DADIVA
DADIVA
DADIVA
Isidro Daniel
Salomão Francisco Penieque
Vivaldo Horácio Marcelino Brinco
Globalização e Identidade
(Licenciatura em Antropologia)
Universidade Rovuma
Nampula
2024
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Globalização e Identidade
Universidade Rovuma
Nampula
2024
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Índice
Introdução...................................................................................................................................4
Contextualização.........................................................................................................................5
Conceitos básicos........................................................................................................................6
Globalização...............................................................................................................................6
Três possíveis consequências da globalização:...........................................................................8
Identidade....................................................................................................................................9
Conclusão..................................................................................................................................12
Referência Bibliográfica...........................................................................................................13
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Introdução
“Identidades” e “globalização” são dois temas recorrentes das análises sobre as sociedades
contemporâneas, nas quais é comum a referência à paradoxal relação entre ambos, vez que
sugere que cada um se orientaria por vetores contraditórios, apontando, o primeiro, ou seja, a
questão das “identidades” para localismos, trincheiras de sujeitos em agências coletivas e
individualizadas, no âmbito de resistências e subalternidades; e, a “globalização”, para
homogeneizações, dominações no campo da economia e da cultura, relacionadas à reprodução
atual do capitalismo internacional, em seus nexos de expansão hierárquicos.
A propriedade da relação entre esses dois temas é, também, matéria bem explorada,
recorrendo-se ora à base comum das reformatações desses, em/por ou contra perfulações da
modernidade (mal-estar conceituais) ora à dialética que se estabelece entre, e em ambos os
processo, o que não necessariamente resultaria em produtos de sentidos únicos, requerendo
análises situadas. Ou seja, identidade como marcas destes tempos (Souza Ribeiro, 2000), não
tem estatuto de conceito explicativo, apontando para tendências que comportam diversas
adjetivações, remetendo para distintos planos nos jogos da relação entre cultura e poder.
Estrutura do trabalho; primeiro capitulo diz respeito ao tema do trabalho, onde encontramos a
introdução, contextualização , segundo capitulo, faz abordagem do desenvolvimento, terceiro
capitulo encontramos a conclusão; o quarto capitulo encontramos a bibliografia.
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Contextualização
Assim, uma primeira fase da globalização, de 1870 até 1913, se caracterizou pela elevada
mobilidade dos capitais e da mão-de-obra, junto com um auge comercial, baseado mais numa
grande redução dos custos de transporte do que no livre comércio. Esta fase da globalização
se interrompeu com a Primeira Guerra Mundial, dando lugar a um período caracterizado,
primeiro, pelo fracasso em reconstruir as tendências prévias na década de 1920 e pela franca
retração do processo de globalização na década de 1930.
falar de uma segunda fase de globalização, entre 1945 e 1973, que se caracterizou pelo grande
esforço para desenvolver instituições de cooperação internacional em matéria financeira e
comercial, e pela grande expansão do comércio de manufaturas entre países desenvolvidos,
bem como pela existência de uma grande variedade de modelos de organização econômica no
mundo inteiro, e por uma baixa mobilidade de capitais e de mão-de-obra.
No último quarto do século XX, consolidou-se uma terceira fase de globalização, cujos
atributos centrais são a gradual generalização do livre comércio, a crescente presença das
empresas transnacionais no cenário mundial sob a modalidade de sistemas de produção
integrados, o crescimento e a elevada mobilidade dos capitais, e uma notável tendência à
homogeneização dos modelos de desenvolvimento, além da subsistência de restrições aos
movimentos da mão-de-obra. As raízes deste longo processo nutrem-se na sucessão de
revoluções.
modernidade, tais como: classe, raça, etnia, religião, nacionalidade, gênero e sexualidade. Tal
fragmentação leva a derrocada da concepção “rígida” do individuo social moderno como
sujeito integrado. Também aponta para a valorização do descentramento da identidade
cultural, colocando em evidência a postura de transitoriedade das identificações humanas no
contexto da globalização contemporânea pós-moderna.
Conceitos básicos
-globalização
Se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais,
integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço-
tempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mais interconectado” (HALL,
1998, p. 67).
Para HALL, a globalização acaba por causar um impacto sobre as identidades nacionais,
caracterizando-se pela ‘compressão espaço-tempo’, acelerando os processos globais “de
forma que se sente que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, que os eventos em um
determinado lugar têm um impacto sobre as pessoas e lugares situados a uma grande
distância.” (1998, p. 69).
Globalização
De facto, o termo globalização está envolvido em muitas discussões. É um conceito que por
defeito é, muitas vezes, associado a um processo económico, com o intuito de um mercado
global, sem restrições na questão de fronteiras terrestres e delineado pelas intenções dos
próprios países. Por outro lado, como realçado por Giddens (1990), a globalização pode ser
entendida como:
A globalização, como Giddens (1996) e Held e McGrew (1999) explicam, é um processo com
influências políticas, sociais e económicas com um grande impacto no funcionamento interno
dos Estados-Nação que estão predispostos a abrir as suas fronteiras.
