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Yoga

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BRINCANDO

COM

POSSIBILIDADES DIDÁTICO-PEDAGOGICAS PARA


EXPERIÊNCIAS CORPORAIS E FORMAÇÃO
DE VALORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Cristiane Andreazza de Oliveira

Fernanda Rossi

Ilustradora

Katherine Perches
BRINCANDO
COM

POSSIBILIDADES DIDÁTICO-PEDAGOGICAS PARA


EXPERIÊNCIAS CORPORAIS E FORMAÇÃO
DE VALORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Cristiane Andreazza de Oliveira

Fernanda Rossi

Ilustradora

Katherine Perches
Oliveira, Cristiane Andreazza de.
Brincando com Yoga: possibilidades didático-
pedagógicas para experiências corporais e formação de
valores na Educação Infantil [recurso eletrônico] /
Cristiane Andreazza de Oliveira, Fernanda Rossi;
Ilustrações: Katherine Perches – 1. ed. – Bauru :
UNESP/FC, 2022
109 p. : il.

ISBN 978-65-86498-19-6

Inclui bibliografia

1. Educação Infantil. 2. Corporeidade. 3. Valores.


4. Yoga. I. Oliveira, Cristiane Andreazza de. II.
Rossi, Fernanda. III. Título.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 005

YOGA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CORPOREIDADE E


FORMAÇÃO DE VALORES NA INFÂNCIA 010

POSSIBILIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA


O ENSINO DE YOGA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 021

BRINCANDO DE YOGA COM VOCÊ! 043

Eu me desafio, me conheço e me expresso com você 046


Eu encontro equilíbrio em meus pensamentos e ações com você! 057
Eu me aprimoro com você! 072
Eu aprendo a me respeitar e respeitar aos outros, a natureza e o
mundo com você! 086
REFLEXÕES... SEMPRE PROVISÓRIAS, PORQUE A
CORPOREIDADE E OS VALORES NA EDUCAÇÃO
INFANTIL SÃO SEMPRE UM PROCESSO EM
CONSTRUÇÃO! 098

REFERÊNCIAS 104

SOBRE AS AUTORAS 109


APRESENTAÇÃO
O Yoga é uma filosofia milenar, originária da Índia, há mais de cinco
mil anos. É considerado como uma filosofia teórico-prática que visa a
integralidade do ser. Sua prática é cada vez mais observada em todo o
mundo. Segundo Martins e Cunha (2011, p. 1) o Yoga para crianças é
“uma forma de educação integral, que utiliza a experiência corpóreo-
sensorial como suporte para aprendizagem sobre si mesma”.

Costa et al. (2015) ressaltam que o Yoga, dentre as diferentes


manifestações da Cultura Corporal de movimento, apresenta potencial
para ser adaptado à infância e ao contexto escolar, pois por meio de
posturas físicas (ásanas), respiratórias (pranayamas) e técnicas de
atenção e concentração, sua prática estimula o autoconhecimento, o
autocuidado e pode conscientizar as crianças sobre suas emoções e
orientar a formação de valores (yamas e nyamas).

006
Este livro resulta da pesquisa de mestrado intitulada Yoga na
Educação Infantil: corporeidade e formação de valores na infância,
desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Docência para a
Educação Básica - Mestrado Profissional, na UNESP - Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências,
campus Bauru. No estudo, desenvolvemos e analisamos um processo de
ensino e aprendizagem de Yoga para uma turma da Educação Infantil,
com crianças da faixa etária entre quatro e cinco anos, em uma escola
pública do interior paulista.

Adotamos a perspectiva da corporeidade e a formação de valores


na Educação Infantil em interlocução com as vivências da filosofia e da
prática do Yoga, reconhecendo que a inserção desta manifestação
corporal na Educação Infantil pode oferecer experiências corporais
significativas às crianças, bem como a apropriação do patrimônio
cultural de diferentes povos, a garantia de uma formação humana
integral e a construção de uma sociedade mais justa, democrática e
inclusiva.

Nesta perspectiva, o livro apresenta elementos didático-


pedagógicos para o ensino de Yoga na Educação Infantil, visando a
promoção da corporeidade e a formação de valores na infância. Trata-se
de um material que busca promover possibilidades de apropriar-se de
conhecimentos referentes aos temas da Educação Infantil,
Corporeidade, Cultura Corporal, Yoga e Formação de valores. Para isso,
organizamos, no primeiro capítulo, reflexões relacionadas à
fundamentação teórica, com o título: Yoga na educação infantil:
corporeidade e formação de valores na infância.

007
Na sequência, apresentamos as Possibilidades didático-
pedagógicas para o ensino de Yoga na Educação Infantil, capítulo no
qual problematizamos a organização, teórica e metodológica, com uma
proposta de ensino de Yoga na Educação Infantil, estruturada com
objetivo geral e objetivos específicos, conteúdos, percursos
metodológicos, recursos materiais e avaliação.
Em Brincando de Yoga com você destacamos as aprendizagens
das crianças diante da proposta desenvolvida, convergindo para o
desenvolvimento da corporeidade, para a ampliação do repertório do
mundo vivido de cada indivíduo, bem como para a formação de valores
na infância – organizados da seguinte maneira:

BRINCANDO DE YOGA COM VOCÊ!

Eu me desafio, me conheço e me expresso com você!


Eu encontro equilíbrio em meus pensamentos e ações com você!
Eu me aprimoro com você!
Eu aprendo a me respeitar e respeitar aos outros, a natureza e o
mundo com você!

A experiência da corporeidade e a formação de valores, aqui


impulsionadas pela vivência do Yoga na Educação Infantil, são sempre
um processo em construção, assim, na sequência, apresentamos um
momento de Reflexões, com alguns questionamentos para contribuir
com as avaliações do percurso de aprendizagem das crianças e a
reorganização do processo de ensino e aprendizagem.

008
Esperamos que as proposições e reflexões que seguem
contribuam para o repensar sensível e crítico da corporeidade nas
escolas de Educação Infantil e para a construção de um processo
educativo que inclua os conhecimentos filosófico-práticos do Yoga,
promovendo novas experiências corporais e a formação de valores na
infância.

PARA SABER MAIS:

YOGA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: corporeidade


e formação de valores na infância

OLIVEIRA, C. A. de YOGA NA EDUCAÇÃO


INFANTIL: corporeidade e formação de valores na
infância. Orientadora: Prof.ª Dra. Fernanda Rossi.
2022. 108 f. Dissertação (Mestrado em Docência
para Educação Básica) – Faculdade de
Ciências, Universidade Estadual Paulista,
Bauru, São Paulo, 2022.

009
CAPÍTULO 01
YOGA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
CORPOREIDADE E FORMAÇÃO
DE VALORES NA INFÂNCIA
01

A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, a qual


tem como propósito promover o desenvolvimento integral das crianças
até os cinco anos de idade, conforme estabelece a Lei nº 9.394/1996 –
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN (BRASIL, 1996).

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil,


orientam o desenvolvimento das ações pedagógicas pautadas pelos
eixos das interações e brincadeiras, expressando que devem ser
garantidas às crianças experiências que “promovam o conhecimento de
si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais,
expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla,
expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da
criança” (BRASIL, 2010, p. 25), a fim de aprimorar o desenvolvimento e
do domínio de diferentes linguagens.

A Educação Infantil “constitui-se espaço e tempo propícios para a


apropriação e transformação de experiências, promovendo o
desenvolvimento das crianças em todos os aspectos humanos (afetivo,
motor, cognitivo, social, estético, criativo, expressivo etc.)” (BAURU,
2016, p. 399).

De acordo com a proposta pedagógica do Sistema Municipal de


Ensino de Bauru, a área de conhecimento responsável por orientar as
questões acerca da linguagem do movimento humano é denominada de
Cultura Corporal. No entanto, esta área não se limita apenas ao
movimento corporal humano, ou seja, quanto à ação dos sujeitos ao
executar uma atividade, mas compreende as diferentes formas do
movimentar-se, produzidos historicamente e apropriados nas relações

012
01

dos seres humanos com o mundo, com os outros e consigo mesmo, em


seu processo de humanização (BAURU, 2016).

Segundo Rossi (2013), o movimento corporal, especialmente nos


primeiros anos de vida, constitui-se uma das principais formas de
expressão, sendo a forma pela qual a criança conhece o mundo e
explora o ambiente, além de integrar diferentes formas de linguagens
expressivas e comunicativas.

Deste modo, em um contexto intenso, repleto de novas


experiências, possibilidades e aprendizagens, a criança explora e
interage com novos espaços e recursos, descobre a si mesma,
estabelece relações com o outro e com o novo grupo social.

Nóbrega (2005) ressalta a importância de se pensar o lugar do


corpo na educação, especialmente no contexto escolar. Sugere que
precisamos nos perceber como seres corporais, já que “as produções
humanas são possíveis por sermos corpo” (NÓBREGA, 2005, p. 610).
Portanto, o corpo não é meramente um instrumento das práticas
educativas, mas uma condição permanente de experiência humana,
construída por meio da percepção, vivências e experiências do dia a dia.

Assim, concebemos o corpo e seu movimento na Educação infantil


assumindo como fio condutor a corporeidade. Isto significa, de acordo
com Merleau-Ponty (1999), que, antes de qualquer coisa, a existência
humana é corporal. Esta existência da corporeidade, por sua vez, está
imersa em contextos sociais e culturais, nas quais as relações sociais são
elaboradas e vivenciadas. O filósofo francês, reconhece, também, que

013
1 01
0

o corpo produz conhecimento e se


relaciona com quem está a sua volta
por meio de experiências sensíveis.
Isto permite buscar a superação Maurice Merleau-Ponty,
da dicotomia entre corpo e razão escritor e filósofo, líder do
no contexto educativo, pois a pensamento fenomenológico
percepção emerge da motricidade, na França, nasceu em 14 de
da experiência vivida e do corpo em março de 1908, em Rochefort e
faleceu em 14 de maio de 1961,
movimento (NÓBREGA, 2005).
em Paris. Com as contribuições
de Merleau-Ponty, o corpo
Nóbrega (2010) explica que a deixa de ser visto como coisa,
percepção é uma experiência fardo, prisão da alma e como
corporal, compreendida por meio algo a ser possuído, e torna-se
dos movimentos e das sensações do o próprio ser, capaz de sentir e
próprio corpo, que não se reduzem viver no mundo (CAVALARI,
a uma representação mental, mas a 1996). Merleau-Ponty (1999, p.
1), em sua obra Fenomenologia
uma experiência da corporeidade
da Percepção, definiu a
na existência, de forma que a
fenomenologia como o estudo
intencionalidade dos movimentos das essências, que “é também
se associa às diferentes sensações uma filosofia que repõe as
vividas, criando, assim, novas essências na existência, e
possibilidades de expressões e não pensa que se possa
interpretações. compreender o homem e o
mundo de outra maneira senão
Ehrenberg (2014) reconhece a partir de sua facticidade”.
a importância das experiências
educativas na primeira infância e
entende que, ainda que as crianças

014
01

sintam e pensem o mundo de maneira peculiar com a intenção de


compreendê-lo, elas interagem e utilizam as mais diversas linguagens
para criar e recriar os significados que irão compor suas existências.
Assim, a Cultura Corporal que elas expressam são intencionais e trazem
significados, sentidos e representações.

