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Luiz Mott - Piauí Colonial - População, Economia e Sociedade (1985)

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V'.

I
I

PIAUÍ
COLONIAL
População, Economia e Sociedade

Luiz R. B. ù{q!|l

t
t
3u,:: Í)t r. ,,
\ , t-\t)
,

H J"?.J P

PI
98I.22 MOTT, Luiz R. B. Piaui colonial; população,
' economia e sociedade. Teresina, Projeto
Petrônio Porælla, 1985. ... p. l,t4

I. PIAUÍ COLONIAL HISTÓRIA APRESENTAçÃO


2. ANTROPOLOGIA
-
I. Secretaria de Cultura, Desportos e Turismo
II. Título

DEDALUS-Acervo-FFLCH

tffit[tillttffitilil
20900097400
I
Ínorcn
a

APRESENTAçÃO.
- TNTRODUçÃO. '!"" 9
- ru¡pl DA CAPTTAI\rA DO PrAUÍ (y.60)' l1
- DESCRIçÃo o¡' clpitlNl \ DE SÃO JOSÉ DO PrauÍ' l3
- I - Introdução
t5
22
II - Documento 24
Cidade de Oeiras. 25
Vila do Parnaguá. 26
Vila de Jen¡menha. 28
Vila ile Valeng.
Y llå uË v Õrçrl-'

Vila tle Man'ão" "


Vila ile CamPo Maior" " '
Vila ile Parnalba'
_ FAZENDAS DE GADO D
SuPerfície das Fazendas do
Distância em léguas de uma
Número de fazendas de gad
D--^-:-- o oítim Än Pisrrí {
(r764).
FICA DAS FAZENDAS DE GADO
;O DE POVOAMENTO
DO PIAUÍ.COT,ONT¡,: UM CA
ñuil;dxrnÍruoo """' 6e

a"t til"t
Nlrmero de fogoa Piauí: 1762-1772'
do ' ' ' ' ' 73
popJøo do Piaul: 1691' ' ' ' ' ' 75
Composição a"
Nrlmerodemoradoresporfogos/fa 2L691' "" 76

Populaç;odoPiauí: lr6g1'1799' """' 77

Compoeição tta população do Piauíquanto


à cor: 1712'
' ' ' ' ' 78
_ ABSENTEÍSMO NAS
õPîTNEO NÃO^SSIÁ, ANÁLISE DO
Í.^7,ENDAS DE GADO DO PIAUÍ COLONIAL ' ' ' ' 93
r ...103
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t-
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|
I

- ^^1 ^lrl^1
PIAUÍ COLONIAL... ""'125t2s
Anexo """ ""139
140
Not¡e.

05
DESCRTçÃO DA CAPTTANTA DE SÃO JOSÉ DO PrAUÍ
-t772lt'l
r
-TNTRODUçÃO

l5
r
!
I

oulra:
tU';* inícios doséculoXVIII, de passagem pelo Piauí; o ex'Gover'
ö'

l7l. Ã'), IJm Heróí Esquecidb de


-
para do
M'
res¡te€eo
Ma¡anhão e d
"i;'å"1;;;;;91'-'äp"-"g"
iÃìzsi' Agc"cit-füid å"s

lnirleo). l2?' 1938' p' 370'3Al'


(6). Ennes lF-.l, As Guenas nos Pahlulres' Brasilia¡r¡' vol'
-:-.:{> -
l6 l t7
,:_à_
\_ ¡r t- i
),! ^ 5r- /lrl
conhecimento ainda de centenae de outros documentos dispersos, quer naE pagar dos reditos da Câ¡nara de Oeiras, que pelos n"ão ter de modo
lhes deuia
"caixas" da Capitania do Grão-Pará, quer nas do Maranþig, isso sem falar que chegasse para aquela setisÍaçÃo, se díficultou ao rtcsrlo *nado o
nout¡o tanto de dados exist€nt€ nos Cdices do Conselho Ultramarino e noe pagamento do dito soldo" (18).

Com a intenção de conseguir suficienæ .cabedal para pagar aos


referidos sa.rgentos-mores, Durão solicitou ao Senado que erigisse um novo
então passa o Ouvidor
cit¿do Alferes, que na
Em vista disto, pede o
cias a fim de que se

Não sabemos se por esta razão, ou por que motivo particular, a 3 de


dezembro d ós assumir interinamenæ as
rédeas do G de Morais Du¡ão é suspenso
de todas as para o Maranhão a l7 do
mesmo mês (20). Infelizmenæ nada rnais sabemos_a seu respeito.

composta pelo Tenente-Coronel João do Rego Casælo B_ranco, oficial


miliia¡ da þaænte mais elevada e p",lo vereador mais velho da Câma¡a do
Senado de Oeiras, José Esæve Falcão (17). Outro documento que
Dr. Durão é uma carta enviada pelo
conseguimos encontrar referente ao
Goveinador do Maranhão, Joaquim de Mello e Povoas, ao Marquês de
Pombal, datada de 16 de outubro de 1775, onde relata as queixas que contra
o Ouvidor Du¡ão lazia o Alferes da Cavalaria Auxiliar da cidade de Oeiras,
Manoel Antônio Torres: diz que o Dr. Durão habitantes do Piauí úo=
s, mestiços, vermelhos,
"Mooeu dúaida sobre os pagamentos dos soldas de dois sargentos' grupo de idade,, Durão
mores da Caoalaria e Ordenança, que na confonnidad,e das suas patentes, se r ,( ù ?a l{anas, dc 14
100 a 120 anos. Encerra esta
ero de fazendas do Piauí que
em Portugal, na Bahia, no
segunda
A O é complementar âs tabelas
constå
estatísticas: exto em que o Autor discorre a
respeito dos aspe econômiõos, demográficos e

__
-l.l.ll, Instituto _I_ti¡¡Oú99_e Ge.ogrrífico Brasileiro, l-onselho ulrramarino, Arq.
-
1l_81.
Maranhão e Piaui, l7?5, p. 165 e ss.
ll9l.-Idem, ibifum.
{20).-PereiradaCosta, op.cit., p.95.Pereirad'Alencastr', op.cit., tambemei
dá outras datas para a suepensão do Dr. Durão: 2 de dezcmbro de L777 sendo removido
para São Luiz aos 17 de dezembro deste mesmo ano (p. 8).
(21f.-Nãotemo
a popul,ação do Brasil
rermelhos (inilios ile
cud,bocs.

t8 t9
I
j"*'ldgf S".TY-I^ll*::-t:f.:d:
criminais de cada uma ilas vítas cuja população foi sistematicamente
apre' "Resumo6","Memóriag","Descri@"'
fraule 8re agora uarur¡w¡u@' ;irjl{y:Æ1.*-::X*
'----ühr;
âo
"lñ',H'i""üiå'"ffi
:- '' ' ---r^¡^ '4iläË;läd;ffi
!-+^.^aaanta
ô ,*c n¡ naz s6bre a vidasógio-
do æri'
erande ^orto ¡rn.toni-
Paræ
-.oota-ôitado
---¡^ -supra'ôitado Alferes
l¡rrlu uð vql,¡B¡¡rs, "'..--:--,-=-: ,
î;';e1",-Y:'.'::::-'-::-r¡";;;i,ho,t.Lisboa),"1:_1þ*1,1å-"^",Y:
lolres
p19'ii
Üeä ue
arêî
área de
ftê
oue se refere às distânci.s e
iäiñ'ã;^v'ãuÃ-iij
inapa ile Volim (?) e de
"
a.
---
--.
C"nf"io, rep'utando-o" pouco exatos no tocante Ii hid¡oerafia'
Embora.""oon"äiäJiöÈ;;ã;6pitania'-emparæd:l*-*:
.rJIIIITUTä fUuuurrçwuuv s Ye¿'e--
à falta de chuvas regulares'
"li-" "ãäãi.simo,
åää;ïilää"'ás";; ;-;";;" arenósa
- t,L--^ t";t*"za lageada da maior parte il9
oto.ã.o ce ls,seada de seq
seu
em apontår principal õausa de tal
fir.ïäiBitä""åäi,.!o,¡"i" "oåo "
atrato,

"ànímiapreguipdcseushabitadoresqucunicamenteseapruseitamdo
quc a simpbs n"ru,",t p'ii*, sem mais bencficíos ou catæeiras""'

r inerentes às famílías", e
se íncluem' anîes têrn fogo
out nda"'
seP

três sub-gruPos?
Taislacunasnãodesmerecemovalorinsofismáveldasinformações
qo-tit tin"t " q""ìit"ìi"as- prestadas nesta Descrição: dent¡e os
"sefazem mais resPeita¿ol" l27l
sanar tal calamidade social' além
da criação de colônias nas
1221. - Ennes {8.), op. c¡t., P.370-38!).
Para
iZ¡i. - Secretari¡ de Eetado das
lltamarati). l,ata 267, maço 2, pasta l.
' f24f . Silva, op. cìt-, p.37. das l¡zcndas de
-Sousae entre tais "agteg.ados" e os "moradores" F'f iYotas
(25),
e--t'Ï¡o g*nat' ci' Toll"tt"tt lL'
1271.
"faænd¡ se Pe¡¡¡mbirco- referidos
^semelhançaP"iöiË;;
Di-,:î;ä1;:?;i'-'ã"',Li-". Þ-gresso Ed. 1956' p' e6l0r'
1261.
Roo.nì Fr" nes,1968, P' 133'
2l
20
lerras limítrotes com os Gentios, aproveitando tal população inquieta,
Du¡ão sugere outras medidas corretivas de loryo alcance, tais como a
criação de mais freguesias pelo interior do Sertão, a fundação de escol,as
ajudariam, tanto pela cultura, como pela pelrnatória, a abrandar os
cortumes de sua mocidade curibocas.
Fazenda se cha
"qun se perde sendo edvcada na mesûl,a fusihtsão e ociosifufu e currais; sítios se toma
mais aícios que os pais e parentes com publicidadc praticam...", gado; pela qual razão
achamdcntro daqælas
sugere oi.da o nfimero; as Ìoçut ou dßtintas oão compreerdidas fubaixo ìI¿
palaora sítio.
úoÞ
\., L -r- - Tem esta C_apitania 260 léguas ile ¿lo rio
ou'<¿n .,, Panwíba até as uertenæs de uma serra q
'.'o
'Pruwpe¿
"príncþal cooü
cooíl fu
de,W4ntos hó, tawo
crimirøsos l¡¿,
qu,anros crÙrutu)sos de, un a como
taæo ctc dc g"'
conû (E ail¿ do
:nu . '- Parnagoá, correrdo dc bs-nord.este ao rmaçÃo
tra capiunit,.nuñandr; elcs as ætre¡nas ou'confwtdindo-as e ttarian- -"
ä;-ffi-' ïîiî"îi"tt, para não '"r"^ toqil;ilã^-a" ,*il"rr* ¡ ¿f^P dos màis práticos do paß. Porém eu næ cap&cito, não passa de comprimento
parte", L-/ ile 200\égu^as porqrle o tortuoso das est¡adas abertas ao acaso a rcpresenta dc
maior.ertensão. Da nwsûu forma lhè cotßidcro 80 Uguas ondc mais o é;
aconselha então que se estabelecesse aí a suposto se enænda pelos mesmos prátícos, passa muito dc 8M.
Assento qu.e tanto a Carta Geográtíca fu Mons. Volim como a dc
Mons. GaÚúcio iem pouco de exatas, principalmente quanto à dbeçÃo das
ribeiras, não obstante ær o dito conferido a esu Capiunía para a coßttruçÃo
"demônios encarnados, quc são os curíbocas, mcstiços, cabras dastu.
' Dioifu-se & rr,csnta da do Maranheo peb rio Pa¡naíba quase desde o
caÍus e m¿is catres dc que a teûa é tão abundante. . . " ,
seu nascimento até a sua barra; da do Ceará por untas matas que principiam
Cumpre referir, à guisa de conclusão, que ao transcrevermoe o€ dados junto à costa do mar, próximas à l/ila da Parnaíba, em direitura à þ'r,a d¿
estatísticos desta Descnção, diversas vezes nos deparamos com errog de Beapaba quc cinge quase esta Capiunía &o nsscente, continu¿túo se uaí
adição, tanto Dos quadros relativos à Vilas, quanto no.quadro geral. Assim dfuidindo peh Ribeira de Jaguaríbe, Riachão e por outras n &tas, serras e
confrontando os 7 quadros particulares com o geral, foi-nos possível corrigir ' traoessias com fuclhação para o sul. Da dc Pernambuco se separa por.unas
os resultados est¿tfuticos. Destarte, os Mapas Estatísticos apresentados aqui - serrarias que continuam até o Rio heto, ondc conlina com a da Jacobùv,
ap¿üecem ,'devidamente corrigidos. Atualizamos a ortografia embora ænhâ- correndo dc sul para sudoeste; da dos Goiazes pelas Tenas Nooas,
mos mantido, tånto que possível, a pontuação original. Os nomes de lugar, incliuindo-se_pqa as cabeceiras da Parnaíba onde confina,com o'gentio
rios e demais acidentes geográficos aparecem da mesma lormacombo bárbaro sem lùnite.
Ouvidor Du¡ão escreveu. Em duas ocasiões não conseguimos décifrar a . É o clima sadia, posto quc calidßsima; r7¡¿s os muitos bosqu.es, lagoas
caligrafia do mesmo, pelo que representåmos da segrrinæ forma: (,..). e outros lugares lodinosos produzem ¡nuita sezão e maligrø's nos fùæ das
A nosso ver a publicaçþo da Descrição da Qapinnia de Seo José do chuoas. També¡n se pafuce com freqüência a queiza da conupçÃo, a gre
chamam "bicho", catsada do nímío calor de um país situado fubai*o da
zon¿ tórrida. As mais enfermidades são t tcnos freqücntes, mas íncuróoeís,
porErc em todo este sertã,o se não acha um médico ræm cirurgião capaz. A
hipoconrlria, o escorbuto, a asma lazem mais estragos do q* se imagina,
mas sã,o dcsconhecidas.
econômica da região nordestina du¡ante o período colonial.
E Capitania pobre, mas desempenhacta, Pouco !értil, não tanto por
influência da terra que pela maior parte é arenosa e lageada, quanto pel¿
nímia preguiça de seus habitadores quc unicamente se aprooeüarn do que a
II _ DOCUMENTO sirnples natuteza produz, setn mais benefícios ou canseiras ileles, Há muitas
paragens excelcntes para cuhura, mas desprezadas, donde tcnT seÌem os
DESCRTçÃ,O DA CA?TTANIA DE S,ÃO JOSÉ DO prAui
Ver¡n'elho se chama rw terra a todo fu¿dio de qualqucr naçúo quc seja;
mameluco ao filho ilc branco e ûdia; caful ao filho'itc pleto ir¿*ti*otici,
"
22 23
L'

pelacawadísto.
CIDADEDEOEIRAS

as tnarE o nascente e

t" . . .'f '-#"P;;;;-"î"**.-;;;;;;;,Zica. ¿ ca'" ¿o


. ,r ... !' coiça n¿nhuma.'Ås casas-da cülaile todas são
Y.' . i'- Got"rno. Tem uma nta inteira, out¡a dc u

i)^ o ¡iÅnào u.nícamcnte 157 fosos, pôrque supolto no-mapa se ^oê


os di circunferência na distân'
^
orncnte 692 almas' as maiç são na
onstrs.çÃo de sua grandeza.

Cuidatn muitos habítantes des

A¿" ¿nt"
aldeados iunto à Ríbeíra do ltai1n e apenas
;;G*i;êt que se situara¡n em São João de
25
24
experiêtucia tem lreqüentes t)ezes rnostrado. Parece seri¿ mais útil e menos
c .Laoìdaù e
a furn cøusar
c l¿,da e com
pouca gente para uÍ,. ¿ssafto repentino. Vohemos à uila.
s dois que se acrescem no m^apa são
mclhoies ares que esta cidaú, pelo
saúde, e se chega a mak aoançada
os quais um tenT Il0 anos, outro lL2,
o terceíro, 120. O clima não é tão cálido.
, a Gorguea corr. o nonle ù Gelboés tência,
qu distrito desta ViIa, desaguam todas
no a, e isto junto à Vila dc Je¡o¡nenha.
Gorguea e Gelboés é tudo o rtesmo, porém enquanto esta ríbeira cote pelo
Distrito do Parnagoé, passa conT o noûte de Gelboés, tomado de umsfuio quc
banha e é poooailo de bastantes fazendas de gado oacum, entrattdotwd¿
Jeromcnha, deixado aquele norne toma o de Gorguea que conserüa até se
sepuhar no Parnaíba.
A m.esma Gorguea, Parnaíba, Urujuí e Rio das Lontas, nascem
todos chapada quc confronta q.Lase com as Terras Noo¿s, sossego.
perte , e iupostõ que cotn bastante distânci¿ u¡n dos outros
no se m todos com o seu cabedal auncntaÌ o da Panníba,
que da î,csn^a. forma recebe o de todos os mais rios ou ribeiras desta
eapitania, como são, Piauí, Canindé, Poti, þrobi, cotrr. os quc ttestes se
metem e corrern de nascente para poente con pouca aaricdade,
Alsumas fazendas deste distrito têm salùus, mas o sal é nocitto à
satide. A iøoaçso ita Fregæisa é de lVoss¿ ,Sr¿. ù Liaramento.

VILA DEJEROMENHA
Está situada a ViI¿ de Jeromenha quase ao poente desîa cídade e dela
dista pouco maís de 30 léguas. Quando se camínha para Parnagoá, fica à
mão direita. Têm unicam.ente 5 fogos; os 18 que se lhe oêen ..ño na circun-
ferência, Não obstante ficar junto da Gorguca, e situada em h"gar cômodo,
nenhum aurncnto tem tido, como nTostra o ntimero de seus uízinhos,
haoendo Il anos que é uila; o nesmo sucede âs mars, e como a respeito
desta, nada tenho que notar, apontarei aqui a principal causa daquele
que causatn,

A inuocaçÃo da Freguesia é Sto. Antônio da Gorguea.

