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EBOOK Cenários Inovadores para Um Brasil em Transf - 240112 - 120718

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2023

Revisão
Os autores

Projeto Gráfico, diagramação e capa


Adriana Cardoso
Regência e Arte Editora

Foto de capa
Idea Design / Shutterstock

Conselho Editorial
Cairo Mohamad Ibrahim Katrib (UFU)
Fernanda Duarte Araújo Silva (UFU)
Otávio Luiz Bottecchia (UFU)
Paulo Irineu Barreto Fernandes (UFU)
Raquel Mello Salimeno de Sá (UFU)
Rozaine Aparecida Fontes Tomaz (UEMG)
Telma Cristina Dias Fernandes (UFU - UNESP)
Valdete Borges Andrade (UFU)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(BENITEZ Catalogação Ass. Editorial, MS, Brasil)

C67 Cenários inovadores para um Brasil em


1.ed. transformação social, ambiental, econômico
e territorial [livro eletrônico] /
organizadora Miriam Pinheiro Bueno. –
1.ed. – Uberlândia, MG : Regência e Arte
Editora, 2023.
PDF

Bibliografia.
ISBN 978-65-86906-26-4

1. Geotecnologia. 2. Gestão ambiental.


3. Inovação tecnológica. 4. Marketing digital.
5. Sustentabilidade. I. Bueno, Mirim Pinheiro.
07-2023/183 CDD 300.981

Índice para catálogo sistemático:


1. Brasil : Inovação : Aspectos socais 300.981
Aline Graziele Benitez – Bibliotecária - CRB-1/3129

Os textos apresentados são de inteira responsabilidade de seus autores.


DISCLAIMER

Muito zelo foi utilizado para a redação desta obra. Porém, cada
capítulo foi escrito de maneira independente por cada um dos autores e
coautores. Assim, este livro não reflete a opinião pessoal da organizadora
e coordenadora técnica, muito menos das instituições onde os autores
trabalham. A organizadora e coordenadora técnica deste projeto, junto com
as instituições, não se responsabilizam por quaisquer danos financeiros
ou morais que venham a ocorrer devido à leitura desta obra. Também
não nos responsabilizamos por qualquer tipo de plágio que possa ter
ocorrido em algum capítulo, por parte de algum autor e coautor. Assim
sendo, os capítulos relatam as opiniões dos respectivos autores e coautores
exclusivamente, sendo estes os fiéis responsáveis pelo conteúdo.
AGRADECIMENTO

Governo do Estado de Minas Gerais


UEMG - Universidade do Estado de Minas Gerais
Pró-Reitoria de Graduação
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Processo Sei Nº 2350.01.0015199
/2022-45 Edital PROPPG Nº 10/2022 Programa de Bolsas de Produtividade
em Pesquisa (PQ) que fomentou o desenvolvimento de parte das pesquisas
publicadas nos capítulos do livro.
PREFÁCIO

Miriam Pinheiro Bueno, profissional ímpar em sua área de atuação,


como organizadora dessa obra coaduna a visão de diversos autores no que
diz respeito a assuntos de extrema relevância no cenário atual brasileiro, nos
quais a atuação no mercado de trabalho e o potencial inovador dos jovens
caminham lado a lado com as causas socioambientais, empreendedorismo,
inteligência emocional, saúde humana e sustentabilidade.
Ávidos pelo desejo incessante de divulgação de conhecimento,
são nas páginas desse livro que os autores semeiam sua expertise em um
ambiente de constante inovação nos âmbitos social, ambiental e econômico,
com a certeza de que o conhecimento é dinâmico e as transformações são
vitais para um futuro próspero.
Desejo aos leitores uma excelente jornada por esses capítulos.

Larissa Rodrigues de Azevedo Câmara


UEMG/Frutal
SUMÁRIO
CAPÍTUL O I: ANÁLISE ENTRE A RELAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL COM
O MERCADO DE TRABALHO
1. Introdução.................................................................................................................12
2. Procedimentos metodológicos...................................................................................13
3. Revisão da Literatura................................................................................................14
3.1 previdência..............................................................................................................14
3.1.1 Reformas previdenciárias realizadas em 1993 e 1998.........................................17
3.2 Reformas previdenciárias realizada em 2003, 2005, 2012 e 2015..........................18
3.3 Reforma previdenciária realizada em 2019............................................................20
4. Mercado de Trabalho.................................................................................................21
5. Análise dos resultados...............................................................................................22
5.1 Alguns fatores que relacionam o Mercado de Trabalho com a previdência social...22
Considerações finais......................................................................................................24
Referências...................................................................................................................25

CAPÍTULO II: ANÁLISE SWOT DO PLANO DE GESTÃO INTEGRADA


DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PMGIRS) DO MUNICÍPIO DE PALMAS (TO) NO
TOCANTE AOS DOMICILIARES, DE SERVIÇOS E LIMPEZA URBANA, E
AGROSSILVIPASTORIS
1. Introdução.................................................................................................................32
2. Procedimentos metodológicos...................................................................................33
2.1 Seleção para Análise do PMGIRS de Palmas-TO...................................................33
2.2 Aplicação da Matriz Swot.......................................................................................35
3. Revisão da Literatura................................................................................................35
3.1 Classificação dos Resíduos Sólidos.........................................................................35
3.2 Diagnóstico dos Resíduos Sólidos..........................................................................37
4. Análise dos resultados...............................................................................................41
4.1 Matriz Swot dos Resíduos Domiciliares e de Serviços e Limpeza Urbana............41
4.1.1 Matriz Swot dos Resíduos Agrossilvopastoris - Palmas (TO).............................43
4.1.2 Prognóstico dos Resíduos do PMGIRS................................................................43
4.1.3 Ações para Execução do PMGIRS.......................................................................45
Considerações finais.....................................................................................................45
Referências...................................................................................................................46

CAPÍTULO III: APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL PELOS


GESTORES NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL E RESULTADOS
1. Introdução.................................................................................................................52
2. Procedimentos metodológicos..................................................................................53
3. Revisão da literatura.................................................................................................53
3.1 Formação da inteligência emocional......................................................................53
3.2 Características da Inteligência Emocional..............................................................55
3.3 Inteligência Emocional Aplicada nas Organizações...............................................58
3.3.1 Como os Gestores utilizam a Inteligência Emocional no Ambiente de Trabalho?...60
3.4 Ambiente Organizacional das Empresas.................................................................61
4. Análise dos resultados...............................................................................................63
Considerações finais......................................................................................................64
Referências...................................................................................................................64
CA PÍTULO IV: GESTÃO DE CARREIRAS: A IMPORTÂNCIA DO PATROCÍNIO
EMPRESARIAL NA CARREIRA DE ATLETAS OLIMPÍCOS DE ALTO
RENDIMENTO
1. Introdução..................................................................................................................70
2. Procedimentos metodológicos...................................................................................71
3. Revisão de literatura..................................................................................................71
3.1 Procedimentos de análise de dados.........................................................................73
4. Análise dos resultados...............................................................................................73
Coniderações finais.......................................................................................................79
Referências...................................................................................................................81

CAPÍTULO V: ECONOMIA CIRCULAR E O DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL: CONCEITOS E REFLEXÕES
1. Introdução.................................................................................................................86
2. Procedimentos metodológicos..................................................................................87
3. Revisão da literatura.................................................................................................87
3.1 Economia Circular..................................................................................................87
3.2 Sustentabilidade......................................................................................................91
4. Análise dos resultados...............................................................................................94
Considerações finais......................................................................................................99
Referências.................................................................................................................101

CAPÍTULO VI: DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO


NO SETOR SUCROENERGÉTICO FACE A SUSTENTABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE FRUTAL-MG
1. Introdução...............................................................................................................106
2. Procedimentos metodológicos................................................................................108
3. Revisão da literatura................................................................................................110
3.1 Sustentabilidade Socioambiental...........................................................................110
3.2 Sustentabilidade Empresarial................................................................................112
3.3 Setor Energético e Sucroalcooleiro de Cana-de-Açúcar.......................................114
4. Análise dos resultados.............................................................................................116
Considerações finais....................................................................................................116
Agradecimentos..........................................................................................................117
Referências.................................................................................................................118

CAPÍTULO VII: JOVENS EMPREENDEDORES: UMA ANÁLISE DO


MUNICÍPIO DE FRUTAL-MG
1. Introdução...............................................................................................................122
2. Procedimentos metodológicos................................................................................123
3. Revisão da literatura...............................................................................................124
3.1 Jovens Empreendedores........................................................................................124
4. Análise dos resultados.............................................................................................125
4.1. Questionário: idade e estado civil........................................................................125
4.2. Ramo de Atividade, Categoria e Tempo no Mercado...........................................126
4.3. Dificuldades para Empreender..............................................................................128
4.4. Motivações para o Jovem Empreendedor............................................................129
4.5. Impactos da Covid-19 no Empreendedorismo Jovem.........................................129
Considerações finais...................................................................................................130
Referências.................................................................................................................131
CAPÍTULO VIII: CONSUMO FICCIONAL TELEVISUAL NAS REDES
SOCIAIS: ESTUDO DE CASO DO PERFIL DO GLOBOPLAY NO FACEBOOK
1. Introdução..............................................................................................................138
2. Procedimentos metodológicos...............................................................................138
3. Revisão da literatura..............................................................................................139
3.1 Novo Ecossistema Comunicacional....................................................................139
4. Análise dos resultados...........................................................................................142
Considerações finais..................................................................................................150
Referências................................................................................................................151

CAPÍTULO IX: INTER-RELACIONAMENTO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS


EMPREENDEDORAS E INTRAEMPREENDEDORAS, EM RELAÇÃO A
EMPREGABILIDADE
1. Introdução...............................................................................................................154
2. Procedimentos metodológicos................................................................................155
3. Revisão da literatura..............................................................................................156
3.1. Empreendedorismo.............................................................................................156
3.2 Intraempreendedorismo.......................................................................................159
3.3 Empregabilidade..................................................................................................161
4 Análise dos resultados............................................................................................164
4.1 Características empreendedoras, intraempreendedoras e de empregabilidade....164
Considerações finais..................................................................................................168
Referências................................................................................................................169

CAPÍTULO X: RENTABILIDADE E GESTÃO NA PRODUÇÃO LEITEIRA:


PARÂMETROS DE HIGIENE E QUALIDADE DO LEITE
1. Introdução................................................................................................................174
2. Procedimentos metodológicos................................................................................175
3. Revisão de literatura..............................................................................................175
3.1 Saúde Humana.....................................................................................................176
3.2 Normativas, parâmetros e suas influências na qualidade do leite.........................177
3.2.1 Componentes do leite........................................................................................177
3.2.2 Contagem bacteriana total (CBT) ou Contagem Padrão em Placas (CPP).......178
3.2.3 Contagem de células somáticas (CCS).............................................................180
4. Análise dos resultados............................................................................................181
4.1 Avaliação do desempenho da produção leiteira na microrregião de Frutal/MG
..................................................................................................................................181
4.2 Características das Propriedades em Estudo e seu Respectivo Grau de
Tecnificação...............................................................................................................182
4.2.1 Avaliação dos constituintes do leite..................................................................184
Considerações finais...................................................................................................186
Agradecimentos.........................................................................................................186
Referências................................................................................................................186

MINI CURRÍCULO DOS AUTORES......................................................................189


CAPÍTULO I
ANÁLISE ENTRE A RELAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
COM O MERCADO DE TRABALHO

Renan França de Moraes


Karla Gonçalves Macedo
Miriam Pinheiro Bueno
Jamile de Campos Coleti

RESUMO
O capítulo apresenta as principais alterações e características das últimas
Reformas na Previdência social, tendo em comparação, o desemprego e o
déficit de arrecadação. Foram apresentadas informações que evidenciam que
desde a Constituição de 1988, o sistema previdenciário sofre um desequilíbrio
na sustentabilidade financeira, além de corroborar sistematicamente com a
disparidade social. As altas taxas de desemprego, causadas pelas sucessivas crises
econômicas no Brasil, além da expressividade das dificuldades causadas pela
pandemia, essas variáveis são determinantes nas arrecadações previdenciárias,
pois, a Constituição Federal estabelece que parte dos recursos da seguridade
social, são custeadas por meio da contribuições dos trabalhadores, empregados
e empregadores, com isso o objetivo do capítulo foi de evidenciar a relação
entre a previdência e o mercado de trabalho, principalmente com os expressivos
índices de desemprego, para isso foi utilizada a metodologia qualitativa, por meio
de pesquisa bibliográfica, histórica e comparativa. Com o estudo foi possível
analisar as causas das reformas previdenciárias realizadas, com isso é evidente
a necessidade das mudanças, porém, elas precisam acontecer em concomitância
com a criação e fomento de políticas públicas que equilibrem a sustentabilidade
financeira com a qualidade de vida dos brasileiros, por meio do fomento de
oportunidades de renda e emprego.