Diante disso, atividades pedagógicas desenvolvidas na escola,


como enfatizam Macedo e Neira (2017), não devem apenas ampliar as
possibilidades de conhecimento e expressão do próprio repertório
corporal da criança, mas também viabilizar o acesso a outras culturas e
seus códigos de comunicação, presentes nas diferentes práticas
corporais, contribuindo, assim, com a compreensão da própria realidade
e abrindo caminhos para uma participação mais intensa no mundo.

O Yoga é uma manifestação corporal, que surgiu a


mais de cinco mil anos na Índia, é considerada como
uma filosofia teórico-prática que visa a integralidade
do ser. O termo Yoga é de origem sânscrita e significa
atar, unir, ligar, juntar, designando, também, a função
da sabedoria do Yoga em suas várias linhagens
(FEUERSTEIN, 2006).

015
1 01
0

Considerando tais premissas, enfatizamos a importância da


filosofia e da prática do Yoga na infância. Faria et al. (2014) ressaltam
que, embora o Yoga tenha surgido há milênios, ele é considerado como
uma nova manifestação corporal para as crianças no contexto escolar,
podendo colaborar com a formação integral na infância. Rossi (2020, p.
117) apresenta “o yoga às crianças da educação infantil como uma
manifestação corporal integrante da diversidade de saberes e fazeres,
de modos de sentir, ser e agir”, sua prática se relaciona com a
construção de uma experiência sensível e respeitosa a cada criança
(ROSSI, 2020).

PARA SABER MAIS:

Artigo: “Corporeidade e yoga na


educação infantil: experiências e
descobertas”.

Disponível em:
https://www.motricidades.org/jou
rnal/index.php/journal/article/vi
ew/2594-6463-2020-v4-n2-
p113-126

016
01

Segundo Feuerstein (2006), ao longo dos séculos, o Yoga se


ramificou em diferentes linhas ou tradições, assumindo, então, práticas
diversificadas em cada cultura. Dentre essas diferentes linhas, o Hatha
Yoga se destaca com seus conhecimentos que giram em torno do
desenvolvimento do potencial da integralidade do ser no mundo.

Em sua prática e filosofia, o Hatha Yoga busca oferecer


experiências mais intensas, que dissolvam a rigidez em que vivemos,
para atingir o vigor do corpo em seu estado mais profundo de
consciência. Iyengar (2016) explica que nas práticas de Hatha Yoga são
utilizadas, com maior frequência, os ásanas (posturas) e pranayamas
(respiração), além dos valores e atitudes associados à experiência
corpórea, e não apenas as práticas de meditação, como geralmente é
associado.

Feuerstein (2006) ressalta que o Yoga Sutra de Patañjali


é considerado um texto fundamental para o sistema filosófico
do Yoga. Compilado e sistematizado por Patañjali, um famoso
gramático que viveu provavelmente no século II d.C., este
texto descreve a filosofia e a prática do Yoga em oito passos:
yamas (normas da disciplina moral), nyamas (autocontrole),
ásana (postura), pranayamas (controle da respiração),
p r a t y a h a r a ( re co l h i m e n to d o s s e n t i d o s) , d h a ra n a
(concentração), dhyana (meditação) e samadhi (êxtase)
(FEUERSTEIN, 2006).

017
1 01
0

O desenvolvimento do Yoga como prática pedagógica na escola


procura propiciar toda a riqueza desta filosofia-prática, valorizando e
potencializando as experiências da corporeidade e dos valores na
infância. Martins e Cunha (2011) enfatizam que quando possibilitadas
experiências corpóreo-sensoriais, por meio dos ásanas (posturas), de
maneira integrada com o intelecto e os sentimentos, o Yoga se mostra
como uma forma de educação integral.

Os passos do Yoga na Educação Infantil podem convergir para o


desenvolvimento da corporeidade e ampliar o repertório do mundo
vivido peculiar de cada indivíduo, trazendo a riqueza de possibilidades
da Cultura Corporal, historicamente construída pela humanidade.

De acordo com Nóbrega (2004), Merleau-Ponty ressalta a


necessidade de resgatar o pensamento sensível para superar
o pensamento racional limitador, sendo que este último traz a
visão de um corpo estático, visto apenas como matéria e
objeto. O filósofo francês sugere que seja assumida a visão de
um corpo que se expressa e se manifesta a partir de uma visão
única experienciada no mundo vivido. Assim, o mundo-vivido
para Merleau-Ponty, “é a fonte para o conhecimento, é a partir
das experiências vividas que atribuímos sentido aos
acontecimentos. É pela ação que nos expressamos e a ação é
corporal” (NÓBREGA, 2004, p. 76).

018
01

A criança é o seu próprio corpo. O corpo é sua possibilidade de


existência, de se expressar e interagir com o mundo, sendo que a criança
se observa e constrói sua própria identidade por meio dessas interações
(BAURU, 2016).

É por isso que transformar


a experiência educativa em
puro treinamento técnico é
amesquinhar o que há de
fundamentalmente humano no
exercício educativo: o seu
caráter formador. Se respeita a
natureza do ser humano, o
ensino dos conteúdos não
pode dar-se alheio à formação
moral do educando. Educar é
s u b st a n t i va m e n te fo r m a r
(FREIRE, 2020, p. 34).

A autonomia do sujeito, segundo Freire (2020), se constitui nas


experiências e decisões que vão sendo tomadas ao longo da vida, em
um processo de vir a ser, amparado nas “experiências estimuladoras da
decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas
da liberdade” (FREIRE, 2020, p. 67).

019
1 01
0
Orientado por princípios éticos e morais e desenvolvidos de
maneira lúdica, o Yoga se destaca como uma possibilidade de
experiência corporal potente que pode ser oferecida na Educação
Infantil, favorecendo, assim, o desenvolvimento da sua corporeidade e a
formação de valores na infância. No próximo capítulo, apresentaremos
as possibilidades didático-pedagógicas para o ensino de Yoga na
Educação Infantil.

PARA SABER MAIS:

“Corporeidade e ioga na escola”


Ciência sem Limites – TV UNESP

Disponível em:
https://www.youtube.com/watch
?v=r3ZAENxB0xE

020
CAPÍTULO 02
POSSIBILIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS
PARA O ENSINO DE YOGA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
02

A Educação Infantil é a primeira etapa da escolarização e seu


“objetivo é garantir à criança acesso a processos de apropriação,
renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de
diferentes linguagens”. Em seu currículo, devem ser propostas práticas
que articulem as experiências das crianças com os conhecimentos que
fazem “parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e
tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de
crianças de 0 a 5 anos de idade” (BRASIL, 2010, p. 12-19).

Ainda que o Yoga não faça parte da maioria dos currículos oficiais
da Educação Infantil, sua inserção na escola revela um grande potencial
na oferta de experiências corporais significativas às crianças, bem como
a apropriação do patrimônio cultural de diferentes povos, a garantia de
uma formação humana integral e a construção de uma sociedade mais
justa, democrática e inclusiva.

Simões, Rossi e Mizuno (2019), ao analisarem a oferta e os


benefícios proporcionados pela aprendizagem de Yoga às crianças,
observaram que a prática do Yoga tem seus benefícios potencializados
quando inserida desde a infância, no contexto escolar. Pode-se
estabelecer interlocuções entre as ações pedagógicas e momentos da
rotina escolar, como explicam os pesquisadores:

023
02

No contexto escolar, o desenvolvimento dos ásanas


(posturas físicas), yamas e nyamas (valores), pranayamas
(respiração) e técnicas de relaxamento e estabilização dos
sentidos e sensações da mente (pratyahara) e de
concentração (dharana) podem estabelecer interlocução
com diferentes ações pedagógicas e momentos da rotina
escolar, sendo que o processo de reconhecimento do corpo
no yoga ocorre de forma integral, abordando o corpo humano
por inteiro, defendendo a harmonia e o equilíbrio de seu
funcionamento e do modo de ser no mundo (SIMÕES; ROSSI;
MIZUNO, 2019, p. 598).

Bracht (2004) explica que não basta apenas submeter as crianças


e os jovens a alguma atividade de movimento na escola, mas sim
oferecer-lhes o acesso a um amplo acervo cultural, de uma dimensão
específica da cultura, das manifestações expressas pela motricidade
humana. Essas manifestações precisam ter como resultado os
conhecimentos socialmente produzidos e historicamente acumulados
pela humanidade e que necessitam ser organizados e transmitidos para
as crianças e jovens na escola, nas quais os corpos e suas práticas
expressam a sociedade em que estão inseridos.

024
02

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação


Infantil (BRASIL, 1998), a Cultura Corporal é constituída pelas diferentes
maneiras de andar, correr e saltar. Também é resultado das interações
sociais e das relações do ser humano com o meio, construídas diante das
necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas,
historicamente constituídas pelas diferentes culturas e incorporadas
aos comportamentos da humanidade. O documento ainda afirma que
as crianças se apropriam e ampliam o repertório da Cultura Corporal no
contato com o meio no qual estão inseridas, por meio do brincar, jogar,
imitar e criar ritmos e movimentos. Assim, cabe às instituições de
Educação Infantil proporcionar um ambiente rico e desafiador que
possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si própria, dos
outros e do meio em que vivem (BRASIL, 1998).

Os estudos de Faria et al. (2013) apontam que os conteúdos


próprios das aulas de Yoga na escola podem ser desenvolvidos tendo
como base os princípios orientadores do Yoga, tais como: conceitos
morais e éticos, posturas físicas, práticas respiratórias, técnicas de
atenção, concentração e meditação.

Atendendo às especificidades da escola pública de Educação


Infantil e pensando em possibilitar que as crianças desfrutem de toda a
riqueza desta forma de manifestação corporal, podem ser
oportunizadas diversas experiências corporais, bem como vivências,
fortalecendo as relações de uns para com os outros, com a natureza,
com o mundo e consigo mesmo.

025
02

Dentre os oito passos descritos por Patañjali, por entendermos que


o oitavo passo chamado Samadhi, que é a iluminação propriamente dita,
ser resultado dos demais e pertencer, sobretudo, ao mundo adulto,
propomos incluir sete dos estágios na prática pedagógica na escola:

Passos do Yoga na Educação Infantil

YAMAS

DHYANA NYAMAS

DHARANA ÀSANAS

PRATHYAHARA PRANAYAMAS

026
02

Os yamas e nyamas são os princípios éticos e morais do Yoga e


primeiros passos do Yoga Sutra de Patañjali (TAIMNI, 1996; MEHTA,
1995). São componentes presentes no ambiente de aula do Yoga e que
podem ser incorporados pelos praticantes, o que, possivelmente, faz
desencadear um processo de revisão de valores e reflexão,
possibilitando, então, o autoconhecimento. São considerados como
diretrizes para o modo de viver do Yoga, com a construção de atitudes,
pensamentos e ações.