- - Até agora, falamos das duas uilas que ficam para o poente desta
cidadc, ntut agota é preciso ooltar o rcsto para aer as q.Latro que nos ficam
fu nordesæ até les-nordeste da mesriu, e ir camínhanilo até diuisar & costa
fûtam e caloteatn n& ntcstna fazenda em que moram g n¿s na Bana da Parnaíba, ondc finaliza esta Capítania.

26 27

I
VIL/I DE YALENçA VILADEMARVAO

câmara, cafuía, açoug,Le, ou outr& algurna oficina, e fica numa baixa


I
.t\

dos camínhos o

de r t uùù¿ *' """' - de Nazareth, PoréY'


naþ d;^
I em uma. so Jregucöu øs e Rancho do
,ffi[i'"iÏä; i,i"i í ;ö" i;,à
r*"n"rrou"
câmara, Caiteia, colTta-o ¡nais' Antcs de -oila . -r^r^ Dize
s( r¡tío
1\!-^^ aai¡
m co mttitqa
m muit
tr'4LU' ''v"w ¡
'-rt"Jlåi' 1,"; rnas que""aada.
riachos, "t7¿as
t. t"^ .¿taitos.
¡
suPosto se
conta, suPosto
não é de conta'
certeza qugt:m o\ro tu'.
-irirä"ie ""Ã
,u,-
de mei¿ libra'
- ¿""fi;?Íolheta 'åi'V"l"no",
esta oila com a de com a de Campo M?bl' "9^n?-d'"-
*,'iiÆ"å""'ì*""iftoi?T"'3irl-::i'Ti;'":::;-'r::ä"i{i":::i*"Ñ:::
I equiuocação iligo acíma ser a
ío, Po,
*"i ^" ocorre
que notar a seu re-s-peüo'
J^ Noìsa
NI;... Qonhora nn¡àu.c éé de Nossa &nhora
o,o¡h, porque do
Senhora do
do Nazaretn
x tniocaceo de

se não acertar com a

naouclas æfTos, ou para auûrento da Capinnia, sendo certo o qu'e se conta' ou


p"ilioinso dis oaåios e curiosos, serern palÁcios encantados, como
suspeito.
'erificando
AinoocaçÃodafreguesiaédeNossaþnhoradaConceiçãodos
Oroazes.

28 29
,/

Fica coisa de 50 léguss de ærra distanæ desta cidade, e é regada de aI- çêInes .tecas_e _coul444!¡ g4e
gutttas.ribeíras, nt de ex,tremos; o
primeiro com a nL uma ponta da
freguPßia dcsta c copioso de peide,
e outros muitos, cârnara, cadeia e
açaugap, ncm outra alguma ofièína púbhca, corno já disse falando das maß
oihs. As suas ríbeiras do Longá e do Poti, semclhantes à de Caratetts, têm
qu.e nclas se
oizinhança,

Na bana que o Poti faz no Parnaîba, tem bastante númcro de uizi-

&nhora dos Humildes.


caçÃo de Nossa
A freguesia ìla oila e de todo o distrito é da inoocaçÃ.o de Santo Antônio
ù&rob| po-r diferença do da Gorguea, porérn ainda hoje a todo aquele

YILADAPARNAÍBA
'-X o Rio
mais ile 2d0

çqs !a barra com bent 4iferentes nomes: o da parte do


Poente
L wc,..vvv,6yt
corßetaa
ud o Panaíba, ITaas
de Í¿rraö,wë,
u ttc iJo l\ascente,
rnas o oo toma o de Ilguaranl, e a
Nascente, aoûLa
ilha que.forma entre urn e outro se chama de Santa lçabel. ño-arrco ¿o
lguarani e na mar-gem oriental dele, fica situada a vír¿ iti seo joei l¡-iront"
q.Latrc léguas
Q.Latto ila Costa do
léeuas da Mar-
¡lo Mar.
Tem uma só freguesia da inuocaçâo de .l{ossa *nhora do Carnto da
t-.tduuruÇd,
Piracuruca, ,rlës ficâ Jv
ma; ttca 3ó leg,Las distante' '
løguas øßúanúe & parte de Lampo
Campo
Maior.
Maior.^O^templo
O é de pedra de cantaria qie lez de despesa
quase 2U) mil cruzados, porém está sem
F-_J> esta Vil¿

30 3l
d.e Junho de 1772.
O Ourtülo, da Capitania An\6nio José de Morais Durão'

POUOS.

indizíuel preguiça, que os ocuPa.

32 33
Ne I MaPa Gcral
Capitania do Piauí Até Dezcmbro dc 1774

Relação das Pcssoßs, Fazendas, Sítios que há nesta Capitania dc S. José do Piaul

ße FAZENDAS QUE

Þs
îtt q CORES ID,TDES TÊM SENHORIO

Cidade
\JÀ
9,ì
l¡{
1002
<.
5700
HgfiÊ
3202 2498 182 103 Brancos 1885
Menos dc 7 ltSO
FOR.â, DA CAP.

Mulatos 2150 No Reino 39


Pa.nagoá t29 243t 1333 1100 60 ll Mestiços 1554 De 7 até t4 2721
C¡t
È Vermelhos 5J6 Na Bahia 50

Jeromenha 25t l53l 869 662 69 46 Mamalucos 668


pretos 3856 Dc 14 até 7o 12644
Em Per¡ambuco 4
Valença 369 2516 t356 ¡80 58 46 Somam 10669

190 729 598 t9 S0 t320 De 70 até 90 436


Marvão 1326 Brancas
No Ceará 6
Mulatas 1900
De 90 até 100 45
Campo Maior 447 2971 1669 t3O2 91 49 Mestiças r)54
No Ma¡anhão I
Vermelhas 575
Parnaíba 444 2694 tjt2 I t82 79 47 Mamalucas 686
De 100 até 120 13
Pretas 2487

SOMAM lO34 l9l9l 10669 8522 579 352 Somam 8522 Somam 19191 Somom

Nc 2 Até Dczembro de 1773


Cidadc dc Oeiras
Relação das Pessoas, Fa'cndas, Sítios que há nesta Cidade de Ociras e scu distrito

n.^7 IDADES
FAZENDAS Q{JE
TÊM SENHORIO

ÉäË â Ía
CORES
FORA DA CAP.

Cidadc e
Subúrbios 269 1252 652 600 64 Brancos
7 Reino
Mulatos 'rll Menos de s87 No 33

gl
C^9 Riachão 31 138 80 58 l0 4 Mestigos t34
Vermelho¡ tf, Dc 7 até 14 817 Na Bahi¡ 2l
Guaribas 53 362 2lt 149 14 2 Mamalucos

Itaim 80 411 248 166 28 1


Pretog
Somam :iri oe ta até zo 3686 Em Pcrnambuco
-
Talhada 6ó 445 227 2lg lO 5 Brancas 558
Mulatas 408 De 70 até 90 166 No Ccará
229 t545 893 652 54 16 Mestigas 134
Canindé
Vermelhas 359 De 90 até 100 16

655 66 11 Mamalucas 945 No M¡ranhão 2


Piauí 274 t544 889
Pretac 94 De 100 s;té 120 I
SOMAM 1002 5700 3202 2490 182 l(R Somam 2498 Somam 57AO Somam 56
Ne3
Até Deæmbro & l77l
Vilr do Paroagoá
Relaçãod¡sPc¡soa's,Fazcndas,SltiooquchÁnc¡t¡Vil¡doPunagoÁcscudistrito

FAZBNDAS QUE
IDADES TÊM SENHORIO

i â EËa
U' c'RE¡¡
o
(, FORA DA CAP,
o
r 7 133 Rci¡o
Vila e Subúrbios 3l l9l 98 gl Brrnct¡ 153 Menoo dc No 2
Mut¡tæ Ul
Corimatá t39 608 32t 285 t6 5 Mestiços 28t l,l 165 N¡ Bahi¡
e¡t
g\ Vermclhc 30 Dc 7 até 3

Gclboés 79 580 ' 330 25o /2 ¡l Mar¡ah¡cor 59 1780


PrÊtor 561 De l¿t aÉ 70 E¡n Pcraambuoo
-
Paraim 80 1054 582 472 22 2 Somam 133¡
Brancas 7E IÞ Z0 até 90 12 No Cc¡¡l
Mulata¡ 201
Meliças ttz De 90 até 100 l0
Vermclhrs 19 No M¡r.iñh¡O
Mamalucas 7O Dc tOO ztê l2O 3
Prcta¡ ,70

SOMAM 129 2433 1333 ll00 6() ll Som¡m llü) Atl Som¡n

Até Dezcmbro dc l77l


Ne4
Vila dc feromenha
RelaçáodasPessoas,Fazendas,sítiosquchánestaViladcteromcnh¡cseudistrito
FAZENDAS QUE
ß2 TÊM
FORA
SENHORIO
DA CAP'
CORES IDÀDES
ch
o
(,
o
f¡r ãâ Ëß 255 No Reino I
8t 40 4l 18 Branco¡ 150 Menos dc 7
Vila e Subúrbios 23
Mulato¡ 190
Mcstiçor 105 89 Na B¡l¡ia 4
Gorguea do
Pocntc 5l 36E 2tE 152 19 vermllhos 27 De 7 alê 14

\¡ Mamaluco¡ 28
Beira da 369 De l¿t até 70 l14l Em Pcr¡ambuco -
Parnaíba 64 t57 155 15 2l Pretos

Gorguea do 869 De 70 até 90 42 No Ccará


Nascente I 15 725 409 ttl 35 5 Somam
Brancas 79
Itulatas 176 De 90 até t00 3

122 No Mar¡nhão
Mestiças
Vermelhas 24
M^rn"lo"r, 34 De 100 úê l2O I
Pretâs 227
lt3t
t53l 8ó9 662 69 46 òoi"- 62 Somam Somam
SOMAM 25I
Até Dezcmbro ilc 1774
No 5
Vila dc Valcnçe há g€u distrito
I Relação das Pessoas, Fazendas, Sítios que nesta Vila dc Valenga c

(,)g 3
Á H
FORA DA CAP.
a
gë=if¡l2 Z CORES ID^ADES FAZENDAS AUË

Vila c Subtbios
H ã
67 4o7
âE
l9E 209
I
1 12 Dra¡cos 2Q Mcno¡ dc 7 tOE
TÊM

No Rci¡o
SENHORIO

Mulato¡ 3t0

65 483 251 232 l0 3 Mcstiços 207 De 7 até l¡l 495 Na Bahia 7


Sambito
Vermclhoc 8l
Pot¡ da Pontc
do Sul 77 679 156 321 18 6 Mamalucos 109
Pretos 389 De 14 até 70 t43l Em Pcrnambuco
-
Serra Ncgra 90 506 293 213 14 lE Somam It56

Berlengas 7o 46t 25E 20t 12 7 Brancas 202 De 70 até 90 90


No Ccarú
Mulatas 311
Mestiças 2t6 De 90 até l(þ lt
Vermclhas u
Mamalucas 105 De 100 até t20 I No Mar¡¡lrão
Pretas 262

269 25t6 tt56 ll80 58 16 Somam I 180 Somam 25t6 Som¡n


SOMAM

N06
Vil¡ dc Marvão Até Dezemb¡o llc 1771
Relação das Pessoas, Fazcndas, Sítios quc hó ncst¡ Vila de Mdrvão c seu dist¡ito

DA
gãHEf;
FOR,T CAP.
(t, CORES IDADES FAZENDAS QUE
o TÊM SENHORIO
F
rtt
Vila e Subúrbios 24 93 50 4l t3 Brancos 126 Mcnos dc 7 172 No Rcino
Mutato¡ 180
Cais 77 586 313 2n 19 15 Mest¡ços I 14 De 7 até 14 212 Na E¡hi¡
It Vermelhos 52
\o
Carateus 89 647 365 282 20 22 Mamalucos 79
Pretos 177 De t4 até 70 914 Em Pcrnambuco
Somam 128 -
No CcarA t
Brancas tO7
Dc 70 aré g0 ,
Mulatas 143
Mestiças 111 Dc 90 até 100
Vermclhas 48 No Marr¡hfo
Mamalucas 9E De 100 até 120
Pretas 9l

soMAM t90 t326 598 39 50 Somam 59E lt26 Som¡n


Até Dezembro dc 1774
No 7
Vila dc Campo Maior
Rclação das pcssoas, Fazcndas, Sítior quc bá ¡csta Vila de Campo Maior c scu distrito

a4d fr? IDADES


FAZENDAS QUE
ÎÊM
lt' CORES SENHORIO
9 FORA DA CAP.
ÊlËEr¡. (t,
7 621 No Rcino
Vila e Subúrbios 86 363 209 154 7 Branco¡ 119 Mcnos dc
Mulåto! 369
ll
Longá I !5 809 12O 389 1'l 15 Mcstiços 2t8 De 7 até 14 52O N¡ Bahi¡

ê Vcrmclho¡ 7a
Beira da
Panraíba 02 256 166 tt 4 Mamalucos l1g Dc 14 até 70 1741 Em Pcrnambuco -
Prctos 4t6
Poti da Ponte Somam 1669
E7 680 386 291 27 14 Dc 70 até 90 7t
do Norte
Brancar 285 No Oer¡l t
Serobi 19 697 398 2-o9 25 t6 Muirtas 319 Dc 90 até 100 5
Mcstiçar 199
Vcrmclhas 50
Mamaluc¡¡ 156 Dc 100 até 120 No M¡r¡nhfo 2
Prctar 29t

,t9 Som¡o 1302 Somam 2971 Som¡n


SOMAM u7 2971 1669 tto2 9l
16

Até Dczcnbro da 1771


No8
Vila ds Parn¡Ibr Vil¡ d¡ Par¡alb¡ c scu distrito
Rclaçño da¡ Pcssoas, Faz¿ndas, Sftioc quo hÁ ncst¡

tÀ g? FAZBNDAS QUE

gäãËFg 179
IDADES

dc'7 !51
TÊM
FORA

No Rcino
SBNHORIO
DA CAP.

Vila c Subrirbios 78 tt7 2lo 127 t9


24'
Menos

283 14 385 Nr Bahi¡ 1


rÞ Termo todo !66 2357 llo2 1055 79 2E
154
De 7 até

t45
sOE Do 14 8té 70 1948
l5l2 Em Pcrnambuco 4

16l Do 70 até 90 10 No Ccar6 2


r92
2lt De 90 até lü)
lE6 No Ma¡anhðo 3

129 Dc lü) até 120


299

2694 Somam
SOMAM 444 2694 l5l2 lt82 79 47 Soman I tE2
FAæNDAS DE GADO DO pr Nrt F6s7 -17621

43
FAZENDAS DE GADO DO PIAÚ: L6v7'r762 Fl
Colonial - e.
no perlodo -vutuut--
vuenopen'u
Que
mesmo
-'-*ttt, ryY-dj:,"^ff-1i,;.:
:9asEunto
- ruralt eé üËËurr amplamenæ estudado
comprova (l):

"Toda a esmrtura de nossa so

sede
torn

|r1. (jomunicÊç¡o aprcscntsda na l'. Sessão de Estud<¡s' Equi¡¡e B' no dia 2 de


**i- -
d. i975 a" Viff éilpó"i" Ñ;"iltt"l d* P-fo*t " Universitários
de Históríe

45
terras
Desde os seus primórdios foram as fazendas de gado que definiram a oilas e
forma de ocupação do solo e a distribuição dos colonizadores ao longo do o futu-\
sertão piauiense: já em 1697 , ap€nas um ano após a criação de sua primeira nofiæs
freguesìa, contavam-se elml29 o número de fazendas de gados, tituadas nas aos noûtcsbárbaros que
maigens de 33 rios, ribeirae, lagoas e olhos d'água limít¡ofes com aE t€rras ias e h4ares alinhamen-
dos gentios (6).
- Por volt¿ da metade dos Setecentos, de acordo com as informações do (e).

Vþário da principal vila piauiense, a esperança que t¿is sertões se


u¡banizacaem era ainda muito remota:
Doie anoe mais tarde, recebe o mesmo Governador outra carta régia,
"Acha-se situada esta Íreguesia de l{oss¿ &nhora da Vitóri¿ no e-sta maiEexplícita, na qual recebe a incubência de funda¡ oito vilas t a nõ.,ei
I centro do sertão do Piauí; não tein outra Poaoaøo, oila ou fugar mais Eæ Capitania:
a oila da Mocha, que consta de 60 moradores, po'uco m¿is ou tnenos,
r e pouco ou nenhuns permanentes, por seretn os m¿u delcs soheiros, e
se hoje se acham nela, amanhã fazem oiagem e o que aoulta n¿la são
os oficiais de justiça. Tetn circunoizinhos aþuns maradores na
distância de 7 légua, que tratam de algumas pequetuas roças dc man-
diocas, milhos arrozes, que ne n a terra admite agricuhura abundante
por mui seca no tempo do verão e não hat;er com que regar, e por'
serem muitas as enchur¡adas no tempo do inuerno. Como a m¿ior
parte dos ftegcses são criadores dc gado oacu¡n e caoal¿r e não
podem comodamcnte ¡no¡at iunto da aila se acham dispersos por aá.-
rios riachos, morando cotn suas famíIias para cotn comodidade trata-
rem da criaçzo de seus gados". (7).

