados à rede.

iii) Análise dos Inversores

Talvez o equipamento mais crítico nos sistemas fotovoltaicos seja o inversor. A eficiência do
Maximum Power Point Tracking (MPPT) é normalmente o fator utilizado para avaliar a função
do inversor. Esta função é difícil de medir porque depende das características internas dos
inversores e dos parâmetros externos, tais como as características das células fotovoltaicas, a
radiação incidente e o clima.

Em situações críticas, especialmente durante a condição de sombreamento parcial, o que


considerando a natureza do BIPV tem uma alta probabilidade de acontecer, é crucial ter um
forte algoritmo MPPT. Em [73], os autores discutiram diferentes algoritmos, de entre os mais
comuns em MPPT. Concluíram que, especialmente durante o sombreamento parcial, um
método combinado de diferentes algoritmos evolutivos, como o PSO e as redes neuronais
artificiais (para escolher o tamanho adequado da população, etc.), poderia ser a melhor
solução.

iv) Considerações arquiteturais

Atualmente têm surgido uma série de investigações sobre os parâmetros que devem ser
considerados pelos arquitetos durante a fase de projeto para que se possam obter edifícios
cada vez mais económicos em termos energéticos. A ideia é ter edifícios que não sejam
apenas eficientes em termos de energia, mas também capazes de gerar a sua própria energia,
tanto quanto possível, através de sistemas solares.

Estudos anteriores realizados sob a salvaguarda da Agência Internacional de Energia (IEA),


sediada em Paris, identificaram vários obstáculos que impedem a aplicação de estratégias de
energia solar nas práticas de construção convencional.

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|Capítulo 3 – Estado da arte dos sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios
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Para enfrentar essas questões, foi estabelecida por esta agência, em 2009, a Tarefa 41:
Energia Solar e Arquitetura, Programa de Aquecimento Solar e Arrefecimento. A Tarefa
envolveu arquitetos, investigadores e educadores de 14 países: Austrália, Áustria, Bélgica,
Canadá, Dinamarca, Alemanha, Itália, Noruega, Portugal, Coreia do Sul, Singapura, Espanha,
Suécia e Suíça. O objetivo final desta tarefa de três anos consistiu em fazer da arquitetura
uma força motriz para o uso de energia solar em edifícios e ajudar a promover uma
arquitetura inspiradora de alta qualidade baseada em estratégias solares ativas e passivas,
identificando obstáculos que os arquitetos enfrentam na implementação dessas estratégias,
propondo estratégias para superá-las e aprimorando as qualificações e as interações dos
arquitetos com engenheiros, fabricantes e clientes [74].

“Sub-tarefa B” da IEA SHC Tarefa 41, intitulada Ferramentas e métodos para design solar
foca em ferramentas e métodos de design atualmente disponíveis para arquitetos que podem
auxiliar e apoiar decisões de design no desenvolvimento da arquitetura solar, particularmente
na fase inicial de projeto. A justificativa para este estudo consagra a estimativa de que a
maioria das decisões de design que podem influenciar o desempenho energético do edifício,
como a forma, a orientação, o design de fachada, os materiais, as superfícies envidraçadas,
etc., são tomadas na fase inicial de projeto, e durante a qual os arquitetos têm um papel
dominante. A integração de estratégias passivas e tecnologias solares ativas só pode
realmente ser eficaz se esta for considerada desde os primeiros estágios do processo de
design e no estágio do design concetual [75]. Porém, tais ferramentas (principalmente
softwares de design e simulação) não estão acessíveis à maioria dos arquitetos,
correspondendo a um forte problema para a implementação e eficiência desta tecnologia.

Podemos, no entanto, afirmar que, embora, exista um longo percurso a percorrer para que
BIPV se possa tornar uma tecnologia atraente, não só do ponto de vista estético, mas também
económico, assiste-se a esforços consideráveis para que se possa tornar esta tecnologia vulgar
e acessível, permitindo a produção de eletricidade por parte dos próprios consumidores. É
previsível que nos próximos anos se assista a muitos mais desenvolvimentos.

No próximo capítulo, apresentam-se as preocupações do governo português ao longo dos


últimos anos, no que diz respeito às FER. Serão abordadas as legislações, decretos e normas
que foram sendo elaboradas com o intuito de incentivar a exploração das FER por meio das
Unidades de Produção.

56
________________________________

CAPÍTULO

4
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Legislação e Normas
aplicáveis à Unidades de
Produção (UP)

57
58
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

4. Legislação e Normas Aplicáveis à Unidades de


Produção (UP)

4.1. Evolução histórica da legislação em Portugal

As tecnologias de exploração de FER têm assistido a um crescimento considerável, sendo cada


vez mais premente a criação de políticas no sentido de incentivar a sua utilização. Portugal,
tem demonstrado um crescente interesse pelas tecnologias da energia solar fotovoltaica,
facilitando através de decretos, e inúmeras normas, o acesso à exploração dos recursos
solares. É apresentado a seguir um enquadramento legislativo que mostra este interesse por
parte de Portugal, ao longo das últimas décadas.

i) Decreto-Lei nº 189/88, 27 de Maio (Ministério da Indústria e Energia)


Cria normas referentes à atividade de produção de energia elétrica por entidades singulares
ou coletivas de direito público ou privado. Pelo presente diploma é revogada a Lei 21/82, de
28 de Julho, e o Decreto-Lei 20/81, de 20 de Janeiro, com a redação que lhe foi dada pelo
Decreto-Lei 149/86, de 18 de Junho [76].

ii) Decreto-Lei nº 168/99, 18 de Maio (Ministério da Indústria e Energia)


Revê o regime aplicável à atividade de produção de energia elétrica, no âmbito do Sistema
Elétrico Independente, que se baseie na utilização de recursos renováveis ou resíduos
industriais, agrícolas ou urbanos, regulando a atividade de produção de energia elétrica que
se integre, nos termos do Decreto-Lei n.º 182/95, de 27 de Julho [77].

iii) Decreto-Lei nº 312/2001, 10 de Dezembro (Ministério da Economia)


Define o regime de gestão da capacidade de receção de energia elétrica nas redes do Sistema
Elétrico de Serviço Público, proveniente: a) da produção de energia elétrica em
aproveitamentos hidroelétricos até 10 MVA de potência aparente instalada; b) da produção de
energia elétrica a partir de energias renováveis ou de resíduos industriais, agrícolas ou
urbanos, com exceção da energia hídrica, sem prejuízo da alínea anterior; c) da produção de
energia elétrica em instalações de cogeração e d) da produção de energia elétrica pelo
Sistema Elétrico não Vinculado (SENV) [78].

iv) Decreto-Lei nº 68/2002, 25 de Março


O presente diploma regula a atividade de produção de energia elétrica em baixa tensão (BT)
destinada predominantemente a consumo próprio, sem prejuízo de poder entregar a produção

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|Capítulo 4 – Legislação e normas aplicáveis à Unidades de Produção (UP)
_________________________________________________________________________________

excedente a terceiros ou à rede pública, sendo que a potência a entregar à rede pública em
cada ponto de receção, não poderá ser superior a 150 kW [79].

v) Decreto-Lei nº 33-A/2005, 16 de Fevereiro (Ministério das Atividades Económicas e do


Trabalho)
Procede a alteração do Decreto-Lei n.º 189/88, de 27 de Maio, revendo os fatores para
cálculo do valor da remuneração pelo fornecimento da energia produzida em centrais
renováveis entregue à rede do Sistema Elétrico Português (SEP) e definindo procedimentos
para atribuição de potência disponível na mesma rede e prazos para obtenção da licença de
estabelecimento para centrais renováveis [80].

vi) Decreto-Lei nº 363/2007, 2 de Novembro (Ministério da Economia e da Inovação)


Estabelece o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade por intermédio de
instalações de pequena potência, designadas por unidades de microprodução. Vem simplificar
expressivamente o regime de licenciamento existente, substituindo-o por um regime de
simples registo, sujeito a inspeção de conformidade técnica, criando o Sistema de Registo da
Microprodução (SRM). Prevê ainda dois regimes de remuneração, o regime geral para a
generalidade das instalações e o regime bonificado aplicável somente às fontes renováveis de
energia [81].

vii) Decreto-Lei nº 118-A/2010, 25 de Outubro (Ministério da Economia, da Inovação e do


Desenvolvimento)
Procede a simplificação do regime jurídico aplicável à produção de eletricidade através de
instalações de pequena potência, designadas por unidades de microprodução, e realiza à
segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 363/2007, de 2 de Novembro, e à segunda alteração ao
Decreto-Lei n.º 312/2001, de 10 de Dezembro [82].

viii) Decreto-Lei nº 132-A/2010, 21 de Dezembro (Ministério da Economia, da Inovação e


do Desenvolvimento)
Aprova, no âmbito da Estratégia Nacional da Energia 2020, o regime de atribuição de
capacidade de receção de 150 MVA na RESP, para energia elétrica proveniente de centrais
fotovoltaicas, inclusive a tecnologia solar fotovoltaica de concentração, e pontos de receção
associados, mediante iniciativa pública [83].

ix) Decreto-Lei nº 34/2011, 8 de Março (Ministério da Economia, da Inovação e do


Desenvolvimento)
Estabelece o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade, a partir de recursos
renováveis, por intermédio de unidades de miniprodução, definindo “unidade de
miniprodução” a instalação de produção de eletricidade, a partir de energias renováveis,

60
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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baseada em uma só tecnologia de produção cuja potência de ligação à rede seja igual ou
inferior a 250 kW [84].

x) Decreto-Lei nº 25/2013, 19 de Fevereiro


Procede à terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 363/2007, de 2 de novembro, que estabelece
o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade por intermédio de unidades de
microprodução, e à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 34/2011, de 8 de março, que
estabelece o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade por unidades de
miniprodução [85].

4.2. Legislação vigente

Atualmente, os novos projetos de produção renovável a partir de energia solar, são regidos
pelo Decreto-Lei nº 153/2014 de 20 de Outubro [86]. Revogando o Decreto-Lei n.º
363/2007, de 2 de novembro, alterado pela Lei n.º 67 -A/2007, de 31 de dezembro, pelo
Decreto-Lei n.º 118 -A/2010, de 25 de outubro, e pelo Decreto-Lei n.º 25/2013, de 19 de
fevereiro; bem como revoga o Decreto-Lei n.º 34/2011, de 8 de março, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 25/2013, de 19 de fevereiro.