Palavras-chave: Previdência social, Mercado de trabalho, Reforma da


previdência

ANALYSIS BETWEEN THE RELATIONSHIP OF SOCIAL SECURITY


AND THE LABOR MARKET

ABSTRACT
The chapter presents the main changes and characteristics of the last Social
Security Reforms, in comparison with unemployment and the revenue deficit.
Information was presented that shows that since the 1988 Constitution, the social
security system has suffered an imbalance in financial sustainability, in addition
to systematically corroborating with social disparity. The high unemployment
rates, caused by the successive economic crises in Brazil, in addition to the
expressiveness of the difficulties caused by the pandemic, these variables are

11
decisive in social security collections, since the Federal Constitution establishes
that part of the social security resources are funded through the contributions
from workers, employees and employers, with that the aim of the chapter was to
highlight the relationship between social security and the labor market, especially
with the expressive unemployment rates, for which a qualitative methodology
was used, through bibliographical research, historical and comparative. With the
study it was possible to analyze the causes of the social security reforms carried
out, the need for changes is evident, but they need to happen concurrently with
the creation and promotion of public policies that balance financial sustainability
with the quality of life of Brazilians, through the promotion of income and
employment opportunities.

Keywords: Social security, Labor market, Pension reform

1. Introdução

A Reforma da Previdência sempre foi motivo para inúmeras


discussões, inclusive qual o modelo correto a ser seguido. Por meio de
muitos debates, as gestões governamentais perceberam ao longo dos
anos a necessidade da realização de reformas em relação a Previdência
Social no Brasil. Entre o período da aprovação da Constituição de 1988 e
ocorreram mudanças e inúmeras sugestões de adequação. Desde então, o
sistema previdenciário passou por algumas reformas, e no ano de 2019 foi
aprovada por meio da Emenda Constitucional - EC nº 103/2019, que ainda
é motivo de muitas análises e discussões. (BRASIL, 2019)
Sobre as mudanças ocorridas desde a Constituição de 1988, (Brasil,
1988) alguns autores, manifestam suas análises, assim como Marques,
Batich e Mendes (2003) destacam a evidente a mudança de patamar do
gasto ocorrida em 1993, decorrente da introdução tardia e represada dos
novos direitos garantidos pela Constituição. Ainda sobre o processo de
mudanças, adequações por meio das reformas feitas na previdência até os
dias atuais foram direcionadas para certo parâmetro, defendido por Silva
(2004, p.17) “As mudanças até agora ocorreram em contexto de adesão ao
ideário neoliberal, voltado à recuperação ou reafirmação dos fundamentos
da economia capitalista [...] sendo o Estado sujeito e objeto da reforma”.
Entretanto, há aqueles que defendem os pontos negativos das
reformas, pesquisadores opinam que as reformas trouxeram retrocesso.
De acordo com Silva 2004, p.20, na realidade, houve um retrocesso,
por selecionar riscos de menor custo, recusar certos riscos como objeto
de seguro, transferir riscos e prejuízos para o “segurado”. De Lima e

12
Konrad (2020) evidenciam que a evolução nos gastos previdenciários
e, considerando o envelhecimento da população, com isso a previdência
fica insustentável. Por meio das pesquisas realizadas é possível indicar
que as variáveis demográficas, como o envelhecimento populacional
e a disparidade social, são questões que motivaram as reformas
previdenciárias. O mercado de trabalho, por meio das análises para as
oportunidades de trabalho e ainda os números referentes a quantidade
de empregados e desempregados no país estão direta e diretamente
relacionados a sustentabilidade, pois conforme previsto da Constituição
é financiada direta e indireta pelos brasileiros. Botelho e Costa (2020)
analisam que os cenários econômicos e trabalhistas são relevantes para os
resultados da sustentabilidade financeira da previdência social.
Desta maneira, o capítulo pretende evidenciar a relação entre a
previdência e o mercado de trabalho, por meio de uma visão imparcial dos
fatos, com uma análise das últimas reformas previdenciárias e ainda como
a previdência social é afetada com a situação e conjuntura do mercado
de trabalho, focando principalmente nas questões de empregabilidade,
mais especificamente relacionada aos altos índices de desemprego que
impactam a previdência.

2. Procedimentos metodológicos

A Metodologia utilizada para o desenvolvimento do capítulo foi


a qualitativa, Marconi e Lakatos (2009), destacam que o método atenta-
se em analisar questões e processos complexos, como os fatores sociais,
com uma análise ampla sobre as investigações, por meio da utilização
de pesquisa bibliográfica, baseada por pesquisas em artigos, dissertações,
teses, reportagens, leis para fundamentar teoricamente os objetos de estudo
da pesquisa, apresentando também a visão de pesquisadores sobre os temas
analisados, Gil (2016, p.50) discorre que a pesquisa bibliográfica permite
ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos mais amplos, essa
vantagem se torna importante quando o problema de pesquisa requer dados
muito dispersos pelo espaço. Foi utilizado também o método histórico, em
que na pesquisa foi realizada uma análise histórica sobre as mudanças
ocorridas por meio das Reformas realizadas até a aprovação da EC nº
103/2019 (Brasil, 2019), apresentando as principais características das EC
realizadas desde a aprovação da Constituição. Marconi e Lakatos (2009),
indicam que as formas de vida social, instituições, têm origem no passado,

13
e estabelece a importância de pesquisar a origem para compreender as
características atuais no sistema previdenciário.
Outro método aplicado foi o comparativo, Marconi e Lakatos
(2009) estabelecem que o referido método colabora com uma explicação
dos fenômenos, permitindo analisar as informações, é utilizado para
analisar semelhanças, diferenças e comparações de variáveis, para apontar
vínculos causais entre os processos, assim foram evidenciadas as principais
características das Reformas Previdenciárias e ainda uma análise entre
suas relações com o mercado de trabalho, com foco em questões como o
desemprego, as pesquisas apresentadas evidenciam números expressivos
de desempregados e ainda disparidade social, fatores esses que estão
relacionadas com a sustentabilidade do sistema previdenciário.

3. Revisão da Literatura

3.1 Previdência

A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece no


artigo 6° que “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”.
(Brasil, 1988) A instituição responsável por pelo pagamento de
aposentadorias e benefícios sociais aos contribuintes da Previdência Social
é o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), fundado em 1990,
conforme o INSS, benefícios são prestações pecuniárias, que são pagas
aos segurados e seus dependentes para cobrir situações como: doença,
invalidez, morte, idade avançada, licença maternidade, salário-família,
auxílio-reclusão para os dependentes em situação de vulnerabilidade e
pensão por morte do segurado (BRASIL, 2017).
Conforme Lima, De Paula e Da Rocha (2018) o regime previdenciário
é aquele que assegura aos seus contribuintes, ao menos os benefícios
de aposentadoria e pensão por morte e divide-se nos regimes: Regime
Geral de Previdência e Social-RGPS, Regimes Próprios de Previdência
Social-RPPS e Regime de Previdência Complementar. Caetano (2016)
destacou que o RGPS está relacionado aos trabalhadores da iniciativa
privada, os RPPS atendem servidores públicos, segundo o autor os
municípios podem optar por terem regimes próprios ou por se filiarem ao
regime geral, aproximadamente 60% dos municípios brasileiros não têm

14
regimes próprios. Rocha e Baltazar Junior (2012, p. 48) manifestam que
“Segurados são as pessoas físicas que, em razão do exercício de atividade
ou mediante o recolhimento de contribuições, vinculam-se diretamente ao
Regime Geral”.
Souza, Vaz e Paiva (2021) discorrem que a previdência é o
principal gasto social brasileiro, indicaram que a despesa com a categoria
de previdência social, incluindo os dois regimes RGPS e RPPS sempre
esteve acima de 50% do total despendido pelo governo federal com os
gastos sociais. Afonso (2019) discorreu que a Constituinte de 1988
acrescentou faturamento, lucro e loterias ao lado de salários para financiar
a seguridade social como um todo, porém essa estratégia é insuficiente pelo
deslocamento entre as tendências de pressão de gasto da Previdência com
o desempenho da tributação da base salarial. Segundo estudo realizado
por Marques, Batich e Mendes (2003, p. 118):
Além da questão da despesa, a previdência social apresenta
um grave problema no plano de sua arrecadação. Nos
dois anos pós-reforma, isto é, em 2000 e 2001, a receita
líquida, isto é, a arrecadação bancária das contribuições
de empregados e empregadores, acrescida da receita do
Simples, dos depósitos judiciais, e deduzidas as restituições
de arrecadação e transferências a terceiros, foi 3,19% e
3,23% inferior ao nível de 1986, quando o PIB brasileiro
era significantemente inferior ao atual, e as alíquotas eram
inferiores às atuais.

Segundo Cordeiro (2006), o saldo negativo das contas do RGPS


se deve pelo baixo índice de crescimento econômico, a deterioração do
mercado de trabalho formal nos últimos anos, impactando diretamente
no sistema de previdência social, ainda por diversas fraudes internas e
sonegações ocorridas na instituição e as regras que possuem receitas
insuficientes para o que se provê de despesas, mesmo que as duas primeiras
funcionem corretamente.
Gentil (2019) discorreu que haviam poucos aposentados e muitos
contribuintes, no ano de 1988, às vésperas da reforma ocorrida no referido
ano, o sistema de repartição simples brasileiro já ultrapassava o limite de
segurança a respeito do número de contribuintes e beneficiários, segundo
a autora em função das regras de acesso a benefícios previdenciários e
mudanças demográficas. Sobre o déficit, Afonso e Carvalho 2022, pág.
117 afirmar que:

15
O déficit na previdência social é o mais grave problema
econômico do Brasil. Em 2018 a arrecadação do RGPS
foi de R$391 bilhões, frente a um dispêndio de R$587
bilhões, levando a um déficit de R$196 bilhões. Para
2019, de acordo com as projeções oficiais, é esperado
que estes valores aumentem para R$419 bilhões, R$637
bilhões e R$218 bilhões, respectivamente. O equilíbrio
da previdência social é condição sine qua non para o
equacionamento das finanças públicas. Isto é fundamental
para que o Brasil possa crescer de forma sustentada. O país
está décadas atrás do que foi feito em outras nações. A crise
fiscal brasileira tem um motivo básico: o desequilíbrio
previdenciário.

A Constituição Federal conforme decreta a Lei nº 8.212/91, no


Artigo 194, evidencia que a seguridade social é um conjunto integrado
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
No Artigo 195 indica que a seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de maneira direta e indireta, em conformidade com a legislação,
com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e Municípios. (BRASIL, 1991)
Silvestre (2017) destaca que a previdência social é um conjunto de
benefícios que o INSS paga aos trabalhadores brasileiros para compensar
determinadas situações que os afetam na capacidade de trabalhar e
suscitar renda para sustento próprio e de suas famílias, como um seguro
administrado pelo Estado, onde os contribuintes ativos bancam o benefício
recebido pelos inativos, gerando assim uma dinâmica de dependência
entre diferentes gerações.
Segundo os autores Nóbrega e Benedito (2021) a previdência é
seguro social, para situações como doença, idade avançada, invalidez,
morte e outras situações de privação de renda familiar. Para Rocha
e Baltazar Junior (2012) a Previdência Social prevista no artigo 6 da
Constituição, possui caráter contributivo, assim, todos os trabalhadores
que participam desse sistema terão direito aos benefícios previdenciários,
enquanto que a Previdência Privada, segundo Assaf Neto (2013) é um
complemento à previdência social, sua adesão é opcional, e seus adeptos
costumam adquiri-la visando manter ou alcançar qualidade de vida na
aposentadoria, objetiva a manutenção do poder aquisitivo quando ocorrer
a perda da capacidade laborativa, podendo assegurar uma renda próxima
àquela de quando o indivíduo estava trabalhando, podendo também incluir

16
coberturas de proteção para familiares no caso de morte prematura do
participante do plano (SANTOS, 2019).
Segundo Ferreira e Conceição (2021) sistema de previdência na
seguridade social é um dos grandes debates da atualidade e objetivando
a complementariedade à renda para alguns indivíduos que possuem
condições para o processo, optam por investir no sistema de previdência
privada, esses contribuintes no momento de sua inatividade, visam manter
o padrão de renda no momento da aposentadoria, assim a previdência
privada é uma alternativa à previdência pública, principalmente após
as alterações nas regras previdenciárias nos últimos anos, o sistema de
previdência privada vem ganhando cada vez mais adeptos.

3.1.1 Reformas previdenciárias realizadas em 1993 e 1998

Considerada a primeira reforma, que ocorreu por meio da EC nº 3 de


1993, como indica Gueller (2016) em que foi instituído que contribuições
da União e dos seus servidores para o custeio de suas aposentadorias e
pensões, segundo o autor a referida reforma representou uma perda aos
segurados, juntamente com a EC nº 20 de 1998, vale ressaltar que a
reforma realizada em 1998 foi considerada a segunda reforma, por meio
da EC de n° 20. Cechin (2002) discorreu a respeito da recuperação do
déficit nas contas públicas, no ano de 1998 havia um superávit de R$ 16,6
bilhões, já em 1998, registrou-se um déficit de R$ 9,1 bilhões em 1998, o
referido autor destacou ainda que:
No Brasil, as novas regras derivadas da EC nº 20/98
representaram, com efeito, a imposição de perdas aos
segurados, uma vez que o eixo da reforma foi o aumento
da idade média de concessão do benefício, implicando
extensão do período contributivo, redução dos gastos no
curto prazo pela postergação da concessão e redução dos
gastos no longo prazo pela concessão por menor período
(CECHIN, 2002, p. 23).