Tentando corrigir estå tendência extremamente dispersa que assumia


o povoamento nesta á.rea situada entre as Capitanias do Maranhão e de Per-
nambuco (8), D. José I envia uma carta régia ao primeiro Governador do
Piauí, João Pereira Caldas, nos seguintes termos:
na gweilBnp dcla e se gradtnm com os cargos de juízæ e oereadores
"Tendo consideração das grandes utilidades que hã,o de resuhar e com os nuiis empregos públicos e acrescendo a iudo que até a pró-
ao sentiço de Deus, e tÍtc,L, e ao bem comurrt de meus oassalos, de se pria religieo padec9, não só pela falta da administração dos sacra-
reduzirem os sertões desta capitanía a poooações bem estøbelecidas, næntos, mas também pela da pÌopagaøo do, Santo. Eoangelho, em
para que ao mcs¡no tempo em que nelas se introduzir a polícia, flores- razão de quc os índíos que se acham intentados nos matoi, não en-
ça a agricultura e o comércio, com as uantagevs que pron.etern a ex- cont¡ando outtos obietos quc nÃo seiam o de oeretn os cristãos quase
tensão e fertilidade do paß... mandei restituir aos índios a liberdade no r¡tpama estado e fora da comunicaçf,o e da sociedade, carecenl dos
estímulos quc tiÌsriam fu felíciùde etn que aissem os habitantes das
pouos*.s ciuis e decorosas, ou para Íugire* para elas, ou para

(6f. Ennes lErnestof,.4s Guerras nos Palmares. Rio de Janeiro, Brasiliana, vol,
-
127, 1938, p.370.
Históric<¡ e Arq. I.l.l2, Ms. dt¡ Conselho
da F'reguesi Vitória do Vila da Mocha, do
ispado do lVl Antônio Luiz Coutinho, ll de
101.
(8). Até o ano de 1799 tanto o Ceará, como o Rio Grande do Norte e Paraiba
faziam parte - da Capitania de Pema,mbuco, quando através de uma Cg.rt¡ Rêgia de t? de
janeiro. o Ceanúr pas6a a ser a Capitania limitrofe ao sul, com o Pisui. Cf. Srudart l9f . Per.eira d'Alencastre op. cit., Carta Régia de 29 de julho de t759, p. 150.
-
[G¡¡ilhermef, -Ihtas e Facrx ¡ntz a H',storia do C,eará, FortaÌza, Ti¡xrgraûa Sluda¡r, ll0l. - Pe¡eira d'Alencastre, op. cit., p. 152, Cs-rt Regia de 19 dejunho de l7ó1.
lß6,p.425t826.

46 47
i
"Esta ttila é a Pior de toda
1 Assim sendo, além da vila da mais seco e fúrcbre da ¡mesma.
para melhor dizer, Pois ainda que
gum-..
i
Ñ"* dcísa dcstes aw¡æntos, PgL lhe faharem rcdos os
"rp"rtnç
princípios condizentes, Para os mesmos". (15)'
tais localidades Permaneciam sem
insignificantes. Eis o que relatava a
ano de l??2:

57 fogos e 692 almas, não tetn reló'


&o, çougín, ferreiro-ou outra qualquer
'"nó ra uÚ¿as casas térreas dc bano e so'
necessário
bre A cesa do
estareln os Presos
;;;"s":"á-tiu[ta", citudc'to'
d¿s são t¿rr"å'ãti¿ . alácio do Gooerno' Temumaru¿ittei'
;;:;"t;; ¿"1^i "a face,,e 'tttct2de- de outra' sóTuiJo o que mais são
(r2)'
oo^., ,uporär; i";idth;' oi'iladeiramente, goza o-twrhc"

por seu turno, enconl¡ava-se

"rw Pior sítio


assumiu aí o Povoamento¡
alguma comodida
da de barro, mas
: outra alguma oficina, e -ftcq- .- ..
cí¡nbas.-Tem róue oizinhos" (14)'
.

Marvão ainda ganha de Valença no qne se refere à infelicidatle tle seu


nicho ecológico:
Deedeoinício,conl"orme jÍu""3'åîä"'.í¿:t{îffiîJåånål,T'uî'f iT
piauiense se faz através

lfll. Eis o núnrcrr¡ tlas pessoas qu


residências -nas novas vil¡s: l{l em Parnaguá,
Campo Maior, 59 na Parnaiba. Cf. Percira d'
novembro de 1762. lr5)
lról
112). Arquivo Histórico Ultramuino, Piaui, Caixa f-' 'lÞ"c1i€" {a C'a.pitenie lLTl
a,, Sao' jãse-a" Þit"i't, ã" tot,.t.i"ìo O,.tidoí Antoni<¡ Joeé de Moraie llurão, dè Ïi de
,rr¿ ¿ História do Piaui' Teresina' Imprensa
junho de 1772, Í1.3. ilBl s¿s
I55' nota 55'
l].3l. Idem, ibidem, Í1.5. 0ficiaido ' P'
ll4l. - Id.em, Íbidem, fl.9.
-
49
48
termo de 3légrras de terra para sesmaria que de ent¿io por diante se tivesse de
conceder na Capitania do Piauí (24).
terra, o certo é que vigorou na maioria
doe r, o que levou aõ dist¿nciamento cada
vez

d ,u;:
P ade
p

"na oçasião da seca se torna necessério mooim.entar as boiadas em

du¡an
do Pi
TlÍ'.*i":ï"t¡,1,å"rS:i*iu;
Torre de mais üma fabulosa
p.ropriedade que media l8g-\¡n. de comprimento: , por 120 km. de largura,
situada no vale do Crateus (23).
Certamente com vistås a evit¿r tais excessos que a 14 de outu_bro de
l7M ê publicada uma provisão do Conselho Ultramarino delimitando o

Eoe{fcie. T-omando como amort¡a 33 fazendas que perte-nceram a


-Afonsg Sertão, e qrre depois de sua morte passaram a ser
D.onliqgos
regulares da Companhia de Jesus, põdemos ter uma
superfície média des fazendas exisænæs no Piauí no

se"l. f241,Pen:ira d'Alencastre. r¿). .'it., 1r.6,


lazia
-
Boxer lC.R,), A ìdade de Ounr do ßrasil, Sír¡ lruult¡. lJru,ilianu, rolunre
uncs 341, Companhia Editora Nacionol, p,2114.
ttp. e it,, p, ît),
3 <k' ius l( j,l',I',1 l ingcn ¡rcb Br¿sil. Rir¡ r1,
{231. Nuncs lOåilon¡, op. cil., p. l47-t,18. J¡nei
- i2-J.;.

50 5t
(emlégns) tomarmos como fonte a'De-zcrþCto ìb Ceneo fu P-eeuhy'-doPe'
- Século XYIil
Se
SUSERFICIE DAS FAZENDASDO PIAU| para;ît";i d" t¿c¡o XÏÏf o seguinæ quadro ile distância
Coutinho' t€mos
largura áreatotal freqüência *" fazendã e ouur : (29)':
cornprimento X "-.tt"
U MA FAZENDA A OUTRA ( 1697 )
I DISTÂN CIA EM LÉGUAS DE
I x 2 2
I X 2,5 2,5 T
,
I X 3 3
distancia dc uma fazenda às sdiscentes frequência
I x 4 4 4
I
I X 4,5 4,5
I t-l I
I x 6 6
I l-2 4
l x 7 7
t, l l-3 I
1,5 X
x
2,5
6,7 I 2-2 t8
1,5
x
4,5
, 4 2-3 l4
2 4
5
2-4 3
2 X
x
3 6
I 3 2-5 2
2
x
4
I 3-3 7
2
x
2,5 5
I 4 3-4 6
.)
x
3
I 3-5 2
I
3
x
4
4
T2
16 , 3-6 I
4
I 3-10
5 X I4 70
4-4 I
5-6 I
5-10 I
5
- I3 I
Através deste quadro
Coroa Portuguesa tivesse
ultrapassái a área de 3 léguas
que diz
dessa liçta 33 fazendas, 29 P
léguas
(Nossa

"N¿s
aScuns e c
\ete, oito,
extensões fundiárias.
--*---C;;1;*"ãbt"t""ua este arguto escritor ao passar pelo Piauí' ficannos ,

Dael30fazendaequenaquelaépocaarrolavsodito.vigário.em25
havändo nà maioria dos carcs de 6 a l0léguas
uma "sp-"cïiiãå"ïai.ten"ìÃ,
".tá e òutra (321.

op. cit., p' 370'389'


1291.
- Enncs lErneetof,
llll), - Idem, ibidem, P.t73, ds Mocha"' op' cit'
¡äîi: ¿" Ë""g".íL ¿e Nosea s€nhore da vitôria
-:'R;ilü;
1281. "Ror'iro tl¡¡ llrranhiio I (ioils"' o¡r' cil', ¡r' 79'
1321.
- Idem, ibidem.
-
53
s2
Certamente que nem todas as propriedades rurais existentes no Piauí
eram latifúndios. extensas, situadas geralmente
nos brejos e terras quena parcela da população se
dedicava à agricul embora os moradores do Piauí

"se ínteressaoam só na criação dos gados" (33). l$j, apeeat aas ümiaçoee advindas da seca e da falt¿ de o certo é

Uma parte da população sempre se dedicou às lides agrícolas. Jâ em 1697


referia o primeiro vigário destes sertões que
,,nuns
quais está ocuparem suar ærrag e mõode-obra com a lavorùa comercial, sendo por
Síqueira. ,
conseguinte mait lentável comprar dos sertões do Piauí as boiadas necessá-
ferìnhe- ar

"ump tal inclhação para trabalhar nas fazenlas de gados que pro-
cuta cotn empenhos ser ncle ocupada, cottstituindo a sua maior feli-
cidaù em ntcreærern algum di¿ o no¡ne de uaqueiro. Vaqueiro, cria-
dor ou homem dc fazenda são títulos honoríÏicos ente eles e sinôni-
nu)s com quc.se-dis-tingue e:!y?P:, a cuio cargo está a administra-.
çÃo e economia das fazendas" (40).

Inco4fo¡rnavam-se aþuns com tåmanha preferência e exclusivismo


que conferiam oe piauienses à pecuária: o Orividor Morais Du¡ão assim se
manilertava em rua Descrição:
"era o pior sítio de todo o território, sem águas, sen'r pastos e sem "As rægociaqes, manufaturas, tráficos e m¿is modos de florecer
outra alguma das comodidades necessárias para qualquer pouo"? quaþuer estado se reduzem aqui a desprezat tudo o quc é olício e tra-
(36).

($). "Roteiro do Maranhão a Goiás", <rp. cir., ¡r. 83.


-
(Í|4). Emes (Erncstof , op. cit., p.379.
(35). - "Descrição da Capitania de São José d<¡ Piaui", cle ìlk¡rlis l)r¡rri¡r. rt¡t. t'it.,
fl.2. -
1361. Idem, ibidcm, il.9.
-
54 b5
aoúîas. Maís aili¿nte, a l0 légns ìb faTeúa Mimosa' t'em
um@ar,
caoalos cluc æ camp criam,
terÌa fu toc4s e lumns
fu mÙrùioca q,æ att¡,â' chamado Breio, quc terâ quùae rtuoradores'
Pouco (4s)
na ireg'e-
ê o modus I f
j-{= De um total ¿e s6 propriedades rurais arroradas em-l?S?
L ri" a" úäh", sãË"t" i"tË¡tläs como sendo fazendas de gado' 3 como
.l
"terras ile roç" (4ó)

acucar (43).
Ñã't"grt"ti" da Mocha, por exemplo, relatava seu vþário que cir-
cunvizinhos à vila viviam NÚMERO DE FAZBNDASDEGADO DO PIAUí
"aþwtsmaradores na distânci¿ iL.-!t* Iégn' ,gttc.tataìn
de
(44)
atgumaipequpnas Ìoças de mandioca, milhos, arrozes" Totsl

Na freguesia de Parnaguá' por sua vez, referia seu pároco que na 1697 129
' 1730 400
"fazenda chamada Jacaré, tetn uÛ¿a capela dr
-{'Ja þnhora
1762 536
iom ilez morailorei que oùten: ie sI¿¿s l¿'
d" C;;;içã" i--upit"o,- 1772 578

Do Conselho
lnstituto Historico e Gtogrrirfico
Piaui", op' cit', fl' l8'
1451.
ul,*"iIiíå".- ñ-;i;*ã;i;Ë;;e".ii" à''"¡*"t Parnaguá'
lft'
a
530-
última do Bispado ¿,, U.to"i'?tì pelo vigario
(4U. "IÞscriçio da Capirania de São José do 1757
- E ro.s lErnestol, op. cit.,þ.!7'!t.
i42i.
- "Deecrição
(4il).
¡.äi:
l¡lrtt."ilg;;"ãod"6p'it";;'1"
æËcfla¡¡u úãJoe¿
u¿ !¿P¡. -Ú4 qç |4v do Piauí",op, cit., fl. l. Éimportante
.usv q
oo*,'"ã-o-- " f-!ãia"r"ëlæ"är"" o ouúdoi -I)urão, que apeinas oe,lug*.es orde ee
llændæ de sado é que eparece*4 d..*-4ry -*..1-
ãil-ut:"ã-itþr"ãåcatc
äiärt";irro mìiuc'fa*ndos & crí¿tÖrb tambê¿t
æ-r
rrr¡ìasmm set
pudessem_ de mantimeutos, ele ae tlrolou tr¡
ã"t"aãti" a" frr.ædas, poie "eeña ieto multiplicar-lhes fant¡¡ticamente o número".
- --iøf . l "Rebóô da Freguesia de Noela Senhora da Vitória da Mocha",op' cit,

56 Ð/
Localidade n" de fazendas no de sítios
.os sítþs ou referem-se unicamente às
3. Jeromenhaesubúrbio IB
- Gorguéa do Poente t9
Beira da ltarnaiba t5 23
Gorguéa do Nascente 35 5
Total 69 4.6
4. Valençaesubúrbio 4 L2
- Sambito IO J
PotÍ da Ponte do Sul l8 6
Serra Negra l4 l8
cia da sede), arrolamemos as propriedades ru.rais do distrito, sendo cada Berlengas l2 7
local referido com o nome do principal rio ou ribei¡a existente no lugar. Total 58 46
5. - Maroãoesubúrbio t3
Cais t9 t5
Ca¡ateus 20 22
Total 39 50
FAZENDAS E SÍTIOS DO PIAUí (1772) 6.- Campo Maior e subúrbio 7
Longár t4 l5
Localidade. no de fazendas no de sítios Beira da Parnaíba r8 4
Potí da Ponæ do Norte 27 t4
I. - Oeirasesubúrbio 64 Serobí 25 t6
Riachão 10 4 Total 9r 49
Guaribas l4 2 7. Parnaíbaesubúrbio r9
Itaim 28 I - termo todo 79 28
gl0
Talhada 5 TotaI 79 47
Canindé tó
Piauí 66 ll QUADRO GERAL
Total t82 t03
Oeiras tgz r03
2.
- Parnaguáesubúrbio Parnaguá ó0 lt
Jeromenha 69 46
Corimatií t6 5 Valença 58 46
Gelboés ,, 4 Marvão 39 50
Paraim 99 2 Campo Maior 9t 49
TotaI 60 II Parnaíba 79 47
TotaI 578 352

Através destes quadros notamos algumas tendências importantes na


caracterização das propriedades ru¡ais do Piauí nas últimas dé-cadas do sé-
--¡ulo XVIII. a saber:
vam 62.27o do total das
148gl. -- Tais são a6 fontcs para este quadro:
1697: Ennee lE nestof, op. cit., p.37O.
1730: Rocha Piø, História da Ámérica Portugues4. Salvador, 1950, 3. Edição, p.
243.
as pcssoas livres e cativas, fogos, fazendas da Cidade,
São José do Piaui" - Arquivo llistórico da Secretaria dc
{Itåmara¡il, laø 267, maço 2, pasta l.
tania de São José do Piaui", do Ouvidor Antônio José de

58 59
de Marvão é que vamos oþseryar a superiori' sen ito a secas, coma todas os altos
- Apenae na vilia e distrito
2).
ãJ" ao å,n-oo de sítio. face ao das fazendas; apesa¡ de ser descrita
como a îs ¿" igr^ sáo as Primeíras quc fi'
¿tc '61).
"pior oita dc porque se acha no sítio maß seco e-fu'
perenes' a so-
ncbre'da fi,Ærrta. nasutna ribeira mais cotaidcráoel no Pa¡a as fazendas situadas distântes dos cr¡¡sos fluviais
seudistrito, queé (49), lução era levar o gado a beber

à agricultrua, "em e outras óguas coræenta.das em tP"qry:.I*os por in-


não obstante tal quadro apareDtemente t4o_pouco çe¡vid,ativo lagoas
¡nuito Ûabalho e malésti¿" (52)'
;;".-;;r*"do'. de l2,47o do número de sítios dttst* doi?It"Uität, ü'i
face ao de fazendas. ""*"'o-aluperiorida1¿

3). No que se refere ¡i lqç¿li?ação dos sítiose Jazendas,-notamos que via de


- fo-o-Àøs actõo
iást"-"iiu"ndas estão sitrreÀaifora
situadaifo¡a do subú¡bio
subu¡bio das vilas, isto é,, ao menog
de
Ï$r#'.;îï;;;;;;a;if"rência das mesmas, isto com .exceção a- t
te eonitam como tPndo 4 a- 7
a
ilffiä"
fazendas,
¡4¿Euu4ù' P.róPri9 t*Y!Y dg-:F:i:'
Os sítios, por sua vez, rnrtom
tendem a qitrrârcm-se
srtuårem-se *'
-äi", å"tto ilas sedes "u¡banas'
^ . r_ _:._^__-r^-^-^:- r^ deviam de enfrenta¡ (xl novos co-
à,j,?Ë)l:'^:ï;:: i^ ffi;;iä*;1* t cqtiza.aos^a9ir1r9 di "ï:Pj:iuï:1$:
Jdra -:-- ---. . ¡ , .
___^ _=^
possuia !t _^. aranhão, trazendo consigo 200' 300
uma da'capitania' A única-vila que-náo
J'.ob,fibio" era a de Parnaguá' isto talvez
nem
pelo fato de ter

"iunto a si um lago com 5léguas de circunferêtrcia" (50)'


zendas:
É tatttbém Parnaguá a localidade
"Em cada fazenda de
matn dhtersos nomes conto

cursos Iluviais.
d'Aleneastre, op' cit" p' ó94 , , :--ñ¡!n.^ r,, Þ.n¡
(51).
152).
- Pereira ¿" iËä*líat Ñ""tt Senhora do Lirramento do Parnaguá ''
on. cit. -"Rehce"
-'' ---isst. Boxer {C-R'). op. cit', p.24ó'
gado oacum estão sit
das i'água que iäi. -- Ëãi1ìã;'ö¿;ä',;;:":n'lpl'rz, i"t"'-'<øo de"' 4de fever-eiro de 1727'
op' cir'' n' r'
i#i : t'Ëiï;ä"-d; öõí,Ëi äã'sãä iã' Ja' Èia u i
delas
-nas
urla o norn¿ de boa, deae -

1491. "l)escrição da Ca¡ritania de São Josi'do I'iaui'-' o2' cit'' fl' ll'
l3lll. - Idem' ibidem, 11. i-
-
60 61
Outro autor, o
um vaqueiro antþo
refere-se aos retiros c
inclusive os curais:
"Retiro é um.a certa Porção de terras contígu¿s à mestna fazen'
da onde há currais e os ttccessários preparatiuos Para tratar as crì¿s
nas ocasiões em que é precìso separá'lzs das mães". (57)

vez,
doa
da fa
Caso

(
lm
\,o

Reclamando contra os senhores absenteistås que exigiam aluguel de


suas terras, os moradores da Mocha diziam que foram necessários muitos no. de cabeças
e conseguir novas terras, sen
lrequência
naquelas áreas ainda não aæ 100 I
zona chamada "Catingas Ge l00l a 200r) I
ça - tiev!.lo à existência do mato continuado e inferior, e à falta d'água, 2001 a 3000 t0
várias tentativas foram feitas no ultimo quaræl do século XVIII para se 3001 a 4O00 3
tentar ocupar tal espaço, porém sempre redunda¡am em fracasso, devendo 5000 I
os interessados volta¡ sem mais circunstâncias de seu descoberto (61). ó000 I
No que se refere aos tipos de terrenos aproveitríveis para a øiação,
distinguia-se no Piauí principalmente duas categorias de pastos: os do
agreste e os de capim mimoso, sendo este último o de melhor qualidade e que
por conseguinte maior rendimento dava aos fazendeiros (62):

,á _T_
È.
avierf , "lVlemóri¿ relativa às Capironias do Piaui e
Histórico e Geogrtifico Brasileiro, tomo XVII,

158f.. ¡ Anto'?il lJoão Antqnio¡ (Andreo¡i), Cuhura e Opulência do Brasil, ll7L1),


São Paulo, Comparhia Editora Nacional, 2'ediçáo, Introdução e Vocabulirio pô" l. p.
Canabrava, p. l2il; 307 e seguintes.

