Personalidade e Psicopatologia em Saúde
Personalidade e Psicopatologia em Saúde
Personalidade e Psicopatologia em Saúde
7º Semestre
Duda Laurentino
Géssica da Laura
Yasmin Abdul
Quelimane
2024
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Duda Laurentino
Géssica da Laura
Yasmin Abdul
Quelimane
2024
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Índice
1. Introdução .......................................................................................................................... 4
1.1. Objectivos........................................................................................................................... 4
2.2.1. A Teoria dos Cinco Grandes Fatores ou Teoria dos Traços ............................................ 6
3. Conclusão......................................................................................................................... 14
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1. Introdução
1.1. Objectivos
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1.2. Metodologia
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2. Fundamentação Teórica
A Teoria dos Cinco Grandes Fatores, também conhecida como Big Five, é um modelo
amplamente aceito e utilizado na psicologia da personalidade para descrever e entender as
diferenças individuais entre as pessoas. Este modelo identifica cinco traços principais de
personalidade que são considerados estáveis ao longo do tempo e universalmente aplicáveis
em diferentes culturas (Costa et al., 1992). Os cinco grandes fatores são:
1. Abertura para experiência: refere-se à disposição de uma pessoa para explorar novas
ideias, experiências e sensações. Indivíduos com alta pontuação nesse traço tendem a
ser criativos, curiosos, imaginativos e abertos a novas perspectivas. Este traço está
associado a características como apreciação artística, intelectualismo e sensibilidade;
(Costa et al., 1992).
2. Conscienciosidade: diz respeito à tendência de uma pessoa ser organizada, responsável,
confiável e disciplinada em seus comportamentos. Indivíduos com alta pontuação em
conscienciosidade tendem a ser diligentes, orientados para metas, meticulosos e
autocontrolados; (Costa et al., 1992).
3. Extroversão: descreve a disposição de uma pessoa para interagir com o mundo exterior.
Indivíduos extrovertidos tendem a ser sociáveis, assertivos, energéticos e buscadores
de estímulos. Por outro lado, pessoas introvertidas são mais reservadas, quietas e
preferem atividades solitárias ou de pequenos grupos, muitas vezes necessitando de
períodos de solidão para recarregar suas energias; (John et al., 1999)
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4. Amabilidade: refere-se à disposição de uma pessoa para ser compassiva, cooperativa e
altruísta em suas interações sociais. Indivíduos com alta pontuação em amabilidade
tendem a ser empáticos, gentis, tolerantes e prestativos com os outros; (John et al.,
1999)
5. Neuroticismo: está relacionado à tendência de uma pessoa experimentar emoções
negativas, como ansiedade, tristeza, raiva e vulnerabilidade ao estresse. Indivíduos com
alta pontuação em neuroticismo tendem a ser emocionalmente instáveis, propensos a
preocupações excessivas e reações emocionais intensas. (John et al., 1999)
Freud postulou que a mente humana é dividida em três partes: o Id, o Ego e o Superego.
O Id é a parte mais primitiva e inconsciente da mente, que busca gratificação imediata dos
impulsos e desejos básicos, como fome, sede e sexo. O Ego é a parte da mente responsável pela
mediação entre os desejos do Id, as demandas da realidade e os padrões morais do Superego.
Por fim, o Superego representa os valores morais internalizados e as normas sociais,
funcionando como a consciência. (Freud, 1996)
Por fim, Freud introduziu o conceito de mecanismos de defesa, que são estratégias
inconscientes usadas pelo Ego para lidar com o conflito entre o Id, o Superego e a realidade.
Exemplos de mecanismos de defesa incluem a negação, a projeção, a sublimação e a repressão.