Para Silva (2004, p. 17), trata-se de trabalhar mais, contribuir mais


e receber menos, estreitando a relação entre contribuições e benefícios
pela nova regra de cálculo, assim a tendência do déficit é aumentar.
Marques e Batich 1999, p. 139 destacaram que o impacto poderia ser
benéfico para as contas da Previdência e que o desequilíbrio entre a receita
e a despesa do INSS deve-se, principalmente, à precarização do mercado

17
de trabalho. Segundo Marques (2003) em 1999, a referida reforma foi
aprovada e a previdência registrava um déficit equivalente a 1% do
Produto Interno Bruto - PIB, a seguridade social apresentava um superávit
de R$ 16,3 bilhões, correspondendo a 1,7% do PIB. No quadro a seguir
são apresentadas as principais características da EC 20\98.

Quadro 1. Principais características das ECs nº 03\93 e nº 20\98


EC Alterou o artigo 40 da Constituição, com a inclusão do parágrafo 6º,
estabelecendo que os servidores públicos federais passariam a contribuir
nº 03\93 para custear suas aposentadorias e pensões
- Autorizou a criação de um novo regime para os servidores civis, a
funcionar na forma de entidade de previdência complementar, conforme
diretrizes a serem estabelecidas por lei complementar.
- Fixou as idades mínimas de 48 (mulheres) e 53 (homens) para os
funcionários públicos se aposentarem. Como as idades mínimas não
EC foram aprovadas para o setor privado, foi implementado o chamado fator
nº 20\98 previdenciário. A fórmula reduz o benefício de quem pretende se aposentar
mais cedo. O cálculo, complexo, leva em consideração variáveis como a
idade do trabalhador e a média das contribuições ao INSS no decorrer da
carreira.
Fonte: Santos (2022).

3.2 Reformas previdenciárias realizadas em 2003, 2005, 2012 e 2015

Muitos especialistas defendem que as mudanças causadas pela


Constituição de 1988, proporcionou quem defendesse a necessidade de
uma reforma na Previdência no Brasil. Em outro estudo Marques, Batich
e Mendes (2003, p.113)
[...] exigiam mudanças levando em conta a persistência
de tratamento desigual entre diferentes categorias de
trabalhadores ou os impactos provocados pelas alterações
no perfil demográfico e na transformação da relação
entre capital e trabalho, decorrente da adoção das novas
tecnologias e formas de gestão no sistema produtivo
brasileiro. ()

Segundo Gueller (2016) a EC nº 41 do ano 2003, estabeleceu, dentre


outras determinações, tetos máximos para vencimentos, aposentadorias
e pensões nas esferas federal, estadual e municipal. Também criou
contribuições para os aposentados e pensionistas do serviço público,

18
sobre o valor de suas aposentadorias e pensões que superarem o teto
máximo pago pelo regime geral. Além disso, determinou que o cálculo
das aposentadorias e pensões fosse feito com base na média de todas
as remunerações dos servidores. A quarta reforma realizada em 2005,
por meio da EC de nº 47 é embasada na inclusão social, como indica
Gueller (2016) destaca que a EC nº 47 criou critérios diferenciados para
as aposentadorias do deficiente, de pessoas que trabalhem sob condições
especiais que prejudiquem a saúde e que exerçam atividades de risco.
Objetivando a inclusão social, criou a figura do contribuinte de baixa
renda, deixando para o legislador infraconstitucional, o dever de criar
alíquotas de contribuições diferenciadas para esta categoria de pessoas.
A Quinta reforma ocorreu ano de 2012, por meio da EC n° 70, que
segundo a Gueller (2016) permitiu a revisão dos cálculos das aposentadorias
por invalidez concedidas na vigência da Constituição que passasse a serem
feitos com base na média aritmética das remunerações do servidor e não
com base na última remuneração do servidor. No ano de 2015, com a EC
n° 88 foi alterada a idade para aposentadoria compulsória do servidor para
70 ou 75 anos de idade, nos termos da lei que a regulamenta, na época
mencionado por Gueller (2016) a Previdência Social é o maior programa
de distribuição de renda e de redução da pobreza no Brasil, o quadro 2
apresenta as principais características das 41/03, 47/05, 70/12 e 88/15.

Quadro 2. Principais características das EC - 41/03, 47/05, 70/12 e 88/15


- Fixou tetos máximos para vencimentos, aposentadorias e pensões em
EC todas as esferas.
nº 41/03 - Criou contribuições para os aposentados e pensionistas do serviço
público, sobre o valor de suas aposentadorias e pensões que superarem o
teto máximo pago pelo regime geral.
- Determinou que o cálculo das aposentadorias e pensões fosse feito com
base na média de todas as remunerações dos servidores
EC Criou critérios diferenciados para as aposentadorias do deficiente, de
nº 47/05 pessoas que trabalhem sob condições especiais que prejudiquem a saúde e
que exerçam atividades de risco.
EC Permitiu a revisão dos cálculos das aposentadorias por invalidez
n° 70/12 concedidas na vigência da CF/88, que passasse a serem feitos com base na
média aritmética das remunerações do servidor e não com base na última
remuneração do servidor.
EC Veio para alterar a idade para aposentadoria compulsória do servidor para
n° 88/15 70 ou 75 anos de idade, nos termos da lei que a regulamenta.
Fonte: (SANTOS, 2022)

19
3.3 Reforma previdenciária realizada em 2019

Para Oliveira e Da Mata (2020) a Previdência Social, passou por


inúmeras transformações com a EC nº 103/2019. Antes de sua aprovação,
ainda como PEC, Levi (2019) ocorreu com a justificativa de reparar
injustiças, e garantir a sustentabilidade financeira da previdência diante do
processo de envelhecimento demográfico, o autor destaca a preocupação
com a disparidade social e ainda que a população de baixa renda ainda
seriam os mais prejudicados, pois, trabalhadores de classe média alta do
setor privado costumam ter melhores condições de trabalho e ainda o
potencial em investir em previdência privada, um de seus principais méritos
foi o estabelecimento de correções sobre o sistema, impondo sacrifícios
a todos os contribuintes visando a sustentabilidade do sistema, porém
reduzindo as diferenças em relação às condições de acesso e ao valor
dos benefícios das diferentes categorias de trabalhadores, as principais
características da EC 103/2019 é apresentada no quadro 3, a seguir.

Quadro 3. Principais características da EC 103/2019


- Aposentadoria por Idade: Idade mínima, unificada no RGPS e RPPS da União para
acesso à aposentadoria, de 62 anos, para a mulher, e de 65, para o homem, com tempo
de contribuição mínimo.
- Aposentadoria por Tempo de Contribuição: Extingue a aposentadoria por tempo de
contribuição que permitia aposentadoria aos 30 anos de contribuição, se mulher, e 35
anos, se homem.
- Aposentadoria do Professor: Assegura aposentadoria para o professor da educação
infantil, do ensino fundamental e médio aos 57 anos de idade, se mulher, e 60 anos, se
homem, com tempo de contribuição mínimo de 25 anos em funções de magistério
- Aposentadoria dos Policiais: Abandona a expressão anterior “atividades de risco” e
deixa expresso no texto constitucional para quais profissionais regras diferenciadas
por lei complementar estão autorizadas: agente penitenciário, agente socioeducativo,
policial legislativo, federal, rodoviário, ferroviário e civil.
Fonte: Santos (2022)

Veronese (2019) destaca que a EC nº 103 trouxe para a previdência


social diversas mudanças nos critérios de obtenção e valores de
benefícios, fatores que podem prejudicar o acesso dos contribuintes,
relacionando fatores como o aumento da expectativa de vida nas diferentes
regiões do país com a disparidade social, o autor indique que para uma
aplicação efetiva de diversos benefícios que estenderam prazos de
carência ou idade mínima para sua obtenção são preocupantes, pois,

20
muitos postos de trabalhos da sociedade brasileira possui características
que não proporcionam estabilidade e longevidade.

4. Mercado de trabalho

Ferreira e Cabral (2019) discorrem que as elevadas taxas de


desemprego, aumento da precarização e mudanças nos direitos sociais
e trabalhistas, a classe trabalhadora fica desprotegida, a pesquisa
desenvolvida pelos autores evidenciou que o Brasil atingiu nível recorde
do trabalho informal, os autores evidenciaram ainda que desde a década
de 1990 uma conjuntura favorável à elevação do número do desemprego,
da precarização e da informalidade. Marinho et. al (2019) destacam que
o emprego formal é muito sensível as mudanças relativas à economia.
Quando a conjuntura econômica de uma região está propícia à realização
de novos investimentos, isso se reflete no fomento do mercado de trabalho
e o contrário também ocorre. Mais recentemente segundo o IBGE (2021) a
taxa de desempregados no trimestre de 2021 foi de 14,6 %, representando
14,8 milhões de pessoas buscando oportunidades no mercado de trabalho.
As taxas de desemprego na métrica da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios - PNAD contínua atingiu, na amostra analisada pelos autores
dos anos de 1979-2016, o pico histórico de desemprego no Brasil deu-se
no ano de 2016. (BACCIOTTI e MARÇAL, 2020)
Inclusive mais recentemente os indicadores referentes ao desem-
prego ficaram ainda mais expressivos em decorrência da pandemia, pois
as medidas de bloqueio, realizadas por vários países para retardar a dis-
seminação da doença, em que segundo as informações Organização In-
ternacional do Trabalho (OIT) afetaram aproximadamente 2,7 bilhões de
trabalhadores, representando cerca de 81% da força de trabalho mundial.
(COSTA, 2020)
Segundo Dedecca (2022) a insuficiência na geração de empregos,
independentemente da qualidade, vem ampliando significativamente a
relação inativo/desempregado por empregado, a maior precariedade está
associada, principalmente, à diminuição do emprego assalariado com
carteira de trabalho assinada, tendência exacerbada pela forma de ajuste
da economia brasileira nos anos 90. Krein e Borsari (2020) destacaram
segundo a pesquisa do PNAD analisada pelos autores referentes ao ano
de 2019 terminou com 16,2 milhões de desempregados e 6,7 milhões de
subocupados por insuficiência de horas, e 38,4 milhões de trabalhadores no

21
trabalho informal. Realizando uma análise na história recente e relacionado
o mercado de trabalho com a Reforma Previdenciária realizada no ano de
1998 a taxa de desemprego elevou, mesmo ano em que foram feitas as
EC nº 3 e n° 20. Essa situação financeira dos trabalhadores financeiros
pode justificar o decréscimo de contribuições. Segundo Batich e Marques
(1999, pág. 140) Entre 1997 e 1998, a arrecadação das contribuições de
empregados e empregadores foi cada vez mais insuficiente para financiar
o gasto crescente com benefícios.
Pereira e Cabral (2019) destacam que a conjuntura do mercado de
trabalho no Brasil, apresenta elevadas taxas de desemprego, precarização
do emprego e ofensiva contra os direitos sociais e trabalhistas, com isso
a classe trabalhadora fica cada vez mais desprotegida, conforme os dados
divulgados pelo IBGE (2017) cerca de 1,4 milhões de trabalhadores
deixaram de contribuir com a Previdência Social desde 2014. Em 2017,
63,8% do trabalho que contribui para a aposentadoria caiu, devido à
crise no mercado de trabalho, fator preocupante e que juntamente com as
informações das pesquisas evidenciadas acima já indicam a relação entre
o mercado de trabalho com o sistema previdenciário.

5. Análise dos resultados

5.1 Alguns fatores que relacionam o mercado de trabalho com


a previdência social

Uma economia equilibrada, dentre outras variáveis está relacionada


com a manutenção das políticas de proteção social, como a seguridade
social no Brasil, as questões macroeconômicas devem ser estimuladas
visando o desenvolvimento econômico produtivo, pois os fundamentos
do Estado de bem-estar estipulam que essas políticas públicas sejam
financiadas por mercados de trabalho aquecidos, formalidade no trabalho
e desenvolvimento econômico (COSTA, 2020)
Silva e Belmonte (2020) destacam que a previdência social brasileira
é custeada direta e indiretamente, sobre o custeio direto é realizado
por meio da contribuição dos trabalhadores e empregados, já no custeio
indireto, é realizado pelo recebimento de parcela dos tributos destinados
a seguridade social e com dinheiro da União usado para cobrir o déficit
oriundo da insuficiência da arrecadação. Para empregadores, as regras
estão no Art. 195 da constituição, que estabelece que as empresas privadas

22
e os órgãos públicos, em que todo empregado com carteira assinada
contribui com uma taxa que varia entre 8% e 11% para o RGPS, com uma
alíquota variando de acordo com a renda e que incide até o teto do INSS.
Para os empregadores a taxa é de 20% do valor da folha de pagamento.
Já os trabalhadores autônomos e sem carteira, podem contribuir pagando
uma taxa que varia de 5% a 20% de sua renda. Os autores informaram
ainda que no ano de 2018, 25% das despesas previdenciárias foram pagas
pelas contribuições de trabalhadores, 45% pelos empregadores e 30%
foram pagos pela União.
Um fator preocupante é o número de municípios brasileiros que o
número de aposentados e pensionistas é maior do que os de trabalhadores
com carteira assinada, como é o caso da região metropolitana de São
José do Rio Preto, no interior do Estado de São Paulo, pois, com base
no levantamento do Jornal Diário da Região, através dos dados do INSS,
mais da metade das cidades da referida região, possuem mais aposentados
e pensionistas, do que trabalhadores com carteira assinada. (DIÁRIO DA
REGIÃO, 2021)
O processo de envelhecimento populacional ocorre velozmente,
conforme as informações demográficas, com isso foram realizadas diversas
mudanças nas regras do RGPS, especialmente pra prolongar a vida ativa
dos trabalhadores. Contudo, nas relações de emprego existem barreiras
à contratação e manutenção da mão de obra envelhecida, nem sempre o
empregador está disposto ou adaptado a empregar esse contingente. Com
isso, muitas pessoas poderão não ter uma idade para efeito de aposentaria,
mas considerada avançada o bastante para serem excluídas do mercado
de trabalho. Os processos de reforma nas aposentadorias programáveis
procuram preservar o equilíbrio financeiro do sistema previdenciário,
mas também podem ocasionar também a desproteção social daqueles
que ficam mais distantes da aposentadoria e que não conseguem emprego
(FLUMINHAN, 2019)
Corroborando com as análises Da Nóbrega, Diógenes e Pereira
(2019), discorrem que em decorrência das mudanças demográficas a
respeito do envelhecimento da população, diversos países têm realizados
reformas previdenciárias a fim de implementar maior sustentabilidade
para a seguridade social e ainda equilibrar e mais. No Brasil o
envelhecimento da populacional é uma variável que vem alterando
o perfil demográfico brasileiro. Consequentemente, as mudanças no
mercado de trabalho estão diretamente relacionadas com a Previdência