- (5_9).
1 Pereira d'Alen_castre, op cit., p. l,l4 "Testamento de Domingos Afonso
Sertäo, Deseobúdor do Pigui". 16,3). Pereirad'Alencasrre op. cit., p.68.
(ó41. - Antonil,op. cit. p.109-.
- Pereira d'dlencastre,
f65f. op . cit., p. 52 e seguintes.
Companhia - como dissemos alhures, em muitas fazcndas arém da cria@o de bois e
a melhor lóó1. -
, "z vacas. havia também certo número de cavalos e éguas, geralment" e- ao
"um"rã-i.f..ior

62 63
a de muitas lé5ras de æna não Embora contanto cpm boas
extcnsão fosse aProveitável e

éo.
njo

pelos
"O gado boaino é grande e bem-formado-' dßtinguindo'se : como não havia cercas dividindo
r\iii¿)^-iiití ¿¡""rsidade do colorido" (68)' consuetudinariamenæ uma légua
"n¿¡r"i

o
o

queíro)' uc "DePende a criação


sernpre o'
chuta. Se no fim de deze
nas ÍLes

manhã e PrePetarem'se os qtrcqos'


m'se de as ÐDcas no Pasto' Por
'òtto uÚ&, e torn&-se então
n"ão chega I alcançar
nadas, a não sere¡n
lllos t lx'stas'
do
Aspectos I'iaui' 'fcrtsina' Ti¡rografia "O Piaui"' 196'
{ó71. Neves lAbdias),
u'3U'
-
l*). - Von Spix & Von Martius' ,¡t' c'it'' p' 418'
-2dr.
. o¡r. cil., tr. 80.
-f,i*"¿o"'¿* Domingos Afonso Sertáo' que ode
(le geteruru u€ Ir'.-' "åi;"
de seteruru
que fazer com as bo ä";T;-"d"t ãó" Þto"ttitot
ev _ r
.do
tçrr.¡ÉÞt --
l7ll. cíl',p-'1.:.
Miranda (4.4.), op'
- "no¡.i.o doÙIar-anhão a t'oi11. ,op. cit., p.80.
iZZi.
i?'ãi:
- v;; üi' " vL' ivt'.t¡"". op. cir',' lP;frj',
p' 418'
l7-!l'
t74t. . "Rel¡cáo das Boiadae que
1751.
l'Ùt'
d¡e þ"r;;:¡;.
Peouena"' ããs a" åþril
de 5 de abril-de
oe
foram d¡e qæ *
rr^.-^ 1--5'l-*i--,¡o n¡¡tr *t
*4" rrme
Lt ló. r2m orveEas
l773.Em rtE¡ðvlwÞ
divereas "Relações" ÕPsevv¡¡r
apa¡ecem rePr(xrlxa.
'êñF.-r'rn&ð '.-;;il:;--å;ãt
õ r :-r^ Á qô-iÞrqc lpsrr-
ãas Capelas. Supomos que estas malcas representam as letrag 5.J., isto é, SOcietaS JeSu.

65
&
algwìtas oacas para o sen)iço doméstico, precisam ficar sernpre nos
pastos" (76). PREÇOS MÁXTMOS DOS BOVTNOS (17641

Outro observador, Pereira d'Alencastre, assim descrevia o ciclo anual vaca grande e gorda r$500
dos pecuaristas do Piauí: vaca inferior l$200
boi grande e gordo,
"Os mcses de nouemhro e dezembro (fun ile aerão) são as épocas eapazde matalotagem 1$920
mais abundantes de produção, Faze¡n-se as oaqueijadas duas oezes boiote l$600
no ano nas fazendas de grande criaç¿o, e.isto sucede nos meses de ja-
neiro e jwho. Porém nas Wqucr,as Jazendas, uma só oez. Os meses de
janciro e junho são o tetrtpo mais leliz do fazendeíro e mlis.diuertído
para os uaqueiros que se etrlpenharn ern prouar muita perícia no exer-
cício dc suas funções. lVesses ntcses se fazem também as uaqu.eíjadas
do gado grande, que tem d.e ser renetido para as feiras ou oendido
nas porteiras dos currais aos negociantes ambulantes" (77).

Antes de encerrar estasas páginas, vejamos o que os.documentos nos


ensinam a resp.gito do valor representado pelo gado bovino no decorer do 0, senêo seu valor- médio, 3$641. As vacas, por sua vez
século XVIII. vendidas entre 2$300 e 4$200, apresentanäo o valor
Segundo os peritos da época, um boi "gordo e capaz de ).
matalotagem""pesava ent¡e ie i2 a¡robas ao sai¡ da poræira do curral (78):
no caso-de set'transportado, ou melhor, comboiado p¿tra a Bahia, a longa
caminhada de mais de 22 léguas, lazia-o perder muito peso. Não só as
boiadas chegavam desfalcadas (vários animais ou se extraviavam ou
morriam pelo caminho), como os animais que conseguiam chegar à fei¡a de
Capoame, no Recôncavo baiano, tinham perdido às vezes atê I/3 de seu
peso ao inicia¡ a jornada de uma capitania para outra (79).
Uma arroba de carne bovina custava no açougue da vila da Mocha,
em 1727 ,80 réis (80), passando a valer, entre 1752 e 1754. aproximadarnente
200 réis (81). De acordo com as Postu¡as e Taxas estabelecidas pela Càmara
do Senado da vila de Campo Maior, tais eram, em 1164, os preços máximos
dos animais (82): ao valor de 2$500 cada um {85).

(76). - Von Spix & Von Marrius, op. cir., p. 418.


(77). - Pereira d'Alencastre, op, cir., ¡r. ó8.
1781. Idcm, ibidem, p.80,
- co Ultramarino, Piaui, Caixa 4, "Relação rle lodas as
coafiscadas aos Regulares da Companhia de Jesus,
Bahia", de 1770 a 1788, datado de 20 de julhr¡ dr I7&).
(80). Arquivo Histórico Ultramarino, Piaui, Caixa l, "Informação de Anrônit¡
-
Marques Cardoeo a respeito da m¡rchanteria da Vila da Mocha", de 23 de seþmhro de
t727.
(8f). Arquivo Histórico Ultramarino, Piaui, Caixa ó, "P¡eço de difercntes
-
gêneros e fazendae do Piaui, l71ai2-17il*. |'841. Idem, ìbidem.
185f.
- Arquivo Hislôrico ultramarino, piaui,
caixa 7, "consurta
dc ùrar¡inho de
, "Posturas e Taxas da Vila - ao t(ei a rxp€ito do <fue faær conr
lileuo e (¡strc
encontta-se, com pcquenas Proecriios Jeeuitas", de 7 de jaieiro de l7ö{). -- -- as l¡oiadas das Fazcndas dos
op. cit., p.79.
(86f . Biblioteca Nacional, seção dc Mmuscriros, l-3r-rz-g. "carta de l'rancisco
-
66
67
"'ffiHlät,pN",iråml#ff"si3-,âiB3Rtr^l"

jesuitas da llha de
rla Silrn (istnr infi¡rnrlnr¡¡ s6[n. as faz.ntlos de gado drls extintos
ìll rrjti-'. l'arri. 29 rk' tk'zclnlrrtr-rk' lllóó'
tUii. \,," Slrix d! \ on 1l:trtius, o¡r. cit., p' 447 ' d¡s Üru.-s'
rgri - A
l88l. ¡ n's¡x'ihr
^.*,i.it,r tlt¡s
tlilntos (lo
rk¡s tlilnlos tk¡ gado v¡rcunrr consult('-rì
gad<¡ v¡rcunr' consultt-st
'
list¡ @
a [su srrecâd¡çõt+
12' cir', p' ?(l-
r¡. carla rrrrr.- rl:¡s vilas r.ntrr. .r.',il"- ir.. rzôi,' 1804, in P.t*irâ d'Alcncûstrc,
;1.
llistriri¡r¡ Ultranrarino, Piaui, Caix¡ 6. "Preço de difen'ntcs
tll9t.
- Aruuiro
gí'ntnis e fazcntlas rkr l'iatri"' l7:-'2'I7il'
1t. I'iaui. Caixa 3. "ltosturas e Tnxas da Viln

a tnais anr¡rla qui'''sl¡tnlos rft'stnvolvendr¡'


e tlininúia rla¡>rtpulrção n'sidente n¡s
I76i2. Bascandonrts ¡rrincipalnrnte na

lna tlls nlt'snlts'

69
68
ESTRUTURA DEMOGRAFICA DAS FAZENDAS DE GADO DO
PIATII-COLONIAL: UM CASO DE POVOAMENTO RIIRAL
CENTRÍFUGO(+)
"Cui.dam socieòade, uûtendo nos
nlatos eb e donde oemafabade
instrução bárbaro e feroz. Estão
as ui:las ao aem, sern artífices para
as obras necessárias, sem homcns pata o trabalho e setrr. aumento
algum..,"
Ouaidor Durão, Piauí 1762

l. a forma de ocupação e povoamento do Piauí nos séculos XVII e


XVIII;
2 mento. Este trabalho faz
P alisar diacronicamenæ a
h

1. A forma de ocupaçÃo e poaoamcnto d.o Piauínos séculos XVII e Xmil.


- O Brasil já pos_suia quase. dois séculos dg história, era o maior produtor
de açúcar do ¡nq¡d9, e o território de mais de 250.000 Km2 hoje reiresenta-
do pelo tìs?do_do
d-o- Estado do Piauí {oito vezes a sr}perfície
superfície da Béþca)
Bélsicå) não tinïa ainda
nãb tinha
sido conquistado pelos colonizadores. E- somente em i674 quesue o português
Dortusuês

ind_rgenas que, pers€guidas no


litoral pelos senhores de engenho t4nto do Suì
(Bahia
töahla e
.Hernambucof como do Norte (Ma¡anhão),
Pernambuco) (Ma¡anheo).-.eencohttam ,,""
reencoht¡am nas
margens dos rios piauienses um pouco de tranqäilidade perdida com a
,f^^ branc-os.
-h^-^Ã^ dos
chegãda L-^-;- F-^- grupðs indígenas
Eram :-r.-^-^^ afressivos,
--^--:--^- r ì
---:^ "'"o*ãã*. d"

7t
tl
cArne humana", considerados como "os mais bravos e guerreiroe d
qu_el
!-
acham no Brasil" (4).
e de outras zonas áridas ô
:

Þ
-l-.

1,
lj
il
ç
Número de Fazendas de Gado do Pí¿uí: 1674'1772
ANO No, de Fazendas de gado

t674 30
t697 129
1730 400
L762 536
1772 578

Vilas do Piauí: 1762-1772


Núm¿ro de Fogos das
1772
1762
Vil"a
- 157
210
Oei¡as (CaPitaI) 39
9
Valenqa 29
34 79
Paranaguá 3I
CamPo Maior r9
J
Marvão J
16 -o
¡o
Geromenha 4
Parnaiba
360
4r3
TOTAL

73
l¿
Ou va¡iaram os critérios de arrolamento dos dois censorer, ou de fato
a população das antigas povoações decresceram passados dez anos ap,óe eua
elevação ao status de vila. O certo é que t¡atavam-se de ínfimos nrlcleos po-
pulacionais, com quase nada que pudesse s€r calacterizado como
propriamente "u¡bano". Eis como era a capital da Capitania dez anos ap,ós
sua elevação a cidade: "Mocha, com 157 fogoe e 692 almas não tem relógio,
casas de Câmara, cadeia, açougue, ferrei¡o ou out¡a qualquer oficina prl-
blica. Servem de Câmara umas casas térreas e sobre o que corre lití$o. A
cadeia é coisa indignlssima, sendo necessálio estarem os preæs em troncos e
ferros, para segurança. A casa de açougue é alugada e de mais, coisa
nenhumã. As casas da cidade, todas são térreas, até o próprio palácio do (brancol
governo. Tem uma rua inteira, outra de uma só face, e metade de outra. taúùó¿
Tudo o mais são nomes supostos: o de cidade, verdadeiramente, só goza o
nome" (16).
Se tal era o panorama "u¡bano" da capital do Piauí, gue dizer das n! , _Ti.,
rlaui 9".-gnei¡a sintética, qual era a compoeição demográfica do
no6 primórdios de sua coloni4¡ção:
demais vilas,- sobretudo das três menqres, com apenas nove, crnco e três
fogos cada uma?
modo os 360 coMPoilÇ.ãO DA ?O?ULAçÃO DO pIAuI: 16e7
æ,27o fogos restantes estavam distribuidos entre 930 Quanto ao sexo
propriedades rurais, das quais 578 eram apontadas com fazendas dc gado e Homens
(190,9%l
398
352 como sítios de lauoura. A população total do Piauí era de l9.l9l Mulheres 40 9,r%)
habitantes - aproximadamente 0,13 habit¿ntes por Km2 dos quais 2.724,
- restantes16.467
isto ê, IA,lVo viviam nas vilas ou n)s seus subrhbios, os
TOTAL 438 (l00,0%)
185,9%l moravam dispersos na zona ru¡al. Como se vê, tlglgv¡=se-de^um- Quanto à cor-etnia
nítido caso de oovoamento nu'al- rlisnerru .o-ofait^ ^wil¡ro nã.lmqoqn.lo
ilomcns Mulheres Total
Brancos 154 38,7Tol r ( 2.5%l r55 ( 35,3%l
Mestiços 5 L,3Vol 9 ( 22,5701 14 ( 3,2%l
Negros 203 st,0%l 7 I l7,5To) 2r0 ( ß,0%l
Indios 36 9,07ol 23 ( 57,5%1 59 ( t3,5%l
TOTAL 398 100,07o) 40 frm,o%) 438 (100,07o)

Quanto ao estado ciuil


Solteiros 428 ( 97,8Tol
Casados l0 (
2,2Tol
TOTAL 438 (100,0%l
requerem paÌa sua boa crração, $and9 extensão de terras. De sorte que se os Quanto à condiçeo jurídico-social
seus moradores se unissem em povos, bastariam para formar várias cidatles e
vilas..." (lB). Homens Mulheres Total
Livres t96 ( 49,2%l 33 182,5%1 229 ( 52,3701
2. A cornposíefio demográfica ìlas unidades de pouoamcnto. Escravqs
TOTAL
202 I 50,8%l
(t00,0%l
1I
I t7,5%l 209 ( 47,7%)
398 40 1100,0%1 438 (Lw,0%l
origina
o
para
iiöii'tli#å"iË?l,i Quanto àid¿de
podemos nos basear Crianças l0 ( 2,2701
Adultos 428 (97,8%l
TOTAL 438 000,0%)

74 fÐ
em
melo
mas(

higtória: (26) (Quatlro

Número de moradores por fogos/fazendas: 1697 Populacão do Piauí: 1697-1799

No. de tnoradores Freqüência de logos


População
I J
, J¡
1697 438
.3 5r
t762 t2.744
'4 t2
t7i2 l9.l9I
5 T4 26.094
r777
6 6 5I.721
1799'
7 J
12 I
r3 I
TOTAL t29

^"'-*ilã-tot l rte l2g fazendaa, 126 197,6%l


13 oesgoae.
possuiram ao menos um
',6%) posguiram
morador branco (vaqueiro
moradorbranco ( escravo negros aParecem em
ou proprietário)' Os escravos
(incluindo-se
tv> ..-:Á-,r-
109 lo oue os
-o"i,lon¡ioiq (U,4Tol, sendo ^qrre
os índ=ios
^'O fazendas 128,2%1.
mulh
ä:::L"Tfi"ä'":" de 40 (crianças inclusive),
residiam em soment€ 24 fazendae lls,6Vo\ destas,,lS abrigavam apelae
i'iÏ'i"i':ä#ää ã.'-;äÏ;;'å;
iJjpååi'åî"il"*¡çr$ñ
-
;' a .ll¡:- q: P:,î-*1,"{t :*
*.ãlbt"o"o nestå "frente pioneira" (23), que'

76 f Ve r ç,¡,_.(^t.r C 77
¿ .r , r ¡l-
-t,^ -P ,i tli :'(. {?'t -7 Ç--XV.fLl-,-
Á
^. -i,
-v-, ) / \¡. J\ ': I tt ¡' / -,'-) ro (
da Bahia e do Maranhão, capitanias aliás, onde a população caucasóide
igualmente era bastante redr¡zida (33). A grande massa populacional era
"de cor": 83,37o, sendo o grupo dos "mestiços" o mais numeroso. Sob esta
denominação estão englobadas as mais va¡iadas combina@es fenotípicas, a
saber: mulatos (branco e negro), mameluco (branco e índio), caful (preto e
índio), cabra (preto e mulato, cr¡riboca (mulato e índio), (34). Parte desæs
mestiços era livre, parte vivia no cativei¡o. Os índios repres€ntavam alpnag
5,9Vo da população tot¿l: tudo laz crer que devia existir muitos grupos

incluindo-se crianças e mulheres), e que em 1772 em toda a Capitania os


ameríndios não chegavam a 6To, o que vale dizer t¡at¿¡-se do menor grupo
étnico regional. Numa amostra de 30% das fazendas piauienses, os índios
representåvam apenas 3,97o da popula@o no ano del762, sendo que apenas
I9,2To desøs fazendas que possuíam um ou mais índios, neste total
incluídas as mulheres e as crianças (35). Tais números nos fazem repensar as
afirmações tradicionalmente repetidas nos manuais de história econômica,
de que "os indþenas se adaptavam ndica que
foi com base na mão de obra loc atividade
Os negros que em
criatória..." (36). opulação,
reduzem-se para 33To em 1772. Na maior parte eram escravos: "Da gente
livre, a que pertence à classe dos pretos, é tão pouca, que com ela se não
pode eertamente formar um batalhão de cavalaria, porque nem ainda nas
maiores freguesias haverá pretos liwes para batalhão mediano.:.", dizia ao
Rei o primeiro Governador da Capitania de São José do Piauí (371.