YAMAS
Os Yamas são as proscrições. Significam controle ou
domínio. São as normas de conduta a ser seguidas,
como as práticas da não violência (ahimsa), da
verdade (satya), do não roubar (asteya), do
desapego (aparigraha) (BORELLA et al., 2007).

NYAMAS

Os Nyamas são as prescrições psicofísicas. São os


atos da autopurificação pela disciplina, por meio de
atitudes relacionadas a si, para o aprimoramento
pessoal: a purificação (saucha), o contentamento
(santosha), a austeridade ou esforço sobre si próprio
(tapas), o autoestudo (svadyaya) (BORELLA et al.,
2007).

027
02

ÁSANAS
Os ásanas são as posturas físicas do Yoga, devem ser
estáveis e confortáveis e objetivam eliminar toda
flutuação da mente (FEUERSTEIN, 2006). Embora as
posturas possam incomodar, no começo, com tempo
e treino esse esforço desaparece, tornando a postura
perfeita e facilitando os momentos de concentração
(ELIADE, 1996).

Os ásanas trazem consigo representações de vários elementos da


natureza, animais e objetos, configurando a linguagem corporal do
Yoga. Ainda que possuam uma nomenclatura própria, com origem no
sânscrito, na escola, para atribuir um significado à aprendizagem das
crianças, os nomeamos como são popularmente conhecidos e, ainda,
adaptamos alguns conforme as comparações e sugestões das crianças.
Os quadros abaixo apresentam as posturas frequentemente
vivenciadas pelas crianças:

POSTURA DA POSTURA DA POSTURA DO


MONTANHA GIRAFA OBSERVADOR

028
02

POSTURA DO POSTURA DA
ARADO SEMENTE

POSTURA DO POSTURA DO
TRIÂNGULO LEÃO

029
02

POSTURA DA POSTURA DA POSTURA DA


BORBOLETA AVESTRUZ ÁRVORE

POSTURA DA POSTURA DO
COBRA GATO

030
02

POSTURA DA POSTURA DA POSTURA DO


CADEIRA TARTARUGA SAPO

PARA SABER MAIS:

“Yoga daqui, Yoga dali... mexe e


brinca, remexe e descobre”
das autoras Maria Aparecida Lauris
e Fernanda Rossi (2020)

Disponível em:
https://educapes.capes.gov.br/b
itstream/capes/585546/2/e_
book_yoga_final.pdf

031
02
PRANAYAMAS
Os pranayamas são as técnicas de controle da
respiração, utilizadas no processo de expansão da
energia vital (FEUERSTEIN, 2006). Eliade (1996)
explica-nos que essa técnica estabelece um ritmo da
respiração, harmonizando três momentos: a
inspiração, a expiração e a retenção de ar. Com isso,
propõe uma consciência contínua que possibilite
experimentar com lucidez e atenção o momento
presente, bem como todos os níveis da consciência
alcançados nas práticas de meditação.

DHARANA

Dharana é a concentração. Ele diz respeito ao


direcionamento da atenção para um único ponto,
que pode ser no próprio corpo ou em um objeto no
qual se fixe o pensamento (ELIADE, 1996;
FEUERSTEIN, 2006). É um estado de alta energia,
uma experiência que toma o corpo inteiro do
praticante sem impor tensões, atingindo grande
profundidade psíquica capaz de ativar o trabalho
criativo interior (FEUERSTEIN, 2006).

032
02
PRATYAHARA
Pratyahara é atividade de controle dos sentidos. Ela
é resultado das práticas conjuntas quanto às
posturas e ao controle da respiração, que buscam
liberar o indivíduo dos estímulos externos e permite
que seus praticantes vivam, cada vez mais livres.
(FEUERSTEIN, 2006).

DHYANA

Dhyana é a meditação: “a meditação é um método


pelo qual a pessoa se concentra cada vez mais em
cada vez menos coisas. O objetivo é o de esvaziar a
mente sem perder, paradoxalmente, o estado de
alerta” (FEUERSTEIN, 2006, p. 313). Quando o fluxo
da concentração é ininterrupto, ocorre o estado de
Dhyana (IYENGAR, 2016, p. 55).

Diante de tais premissas, para sistematizar a intencionalidade do


trabalho pedagógico com o Yoga na Educação Infantil, estabelecemos
como objetivo geral para o ensino e aprendizagem desta manifestação
corporal:

Objetivo Geral
Ampliar as possibilidades de expressão corporal e a formação em
valores na infância, por meio das aulas de Yoga na Educação Infantil.

033
02

Para o alcance do objetivo proposto, os conteúdos foram


escolhidos cuidadosamente, após um estudo da história e filosofia do
Yoga, respeitando as especificidades da Educação Infantil, de forma que
as aulas de Yoga desenvolvidas não propusessem relações de alcance
espiritual, nem mesmo qualquer caráter religioso, assegurando uma
educação laica.

Como nos passos do Yoga, os conteúdos desenvolvidos não têm


uma sequência obrigatória que deva ser seguida. Embora, em alguns
momentos, determinados conteúdos recebam um foco especial, o
desenvolvimento de todos eles, de modo geral, acontece
simultaneamente, já que estão em interação, completando-se e também
em construção durante as atividades.

Assim, sugerimos, mediante nossas experiências com as crianças –


dentre outras relações possíveis que cada professora e cada professor
poderá estabelecer para o seu contexto – os objetivos específicos e
conteúdos articulados, como no quadro a seguir:

OBJETIVOS ESPECÍFICOS CONTEÚDOS


*Criar momentos de reflexão durante a Yamas
contação de histórias, atitudes e
comportamentos nos jogos e Proscrições – controle ou domínio:
brincadeiras; desenvolver o controle de
conduta; refletir sobre comportamentos *Ahimsa (não violência)
e atitudes prejudiciais a si mesmo, ao *Satya (verdade)
outro, à natureza e à sociedade. *Asteya (não roubar)
*Aparigraha (desapego)

034
02

*Criar momentos de reflexão durante as Nyamas


histórias, atitudes e comportamentos
nos jogos e brincadeiras sobre as Prescrições – aprimoramento pessoal:
prescrições/regras relacionadas a si
mesmo, buscando o aprimoramento *Saucha (purificação)
pessoal. *Santocha (contentamento)
*Svadhyaya (esforço sobre si próprio)
*Tapas (disciplina)

*Expressar-se corporalmente por meio Ásanas


dos ásanas;
* Posturas firmes e confortáveis
*Construir uma linguagem corporal,
vivenciando os diferentes ásanas do
Yoga;

*Desafiar-se corporalmente, realizando


diferentes ásanas (limites e desafios);

*Identificar os limites e o esforço


necessário para a realização dos
ásanas;

*Desenvolver o autocontrole do seu


corpo e do movimento ao realizar os
ásanas;

*Explorar a imaginação e a repre-


sentação de elementos da natureza,
animais e objetos, com diferentes
ásanas.

035
02

*Perceber a respiração, o caminho do ar Pranayamas


pelo seu corpo;
*Controle da respiração
*Controlar a respiração, inalar e exalar,
fazer pausas (prender a respiração);

*Utilizar a respiração consciente para


buscar o equilíbrio e a calma nas
tomadas de decisão.

*Restringir a atenção, reduzir os Pratyahara


excessos de informações presentes no
ambiente e relaxar; *Controle dos sentidos

*Conter os sentidos e relaxar; *Voltar-se para si mesmo

*Desenvolver autocontrole de conduta;

*Perceber a si mesmo.

*Desenvolver a atenção, manter o foco Dharana


em apenas um ponto ou objeto,
mantendo os sentidos sob controle; *Concentração

*Perceber e focar no próprio corpo: *Foco no momento presente


respiração, batimentos do coração,
especificidades do corpo próprio, entre
outros.

036
02

*Possibilitar momentos de relaxamento, Dhyana


aquietação dos pensamentos, para
que a criança possa experimentar a *Meditação
meditação.

A ludicidade é condição fundamental para a vivência do Yoga pelas


crianças da Educação Infantil e as estratégias de ensino adotadas
priorizam histórias, músicas e brincadeiras. Assim, as histórias, além de
serem utilizadas para inserir novos ásanas e pranayamas, propiciam a
criação de personagens inspirados no cotidiano das crianças,
permitindo abordar parte da história da criação do Yoga, seu local de
origem, costumes, yamas e nyamas.

Dessa maneira, os conteúdos de Yoga podem ser inseridos nas


históricas por meio de jogos e brincadeiras, de história em ação, da
música e de movimentos e técnicas de relaxamento (FARIA et al., 2013).
Costa et al. (2015) reforçam a dimensão lúdica da infância e consideram
que, por meio dos jogos, brincadeiras, imitação de animais, contação de
histórias, sons, músicas diversas, dentre outros, a prática do Yoga pode
ser adaptada à infância e ao contexto escolar.

Martins e Cunha (2011), por seu turno, ressaltam que as aulas de


Yoga para crianças podem ser organizadas por meio da alternância
entre momentos de interação com os colegas e momentos de
concentração, relaxamento e contemplação como, por exemplo,
apreciar uma flor, olhar atentamente uma vela, ouvir sons da natureza,

037
02

de pássaros ou da água – momentos que podem ser vivenciados ao ar


livre ou ouvindo uma música.

Os recursos didático-metodológicos que indicamos seguem como


propósito criar um sentido para as expressividades corporais, propostos
nas práticas de Yoga e desenvolvidas de forma lúdica, respeitando-se,
assim, as características da infância.

Recursos didático-metodológicos
- Leitura e imitação dos personagens e elementos da narrativa de
diversos gêneros textuais como contos, histórias construídas pela
professora utilizando elementos da natureza e animais diversos,
histórias infantis diversas e fábulas;
- Refletir sobre as histórias, os comportamentos e os valores;
- Desenho das histórias e seus personagens;
- Recontar as histórias;
- Brincadeiras de roda, em que as crianças imitam ou recriam os
personagens que aparecem nas músicas de domínio do universo
infantil, disponíveis no campo da educação;
- Rastejar como a cobra com a música A cobra não tem pé;
Imitação do som das abelhas, o rugido do leão e o guizo da cobra;
Imitação do barulho do vento;
- Observação do próprio corpo, relaxando com músicas calmas e
sons da natureza;
- Respirar como as ondas do mar com A história do barquinho;
- Trilha com ásanas;
- Desafio dos ásanas;

038
02

- Desafio - dado do Yoga;


- Jogo da memória com ásanas;
- Brincadeira Pega o rabo do macaco;
- Estátua Yoga;
- Pegásana;
- Corrida de bolinhas de papel;
- Respirando com a mola maluca;
- Momentos de observação e reflexão sobre os comportamentos e
atitudes durante os jogos e brincadeiras.