23
Social, pois, o cálculo do benefício de aposentadoria ou pensão costuma
ser baseado no salário, acompanhando as disparidades sociais e salariais
assim, os autores também discorrem sobre a necessidade do fomento
de políticas públicas no que diz respeito à saúde e educação e mais,
para que se tenham novos idosos bem instruídos com educação formal,
saudáveis e capazes realmente de prolongar seu tempo no mercado de
trabalho pois como o processo está relacionado a qualidade de vida e
oportunidade da população poderá contribuir diretamente para a melhoria
do cenário das contas previdenciárias, em uma outra analise quanto mais
aposentadas, pensionistas e idosas fora do mercado de trabalho, mais a
conta previdenciária aumentará preocupando pelo fato de cada vez mais
cair a relação de ativos x inativos no Brasil, os autores destacaram ainda
que as mulheres são as que mais recebem pensão por morte no Brasil e que
possuem maior longevidade (DA NÓBREGA; DIÓGENES e PEREIRA
(2019).

Considerações finais

Por meio do estudo é possível considerar as causas que levaram as


reformas previdenciárias realizadas desde a Constituição Federal de 1988,
em especifico sobre a EC 103/2019 fica evidente conforme as pesquisas
apresentadas, existem pareceres positivos e negativos, o que é evidente que
a mudança nas características demográficas do Brasil, além da conjuntura
do mercado de trabalho, apresenta um panorama preocupante, com isso
evidencia a necessidade de estudos, estratégias e políticas públicas que
possam equilibrar a sustentabilidade da sistema previdenciário, ainda
a qualidade de vida dos brasileiros, oportunidade de renda, emprego e
dignidade, inclusive como indicado pela ONU (2015) no Objetivo do
Desenvolvimento Sustentável – ODS, estabelece o Trabalho decente e
crescimento econômico, o ODS-8, que indica aos países participantes o
fomento das estratégias para promover o crescimento econômico inclusivo
e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno.
Mesmo com muitas críticas, para muitos à última que a reforma
da Previdência foi necessária, haja vista a relação de sustentabilidade
financeira do sistema previdenciário com o Mercado de Trabalho, por
meio das números expressivos de desemprego evidenciados por estudos
demográficos nos últimos anos, além do envelhecimento populacional,
por meios das pesquisas realizadas o estudo apresentou as relações entre

24
a o estudo apresentou relações entre a previdência social com algumas
variáveis do mercado de trabalho, mais especificamente sobre as questões
que envolvem os índices expressivos de desempregados ou profissionais
subutilizados, os referidos índices por meio da pandemia do COVID-19
ficaram ainda mais evidentes e preocupantes, o que consequentemente
afeta a sustentabilidade com o desequilíbrio na arrecadação da previdência
social e demais processos, acarretando o fomento da situação problemática.
Independentemente da gestão responsável e do momento histórico em
que ocorreram as reformas previdenciárias por meio das EC elas tiverem
o objetivo central na proteção dos direitos previdenciários e das atuais e
futuras gerações, um destaque que costuma estar indicado na maioria das
pesquisas sobre o tema é a preocupação com os trabalhadores mais pobres,
fica evidente a necessidade de proteção desse público, além das pessoas que
em situação de carência e extrema pobreza, com isso esforços em criar e
proteger o emprego e a renda em concomitância com as reformas podem ser
considerados imprescindíveis, inclusive com estímulo a empregabilidade
para pessoas acima dos 50, 60 anos ou mais, haja vista a dificuldade que
esses brasileiros vivenciam para colocar-se e recolocar-se no mercado de
trabalho, por questões culturais como o etarismo, com isso adequações
e mudanças culturais e comportamentais são também imprescindíveis,
pois, para acompanhar a mudança na legislação principalmente a respeito
da faixa etária permitida para aposentaria, faz-se necessário, o fomento e
criação de políticas públicas visando a empregabilidade dessa faixa etária,
por meio de gerações de empregos, oportunidades de renda, mais também
qualificação profissional.
Ademais, é possível refletir que conforme as informações analisadas
e discutidas, que existe grande influência econômica do país sobre as
decisões para as reformas previdenciárias realizadas, com desiquilíbrio
do sistema previdenciário crescente. Como em outros casos, não se deve
repetir reformas que corrompam as contas públicas, os esforços precisam
estar em concomitância com a geração de emprego e renda, além das
mudanças culturais sobre o tema.

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30
CAPÍTULO II
ANÁLISE SWOT DO PLANO DE GESTÃO INTEGRADA
DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PMGIRS) DO MUNICÍPIO DE
PALMAS (TO) NO TOCANTE AOS DOMICILIARES, DE
SERVIÇOS E LIMPEZA URBANA, E AGROSSILVIPASTORIS

Isadora Alves Lovo Ismail


Aymara Gracielly Nogueira Colen
Claudio Fernando De Aguiar
Karla Gonçalves Macedo

RESUMO
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) regulamentada pelo Decreto
nº 10.936 em 12 de janeiro de 2022, estabeleceu que os resíduos devem ter
destinação e disposição adequadas. Dentre outras questões e nos eixos principais
do decreto são contemplados os planos de gestão integrada de resíduos sólidos,
em nível Nacional, Estaduais, Regionais e Municipais, e outras modalidades.
Logo, o presente capítulo apresenta uma análise do Plano Municipal de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS de Palmas – TO, apontando soluções
que estejam respaldadas no diagnóstico de cada particularidade dos resíduos
sólidos urbanos estudados, sendo estes os domiciliares, serviços e de limpeza
urbana e, dos agrossilvopastoris. Por meio de uma pesquisa qualitativa, utilizou-
se os métodos descritivo e exploratório. Foi utlizada ainda a realização de
uma pesquisa-diagnóstico, ademais aplicou-se a análise SWOT no documento
estudado. Assim, a SWOT a partir de dados de gestão e gerenciamento dos
resíduos sólidos, mostrou-se como importante ferramenta para elaboração de
estratégias e tomada de decisões.

Palavras-Chave: Cenários, Ìndices de Qualidade, Saneamento, Sustentabilidade.

SWOT ANALYSIS OF THE INTEGRATED SOLID WASTE


MANAGEMENT PLAN (PMGIRS) OF THE MUNICIPALITY OF
PALMAS (TO) REGARDING DOMICILIARY, SERVICES AND
URBAN CLEANING, AND AGROSILVOPASTORIS

ABSTRACT
The National Solid Waste Policy (PNRS) regulated by Decree No. 10,936 on
January 12, 2022, establishes that waste must have proper mportante and disposal.
Among mpor issues and in the main axes of the decree, plans for the integrated
management of solid waste are contemplated, at the National, State, Regional
and Municipal levels, and mpor modalities. Therefore, this chapter mportant an
analysis of the Municipal Plan for Integrated Solid Waste Management – PMGIRS
of Palmas – TO, pointing out solutions that are supported by the diagnosis of each

31
particularity of the urban solid waste studied, which are household, services and
urban cleaning and, the agrosilvopastoris. Through a qualitative research, using
descriptive and exploratory methods. A diagnostic research was also used, in
addition to the SWOT analysis of the studied document. Thus, the SWOT based
on solid waste management and management data, proved to be an mportante tool
for the elaboration of strategies and decision-making.

Keywords: Scenarios, Quality Indexes, Sanitation, Sustainability.

1. Introdução

Um dos grandes problemas da atualidade é o aumento expressivo da


geração dos resíduos sólidos e do acondicionamento, destinação, disposição
inadequados advindos das atividades domésticas, comerciais e industriais,
urbanas e rurais aqui tratados. Em 1950, apenas 30% da população
mundial vivia em áreas urbanas, uma proporção que cresceu para 55% em
2018 (UNITED NATIONS, 2018). Segundo o relatório What a Waste 2.0
do Banco Mundial (2018), aproximadamente 2,01 bilhões de toneladas de
RSU são geradas anualmente pelo mundo, e espera-se que em 2050 esse
número chegue a 3,40 bilhões de toneladas, um aumento de quase 70%. Em
consequência desse processo, tem-se a formação de problemas econômicos,
sociais e ambientais muito graves, os quais necessitam de manejo,
tratamento, aproveitamento, destinação e disposição adequada, já que
todas as atividades são oferecidas prioritariamente pelos recursos naturais.
Estudos realizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI), pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e pelo
Ministério da Saúde (MS) (2019), ressaltam que a ausência de uma gestão
eficaz ou uma cadeia de produção incompleta dos resíduos sólidos contribui
consideravelmente para a poluição e contaminação dos ecossistemas, além
de danos diretos à saúde humana. Neste sentido, o Novo Marco Legal do
Saneamento, Lei nº 14.026, promulgada em 15 de julho de 2020, delega à
Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) a competência
para editar normas de referência sobre os serviços do saneamento para
protegerem todo o ambiente.
A PNRS, Lei nº 12.305 de agosto de 2010, regulamentada pelo
Decreto nº 10.936 em 12 de janeiro de 2022 estabelece e apresenta
um panorama sistêmico para a gestão e gerenciamento integrados dos
resíduos sólidos, considerando variáveis ambientais e vertentes de
análise, tais como cultura, tecnologia, saúde pública, economia e fatores

32
que, direta ou indiretamente, podem desenvolver impactos. Os principais
pontos do decreto supramencionado estão alicerçados em ações e fatores
para a minimização da geração de resíduos a serem cumpridas até 2040,
como aplicação dos princípios da economia circular, estímulo à mudança
do comportamento dos consumidores, por meio da educação ambiental,
comunicação social, dentre outros.
Dentre os eixos principais do decreto dos resíduos sólidos de atuação
são contemplados: plano de gestão integrada de resíduos sólidos, redução e
reutilização, coleta convencional e seletiva, processo de encerramento dos
lixões e aterros controlados, inclusão social e à emancipação econômica
dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, ampliação e
valorização da reciclagem e a redução da produção de resíduos, além
de Programas (Programa Nacional Lixão Zero, Programa Nacional de
Combate ao Lixo no Mar, Programa Nacional de Recuperação de Áreas
Contaminadas e o Programa de Implementação e Ampliação da Logística
Reversa). Assim, o presente capítulo apresenta uma análise do PMGIRS de
Palmas - TO, apontando soluções que estejam respaldadas no diagnóstico
de cada particularidade dos resíduos sólidos urbanos deste estudo, sendo
os domiciliares, de serviços e de limpeza urbana, e, os agrossilvopastoris.

2. Procedimentos metodológicos

O procedimento metodológico escolhido foi o qualitativo.


Mascarenhas (2018) afirma que este é utilizado para descrever o objeto de
estudo com mais profundidade e, segundo o objetivo geral, a pesquisa pode
ser exploratória e descritiva. Como exploratória, os autores realizaram um
estudo aprofundado sobre o do PMGIRS de Palmas-TO. Em concomitância
também foi utilizado a descritiva, contendo as características do processo
de gestão integrada de resíduos sólidos do referido município, utilizando
algumas informações sobre a conjuntura econômica do mesmo.

2.1 Seleção para Análise do PMGIRS de Palmas-TO

A definição da seleção do PMGIRS da capital tocantinense (Figura


1) se deu por ser a cidade mais nova do país, fundada em 1989, e está
relacionado ao fato da cidade ter sido projetada, considerada planejada.
O atual Plano Diretor (Participativo) Municipal estabelece-se por
meio da Lei Complementar nº 400, de 2 de abril de 2018 e, o Art. 5ª

33
(Capítulo I), bem como a Lei Orgânica (Capítulo II) atualizada em 2016,
diretamente sob saneamento. Verificou-se ainda, que, a Subseção IV contido
no Capítulo Único da Lei Complementar, denominada Sistema Municipal
de Infraestrutura Verde (SisMIV), se refere às Áreas Ambientalmente
Controladas (AACs) demarcadas para controle e monitoramento de
impactos ambientais (Art. 119 - Anexo IX) pois nestas encontram-se as
estruturas hidrossanitárias e diversas de áreas verdes protegidas.

Figura 1. Localização do município de Palmas (TO)

Fonte: (SILVA, 2022).

Identificou-se ademais, que o Índice de Desenvolvimento Humano


Municipal (IDHM), (formado por 200 indicadores socioeconômicos
acompanhados por Longevidade, Educação e Renda) que Palmas se
aproximou do número 1, o que revela um índice significativamente positivo
(Quadro 1) (IPEA (2013; IDHM, 2010). Importante também ressaltar que
a população estimada da capital é de 313.349 habitantes (IBGE, 2021).