Vinham os pretos parte em cativeiro, parte fugitivos das mÚ comarcas e


todos vierarå a mieiuÌar e confirndir, tòrnando um só povo... Raríssimos são
os reinóie que do Reino vieram dirigidos Para estes sertões.."" dizia o
Ouvidor da Capitania no ano de 1772 (31)
VejamoË então como se compunha a população do Piauí um século
após rua descobertå (32):

ComposiçÅ,o da populafiødo Piaul quanto à cor: 1772

Homcns Mulheres Total


ue desde o inicio e ao
Brancos I.885 \ t1,7%l 1.320 ( rs;s%) 3.205 | 16,7%l
Meatiçoe 4.372 ( 41,0%) 3.140 ( 48,6%) 8.sr2 \ M.4%l
$egros 3.856 ( 36,1%) 2.487 | 29,2%l 6.343 ( 33,0%)
Indios . 556 5,2%l
|(100,0%) 5?5 |(100,0%)
6,7%l 1.131 ( 5,9%)
TOTAL 10.6ó9 8.522 r9.r91 (100.0%)
como ponto
Desobriga" da freguesia
¡uesia de Nossa
Nor Senhora da Vitória da
Oe brancos que em 169? representåvam 35,370 ila população, em
ão apenat
1712 eão l6.7Voz n6o havendo praticamente imþação
apenae l6,7Voz imicracão diret¿ de
de
reinóis paia o Piaul, pror
exist€nteg devem ter vinclo provavelmente
Piaul. os brancos af exist€nteo
I
78 ,- 79
lf
l1'
1t
(

4
do um total de 302 fogos
suais viviam 2.4O6 pessoas
ãe uma amostra quantitati'
colonização mais antþa.
¡ndas na principal Freguesia do Piaui,
tomando como ponto de referência sua locahzã@o jinto aõs c,r¡sos d'água
maiscaudalo€os:

LocalüaçÃo das fazendas na Freguesia d'a Mocha: 1762

Sittnçao Geográfica No. d.e fazendas No' de fogos No. de pessoas

Canindé acima 20 \ l2,4%olll5


22 \( 1,3Tol 293 I r2,r'%l
Ribei¡a do Itaim 49 ( 30,2Tol 38.0%) 84t ( 35,0% )

Ribeira do Piaui 63 I 3ï,97ol 97 l-32'lTol 78ó | 32,i%t


Canindé abaixo t3 I 8,0%l 23 | 1,6Yol 233 ( g,i%l
Ribeira do Parnaíba L7 ( I0,5%) 45 ( t5,0%) 253 (I0,5%l
TOTAL t62 (100,0%) 302 (100,0% ) 2.406 (100,0%l

1762
Núm,ero de Pessoas Por fogos:

t7 ó
9
Número de logos por fazenda: 1762 i8 J
26
43 I9 3
No. de fogos t'reqüência 20 t
2l J
32 2I
I r33
.t'i 23 22 2
2 23
J IO 2l
21) 24
4 5
2I 30
5 2
ó t3 3l
6 32
ó
It I
ÓJ
40 t 7
20 3o
TOTAL L62 4 44
4
6
TOTAL 2.40Ó

como se vê,
een
o '::::'åi'uîiï;îi,:t#:':
E
Dessoas ll4,2Vol, 3l a 4û't'3ro
ü3f" aìiäi'iólã; 30,2,6To; de e

80
8l
com nrais de 40,03Vo. O de 16 escravos. A fazenda possuidora do maior nrlmero de escravaria

AçJIùJJ.j¿IUS). InæreEsante no¡ar a vana,


em æ tratando de diferentes zonas; em I

va-se, portanto, nas propriedades rurais.

Númcro de escraaos por fogos: 1762

iVo. de escraoos no. de fogos ComposiçÃo ¿o, ¿o *a¡o, fu pí¿uí: IZ62


I 2
,1
2 I. DOMICíLTS SOLITÁRIOS I3,O%I
3 t5
4 28
,I
a. viúvo, vihva
5 2t) b. celibatário
ó ll c. estado civil desconhecido 6
i I5 TOTAL 9
I l0
9 t5
l0 3 2. DOMICíLTSSEM ESTRUTURA FAMILIAR (23,8%I
II 5
l2 5
S/Escraoos C/Escralr¡ls Tonl
l3 I a. co-reeidentee aparentados 3 3
t4 2 b. co-reeidentes nõo aDarentados 69 69
l:) I TOTAL n.,
a- 72
t9 J
2l I
!,) 2
3. DOM I C f LrcS C OM FAM LLIA SIMPLES (50,3%
29 t )

TOTAL I.IO2 202 a. casal sem filhos 2t 19N


b. cas¡l sem filhos e out¡oE It 14 25
c. casal com filhos l4 t4 28
d. casal com filhos e out¡os 9 t4 23
e. virlvo com filhos e out¡os I 34
f. viúva com filhos e out¡os 66
g. mãe solæira com filhos e outloe 5 l6
h. pai solæiro com filhoe e out¡oE
solæiro
2
, 35
i.
j. solæiro
casal s/ filho 46
casal c/ filhor 3 36
k. solæiro 3 33
TOTAL 68 u t52
82 8:t
FAMíLIA EXTENSA ((6,7%I
4. DOMICLLIOS COM
I 5
a. aecendentÆ
b. descendenæ 4 It
c. colaæral -J l5
TOTAL
cle seus
s. DoMICfLtus c oM FAtutft't¿s u(¡I'TIPLAS 1t6,2%l
1I
a. nrlcleo e€cundário descendenæ
b:;;Ë t**ã¿tio não aParentado , ll 25
aparentado I I
c- nricleo sesundfuio desc. e núcleo não
-",f"i"" eecundário não aparentado or paræ d-a
á. 5 5 rela@es de
e família extensa desc.
ÍorÀ1, ll 38 49

Conlorme revela est€ quadro, os- domicîIios conn &^pen^as um


(3tJ' ãã- k""øô-d" doit' os.demais lo:9Þ-"*Ï-"1
^ort¿o]"îei;;t "
Ë"Ë.iîÊ::'"'-,:dl'ii'iï"9i",i1ff"ç;*må'*:"ïtrå,îi:
ñ;;á; da Canaviei¡a, niRibeira tlo It¿im'
'"ifi"ï"ä"äiliä::.y.*;s"*i:t*T,il#uîå:ïiå"":ältr.å,:
;l*n"iJ"i:ä,ä;äg"" ñl-4:.numa
(7il4¡rçuE que
gxceDglolla¡r certamente
exceocional, ---: ,
fazenda de sado. distanæ do
"'-: s{rzm:uruÏ,-
Y*" vweI
restô
¡çÙw qv várias horas de camrnnada a
do mundo
m¡is excePciona
situ¡cão ainda mais
situação
'' l:--- --^^ uç
de vuullqÞlg,
conquista,
""devaqueiros,
de vaoueiros, . Lz- já
:! eram
^-^- ¡ô,^ê.
raros;
3 p"t*ät, *'moradores isolados t¡mbém

+ de um
-,,-^ ^=^ )^

85
se viúvat' pais e mãeEËolæiroe,casais l7?2: segundo o Õm¡idor
e mriltþla. O quadro abaixo refere'se ,3To da popnleção total,
rentce categoriae. etária doe 7 a 14 anos.
Assim sendo, 31,470 dos habitånæs do Piauí manifestava idade iriferior a 15
anos, taxa a nosso ver relativamente alt¿ e que reflete urna populaçþo em
Número ile filhos: 1762 crescimento. Segundo a mes¡na fonte. ¿s cause morcis mais coniuns, nestes
No. de filhos Freqüência

I 35
2 36
3 l6
4 9
5 6
6 7
I 4
I 3
TOTAL tl6
Tais números reforçan os resultados de recentes que se
opõem À tradicional afirmaçfo de histod¡dorca e sociólogoe a reapeito do
t¿manho de extensão da famíli¡ braeileira de enta¡ho. Eremploo de
dife¡entes zon¿s sócio-econômic¡r revel¡m que de f¿to o pad¡ão mai¡ com 'rn
"fanfia grimde" de tipo pauiarcal
por Gilbøø F¡eire e rótami4a por
peqnena r¡¡idade familiar, composts
de poucoe fiIhos, nenhum ou pouco€ escravoo, um ou ouuoagregadona
maior peræ doe cssos não pareNrtæ (54). O redr¡zido númrro de fiIboe
decorre, a noeso ver. Eeis da alt¿ t¿xa de mort¿lidade do que da prática eir-
æmátic¿ de contole de natalilade, Ao me¡æ no Piauí, difelentemenæ do que æ
que c
motivô
rervem de amoatra du-
"ri-CäH
época, na cidade de São Paulo, de
392 fogos existentee na áre¿ urbarra, 46 lll,7%l acolhiam crianças e jovens
"e¡¡)o3tor" (5ó). fu diståDcias enornres entre r¡ma faz¡ndr e ouEa, a
ilif.icuþade de se m¿nter æcreto ou a¡ônimo o n¡ecimento de una nova
criança, qu¿nto à concepção e criaçõo de
filhoa, pliquem a pouqe preeença de
"enjeita Quem sabe s€ a sbundâtrcia de leiæ
nac faz€ndæ de gado
tomava a criação de
outras z,ouat "uúana
raro e caro, constitui problema doe mais graver para quem æn criança de
colo.
Do total de 116 filhos, 4ll (15,3% I foram apontadas como "meDore!",
não h¡vendo outra.refereNxcia ò condição etári¡ deate aegmento (57). Inleliz-
meûte o ú¡ico dado referente so grupo infantil de que dispomoa é o Mapa

86 87
:N
ty73.
PiAuf, e hictó¡ia do Piaut
.lyTz.
seisce fá.*¡"", Monografias do

histó¡ia, (no Prelo)'

1788".
do Pi¡ui remetids ao llmo e Rvd"
3. Carvalho' f-öi i" ntt s, E.Aßguenasnæ
Sr. Frei Fr¡ncieeo
Ëi,iiåäi.'ñ-rãã;] 362'

regiõbq:' r ! r^ ^^--l"oãn. liñitlÁrn rlelo tam¡ d¡ ¡c¡eõo onde


--
Uma palawa --:^- de-conc.lueão:
à guisa.

REFERfNCIAS

- hbtórica e corqrtñca da
co år:ziúleitc' torlo XX' l"'

89
88
Moraie l)trráo, Arquivo llietórico Ulnamarino, Piauí" Caixa 3, (no prelo n¡ Revista de
Hietód¡daUSP).
10. Canabrava, Alice P. grande propúedade rural", in Hittöria gerel da
- 2,"ASóo Paulo, Difuelo Européia do Livro, 1960' p. llfl;
cioilinção brasileira, Þno I, vol.
Mott, L.R.B. 1976, op. cit., p. 351-352.
-
ll. Yon Spix, J.B. & Yon Martiue, C.F.P' - Yiagem pelo Bradl, R:io de Janei¡o,
Imprenea Nacie-.|, 1938, p. 4194!Xl.
27. Furtado, C.. l9&, op, cit., p, tl.
Ul. Inetituto Hi Lll, Me. do Gorselho
Ljluam¡rino,Relação da Vil¡ d¡
Mocù¿ do poderia eeclarecer ee de f¡þ o
Sertáo do Pauí do-Bie Luiz Coutirirho; ll de b¡tii+-do¡ era de f¡to ¡ B¡hi¡.
abril de 1757, fl. fÌ2-510.
ß, Cârts Régi¡ de 19 de junho de l7ó1, in Pereira d'Alencaetre, op. cir., p. 15!1. 29. "Seen¡riss Piauieneee", Reoíeø do llll,títuto Geogáfico e ÉIíató¡ico pi¿ui-
ence, 1982, tomo II, p. Lll5 e se.
14. Eis o número dae peesoas que
nae novas vil¡a: l0 em Paranågua, l5 em 30. Bueecri, M. 1970ì,op. cia, p, 188.
59 na Pa¡n¡íba. Cf. Perei¡a d'Alencåst¡e -
31. "Deecriçáo da Capitaaia de São joeé do Pi¡uí ,,, op. cit,
15. "Reeumo de todas as ltessoas livres e cativas..." 11762l' op.- ciú', e "Deecnção
da capirania de Sóo José do Pi¡uí"- ll7il2), op cit. 32.Idem, ìbideq, "Mapagerel da Cepitanía do pioui".
16. "Desc,rição da Capitania de São José do Piaui", op. cif. 33. GgVgfo, Reimr¡¡do J. 4e Souza, Colz¡pêndio hbtórico-potttico fuo princþíoc
ú bootpa b Ma¡azåJo., Tl{Ír, O$cing ag P. Ii.-Ro.geron, l8l8', p. ll5 e rc.; Arc"õdo,
'l[ales
17. "Roteiro do Ma¡a¡hão a Goiá¡ pela Capitania do Piauí", (A¡Õnimof
'
Reoietd
-Poro'nento ù ciùde bfuludor, Bahia, Editora ltap'riÍ, l9ó9¡ vllf,ene, L.s.
do I¡tstittoo llìstórico e Gægrtfiø Braeileito, tomo LXII, ¡rarte l, 1900, p. 88' cìt.
-1969,op.
18. Inetituto Hietórico pi¡ut,,, op. cit,
conquietado à Jesue C.lirto e è 34, "Deeeúção da Capit¡.i¡ de Séo José do
Jeeue", pelo Pe. B€nto da Fonse

19. Nunee,0. cìt.rp.27.


-op.
20. Pe. C¿rvalho M. 1938, op. cir.
-
2I..Idcm, ibifum, p.387.

-op, cit.,p.7f76.
Í¡6. Funado, C.
37. cârta do Goveruador João Pe¡ein caldae, ao Mi¡i¡tro do ulcomar, 2!í de
junho de 176ó, in Pe¡ein d¡ füsta , op. cit., p, El.

-- 38. Alden, P.g¡l . "The populatio¡ of Brazil in tl-r^e þr9- eþhtrænth


:------ century: a
preliminary etudy" . Hhpanie Anie¡ican hblør¡ical rcoiew, ßl,,196g. --"
. ... 39. P-etron-e, Tereea S._-_^"As-óreas_de crùação de gado", iu HísaóÅe geral da
cioilinção braeíleira, op. cit,, tff/0, p. 218-t27.
¿Ã' Hbtória do Bracil sÃo paulo,
- vårioa autoFee,
nooa Editor¡ Brasilienee,
1965. p. Ð1.
41. Prado Jr., C .- op. cit., p, 41.
out.dez. 1955, p. i189417. rü1. "Dcecricão da Capitania de SÃo Joeé do piaul", op. cir.
24. Pe. Cæalho, M. - l9ll8, op. cit., p.379. 43. Idem, ìbidem,

Ifum, ibidcm,p.î73. 44. Antonil, J.A, Cultu¡a e opulência do Bracil, Cia. Ed. Nacional, e/d. p, Ilt().
-
90 9t
3F?
I

4?. Pe. Carr,¡lho, M. op. cit., p. 3?3: Än^dnde, Manoel C. - A Ter¡a e o homem
tø |klt{&, Sõo Paulo,
-
Editora Braeilienee, l9Gl'

48. Pe. Cervalho, M. oP' cit', p' 381'


-
o Pi¡uí nomei¡ a
Mocha, a fim de
que existiam no

50 Perei¡a d¡ Cott¡' oP' cit'

5r.c.ütedoc,over¡¡dorJ.P.Csldssaollliniebodotlltramer,de2lidejurhode
lZtó, apuòfeleira da Coeta, op' cít', p'Ë2'
5!!. Furtado, C.' oP. cit., P. T)'

Rougp' l9{ó.