Para o desenvolvimento das brincadeiras podem ser utilizados os


seguintes recursos:

Recursos Materiais
- Livros infantis diversos;
- Rádio, cd's, dvd's, pen drives com músicas variadas;
- Barquinho de dobradura, bolinha de papel;
- Mola maluca;
- Dado com ásanas;
- Cartinhas com ásanas;
- Elementos da natureza;
- Papel sulfite, lápis de cor, canetinhas, giz de cera.

039
02

O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI,


em seu terceiro volume, considera que é necessário refletir sobre o
ambiente da instituição escolar e o trabalho desenvolvido para avaliar o
desenvolvimento e aprendizagem da criança. “A avaliação do
movimento deve ser contínua, levando em consideração os processos
vivenciados pelas crianças, resultado de um trabalho intencional do
professor”, constituindo um instrumento para a reorganização dos
objetivos, conteúdos, procedimentos, atividades e como forma de
acompanhar e conhecer cada criança e grupo (BRASIL, 1998, p. 40).

Além disso, é necessário documentar os aspectos referentes a


expressividade do movimento e sua dimensão instrumental, e para isso
é necessário que o(a) professor(a) atualize suas observações,
documentando mudanças e conquistas. Observar cuidadosamente
cada criança e o seu grupo pode trazer elementos que auxiliem a
construção de uma prática que respeite o corpo e o movimento das
crianças (BRASIL, 1998).

Propõe-se que a avaliação deste processo de ensino e


aprendizagem se realize em três etapas: - durante o processo:
observando se as crianças reconhecem o Yoga e o utilizam como
linguagem expressiva, participando dos jogos e brincadeiras; - no dia a
dia: observando se as crianças transferem as aprendizagens para seu
convívio em grupo ou familiar; - por meio de registro: com fotos e
desenhos da criança, e - uma avaliação final: constituído por um
portfólio com os relatórios da professora, fotos, desenhos das crianças
etc.

040
02

Avaliação

Durante o processo:
- ao longo das histórias, atividades e discussões realizadas no
projeto;
- execução dos jogos e brincadeiras.

No dia a dia:
- comportamentos e atitudes nas relações com o grupo,
funcionários e com a escola;

Registros:
- desenhos;
- fotos.

Final:
- relatório de atividades;
- portfólios de fotos e desenhos.

041
02

PARA SABER MAIS:

TV UNESP
“Projeto da Unesp ensina ioga para
crianças de escolas municipais de
Bauru”

Disponível em:
https://www.youtube.com/wa
tch?v=vAxQhcvEJZc

No próximo capítulo, com base nos conhecimentos filosófico-


práticos do Yoga vinculados às especificidades da Educação Infantil,
apresentamos algumas possibilidades didático-metodológicas que
visam promover a corporeidade e a formação de valores na infância.

042
CAPÍTULO 03
BRINCADO DE YOGA
COM VOCÊ!
03

Assim como no Yoga Sutra de Patañjali, composto de afirmações


aforísticas que, juntas, dão ao leitor como que um “fio” para amarrar as
ideias mais importantes, BRINCANDO DE YOGA COM VOCÊ, aponta
algumas possibilidades de ensino e aprendizagem do Yoga para
crianças, organizadas nas seguintes categorias: eu me desafio, me
conheço e me expresso com você; eu encontro equilíbrio em meus
pensamentos e ações com você; eu me aprimoro com você; eu aprendo
a me respeitar e respeitar aos outros, a natureza e o mundo com você.
Tais reflexões buscam propiciar a corporeidade em diálogo com a
formação de valores na Educação Infantil.

Nessas categorias foram distribuídas 19 propostas de brincadeiras,


compostas de conteúdos, objetivos específicos, recursos didático-
metodológicos, recursos materiais e propostas de avaliação,
destacando em cada categoria de análise o que e de qual
maneira os conteúdos/passos do Yoga – yamas, nyamas, ásana,
pranaymas, prathyahara e dharana - contribuíram para promover o
desenvolvimento da corporeidade e a formação de valores na Educação
Infantil.

Embora, em alguns momentos, determinados conhecimentos


recebam um foco especial, o desenvolvimento de todos eles, de modo
geral, acontece simultaneamente, já que estão em interação,
completando-se e, também, em construção durante as atividades.

045
03

Eu me desafio, me conheço e me expresso com você!

Reunimos, aqui nesta primeira categoria, as propostas de ensino e


aprendizagem para as crianças, que dizem respeito às possibilidades de
conhecimento, expressão e desafios corporais, que podem ser
desenvolvidas com as propostas de brincadeiras: O passeio na Floresta,
O desafio do dado, Dados do Yoga - com os nomes dos ásanas, Toc, toc,
toc.

046
03

Aprendizagens da criança
- Consciência corporal
- Novas possibilidades de expressão
- Linguagem corporal
- Explorar a imaginação
- Controlar a respiração conforme a necessidade
- Respeitar os limites do próprio corpo e com isso respeitar os
limites do amigo
- Respeitar as diferenças
- Empenhar-se em suas metas
- Ter satisfação e alegria com as próprias conquistas

047
03

Passeio na floresta

As histórias são uma das propostas para


inserir de maneira lúdica os diversos
conteúdos do Yoga na Educação Infantil, pois
durante a narrativa das histórias surgem os
personagens, muitos deles sendo animais,
objetos e elementos da natureza, que logo
podem ser transformados em posturas
(ásanas).

Objetivos: Expressar-se corporalmente por meio dos ásanas. Explorar


a imaginação e a representação de elementos da natureza, animais e
objetos, com diferentes ásanas e controlar a respiração.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas), pranayamas (controle da


respiração).

048
03

Desenvolvimento: Para iniciar a brincadeira, convide as crianças para


se sentarem em círculo (facilita para todas visualizarem as posturas),
para ouvir e participar de uma história que irá ser contada.

Inicie com a narrativa de uma história simples:


- Era uma vez... uma floresta muito grande, onde existiam muitas
árvores, de diferentes tamanhos e espécies (fazer a postura da árvore
e pedir para que as crianças também façam,
formando uma linda floresta na qual cada criança
com seu corpo represente uma árvore).

- Nessa floresta havia uma montanha muito alta


(fazer a postura da montanha). Na floresta,
também viviam muitos animaizinhos felizes que
passeavam e se divertiam todo o tempo. Tinha o
sapo, a tartaruga, a borboleta e o leão (a cada
animal citado na história uma nova postura surge –
c o n c e n t ra r - s e p o r c i n c o
respirações em cada postura).

Todos viviam em harmonia na


floresta (postura da flor de
lótus).

049
03

Avaliação:

Observar a participação e
concentração das crianças ao
realizar os ásanas e a respiração.
Desenhar o passeio na floresta,
representado pelas posturas do
Yoga.

050
03

O Desafio do dado

Objetivo: desafiar-se corporalmente, realizando diferentes ásanas


(limites e desafios); identificar os limites e o esforço necessário para a
realização dos ásanas; desenvolver autocontrole do seu corpo e do
movimento ao realizar os ásanas e explorar a imaginação e a
representação de elementos da natureza, animais e objetos, com
diferentes ásanas.

Conteúdo (s) do Yoga: ásanas (posturas do yoga), dharana


(concentração), pranayama (controle da respiração), svadhyaya
(esforço sobre si próprio).

Desenvolvimento: Para a realização desta brincadeira devem ser


construídos dois dados com seis faces; cada uma dessas faces
trazendo uma postura diferente do Yoga. As crianças sentam-se em
roda e, à princípio, o desafio inicial é aprender/familiarizar-se com as
posturas. Assim, cada vez que o dado é lançado, aparece a face da
postura que deve ser nomeada em voz alta e realizada por todas as
crianças. Com o passar do tempo, um novo dado pode ser inserido,
com posturas mais elaboradas, exigindo, então, maior concentração
das crianças para a realização dos desafios.
Dentre as posturas desafiadoras que vão compor o dado,
exemplificamos a do camelo. Nesse, a criança se apoia em seus
joelhos, inclinando a cabeça e o corpo para trás. As crianças precisam
ser sempre acompanhadas e amparadas durante os desafios
corporais, até que possam realizá-los com maior domínio e segurança

051
03

possível. Aos poucos, elas vão se desafiando. Primeiramente, podem


reconhecer o desenho do dado. Depois, observar atentas às
realizações das posturas por algum amigo, para, em seguida, criarem
coragem de se aventurar nessa experiência.

As crianças estão sempre procurando uma maneira de se


desafiarem corporalmente. Em nossa experiência, frequentemente,
faziam isso durante a atividade ao ar livre no parque, solicitando o
dado com os ásanas para brincarem no gramado com os amigos.

Durante as tentativas, seus próprios corpos diziam se elas


deveriam continuar ou parar com a brincadeira. Era comum as
crianças falarem que não conseguiam fazer de outras maneiras e que
necessitavam treinar mais as posturas. Não havia disputas entre elas,
nem comentários – como, por exemplo, uma criança dizendo ser
melhor que outra por realizar ou não determinado movimento. As
crianças percebiam em seus corpos os próprios limites e
potencialidades, respeitando, assim, os limites e as potencialidades
dos amigos. Seguidamente, as crianças apreciavam as posturas
realizadas pelos colegas, e até mesmo ajudavam umas às outras.

Avaliação: Observar a participação e concentração das crianças ao


realizar os ásanas propostos pela brincadeira.

052
03

Dados de yoga - Nomes dos ásanas

Objetivo: Construir uma linguagem corporal, utilizando os diferentes


ásanas. Expressar-se corporalmente por meio dos ásanas.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas


(posturas do Yoga).

Desenvolvimento: as crianças ficam em


roda, uma delas joga um dado que
contém os nomes de ásanas. Exemplo:
árvore. Então, todas as demais crianças
fazem o ásana da árvore. Depois o amigo
ao lado joga o dado e assim por diante as
crianças vão vivenciando as posturas do
yoga.
Variações: Dividir a turma em grupos e
cada grupo joga seu dado, fazendo as
posturas. Os dados podem ser
confeccionados pelas crianças.

Avaliação: Perceber se a criança durante as práticas de Yoga realiza a


postura nomeada e quais são suas expressões corporais e verbais.

053
03

A diversidade dos ásanas oferece uma riqueza de


possibilidades, movimentos e posturas com o corpo. A cada
postura realizada, desenvolvem-se movimentos específicos,
como estender os braços, apoiar-se em um pé só, curvar-se para
frente ou para trás, equilibrar-se sobre os ombros, posicionar-se
de pernas para o alto e exercer a força nos braços ou nas pernas.
Enfim, a cada postura as crianças experimentaram uma nova
sensação percebida em seus corpos

054
03

Toc, toc, toc

Objetivo: Desafiar-se corporalmente, realizando diferentes ásanas


(limites e desafios); interagindo e cantando a música da tartaruga.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas do Yoga).

Desenvolvimento: Inicialmente, apresentar a música Tartaruga e,


aos poucos, inserir novos ásanas.