O presente decreto-lei estabelece o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade,


destinada ao autoconsumo na instalação de utilização associada à respetiva unidade
produtora, com ou sem ligação à rede elétrica pública, baseada em tecnologias de produção
renováveis ou não renováveis, designadas Unidades de Produção para Autoconsumo (UPAC).
Estabelece ainda o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade, vendida na sua
totalidade à (RESP), por intermédio de instalações de pequena potência, a partir de recursos
renováveis, designadas por Unidades de Pequena Produção (UPP). A atual legislação é
coadjuvada pelas seguintes portarias:

i) Portaria nº 14/2015, de 23 de Janeiro, que define o procedimento para apresentação de


mera comunicação prévia de exploração das unidades de produção para autoconsumo, bem
como para obtenção de um título de controlo prévio no âmbito da produção para
autoconsumo ou da pequena produção para injeção total na rede elétrica de serviço público
da energia elétrica produzida, e determina o montante das taxas previstas no Decreto-Lei n.º
153/2014, de 20 de outubro [87].

ii) Portaria nº 15/2015, de 23 de Janeiro, procede à fixação da tarifa de referência


aplicável à energia elétrica produzida através de unidades de pequena produção, nos termos
do Decreto-Lei n.º 153/2014, de 20 de outubro, e determina as percentagens a aplicar à
tarifa de referência, consoante a energia primária utilizada por aquelas unidades [88].

61
|Capítulo 4 – Legislação e normas aplicáveis à Unidades de Produção (UP)
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iii) Portaria n.º 60-E/2015, de 2 de março, procede à alteração dos artigos 9.º e 17.º da
Portaria n.º 14/2015, de 23 de janeiro, atribuindo-lhes uma nova redação [89].

4.2.1. Diferenças entre as unidades de produção

i) UPP
 A unidade de pequena produção (UPP) injeta a totalidade da energia produzida na
RESP;
 A instalação de consumo associada, recebe toda a eletricidade proveniente do
respetivo comercializador;
 É instalada no local de consumo;
 A potência de ligação tem de ser inferior à potência contratada na instalação de
consumo e nunca superior a 250kW;
 Numa base anual, a energia produzida pela UPP não pode exceder o dobro da
eletricidade consumida na instalação de consumo;
 A configuração típica de uma UPP é ilustrada na Figura 4.1.

Figura 4.1 - UPP [90]

ii) UPAC
 A unidade de produção para autoconsumo produz preferencialmente para satisfazer
necessidades de consumo;
 O excedente produzido é injetado na RESP, evitando o desperdício;
 É instalada no local de consumo;
 A potência de ligação tem de ser inferior à potência contratada na instalação de
consumo;
 A potência da UPAC não pode ser superior a duas vezes a potência de ligação;
 A configuração típica de uma UPAC é ilustrada na Figura 4.2.

62
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

Figura 4.2 - UPAC [90]

4.2.2. Direitos e deveres do produtor

A atual legislação confere os seguintes direitos e deveres aos produtores:

4.2.2.1. Direitos UPAC

a) Estabelecer uma UPAC por cada instalação elétrica de utilização, recorrendo a um


qualquer mix de fontes de energia, renováveis e não renováveis, e respetivas tecnologias de
produção associadas;
b) Quando aplicável, ligar a UPAC à instalação elétrica de utilização após a emissão do
correspondente certificado de exploração definitivo, nos termos do disposto no artigo 14º;
c) Consumir, na instalação elétrica de utilização a que se encontra associada a UPAC, a
eletricidade gerada nesta, bem como exportar eventuais excedentes para a RESP;
d) Quando aplicável, celebrar contrato de venda da eletricidade proveniente da UPAC não
consumida na instalação elétrica de utilização de eletricidade, nos termos previstos no artigo
23º.

4.2.2.2. Direitos UPP

a) Ligar a UPP à RESP, após a emissão do correspondente certificado de exploração definitivo,


nos termos do disposto no artigo 14º do presente decreto-lei;
b) Celebrar contrato de venda da totalidade da eletricidade proveniente da UPP, recorrendo
a apenas uma tecnologia de produção, nos termos previstos no artigo 34º.

4.2.2.3. Deveres UPAC e UPP

a) Suportar o custo das alterações da ligação da instalação elétrica de utilização à RESP, nos
termos do Regulamento de Relações Comerciais e do Regulamento Técnico e de Qualidade da
Produção Elétrica para Autoconsumo;

63
|Capítulo 4 – Legislação e normas aplicáveis à Unidades de Produção (UP)
_________________________________________________________________________________

b) Suportar o custo associado aos contadores que medem o total da eletricidade produzida
pela UPAC, bem como o total da eletricidade injetada na RESP, quando a instalação elétrica
de utilização a que se encontre associada se encontrar ligada à rede e a potência instalada da
UPAC seja superior a 1,5 kW;
c) Entregar à RESP a totalidade da energia ativa produzida na UPP, líquida do consumo dos
serviços auxiliares;
d) Dimensionar a UPAC de forma a garantir a aproximação, sempre que possível, da energia
elétrica produzida com a quantidade de energia elétrica consumida na instalação elétrica de
utilização;
e) Assegurar que os equipamentos de produção instalados se encontram certificados nos
termos previstos no presente decreto-lei;

4.2.3. Condições de acesso e de exercício da atividade

A instalação de uma UP está sujeita a um registo prévio e a sua entrada em exploração


sujeita à obtenção de certificado de exploração. Refere-se a um processo de registo gerido
pelo Sistema Eletrónico de Registo das Unidades de Produção (SERUP).

Para a exploração de uma UPP, é sempre necessário o registo e certificado de exploração.


Mas, tratando-se de uma UPAC, existem distintos escalões a seguir descritos, tendo um
processo diferente registo para cada:
- Pinstalada ≤ 200 W – é isenta de controlo prévio;
- 200 W ≤ instalada ≤ 1.5 kW – apenas comunicação prévia de exploração;
- 1.5 kW ≤ instalada ≤ 1 MW – obrigatório registo e obtenção do certificado de exploração;
- Pinstalada ≥ 1 MW – licença de produção e licença de exploração.

As instalações de autoconsumo que não estejam ligadas à RESP, estão apenas sujeitas a uma
mera comunicação prévia de exploração. As figuras 4.3 e 4.4 apresentam respetivamente um
diagrama sequencial para o processo de registo para uma UPAC com potência superior a 1,5
kW e de uma UPP.

Figura 4.3 – Processo de licenciamento de uma UPAC com potência superior a 1,5 kW [91]

64
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Figura 4.4 – Processo de licenciamento de uma UPP [91]

4.2.4. Tarifas

O decreto-lei nº 153/2014 de 20 de Outubro, introduziu uma nova perspetiva relativamente à


produção de energia descentralizada. Para o autoconsumo (UPAC), salienta-se que a energia
produzida deve ser consumida junto ao local de produção, sendo, caso haja excedentes bem
como um contrato de venda de energia, a injeção deste excedente à RESP. Para as Unidades
de Pequena Produção (UPP), a energia produzida é toda injetada na RESP.

4.2.4.1. Tarifário relativo à UPAC

Quando conveniente, o utente de uma UPAC que esteja ligada à rede elétrica, pode, junto ao
comercializador de último recurso (CUR), formalizar um contrato de venda da energia que
seja produzida e não venha a ser consumida.

O valor dessa energia elétrica fornecida à RESP é calculado de acordo a expressão (4.1). O
excedente de produção instantânea é remunerado ao preço da “pool”, dedu ido de
praticamente 10%, para compensar custos com injeção, sendo igualmente um incentivo ao
dimensionamento da UPAC em conformidade com as necessidades de consumo, de modo a
que a injeção à rede seja reduzida.

(4.1)

sendo:
RUPAC,m – A remuneração da eletricidade fornecida à RESP no mês m, em €;
Efornecida, m – A energia fornecida no mês m, em kWh;
OMIEm – O valor resultante da média aritmética simples dos preços de fecho do Operador do
Mercado Ibérico de Energia (OMIE) para Portugal (mercado diário), relativos ao mês m, em
€/kW ;
m – O mês a que se refere a contagem da eletricidade fornecida à RESP.

A Figura 4.5 ilustra o diagrama de produção típico de uma UPAC com injeção de excedentes à
RESP. É evidenciado que durante as horas do dia sem presença da luz solar, o abastecimento
à carga é dado pela rede elétrica. Porém, espera-se que o dimensionamento da UPAC, venha

65
|Capítulo 4 – Legislação e normas aplicáveis à Unidades de Produção (UP)
_________________________________________________________________________________

suprir as necessidades energéticas durante o dia, evitando excessos de produção, e


consequentemente a injeção desses excessos na RESP.

Figura 4.5 - Diagrama de produção e consumo de uma UPAC ligada à RESP (sem baterias de
armazenamento) [91]

4.2.4.2. Tarifário relativo às UPP

A energia elétrica ativa produzida pela UPP e entregue à RESP é remunerada pela tarifa
atribuída com base num modelo de licitação, no qual os concorrentes oferecem descontos à
tarifa de referência. Esta tarifa de referência é estabelecida mediante portaria do membro
do Governo responsável pela área da energia, até 15 de dezembro de cada ano [86].

A tarifa de referência para o ano em curso foi publicada na Portaria nº 32/2018 de 23 de


janeiro [92], entretanto, o disposto na Portaria nº 15/2015, de 23 de janeiro, é também
aplicável ao ano 2018. As condições tarifárias encontram-se definidas na Tabela 4.1, sendo
que a categoria I faz referência ao produtor que instale apenas uma UPP, a categoria II, ao
produtor que queira instalar, para além da UPP, um sistema de carregamento de veículos
elétricos no mesmo local de consumo e a categoria III ao produtor que pretende instalar no
local de consumo, associado àquela, coletores solares térmicos com um mínimo de 2 m² de
área útil de coletor ou de caldeira a biomassa com produção anual de energia térmica
equivalente.

Tabela 4.1 – Tarifário relativo à UPP [88]

Categoria Tarifa €/MWh

I 95

II 105

III 100

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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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A tarifa de referência referida varia também consoante o tipo de energia primária utilizada,
sendo determinada mediante a aplicação das percentagens apresentadas na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Percentagens por fonte primária utilizada [88]

Energia primária utilizada Percentagem (%)

Solar 100
Biomassa 90
Biogás 90
Eólica 70
Hídrica 60

A eletricidade vendida é limitada a 2,6 MWh/ano, no caso da utilização de fonte solar e eólica
e a 5 MWh/ano no caso da utilização das restantes fontes, por cada quilowatt de potência
instalada.

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CAPÍTULO

5
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Dimensionamento
de sistemas
fotovoltaicos
ligados à rede

69
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|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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5. Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos


ligados à rede

5.1. Introdução

Nos capítulos anteriores foram abordados os aspetos relativos à tecnologia fotovoltaica,


averiguando acerca dos fenómenos físicos que permitem a produção de eletricidade por meio
células fotovoltaicas. Foram também abordados os contornos legais, mais concretamente em
Portugal, que incentivam a exploração do recurso solar.

Na presente secção é apresentada uma descrição metodológica das etapas necessárias para o
dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede elétrica. Para tal, são consideradas
as seguintes etapas:
 Avaliação do local de instalação;
 Seleção dos equipamentos;
 Configuração da matriz fotovoltaica;
 Estimativa da produção de energia;
 Dimensionamento de cablagens;
 Dimensionamento das proteções;

5.2. Avaliação do local de instalação

As principais condições que limitam a potência instalada num sistema fotovoltaico são a área
disponível para a instalação das estruturas e módulos fotovoltaicos, bem como o valor
monetário disponível para o investimento [46]. Porém, importa ressaltar que na fase de
projeto importa analisar todas as condições do local onde a instalação será realizada, com
vista a obter uma ótima viabilidade técnica do projeto.