(Beck, 2002, p.17). Desta forma, independentemente das transformações internas dos
Estados-Nação para se adaptarem às necessidades de um mundo global, a globalização, como
processo de influência à escala global, é caracterizada não como um movimento que distingue
o local e o global, mas sim como uma união dos dois espectros em que as limitações são
escassas.
(Robertson, 1992, p.8). A compressão de espaço-tempo é vista assim como uma das principais
definições da globalização. Consequentemente, os processos globais tornam as distâncias
mais curtas e possibilitam que os eventos distantes tenham impactos imediatos sobre as
pessoas e lugares situados em outras localidades. Robertson (1992) identifica dois
significados no conceito de globalização que se interligam. Deste modo, ele refere-se à
globalização como um processo subjetivo em qual os indivíduos têm consciência do mundo
como um lugar. E, em que a globalização afeta todo o mundo por influenciar e estar
profundamente interligada a níveis políticos, económicos e culturais com todos os países
(Robertson, 1992).
Firat (2016) concorda com Robertson (1992) e defende que quer a globalização seja negativa
ou positiva, o local e o global têm sido quase sempre retratados como opostos e em conflito
um com ao outro. Na realidade, o local e o global são interdependentes e não podem existir
um sem o outro. Sem a presença do global, não pode haver cognição do local. Sem o local,
não há possibilidade de um (re)conhecimento do global, porque é a multiplicidade de locais
que permite a presença do global. O reconhecimento do local sempre exigiu a presença de
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algo maior - pelo menos a presença de dois locais. Esta impossibilidade da presença de um
sem o outro é, em grande parte, esquecido no discurso contemporâneo sobre o local e o
global, no qual, o local e o global são, frequentemente, posicionadas como territórios ou
espaços concorrentes ou opostos. O local reconhece o seu "localismo" e desenvolve a
autoconsciência como um local através do seu reflexo no global. No mundo "globalizado"
contemporâneo, a identidade do local é refletida no global (Fırat, 2016).
Giddens (1990), Scholte (1993) e Castells (1996), citados por Held et al. (1999), afirmam que
a globalização é a força central por detrás das rápidas alterações sociais, políticas e
económicas que estão a reconfigurar a sociedade e a ordem mundial. Governos e sociedades
tem de se adaptar a um mundo onde cada vez mais é difícil distinguir entre o internacional e
nacional e, entre assuntos internos e externos. Em comparação com os hiperglobalistas e os
céticos, os transformacionistas não tomam posições sobre o futuro da globalização nem
assumem nada em relação a ideias preconcebidas de um “mundo global”, com um mercado
único e uma civilização global.
(Held et al., 1999). Não existem distinções claras entre o nacional e o internacional nos
processos económicos, sociais e políticos. Por exemplo, aspetos da cultura nacional como os
meios de comunicação social, cinema, religião, alimentação, moda e música estão de tal
forma dependentes de fontes internacionais que a cultura nacional já não está separada da
internacional. Esta é uma das razões porque a globalização contemporânea altera as
experiências de vida das pessoas. Os transformacionistas são aqueles que partilham as
preocupações dos céticos sobre provas e diferenciação, contudo não deixam de reconhecer os
avanços da globalização a níveis sem precedentes nos últimos anos. A interdependência
económica sofreu um crescimento significativo, sendo que as economias nacionais deixem de
estar apenas contidas num âmbito nacional e às suas fronteiras territoriais e passam a estar
envolvidas num âmbito global.
-identidades
Identidade
Segundo Patriota (2006), quando nos referimos a uma identidade cultural, identificamos um
sentimento de pertença a uma cultura nacional, aquela em que nascemos e vamos vivendo ao
longo da nossa vida. No entanto, ele menciona que uma identidade cultural não é um aspeto
genético ou natural, mas é, sim, um processo de construção (Patriota, 2006).
De acordo com Tomlinson (2001), a identidade cultural é vista como uma conexão entre as
pessoas e as suas comunidades, resultando na respetiva identidade cultural.
E, Kaul (2012) resume a identidade cultural como uma herança, em que a identidade deriva de
uma transmissão em grupo formal ou informal de crenças, valores, atitudes, conhecimentos,
tradições e estilos de vida. Desta forma, é um processo em que a identidade vai sendo
transferida de geração para geração.
A identidade cultural é um conceito maleável, como identificamos pelas definições dos vários
autores, mas na sua definição mais simples podemos dizer que o conceito engloba os
elementos que permitem as pessoas se reconhecerem dentro de um grupo, quer seja através
das tradições, língua, crenças, história ou outra semelhança. Todos estes aspetos, entre outros,
formam uma identidade partilhada por um grupo de pessoas. É a identificação de uma cultura
e tende a seguir um padrão dentro de uma sociedade.
Nesta conceção, a identidade é formada pela relação entre o “eu” e a sociedade. O sujeito
mantém na mesma o seu núcleo, mas está em constante transformação e modificação
conforme o diálogo com outras culturas e identidades. O facto de nos projetarmos nestas
identidades culturais e, ao mesmo tempo, interiorizamos os seus significados e valores,
levando um pouco connosco, ajuda a definir o lugar que nós tomamos no mundo social e
cultural.