Tartaruga 1

Toc toc toc


Quem está aí? Quem está aí?
É a tartaruga dentro do seu corpo
Muito calminha
Muito calminha
Toc toc toc
Quem está aí? Quem está aí?
É a Beatriz como a tartaruga
Muito calminha
Muito calminha

1
PITANGA, C. Yoga com música: música para relaxar e acalmar. 1. ed. São Paulo: Eminisciência, 2013.
PITANGA, C. Tartaruga. Youtube, 04 de out. de 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=8nz63OHs9Gg&list=OLAK5uy_l5ONkeknbMFfcKS-yn67zK7CnilX9LqjE&index=11>.

055
03

- Fazer a postura da tartaruga e cantar a música. Citar o nome de


cada criança da turma durante a brincadeira.

- Outra possibilidade é cantar a música e ir trocando o animal e


ásana a ser vivenciado (a borboleta, o gato, o cachorro etc.). No
decorrer da brincadeira, alguma criança também pode cantar a
música e escolher o próximo ásana a ser realizado, revezando entre
elas a sequência da música e ásanas, trabalhando a autonomia infantil.

Avaliação: observar durante a brincadeira se as crianças conseguem


realizar os ásanas propostos e indicar outros ásanas para dar
continuidade à brincadeira.

Os momentos de conversas e reflexões garantem um


espaço de fala e expressão para as crianças, permitindo
que elas nomeiem suas percepções, sentimentos,
anseios e dificuldades. Esse contexto auxilia para que as
crianças compreendam a necessidade de respeitarem os
limites e de se dedicarem às possibilidades, tanto de si
próprias quanto de seus amigos.

056
03

Eu encontro equilíbrio em meus pensamentos e ações


com você!

Nesta segunda categoria, agregamos as possibilidades de


aprendizagem das crianças quanto ao autoconhecimento, diante das
próprias necessidades de controlar os impulsos, aquietar os
pensamentos e alcançar o equilíbrio, com vivências por meio das
propostas de brincadeiras: O barquinho viajante, Corrida com Bolinhas
de Papel, Respirando com a mola maluca, Relaxamento e Voo do Beija-
flor.

057
03

APRENDIZAGENS DA CRIANÇA

- Consciência da respiração

- Conhecer a si mesmo

- Viver o momento presente

- Pausas são necessárias

- Acalmar as flutuações da mente

- Respeitar seus limites

- Tomar decisões refletidas

058
03

O barquinho viajante

Objetivo: Desenvolver o controle da respiração e


concentração e refletir sobre os valores éticos e morais.

Conteúdo (s) do Yoga: pratyahara (concentração), pranayamas


(controle da respiração), yamas (proscrições/controle) e nyamas
(prescri-ções/aprimoramento pessoal).

Desenvolvimento: Com o objetivo de desenvolver o controle da


respiração e concentração, na brincadeira do “Barquinho viajante”, as
crianças, após confeccionarem um barquinho de papel, com a ajuda
da professora, deitam-se no chão, em um local agradável, e
acompanham a narrativa das aventuras do barquinho, como esse
barquinho posicionado em suas barrigas. Posteriormente, pede-se
para que cada criança feche seus olhos e preste atenção na sua
respiração, bem como no barquinho que está em cima da barriga. As
crianças poderão percebem que toda vez que inalam, a barriga enche
de ar e, ao exalar, esvazia-se, criando movimentos parecidos com os
das ondas do mar, onde o barquinho navega.
Durante a narrativa da história, expomos o cenário onde o
barquinho veleja: “com o sol brilhando, o barquinho veleja
calmamente”, “o vento sopra mansinho”...Dessa forma, as crianças
imaginam e despertam para as percepções e as sensações em seus
corpos. Orienta-se para que suas respirações se mantenham em um
ritmo tranquilo e as crianças ficam concentradas e relaxadas,
preocupadas somente em manter a respiração lenta e calma para que

059
03

o barquinho não tombe.


Entretanto, durante a viagem do barquinho o cenário muda. O sol
é encoberto por grandes nuvens escuras e começa a chover, as ondas
do mar se agitam, como nossos pensamentos em momentos de
tensão. Nesse momento, as crianças aceleram a respiração e as ondas
do mar também aceleram, ficando muito difícil para o barquinho ter o
controle da situação – as crianças podem até apoiar o barquinho com
a mão para ele não virar. Com a respiração calma, as águas também
vão se acalmando, ficando mais fácil de velejar, e o barquinho pode
voltar para casa com bastante tranquilidade.

Avaliação: além observar se as crianças entenderam a necessidade de


controlar a respiração para que o barquinho não vire, observar nos
momentos de tensão, tais como desentendimentos entre os amigos,
momentos de dor por queda ou trombada, dificuldades ao realizar
uma atividade ou, até mesmo, o choro na despedida das mães e pais
na entrada da escola. Ainda, se as crianças conseguiram utilizar a
respiração e a concentração, como uma possibilidade de encontrar
equilíbrio em seus pensamentos e ações.

060
03

Corrida com Bolinhas de Papel

Objetivo: Desenvolver o controle da respiração e valores éticos e


morais do Yoga.

Conteúdo(s) do Yoga: Pranayamas (controle da respiração), satya


(verdade) e asteya (não roubar ou desvirtuar).

Desenvolvimento: A brincadeira se inicia quando todos estiverem


com sua bolinha em mãos. A professora fará uma demarcação (linha),
na qual todos ficarão aguardando o sinal de início, e outra demarcação
do outro lado que será a reta final do jogo. Assim que todos estiverem
prontos, será dada a largada. Bolinhas no chão, e agora é hora de
assoprar. O objetivo é conseguir levar a bolinha até a reta final. Neste
jogo é preciso boa concentração, ser sincero para não ajudar com as
mãos e não atrapalhar o amigo ao lado. Assim, pratica-se junto ao
controle da respiração (pranayama), satya (verdade) e, ao seguir as
regras, as crianças estão praticando asteya (não roubar).

- A competição não é imperativa, pode-se desenvolver a


brincadeira sem este intuito, inclusive, trabalhando elementos de
cooperação entre os amigos;
- As bolinhas utilizadas podem ser de plástico, coloridas ou feita
de papel amassado pelas próprias crianças;
- Antes de iniciar a corrida as crianças fazem algumas respirações
profundas e completas deitadas ao chão, trazendo o foco para a
respiração controlada;

061
03

- Ao invés de utilizar a bolinha, pode utilizar o barquinho da


brincadeira do “Barquinho viajante”;
- Pode-se tornar a brincadeira mais complexa ao inserir a regra das
mãos para trás.

Avaliação: observar durante a atividade se as crianças conseguem


controlar e estabelecer um ritmo na respiração, respeitam as regras da
brincadeira e se empenham-se para superar seus próprios limites.

062
03

Respirando com a mola maluca

Objetivo: Controlar a respiração, inalar e exalar, fazer pausas (prender


a respiração), estabelecendo um ritmo com a mola maluca.

Conteúdo(s) do Yoga: pranayamas ( controle da respiração).

Desenvolvimento: Como a mola maluca é um brinquedo que chama


muita atenção das crianças, é importante que elas tenham tido
contato com este brinquedo anteriormente à realização da atividade,
permitindo que o explorem das mais variadas maneiras para que, a
seguir, novos desafios corporais sejam propostos, utilizando-se dela.

Escolher um local agradável para se sentar com as crianças, de


preferência em contato com a natureza. Entregar a mola maluca nas
mãos delas, ajudando-as e propondo o movimento da respiração
(inalar e exalar), que deve acompanhar o movimento de vai e vem da
mola, sucessivamente. Assim que perceber que as crianças
conseguiram realizar o movimento simultaneamente, pedir para que
elas acelerem ou diminuam o ritmo, respeitando o ritmo de cada
criança.

Avaliação: observar durante a atividade se as crianças conseguem


controlar e estabelecer um ritmo na respiração seguindo os
movimentos de vai e vem da mola maluca.

063
03

Avaliação: observar durante a atividade se as crianças conseguem


controlar e estabelecer um ritmo na respiração seguindo os
movimentos de vai e vem da mola maluca.

064
03

Relaxamento

Objetivo: Restringir a atenção do excesso de informações presente no


ambiente, contendo os sentidos. Perceber o caminho do ar pelo corpo.

Conteúdo(s) do Yoga: pratyahara (contenção dos sentidos),


pranayamas (respiração) e dharana (concentração).

Desenvolvimento: Escolher um local agradável, de preferência


apenas com os sons da natureza, para se deitar. Essa atividade pode
ser realizada depois de uma atividade exaustiva ou como um recurso
para perceber melhor seu próprio corpo. Explicar para as crianças que
nesse momento estaremos prestando atenção em nosso corpo,
buscando relaxar e recarregar nossas energias.

Direcionar o relaxamento propondo para que as crianças fechem


os olhos, e coloquem as mãos em cima do seu próprio peito e neste
momento prestem atenção apenas na sua respiração. Na sequência,
pedir para crianças observarem o caminho que o ar percorre em seu
próprio corpo.

Agora, pedir para que as crianças respirem e sintam o ar entrando


em suas narinas, percebendo que ele levará energia para todo o seu
corpo como um raio de luz. A cada inalação, orientar para que as
crianças se concentrem e levem esta energia a uma parte de seu
corpo: começando pelos pés, depois as pernas, joelhos, abdômen,
peito, dedos, mãos, braços, ombros, costas, pescoço, cabeça e

065
03

coração. Permanecer por algumas respirações concentrada nas


batidas do coração.

Para finalizar, pedir para que as crianças se sentem com as mãos


sobre os joelhos e continuem por mais alguns minutos concentradas
em sua respiração. Em seguida, orientar para que as crianças abram os
olhos lentamente, colocando as mãos juntas em frente ao peito,
encerrando o relaxamento.Com o barquinho a velejar sobre a barriga,
controlando a respiração seguindo o ritmo da mola maluca ou
respirando calmamente observando a natureza ou ouvindo uma
música calma, podemos perceber que as crianças aquietam seus
pensamentos, se acalmam e encontram o equilíbrio e o pertencimento
no momento presente.

Avaliação: perguntar o quê as crianças perceberam e sentiram


com esta brincadeira. Observar a participação e o estado de
relaxamento das crianças

Com o barquinho a velejar sobre a barriga, controlando a


respiração seguindo o ritmo da mola maluca ou
respirando calmamente observando a natureza ou
ouvindo uma música calma, podemos perceber que as
crianças aquietam seus pensamentos, se acalmam e
encontram o equilíbrio e o pertencimento no momento
presente.

066
03

Voo do Beija-flor

Objetivo: Manter o sentido sob controle e restringir a atenção do


excesso de informações presente no ambiente e relaxar. Conhecer a si
mesmo.

Conteúdo(s) do Yoga: pratyahara (contenção dos sentidos),


pranayamas (respiração), dharana (concentração) e dhyana
(meditação).

Desenvolvimento: Escolher um local agradável, pedir para que as


crianças se deitem no colchonete e explicar que nesse momento
estaremos prestando atenção em si próprio, buscando se conhecer
melhor, relaxar e recarregar nossas energias.
Em seguida, propor para as crianças fecharem os olhos, colocar
as mãos em cima do seu próprio peito e que acalmem a respiração.
Explicar para as crianças que iremos ouvir a música Voo do Beija-
flor de Elisa Cristal.