34
Quadro 1. Seleção do PMGIRS de Palmas-TO
Demonstrativo de Ìndices e Indicadores Valores
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) 0,788
Domicílios com esgotamento sanitário adequado 67,6%
Domicílios urbanos em vias públicas com arborização 79,9%
Domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada. 31,3%
Fonte: (IDHM, 2010), IPEA (2013), IBGE (2021).

2.2 Aplicação da Matriz Swot

A partir das informações apresentadas no PMGIRS de Palmas –


TO, integrado ao Volume IV do Plano Municipal de Saneamento Básico
(PMSB) - Anexo IV do Decreto n° 700, de 15 de janeiro de 2014, aplicou-
se a matriz SWOT às informações de gestão e gerenciamento dos resíduos
sólidos domiciliares, de serviços e limpeza urbana, e, agrossilvopastoris
do município em estudo. Bozzini e Schalch (2021) afirmam que esta
ferramenta é importante para elaboração de estratégias e tomada de decisões
por meio de análises dos ambientes interno e externo e sequencialmente,
como essas variáveis impactam positivamente (forças e oportunidades) ou
negativamente (fraquezas e ameaças).

3. Revisão da Literatura

3.1 Classificação dos Resíduos Sólidos

O Art. 3º da Lei Federal nº 12305/2010, no item XVI que trata da


PNRS, diz que:
Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem
descartado resultante de atividades humanas em sociedade,
a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se
está obrigado a proceder, nos estado sólido ou semissólido,
bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnica ou economicamente inviável em face
da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

A legislação supracitada classifica no artigo 13 os resíduos, quanto


à origem e quanto à periculosidade. Sobre a origem são apresentados os
respectivos resíduos: domiciliares, limpeza urbana, sólidos urbanos, esta-
belecimentos comerciais e prestadores de serviços, serviços públicos de
35
saneamento básico, industriais, de serviços de saúde, da construção civil,
agrossilvopastoris, de serviços de transportes e de mineração. Sobre a pe-
riculosidade, são divididos em perigosos e não perigosos (BRASIL, 2010).
Os resíduos sólidos urbanos desta pesquisa estão englobados nas
alíneas “a” e “b do artigo 13 da Políticas Nacional de Resíduos Sólidos
(Brasil, 2010), com os resíduos domiciliares e os resíduos de serviços e de
limpeza urbana:
a) Resíduos Domiciliares: os originários de atividades domésticas
em residências urbanas, podem ser materiais orgânicos (restos de
alimentos, madeiras, dejetos humanos), dentre outros, e inorgânicos
(embalagens, vidros, tipos de papéis) (SNIR, 2019).
b) Resíduos de Serviços de Limpeza Urbana: os originários da
varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e, outros serviços
de limpeza urbana. Inclui também parques e áreas de lazer; poda
de arborização pública; limpeza de locais ou ruas onde ocorrem
feiras livres; limpeza de bocas de lobo, galerias e córregos; limpeza
de canais e dragagem; limpeza e desobstrução de dispositivos de
drenagem de águas pluviais urbanas, como bocas de lobo e galerias;
limpeza de margens de rios e córregos existentes em áreas urbanas;
limpeza de praias marítimas, fluviais ou lacustres; remoção de
animais mortos; combate a vetores de doenças; coleta/remoção de
resíduos volumosos; atividades complementares, como pintura de
meios-fios, limpeza de monumentos e retirada de faixas e cartazes
colocados irregularmente em locais públicos (ABRELPE, 2015
apud SCHALCH et al., 2019, p. 190).
A Figura 2 representa os resíduos sólidos urbanos da pesquisa em
questão.

Figura 2. Ilustrações Representativas dos Resíduos Sólidos Urbanos


A B

Fonte:: (SÃO PAULO, 2014). Fonte: (RESOL, S/D).

36
São recomendadas por pesquisadores de referência as NBRs
10004:2004 (classificação de resíduos), 10005:2004 (lixiviado de resíduos
sólidos), 10006:2004 (solubilizado de resíduos sólidos) e 10007:2004
(amostragem de resíduos sólidos) (ABNT 2004), para caracterização
destes materiais. Corrobora-se, por fim, a Instrução Normativa 13/2012
do IBAMA, pois conta a Lista Brasileira de Resíduos Sólidos.
c) Resíduos Agrossilvopastoris (alínea i do Art. 13): são gerados nas
atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados
a insumos utilizados nessas atividades. Podem ser classificados
como orgânicos e inorgânicos (Figura 3).
Os orgânicos (C1) são aqueles gerados nos setores de agricultura e
agropecuária, além dos efluentes e resíduos produzidos nas agroindústrias,
como abatedouros, laticínios e graxarias, dentre outros. Os inorgânicos
(C2), por sua vez, são os gerados no setor que abrangem as embalagens
produzidas nos segmentos de agrotóxicos, fertilizantes e insumos
farmacêuticos veterinários, e ainda resíduos sólidos domésticos da área
rural (RODRIGUES, et al. 2013).

FIGURA 3. FOTOS REPRESENTATIVAS DOS RESÍDUOS


AGROSSILVOPASTORIS ORGÂNICOS(C1) E INORGÂNICOS(C2).
C1 C2

Fonte: (PORTAL DO AGRONEGÓCIO, S/D) Fonte: (ADNORMAS, 2020)

3.2 Diagnóstico dos Resíduos Sólidos

a) Resíduos Domiciliares
No diagnóstico situacional do Plano Municipal de Saneamento
Básico (PMSB) de Palmas, no que se refere ao sistema de limpeza urbana
e manejo de resíduos sólidos, evidenciou uma média de geração diária de
resíduos sólidos urbanos de 181.406,25kg e per capita de 0,78 kg/hab./dia
(PALMAS, 2014).

37
Pode-se observar que o valor estimado de geração de
resíduos sólidos no município de Palmas está dentro
do valor de referência que é de 0,50 a 0,80 kg/hab./dia
para municípios com população entre 30 mil e 500 mil
habitantes, classificados como cidades médias, onde se
enquadra o município estudado (PMSB, 2014, p. 115).

Segundo Mello (2019), no volume VI deste PMSB, que trata


dos resíduos sólidos urbanos, quantificou-se, por meio da composição
gravimétrica, que, 48% do total de Resíduos Sólidos Domiciliares e
Comerciais (RDO) que chegam ao aterro sanitário são materiais recicláveis
(PMSB, 2014). Devido à ausência de dados primários para a quantificação
destes resíduos foi adotado o valor de 15 % da geração total de RDO,
conforme apresentado pelo Conselho Internacional para Iniciativas
Ambientais Locais ICLEI–Brasil (2012). Deste modo, a quantidade total
de RLU no horizonte temporal do PMGIRS do município de Palmas/
TO (2014-2043) para o Cenário Tendencial seria de 488.598 toneladas,
enquanto que no Cenário Desejável haveria uma geração total de 440.781
toneladas (PALMAS, 2014).
A Figura 4 apresenta o diagrama de bloco elaborado para repre-
sentar o processo realizado no gerenciamento dos resíduos domiciliares
conforme PMGIRS de Palmas.

Figura 4. Diagrama de Blocos de Resíduos Domiciliares – Palmas (TO)

Fonte: (PALMAS, 2014) (adaptado).

Neste mesmo Plano foi diagnosticado nos primeiros seis meses


de 2013 que foram aterrados em média 5.655,80 toneladas/mês. No ano
de 2018 a média de volume diário recebido no aterro sanitário foi 270
toneladas de resíduos, chegando a 8.000 toneladas/mês. No entanto,
somente 3% da média mensal de materiais passíveis de reciclagem foram
recuperados, e assim equivaleu a 169,67 toneladas/mês (PALMAS, 2014).

38
b) Resíduos de Serviços e Limpeza Urbana
A limpeza urbana está associada aos serviços de saneamento
básico, ao lado do abastecimento de água potável, esgotamento sanitário
e drenagem das águas pluviais urbanas. Os serviços de limpeza urbana
são essenciais, pois evitam a proliferação de transmissores de doenças,
a poluição do solo e de corpos d’água (SCHALCH et al., 2019, p. 189).
De acordo com Palmas (2014) devido à ausência de dados primários
para a quantificação destes resíduos foi adotado o valor de 15 % da geração
total de resíduos sólidos domiciliares para quantificar os Resíduos de
Limpeza Urbana (RLU). Dessa forma, no horizonte temporal do PMGIRS
do município de Palmas/TO (2014-2043) para o Cenário Tendencial seria
de 488.598 toneladas, enquanto que no Cenário Desejável haveria uma
geração total de 440.781 toneladas. Assim, a geração de RLU no Cenário
Tendencial seria crescente iniciando com 10.693,75 toneladas no ano de
2014 e atingindo um valor, aproximadamente 99,36%, superior no ano de
2043, ou seja, 21.318,58 toneladas.
Por meio das informações do PMGIRS de Palmas (2014) segue
diagrama de bloco do processo realizado no gerenciamento dos resíduos
de limpeza urbana de Palmas (Figura 5).

Figura 5. Diagrama de Blocos de Resíduos de limpeza Urbana-Palmas (TO)

Fonte: (PALMAS, 2014) (adaptado).

A média da coleta urbana diária atingiu aproximadamente 240


toneladas para o aterro sanitário da cidade, e segundo o melhor Índice de
Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU), Palmas obteve no ano desta
pesquisa, o melhor ISLU 0,690 (ISLU, 2019).

c) Resíduos Agrossilvopastoris
Segundo dados da Produção Agrícola Municipal do ano de 2011,

39
disponibilizado pelo IBGE, a maior produção foi a de soja, que atingiu
cerca de 1,95% (23.250 toneladas) da produção de todo o estado do
Tocantins (PALMAS, 2014).
O PMGIRS de Palmas relatou que devido à ‘baixa’ produção
agrícola do município não há uma grande utilização de agroquímicos,
e assim não compreendem ampla diversidade de substâncias químicas
sintéticas, incluídas nestas, inseticidas, herbicidas e fungicidas, cujas
aplicações dependem do tipo de cultura e estágio da plantação (PALMAS,
2014). A Figura 6 apresenta o diagrama desenvolvido pelos autores, por
meio do subsídio do PMGIRS da capital tocantinense.

Figura 6. Diagrama de Bloco - Resíduos Agrossilvopastoris - Palmas (TO)

Fonte: (PALMAS, 2014) (adaptado).

No Brasil, dados levantados pelo SINIR (2019) gerou no ano da


pesquisa um montante de 632.106,00 toneladas de massa total de resíduos
agrossilvopastoris (RASP), considerando 100 municípios declarantes no
SNIS. Já pelos índices de produção agropecuária e silvicultura para o ano
de 2015 (PNRS, 2022) verificou-se que a estimativa de geração de RASP
no país foi de aproximadamente 775 milhões de toneladas.
No aspecto referente ao gerenciamento das embalagens vazias de
agrotóxicos não foi observada unidade específica para o armazenamento
de tais resíduos, que são objeto de obrigatoriedade de logística reversa,
e cujo sistema é definido e consolidado no país. Segundo informações
da Secretaria de Desenvolvimento Rural, não existem no município de
Palmas locais oficiais de entrega de embalagens vazias de agrotóxicos
(PALMAS, 2014). Neste sentido, cabe mencionar que a agropecuária não
foi considerada uma atividade de destaque no município, embora dados do
Estado do Tocantins sejam expressivos.
No site da ADAPEC (2016), assim como no portal do Instituto
Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV), que atua
como unidade gestora nas atividades de destinação de embalagens

40
vazias e sobras pós-consumo de defensivos agrícolas, possui o endereço
das sete unidades de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos
no Tocantins (Pedro Afonso, Silvanópolis, Araguaína, Tocantinópolis,
Colinas do Tocantins, Gurupi e Lagoa da Confusão). Neste ano foram
devolvidas 605.242 kg de embalagens vazias pelos produtores rurais
nos estabelecimentos itinerantes, postos e centrais de recebimento
(TOCANTINS, 2017).
4. Análise dos resultados

4.1 Matriz Swot dos Resíduos Domiciliares e de Serviços e Limpeza


Urbana

No quadro a seguir é apresentada a matriz SWOT do PMGIRS do


município de Palmas, fundamentado pelas informações apresentadas no
PMSB de Palmas (2014).
Quadro 2. Matriz Swot Resíduos Domiciliares e de Serviços e Limpeza
Urbana-Palmas (TO)
Ambiente Interno
Forças
- Coleta convencional de resíduos sólidos domiciliares, comerciais e de prestadores de
serviço na área urbana atende 100% dos domicílios;
- Coleta Convencional de RDO na área rural;
- Disposição atual de rejeitos e resíduos sólidos não recuperados provenientes de
domicílios, comércio e de prestadores de serviço no aterro sanitário;
- Áreas contaminadas mapeadas no diagnóstico situacional pela disposição de resíduos
sólidos;
- Coleta Seletiva realizada pela Associação e Cooperativa de Catadores,
- Sistemas de logística reversa para os resíduos de obrigatoriedade;
- Associação e/ou Cooperativas de Catadores;
- Possui Órgão executivo específico para o setor de resíduos sólidos;
- Possui Sistema de monitoramento específico para o sistema de limpeza urbana e manejo
de resíduos sólidos,
- Forma de cobrança pelos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;
- Empresas de comercialização e industrialização de materiais recicláveis instaladas no
município;
- Empresas beneficiadoras de material compostável - Diagnosticado 01 empresa privada que,
através de convênio com a Prefeitura Municipal, opera o viveiro municipal, beneficiando
os resíduos de poda, capina e roçada para utilização em processo de compostagem;
- Empresas no ramo de resíduos de logística reversa - Diagnosticado 01 empresa privada
que realiza a coleta e recebe resíduos eletroeletrônicos;