No início do projeto devem ser obtidos dados como a localização geográfica (latitude e
longitude, com recurso ao Google Maps) e a radiação solar do local da instalação pois são
fatores que maior influência têm na determinação da energia produzida e, logo, na
rentabilidade do sistema [93]. Evidenciam-se três tipos de radiação solar: a direta
(proveniente diretamente do Sol, segundo a sua direção, obtida a céu limpo), a difusa (que
não tem uma direção específica e é devida, fundamentalmente, à existência de nuvens que
dispersam os raios solares) e aquela que é refletida na superfície terrestre e, de seguida,
pode ser aproveitada pelos painéis fotovoltaicos. Esta última é de difícil análise e depende,

71
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________

obviamente, da refletividade do solo em redor do painel. A soma da radiação direta e difusa é


a radiação global [94].

Para a elaboração do projeto, é fundamental o conhecimento das condições climatéricas,


bem como do relevo do local de instalação. Isto implica conhecer os níveis de radiação solar
ao longo do ano, altura mínima e máxima do sol durante o dia nos diferentes meses do ano,
frequência de chuvas, neves, altitude, temperatura, etc.

Atualmente existem muitos softwares disponíveis no mercado (grátis ou pagos) que possuem
bases de dados, informações de radiação diárias e mensais de diversos locais em todo o
mundo, possibilitando fazer um estudo mais preciso do sistema. Neste trabalho usar-se-ão as
informações fornecidas pelo software PVGIS (Photovoltaic Geographical Information System),
uma ferramenta científica disponibilizada pelos serviços de ciência da Comissão Europeia.

A análise global do projeto debruça-se ainda na identificação da área disponível (limitando a


quantidade de módulos a serem instalados) e na tipologia do terreno, ou do edifício, em
questão. De forma a obter-se o maior aproveitamento energético possível, avalia-se ainda o
grau ótimo de inclinação, bem como o azimute (orientação) adequada para a instalação.

Como referido anteriormente no capítulo 2, o sombreamento em instalações fotovoltaicas


provoca perdas consideráveis na produção energética das células, pois afeta diretamente o
seu rendimento. Assim, importa que durante a fase de projeto se avalie os possíveis
sombreamentos a que a instalação poderá estar sujeita. Vale ressaltar os sombreamentos
causados por obstáculos fixos tais como outros edifícios, montanhas, chaminés, árvores, ou
até mesmo outros módulos fotovoltaicos, destes importa que a instalação possa ser
influenciada o mínimo possível. Existem ainda os sombreamentos temporários, como nuvens,
neves, folhas de árvores, poeira ou outros objetos à deriva.

5.3. Seleção dos equipamentos

A seleção dos equipamentos inerentes à instalação é de importância vital para o


funcionamento adequado do sistema, bem como garantir fiabilidade à instalação. Num
sistema fotovoltaico ligado à rede elétrica, os principais elementos que merecem uma
atenção especial durante o processo de seleção são os módulos fotovoltaicos e os inversores.
A seguir é feita uma descrição dos pressupostos necessários para a escolha adequada de
ambos os equipamentos.

5.3.1. Módulos fotovoltaicos

A determinação do módulo a instalar é realizada, maioritariamente, por meio de uma análise


de mercado das soluções disponíveis para a potência nominal desejada. Contudo, apesar da

72
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

vertente económica representar um contributo significativo na escolha do módulo, as


características como a qualidade e as especificações técnicas do sistema desempenham
também um papel relevante no processo de decisão [93]. Importa analisar os tipos de células
que compõem os módulos, se são monocristalinas, policristalinas ou amorfas (já que são as
mais abundantes atualmente). As Figuras 5.1 e 5.2 mostram, respetivamente as
especificações elétricas, térmicas e mecânicas do módulo fotovoltaico JS Yl150P-17b da Gain
Solar, que usa células policristalinas, onde se assinalam os principais parâmetros a ter em
conta durante o projeto de uma instalação fotovoltaica.

Figura 5.1 – Especificações elétricas e térmicas do módulo JS Yl150P-17b da Gain Solar

Figura 5.2 -Especificações mecânicas do módulo JS Yl150P-17b da Gain Solar

Após ter sido selecionado o tipo de módulo que corresponde as especificações do projeto
(sejam técnicas ou económicas), é possível obter uma estimativa do número de módulos a

73
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________

serem instalados, fazendo uso da expressão (5.1), que relaciona a potência total a ser
instalada com a potência máxima dos módulos.

(5.1)

Embora não indique um valor definitivo, este parâmetro possibilita ao projetista ter uma
perspetiva, não apenas da quantidade de módulos, mas também da área necessária para a sua
instalação. As restrições em termos de área disponível podem, muitas das vezes, condicionar
o número de módulos que constituem o arranjo e o modo como estes vão ser ligados.

5.3.2. Inversores

A configuração da instalação fotovoltaica é fortemente dependente das especificações


técnicas de entrada do inversor, devendo este ser selecionado corretamente. O intervalo de
potência deste equipamento, deverá estar compreendido entre 70% a 120% da potência
fotovoltaica a instalar, traduzindo-se matematicamente na expressão (5.2).

(5.2)

A potência do inversor deverá estar de acordo com a gama de valores descritos na expressão
(5.2), porque segundo [20]:
- A eficiência do inversor é maior a cargas elevadas;
- O inversor suporta sobrecargas de 20% ou mais;
- Poucas vezes se encontra a potência máxima.

Os sistemas fotovoltaicos ligados à rede e com uma potência instalada de até 5 kWp são
normalmente monofásicos. Para estes casos, e onde os módulos estão orientados e inclinados
uniformemente sem existirem sombreamentos, deve utilizar-se um único inversor.

Em sistemas com potências instaladas mais elevadas, é frequente utilizarem-se vários


inversores, de modo a que a potência global seja o somatório das potências individuais dos
inversores [21]. A convergência da potência numa só unidade provoca uma redução da
eficiência no inversor, pelo fato de este se encontrar a trabalhar com um baixo valor de carga
na maior parte do tempo [20]. A utilização de vários inversores apresenta vantagens na
medida em que aumenta a fiabilidade do sistema bem como eleva o rendimento global do
sistema, por meio da redução do número de inversores em operação para níveis de radiação
inferiores.

A Figura 5.3 apresenta as especificações técnicas do inversor SIW600T020-44 da WEG. Ao


avaliar as características do inversor, deve-se ter atenção aos níveis de tensão DC (máximo e

74
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

mínimo), pois influenciam na determinação do número de módulos em série, assim como


verificar a corrente máxima DC, pois afeta na quantidade de fileiras ligadas em paralelo. É
também importante avaliar se o inversor possui sistemas MPPT.

Figura 5.3 – Especificações técnicas do inversor SIW600T020-44 da WEG

5.4. Configuração da matriz fotovoltaica

A matriz fotovoltaica é dependente das especificações técnicas à entrada do inversor. A gama


de variação da tensão influencia a quantidade de módulos a serem ligados em série. Por outro
lado, o número de fileiras ligadas em paralelo é influenciado pela corrente máxima admissível
pelo inversor.

A tensão de entrada no inversor, produzida pelo somatório das tensões dos módulos ligados
em série, está relacionada com a variação de temperatura. Tem-se em conta que no Inverno,
quando se verificam temperaturas mais baixas, a tensão atinge o valor mais elevado,
enquanto que no Verão, quando os módulos experimentam temperaturas mais elevadas, a sua
tensão regista valores mais baixos. As situações operacionais extremas de inverno e verão,
são determinantes para o dimensionamento.

Considerando uma variação média anual da temperatura no plano do painel entre -10ºC e
70ºC, os desvios absolutos relativamente à temperatura de 25ºC (STC) é respetivamente de -
35ºC e 45ºC [46]. Assim, podemos calcular as tensões máxima e mínima possíveis de serem
produzidas por um módulo através das expressões (5.3) e (5.4) respetivamente.

75
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________

(5.3)

(5.4)

em que:

– Coeficiente de temperatura da tensão em circuito aberto, fornecido pelo


fabricante.

5.4.1. Número máximo e mínimo de módulos em série

A tensão aos terminais das fileiras deve estar compreendida entre os limites máximo e
mínimo da tensão correspondente ao ponto de potência máxima do inversor, ou seja, dentro
da gama de variação para o qual o inversor se adapta ao ponto correspondente à máxima
extração de potência da fileira [46].

O valor máximo da tensão em circuito aberto da fileira, calculada em (5.3), não deve exceder
o valor máximo da tensão à entrada do inversor. A expressão (5.5) permite determinar a
quantidade máxima de módulos em série.

(5.5)

De forma análoga, o valor mínimo da tensão produzida pela fileira, calculada em (5.4), não
deve ser inferior ao valor mínimo de tensão admissível pelo inversor. A quantidade mínima de
módulos em série é determinada pela expressão (5.6).

(5.6)

sendo:
– Tensão máxima à entrada do inversor, fornecida pelo fabricante.
– Tensão mínima à entrada do inversor, fornecida pelo fabricante.

5.4.2. Número máximo de fileiras em paralelo

Para completar os critérios inerentes à configuração da matriz fotovoltaica, importa conhecer


a quantidade máxima de fileiras associadas em paralelo, capaz de ser suportada pelo
inversor, sendo esse valor limitado pela corrente máxima admissível à entrada do inversor.

76
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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O número máximo de fileiras ligadas em paralelo resulta do quociente entre a

corrente máxima admissível à entrada do inversor e a corrente máxima que atravessa


cada fileira de módulos . Note-se que, a corrente máxima que atravessa cada fileira de
módulos é igual à corrente máxima dum módulo. A expressão matemática que traduz o
cálculo desse número máximo é dada em (5.7).

(5.7)

5.5. Estimativa da produção de energia

Durante o processo de dimensionamento de uma instalação fotovoltaica, é imprescindível


estimar a quantidade de energia possível de ser produzida pelo sistema durante um intervalo
de tempo considerável, permitindo avaliar a viabilidade da instalação. Isto é fazível,
recorrendo-se a inúmeras ferramentas informáticas disponibilizadas na Internet, onde se pode
obter para um dado local da superfície terrestre, distintos indicadores importantes, tais
como:
 Radiação incidente num plano horizontal;
 Radiação direta num plano horizontal ou num ângulo desejado;
 Ângulo ótimo da inclinação dos painéis;
 Radiação global incidente num plano com orientação e ângulo otimizados;
 Temperaturas médias diárias e mensais, etc.

Após a obtenção dos principais indicadores relativos ao local da instalação, pode-se calcular a
energia possível de ser diariamente produzida pelo sistema através da expressão (5.8), onde
representa as horas de pico solar, o rendimento do inversor e a potência
nominal do gerador fotovoltaico.