2
Voo do Beija-flor
Elisa Cristal

2Música Voo do Beija-flor. Elisa Cristal.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=himFIUk0rFQ

067
03

Pedir para as crianças fecharem os olhos e prestarem atenção


apenas na sua respiração, percebendo o caminho que o ar segue em
seu corpo.

Voo silencioso do mistério do amor


Fecho os olhos para ver aonde vou
Voo silencioso do mistério do amor
Fecho os olhos para ver aonde vou

Voar pelo infinito daquilo que eu sou


Desvendar o oceano interior
Voar pelo infinito daquilo que eu sou
Mergulhar no oceano interior

Beija-flor, me leva
Beija-flor, desperta em mim
Beija-flor, me leva
Beija-flor, desperta em mim

Pedir para as crianças imaginarem que são um Beija-flor e que


estão voando sobre um rio, sentindo a água respingar, o calor do sol e
o vento. A professora pode passar um tecido leve sobre as crianças,
como se fosse uma brisa suave.

Me leva nas águas deste rio encantador


Vale dourado do meu lindo beija-flor
Me leva nas águas deste rio encantador
Vale dourado do meu lindo beija-flor

068
03

As práticas de
Pedir para as crianças sentirem o calor
relaxamento podem
colaborar para que as
Voar neste azul, o sol a se pôr crianças, mesmo que
Vento suave me traz o frescor por alguns segundos,
Voar neste azul, o sol a se pôr c o n s i g a m m e d i t a r.
Vento suave me traz o frescor “A meditação é um
método pelo qual a
Beija-flor, me leva pessoa se concentra
Beija-flor, desperta em mim cada vez mais em cada
Beija-flor, me leva vez menos coisas. O
Beija-flor, desperta em mim objetivo é o de esvaziar
a mente sem perder,
Propor para as crianças imaginarem que p a ra d ox a l m e n t e , o
estãovoando sobre um lindo campo estado de alerta”
(FEUERSTEIN, 2006,
florido.
p. 313).
Beija suave e faz abrir todas as pétalas desta flor
Brilho da mata que incendeia o buscador
Beija suave e faz abrir todas as pétalas desta flor
Brilho da mata que incendeia o buscador
Passarinho que me encanta, canta o canto do amor
Me leva para onde você for
Passarinho que me encanta, canta o canto do amor
Me leva para onde você for

Beija-flor, me leva
Beija-flor, desperta em mim
Beija-flor, me leva
Beija-flor, desperta em mim

069
30 03

Orientar para que as crianças se concentrem apenas nas batidas do


seu coração.

Voo silencioso do mistério do amor


Fecho os olhos para ver aonde vou
Voo silencioso do mistério do amor
Fecho os olhos para ver aonde vou

Voar pelo infinito daquilo que eu sou


Desvendar o oceano interior
Voar pelo infinito daquilo que eu sou
Mergulhar no oceano interior

Beija-flor, me leva
Beija-flor, desperta em mim
Beija-flor, me leva
Beija-flor, desperta em mim

Repetir as orientações conforme a sequência da música. Para finalizar


a atividade, após a música terminar, deixar que as crianças
permaneçam por alguns minutos nesse momento de introspecção;
depois peça que abram os olhos lentamente e se sentem com as
pernas cruzadas com as mãos sobre os joelhos.

Avaliação: Conversar com as crianças, perguntar como foi o Voo do


Beija-flor, perguntar como elas se sentiram, o que perceberam, como
se sentiam antes e depois da atividade. Observar a participação e o
relaxamento das crianças.

070
03

PARA SABER MAIS:

Música Voo do Beija-flor


Elisa Cristal

Disponível em:
https://www.youtube.com/
watch?v=himFIUk0rFQ

071
03

Eu me aprimoro com você!

Nesta terceira categoria, agregamos as propostas de ensino e


aprendizagem para as crianças relacionadas ao contentamento,
autocontrole, concentração, autoestudo e determinação para alcançar
seu aprimoramento pessoal, que podem ser vivenciadas por meio das
propostas de brincadeiras: Laranja Baiana, Estátua com yoga, Jogo da
memória dos ásanas, Brincadeira da cobra e Guerreiro espacial.

072
03

APRENDIZAGENS DA CRIANÇA

- Concentração

- Determinação, esforço sobre si

- Autoestima

- Dedicação para concluir uma tarefa

- Autoestudo

- Controle dos sentidos

- Satisfação/alegria

073
03

Laranja Baiana

Objetivo: Desafiar-se corporalmente, desenvolver a disciplina, a


atenção e a concentração, buscando se superar.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas do yoga), pratyahara


(contenção dos sentidos), dharana (concentração), nyama: santocha
(contentamento), svadhyaya (esforço sobre si próprio), tapas
(disciplina).

Desenvolvimento: Proporcionar um momento de interação e


pertencimento ao grupo, formar uma roda com as crianças sentadas
cantando a música Laranja Baiana e batendo palmas. Pedir para o
grupo escolher uma criança para fazer uma postura de Yoga. Nesse
momento, todas as outras crianças param de cantar a música e
realizam a postura do yoga orientada pelo amigo. É preciso se
concentrar na postura realizada, os sentidos também precisam ser
contidos, pois nesse momento todos precisam permanecer imóveis
como uma estátua por algumas respirações. Para se manter nas
posturas é necessário bastante disciplina e esforço sobre si mesmo.
Essa mesma criança escolhe uma outra para dar continuidade à
brincadeira. A brincadeira segue até que todas as crianças tenham
participado.

Sugestão de posturas: leão, borboleta, gafanhoto, cachorro, gato,


elefante e árvore.

074
03

Música: Laranja Baiana

Laranja baiana
Que vira em pó
Galo que canta cocoro có có
Pinto que pia piri pi pi
Criança bonita que faz assim (realizar a postura).

Avaliação: Observar a participação, as expressões


e o empenho das crianças, durante a brincadeira.

075
03

Estátua com yoga

Objetivo: Vivenciar as diferentes posturas do Yoga, desenvolver a


atenção e a concentração, buscando se superar.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas do Yoga), dharana


(concentração) e pratyahara (contenção dos sentidos).

Desenvolvimento: Montar quatro estações na sala de aula. Para cada


estação escolher com as crianças uma posição de Yoga diferente,
identificar com o desenho da postura que será realizada em cada
estação, por ex.: postura do sapo, da cobra, do avestruz e da girafa. As
crianças correm de forma aleatória pela sala, precisam estar atentas à
fala da professora: quando a professora diz “ESTÁTUA”, as crianças
escolhem a estação mais próxima e realizam o ásana da estação
escolhida. Assim, ao mesmo tempo em que elas vivenciam os ásanas
de maneira lúdica, ao permanecerem imóveis como uma estátua, as
crianças desenvolvem (dharana), a concentração, e (pratyahara),
contendo os sentidos e se superando a cada ásana. As crianças
deverão permanecer na posição por cinco respirações ou até que a
professora chame uma criança que irá dar continuidade à brincadeira.

076
03

Avaliação: Observar a participação, as expressões e empenho das


crianças, durante a realização da brincadeira.

077
03

Jogo da memória dos ásanas

Objetivo: Construir novas possibilidades de expressão corporal, ao


vivenciar os ásanas do Yoga, e desenvolver a concentração durante a
dinâmica da brincadeira.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas do Yoga) e dharana


(concentração no momento presente).

Desenvolvimento: Para essa brincadeira será necessário confeccionar


um jogo de cartas com ásanas. Imprimir cada ásana: tartaruga,
cachorro olhando para baixo, borboleta, árvore e cobra, por exemplo,
e colar em papel resistente. Comece aos poucos com cinco pares, mais
ou menos, e, depois, vá acrescentando mais cartas com os pares de
ásanas à brincadeira.

Em um primeiro momento, apresente todas as cartinhas para as


crianças indicando o nome dos ásanas e vivenciando as posturas uma
de cada vez com elas. Depois, faça uma roda com as crianças sentadas
e distribua as cartas no meio do círculo com a figura do ásana voltada
para baixo e o verso da cartinha para cima.

Agora, as crianças terão que descobrir os pares dos ásanas. Para


isso, precisarão estar atentas e concentradas para memorizar onde as
cartas estão.

078
03

Cada criança irá virar duas cartas com os ásanas, na sua vez.
Quem acertar convida a todos os amigos a realizarem a postura com
ela e ganha as cartas; quem não acertar o par, passa a sua vez; isso
sucessivamente, até que sejam encontrados todos os pares e
realizados todos os ásanas, garantindo a participação de todas as
crianças nas várias rodadas da brincadeira.

Adaptações: em turmas numerosas, a brincadeira pode ser realizada


dividindo a turma em dois grupos de crianças.

Avaliação: Observar a participação, a concentração e a satisfação


durante a realização da brincadeira.

079
03

Brincadeira da cobra

Objetivo: Controlar a respiração, perceber a si mesmo e desenvolver o


autocontrole.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas do Yoga), pranayama (controle


da respiração) e prathyahara (controle dos sentidos).

Desenvolvimento: Em um primeiro momento, cantar músicas


conhecidas pelas crianças que se referem à cobra (Ex.: músicas de
domínio popular: a cobra não tem pé... a cobra não tem mão) e
conversar com as crianças como é a cobra. Ela tem pé? Ela tem mão?
Como ela se movimenta? Você tem medo dela? Por quê?

Imitar a cobra como desejarem;


depois o som do guizo da cobra:
sssssss, ssssssss, sssssssss,
controlando a respiração, inalando e
exalando lentamente.

Em um segundo momento,
apresentar o ásana da cobra e
orientar que permaneçam algumas
respirações na postura, imitando o
som do guizo da cobra: sssssss,
ssssssss, sssssss.

080
03

Apresentar a música da Cobra3. Na sequência, a música pode ser


cantada enquanto as crianças realizam o ásana da cobra. Controlar os
sentidos e a respiração irá ajudar a se manter na postura. As crianças
também podem ser as cantoras e representantes dos ásanas à frente
da turma, fazendo um revezamento entre todos.
.
Avaliação: Observar se as crianças conseguem controlar a respiração
para fazer o som da cobra e se conseguem controlar os sentidos para
se manter na postura.

As atividades de interpretação e reflexão de diferentes


histórias e brincadeiras, como a laranja baiana, o jogo da memória
com ásanas, a estátua do Yoga e a corrida de bolinhas,
proporcionam situações em que as crianças se empenham e
necessitam de autocontrole, concentração, autoestudo e
determinação, visando ao aprimoramento pessoal.

3 PITANGA, C. Yoga com música: música para relaxar e acalmar. 1. ed. São Paulo: Eminisciência, 2013.
PITANGA, C. Cobra. Youtube, 04 de out. de 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=
M9L6GmOsQko&list=OLAK5uy_l5ONkeknbMFfcKS-yn67zK7CnilX9LqjE&index=10.

081
03

Guerreiro Espacial

Objetivo: Soltar as articulações, desenvolver a consciência corporal e


sentir a respiração.