O PATRÃO NÃO NSTÁ: A¡IÁLISE DO ABSENTEÍSMO NAS


FAZENDAS DE GADO DO PIAUÍ COLONIAL
l3l-141.
55. lt¡rcllio, M'r', fl"#?-
*.gf"ffi*iätrffi:
e cð.
,p.rxn

5ó. $lva, M.B.N . -oP. cìt', P' 1260'

*Deccri*fo d8 Capirania de 56o ¡o* ,o " , op. cit-


Sg.
""*
59. Von Spix & Von M¡¡tiue op' cit" p' 419'4:10'
-
a GoiÁe passando pelo PiattT" cit'' p'79'
ó0. 'Roleiro do Maranhão -op'
ó1. Ghayanov, A. V' - La organìøcíól-4" l"
unidzd económica catnpeaina'
Edia"ie¡ No.í'. vi"íoo, Brr.ooa Airesl1974, p' 4748'

92 93
O PATRÃO NÃO BSrÁ, ,lNÁLrSn DO ABSENTEÍsmo xns
FAZENDAS DE GADo oopr¡,uÍ coLoNrAL(*f

O olho do dono é que engordao gadr,-

(Ditado popular do &rtão)

A questão da mão-de-obra nas fazendas de gado do sert¡io nordestino


até o presente só æm sido alvo de inærpreta@es falsas, fantasiosas, senão
rocambolescas. Todoe os noasoE mais ilustres historiadores econômicos - de
Roberto Simonsen, Caio Prado Jr. a lVerneck Soùé e Celso Furtado
o de Abreu: sem nenhuma evidência -
uarista predominou o t¡abalho livre
, montado a cavalo, inevitavehnenæ
xieænæ enÈe pecuária e escravidão.
'vez cort'gþ tal inverdade; em 1977
iam que desde o início e ao menos

importante e indispensável nas f


indígena, quiçá mesmo ao braço lii're" ((l
ratifica e amplia geograficarnente nossa
oco¡rendo com Galizza em seu estudo sobre a pecuária na Pa¡aíb¿(I2):Zó).

egteve
ria
- ). Em vez de aprofundar
((l):22f esta
vi¡ou-lhe as costas com o anátema: ch
Começo _este artigo fazendo mea cuþa. .A^ escolher seu título,
-
confesso que deixei-me influeneiar pelos mesmos ilustres historÍadores
anterÍormente. Visto a carapuça:
ocumentos, potém, me cha-aram

pré-noções. "Idolos", como diria


"de cabeç¿ para baixo", como diria
o
Pe do
do
l. r-ever a þibliogaf_ia r_eferentc ä queatão do absenæísmo;
2. lançando mão de dois corpus estatisticos inéditos ieferenæs às
propriedades ru¡ais doPiaui (r772-l8rs), most¡ar que eram reduzidíssimas
as fazendas cujoe proprietrírrios estavam ausentes.

^____lll__C3municgÇ5o
aprescntad¡ no VIII Encontro de Estudos Rurais e Urbanos,
CERU, USP, setembm de-1981.

95
¿Ésu¿s ter¡as. (Azeredo Coutinho, 1808).

Raro foi o autor que ao escrever sobre as propriedades ru¡ais do


sertão nordestino não s€ relerisæ à figura do proprietário arulente. Eis aþuns Fazendas de gado do Pi¿ul
deles:
Euclifus ib Ct:øaha "Ao contrário do eetancieiro do. Sul, o fazendeiro dos ANO No. de fazendas
nunca viu ¡ls vezes.
gmeiræ da colônia, 1674 30
sem diviEas fixas". 't697 t29
1730 400
t762 536
1772 578/ 93t
I8l8 795/2460

são datárioe ou empreiteiros' o que


con caráter antieconômico e anti'

l' Eis as fonæs que nos sewiram na e-laboraçþo deste omd¡o:


* 16?4: Testame"to a" ilo--iil*-Añ; $.tã;. l8ó?. Reo¡sr¿ do lrctítuto Históríco e
4[0 e ss'
àïpL"¡. 1938. Pe. Miguel d. Couto' fn Enoes' E' I
n". 127.
, Brasiliana,
j,;;'Å-B;;;, Ò. n. løs.,a id¿de tu ouro do 8r¿sil' são

#å.:
Mcais
ista ¿Jt

Hktóri.a. ll2: s43-57 4.


* lBlS: Relacão das Fazendas
A¡ouivo Público do Estado do Piauí' Liv
' 2.Pe. Miguel D. Couto., oP' cir',

Gorender corno "Couto", Odilon Nunes como

96 97
Ceftão fu Peauhy,s- fruto de quaro anos de andanças por todas as ribeiras e nesta região árida e cheia de serlos, todos esses elementos devem te¡
vales desta novel capitania. Diz ele: "Com¡rõe-se o Piauí de 129 fazendas de contribuído fortemente para que os prímeiros proprietrírios de fazendas do
gado, sem mais moradores. Estão situadas ag fazendas em vários riachos, Piauí preferissem enregar as dores do ofício a seus vaqirei¡os ou rendeiros,
distanæs umas das out¡as ordinariamenæ mais de duas léguas. Em cadà continua¡do a viver em suas cidades originais como fizeram os dois
uma vive um homem (branco) com um negro (escravo), e em aþumas se primeiros conquistadores destes sertões. -
achap mab eEcravos e tåmbém mais -brancos, mas no comum se acha um Um século após a conquista daí por diante, a situação se revela
homem branco só". ((ll)i373). completamente diversa daqueles tempos--e pioneiros a população ar¡mentå
Dest€ tot¿l de 129 fazendas, em apenas 6 þá referênciaexplícitade e se equilibra, surgem algumas vilas e povoações, -,a maior parte dos indios
"Fazenda ettåvam reduzidos em missões, as comunica@es com outras capitanias se
de Ba¡ros to¡:nam mais freqüentes, rápidas e segurås. Eml772 o Ouvidor Antônio José
co Bezena de Morais Du¡ão escreve a "Descrição da Capitania de Seo José do Piauí",
sem dúvida, a principal memória referente a esta região sertaneja. De acordo
com esæ documento, o Piaul contåva então com l9.f9l pessoas, distribuídas
num tot¿l de 3034 fogos. Ao todo existiam 931 propriedades rurais, sendo
579 fazendas de gado, 352 sítios de lavou¡a.8 Em sua minuciosa estatística
de cada uma das 7 vilas e distritos,^o Ouvidor Durão, além de indicar o
nrlmero de fogos, almas, divisão r"gtìrrdo o sexo, núméro de propriedades
Ga¡cia Paz; no Sítio de Caterina, André Gomes da Costa e, naFazenda rurais, grupos etários e raciais, presta-nos uma inforrnação crucial:
"Fazendas que têm senhorio lora da Capitania" é, o número das
Tranqueira, o Alferes SilvesEe da Costå Gomes de Abreu. Acrescente-se a
geridas por ser¡s proprie-
- isto
fazendas que tinham proprietários absenteístås, distrito por distrito.
a patent€ de "Capitão", e Quarenta e seis anos após este censo, um out¡o documento permitiu-
e quem era senhor e não nos vislûmbrar o mesmo fenômeno: em I8l8 o Goverriador do Piauí ordenou
mero vaqueiro. que se fizesse um levantamento nominal de todas as propriedades ru-rais da
Capitania: "RelaçÃo ìlas fazendas e seus possuidores", documento que
Esæs dados nos indicarn, portanto, que, em 1697, apenas 12 fazendas indica o nome dos proprietários, nome das fazendas, sua localização,
ilo Piauí eram zeladas por sens próprios donos. Quer dizer: 90% das extensão em lég¡ras, atividades desenvolvida (pecuária, lavoura, engenho), o
fazendas restaaæs tinham proprietários absenteístås. nú¡nero de escravos e a residência d.o dono,
Ausentes os tÍtulares, estas fazendas ou eram a¡rendadas a terpei¡os à Assim sendo, dispomos de duas estatísticas bast¿nte fidedigrras
razão de 10S000 de foro por anoj ou eram eot¡egues pelos latilundiários a posto que foram obtidas mediante o levantamento nominal em cada rima das -
vaqueiroe de su confiança, que deviam zelar pelo seu rebanho, sendo sete freguesias do Piauí nos informam com precisão: l. o núrnero
remunerados pelo tradicional sistema de "quarta" 4 cabeças que - que
total das propriedades ru¡ais da Capitania: 2. o número das propriedades
- "dePe.
criam, lhes toca uma", conforrne as palawas do arguto Miguel D. cujos senhorios residiam fora da fazenda. No quadro a seguir sintetizamos as
Couto. ((f f ):3?3). A fazenda, o gado e muitas vezes também os escravos, informações contidas nestes dois censos supracitados.
tudo era poese do fazendeiro, que transferia o cuidado destes bens a seus
vaqueiros, criador ou agregado,z Fazendas do Piauí (1772-1818)
Os informes do Pe. Miguel evidenciam claramente que, no inÍcio da
atividade ganadeira, o senhor eståva ausenæ. A rudeza da vida nesta novel Distrítos No. de proprbdafus Absenteßmn Porcentagern
capitania onde seus moradores são descritos como "homens miseráveis 1772 tgtï 1772 I8I8 1772 1818
vestindo conros e parecendo tapiias" ((fl):373h o perigo constante dos
ataques dos muitos índios, apontados como "os mais br_avos,e guerreiros que Oeiras 285 167 56 lr L9,6To 6,5T0
se acharam no Brasil" (ll):387h as dificuldades homéricas de comunicação Paranaguá 77 274 58 6,4Yo 2,9To
Geromenha ll5 339 620 5,2Yo 5,8To
Valença 104 459 728 6,77o 6,170
5. Sobre este período de "frenæ pioneira" de vaqueiros, consulte-se O. Nu¡¡es (24)
Mott(20). ^
e Marvão 89 283 437 4,470 l3,0To
L.R.B.
e modernos que têm se referido às formas de CampoMaior 140 670 16 4A ll,4To 5,9To
ent¡e eles o próprio Pe. Mþel d. Couto., Antonil Pa¡naÍba t26' 2æ t3 26 7,97o 9,770
e. Total 93r 2460 r07 r70 ll,47o 6,9T0
socio-profissionais existentes na pecurâria
Jote ao Æa¿í do Ouvidor Du¡ão (1772), 8. Segundo o ouvidor DurÁo, "Fazenda se chama a de gado vacum ou cavalar, ditas
I vulgarmenæ, cunais; Sítios se toma pela lazenda que se cultiva, sendo separada das de gado".

98 w
ó. Coutinho, J.J. da Cunha Aze¡edlo. L9ff.. obtzs Econômìcas. Sáo
Paulo, Cia. F,d.

i¡o,
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";i:ri;*#.''*Hi""i"1'lï*'*,
GRD.
"""'tS. de latifúndio. ¡¡io de
Guimarães, Alberto PASSOS. l%g. øtÃt¡o séculos

currais (geografia e histörìa do Piaul


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Jr., caio. llgs7. Formtção do BrasìI contemporâneo. São Paulo,
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Civili'
REFERÊNCIA-
ação Brasileira.
l. Abreu, ary & Ot
caminhos antþos
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Brasiliense.
"^-"-i.^Áitorril, André João. 196ó. Cultu¡a'e opulèncìz da Brasil. SÃo Paulo, Cia' Ed'
Nacion¡l.
i. õã"t", r.l. Pereiã àa.1974- uú døde os
sers te-miõi pli^;doos tti-i pilh,,n Nova' 2 v'

AGRADECIMENTOS

o do Piauí.

r0l
100

l--: tsl r-)i,Ìi.i\ -. FFLcll


USL)
IJMA ESCRAVANO PIAUÍ ESCREVE TJMA CARTA...

103
T'I'A ESCRÀ\TA NO PIAUÎ ESCRE\¡E t¡MA
CÀRTÀ" '

Una das Prine


nosea história faz,
nos a:rquivos tanto
cia ouase total de
sexo'feminino. Enb

e são os ho¡nens que servem


ssada e a autonidade compe-
delegado, o chefe da ins-
Estado do Piauí
A descoberta no Arquivo Público dorePresenta
por: escrava algo
de uma carta manuscrita uma
duDlarnente insótito: Pr
ouè t'ousa" se dinigir P
áor da Capitania, segun
Nu¡na sociedade em que o
via de regra a Pequena

ensino) nesta sociedäde Pr


iä^ã"t" ' rnar:cada Pelo machis

cébeças de gado P-ana senem v


aninais. Escravos que reque
su¡n oroDnietário nais Sananc
i:Ï.i;iñ;;t;-;luanao .o-senhor comprou o escravo
' nao con-
;;;-;-q". e1e'Possula" (1) '
Assin sendo, embora P

a cartar anotando alguns es-


r comPreensão' Confo:¡me dis-

r05
semos acima, esta nissiva 6 airigiaa ao Govennador do
PiauÍ e datada de 6 de seteñbro ãe 1770. Eis o seu con- poato tão tínída a dita em fotma una quínta
teúdo ipsis littenis: feira deu tanta bondoaèla eon um pdu e cþm
ela no chão o ëlepoie iunou que haoía de
ama,?rd? ilíta eecraoa ee attetítou eom iloía
fí|.hoe, um noe btaçoa' de 7 meeee e outto
de 3 ànoe; até o pteee¡te não ten tído no'
t'Eu-gou hua eecnaoa de V.S. dadníníetr¿ção do tíeía ilela e ten feíto umae eorteías P*îa
capa!^nn¿9_V-íeiya de Couto, eazada. oee'de qie eaatígan e díz que oeio pata enainal oe dí-
ocapl"' p' Lã, foí adeniniettat, q. ne titou da toa eoerdùoe. lem noattado como oa eacuaooo
fazt doe algodoíe, aonde veoía eom meu marído, tên ecoerimentado oue ten clanado eontta o
pa"a
'to eet oozinheita da aua eaza, ottde nella dito proeunadot atà que foi.ouûído da í¡tet-
paeao m-- mal. ceeeão ile V.Sa. úeío uma pottania ate a fa-
.A Ptineira hâ Q. ha gnandee troooadae ile pan- zenda ila Settínha e eomo tem um padtiiho
'cadae enhun EiLho meu eendo huã etíança Q 7,he que orou paua o dito Ptoettadot ¡ão teoe
fez eattaít a.rngue pella boea, em mín não poço (neal,ízação) do aeu mau í¡etí.nto' em fotme
eeplicat Q Sou hã eotoham de paneadae, tanlo qu" opetîa oa ¿l¿toa eacîaooa (que) não tân
Q eahy huã oez do Sobraèlo abacho peiada; pot deacaneo. Iodaa aa noítee ttabalham eem
nezericordía de De eaCapeí. deecazso algum, aegdo pteto teiho e ee ford
A eegunda eetou eu e maie nínhaa patceínae pot nogo, tudo podía a sua noaí¿lade auPortat.
eonfeçat a tree antoa. E huã eníança nínha e Como no auetento do dito, nuíto maL que não
drae naíe pot Batízat. eome farinha que a fazenila faz, ponque aetoe
Pel|,ofi Peço a V.S. pell,o amot de Da. e do Seu pana ajunta? eoñ .a que o ilíto p-to,cuta.dot faz
YaLín'" ponha aoa olhoe em mí.m orilinatih díCe. pcr?a o eeu negõcio, do que pedínilo Lícença o
mandar a Poteutqdor que nande p. a Paz" aoncle íntenceeeor ile V.Sa., não quíz coneentít em
ell,e me titou p- eu ú¿oer oom meu manído e Ba- fotna alguna do que eontrd a orden,, di2e¡do
tízan ní¡ha Fílha que e?a doa eeue eecraltoa. Que eaton)a oe dí-
de \l.Sa. sua eeeraúa toe egcpaooo pdîd o aeu eentiço en aoeat mamo-
EePetanCa gatciat' nd, em deemanehat nandíoea e out?o eeznliço.
Até títou aLgumaa esetaoae pata fíat algodão
Esperança Garcia era u¡na escrava pertencente a uma e dí2, como no ano paeeado, que eut pata (tta-
das fazeirdas ieais que foranr inconponadãs ã Conoa quando balhanen) na fazenda e fez tedea pa,ra o eeu
da expulsão dos Padres .Iesuitas. Ènarn tais pn'opniËdades negõeio è não ten dado eunprímento algum na
adurinist¡'adas po¡r criadores qu vaqueiros, que devÍa¡¡ ze- sua obrígação, não ten cottígído aa ditaa fa-
lar pelos rebanhos, pela escravaria e pelos apetnechos zendas faltando a eua obnígação, tendo o etía-
doz, da Fazenda da franqueí?q certaa ?ezea em
partieulan (e) querendo dat eeta conta a V.Sa.
e falan com out?oa etíadotea, não quíeenam pot
se?en seua aliadoe e V.Sa. eono paí e St. põe
os o|,hos de píedade em Ðe? eetae Lãstimaa po?-
que não tem quem fale por eetea mate que a- mi-
eenicõtdia divina de V.Sa. abaíto de Deue,
Acompanhando o nanusc¡rito de Espenança Gancia, ha- ¡;oie os dítos eecraooe nã,o tãn outro jazígo
via outro documento que esclarece alguns póntos sobre es *e'ão o ampa?o de V.Sa.t'
ta questão: infeliznente não é nen dátado nem assinado,
nas pelo teo¡ e pelo conteúdo, tudo faz cner. tratan-se
de alguém que escreveu em none dos escnavos desta Ins-'
Pecçao.
't'Conte, que
dou a V.Sa. da reeidêneía de
flazarê, que â ptocuradot o Capítão Anto¡ío
Vdeíta do Cout,o: (ele) tírou uma eoc?alta
chanada Eepenança, eaea,da, da fazenda doa
Algoilõee e nõo ten conèedído tenpo al,gun
pata a díta í.t fazet tida aom o oeu matíilo, (1) Arquivo Público do Estado do Piauí, Doc, não class.
oenþ apettøda eom oãníoe- -caetigoe _ten fugí
ilo 9íol" -oâl"íae lte.ee e o díto Caþitão ten Requerimento do escnavo Teodero Candoso ao Gover:nadon,
t5-6-1795.

r06 r07
pr'luÍ coLoNrAL
ETNo-HrsrÓRrA Dos Ínoros oo

r09
ETNO_HISTÓRIA DOS ÍNDIOS DO PIAUÍ COLONIAL
I

Diocesana do Piauí e do Instituto Histórico e Geográfico do mesmo pstado.