(5.8)

O HPS é na realidade o número de horas em que a instalação fotovoltaica fica submetida à


irradiância solar de 1000 W/m2. O seu valor pode variar entre 3 a 6 horas diárias, dependendo
do mês e lugar da instalação fotovoltaica. Salienta-se, entretanto, que nas restantes horas
onde há radiação, existe um aproveitamento energético mas de menor quantidade [20],
conforme ilustrado na Figura 5.4.

O valor relativo ao HPS é expresso matematicamente em (5.9), sendo o quociente entre o


valor médio diário da energia da radiação global incidente G, pelo valor da irradiância solar
incidente nas condições de referência GSTC (1000 W/m2). Onde  representa o ângulo de

77
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________

inclinação do módulo, no qual, qualquer modificação implica uma alteração nos valores de
irradiância e número de horas de pico solar.

(5.9)

Figura 5.4 – Distribuição horária da radiação incidente sobre a superfície da Terra, adaptado de [95]

A energia mensal possível de ser produzida pelo sistema, depende do número de dias do mês
e é expressa matematicamente em (5.10).

(5.10)

Assim, para obter-se a energia anual que uma dada instalação fotovoltaica é capaz de
produzir, é necessário perceber que a intensidade da radiação solar e as horas de pico solar
variam ao longo dos meses. Então, é importante calcular a possível energia produzida pela
instalação nos diferentes meses do ano. A produção anual é dada pelo somatório dos distintos
valores de produção mensal, expressa matematicamente em (5.11).

(5.11)

5.6. Dimensionamento das cablagens

O dimensionamento dos cabos, corresponde a uma parte de particular importância no


dimensionamento das instalações elétricas, já que são eles os responsáveis de transportar
toda energia produzida até aos pontos de consumo. Nos sistemas fotovoltaicos ligados à rede
elétrica existem três tipos de cabos, a seguir descriminados:

Cabos de fileiras – estabelecem a ligação elétrica entre os módulos individuais de um gerador


solar e a caixa de junção do gerador. Estes cabos são geralmente aplicados no exterior. Com o

78
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

objetivo de garantir proteção contra a ocorrência de falhas à terra, bem como de curto-
circuitos, os condutores positivos e negativos não podem ser colocados lado a lado no mesmo
cabo.

Cabo principal DC – este cabo estabelece a ligação entre a caixa de junção do gerador e o
inversor. Se a caixa de junção do gerador estiver localizada no exterior, estes cabos devem
ser entubados, uma vez que não são resistentes aos raios ultravioletas. De igual modo, por
razões associadas à proteção contra falhas à terra e de curto-circuitos, recomenda-se
também que os condutores de polaridade positiva e negativa devem ser independentes e não
devem ser agrupados lado a lado no mesmo cabo. Podem também ser utilizados os mesmos
tipos de cabos usados para os cabos de fileiras, desde que correspondam a secção
correspondente.

Cabo de ligação AC – é o cabo de ligação entre o inversor e a rede elétrica, através de um


equipamento de proteção. No caso dos inversores trifásicos, a ligação à rede de baixa tensão
é efetuada por um cabo com cinco condutores, enquanto que para os inversores monofásicos
é usado um cabo com três condutores.

A seguir, são apresentadas as expressões matemáticas para o dimensionamento da secção dos


cabos acima citados. De referir que a metodologia apresentada é baseada em [19].

5.6.1. Cabo de fileira

Os parâmetros necessários para o dimensionamento deste tipo de cabo são exibidos na Tabela
5.1.
Tabela 5.1 - Parâmetros para o dimensionamento do cabo de fileira

Parâmetros Símbolo Unidade (SI)


Comprimento do cabo de fileira lfil m
Perdas na linha em condições de referência STC PM W
Secção transversal do cabo de fileira Sfil mm2
Condutividade elétrica do material (Cu = 56; AL = 34)  m/(xmm2
Tensão da fileira VMPP V
Corrente da fileira Imaxfil A
Número de fileiras do gerador fotovoltaico Nfil -

O processo de dimensionamento da secção dos cabos deve também tomar em consideração a


necessidade de reduzir o mais possível as perdas resistivas. O esboço da norma Alemã VDE
0100 Parte 712 (1998) sugere que a queda da tensão máxima admissível no circuito condutor
não deve ser superior a 1% da tensão nominal do sistema fotovoltaico para as condições de
referência STC. Este critério limita a 1% as perdas de potência através dos cabos DC do
sistema fotovoltaico. A secção transversal do cabo de fileira é expressa matematicamente em
(5.12).

(5.12)

79
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________

As perdas totais nos cabos do sistema fotovoltaico podem ser determinadas através da
expressão (5.13).

(5.13)

Diferentes configurações do sistema fotovoltaico correspondem normalmente a diferentes


comprimentos das linhas de cabos. Por forma a reduzir as perdas por efeito de Joule no
transporte da energia, corresponderão também a diferentes secções transversais. Nestas
situações poderá ser usada a fórmula geral (5.14).

(5.14)

5.6.2. Cabo DC principal

Os parâmetros necessários para o dimensionamento do cabo DC principal são mostrados na


Tabela 5.2. O cálculo matemático é efetuado através da expressão (5.15).

Tabela 5.2 - Parâmetros para o dimensionamento do cabo DC principal

Parâmetros Símbolo Unidade (SI)


Comprimento do cabo DC principal lDC m
Perdas na linha do cabo DC principal PDC W
Secção transversal do cabo DC principal SDC mm2
Condutividade elétrica do material (Cu = 56; AL = 34)  m/(xmm2
Potência nominal do gerador fotovoltaico PFV Wp
Corrente nominal do gerador fotovoltaico In A
Fator de perdas da linha. 1 a 2 para tensões reduzidas Fp %

(5.15)

As respetivas perdas no cabo principal PDC são calculadas para a secção transversal do cabo
selecionado, de acordo a expressão (5.16).

(5.16)

5.6.3. Cabo de ligação AC

Os parâmetros necessários para o dimensionamento do cabo de ligação AC são apresentados


na Tabela 5.3. Para o cálculo da secção transversal do cabo de ligação AC, assume-se uma
queda de tensão máxima admissível na linha de 3%, relativamente à tensão nominal da rede.

80
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

Tabela 5.3 – Parâmetros para o dimensionamento do cabo de ligação AC

Parâmetros Símbolo Unidade (SI)


Comprimento do cabo de ligação AC lAC m
Perdas na linha do ramal AC PAC W
Secção transversal do cabo AC SAC mm2
Condutividade elétrica do material (Cu = 56; AL = 34)  m/(xmm2
Corrente nominal AC do inversor Ininv A
Tensão nominal da rede (monofásica: 230 V, trifásica 400 V) Vn V
Fator de potência do inversor (entre 0,8 e 1) cos %

Para uma instalação monofásica, a secção transversal é calculada por meio da expressão
(5.17).

(5.17)

Já para uma instalação trifásica, a secção transversal é calculada pela expressão (5.18).

(5.18)

As perdas PAC, no cabo para a secção transversal escolhida, são determinadas através do
seguinte:
- Instalações monofásicas, usa-se a expressão (5.19).

(5.19)

- Instalações trifásicas, usa-se a expressão (5.20).

(5.20)

5.7. Dimensionamento das proteções

Como em qualquer sistema elétrico, as instalações fotovoltaicas, também necessitam de ser


protegidas contra picos de correntes, sobretensões, etc. No entanto, as principais proteções a
dimensionar nesses sistemas são aquelas cuja função é interromper a operação da instalação
no caso de um incorreto funcionamento deste. São nomeadamente, os fusíveis de fileiras, o
interruptor DC e o disjuntor AC.

5.7.1. Fusíveis de fileiras

O circuito em DC deverá ter uma proteção com fusíveis. Porém, para sistemas fotovoltaicos
com menos de 4 fileiras, é dispensável o uso de fusíveis, sendo recomendável o

81
|Capítulo 5 - Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede
_________________________________________________________________________________

dimensionamento adequado dos cabos para suportarem as correspondentes correntes de


curto-circuito. Entretanto, em sistemas de mais de 4 fileiras, os fusíveis deverão atuar para
valores de corrente dentro do intervalo apresentado na expressão (5.21), onde IN é a corrente
nominal e ICC é a corrente de curto circuito [20].

(5.21)

5.7.2. Interruptor DC

A norma IEC 60364-7-712 determina a necessidade da instalação de um aparelho de corte da


ligação acessível entre o gerador fotovoltaico e o inversor [20]. A sua função é a redução de
ocorrências de contactos diretos durante atos de manutenção. Este deve ser dimensionado
para funcionar à tensão máxima do gerador fotovoltaico à temperatura de -10º C, onde a
corrente nominal é obtida recorrendo à expressão (5.22), sendo NP o número de fileiras
ligadas ao inversor. No entanto, alguns inversores já vêm com os interruptores instalados.

(5.22)

5.7.3. Disjuntor AC

No sentido de garantir proteção no ramal que liga o inversor à rede, é instalado um disjuntor
AC à saída do inversor. A obtenção do poder de corte do disjuntor AC é efetuada pela
expressão (5.23), onde PACinv é a potência de saída do inversor e Vn a tensão nominal da rede.

(5.23)

No capítulo seguinte, será aplicada num caso de estudo a metodologia aqui estudada, com
vista a dimensionar um sistema fotovoltaico integrado num edifício. Espera-se assim, obter
uma aplicação prática e resultados satisfatórios.

82
________________________________

CAPÍTULO

6
________________________________

Estudo de Caso

83
84
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

6. Estudo de Caso
6.1. Introdução

A Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior (UBI), localizada na cidade da


Covilhã - Portugal, tem instalado um sistema fotovoltaico de oito módulos com uma potência
nominal de 2 kW, sendo que sete módulos fornecem energia à rede e um módulo é usado para
experiências no laboratório de Eletrotecnia (sala 8.7). Este sistema foi instalado com o intuito
de proporcionar trabalhos de investigação e didáticos na área das instalações fotovoltaicas e,
em simultâneo, fazer alguma compensação no consumo de energia demandado pelo
laboratório.

Pretende-se, no entanto, com este trabalho, estudar a possibilidade de instalação de um


sistema fotovoltaico à base de telhas solares. Substituindo parte do telhado do laboratório
enfatizado. Sendo motivados pelas novas tendências tecnológicas, propusemo-nos
dimensionar um sistema fotovoltaico integrado em edifício, bem como avaliar a sua
viabilidade técnica e económica, como já se fez referência no capítulo 3, relativo a sistemas
BIPV.

Para efetuar o dimensionamento do referido sistema, usaremos a abordagem metodológica


apresentada no capítulo 5, implicando seguir a sequência ora descrita.

6.2. Local da instalação

6.2.1. Potencial solar

A instalação, tal como se enfatizou, será alocada, na Faculdade de Engenharia da UBI, situada
na pequena cidade da Covilhã. De forma mais específica, apresentam-se as suas coordenadas
geográficas: latitude de 40º 16' 42.8'' N e longitude de 7º 30' 42.3'' W, tendo uma elevação em
relação ao nível do mar de 639 m de altitude.