Conteúdo: ásanas (posturas do yoga), pranayamas (controle da


respiração) dharana (concentração), saucha (limpeza, purificação) e
ahimsa (não violência).

Desenvolvimento: Convide as crianças para se sentarem em um local


agradável e inicie contando a história:

- Enquanto um guerreiro acorda, antes de abrir seus olhos, observa


sua respiração, sente o ar entrando em suas narinas e, percorrendo seu
corpo, vai se espreguiçando, como se seus pés fossem puxados para
um lado e as mãos fossem puxadas para o outro, desbloqueando suas
tensões. Depois, espreguiça com as mãos sendo puxadas para cima e a
boca abrindo um grande bocejo. Antes de abrir os olhos, os braços se
soltam um do outro e cada um é puxado para um lado, abrindo o
peitoral; as pernas fazem o mesmo, transformando-se em mais uma
estrela a fazer parte do Universo. A respiração, sempre calma e
profunda, para o estado de tranquilidade ser único. Estes guerreiros
estrelares abrem calmamente seus olhos e levantam seus
troncos até se alinharem ao quadril.

082
03

Com o alinhamento feito, colocam as duas mãos para trás,


servindo de apoio, e começam a pilotar seus corpos, fazendo um
pequeno balanço com o quadril, glúteos e braços (nesta parte, o
trabalho de respiração se altera, e na expiração os lábios ficam em
contato e as crianças fazem um som de nave voando pelo universo).

Estão em sua nave, vão sentindo o contato com o espaço e,


durante este trajeto, passam por uma turbulência de materiais
gelatinosos, depois voltam para estabilidade e precisam usar o
limpador de para-brisa, levando os pés para um lado e depois para o
outro, com se limpassem o vidro do automóvel (três vezes para cada
lado). Porém, esta limpeza não é o suficiente, tendo que levar os pés
para frente e depois para trás (três vezes), tentando tirar a gelatina
que entrou na nave. Ainda não conseguiram limpar por completa,
tendo que abrir os dedos dos pés ao máximo possível e depois retraí-
los (novamente por três vezes).

083
03

Assim, as crianças conseguem limpar boa parte da nave, só que


agora precisam acionar o controle de direção automático, para ajudar
a limpar com as mãos o para-brisa. Então, elevam os braços na altura
-
do ombro e começam a limpar por dentro do vidro, fazendo o
movimento do limpador de para-brisa com as mãos.

Em seguida, jogam a gelatina grudenta para fora, fazendo


rotações para dentro com as mãos e depois para fora (três vezes
cada). Depois, abrem e fecham as mãos como se expulsassem aquela
gelatina que não quer sair do contato com o corpo. Ao final, pegam no
volante e começam a acelerar (respiração se acelera também) e o
corpo começa a girar bastante para os lados, ficando, por diversas
vezes, apoiados apenas em uma única perna. Passado o susto,
respiram aliviados e voltam para casa (cinco respirações longas: inala
e exala) e pousam sua nave.

084
03

Avaliação: Observar durante a atividade a participação e as


expressões das crianças, podendo questionar como elas se sentiram
antes e depois da viagem espacial.

085
03
03

Eu aprendo a me respeitar e respeitar aos outros, a


natureza e o mundo com você!

Na quarta categoria de análise agregamos as propostas de ensino e


aprendizagem para as crianças no que se referem aos valores de
conduta e que exigem o cultivo do autocontrole, do respeito a si mesmo,
aos outros, à natureza e ao mundo, todos construídos no exercício da
compaixão, da veracidade, do desprendimento e da partilha. Tais
vivências e construções podem ser enfatizadas por meio das propostas
das brincadeiras: Dança do sol; Yoga com Fábulas: A Lebre e a Tartaruga
e Corrida na Floresta; Yoga com Fábulas: O cão e seu reflexo e Pega o
rabo do macaco.

086
03

APRENDIZAGENS DA CRIANÇA

- Autocontrole

- Se colocar no lugar do outro

- Respeitar a si mesmo e aos outros

- Desprendimento/compartilhar

- Compaixão/generosidade

- Dizer a verdade

087
03

Dança do Sol

Objetivo: Interagir com os amigos e a natureza, se desafiando ao fazer


os ásanas e sentir o sol, a terra e a força.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas do Yoga), nyama santocha


(contentamento).

Desenvolvimento: Para iniciar a brincadeira, escolha um local


agradável, de preferência em contato com a natureza e a luz do sol;
convide as crianças para fazer uma roda.

- Inicie a atividade ensinando a música para as crianças e aos


poucos vá inserindo os ásanas.

Dança do Sol 4

Sinto o sol (em pé estendendo os braços e as mãos em direção ao


sol, sentindo seu calor)
Sinto a terra (em pé, postura da Pinça, passando a mão no solo e
sentindo a terra)
Sinto força (postura da prancha, sentindo os braços fazer
esforço para se manter na postura)

4 Autor desconhecido.

088
03

Forte fico (em pé, postura do guerreiro)


Dança comigo a dança do sol (de mãos dadas girando em
sentido horário)
Dança comigo a dança do sol (de mãos dadas girando em
sentido anti-horário)
Tu e eu (apontando para o amigo e para si mesmo)
Eu e tu (apontando para si mesmo e para o amigo)
Dança comigo a dança do sol (de mãos dadas girando em
sentido horário)

Avaliação: Observar as interações entre as crianças durante a


brincadeira, bem como o pertencimento ao realizar a atividade em
grupo.

As práticas do Yoga, bem como as diversas maneiras


encontradas para a construção de valores, construídos no
exercício da compaixão, da veracidade, do desprendimento e da
partilha, colaboram com a aprendizagem do autocontrole e do
respeito à própria pessoa, aos outros, à natureza e ao mundo.

089
03

Yoga com Fábulas


A Lebre e a tartaruga

Objetivo: Propor a leitura e interpretação das fábulas, refletir sobre as


lições de moral das fábulas, relacionando com os Yamas e Nyamas.
Interpretar as fábulas utilizando os ásanas pranayamas do yoga.
Vivenciar e refletir sobre os yamas e nyamas, por meio de jogos e
brincadeiras.

Co n te ú d o : á s a n a s ( p o st u ra s d o Yo g a ) , n y a m a s a n t o c h a
(contentamento).

Desenvolvimento: Em um primeiro momento, realizar a leitura da


fábula “A lebre e a tartaruga” para as crianças. Mostrar o livro e
explorar as ilustrações e propor para as crianças a dramatização da
história utilizando os ásanas do Yoga citados na narrativa.

A fábula “A lebre e a tartaruga”, além dos desafios pessoais na


representação dos ásanas, apresenta uma narrativa que trata sobre
uma disputa que aconteceu durante uma corrida na floresta – entre a
lebre, considerada um animal muito veloz, e a tartaruga, considerada
muito lenta. Diante disso, a professora poderá organizar uma
roda e realizar um momento de conversa levantando alguns
questionamentos, como: onde a história aconteceu?; quem eram os
personagens da história?; quais eram as características dos
personagens?; qual o percurso da corrida?; quais os participantes da
corrida?; por que a lebre escolheu a tartaruga para realizar esta

090
03

corrida?; a corrida poderia ter sido organizada de forma diferente? Se


sim, como?; o que poderia ser feito para tornar a corrida mais justa?;
valeu a pena a atitude da lebre? Por quê?

O nyama santocha (contentamento) pode ser enfatizado nessa


conversa mostrando para as crianças que, assim como os animais, as
pessoas também têm suas diferenças, e não precisam ficar tristes por
isso, mas, pelo contrário, elas poderiam se reconhecer e se orgulhar de
ser quem são, afinal, que chato seria se todas as pessoas fossem
iguaizinhas. Com o questionamento: por que a lebre escolheu a
tartaruga para competir com ela durante a corrida?, questões sobre
ahimsa (não violência) e sobre o comportamento da lebre, partindo
do asteya (não roubar) podem ser discutidas.

Outro questionamento que pode ser feito é sobre fazer as coisas


correndo, com pressa, explicando que é possível realizar as coisas com
calma, destacando tapas (disciplina), para se alcançar o que se deseja.

Avaliação: Pedir para as crianças criarem um novo final para a fábula,


observar os valores construídos por elas a partir das reflexões
realizadas.

091
03

Corrida na Floresta

Objetivo: Proporcionar um momento de interação entre as crianças e


a vivência de diversas posturas do Yoga. Vivenciar e refletir sobre os
Yamas e Nyamas.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas do yoga), yamas e nyamas


(valores do Yoga)

Desenvolvimento: Em um espaço amplo, organizar as crianças em pé.


Dividir as crianças em dois grupos (cada grupo representando um
animal da floresta: lebre, tartaruga etc.). Monta-se uma trilha com a
largada (figueira), dispondo vários ásanas impressos no papel sulfite,
e a chegada (beira do rio). A brincadeira se inicia jogando-se o dado e
o grupo que tirar o número maior começa a brincadeira. Assim,
sucessivamente, cada grupo vai jogando o dado e andando as casas
com os ásanas. Ao parar no ásana, o grupo todo faz a postura indicada
e passa para o próximo grupo. Durante a corrida e execução dos
ásanas, vão se discutindo os yamas e nyamas, falando da importância
em respeitar os limites dos amigos - ahimsa (não violência); não
trapacear ao jogar o dado ou nas posturas - asteya (não roubar) e
satya (verdade); e fazer as coisas com dedicação - tapas (disciplina).
Ganha a corrida quem chegar primeiro.

092
03

Variações: A turma pode ser dividida em quantos grupos for


necessário e podem ter como representantes os animais que as
crianças escolherem. Crachás também podem ser feitos com o
desenho dos animais confeccionados e pintados pelas crianças, para
identificá-los.

Avaliação: Observar os dilemas e soluções encontradas,


intermediando quando necessária a reflexão.

093
03

Yoga com Fábulas: O cão e seu reflexo 5

Um cachorro, que carregava na boca um pedaço de carne, ao


cruzar uma ponte sobre um riacho, de repente, vê sua imagem
refletida na água. Diante disso, ele logo imagina que se trata de
outro cachorro, com um pedaço de carne maior que o seu. Ele não
pensa duas vezes, deixando cair no riacho o pedaço que carrega, e
ferozmente se lançando sobre o animal refletido na água. Seu
objetivo é simples, tomar do outro, aquela porção de carne que
julga ter o dobro do tamanho da sua. Agindo assim, ele acaba
perdendo a ambos. Aquele que tentou pegar na água, por se tratar
de um simples reflexo, e o seu próprio, uma vez que ao largá-lo nas
águas, a correnteza acaba por levar para longe.