Esses mecanismos ajudam a proteger o indivíduo do estresse emocional, mas também podem
levar a comportamentos disfuncionais. (Freud, 1996)
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2.2.3. Teoria da Aprendizagem Social de Albert Bandura
Bandura propõe que a aprendizagem não ocorre apenas por meio de reforços diretos,
como sugere o behaviorismo, mas também através da observação e da modelagem do
comportamento de outras pessoas. Ele enfatiza o papel das cognições, das emoções e do
ambiente social na determinação do comportamento humano. Segundo essa teoria, a
personalidade é moldada por interações complexas entre fatores individuais, ambientais e
sociais, e não apenas por impulsos internos ou experiências de aprendizagem direta. (Bandura
A., 1977)
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Maslow propôs sua famosa hierarquia das necessidades em seu livro "Motivação e
Personalidade" (1954), onde ele argumentou que as pessoas têm uma série de necessidades que
buscam satisfazer, começando pelas mais básicas, como as necessidades fisiológicas (como
comida e abrigo), passando pelas necessidades de segurança, sociais, de estima e culminando
nas necessidades de autorrealização, que envolvem o desejo de se tornar o melhor que se pode
ser. Ele sugeriu que à medida que as necessidades mais básicas são atendidas, os indivíduos
buscam satisfazer necessidades mais elevadas, culminando no desenvolvimento pleno da
personalidade. (Maslow, 1954)
Outro teórico importante no campo humanista é Carl Rogers, cuja abordagem centrada
na pessoa enfatiza a importância da autenticidade, empatia e aceitação incondicional do
terapeuta para facilitar o crescimento pessoal do cliente. Em suas obras como "Terapia
Centrada no Cliente" (1951), Rogers destacou a importância do autoconceito positivo e da
congruência entre o eu real e o eu ideal para alcançar a autorrealização. (Rogers, 1951)
É uma área de estudo que se dedica à compreensão e análise dos distúrbios mentais e
emocionais dentro do contexto da saúde mental e do bem-estar psicológico. Ela investiga as
causas, manifestações, padrões de desenvolvimento e tratamento dos transtornos psicológicos,
buscando uma abordagem integrada que considere não apenas os aspectos clínicos, mas
também os fatores biológicos, psicossociais e culturais que influenciam a saúde mental. Essa
disciplina é fundamental para a prática clínica, a pesquisa científica e a formulação de políticas
de saúde mental. (American Psychiatric Association, 2013)
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Mentais) ou a CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde). (American Psychiatric Association, 2013)
Compreensão da Etiologia: a psicopatologia busca compreender as causas dos
transtornos mentais, que podem ser multifatoriais e envolver uma combinação de
fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais. Isso inclui o estudo de
predisposições genéticas, eventos traumáticos, estressores ambientais, desequilíbrios
neuroquímicos e padrões de pensamento disfuncionais, entre outros;
Avaliação dos Sintomas: uma parte fundamental da psicopatologia em contextos de
saúde é a avaliação dos sintomas apresentados pelo paciente. Isso inclui uma análise
detalhada dos pensamentos, emoções e comportamentos que estão causando sofrimento
ou prejuízo ao indivíduo. A avaliação dos sintomas ajuda a determinar a gravidade do
transtorno e a planejar o tratamento adequado;
Diagnóstico Diferencial: é comum que os profissionais enfrentem casos com
apresentações clínicas complexas. Nesses casos, a psicopatologia desempenha um
papel importante no diagnóstico diferencial, que envolve a distinção entre diferentes
transtornos mentais com sintomas sobrepostos. Isso requer uma compreensão profunda
dos critérios diagnósticos e das características distintivas de cada transtorno;
Intervenção e Tratamento: com base na compreensão dos transtornos mentais e dos
fatores que contribuem para sua manifestação, os profissionais de saúde mental podem
desenvolver planos de tratamento individualizados. Isso pode incluir intervenções
psicoterapêuticas, farmacoterapia, mudanças no estilo de vida e suporte psicossocial. O
objetivo é aliviar os sintomas, promover a saúde mental e melhorar a qualidade de vida
do paciente;
Prevenção e Promoção da Saúde Mental: além do tratamento de transtornos mentais
estabelecidos, a psicopatologia em contextos de saúde também se preocupa com a
prevenção e a promoção da saúde mental. Isso pode envolver programas de educação,
intervenções precoces em casos de risco, promoção de habilidades de enfrentamento e
estratégias de manejo do estresse.
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estão associados a um maior risco de desenvolvimento de distúrbios psicológicos, enquanto
outros podem funcionar como fatores de proteção. Por exemplo, indivíduos com altos níveis
de neuroticismo tendem a ser mais vulneráveis ao estresse e estão em maior risco de
desenvolver ansiedade, depressão e outros transtornos relacionados ao estresse. Por outro lado,
traços de personalidade como a resiliência e o otimismo têm sido associados a uma melhor
capacidade de enfrentamento e a uma menor probabilidade de desenvolver problemas de saúde
mental. (Lahey, 2009)
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transtornos, incluindo depressão, ansiedade e transtornos de personalidade. (Beck,
A.T., 2011)
Terapia Psicodinâmica: esta abordagem terapêutica explora as influências do
inconsciente sobre o comportamento e os padrões de pensamento. A terapia
psicodinâmica visa ajudar os indivíduos a entenderem melhor suas motivações
inconscientes e resolver conflitos internos, promovendo o crescimento pessoal e a
resolução de problemas emocionais. (Leichsenring, F. et al., 2015)
Mindfulness e Meditação: intervenções baseadas em mindfulness têm se mostrado
eficazes na redução do estresse, ansiedade e sintomas de depressão. A prática regular
de mindfulness e meditação ajuda os indivíduos a desenvolverem uma maior
consciência de seus pensamentos e sentimentos, permitindo-lhes responder de forma
mais adaptativa aos desafios da vida. (Kabat-Zinn, J., 2003)
Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): A ACT é uma abordagem terapêutica que
combina mindfulness com estratégias de aceitação e compromisso para ajudar os
indivíduos a desenvolverem uma relação mais saudável com seus pensamentos e
emoções. Ao invés de tentar controlar ou evitar pensamentos e sentimentos
desagradáveis, a ACT encoraja os clientes a aceitá-los e a se comprometerem com ações
que estejam alinhadas com seus valores pessoais. (Hayes, S.C. et al., 1999)
Terapia Interpessoal (TIP): essa terapia ajuda os clientes a identificarem e a resolverem
problemas de relacionamento, melhorando suas habilidades de comunicação e
fortalecendo suas conexões sociais. Estudos demonstraram que a TIP pode ser eficaz
no tratamento da depressão e de outros transtornos relacionados à interação social.