85
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________

Figura 6.1 - Vista superior da Faculdade de Engenharia – UBI [96]

A privilegiada localização geográfica da cidade garante altos índices de intensidade solar ao


longo do ano, fator determinante para se instalar um sistema fotovoltaico que possa produzir
eletricidade durante todo ano. Na Tabela 6.1 são apresentados os dados relativos aos
parâmetros de radiação solar na cidade da Covilhã, para as coordenadas geográficas citadas.
Percebe-se claramente, que a cidade tem um potencial de radiação horizontal e direta muito
elevados.

Tabela 6.1 – Radiação global incidente para a cidade da Covilhã, fonte: PVGIS (2001 – 2012)

Mês Hh (Wh/m2/dia) DNI (Wh/m2/dia) D/G Td (C)


Janeiro 1800 2240 0,50 8,4
Fevereiro 2940 3670 0,40 8,3
Março 4430 4430 0,42 11,6
Abril 5450 5320 0,37 14,6
Maio 6590 6290 0,34 18,0
Junho 7740 8130 0,25 22,2
Julho 8100 9350 0,19 26,2
Julho 7040 8210 0,21 25,9
Agosto 5190 6140 0,27 22,4
Setembro 3360 3930 0,39 17,3
Outubro 2080 2580 0,47 11,7
Dezembro 1530 1970 0,52 9,1
Média Anual 4700 5200 0,31 16,3
Hh Radiação no plano horizontal
DNI Radiação normal direta
D/G Relação entre a radiação difusa e a global
Td Temperatura média diária

A época com maior índice de radiação corresponde aos meses de Junho, Julho e Agosto, como
se vê na Tabela 6.1 e na Figura 6.2. Tal resultado era de se esperar, pois esta é a estação do
verão em Portugal. Usando ângulos otimizados, esses níveis de radiação podem ser ainda
maiores.

86
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

10000
9000
8000
7000

Wh/m2/dia
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Irradiação no plano horizontal (Hh) Irradiação normal direta (DNI)

Figura 6.2- Radiação horizontal vs Radiação normal direta para a cidade da Covilhã ao longo do ano,
adaptado de PVGIS (2001 – 2012)

Ao longo do ano, regista-se a forte presença de nuvens. A sua presença dispersa os raios
solares, reduzindo a intensidade dos mesmos e, consequentemente o rendimento dos sistemas
fotovoltaicos. Para as coordenadas referidas, observa-se na Figura 6.3 que nos meses de
Junho a Setembro, o quociente entre a radiação difusa e a radiação global é baixo,
privilegiando a chegada dos raios solares à superfície sem interferências de nuvens (céu
limpo). O mesmo não se pode referir relativamente aos meses de Outubro a Maio, já que para
estes regista-se a presença considerável de nuvens no céu da Covilhã. Significando, no
entanto, ainda a possibilidade de produzir eletricidade, porém em menor quantidade do que
nos meses de verão.

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Figura 6.3 – Relação entre radiação difusa e global para a Covilhã, adaptado de PVGIS (2001 – 2012)

A temperatura é um fator importante no dimensionamento de sistemas fotovoltaicos, já que


temperaturas ambientes muito altas implicam temperaturas das células ainda mais altas,
provocando a redução no rendimento do módulo. As temperaturas médias diárias da cidade
da Covilhã, ao longo do ano, são exibidas na Figura 6.4, atingindo-se valores médios acima
dos 25º C.

87
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________

30

25

20

15

10

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Figura 6.4 – Temperaturas médias diárias ao longo do ano na Covilhã, adaptado de PVGIS (2001 – 2012)

Podemos, então, afirmar que a cidade tem potencial solar capaz de ser aproveitado por um
sistema fotovoltaico à base de telhas solares. Para um melhor aproveitamento do recurso
solar, as telhas serão orientadas (azimute) para o sul (0º).

6.2.2. Sombreamentos

Concernente aos sombreamentos, refere-se que a área possível de ser usada é


suficientemente grande para albergar as telhas solares, descartando-se a possibilidade de
sombreamentos provocados pelas próprias células. A presença de outros edifícios, montanhas,
árvores, chaminés, ou qualquer outro obstáculo fixo, que possa impedir a chegada dos raios
solares às células é inteiramente descartada, já que o sistema estará completamente
descoberto. A Figura 6.5 ilustra o local de instalação das telhas, bem como o arranjo
fotovoltaico já existente.

Figura 6.5 – Local de instalação das telhas solares. Fonte: Próprio autor

88
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

6.3. Seleção dos equipamentos

6.3.1. Telha Fotovoltaica

As telhas fotovoltaicas, ou solares, não são ainda muito populares no mercado, embora
existam diversos fabricantes, os seus produtos não estão tão disponíveis quanto os módulos
fotovoltaicos. Após uma vasta pesquisa das possíveis ofertas no mercado europeu, escolheu-se
a telha solar GTFV100 Tile, fabricada pela Solarteg, uma empresa sedeada em Milão–Itália,
cujo aspeto físico é ilustrado na Figura 6.6.

Figura 6.6 – Layout da GTFV100 Tile. Fonte: Catálogo do fabricante

As principais especificações técnicas da mesma são apresentadas na Tabela 6.2, sendo


constituída por 24 células policristalinas, produzindo um total 100 Wp de potência em STC. No
Anexo nº 7 são apresentadas as principais curvas desta telha, sob diferentes condições de
radiação e temperatura.

Tabela 6.2 – Especificações técnicas telha solar GTFV100 Solarteg. Fonte: datasheet do fabricante

Características elétricas (STC) Caraterísticas físicas

Nº de células 24 Altura exposta (mm) 712


Potência (Wp) 100 Largura exposta (mm) 1090
VOC (V) 15,4 Altura total (mm) 820
ISC (A) 8,9 Largura total (mm) 1195
VMPP (V) 11,9 Espessura (mm) 40
IMPP (A) 8,45 Peso (kg) 15,8
Eficiência (%) 14,6 Peso específico (kg/m2) 20,3
Coef. temperatura corrente ISC%/ºC 0,05 Inclinação mínima do telhado (º) 17
Coef. temperatura tensão VOC%/ºC -0,35 Inclinação máxima do telhado (º) 45
Coef. temperatura potência W%/ºC -0,40 Área de superfície exposta (m2) 0,78

Aplicando a expressão (5.1) e considerando que a potência instalada do sistema (PFV) é de 2


kWp, podemos determinar a quantidade de telhas necessárias para gerar a potência
pretendida. Obtemos assim um total de 20 telhas GTFV100.

89
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________

6.3.2. Inversor

Por se tratar de um sistema fotovoltaico de pequena dimensão (inferior a 5 kWp), e tendo em


conta que as telhas solares estarão submetidas ao mesmo nível de radiação, escolheu-se usar
o esquema de inversor central, Figura 6.7.

Figura 6.7 – Esquema inversor central. Fonte: PVSYST

Para determinar a potência nominal do inversor, teve-se como base o intervalo de potência
da expressão (5.2). Assim, a potência do inversor deverá estar situada entre 1,4 kW e 2,4 kW.
Selecionou-se o inversor monofásico 2000P da SolarMax, cujas especificações técnicas são
apresentadas no Anexo nº 1.

6.4. Implementação computacional PVSYST v.6.68

O sistema fotovoltaico referenciado foi dimensionado recorrendo-se ao PVSYST v.6.68. É um


software criado para ser usado por arquitetos, engenheiros e investigadores, sendo uma
ferramenta muito útil no dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede ou
isolados. Nele, foram inseridos os dados meteorológicos da Tabela 6.1.

Para a configuração do sistema fotovoltaico, considerou-se o seguinte:


- Potência: 2 kWp
- Inclinação (ver anexo nº 8): 20º
- Orientação (azimute) fixa no plano: Sul (0º)

Após a inserção dos dados no software, é automaticamente devolvida uma série de resultados
do sistema. Estes mesmos resultados são obtidos com base nas expressões (5.3) a (5.7). A
Figura 6.8 ilustra a interface do PVsyst e a respetiva configuração global do sistema aqui
proposto.

90
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

Figura 6.8 - Configuração global do sistema. Fonte: PVSYST

Os resultados devolvidos pelo programa são apresentados na Tabela 6.3. Destes, destaca-se o
facto de nas condições de operação do sistema (VMPP (70º) e VOC (-10º)), as tensões variarem
entre 205 e 338 V, encontrando-se dentro dos limites de tensão admitido pelo inversor
escolhido (120 – 480 V). Isto é importante, pois garante que o algoritmo MPPT do inversor
possa explorar os pontos de máxima potência de cada curva.

Tabela 6.3 – Resultados obtidos. Fonte: PVSYST

Nº de telhas em série 20

Nº de fileiras 1
2
Área necessária (m ) 20

Máxima potência PV (kWDC) 1,9

Potência nominal AC (kWAC) 2

VMPP (70º) (V) 10,2


Telha
VOC (-10º) (V) 16,9

VMPP (70º) (V) 205


Sistema
VOC (-10º) (V) 338

91
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________

Para mensurar o rendimento de um sistema PV, alguns índices devem ser considerados. Estes
são utilizados com o objetivo de comparar sistemas entre si, além de avaliar o desempenho
individual de cada sistema. Neste trabalho são considerados os seguintes [97]:

- Produtividade de Referência (Yr) – é numericamente igual à energia incidente no plano dos


módulos, expressa em kWh/m2. Pode ser entendido como o recurso solar disponível naquele
local, com os módulos na orientação definida, representando o número de horas que o
sistema funciona sob a radiação de referência.

- Produtividade final (Yf) – é a razão entre a energia injetada na rede elétrica E_Grid, e a
potência nominal do sistema PFV, representando o número de horas que o sistema precisaria
funcionar na potência nominal para fornecer uma determinada quantidade de energia à rede.
Este pode ser dado em horas ou em kWh/kWp.

- Desempenho Global, ou taxa de desempenho (PR) - trata-se da razão entre o Yf e o Yr,


sendo um número adimensional e quantifica a eficiência do sistema como um todo,
contabilizando todas as perdas do sistema.

Na Figura 6.9 encontra-se registado o valor de 5,259 kWh/m2.dia como sendo a média da
energia incidente nas telhas solares ao longo do ano.

Figura 6.9 - Energia incidente de referência no plano do coletor. Fonte: PVSYST

A produção de energia por parte do sistema é sempre acompanhada de perdas. Estas são
intrínsecas às caraterísticas do arranjo fotovoltaico (desde as células até às telhas), bem

92
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

como do próprio inversor. Quanto maior for o nível de incidência da radiação solar, maior
serão as perdas registadas, já que aumenta a temperatura das células, reduzindo o
rendimento das telhas. Isto é claramente constatado nas Figuras 6.10 (dados absolutos) e 6.11
(dados percentuais).

Figura 6.10 -Produções normalizadas. Fonte: PVSYST

Figura 6.11 - Produção normalizada e fatores de perdas. Fonte: PVSYST

93
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________

A taxa de desempenho do sistema é de 75%. Este valor é o quociente entre Yf = 3,97


kWh/kWp.dia e Yr = 5,259 kWh.m2.dia. Pela Figura 6.12, percebe-se que o sistema apresenta
maior rendimento nos meses de menor radiação solar.