Mantive igü,almente palestra@s com os historiadores locais, projerindo
uma confórência na- Universidade Federal do Piauí sobre a história
econômica do Piauí Colonial. Dr¡¡ante duas semanas consultamos

de 15x22 cms.
, tratå-se, em
Euåm u Potentados
locais, aças ou a@es

Itl
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rim'
do Rio Preto' comem
brancos'
iba'
que se mete no Parnaiba'
s Corerás'
ixo.
Parte'
aíba'

iHJifJi"tra no rio Parnaíba e

comemNrfrffii;6AMBÉs: moram junto da barra do Parnaíba' têm pazes


oram com os caboclos
na Serra da
medo dos brancos'
brancos'
5' Vitot' têm Paz com os
fuariPe'
Parte'
ruguea

Piaui.

a ilo rio Caninclé'

fuariPe.
il barbas grandes'


ue
a
at

l. AROACHIZES: moram nas cabeceiras do Parnaíba


2. CARAPOTANGAS: moram na mesma Part€
3. AROQUANGUIRAS: moram em um riacho Savauhi, que entra
no rio
--- Parnalba.
-À.ÞRnC,ftISt
-- moram no riacho lrussuí, que entra no Parnaíba'
r13
tlz
área, suas informa@es relativamente à localização das aldeies indÍgenas por Utilizados como mão-de-obra nas fazendas de gado, os indios resistham com
vezes ê extremamente incompleta. E de todo impoeeível saber-se com muita coragem e garra à invasão de seus territórios por parte dos
certÊza, por exemplo, em quais dos riachos "que entram no Palaíba" que conquistadores brancos: é aind
moravam os Cupequacas, ou em que altura do mesmo rio viviarn oe Goarás a eipansão da pecuária foi
ou os Nongazes. O rio Mearim, igualmento, é sr¡fieientemenæ eÉ€n€opara autoctone: "Estes sertões estão
tornar impossível saber com precisão onde viviam oe Gutamés, desde que o e guetreiros, ent¡e os quais se
Pe. Carvalho informa simplesmente: "Os Gutåmés moram no rio l\4eari¡n". nlstica política, þndo entre si
E assim por diante. são os Rlodeleiros, que se contåm com sete reinos, e são tão guerreir-os gue até
Outra observação quanto aos inforrres deste missionário, é quaû;to a -batidos,
agora não fora¡n nem de enfe eles se tem apanhado língua,
utilização que îaz de uma maneira bem peculiar de nornear os acidentes sendo muitas vezes acometidos por gral
geográficos e mesmo as Eibos indígenas. A sena da Ibiapaba, p. ex., em seu
texto aparece como "Serra da Guapaba"; o rio Gurguéia é chamado de
"Goruguea"; os índios Tremembés são coga.ominados "Trama¡nbés" os
Longazes, de "Nongazes". Outra questão é quanto à inclusão de t¡ibos
Iocalizadas em território há muito pertencente a outros Estados, e que o firmes, serão em grande utilidade do
Pad¡e Carvalho arrola como sendo pertencent€s à Freguesia de Noesa nto... A terra dos Alongazes
SenhoradaVitória (depois, Capitania do Piauí) - é o caso da Sena da e Berlengas, correndo pala a
Ibiapaba, administrada de data imemoriável, pela Capitania do Ceará, e do os tapuias chamados também
rio Mearim, situado em território pertencente À Capitania do Ma¡anhão. a têm os braneos Povoadas com
Mesmo o rio Parnaíba, como faz divisa entre o Piauí e o Maranhão, fica s à beira de riachos que têm suas
dilícil saber se os tais índios que moram em riachos afluentes do dito rio, se sítios Ee têdr descoberto nesta terrl dos
estavam situados na sua margem di¡eita (Piauí) ou à sua esquerda
(Maranhão).
Maþado tais ressalvas, é evidente a importåncia da "Descrição" do presente
Pe. Carvalho, pela grande quantidade de tribos que ennmera, isto sem falar vlvem na o de povoarem esta,s telras
em suas info¿ma@es demográficas sobre os moradöres das fazendas de gado na volt¿. caPaz de criar gado e não
- informa@s que a meu ver fazem do referido missionário o primeiro censor do que na bei¡a dele habita.
estrí povoada por cauEa -
e demógrafo desta região. (41E ê exatamente a pa.rtil desta "Descrieão" que met€ram s e se retfuaram com medo e-os que
Ægús morad^ores
ficamos inlormados que apenas 23 anoe após a conquista do Piauí por l-tomingos
Afonso Sertão e !'rancisco Dias D'Avila, nas 129 fazendas de gado que se
;ã4"t" naslfazendas (destå andam sempre em contínua girerra e

espalhavam por estes sertões, havia um øtal de 438 moradores, sendo que
sua composição quanto à cor se apresentava da seguinte forma:

Composição da populaçeo do Piauísegundo a cor (1697)


Pa¡a o século XVIII dispomos sobretudo de três importantes
BRANCOS 155 35,3To trabalhos que fornecem subsídios para o estudo dos Índios que habitaram os
ÍNolos 59 t3,STo sertões piauienses. O primeiro é uma carta gægrálica dat¿da de 1761, de
PRETOS 210 48,0% autoriaão Capitão Eñgenheiro Henrique Antônio Galucio (7). De acordo
MULATOS 4 0,gTo com tal Carta, copiada posteriormente em 1809, com aþrrns acréscimos e
MESTIÇOS t0 2,3To corre@es, por Joú Ped¡o Céza¡ de Menezes, "de baixo das vistas -e por
Total 438 100,0%
ordem do Governador atual, o llmo. Sr. Carlos Cezar Bu¡lamaqui" (8),
podemos notår que os grupos indþenas se distribuiam basicamente nas
23 anos após a chegada e instalação dos primeiros
^ _ Quer -.dizer:
fazendei¡os brancos. 13.5% dos moradores das fazendas eto* itrdi*. seguinæs regiões:
nãs proximidades da fo4dorio Urussuí-Mirim junto ao Parnaíba:
Gentios GUEGUEZES e GILBOES.
Dascentes do rio Gwguéia, e do ¡io do Peixe, próximo â
- Das
oítacentista vila de V alene4: Gentios ACORO AZES.
etrtre o rio Gurguéía e rio Piauí: Gentios PIMENTEI¡AS.
- entÌe o rio do Geutio e o rio Guaribas: Gentios GEICOS.
-
lt4 115
LL7
116
O seculo XIX, embora ofereça-nos maior número de memórias e

118
ll9
Josão de S9"-9:' Cajueiro.
- 1769:
1770:
ãoþ"t""íba
-
e Urussuí.
descem os Gueguês e Acoroas em número
dg^q
Illllz
¡ ¡r: o""*'"
aldeiadoe' ".:":=:
c.itÉg
- plzes a( ðä;ãä;;pãl p-t *rem
Oeiras ofer-ecer .l^
ilo rio Mrrlnto
Mulato .o*
com
í:"få.i""ãïå:ê";;i" d;e Acoroás'
Amaranæia märgem
'34
Ààio. tt"tnaeões Gueguês r-narcha
1172¡ João do Rego Casælo-Branco
. - "t, ä;;;;h"-"
.-r:^^
'dåil'"ä'å
,¡^ ê^*^*-nhq
"¡,ir"ã"iå""""î
o ê n nflx:ura äe minas à frente de uma
Ê":f'^ 1-*:T¡:tH:
cont¡a;
conr¡a os ururuÚ"" "iiä;ää" "j 9'o9*."
trð -ittäãã"
e¡ngdi$o, I oge o lnolo Äcoruaqõ^'cdrrzi¡:ros
exoedicão.
S' Gonglo e procnra à missão
uv v'
lttï1-:iil^:å.r 'r¡Ð!cv
à
abandonam o seu Pouso e são di:"S:'í;¿ d;b*o (ooie')' São reduziag.* à obediência
" ^"..""r"áã.,
postes no centro da
de outras Povoa@s brasileiras, e 3"""ì; iSi"fir#äå :""ä:l'd;ï";;ä;ii";"ã;';;
îå"3f ';:ilf.ioäiå?,i"i
aldeia.
4rue¡s' e só vem a se
_ 17762 principia a gueFa cont¡a o gentio Pimenteira,
concl os índios Gueguês
São Josão de San
ridos Gonçalo, ficando
ertinta. e Tapacuá'
"*Ï-'- l?93: o Paranaguá é flagelado pelo gentio Tapacuá

Principe Regente- a sua -querxa'


física, como os ¡ã"ign'"*."õ, enchendo-o de hon¡as
ritual reage
as doenças "";;g""i";ção
dos europeus' como decresce a I
á"p"t""à e fraqueiaã compleição robusta e
Não resta dúvid
Piaui como tema é a
Prooíncia do Piauí, de
de 1855 (12). Na sua introdução cron
."c*"t:dl"?Tåi por Mandu-
Levantamento geral dos Índios, capitaneados
Ladino.
Morre o caudilho Mandu-Ladino' O mest¡e- deas nações
Campo
- 1716z
Berna¡do aïõ.*"nå""'lfri"t-fa"ific"
a coma¡ca' submeændo
sublevadas-
"*^".-_]263:GrandesmalocasdeíndiosAmanajóssepassamparao
Piaui, vindos do Maranhão à guerra de
1764: foaå'äi"ir"go Castelo Branco diâ come-p concluindo a
-
extermínio contra o. irraïrõìt""g"ã, d" -"tg"* do GurugUéia,
campanha em dezembro'
' p"a"t"i"' os Gueguês' e são aldeiados no lugar de São
- 1765:
120 1.2L
TIMBIRAS, GUEGUES e ACOROAS as posições centrais' abrangeado os aoð out¡oE com muita crueldade, sem perdoarem as vidas quando se
t€rmor de S. Gonçalo, Oeiras e Jaicós. Os GAMELAS, GINIPAPOS e
GUARANIS que habitavam as margens do Parnaíba, emigrarl{n^ para o
Ma¡anhão e soiidões do Pará, depois do levantamento geral de l?13, sendo
logo depois seguidos uras,- Aitatus, Algipiras'
UÉira¡aräs. Tapãcuás habitavam as solidões do
Parnaguá, e rda"gem e ærras limít¡ofes com o
Ma¡anlhaó e Goiás. O habit¿vam as cabeceiras do Piauí, e
ærras confinantes com a província de Pernambuco. A-s raças menos
Dumerosas emþaram com as primeiras conquistas ou entradas,.e-a-s que por
muito numeroús não o pudeiam
-fero fazer, ou-consenti¡am ser aldeiadas, ou
pelo
foram aniquiladas pelo conquistådores. Os Gueguês, Acoroás
dos conquistadores.
¡nteiras subsistLam
{Coroados). Aruazeõ, Jaicós e Pimenæi¡as srrt¡sistiram até há bem pouco
oouco
pol¿m j¿ corípletamet te degenerados com o c¡rzamento e outras
valorosamente como seus vizinhoe com arcoE e flechas". (27)
ú;.
geralment€ saþloas' que fazem perder a primitiva fei@o, o caráter, os
gãrahnenæ sabidas,
razdes'gäralmeñæ
razões
lr6l¡itne o.^"ftrncq" l21l

de 1237 prisioneiros, escapalam da espada do conquistador menos de 400


ind8enas (24).
Na falta de documentos primários que elucidassem a que família
cultural pertenciam os primeiros grupos indþenas do PiauÍ, Perei¡a
d'Alencast¡e lança mão das informa@es prestadas por Gabriel Soa¡es de
Sousa no seu Tratado Descrítiuo do Brasil (25). Como para pereira
d'Alencastre era questão resolvida que os Aboipiras e Ubirajaras povoavam
as terras do Piauí, (posto que os descobridores deles fazem menção em seus
requerimentos de sesmarias) baseia-se na descrição que deles faz o citado
Gabriel Soa¡es de Sousa para conjecturar a respeito dos costumes em geral
dos aborþenas do Piauí. Em síntese, eis seus principais traços culturais: são
os Aboipiras descendentes dos Tupinambás, vivendo em g'uerras contínuas
com seus vizinhos Tapuias. Têm as mesmas línguas e costumes dos Tupinambás
do litoral. "Apertados na necessidade, estes gentios cortam as áryores com
umas ferrament¿s de pedra, que para isto fazem, com o que ainda e com
muito trabalho roçam o mato para fazerem sùas roças... Os Amoipiras
trazem o cabelo da cabeça copado, e aparado ao longo das orelhas, e as
mu-lheres ¿,¡azem os cabelos compridos
gentiocomunsespinhos to¡tos, que lhe
muito peixe e à flecha, para o que são NOTAS
caça. Trazem os beiços furados e pedras neles, como os Tupinambás, e
pintam-se de ginipapo e enfeitam-se com ele. Usam na guerra tambores, que __-l). Ennee. E, As GueÌÌas nos Palmares. Brasiliana, Vol. l2?, S. Paulo, l9BS, p.
fazem de um só pau, que cavam por dentro com fogo, tånto até que lica 370-3õ).
deþado, os quais tocam muito bem. Na mesma guerra usam de trombeta,
que fazem com r¡ns búzios, grandes-furados ou de cana de perna das
alimarias, que matam, a qual lavram e engastam em um pau. Estes
Amoipiras têm por vizinhos do sertão detrás de si outro gentio a que chamam
Ubirajaras, c¡om que têm gueras ordinariamente, e se matâm e comem uns

122
L23
urr c@t. Flry

o Govet¡o dli
l8l0-
-å -.-,,owln ân M¡m åe G¡lucio

OS ÍNDIOS E A PECUÁRIA NAS FAZENDAS


DE GADO DO PIAUÍ COLONIAL

125
124
os iNpros E A pEcuÁRrA NAs FAZENDAS DE cADo Do
PIAUI COLONIAL (+)
I
O Piauí, diferentemente do que aconteceu com as demais Capitanias
do Nordeste, só foi conquistado nos fins do século XVII: noanode 1674,
Domingos Afonso Sertão, português nascido em Mafra, "descobre e powa o
Piauí, com grande risco de sua pessoa e considerável despesa, com o
adjutório de Sócios" r. De acordo com a Corografia Brasílica, de Aires de
Casal, o "lVlaûense"
S, Francisco e quere
índios do sertão, ass
poasessOes semelhantes, empreendeu a conquista de paræ dos s€rtões sih¡ados
ent¡e o rio Pa¡naßa e a selra da Ibiapaba z. A conquista desæE novos
ærritórios até então desprezados foi resultado do processo de expansão da
economia açucareira, ca¡ent€ de ngvos espaços para desenvolver a criação
de gado bovino e cavala¡ ¡. Possuindo grande parte de seu território ocupado
pa
po
da
po
o curral e açougue das á¡eas canavieiras ¿. Como muito bem relatava o
gião, "conside-
do gue gado e
m-sele gados e

l*l ullx.nkian a l¡olsa dt r.studr¡ qu(' nt(¡


¡rermitiu b¡lh.nos Arquiv.s lto¡tugu¡sos llg7l),
iìreus _ag Ford ¡relo iinanci¡meni¡r dr, minha
¡>articipa asileira de Antro¡nlogia, Recife. 1928. <¡nde
a¡rresr.nlt'i r.sta conrunicaçáo,

r27
da mesma cidade 8léguas Pa¡a a Pa

'att t?.

r29
128
uegu¿Il¡l(los Delos seftanelos com o D.oltlê flfìrmum fle liemelâ¡-

I
,

BIBLIOT€Cj- i

HISTORIA - FFLCH .i

J
r42 F.
.F
,R

fi
ã-JmO-, gon eté l8l0'
-"odo'a

no. 13, p.56ó3.


l7l ldem, ibidem, p.78.
ift l¿em. t976'p'X)t'
ïåi ää: AË; cãie.'f'n*sflÍca, S' Paulo' USP'
tqi
t9l l.lem- ibidem. p.29ó.
ldem. ibidem' P.2!lÓ.
;ói.-î;'Li;:
20i' i.Ë. a
Von SPix,-L9. Von Martius, C'F'P' Viagem pelo Brasil' Rio de Je¡eiro,
&.V,g'.]l'
l
'#:Ëfni,,:"årfro*f.:r,.:'::ä#".î,iå OS ÍNDIOS E A PECUARIA NAS FAZENDAS
DE GADO DO PIAUÍ COLONIAL

tado Descrítíuo ilo BrasìI, S' Paulo' Braeiliena' vol'


^-''îO.Þ.t
rl7.1971.
it"d'Alencaatre, op' cit', p' 28'

124
t25
OS iNpIOS E A PECUÁRIA NAS FAZENDAS DE GADo Do
PIALIICOLONIAL (t)
I

o cruÌal e açougue das iireas canaviei¡as ¿. Como muito bem relatava o


gião, "conside-
do gue gado e
m-se de gados e

ullx.nkian a bolsa rlc cstudr¡ ou(. nr('


¡rermi l¡¡lhr¡ nos Arquivos lt<¡rtugueses'll97l).
tìlcus I'ord ¡relo iinancianrenio de nrinha
l)arl¡c ira dc Anlro¡rologia, Recife. 1978. <¡ndc
al)rcsa

127
da mesma cidade I léguas Para I Pa
ento e nem ainda subsistem' porque os

ia" t?.