Objetivos: Interpretar a fábula com os ásanas do Yoga. Vivenciar e


refletir sobre yamas (valores do Yoga): ahimsa (não violência), asteya
(não roubar) e nyamas (valores do yoga): santocha (contentamento)

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas do yoga), yamas (valores do


Yoga): ahimsa (não violência), asteya (não roubar) e nyamas (valores
do yoga): santocha (contentamento)

Desenvolvimento: Em um primeiro momento, realizar a leitura da


fábula “O cão e seu reflexo” para as crianças, mostrar o livro, explorar
as ilustrações e propor para as crianças a dramatização da história
5 Fábula O Cão e seu reflexo. Disponível em:
<https://historias-das-fabulas.blogspot.com/2016/06/o-cachorro-e-o-seu-reflexo.html>

094
03

utilizando os ásanas do Yoga citados na narrativa. Pode ser realizado


o ásana da árvore, da ponte, do cachorro olhando para cima, do
cachorro olhando para baixo entre outros.

A partir da situação de conflito descrita na narrativa da fábula,


propor um momento de reflexão para as crianças articulando com os
yamas e nyamas (valores do yoga). Podem ser realizados os seguintes
questionamentos: onde a história aconteceu?; quais os personagens
da história; o que o cachorro estava fazendo; ele estava feliz?; por que
o cachorro começou a latir?; o que aconteceu quando o cachorro
começou a latir?; qual foi a reação do cachorro?; valeu a pena a atitude
do cachorro?; por quê?

Na fábula o cachorro carregava na boca um pedaço de carne e ao


ver sua imagem refletida na água imagina que se trata de outro
cachorro com um pedaço de carne maior que o seu, diante desse
conflito o nyama santocha (contentamento) pode ser enfatizado
nessa conversa mostrando para as crianças a importância em
estarmos felizes com as nossas conquistas. Além disso podemos
refletir a importância de mantermos o equilíbrio e não ficarmos bravos
como o cachorro, que late querendo a carne que imagina ser do outro
cachorro e praticarmos ahimsa (não violência) e asteya (não roubar).

Avaliação: Observar o desenvolvimento das diversas posturas do


Yoga. Observar os dilemas e soluções encontradas, intermediando
quando necessário a reflexão.

095
03

Pega o rabo do Macaco 6

Objetivo: Desenvolver agilidade e atenção. Vivenciar e refletir sobre


os Yamas e Nyamas.

Conteúdo(s) do Yoga: ásanas (posturas do yoga), yamas (valores do


Yoga): ahimsa (não violência), asteya (não roubar) e nyamas (valores
do yoga): santocha (contentamento) e tapas (disciplina)

Desenvolvimento: Escolher um espaço amplo para realizar a


brincadeira (uma quadra ou pátio por exemplo), explicar para as
crianças que para a realização da brincadeira “Pega o rabo do
macaco”, todos os participantes precisarão de um “rabo” como o do
macaco, para isso será recortado junto com as crianças tiras de
plástico, tecido ou barbante que serão distribuídos entre as crianças
participantes e presos na parte de trás da roupa simulando um rabo.

Na sequência explicar as regras da brincadeira para as crianças,


explicar que a partir de agora todos são macacos e quando o
professor falar “Valendo!!” o pula-pula e corre-corre começa, e todas
as crianças terão que pegar o máximo de rabos possíveis dos seus
amigos e desviar-se para proteger seu próprio rabo, limitando-os
somente ao espaço em que estiver acontecendo a brincadeira.

Durante a brincadeira as crianças escolhem um ásana, que será


realizado pelos macacos que perderem seus rabos. Exemplo:

6 Adaptação da brincadeira popular - Pega o rabo do macaco.

096
03

borboleta, árvore, tartaruga, sapo. Ao sinal de “Valendo!!” o pula-pula


e corre-corre recomeça, o entusiasmo é tão grande que todos saem
correndo para pegar os rabos dos macacos e acabam esquecendo de
proteger o seu.

Vence a criança que conseguir pegar mais rabos, sem perder o


seu. Ao final, com todos sentados, realiza-se a contagem dos rabos e
define-se o vencedor.

Este também é o momento oportuno para dialogar sobre as


questões que podem surgir, como o fato de algumas crianças
correrem e pegarem os rabos de todo mundo, mesmo já tendo
perdido o seu. Assim, se destaca a importância em respeitar as regras
da brincadeira.

É interessante observar, conversar e nomear as atitudes e


sentimentos durante a brincadeira: conscientizar sobre tapas
(disciplina) ao demonstrar empenho e dedicação ao se desviar para se
proteger ou mesmo para pegar mais “rabos de macaco”; desenvolver
o nyama santocha (contentamento) ao estarmos felizes com as nossas
conquistas; refletir sobre ahimsa (não violência) e asteya (não roubar)
ao experimentar o sentimento de tristeza que surgem ao ser “roubado
o seu próprio rabo de macaco”.

Avaliação: Observar os dilemas e soluções encontradas,


intermediando quando necessária a reflexão.

097
REFLEXÕES... sempre provisórias, porque a
corporeidade e os valores na Educação Infantil são
sempre um processo em construção!

Brincando com Yoga: possibilidades didático-pedagógicas para


experiências corporais e formação de valores na Educação Infantil
apresentou reflexões e proposições para o aprofundamento dos
estudos e a apropriação de novos conhecimentos referentes aos temas
da Educação Infantil, Corporeidade, Cultura Corporal, Yoga e Formação
de valores. Os elementos teóricos do Yoga na Educação infantil, da
corporeidade e da formação de valores na infância abordados
contribuem para o pensar e repensar das possibilidades didático-
pedagógicas, lúdicas, para o ensino de Yoga nesta primeira etapa da
educação básica, bem como as aprendizagens decorrentes dele.
Para finalizar, trazemos alguns pontos de reflexão de modo a
mover, constantemente, o planejamento e as ações, bem como o
percurso de aprendizagem das crianças.

098
BRINCANDO DE YOGA COM VOCÊ!

Eu me desafio, me conheço e me expresso com você!

- As práticas do Yoga realizadas com a interpretação de histórias,


músicas, jogos e brincadeiras, despertaram a imaginação e
proporcionaram novas possibilidades e desafios de expressão
corporal para as crianças e o desenvolvimento da percepção de si
mesma?

- Os momentos de conversas e reflexões garantiram um espaço de


fala e de escuta para as crianças, possibilitando que elas
nomeassem suas percepções, sentimentos, anseios e
dificuldades?

- Esses momentos de conversas e reflexões favoreceram a


compreensão da necessidade de respeitar os limites e de se
dedicarem às potencialidades, relacionadas a si próprias e aos
seus amigos?

099
Eu encontro equilíbrio em meus pensamentos e
ações como você!
- As atividades de observação e controle da respiração – por meio
da imitação das ondas do mar com a barriga na história do
barquinho, do acompanhar o movimento da mola-maluca, do
relaxamento ouvindo músicas calmas com sons da natureza ou
durante a realização dos ásanas na interpretação de histórias e,
também, do brincar com jogos e brincadeiras, criaram momentos
nos quais as crianças puderam desenvolver a observação e o
autoconhecimento?

- Isto permitiu que as crianças aquietassem seus pensamentos,


acalmando-se e encontrando o equilíbrio e o pertencimento no
momento presente?

- Essas aprendizagens foram transferidas para as diversas


situações de agitação diária das crianças, como um importante
meio de encontrar o equilíbrio, para se manterem no momento
presente e tomarem atitudes pensadas e de maneira consciente?

100
Eu me aprimoro com você!

- As atividades como reflexão e interpretação de diferentes


histórias, brincadeiras como o jogo da memória com ásanas,
estátua do Yoga e corrida de bolinhas, proporcionaram situações
em que as crianças se empenharam na busca pelo autocontrole,
concentração, autoestudo e determinação, a fim de alcançarem o
aprimoramento pessoal?

- Isso exigiu, por parte delas, momentos de estudo e dedicação, e


trouxe como resultado a satisfação, a alegria e o contentamento?

101
Eu aprendo a me respeitar e respeitar aos outros, a
natureza e o mundo com você!

- As práticas do Yoga, construídas no exercício da compaixão, da


veracidade, do desprendimento e da partilha, colaboraram com a
aprendizagem do autocontrole e o respeito a si mesmo, aos outros,
à natureza e ao mundo?

102
Diante das ações pedagógicas propostas, esperamos contribuir
para o repensar crítico da corporeidade nas escolas voltadas à
Educação Infantil e para a construção de um processo educativo que
inclua os conhecimentos filosófico-práticos do Yoga, promovendo
novas experiências corporais e a formação de valores na infância, em um
processo contínuo de construção e (re)construção!

103
Referências

BAURU, Secretaria Municipal de Educação. Proposta pedagógica


para a Educação Infantil do Sistema Municipal de Ensino de
Bauru/SP. Bauru: SME, 2016. Disponível em: https://www2.bauru.sp.
gov.br/arquivos/arquivos_site/sec_educacao/proposta_pedagogica
_educacao_infantil.pdf. Acesso: 14 mar. 2021.

BORELLA, A.; ROSE, A; BARBOSA, C.E.G.; TACCOLINI, M. Livro de


ouro do Yoga. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.

BRACHT, V. Cultura Corporal, Cultura de Movimento ou Cultura


Corporal de Movimento? Recife: EDUPE, 2004.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado Federal, 1988. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bd
sf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf. Acesso
em: 20 jun. 2019.

BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº


9.394/1996, Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições
Técnicas, 2017. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/bits
tream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf. Acesso
em: 20 jun. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica


Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília:
MEC, SEB, 2010.

104
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de
Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a
educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CAVALARI, R. M. F. O pensamento filosófico e a questão do corpo. In:


NETO, Samuel de Souza. Corpo para malhar ou para comunicar? São
Paulo: Cidade Nova, 1996. p. 39-50.

CRISTAL, E. Voo do beija-flor. Youtube, 2019. Disponível em:


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EHRENBERG, M. C. A linguagem da cultura corporal sob o olhar de


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108
Sobre as autoras
G ra d u a d a e m P e d a g o g i a p e l a
Universidade do Sagrado Coração, Bauru.
Mestra em Docência para a Educação
Básica pela UNESP Bauru. Atua como
Especialista em Gestão Escolar – Diretora
de Escola de Educação Infantil no Sistema
Municipal de Ensino de Bauru-SP.

E-mail: cristianeandreazza@gmail.com

Cristiane Andreazza
de Oliveira

Professora Assistente Doutora do


Departamento de Educação da Faculdade
de Ciências da UNESP Bauru. Graduada
em Licenciatura em Educação Física pela
UNESP Bauru e mestra e doutora em
Ciências da Motricidade pela UNESP Rio
Claro. Vice-líder do Grupo de Estudos e
Pesquisas Históricas, Sociológicas e
Pedagógicas em Educação Física.

E-mail: fernanda.rossi@unesp.br
Fernanda Rossi

109
O livro Brincando com yoga: possibilidades didático-pedagógicas
para experiências corporais e formação de valores na Educação Infantil,
apresenta proposições para o aprofundamento de estudos e a
apropriação de novos conhecimentos referentes aos temas da
Educação Infantil, Corporeidade, Cultura Corporal, Yoga e Formação de
valores. Para isso, aborda elementos teóricos do Yoga na Educação
infantil, da corporeidade e da formação de valores na infância, e traz
possibilidades didático-pedagógicas para o ensino de Yoga nesta
primeira etapa da educação básica.

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