Figura 6.12 - Taxa de desempenho do sistema. Fonte: PVSYST

A energia produzida pelo sistema fotovoltaico não é a energia injetada na rede, ou seja, à
saída do inversor. Isto deve-se ao facto de existirem diversas perdas que influenciam a
redução desta energia. As principais perdas que afetam o sistema são apresentadas na Figura
6.13 e descritas no Anexo nº 9.

94
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

Figura 6.13 – Diagrama de perdas ao longo de todo ano. Fonte: PVSYST

Através da simulação é possível obter uma previsão da produção anual do sistema. Como tal,
obtém-se uma produção de 2 900,3 kWh/ano.

Tabela 6.4 -Balanços e principais resultados. Fonte: PVSYST

GlobHor DiffHor GlobInc GlobEff EArray E_Grid


Mês PR
kWh/m2 kWh/m2 kWh/m2 kWh/m2 kWh kWh
Janeiro 55,8 27,90 77,7 73,9 131,9 126,6 0,815
Fevereiro 82,3 32,93 108,4 104,0 183,4 176,6 0,815
Março 137,3 57,68 163,2 157,0 267,6 257,8 0,790
Abril 163,5 60,49 178,2 171,5 283,0 272,1 0,763
Maio 204,3 69,46 208,2 200,3 325,7 313,5 0,753
Junho 232,2 58,05 230,2 222,4 348,8 335,4 0,728
Julho 251,1 47,71 253,1 245,0 374,9 360,5 0,712
Julho 218,2 45,83 233,4 225,4 348,5 335,4 0,718
Agosto 155,7 42,04 182,7 176,4 282,0 271,5 0,743
Setembro 104,2 40,62 131,6 126,4 211,9 204,0 0,775
Outubro 62,4 29,33 84,3 80,5 140,8 135,2 0,802
Dezembro 47,4 24,66 68,5 64,7 116,6 111,9 0,817
Ano 1714,5 536,70 1919,6 1847,8 3015,2 2900,3 0,755

GlobHor Radiação global horizontal EArray Energia na saída do array


DiffHor Radiação difusa horizontal E_Grid Energia injetada na rede
GlobInc Incidência global no plano do coletor PR Taxa de desempenho
GlobEff Global efetiva, corrigida pelo IAM e sombreamentos

A Tabela 6.4 apresenta o balanço mensal e anual das principais grandezas avaliadas. É
percetível a influência das perdas. A diferença entre a energia que o arranjo produz e a
energia injetada na rede é mostrada na Figura 6.14.

95
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________

400

350

300

250
kWh

200

150

100

50

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
E_Array 131,9 183,4 267,6 283 325,7 348,8 374,9 348,5 282 211,9 140,8 116,6
E_Grid 126,6 176,6 257,8 272,1 313,5 335,4 360,5 335,4 271,5 204 135,2 111,9

Figura 6.14 – Energia do arranjo fotovoltaico vs energia injetada na rede

6.5. Dimensionamento das cablagens

6.5.1. Cabos de fileiras

O uso da telha GTFV100 dispensa o dimensionamento dos cabos de fileiras pois a ligação
elétrica é garantida graças a um ligador de contato patenteado (sem cabo), que une as telhas
umas às outras, proporcionando uma instalação simples e rápida no telhado.

Entretanto, como é necessário saber a secção do cabo de fileira para utilizar as expressões
(5.13) a 5.20, e tendo em conta que o fabricante apenas fornece o tipo de material condutor
(cobre), vamos neste trabalho admitir que o ligador equivale a uma secção de 2,5 mm2 e com
comprimento de 0,1 m.

Assim sendo, podemos calcular pela expressão (5.13) as perdas nos ligadores da fileira.
Considerando que temos apenas uma fileira, e sabendo pela Figura 6.8 que a corrente
máxima a circular na fileira em STC é 8,9 A, obtemos:

6.5.2. Cabo DC principal

A secção do cabo DC principal é calculada através da expressão (5.15). Prevendo-se alocar as


telhas por cima do laboratório anteriormente citado, considerou-se um comprimento
aproximado de 20 m. A corrente nominal In é igual à corrente da fileira e escolheu-se um
fator de perdas FP de 1%. Assim, temos:

96
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

Padronizando a secção, optou-se por um cabo de 4 mm2.

As respetivas perdas, são dadas de acordo a expressão (5.16).

6.5.3. Cabo AC

A secção transversal do cabo AC é calculada por meio da expressão (5.17). A corrente nominal
e o fator de potência do inversor são, respetivamente, de 10 A e 0,8 e estes valores podem
ser vistos nas características do inversor selecionado, no Anexo nº1. Por se tratar de um
sistema monofásico, a tensão nominal é de 230 V.

Pelos cálculos, obtém-se uma secção transversal muito reduzida, porém admitimos uma
secção de 2,5 mm2.

As perdas PAC, para a secção transversal selecionada, são calculadas através de (5.19):

6.6. Dimensionamento das proteções

6.6.1. Fusíveis de fileiras

O uso de fusíveis de fileira é importante para proteger o circuito em DC, porém tal como foi
descrito na secção 5.6.1, para sistemas com menos de 4 fileiras é dispensável a sua
instalação.

6.6.2. Interruptor DC

O inversor selecionado 2000P da Solarmax já tem integrado um interruptor DC (ver Anexo nº


1) para permitir a ligação entre o gerador fotovoltaico e o inversor, garantindo proteção
contra possíveis contactos diretos durante atos de manutenção.

97
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________

6.6.3. Disjuntor AC

A proteção do ramal que liga o inversor à rede é calculada pela expressão (5.23).

O poder de corte do disjuntor AC deverá ser superior a 10,8 A.

6.7. Avaliação económica

Os sistemas fotovoltaicos são de certa forma limitados pelo custo associado a eles. A
avaliação económica torna-se num fator de particular importância, pois, através da mesma,
pode-se concluir acerca da rentabilidade da instalação.

Segundo os deveres dispostos no Decreto-Lei nº 153/2014, de 22 de Outubro, a potência


instalada de uma UPAC deve ser dimensionada de forma a evitar excedentes de produção, e
consequente injeção na RESP. Neste estudo, não serão considerados excedentes de produção,
pois, podemos observar na Figura 6.15 que o consumo energético da Faculdade de Engenharia
da UBI ao longo do ano, pelo menos para 2017, é demasiado superior à potência que é
prevista ser produzida pelo sistema fotovoltaico.

O custo associado à instalação do sistema proposto é apresentado na Tabela 6.5,


correspondendo a um montante total de investimento estimado de 7.009,93 €.

Tabela 6.5 – Custo associado à instalação do sistema fotovoltaico proposto

Descrição Qdt Preço Unit (€) IVA (%) Preço total (€)

Telhas Solarteg GTFV100 20 240 23 4 885,20


Inversor Solarmax 2000P 1 994,90 23 1 223,73
Quadro de proteção AC 1 150 23 184,50
Montagem e outros fornecimentos 1 550 23 676,50
Tarifas de registo - UPAC 1 70 70

Custo total de investimento: 7 009,93 €

98
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

50000
45000
40000
35000
30000

kWh
25000
20000
15000
10000
5000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo 37968 46809 39637 40.030 35.934 32.266 47.216 13.111 23.807 30.270 30.643 39.837
E_Grid 126,6 176,6 257,8 272,1 313,5 335,4 360,5 335,4 271,5 204,0 135,2 111,9

Consumo E_Grid

Figura 6.15 – Consumo elétrico da Faculdade de Engenharia da UBI (2017) vs energia injetada na rede
pelo sistema PV

No Anexo nº 6, é apresentado o consumo elétrico mensal da Faculdade de Engenharia da UBI


para o ano de 2017, bem como a faturação mensal paga. Tomar-se-á como referência o
consumo anual e a sua respetiva faturação para os cálculos seguintes.

Nesta secção será feita uma abordagem sobre o VAL, o TIR e o Payback que são os principais
indicadores de avaliação da viabilidade económica de um sistema.

6.7.1. VAL

O VAL (Valor Atual Líquido) é um indicador muito utilizado, pois avalia a viabilidade
económica de um projeto calculando o valor atual de todos os seus cash-flows. É dado pela
expressão (6.1).

(6.1)

em que:
n – Número de anos
I – Valor de investimento
R – Receita (valor anual)
C – Custos (O&M)
a – Taxa de empréstimo em vigor

O seu valor pode ser positivo, negativo ou nulo. Quando é positivo, o projeto é viável e
permite cobrir o investimento gerando ainda excedentes financeiros (lucros). Caso o valor
seja negativo, o projeto não é economicamente viável. Um VAL nulo significa que o projeto é
economicamente viável, porém não gerará excedentes financeiros.

99
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_________________________________________________________________________________

6.7.2. TIR

A TIR (Taxa Interna de Rentabilidade) representa a rentabilidade gerada por uma


determinada aplicação financeira, ou seja, representa uma taxa que ao ser usada como taxa
de desconto, retorna um VAL nulo.

O critério de decisão sobre determinado investimento nalgum projeto, consiste simplesmente


em aceitar os que apresentam uma TIR superior ao custo de financiamento, acrescido de uma
determinada taxa mínima de atratividade (TMA) que lhes esteja associada, ou seja, se a TIR
for maior que a TMA especificada.

6.7.3. Payback

O Payback é considerado como o período de tempo necessário para que se recupere todo
investimento feito nalguma aplicação.

Considerando que a vida útil das telhas solares é de 25 anos, o estudo económico é feito para
o mesmo intervalo de tempo. No entanto, admite-se um consumo elétrico fixo ao longo do
horizonte temporal evidenciado.

Como as telhas fotovoltaicas sofrem uma diminuição do rendimento ao longo dos anos,
admitiu-se um valor de depreciação anual de 0,6 %. Este valor surge por estimativa, já que
não dispomos de informação disponibilizada pelo fabricante.

As tarifas de energia não são fixas, variando constantemente (subindo ou descendo), como
pode ser conferido na tabela exibida no Anexo nº 5. Essa variabilidade deve ser tida em conta
ao apreciar a faturação prevista para o horizonte temporal de 25 anos. Para tal, avaliando o
histórico de Portugal, admitimos um crescimento anual de 2% na tarifa de referência em 2017
(0,145 €/kW ).

Para considerar o valor da moeda no tempo, admitiu-se uma TMA anual de 10% sobre o valor
total acumulado.

Por se tratar de um sistema de pequena dimensão, e visto que as telhas apresentam uma
garantia de 10 a 15 anos, assumiu-se um valor de Operação e Manutenção Anual (O&M) de 100
€ a partir do segundo ano de operação, com um crescimento de 5% ao ano.

O cálculo dos indicadores económicos considerados (VAL, TIR e Payback), foi efetuado
recorrendo-se ao Excel. Tendo em conta o investimento inicial de 7 009,93 € e as estimativas
de cash-flows ao longo dos anos, obtiveram-se os resultados apresentados na Tabela 6.6.