41
- Incentivos fiscais, financeiros e creditícios para o manejo de resíduos sólidos;
- Instrumento legal autorizando a forma de prestação por meio de Parcerias Público-
Privadas;
- Política Municipal de Meio Ambiente;
- Lei do Plano Diretor - Instituída;
- Serviço de Varrição atende toda a área urbana;
- Varrição manual em aprox. 8.000 km/mês e varrição mecanizada em aprox. 4.600 km/mês;
- Serviço de capina, roçada e podas atende toda a área urbana;
- Serviço de limpeza, lavagem e desinfecção públicos é executado nos dias posteriores à
realização de feiras livres e eventos públicos e o Serviço de limpeza de praias artificiais é
realizado diariamente;
- Destinação dos Resíduos Verdes;
- Viveiro Municipal, prevendo o beneficiamento e posterior reaproveitamento;
- Destinação dos resíduos de varrição e manutenção de vias e logradouros públicos para
o aterro Sanitário;
- Possui um Órgão executivo específico para o setor de resíduos sólidos.
Fraquezas
- Unidade de Triagem de Resíduos e Unidade de Compostagem inexistentes;
- Planejamento inexistente para recuperação da área degradada por disposição final de
resíduos sólidos;
- Coleta seletiva não atende todo o município
Ambiente Externo
Oportunidades
- Prioridade no acesso aos recursos da União para os municípios que optarem por “soluções
consorciadas intermunicipais” para a gestão dos RSU;
- Prioridade de recursos para outros serviços de Saneamento Básico (União e Estado);
- Disputa de mercado para consumo de produtos derivados de materiais reciclados e
recicláveis no mercado;
- Possibilidade de comercialização de recicláveis e obtenção de melhores preços;
- Crescente mercado de compostos orgânicos;
- Parceria entre instituições de ensino superior públicas e privadas de outras regiões;
- Possibilidade de atração de investimentos e empresas no município;
- Envolvimento e maior participação popular nos assuntos do município;
- Percepção da importância da questão dos resíduos por parte da população;
- Instituição de consórcios intermunicipais;
- Realização de acordos setoriais para implantação de logística reversa;
- Expansão dos programas de educação ambiental e capacitação técnica em resíduos sólidos.
Ameaças
- Concorrências com empresas e catadores autônomos que compram os materiais
recicláveis e reutilizáveis;
- Carência de respaldos governamentais para implantação de acordos setoriais;
- PNRS não preparou previamente os municípios antes de conferir-lhes responsabilidades;
- Dificuldades para captação de recursos financeiros;
- Falta de mão de obra qualificada: geral e especializada;
- Falta de cobrança e participação da população.
Fonte: (PALMAS, 2014) (adaptado) e (Bozzini e Schalch, 2022).

42
4.1.1 Matriz Swot dos Resíduos Agrossilvopastoris - Palmas (TO)

Quadro 3. Matriz Swot dos Resíduos Agrossilvopastoris - Palmas (TO)


Ambiente Interno
Forças Fraquezas
Aproveitamento significativo dos resíduos Programas, Projetos e Metas (Ações
orgânicos pelas agroindústrias e setores Incipientes)
Programa 3 – Soluções Tecnológicas Ausência de dados quantitativos e
(fomento à economia e reaproveitamento de qualitativos no PMGIRS de outros
resíduos) agroresíduos (além da soja)
Ambiente Externo
Oportunidades Ameaças
Insumos para laboratórios de pesquisa Ausência de aplicação da logística reversa
científica (resíduos inorgânicos)
Material para aplicação Tecnológico Ausência de pontos Oficiais de Coleta
(Biorrefinaria) (orgânicos e inorgânicos)
Fonte: (PALMAS, 2014) (adaptado).

4.1.2 Prognóstico dos Resíduos do PMGIRS

Aos resíduos sólidos urbanos, para os demais fluxos de resíduos


previstos na PNRS, o principal desafio é a estruturação de sistemas de in-
formação unificados a partir de fontes de dados permanentes e confiáveis,
que darão subsídios para diretrizes específicas aos resíduos (industriais,
de serviços de saúde, da construção civil, agrossilvopastoris, de serviços
de transporte, de serviços públicos de saneamento básico, e de mineração)
(TOCANTINS, 2017).
Casais et al. (2020) discorrem que a quantidade de resíduos sólidos
em um município está relacionada com o crescimento da população,
destacam também que cidade de Palmas, capital do Tocantins, uma cidade
planejada localizada no norte do país, que dispõe de um aterro sanitário
e realiza coleta seletiva ainda insuficiente, a população é atendida
diariamente pela coleta porta a porta, e que o setor de manejo de resíduos
sólidos é responsável pela geração de uma grande quantidade de empregos
na cidade.
A Figura 7 mostra possíveis cenários, revelando um Prognóstico
do Sistema de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos. Este
consiste no estudo das estimativas futuras da população e da geração de

43
resíduos sólidos urbanos no município de Palmas/TO, o qual considerou
fatores críticos que afetam diretamente ou indiretamente os dois cenários
hipotéticos considerados (PALMAS, 2014, p. 121).

Figura 7. Cenários definidos pelo PMGIRS de Palmas (TO) para


os RSU

Fonte: (PALMAS, 2014, p. 122).

O Estado do Tocantins consolida-se com avanços na capacidade


de gestão de suas políticas com aspectos compensatórios ou reativos na
área social, ambiental e regional. A combinação entre condições externas
e processos internos promove moderada recuperação da economia
brasileira e melhoria das condições de vida, com superação gradativa das
desigualdades sociais e redução da degradação ambiental (TOCANTINS,
2017).
Apesar dos desafios, a exemplo do quanto previsto para os resíduos
sólidos urbanos, observa-se avanços junto a tais fluxos, dentre os quais
cabe destacar a expansão das unidades de tratamento biológico de resíduos
agrossilvopastoris, que permitirão a reciclagem da matéria orgânica
(TOCANTINS, 2017).
No contexto internacional da gestão de resíduos, observa-se a
incorporação crescente de práticas focadas em um ambiente de economia
circular, estimulando soluções que rompam com a linearidade da
disposição final e valorizem os resíduos como insumos para a produção de
novos produtos. Com o desvio da disposição final, diferentes processos e
rotas tecnológicas para redução, aproveitamento e tratamento dos resíduos
passam a ter viabilidade, sendo incorporados às diferentes realidades.
Ademais, políticas para restrições de materiais descartáveis e de uso único
são crescentes, e o redesign de produtos com matérias-primas recicláveis
torna-se uma prioridade em diversos lugares (TOCANTINS, 2017).
Casais et al (2020) destacam que em relação a disposição final dos

44
resíduos sólidos, a cidade é composta por um aterro sanitário localizado em
area rural à 26 Km do centro do município, com uma área de 95 hectares e
no ano de 2020 foi iniciada a ampliação, por meio da construção da sexta
célula para o depósito de resíduos sólidos.

4.1.3 Ações para Execução do PMGIRS

Para o alcance das metas das ações estabelecidas foram definidos


Programas contendo Projetos e Ações para o atendimento dos problemas
diagnosticados. A seguir são apresentados os programas evidenciados que
se referem às ações do PMGIRS de Palmas (2014) (Quadro 4).

Quadro 4. Programas/Ações do PMGIRS de Palmas (2014)


RESÍDUOS DOMICILIARES, DE SERVIÇOS E LIMPEZA URBANA
Programa 1. Serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos com qualidade a
todos
Programa 2. Disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos gerados e
valorização das atuais áreas de disposição final
Programa 3. Redução, Reutilização e Reciclagem
Programa 4. Participação e capacitação técnica de grupos interessados
Programa 5. Qualificação, estruturação e fortalecimento institucional e gerencial
Programa 6. Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos com equilíbrio econômico
financeiro
Programa 7. Fonte de negócios, emprego e renda
Programa 8. Adequação, complementação e convergência do arcabouço legal municipal
Programa 9. Programa de Educação Ambiental na Gestão e Gerenciamento de Resíduos
Sólidos
RESÍDUOS AGROSSILVOPASTORIS
Programa 3: Redução, Reutilização e Reciclagem (Promover soluções tecnológicas
para o reaproveitamento de resíduos agrossilvopastoris)
Fonte: (PALMAS, 2014) (adaptado).

Considerações finais

No PMGIRS de Palmas foram apresentados os estudos de projeção


populacional e de geração das diversas tipologias dos resíduos sólidos,
que estabelecem as demandas futuras a serem atendidas pelo município
ao longo do horizonte temporal de 30 anos (2014-2043). Portanto, ao
final do horizonte temporal deste instrumento de gestão espera-se que
no Cenário Desejável da geração per capita reduza para 0,753 kg/hab.

45
dia. No Cenário Tendencial, por sua vez, haveria um incremento no valor
atingindo aproximadamente 0,906kg./hab.dia em 2043.
Conforme o novo marco legal do saneamento básico (2020), a
revisão do plano do município deve ser realizada num período de até 10
anos a partir de sua aprovação, pois assim, pressiona-se o avanços do
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos pretendidos.
A utilização da ferramenta matriz SWOT a partir de dados de
gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos mostrou-se como importante
ferramenta para elaboração de estratégias e tomada de decisões, pois
revela fortalezas.
Dentre os resíduos que podem ser utilizados na recuperação
energética, estão os restos de alimentos, materiais higiênicos descartáveis,
plásticos, entre outros, pois consiste em aproveitar o alto poder calorífico
contido nos resíduos transformando-os em algum tipo de energia. Ademais,
cada vez mais o setor (agro)industrial é pressionado a adotar técnicas de
manejo dos resíduos, buscando benefícios energéticos, econômicos e
ambientais.

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a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a
propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final
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50
CAPÍTULO III
APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL PELOS
GESTORES NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL E
RESULTADOS

Scárlatti Silva Xavier


Ana Lúcia de Paula Ferreira Nunes

RESUMO
Estudar e entender a área de gestão de pessoas é uma ferramenta-chave para o
desenvolvimento de estratégias organizacionais, uma vez que são as pessoas
que fazem com que cada processo ocorra. Neste contexto, a presente estudo tem
como objetivos diagnosticar a importância da inteligência emocional no ambiente
organizacional e sua aplicabilidade na gestão. Constata-se de relevância,
pois demonstra os benefícios da aplicabilidade e o equilíbrio no ambiente de
trabalho, que o profissional desenvolve para a construção dos relacionamentos
positivos durante o empreendimento, sendo inteligente ao direcionar o trabalho
com a finalidade de propiciar uma melhoria contínua nos relacionamentos entre
os membros da equipe, as partes interessadas e a organização. A metodologia
utilizada foi uma revisão bibliográfica, em estudiosos da área, levantamentos
realizados através de artigos científicos publicados, livros, teses, dissertações
e sites. Observou-se que o tema em questão é explorado por diversos autores,
principalmente por Daniel Goleman, considerado pai da Inteligência Emocional,
embora ele não tenha definido o conceito academicamente, após a publicação
de seu livro Inteligência Emocional, em 1995, o conceito tornou-se conhecido
mundialmente. Conclui-se que a IE tem papel fundamental nas organizações,
auxiliando na gestão de conflitos e na motivação dos colaboradores de sua
equipe, mostrando que o uso inteligente e adequado das emoções no contexto
organizacional, contribui para um melhor desempenho e a geração de resultados
positivos.

Palavra-chave: Inteligência Emocional. Organizações. Aplicabilidade na Gestão.

APPLICATION OF EMOTIONAL INTELLIGENCE BY MANAGERS


IN THE ORGANIZATIONAL ENVIRONMENT AND RESULTS

ABSTRACT
Studying and understanding the area of people management is a key tool for
the development of organizational strategies, since it is people who make each
process occur. In this context, the present study aims to diagnose the importance
of emotional intelligence in the organizational environment and its applicability
in management. It is relevant, as it demonstrates the benefits of the applicability
and the balance in the work environment, which the professional develops to

51
build positive relationships during the enterprise, being intelligent when directing
the work with the purpose of providing a continuous improvement in the
relationships among the team members, the stakeholders, and the organization.
The methodology used was a bibliographic review, in scholars of the area, surveys
conducted through scientific articles, books, theses, dissertations, and websites. It
was observed that the theme in question is explored by several authors, mainly by
Daniel Goleman, considered the father of Emotional Intelligence, although he has
not defined the concept academically, after the publication of his book Emotional
Intelligence, in 1995, the concept became known worldwide. We conclude that
EI plays a fundamental role in organizations, helping in conflict management and
motivating team members, showing that the intelligent and appropriate use of
emotions in the organizational context contributes to a better performance and the
generation of positive results.

Keywords: Emotional intelligence. Organizations. Applicability in Management.