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Do sujeito iluminado, que tinha uma identidade única e estável, estável, passamos para um
sujeito cuja identidade se torna fragmentada, composta por várias influências culturais. Hall
(1996).
A identidade cultural alude a um processo de correlação com os outros e tem mais significado
porque se refere a algo mais do que apenas o “eu”. Castells menciona um processo de
construção social, onde tudo é construído com os materiais da experiência pessoal, tendo esta
uma densidade, uma espessura histórica, cultural, linguística e territorial.
Na sua teoria, Castells (2006) identifica três tipos de identidade: a primeira, tem o nome de
“identidade legitimadora” o qual a construção parte das instituições do Estado, com o objetivo
de criar uma forte identidade nacional (Castells, 2006, p.62).
O terceiro tipo de identidade que Castells (2006) observou foi a chamada “identidade de
projeto” (project identity). Esta identidade é estruturada com base na autoidentificação,
construída com materiais culturais, históricos e territoriais. Pode também desenvolver-se sob
iniciativas coletivas, por exemplo, movimentos feministas, ecológicos e por direitos entre
outros (Castells, 2006,
Stuart Hall avança no debate, quando aponta para dimensão imaginada da nação na terceira
parte do livro: As culturas nacionais como comunidades imaginadas, levantando algumas
problemáticas centrais como: O que está acontecendo à identidade cultural na modernidade
tardia? Como as identidades culturais nacionais estão sendo afetadas ou deslocadas pelo
processo de globalização?
Stuart Hall defende que as nações seriam comunidades imaginadas, que são perpetuadas e
representadas pela memória do passado, pelo desejo de viver em conjunto e pela perpetuação
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Hall defende que as culturas nacionais, mascaram as diferenças. “O breve exame solapa a
ideia da nação como uma identidade cultural unificada [...] As identidades nacionais não
subordinam todas as outras formas de diferença e não estão livres do jogo de poder, de
divisões e contradições internas, de lealdades e de diferenças sobrepostas”6 . Neste sentido as
nações modernas são verdadeiros "híbridos culturais". Na quarta parte do texto: Globalização,
Stuart Hall afirma que a globalização enquanto um complexo de processos e forças de
mudança está deslocando as identidades culturais nacionais. Stuart Hall destaca nesta parte
três movimentos importantes desse processo de globalização que incidem sobre as identidades
culturais:
Na quinta parte do livro: O global, o local e o retorno da etnia, há um debate sobre o novo
interesse pela dimensão local e a articulação entre o global e o local, formando uma
verdadeira dialética das identidades: entre as novas identidades globais e as novas identidades
locais. Hall defende que a globalização tem um efeito contestatório e movediço das
identidades autocentradas e fechadas das culturas nacionais. Essa lógica pluralizante altera as
identidades fixas, tornando-as menos rígidas, mais plurais e políticas. Para o autor a
homogeneização das identidades culturais originariam três problemas oriundos dessa
dialética, 1)A globalização caminha em paralelo com um reforçamento das identidades locais,
embora isso ainda esteja dentro da lógica da compreensão espaço-tempo. 2) A globalização é
um processo desigual e tem sua própria “geometria do poder”. 3) A globalização retém alguns
aspetos da dominação global ocidental, mas as identidades culturais estão, em toda a parte,
sendo relativizadas pelo impacto da compreensão espaço-tempo.
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Conclusão
Por concluir o presente trabalho de etnicidade, que tem como tema a globalização e
identidades, o trabalho trás abordagens consonantes a respeito desses dois termos e distinção
dos ambos em alguns casos, trás evidencias concretas e clarificadoras sobre a globalização e
identidades, em que a globalização não é só um termo que esta situado no âmbito económico
em que se preocupa com as questões económicas, mas também a globalização esta
diretamente interligado nas questões sociais e culturais que se encontram dentro de um grupo,
sociedade, nação ou religiões identitários, ou seja na pratica a identidade tem a ver com
aquela imagem que eu construo do eu e do eles e como eu me assemelho e diferencio com
outros e grupos, ou seja identidade e a forma que nos assemelha dos outros e nos diferenciam
dos outros, ou de um grupo. A partir de dos elementos da própria identidade tais como, etnia,
língua, raça, nacionalidade, sexo, crença. Isto e sem a identidade não existiria a globalização,
porque através dos elementos da identidade e que ocorre a globalização isto e mudanças e
deslocamento ou mesmo fragmentação.
Referência Bibliográfica
Ortiz, R.(1994). Cultura brasileira & identidade nacional. ( 5. Ed). São Paulo: Editora
Brasiliense.
______. Mundialização e cultura. São Paulo: Editora Brasiliense, 1998. PASSOS, Carlos
Artur Krüger. Indústria brasileira e globalização: alguns dos desafios a enfrentar. Curitiba,
ago. 1996. Mimeografado.