100
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_____________________________________________________________________________________________________________________________ ________

Tabela 6.6 – Estudo económico do sistema fotovoltaico proposto

Consumo Consumo Valor Valor total Valor Atual Cash-flows


Tarifa Produção Faturação s/ Faturação c/ O&M
Ano s/PV c/PV acumulado acumulado c/ TMA c/ TMA
(€/kWh) (kWh) PV (€) PV (€) (€)
(kWh) (kWh) (€) (€) (€) (€)
2017 0 0,145 417528 - - 60 345,3 - - - - - -

2018 1 0,147 417528 2900,3 414628 61 552,2 61 124,7 427,6 0 427,6 427,6 -6 582,4

2019 2 0,150 417528 2882,9 414645 62 783,3 62 349,8 861,1 100,00 761,1 691,9 -5 890,5

2020 3 0,153 417528 2865,6 414662 64 038,9 63 599,4 1 300,6 105,00 1 195,6 988,1 -4 902,4

2021 4 0,156 417528 2848,4 414680 65 319,7 64 874,1 1 746,2 110,25 1 635,9 1229,1 -3 673,3

2022 5 0,160 417528 2831,3 414697 66 626,1 66 174,3 2 198,0 115,76 2 082,2 1422,2 -2 251,1

2023 6 0,163 417528 2814,3 414714 67 958,6 67 500,6 2 656,1 121,55 2 534,5 1573,7 -677,4

2024 7 0,166 417528 2797,4 414731 69 317,8 68 853,4 3 120,5 127,63 2 992,9 1689,4 1 012,0

2025 8 0,169 417528 2780,7 414747 70 704,2 70 233,3 3 591,4 134,01 3 457,4 1774,2 2 786,2

2026 9 0,173 417528 2764,0 414764 72 118,2 71 640,8 4 068,8 140,71 3 928,1 1832,5 4 618,7

2027 10 0,176 417528 2747,4 414781 73 560,6 73 076,6 4 552,8 147,75 4 405,1 1868,2 6 486,9

2028 11 0,180 417528 2730,9 414797 75 031,8 74 541,1 5 043,6 155,13 4 888,4 1884,7 8 371,6

2029 12 0,183 417528 2714,5 414813 76 532,5 76 034,9 5 541,2 162,89 5 378,3 1885,0 10 256,6

2030 13 0,187 417528 2698,2 414830 78 063,1 77 558,6 6 045,6 171,03 5 874,6 1871,8 12 128,4

2031 14 0,191 417528 2682,0 414846 79 624,4 79 112,9 6 557,1 179,59 6 377,5 1847,3 13 975,8

2032 15 0,195 417528 2666,0 414862 81 216,9 80 698,3 7 075,7 188,56 6 887,1 1813,6 15 789,4

2033 16 0,198 417528 2650,0 414878 82 841,2 82 315,4 7 601,5 197,99 7 403,5 1772,3 17 561,7

2034 17 0,202 417528 2634,1 414894 84 498,0 83 964,9 8 134,5 207,89 7 926,6 1725,1 19 286,8

2035 18 0,206 417528 2618,3 414910 86 188,0 85 647,5 8 675,0 218,29 8 456,7 1673,1 20 959,9

101
|Capítulo 6 – Estudo de Caso
_____________________________________________________________________________________________________________________________ ________

Tabela 6.7 - Estudo económico do sistema fotovoltaico proposto [continuação]

Consumo Consumo Valor Valor total Valor Atual Cash-flows


Tarifa Produção Faturação s/ Faturação c/ O&M
Ano s/PV c/PV acumulado acumulado c/ TMA c/ TMA
(€/kWh) (kWh) PV (€) PV (€) (€)
(kWh) (kWh) (€) (€) (€) (€)
2036 19 0,211 417528 2602,5 414925 87 911,7 87 363,8 9 223,0 229,20 8 993,8 1617,6 22 577,5

2037 20 0,215 417528 2586,9 414941 89 670,0 89 114,4 9 778,5 240,66 9 537,9 1559,5 24 137,0

2038 21 0,219 417528 2571,4 414957 91 463,4 90 900,1 10 341,8 252,70 10 089,1 1499,7 25 636,7

2039 22 0,223 417528 2556,0 414972 93 292,6 92 721,5 10 912,9 265,33 10 647,6 1438,8 27 075,5

2040 23 0,228 417528 2540,6 414987 95 158,5 94 579,5 11 492,0 278,60 11 213,4 1377,5 28 453,0

2041 24 0,232 417528 2525,4 415003 97 061,7 96 474,6 12 079,1 292,53 11 786,5 1316,3 29 769,3

2042 25 0,237 417528 2510,2 415018 99 002,9 98 407,7 12 674,3 307,15 12 367,1 1255,6 31 024,9

102
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

Nota-se que ao final da vida útil do sistema, este estaria a trabalhar a 66% da sua capacidade,
produzindo 2480,2 kWh/ano. Estima-se obter, ao fim dos 25 anos, um valor acumulado de
31 024,9 €.

Pela Figura 6.16 constata-se que, em comparação com a vida útil do sistema, o período de
retorno do investimento apresenta um resultado satisfatório. Os resultados dos indicadores
económicos são apresentados na Tabela 6.8.

35.000,0 €
30.000,0 €
25.000,0 €
20.000,0 €
15.000,0 €
10.000,0 €
5.000,0 €
0,0 €
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
-5.000,0 €
Anos
-10.000,0 €

Figura 6.16 - Gráfico do payback do sistema fotovoltaico proposto

Tabela 6.8 – Resultados dos indicadores económicos

Investimento inicial 7 009,93 €


TMA 10%
VAL 31 024,92 €
TIR 19%
Payback (anos) 6,4

Assim sendo, do ponto de vista económico, a implementação de uma UPAC com tecnologia
BIPV, usando telhas solares GTFV100 Solarteg, é viável, já que obtemos um VAL positivo, bem
como uma TIR superior à TMA estipulada. O tempo de retorno do investimento aplicado é de
6,3 anos (6 anos e 4 meses), permitindo a obtenção de lucros nos anos subsequentes.

103
104
|Capítulo 7 - Conclusão
_________________________________________________________________________________

_________________________________

CAPÍTULO

7
_________________________________

Conclusão

105
106
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

7. Conclusão

A energia solar fotovoltaica é claramente uma das fontes de energia que apresenta um maior
potencial de crescimento nos próximos anos, sendo com certeza a grande esperança para
assegurar as inúmeras necessidades energéticas a nível mundial, em particular para Portugal.
Referimo-nos a uma tecnologia, relativamente estabelecida, mas que tem suscitado o
interesse cada vez maior de muitos investigadores, no intuito de reduzir os custos que
envolvem a sua exploração.

As células fotovoltaicas, e o efeito fotovoltaico, estão na base de toda essa exploração e


acreditação. Mas para que se produza eletricidade em grande escala, através de células
solares, é necessário fazer agrupamentos de células, seja em série ou em paralelo, formando
os painéis ou módulos fotovoltaicos. Este agrupamento granjeia o aumento da tensão ou da
corrente, dependendo da necessidade do(s) sistema(s).

Podemos agrupar os sistemas fotovoltaicos em três grupos, nomeadamente: sistemas Off-


Grid, sistemas On-Grid e sistemas Híbridos, que abarcam todo tipo de instalação fotovoltaica.
A escolha do tipo de sistema depende do fim a que se destina a utilização da energia
fotovoltaica, devendo fazer-se uma análise criteriosa das necessidades do local. Esta análise
envolve também a seleção do(s) inversor(es), a usar na instalação, pois dele(s) depende a
conversão da energia de DC para AC.

Relativamente à tecnologia BIPV, vemos que esta tem ganho cada vez mais espaço no campo
da exploração da energia solar. Isto, porque ela combina o aproveitamento energético e a
estética, um dos grandes desafios da tecnologia fotovoltaica convencional. O telhado, ou as
fachadas dos edifícios, constituem os principais locais de aplicação dos sistemas BIPV, o que
leva os arquitetos e engenheiros a demonstrarem uma maior preocupação na conceção de
novos produtos, já que estes devem ser capazes de resistir às intempéries suportadas pelos
elementos convencionais dos edifícios.

Esta tecnologia tem sindo agrupada em diversos tipos, conhecidos como folhas fotovoltaicas,
telhas fotovoltaicas, módulos BIPV e vidros fotovoltaicos. A sua aplicação depende da
finalidade desejada, se para telhado, fachada ou elementos de fenestração. Portanto, tal
como toda a tecnologia inovadora enfrenta desafios, os sistemas BIPV não são diferentes.
Vários desafios devem ser superados para que BIPV ganhe cada vez mais espaço no mercado e
possa ser uma escolha por parte dos consumidores. Tais desafios podem ser evidenciados
como institucionais, de aceitação pública, económicos e técnicos.

107
|Capítulo 7 - Conclusão
_________________________________________________________________________________

A nível local, tem-se assistido a uma preocupação por parte do governo, em potencializar
cada vez mais a exploração do recurso solar e a instalação de tecnologias que visem
desmotivar a utilização dos combustíveis fosseis. Esta preocupação é justificável, pois
Portugal apresenta um potencial solar bastante elevado, podendo, com a aplicação destas
tecnologias, diminuir a crescente demanda elétrica por parte dos centros de consumo.

É assim que, desde o Decreto-Lei nº 189/88, 27 de Maio que permitiu a produção de


eletricidade por entidades singulares ou coletivas, até ao Decreto-Lei nº 153/2014 de 20 de
Outubro, muito tem sido feito, por meio da elaboração de decretos, normas, portarias, etc,
para que o fornecimento de eletricidade seja cada vez mais independente dos combustíveis
fósseis, valorizando o empenho das entidades defensoras do ambiente e da exploração de
energias limpas.

A presente legislação visa incentivar os consumidores a produzirem a própria eletricidade,


bem como receber uma remuneração por ela, através da venda ao RESP. Isto garante que o
suprimento elétrico não seja apenas garantido pelo SEN, mas sim, nalguns casos, pelo próprio
detentor da unidade produtora. Sendo estas unidades consideradas pela legislação vigente de
UPAC e UPP.

As unidades produtoras carecem de um correto dimensionamento de todos elementos


inerentes ao sistema, para que se propicie um aproveitamento eficaz do recurso solar, por
meio de células fotovoltaicas. Abordaram-se os principais fatores implícitos ao
dimensionamento de sistemas fotovoltaicos ligados à rede.

Um bom estudo do local onde será instalado o sistema é necessário, pois através dele se
poderá conhecer as condições meteorológicas e perceber se a radiação solar permite a
instalação de um sistema PV. Os equipamentos a serem selecionados são submetidos a uma
análise criteriosa, de modo a dar resposta às exigências de potência.