1. Introdução

Com o passar do tempo, para tornar o ambiente de trabalho mais


saudável e produtivo, muitos estudos realizados por pesquisadores
mostraram que a Inteligência Emocional deve ser aplicada no ambiente
de trabalho. Ser um profissional técnico reconhecido é relevante em todo
processo de interação e produção, entretanto, não basta que se tenha apenas
conhecimentos técnicos, mas também autoconhecimento e controle sobre
si mesmo, de forma a evitar os conflitos e se necessário, buscar soluções
de forma pacifica, equilibrada, racional e hábil para si próprio.
A inteligência emocional impacta diretamente no ambiente
profissional, e assim como o autoconhecimento, esta habilidade deve ser
trabalhada constantemente (LIMA et al., 2022). É notório que a IE pode
ocasionar impactos positivos e a ausência dela impactos negativos nos
colaboradores (LIMA et al., 2022).
Para Mayer e Salovey (apud LIMA et al., 2022) a IE é a capacidade de
perceber, avaliar e expressar emoções com precisão; a capacidade de acessar
e/ou gerar sentimentos quando estes facilitam o pensamento; a capacidade
de entender as emoções e o conhecimento emocional e a capacidade de
regular emoções para promover o crescimento emocional e intelectual.
Em complemento, para Woyciekoski e Hutz (apud TOURINHO,
2019, p.22), a inteligência emocional trata-se de um construto recente da
Psicologia, sendo um dos tipos de inteligência de mais discussão nos dias
atuais, refletindo a maneira como a inteligência interage com os aspectos
emocionais, o que implica as dificuldades em medi-la.

52
Este estudo é relevante porque poderemos compreender como que
a IE1 é formada e aplicada pelos gestores para trazer bons resultados para
a organização com um bom ambiente de trabalho e funcionários mais
motivados. Para a sociedade e para quem é empreendedor, será uma boa
oportunidade de estudo para compreender e aplicar a IE como ferramenta
para gerir melhor sua equipe de trabalho.
Desse modo, o objetivo com este estudo será mostrar a aplicabilidade
da Inteligência Emocional dentro das organizações, na expectativa de um
bom ambiente de trabalho e alcance dos objetivos e metas da organização.
O estudo será dividido da seguinte forma: Formação da Inteligência
Emocional; A Inteligência Emocional aplicada nas organizações;
Ambiente Organizacional faz Empresas.
Um profissional com a IE desenvolvida desempenha habilidades
necessárias para um trabalho em equipe, controla suas emoções,
reconhece suas emoções positivas e negativas, o que contribui para sua
ascensão profissional (LIMA et al., 2022). E ainda que cada líder tenha
um estilo próprio de liderança, os gestores podem trabalhar também
suas aptidões para o relacionamento e comunicação com suas equipes de
trabalho, visando o desenvolvimento destas de maneira saudável (GOBBI;
RIBEIRO; BIAZON, 2016 apud TOURINHO, 2019, p.15).

2. Procedimentos metodológicos
A metodologia será exploratória e descritiva para relacionar,
conceituar e fundamentar este estudo. Uma revisão bibliográfica,
em livros, teses, dissertações, artigos e sites que tenham pesquisas
referentes ao tema em estudo.

3. Revisão da literatura

3.1 Formação da inteligência emocional

A Inteligência Emocional (IE), é uma área com possibilidade


crescimento que envolve diversas áreas de estudo. As definições
de IE ocorreu por meio de muitos estudos na década de 1990.
As pesquisas começaram abordando características teóricas com
medição e comprovação empírica, fundamentado nos modelos
psicométricos da inteligência (MAYER, 2002).
1
IE: Inteligência Emocional.

53
Em pesquisa acadêmica, esses conceitos foram defendidos por
Salovey e Mayer (1990), que agregaria as habilidades de examinar as
emoções, os próprios sentimentos e entre outros. Em pesquisas empíricas,
apresentaram as habilidades que os indivíduos possuíam ao mostrar as
emoções em cores, rostos e formas (MAYER, et. al., 1990).
Há autores que definiram as habilidades como uma forma de
compreensão e raciocínio e outros entenderam como um envolvimento de
várias capacidades mentais que eram independentes.
Entre os anos de 1994 e 1997, a Inteligência Emocional se
popularizou quando Daniel Goleman (1996), lançou o livro “Emotional
intelligence”, e como resultado, aumentou as definições de IE que agregou
as características da personalidade. A IE tem como características,
identificar de forma minuciosa, examinar as expressões emotivas, de
perceber, entender o conhecimento emocional e conseguir conter as
emoções (MAYER & SALOYEY, 1997).
A partir desta revisão, o processamento de informações
emocionais foi explicado através de um modelo de quatro
níveis: (a) percepção acurada das emoções; (b) uso da
emoção para facilitar pensamento, resolução de problemas
e criatividade; (c) compreensão de emoções; e (d) controle
de emoções para crescimento pessoal (WOYCIEKOSKI;
HUTZ, 2009, p. 3).

A percepção Emocional (PE), forma uma base nas habilidades da


IE, para repensar a competência para identificar as emoções distintas em
si e nas pessoas de forma apurada. A PE2 também pode ser entendida
como uma competência tratar com diferentes casos pessoais, conforme o
elemento emocional agir como recurso de informação (WOYCIEKOSKI;
HUTZ, 2009).
Para simplificar o pensamento, a emoção qualifica o pensamento
para criar as emoções, assim como as raízes das etapas cognitivas. Para
Forgas (1995), as emoções podem atuar nas etapas do pensamento através
de facilidades específicas que são estratégicas para o processamento da
informação.
As pessoas que conseguem envolver suas emoções com a cognição,
tendem a usar as emoções satisfatórias para aperfeiçoar a criatividade e
assimilar as informações de forma adaptável. E essas pessoas iriam realizar
poucos esforços cognitivos ao processar as informações e ao resolver os
2
PE: Percepção Emocional

54
problemas relacionados a questões emocionais (SCHWARZ, 1990). “A
capacidade de Compreensão Emocional (CE) estaria relacionada a três
habilidades: (a) capacidade de identificar emoções e codificá-las; (b)
entender os seus significados, curso e a maneira como se constituem
e se correlacionam; e (c) conhecer suas causas e consequências”
(WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2009, p. 4).
A CE3 mostra como que uma pessoa consegue entender os
significados e casos emocionais, por meio do uso de etapas da memória
e codificação emocional (MAYER, 2002). O Gerenciamento Emocional
(GE4), reproduz de ajustar as emoções em si e em outras pessoas, ou seja,
criar emoções positivas e diminuir as negativas, segundo (MAYER &
SALOVEY, 1997).
As pessoas que são conseguem ser mais dinâmicas nessas
mudanças, conseguem alterar em diversas áreas e situações (LYONS &
SCHNEIDER, 2005). Bem como ter a alternativa de diminuir as emoções
intensas, e poderia ter experiências emocionais que gerariam sentimentos
de auto-controle. E principalmente, no controle emocional, interpretaria a
habilidade de controlar as emoções com o intuito de propiciar bem-estar e
crescimento emocional.
A inteligência emocional, objeto deste estudo, onde cita a importância
do controle das emoções como fator essencial para o desenvolvimento
do indivíduo como líder e na melhoria da comunicação/relacionamento
interpessoal, tornando o ambiente de trabalho, mais atrativo, saudável e
produtivo (CURY, 2006 apud MOREIRA, 2017, p.87).

3.2 Características da Inteligência Emocional

Segundo Matthews et. al. (2007), para entender a IE é preciso


compreender as emoções, pois as próprias características multidimensionais
das emoções geram definições de IE de forma complexa. Para o Smith
e Lazarus (1990), as emoções geram muitas consequências e bem-estar
subjetivo nas pessoas, em sua saúde física e mental, além de influenciar
em outras áreas como capacidade e resolução de problemas.
As pessoas com prática emocional bem desenvolvida têm
mais probabilidade de se sentirem satisfeitas e de serem
eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentais
3
CE: Compreensão Emocional
4
GE: Gerenciamento Emocional

55
que fomentam sua produtividade; as que não conseguem
exercer nenhum controle sobre sua vida emocional
travam batalhas internas que sabotam a capacidade de
concentração no trabalho e de lucidez de pensamento
(GOLEMAN, 2011, p.79).

Campos e Barret, recomendaram que são as relações das pessoas


encarregadas pelo ambiente externo, assim como pela manutenção, e os
vários processos são as principais características da emoção. Dessa forma,
a emoção condiz com uma relação psicológica de difícil compreensão,
que agrega inteligência e emoção, o impulso para agir, características
sociais, da personalidade. E quando acrescidos das mudanças fisiológicas,
expressam importantes acontecimentos do bem-estar da pessoa no
ambiente (WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2009).
As competências emocionais são fundamentais nas relações sociais
porque elas são comunicativas e sociais, além de ter informações referentes
ao pensamento e o que a pessoa deseja (WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2009).
Para ter um status de inteligência, de acordo com teóricos como
Mayer, Caruso e Salovey (2000), a IE precisa seguir alguns critérios rígidos
para obter esse status e suas características como conceitual, correlacional
e desenvolvimental. A IE, além de ter as habilidades que agregam o
processamento cognitivo da informação afetiva e emocional, ela também
pode ser entendida tendo mais habilidades como por exemplo, entender e
gerir as emoções. Foi a partir disso que surgiram novas possibilidades da
IE, como as alternativas que Baron (1997) propõe, com vastas alternativas
como dimensões e personalidades.
Para Goleman (1996), a IE agrega autoconsciência, autocontrole,
zelo e entre outras características. Ele também definiu a IE como um
caráter e que ela define o sucesso e o fracasso nas relações e experiências
do dia a dia, pois em gestão e liderança, ela corresponde a 85% dos
desempenhos satisfatórios e a IE é duas vezes mais relevante que o QI
(GOLEMAN, 1998).
De acordo com Goleman (1996) no Quadro 1, há competências
emocionais que são fundamentais para quem atua nas organizações e
são definidas em cinco dimensões, elas são formadas e aprendidas com
o tempo:

56
Quadro 1. Competências Emocionais
É entender o que estamos passando em
uma determinada ocasião e para resolver
o caso, devemos as plicar o que preferimos
Autopercepção
como tomada de decisão; reavaliar nossas
capacidades e ter uma alta confiança bem
estabelecida.
É saber tratar as próprias emoções para que
a pessoa consiga realizar suas atividades
Autorregulação depois, para não se prejudicar depois.
Então a pessoa precisa se recuperar bem
para alcançar seus objetivos.
É preciso utilizar nossas prioridades mais
fundamentadas para nos motivar e nos
Motivação direcionar para nossos propósitos para
ser muito eficazes e perseverar perante as
dificuldades e frustações.
Quando estamos diante do que as pessoas
estão passando e sentindo, devemos
Empatia conseguir se colocar no lugar do outro
e estar em sintonia com uma grande
quantidade de pessoas.
A pessoa deve conviver bem com as
emoções em relacionamentos e identificar
perfeitamente as situações e redes políticas
Aptidões sociais para conseguir se comunicar com certa
facilidade aplicando habilidades para
negociar, liderar e entre outras ocasiões e
circunstancias.
Fonte: Ferreira, 2016.

Enquanto a inteligência emocional determina nosso potencial


para aprender os fundamentos do autodomínio e afins, nossa
competência emocional mostra o quanto desse potencial dominamos
de maneira que ele se traduza em capacidades profissionais
(GOLEMAN, 2011, p.22).
Segundo Chiavenato (2005) as pessoas nascem com diferentes níveis
de empatia que podem favorecer profundamente a condição de liderança,
mas o importante é que a inteligência emocional pode ser aprendida.
Hoje, a forma de medida da IE aumentou, assim como na última
década conforme destaca Brackett (2003), hoje há uma grande variedade

57
de instrumentos para fazer esta medição. Entretanto, a área do IE tem
passado por dificuldades de medidas devido as questões de complicações
teóricas e delimitação de construto e aos modelos de instrumentos que
são aplicados para fazer as medições de aptidão. No Brasil, há muitos
instrumentos que tem como base o autorelato e a medição de Inteligência
Emocional (MIE), (Siqueira, et. al., 1999), e um modelo de escala de
percepção de Emoções do MEIS (Mayer Emotional Intelligence Scale).
Mayer et. al. (2002), sugeriu que as pesquisas realizadas para
definir a IE, precisam ser através das habilidades e não por parâmetros de
personalidade, pois isto era necessário para determinar sua validade com
relação a outros construtos de personalidade.
Para Brackett e Mayer (2003), as medidas de IE não eram confiáveis,
pois nestes casos estão sendo analisados a pessoa e suas habilidades.
Para eles, a capacidade de resolver problemas não está envolvida com a
capacidade de desempenho individual da pessoa, pois a inteligência auto-
referida de um indivíduo, é diferente da inteligência real.
Uma pesquisa atual produzida por Bastian, Burns e Nettelbeck
(2005), mostra que as escalas de auto-relato de IE estão mais relacionadas
com escalas de personalidade do que com medidas de IE fundamentadas
no desempenho.