r29
128
designados pelos sertanejos com o nome
apenas um resto destå colônia, antþame
vþário, conståva apenas de umae I20 pe
origem sem mistrua, Certas doença.s, sobretudo ae bexþas, havi¡¡m dado
cabo de muitos. Out¡os desde muito tinham regre'ssado a seus velhog retiroe.
aqui em ahstraþ iaércia, a
ffï3,"JiJffff:m#;r,:
reforça¡am a nossa convicção de que se deve considerar rara exceção uma
feliz æntativa de coloniza¡ indígenas. Essa convicção é t¿nto mais ænrlvel ao
filantropo, pois essas
sacrifício de vidas h
uma uibo de índios,
úteis ao Estado, isso quase nunca se faz sem guerra prévia, cuja rude labor dos engenhos":u,
conseqüência é a submissão da tribo. Assim, a tribo ou oe membroe dela que
se renderem dianæ da superioridade do adversário, abandonam o seu por¡ro Os dados reproduzidos em páginas anteriores revelam que raríssimas
e são reunidos numa aldeia, em geral distånte dae out¡ae povoagões vezes os colonizadores conseguiram estabelecer w ¡nadus uiuendi pacífico
brasileiras, e ali ficam sob a inspecçãoie um diretor, nomeado pelõ governo, com os aborígenes: mesmo quando_reduzidos em aldeias missionadas, parte
por vezer com a cooperação do principal, escolhido no Eeu meio. Trabalham dos índios fugia para seus anùigos retiros, os rert¿nter, conforme
na lavou¡a e são instruídos na fé cristã por u¡n eclesiástico. Que frutos acruadamente observa¡am os naturalistås alemães já citados, vagavam pela
produzirá tilo violenta operaçþo, não é difícil prever. Exige-se do lndio aldeia em abstrata inércia finando no mais lúgubre abastsrdamento físico e
imediata renúncia a todos os reru, hríbitos, tendências e costumes nativoe, e moral. A violência foi a tônica do cont¿cto inærétnico. A violência é que foi o
ainda a submissão âs leis e a uma religião que eles desconhecem. A modus oioendi desta sociedade. Violência de ambas as partes: quando o
conseqüência fatal é que os mais rerclutoe combinam enre si eecapar, logo Governador do Maranhão, Maia da Gama, passou pelo Piauí, declarou
que lhes for possível, ao intolerável constrangimento e os rertanter perma- gstupefato que "tendo eu corrido todos os domínios do Reino, em Portugal,
ûecem coino, estranhos, .sem se aeeimilù no meio dos brasilehos e Ee vão India e Brasil, rie parece que não achei em parte aþurna aondé'os vassalos
finand " lB. experimentassem de outro vassalo mais violência" z¡. O Pe, Miguel de
aspectos do contacto Carvalho referia-se igualmente aos índios desta terra como "or mais bravos e
entre mot a tegurr mars guerreiros que se acharam no Brasil" ,¿¿. Como esperar uma convivência
especificamente como se deu a utilização da mão-de-obra indþena nas pacífica no confronto de grupos tão violentos e com interessee e estilos de
tazendas de gado du¡ante os séculos XVII e XVIII. vida tãc diferentes? Antagonismo que por vezes, em pleno século XVIII,
chegou a ameaçar a própria continuidade da colonização: nos ar¡os de 17ll-
II por uma destruidora horda de
índio doméstico escapado das
u um verdadeiro terror para os
fazendas. Muitos foram os brancos que tiveram de se retira¡ para outras
bandas mais povoadas a fim de fugirem da agressão mortífera doe íncolae zs.
Por volta de 1747 são os índios Gueguês os auto¡es de novae e perþosas
o palavras do Ouvidor Gera
além de terem morto mais de
uído muitas casas e fazendas,

rl'g' Mais recentemente, diversos têm s tås


'que endossaram tal pontoãe vista. Celso "o

130 l3r

.,ù r,...&t:rsiå!j,ÈSj, 1,...


seus escravos, com prejuízo totâl dos mesmos 2e.

ComposiçãodapopulaçeodoPiauísegundoacor-etniz]697-1772
1697 r772
( 35,3%l
(\ 5,9%l
155 3205 16,7%l
Brancos
Índios 59 ( 13,5%) l13I
2r0 I 48,0%l 6343 ( 33,0%)
Pretos
Mamelucos r354 I 7,0Yol
possíiel
-invasão
à invasão do seu ærritório... Os grupos que mais se opuseram à
Mulatos 4 | 0,9Tol 4050 I 2l,LYol
foram trucidados, sendo os sobreviventes apresados como escravos
Mestiços l0 I 2,3%l 3r08 ( 16,3%l
para os canaviais da costa ou para reforçar a população das missões 438 ll00,0%) 19191 {t00.0% I
Total
11
133
Em 1697 o Piauí não era nada æ pioneira de
vaqueiros: a unidade de ocupação do dg g_ado-ls. O
padrãotípico de povoamenio é extr % dos fogos'
iazendaJdo Piauí1ram habitados ap branco acom'
r¡¡n dos domiciliários, tal documento conetitui peça de primeira grandeza
æs aspectos sociais, econômicos e
a e sobre a qual tantos axiomas
do, vejamos como se compunha

ComposiçÃo da populaçÃo das tazendas do Piauísego. a côr (1762)

Brancos æ2 ( 36,7To
Indios l0t ( 4,2To
temos:
Pretos liwes 49 I 2,0To
Mamelucos 4 I 0,ITo
indios residentes nas fazenilas (16971 Mulatos Liwes t5 ( 0'6T0
Mestiços Livres 3l ( I,37o
Número de indios No. de fazendas Escravos 1324 ( 55,l%o
Tot¿l 2406 ll00,0To
t 20
2 4 Infeliz
J I com que o
4 5 grandemente
o I isentoe da escravidão, a população de escravos devia cert¿menlê compor-se
de pretos e mestiços de diferentes fenótipos. Assim, se concentrarmoì esta
Total 59 3l
amosta em åpenas três categorias, teremos:. 4,2Yo de índios, ?6,77o de
brancos e 5l,9To de mestiços portadores de variegados fenótipos.
O padrão mais repetido de composição domiciliar das fazendas com Do total de tOl Índios residentes nas fazendas, 52 eram do sexo
índios era viverem na mesma casa (casebre seria mais acertado) um branco ¡¡.¿s6rrline, 49 do feminino. Viviam dispersos em 59 fogos, esta¡¡do mais da
vaqueiro, um escravo negro e um índio ou uma índia. Embora o Pe. metade concent¡ados nas ribeiras do Parnaíba e do Itaim. Os índios estavam
Carvalho não esclareça se os indios e tapuias das fazendas eram escravos ou presentes, portanto, em l9,5To dos fogos da capitania. Das 59 fazendas
livres, apesar da existência do Alvará de 1680 que proibia reduzi¡ à poseuidoras de silvícolas, 40 abrþavam apenas I índio:; 9 lazendas, 2
escravidão os silvícolas, tudo faz crer quc de fato os únicos liwes nest¿ índios; 3 fazendas, 3 índios; 3 fazendas, 4 índios; 2fazenð.as 5 índios. As 2
sociedade deviam ser os brancos. E mesmo estes não gozavam tot¿lmente de fazendas possuidoras do maior nrí,rnero de íncol¿s abrþava seis indivíduos
suas liberdades, pois a mai,or parte dos vaqueiros eram rendei¡os que deviam cada uma: na fazenda da Gameleira, situada no Baixo Canindé, viviam ao
pagar I0 réis de foro por cada fazenda ou sítio anualmente aos proprietrírios todo 15 pessoas, entre vaqueiros, escravos e indios. Os 6 índios formavam
absenteistas, motivo aliás de constantes queixumes e atritos entre os traba- apenas r¡ma família: um casal com 4 filhos. Na lazenð.a Canabrava, na
lhadores e os donos das terras r;. A propriedade que abrigava o maior Ribeira do Piauí, viviam exclusivamente índios, sem outros domiciliários:
número de silvícolas era a fazenda Mocaiùi, pertencente ao Capitäo José um casal e mais 4 indígenas sem relação parental declarada. Não
Garcia Paz, cujo vaqueiro Manuel Leitão Arnozo se flazia acompanhar de observamos nenhuma regularidade na relação entre o número de habitantes
nrais 4 índios e 4 indias rr. Do total de 3l fazendas que possuiam ameríndios, não índios de uma propriedade com o número de índios ai existenæs: eles
em 19 viviam indios do sexo masculino, de modo que a rigor, apenas l4,7To aparecem indistintamente em fazendas com poucos ou com muitos
das propriedades do Piauí é que contavam a moradores. Nota-se, todavia, sua frequência relativamente maior nas
(potencialmente) empregada no pastoreio. Em o fazendas possuidoras de escravos: TlTo das fazendas com índios possuiam
amerindia (masculina) ocupada nas fazendas d o também escravos. Do total de 59 fogos que abrigavam índios, em 25 havia
XVII representava tão somente 9To da mão-de-obra economicamente ativa. um ou mais represent¿ntes do sexo masculino, em 17 só indias. Em 42 fogos
Popula@oirrisória se comparada conr os escravos negros: 50,77o da havia índios-homens (incluindo-se neste número os lares gue além de um ou
população masculina. rnais índios possuiam tåmbém mulheres índias), de maneira que apenas I3,9%

134 135
vej"-es a seguir como E€ distibuiiam os índioe nas fazendas d"_s"go..
p"tr t b.*"-õ-oo" ouma relação nominal de habitanæs, o citado.Rol
"iä.
ile Desobriga que cobre a tot¿lidade
Mocha, a s,?dé da capitania. Trata'
seguindo
sr, devia
tódo' os diå%ïf#åä:'å:i.:
e comunhão. Esæ Rol, o

fonte que o Governador Calda


L762 +lz infelizmenæ os róis de
deste da Capital, não foram a
Embora referindo-se aPenes à

região brejeiras. Nossa mo€tra também


amente porque registra 30% das

136 137
acompanhados de 4 tapuias: Domingas, Joana, Lcona¡da e Antônio
como mão-de-obra. Além disto, nossos dados estatísticos comprovam
Carvalho
- infelizmente
ou não a¡rarentados.
o documento nõo menciona se tais indivfduoe eram
Como o vigário, autor deet€ Rol, coetuma sempre
declarar o parentesco de seur fregueeee, provavelmenæesæg

vizinho do Maranhão, informa que aí "a mãode-obra tanto escrava quanto


liwe era mais do que havia por
oastoril trabalho sufic civilizados
João Correia. Na Fazenda dos Aþodoes, além de 6 escravoe, 3 etcravae, äomo haveriam eles de indígena?
residia o í¡dio José e uma mulher Joseja, de cor não decla¡ada. Na Fazenda precisava Portånto outra
Nazareth, finalmente, assistiam 6 escravos, o lndio Luiz, urn forro de nome alternativ
José Fernandes e um viandante chamado Antônio Alves. 4) Prado Jr. e de
a d m aqui não noe permiæ eaber
rna : quem dirigia a empreta, se ot
oE Se não os escravosr porque
apareceri¡m estes encabeçando a lista dos moradores destas fazendas?
Co¡tradizendo as opiniões de diversos historiadoree e economittat,
relativamenæ à presenç¿ indígena no Piauí Colonial e nas zonas eertanejae
em geral do Nordes
l) Aires de redução ou propriedades pastoris.
repulsa d¡s várias t€mpo nem Concluo esta comunicação faaendo minhas as palavras de Francisco
tantas fadþas e dispêndio de caHal e gente como em outras partee" *1. A Xavier Machado, autor da Memória relatfua ès tCapitaniasdoPiauíe
resistência tenaz dõs indioe, crietalizada em forma de fuga para out¡ar Maranhão (I810):
regiões distantes, em assaltos e incêndio de fazendas, em conetsntes "guerrao

se acha¡am no Brasil". Colonial.


"oe criadores estabeleceram
tem respaldo factual, pois a
Atæxo
e difuia de contacto entre
brancoc e índios. Os episódioa de genocldio das populaç6es aborþenes "Nomes dos Tapuias bravos que têm g'uera com oamoradoresda
permeiam todo o século XVIII e a inexistência em noseoe diae de seguer um
nova freguesia de N. Sa. da Vitória do Sertão do Piauí".
grupo indígena no Piauí fala por si só da violência e do quão deletério foi o
ðon-tacto clós brancoe com os diverEoo povos tribaie que ocupavam aquelae Pe. Miguel de Carvalho, ló97
brenhag aa.
Na cabeceira do rio ParnaÍba: Aroaquizee e Carapotangas;
- No riacho Savauí, afluente do Pamaíba: fuoquanguiras e Nongazee;
- No riacho UrussuÍ, afluente do Parnaíba: Precatis;
- Nas cabeceirae da Goruguca: Acuruás, Rodelei¡os e Beiçudos;
- Num riacho alluenæ do Goruguca: Bocoreimas;
-
139
r38 \
I

I
Antônio José dc Moraie DnrÁor]i7fi2'Arquivo Hiìtórico
[Ilua¡n¡ri¡o (Lxs')' Pisui' Caix¡
ri¿cho que enEa na Parnaíba: Cupequacas e Cupicheres;
- Num
No rio Me¡rim: Gutamês e Goüae;
- Naa cabeceiras do Rio Preto: Anicuás;
- No rio Pa¡naíba: Aranhês e Goarás;
- mais abaixo Aititeæus, mais
- ñ'--Ã"t,"flo""æ do Pa¡naíba: Corerás,
abaixo, Abetiras e Beiræs;
rio Moni, Macamasus;
- No
Na ba¡ra do Parnaíba: Tramambés;
-
Econômicas, Ci¡ Ed' f[¡si6nql' S' Paulo'

de criação de gado''.
-vol.2.t.tü2.
'Braeilii'" vol. lfi)'A

se não

fl#;
com a
ortografia do documento original.

NOTAS eito de
{f) Carvalho, Pad¡e Miguel, "Deccúçlo do Sertão do Pi¡uí remetida eo llmo e des p.
Rvm" hiei- , 5{)-
Fra¡cisco'de Lima, Èiepo de Penrambuco", in Ennes, Erneðto3 As Gue¡ras
ica, Ed. Univereidadc de S. Paulo Liv. eê do Pirul" ll772l,oP' cit', fl' l8'
ica do BrasíI, Editora Fr¡¡do de'lJultura,

-P¡ofeaeo¡ee de HistóFia, l9ó' p.34il'369.


pf M"ttio., Oiiveira, um heñí ecquecido (João da llIaìa Gama), Lieboa, 1944,
-
, cit,, P.370.

e com srande dnmaticidade a


iras no-ano àe1776: cf. Poema
, ano I, no 5, iulho'ago6to 1977. p. 52'53.

141
140
(45)
- I¡.refi^e
encarrqiadoe;;ätuî;"ifd""ïå*¡#îtrtr*ff
crtz que eDaDr oe ,'"*i.Æ*-l¡d..,",ffiTïr..:",fi
sÍrvÍcors. excele¡tes p"o";;-;;ã;8,tros na arte de laçar e de t¡abalhæ
:#eñÆËåTHJi:Ëi{ätrjiffi
preparaçõodeca-mee
.åädo-osoos..'¡ia;t"äiã,i,¡,,a"-.

l;*i+"*n-***#
F*frr"çim*mi'ç#fr;ffi-l,:itÈiffi $fgS-
ryæ;#H$trmYlîþi":tråïdîîffi
empregadoe
apàas n¡ fi
""ñ;il,õiö;Ë$diloiËtriff"sl;1ßîLå*"1
de 2I0 rangedore" ocupaâãe oa"
."¡ir¿¡L" ríËãiî¿"'j
¡ø¡-:-*Ëñ,fi Ëi.treizi;;;.îjîï"dLîït;iïîj:r,:oX}""quando
ËBäffi ffi$
sug- e¡e que r¡r frontei¡¡e
de expanóão pastorit-.L-vìol
a¿î"¡ïLî.ËJ'-ääi..,"oioi"¿iãìå-ã,;;ä',:_åTå:.:9.-.ffi
luta pele conquiera ¿*
.rerritoios
¡6r-lid¿{¿ dos Àruoos iraig"""" 'oìË,"o
iä:"#J,îffi
-dñ;'i"T':;".¡rrissima, Ievando
à extinção
ï:¡
da
q"ã ;ffiil. arenua'_te e ulvez o
como diferenreimeite d" ;ï"; p;;.ã";ãî_"ii#¡.fras, iaõ'ae que
o pÍaui só foi conquisrado
ä:tT#ff iyJ',*H,""gnimi'm*si.Ë'.o"ú-p;;;;1,;"-ä1.g"..,
Jrilio césar: Indíoa e c'iado'o' Monografias do
¡""1å1'tro-tillf' I. c. s., Rio de
j"" i
r*+-d*,#¿d+¿roelí*r-1rir I

fu *ug+l¡äç""ry;]+'ç**îurrig;'"i,ffi
e'cravos. supomoì que fossem rempne ¡ec¡urados
.oiï-.."i."#.t-t:i,".1i:9,1"9
F:fl å;*-riÊå¿r'xïä;,ffi;ii"'r"ffiiî#åË."Jåi'iåï"{":#r"i;
fazendas de criacão assim *ù;.-á;g;iîäî..".
responsáveis principais le"fi. p.op;edades na quaridade de
ås vezes ,ir,i"ã31 pãÃ'tî¡"rrlro.. A presença
vaqueiro' é conñrmada ier¡¡rmente n¡e fazeid* i. ."."r"rs
sp€nc." LeiÞnar. 'srere-cowboyr-ir-rlt ä;ËtiãJ ã".ãten^"ias do Rio Grande do Sur: cf.
Reoista d.e Hi',tör¡a- vor. r,I., or,ro,,rhern Brazir, re'¡ltso..,
""'ior, rõ?i,î.*lsîäì.
vaqueiros em out¡oÁ o¡"".lltiìo--iì"ïäå; ÞobF " ocorrência de escravos
v."'.'rir.l., Cul¡a) e mesmo na Luìsiana.
cf, nota 2 destemeemô
f

"tt¿o.

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