No que concerne à cidade da Covilhã, somos levados a reconhecer o elevado índice de


radiação solar que incide sobre si. Como resultado, muitas instalações fotovoltaicas de
pequeno porte e com caráter doméstico têm sido criadas no sentido de suprir a sua demanda
energética. Esta tendência foi também acompanhada pela UBI, que instalou um sistema
fotovoltaico de 2 kWp à base de painéis fotovoltaicos localizados na Faculdade de Engenharia.
A referida localização apresenta um nível de radiação horizontal de 4 700 Wh/m2/dia como
média anual, um valor bastante aprazível, para um local onde se deseje instalar um sistema
PV.

Foi apresentada neste trabalho uma proposta para instalação de um sistema de geração
fotovoltaica baseado em telhas fotovoltaicas. A instalação estaria localizada no telhado da

108
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
_________________________________________________________________________________

referida Faculdade e projetada com potência de 2 kWp. A seleção da telha recaiu sobre a
GTFV100 Tile fabricada pela Solarteg e foi escolhido o inversor 2000P da Solarmax.

A simulação do sistema foi realizada no PVsyst v6.68, que após o preenchimento dos
parâmetros requeridos, retornou que a instalação necessitará de 20 telhas, 1 inversor,
podendo ocupar uma área de 20 m2.

Numa base anual, pelo menos para o primeiro ano de operação, a instalação produzirá
3 015,2 kWh, sendo que apenas 2 900,3 kWh poderão ser aproveitados devido às diversas
perdas inerentes ao funcionamento do sistema. O dimensionamento dos cabos foi realizado
baseado nas expressões matemáticas exibidas no capítulo cinco, de onde se pôde calcular a
secção de 2,5 mm2 para os cabos de fileira, secção de 4 mm2 para o cabo DC principal e
secção de 2,5 mm2 para o cabo AC. O uso de fusíveis de fileira é dispensável, assim como
dispensável é o dimensionamento de um interruptor DC, já que o inversor escolhido já o tem
instalado. Deverá ser instalado um disjuntor do lado AC, que deverá ter um poder de corte
superior a 10,8 A.

No intuito de avaliar o custo envolvido para a implementação deste sistema, bem como
conhecer a sua viabilidade económica, foi elaborado um estudo económico. Para tal, foi
necessário fazer o levantamento dos preços de todos os equipamentos necessários, bem como
da mão de obra envolvida, perfazendo um investimento total de 7 000,93 €. De referir ue,
foi descartada a possibilidade de empréstimo bancário.

Os resultados obtidos para os indicadores económicos estudados (VAL, TIR e Payback)


demonstram a viabilidade económica do sistema. A instalação permitiria obter no final da sua
vida útil um valor acumulado de 31 034,9 €, apresentando um período de retorno do
investimento de 6,3 anos, valor aceitável comparando com os 25 anos de vida útil das telhas.

No entanto, verdade seja dita, embora tenhamos obtido resultados satisfatórios que nos
indicam a viabilidade técnica e económica do sistema fotovoltaico proposto, não nos podemos
olvidar de que as telhas solares ainda são muito caras quando comparadas com os painéis
fotovoltaicos convencionais, sem contar que elas ainda não estão disponíveis em todos países,
(ex. Portugal), encarecendo ainda mais a instalação, já que teriam de ser considerados os
custos de transporte e alfândegas.

A escolha do nível de potência a ser instalado foi propositada pois, convinha-nos comparar os
custos envolvidos com uma instalação deste género e com os de uma do tipo convencional. O
resultado é claro, como se pode ver no Anexo nº 2, percebendo-se que a instalação de um
sistema fotovoltaico à base de painéis solares com a mesma potência instalada de 2 kWp,
teve um custo total em 2015 de 2 829,00 € e, consequentemente, um tempo de retorno de

109
|Capítulo 7 - Conclusão
_________________________________________________________________________________

investimento menor (embora não o tenhamos calculado). De forma adicional, é apresentado


no Anexo nº 3, um orçamento para a possível instalação de um sistema de 2,6 kWp, a pedido
do autor a empresa portuguesa LOBOSOLAR Lda, sendo que mesmo com o acréscimo de alguns
equipamentos, o custo total do sistema seria de 4 555,94 €, valor ainda inferior ao
investimento de 7 000,93 €.

Podemos com certeza afirmar que, a instalação de telhas fotovoltaicas é capaz de gerar
níveis de energia muito próximos (pois pelo Anexo nº4, nota-se que a produção anual de um
sistema fotovoltaico à base de painéis, sob condições semelhantes às telhas, não é muito
superior, mostrando uma diferença mínima), ou até mesmo superiores, aos dos painéis
fotovoltaicos convencionais. Apresenta vantagens como a redução do peso suportado pelo
telhado, a otimização do espaço e a melhoria da estética do edifício. Entretanto, se
comparada com a tecnologia convencional, e com os métodos de instalação tradicionais, ela
ainda é cara, desmotivando por enquanto a sua aquisição.

Acreditamos que nos próximos anos, com o desenvolvimento cada vez maior desta tecnologia,
e a preocupação com a arquitetura, estética e consumo energético dos edifícios, poderemos
assistir a uma redução considerável no preço das telhas, tornando o investimento mais
atraente. Várias empresas, entre elas a Tesla, têm evidenciado esforços para que num futuro
não muito distante se possa financiar a instalação de um telhado fotovoltaico com um custo
reduzido ou até mesmo mais barato do que um telhado convencional.

110
_________________________________

CAPÍTULO

8
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Referências
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CAPÍTULO

9
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Anexos

121
122
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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9. Anexos
Anexo nº1 – Especificações técnicas do inversor solar
Pseries da Solarmax

123
|Capítulo 9 - Anexos
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Anexo nº2 – Orçamento do sistema fotovoltaico instalado


na Faculdade de Engenharia - UBI

124
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Anexo nº3 – Previsão orçamental para um sistema


fotovoltaico de 2,6 kWp

125
|Capítulo 9 - Anexos
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Anexo nº4 – Simulação em PVsyst v6.68 de um sistema


fotovoltaico de 2 kWp com base em painéis solares

126
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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127
|Capítulo 9 - Anexos
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128
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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129
|Capítulo 9 - Anexos
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Anexo nº5 – Evolução do preço da eletricidade em


Portugal desde 1991 a 2017

Tabela 9.1 - Evolução do preço da eletricidade em Portugal 1991 – 2017. Fonte: [98]

Preços da eletricidade para Preços da eletricidade para


Ano
utilizadores domésticos (por kWh) utilizadores industriais (por kWh)
1991 0,1120 0,0836
1992 0,1287 0,0975
1993 0,1428 0,1003
1994 0,1321 0,0888
1995 0,1322 0,0839
1996 0,1324 0,0794
1997 0,1343 0,0787
1998 0,1315 0,0748
1999 0,1263 0,0679
2000 0,1256 0,0675
2001 0,1262 0,0683
2002 0,1286 0,0698
2003 0,1322 0,0706
2004 0,1350 0,0719
2005 0,1381 0,0749
2006 0,1410 0,0858
2007 0,1500 0,0903
2008 0,1482 0,0939
2009 0,1508 0,0984
2010 0,1584 0,0982
2011 0,1654 0,1048
2012 0,1993 0,1403
2013 0,2081 0,1416
2014 0,2175 0,1427
2015 0,2279 0,1402
2016 0,2350 0,1384
2017 0,2284 0,1408

130
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Anexo nº6 – Consumo elétrico da Faculdade de


Engenharia-UBI, 2017

Tabela 9.2 - Consumo elétrico da Faculdade de Engenharia – UBI, 2017. Fonte: Serviços técnicos UBI

Mês Consumo (kWh) Fatura (€)


Janeiro 37 968 5 392,03

Fevereiro 46 809 6 690,74

Março 39 637 5 642,98

Abril 40 030 5 889,52

Maio 35 984 5 360,11

Junho 32 266 4 855,37

Julho 47 216 6 970,34

Agosto 13 111 1 846,53

Setembro 23 807 3 335,46

Outubro 30 270 4 430,00

Novembro 30 643 4 377,85

Dezembro 39 837 5 554,35

Ano 417 528 60 345,28

131
|Capítulo 9 - Anexos
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Anexo nº7 – Curvas de corrente–tensão e potência-tensão da GTFV100 tile para distintos


valores de radiação e temperatura

Figura 9.1 – a) Curva I-V para valores diferentes de radiação; b) Curva I-V para valores diferentes de temperatura; c) Curva P-V para distintos valores de temperatura; d)
Curva P-V para distintos valores de radiação

132
|Viabilidade tecno-económica de telhas fotovoltaicas
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Anexo nº8 – Alçado principal da Faculdade de Engenharias – UBI

Figura 9.2 – Alçado principal da Faculdade de Engenharias - UBI

133
|Capítulo 9 - Anexos
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Anexo nº9 - Principais perdas influentes no sistema fotovoltaico


Tabela 9.3- Principais perdas influentes no sistema fotovoltaico [99]

Tipo de perdas Descrição

Far Shadings/Horizon Sombreamentos distantes são descritos por uma linha do horizonte. Eles dizem respeito a sombreamentos de objetos suficientemente longe, pois
podemos considerar que eles atuam no array fotovoltaico de uma maneira global.

IAM factor on global


O efeito de incidência (o termo designado é IAM, para "Modificador do Ângulo de Incidência") corresponde à diminuição da irradiância que
realmente atinge a superfície das células fotovoltaicas, no que diz respeito à irradiância sob incidência normal. Esta diminuição é devida
principalmente a reflexões na cobertura de vidro, que aumenta com o ângulo de incidência. Sendo que este valor não é superior a 3%.

PV loss due to irradiance level e PV loss due to


temperature Perda devido ao nível de irradiância e perda devido à temperatura. Ambas as perdas são dependentes do datasheet do fabricante do módulo e
também completamente dependentes dos dados meteorológicos do local.

Module quality loss Perda de qualidade do módulo. Esta perda refere-se às tolerâncias Wp positivas e negativas dos módulos. Os seguintes casos devem ser
considerados ao escolher os módulos solares:
a. Se ambas as tolerâncias estiverem presentes significa positivo e negativo (ou seja, + -5 Wp), então isso adicionará perda no sistema, de modo
que a geração se torne menor.
b. Se somente tolerâncias positivas estiverem presentes, a geração será mais alta do que o máximo de +0,4%.
LID-Light induced degradation
Degradação induzida pela luz. Ocorre quando as impurezas de oxigénio nas camadas de silício reagem com o boro dopado (tipo p) nas primeiras
horas/semanas de iluminação da célula. O efeito pode reduzir a eficiência da célula de 2 a 4%.

Mismath loss, modules and strings


Perdas por incompatibilidade da matriz do módulo. Estas, são função da uniformidade elétrica de produção e sua compartimentação. Considera-
se este valor até 1%.

Ohmic wiring loss Perda nos cabos. Como o nome indica, esta perda deve-se à seleção de cabos, representando a perda no lado DC entre o módulo e o inversor
através do cabo DC. Isso não deve ser superior a 2%.

Perda do inversor durante a operação Esta perda depende completamente do datasheet do fabricante do inversor. Ao selecionar inversores através da eficiência, podemos conhecer o
valor da perda.

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