(Klerman, G.L. et al., 1984)
2.6. Desafios
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Widiger e Trull (2007) destacam a importância da avaliação cuidadosa dos traços de
personalidade e dos padrões de comportamento para identificar indivíduos em risco de
desenvolver psicopatologia.
E por fim encontramos também um desafio crucial que é o estigma associado aos
transtornos de personalidade, que pode prejudicar o acesso ao tratamento e a eficácia das
intervenções terapêuticas. O estigma social em relação aos transtornos de personalidade muitas
vezes resulta em uma falta de compreensão e empatia em relação aos indivíduos que sofrem
desses transtornos, o que pode levar ao isolamento social e à falta de apoio. Superar o estigma
requer uma abordagem multifacetada que envolve educação pública, conscientização e
destigmatização dentro da comunidade e entre os profissionais de saúde mental. (Pinto et al.,
2016)
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3. Conclusão
Com a realização deste trabalho podemos concluir que a relação entre personalidade e
psicopatologia em contextos de saúde é complexa, refletindo a interação dinâmica entre
características individuais e fatores ambientais. A personalidade pode desempenhar um papel
significativo na predisposição, manifestação e resposta ao desenvolvimento de distúrbios
psicopatológicos. Embora cada indivíduo seja único, certos traços de personalidade podem
aumentar a vulnerabilidade a condições de saúde mental, enquanto outros podem funcionar
como fatores protetores. Estudos sugerem que certos traços de personalidade, como
neuroticismo, tendem a estar associados a uma maior susceptibilidade a distúrbios
psicológicos, como ansiedade e depressão. Da mesma forma, a falta de empatia e remorso,
características comuns em pessoas com traços psicopáticos, está ligada a distúrbios de conduta
e transtornos de personalidade antissocial. No contexto da saúde, compreender a interação entre
personalidade e psicopatologia é essencial para a identificação precoce, intervenção e
tratamento eficaz de distúrbios mentais. Uma abordagem holística que considere não apenas
os sintomas específicos, mas também as características de personalidade subjacentes, pode
levar a estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento. Isso pode incluir a adaptação de
intervenções terapêuticas para atender às necessidades individuais e abordar os padrões de
pensamento, comportamento e emoção que contribuem para a psicopatologia.
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4. Referências Bibliográficas
American Psychiatric Association. (2013). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais:
DSM-5. Porto Alegre: Artmed.
Bandura, A. (1977). Teoria da aprendizagem social. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall.
Costa, PT e McCrae, RR. (1992). Manual profissional revisado do NEO Personality Inventory (NEO-
PI-R) e do NEO Five-Factor Inventory (NEO-FFI). Recursos de avaliação psicológica.
Freud, S. . (1996). Sobre as Teorias Sexuais das Crianças. Rio de Janeiro: Imago.
Hayes, SC, Strosahl, K. e Wilson, KG. (1999). Terapia de aceitação e compromisso: uma abordagem
experiencial para mudança de comportamento. Nova York: Guilford Press.
John, OP e Srivastava, S. (1999). A taxonomia dos cinco grandes traços: história, medição e
perspectivas teóricas. Manual de personalidade: Teoria e pesquisa, 2, 102-138.
Kabat-Zinn, J. (2003). Intervenções baseadas na atenção plena no contexto: passado, presente e futuro.
Psicologia Clínica: Ciência e Prática, 10(2), 144-156.
Klerman, GL, Weissman, MM, Rounsaville, BJ, Chevro. (1984). Psicoterapia Interpessoal da
Depressão. Nova York: Livros Básicos.
Lahey, BB . (2009). Significado do neuroticismo para a saúde pública. Psicólogo Americano, 64(4),
241-256.
Leichsenring, F., Leibing, E., Kruse, J., New, AS. (2011). Transtorno de personalidade limítrofe. The
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Leichsenring, F., Rabung, S., Leibing, E. e Leichs. (2015). Eficácia da psicoterapia psicodinâmica em
transtornos mentais específicos: uma meta-análise. Psicoterapia, 52(3), 316-326.
Pinto, J. V., Saragoni, L., Levandowski, D. C.,. (2016). Estigma associado aos transtornos de
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6083000000009.
Rogers, CR. (1951). Terapia Centrada no Cliente: sua prática atual, implicações e teoria. Houghton
Mifflin.
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