3.3 Inteligência Emocional Aplicada nas Organizações

No decorrer da formação dos conceitos de IE, muitos modelos


foram criados e divididos em categorias e habilidades mentais que são
fundamentadas em dados emocionais e raciocínio para aperfeiçoar o
processamento cognitivo (FERNANDES, et. al., 2012).
O indivíduo possui muitas emoções e elas, contribuem na
sociabilidade do ser humano, na sua interatividade e no seu amadurecimento
e crescimento interpessoal que é frequente (FILHO, et. al., 2022).
As emoções agem como um combustível para o ser humano para que
compartilhem suas experiências e influencie outras pessoas. Ela é definida
como uma atitude repentina, que pode ser forte e momentânea e originada
pelas surpresas, alegrias e do próprio medo (MICHAELIS, 2002).
Mas, se por ventura as emoções não forem bem geridas dentro das
empresas, elas podem criar um ambiente violento e insuportável, pois as
emoções passam a dominar a pessoa a tomarem atitudes erradas como
desmerecer colegas e levar a equipe ao fracasso (FILHO, et. al., 2022).

58
De certa forma, procurar a construção emocional da pessoa é
fundamental para buscar a maturação emocional e consequentemente o
reconhecimento profissional (Silva, 2010). E o que determina no controle
emocional dos pontos positivos e negativos e a inteligência para encontrar
um equilíbrio e resolver problemas.
A motivação vem das iniciativas que tem como intuito alcançar
seus objetivos e respeito. E a empatia é utilizada para manejar uma
comunicação equilibrada e emoções alheias que são percebidas (FILHO,
et. al., 2022).
De acordo com Guebur, Poletto, Vieira (2007), a inteligência emocio-
nal pode ser aplicada tanto intrapessoalmente, quanto interpessoalmente:
A inteligência emocional é simplesmente o uso inteligente
das emoções – isto é, fazer intencionalmente com que suas
emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda
para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira
a aperfeiçoar seus resultados (WEISINGER, 2001, p. 14).

E os relacionamentos interpessoais se enquadram com a capacidade


do indivíduo em se relacionar com outras pessoas, criar relacionamentos
saudáveis e estabelecer conexões de confiança com os que o rodeiam.
Neste caso, a inteligência emocional se refere a todas as peculiaridades
que envolvem a observação, percepção, interpretação e compreensão que
fica racionalizada nas emoções das pessoas (GIROTTO, 2008). De acordo
com DeCS (2017), as relações interpessoais dizem respeito à interação
entre duas pessoas ou mais, e isto pode ocorrer por diversos motivos, por
questões gênero, relacionamento interpessoal ou sociais.
Para que ocorra o crescimento e desenvolvimento da organização,
a IE é fundamental para que se tenha colaboradores envolvidos com os
objetivos da empresa, felizes por estar na empresa e farão de tudo para
agregar valor à empresa. E neste contexto, os gestores das empresas
precisam colocar a IE em prática perante seus colaboradores com o
objetivo de criar vínculos mais firmados e de valores (GOLEMAN, 1995).
A aplicação da IE irá favorecer nas metas e resultados que as
organizações buscam alcançar, na socialização de colaboradores e no
financeiro (RAMOS, et. al., 2011). A Inteligência Emocional é fundamental
para o desenvolvimento das pessoas e funcionários de empresas e também
para os gestores aplicarem para resolver conflitos (FILHO, et. al., 2022).
Com o tempo, as organizações passaram a contratar líderes que
que além de alto conhecimento técnico e habilidades, precisa ter aptidões

59
emocionais bem amadurecidas, pois eles entenderam que o conhecimento
é primordial para exercer o cargo e as propensões emocionais completam o
perfil do gestor, e desse modo, alcance com os colaboradores os propósitos
da organização (CONGENTI, 2018).
A IE começa na relação entre centros intelectuais e emocionais, que
são responsáveis pelos estados emocionais e pelo que o indivíduo precisa,
bem como autocontrole empatia e socialização. Segundo Goleman (1995),
a IE envolve algumas características como motivar a si mesmo, persistir
no seu empenho e controlar impulsos e entre outras peculiaridades.
Com a inteligência emocional, é possível atender todas as demandas
pessoais da equipe de trabalho e quando bem estruturada, todos conseguem
seguir os mesmos propósitos (CONGENTI, 2018). Um funcionário
focado em suas atividades possui uma boa inteligência emocional, pois
ele alcança os resultados esperados, consegue ter autocontrole, estar
motivado e autoconfiança, além de conseguir facilmente ter habilidades
para trabalhar em equipe e ter empatia com os outros (CONGENTI, 2018).

3.3.1 Como os Gestores utilizam a Inteligência Emocional no


Ambiente de Trabalho?

No momento em que a liderança começou a ser fundamental na


gestão das empresas devido a sua grande influência em alcançar resultados,
metas e objetivos. E neste contexto, a liderança está relacionada a muitos
caracteres como competências, habilidades e aptidões que influenciam os
colaboradores (SILVA, 2019).
Se for levado em consideração que o líder tem como
um de seus principais papéis a manutenção e inspiração
de sentimentos positivos em sua equipe, possibilitando
a liberação do que existe de melhor em seus liderados,
compreende-se que eles têm uma função ligada ao aspecto
emocional. Tal missão permite acompanhar os resultados e o
funcionamento do que o gestor se propõe a fazer, sendo esses
resultados bons ou não, o que depende dos liderados e da
maneira como o líder conduz a equipe (TOURINHO, 2019).

Um dos impactos que as organizações tiveram, foram as mudanças que


ocorreram no mercado e suas tendências que modificaram o perfil de consu-
mo, nas informações, educação e atingiu diretamente a forma de gerir e o per-
fil dos líderes organizacionais que foram essenciais (FILHO, et. al., 2022).

60
Hoje, as organizações se deparam com quatro gerações distintas
de lideranças, elas são divididas em baby boobers, a geração, x, y, e z.
Segundo Bektkovsjky (2016), a diferença entre essas gerações está nos
objetivos que desejam alcançar. Mas as empresas têm se preparado para
ter no quadro de colaboradores os novos profissionais mesmo que tenham
posicionamentos diferentes (SILVA, 2012).
Com as novas lideranças, os colaboradores esperam ser guiados
e motivados pelos seus chefes em todas as atividades da organização
para produzir e ajudar a empresa a alcançar seus objetivos e metas. Eles
também esperam ter um ambiente mais moderno com feedbacks para
compreender a filosofia e objetivos da organização para auxiliar nos seus
objetivos (OSTEC, 2018).
Contudo, é fundamental saber o grau de inteligência emocional dos
gestores, para que assim possam controlar suas emoções e proporcionar um
ambiente onde as inteligências se somam, com o intuito de tomar decisões efi-
cazes e garantir resultados satisfatórios na organização (CONGENTI, 2018).

3.4 Ambiente Organizacional das Empresas

O ambiente organizacional é entendido como um grupo que contêm


pressões e forças no entorno da empresa que tem muitos potenciais para
atingir conforme ela age com suas habilidades para utilizar os recursos
escassos. As organizações tomam suas atitudes priorizando as informações
que são necessárias para adquirir os recursos e realizar suas atividades.
Informações como novas tecnologias, concorrentes, satisfação dos
clientes, produtos e entre outras, são alguns elementos que estão presente
no contexto de diversas organizações (SCHULTZ, 2016).
As empresas se diferem em suas características, filosofia de trabalho
e produto oferecido no mercado, além dos recursos escassos que são
aproveitados de diferentes formas. Ao mesmo tempo, essas peculiaridades
e as condições do ambiente organizacional ficam sujeitos a diferentes
complexidades e incertezas, pois tudo isso vai depender de como é
negociado e administrado. E suas estruturas como cargos, departamentos
e programas são criadas de acordo com as demandas e o mercado em que
a organização está inserida (JONES, 2010).
Um dos conceitos que vem sendo aplicado dentro das organizações
é a IE, devido a sua grande importância em entender as emoções dos
colaboradores e as próprias (COSTA, 2008). Para começar a trabalhar

61
em uma empresa, a pessoa precisa assimilar a cultura da organização e
como que precisa agir e pensa conforme as características do cargo que irá
exercer (CROZATTI, 1998).
A estrutura de uma empresa é formada por meio de uma conexão
entre departamentos que a organização possui e que cada setor tenha
compromissos em suas atividades exercidas para alcançar os objetivos
(SILVA, 2010). Durante a semana, os gestores e funcionários passam
grande parte do tempo em seu trabalho e como consequência, é um
ambiente com várias emoções e muitas vezes são colocados em prática.
Então, o equilíbrio emocional no local de trabalho é a base para se manter
uma boa relação entre os colaboradores e a gestão e ao mesmo tempo, para
ter um comportamento e um ambiente profissional (BATISTA, 2021).
Os profissionais precisam compreender o papel da IE, devido
aos problemas que a sociedade enfrenta como o estresse emocional que
geram muitos resultados negativos para a vida da pessoa e para a empresa
(FERREIRA, 2016). Aplicar conceitos da inteligência emocional nas
relações profissionais faz com que haja um aumento da satisfação e da
eficiência no desenvolvimento do trabalho (GUEBUR et al., 2007).
Aplicando a IE, o gestor consegue resolver os impasses dentro
da organização, acalmar os ânimos conforme for o caso, para não gerar
um clima de tensão, e isto geralmente ocorre porque as pessoas possuem
diferentes maturidades e são de gerações diferentes (FERREIRA,
2016). Para controlar e manter um equilíbrio das emoções no ambiente
corporativo, a atuação dos gestores é fundamental, pois os colaboradores
são fundamentais para que a organização produza seus produtos, sendo
assim, os gestores precisam ter as habilidades necessárias para conviver e
lidar com todas as emoções (FERREIRA, 2016).
Com o aperfeiçoamento da liderança, ao mesmo tempo, ocorre um
acréscimo da IE para ser um líder mais humano, que enxerga a pessoa de
forma diferente e não apenas como um colaborador da organização, mas
como um indivíduo que possui muitas virtudes e defeitos. Desse modo, o
gestor consegue entender melhor seus colaboradores, e aonde estão suas
motivações, receios e frustações (GOLEMAN, 2007).
O ambiente organizacional, com o tempo, recebeu muitas mudanças
relevantes que foram influenciadas por conceitos de sistemas que se
originaram nas décadas de 1920 e 1950, e um dos que mais contribuiu
foi Ludwig Von Bertalanffy. Esse conceito, influenciou outras teorias
posteriores que trouxeram outras perspectivas sistêmicas referentes aos
sistemas organizacionais (SCHULTZ, 2016).

62
Para Newman, o administrador precisa ser um dirigente de relações
sociais. Em relação ao ambiente, a organização possui as seguintes
características em relação ao ambiente, Schein (1982, p. 177):

(1) ela deve ser concebida como um sistema aberto, o que


significa que ela se encontra em constante interação com
o meio ambiente;
(2) ela deve ser concebida como um sistema que tem
objetivos e funções que envolvem múltiplas interações
entre a organização e seus diversos ambientes;
(3) ela é constituída de muitos subsistemas que estão em
dinâmica interação uns com os outros;
(4) as modificações ocorridas em um subsistema
provavelmente afetam o comportamento dos outros
subsistemas;
(5) ela conta com um ambiente dinâmico que deve levar
em conta as demandas e limitações impostas pelo ambiente
externo; e
(6) as numerosas vinculações entre a organização e o meio
ambiente tornam difícil especificar claramente os limites
da organização.

Este assunto se tornou muito significativo pois o ambiente de


trabalho, possui muitas explicações porque é um ambiente social. O
ambiente organizacional é discutido em diversos ambientes organizacionais
para tratar muitos assuntos pertinentes a empresas como a administração e
a teoria organizacional (SCHULTZ, 2016).
Para entender as atividades que são realizadas dentro da organização,
uma de suas atitudes será entender o ambiente interno da empresa para se
adequar e aplicar as metodologias e abordagens que forem necessárias
(SCHULTZ, 2016). E dessa forma, as organizações estão sendo ajustadas
para ter um ambiente equilibrado e que atenda as emoções de todos para
alcançar os mesmos objetivos da empresa.

4. Análise dos resultados

Considerando que este estudo objetivou diagnosticar a importância


da inteligência emocional no ambiente organizacional e sua aplicabilidade
na gestão, proporcionando um conhecimento mais aprofundado referente
ao controle das emoções, constata-se que os objetivos foram atingidos,
uma vez que, a Inteligência Emocional foi estudada com o tempo e melhor
compreendida para ser aproveitada pelas empresas e gestores para trazer
63
bons resultados, apresentando os benefícios da sua aplicabilidade e sua
importância para o equilíbrio no ambiente de trabalho com diferentes
gerações e maneiras de pensar a vida.

Considerações finais

Os gestores e líderes, estão cada vez mais se preparando e


indo além, pois não basta ter somente as habilidades já adquiridas e o
conhecimento técnico, e por esse motivo, eles estão sempre em busca de
novos conhecimento e habilidades, para saber colocar em prática algo
novo que possa trabalhar também a performance de cada colaborador, pois
ela precisa ser adquirida e trabalhada todos os dias por meio dos hábitos
e práticas controlada e conduzida para beneficiar a empresa gerando um
bom ambiente de trabalho, eliminando os conflitos e problemas como o
estresse e trazer os resultados esperados.
E o ambiente das organizações, está sendo preparado para isso,
para receber as diferentes gerações e se adaptando para lidar com essas
emoções para que todos tenham o mesmo objetivo da organização e que
mantenham um equilíbrio para alcançar os propósitos da empresa.
Por fim, este estudo abre espaço para outros estudos envolvendo as
emoções no ambiente de trabalho, trazendo uma melhor Qualidade de Vida
como um conceito importante nas relações humanas e, consequentemente,
melhores resultados para as Organizações.

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67
CAPÍTULO IV
GESTÃO DE CARREIRAS: A IMPORTÂNCIA DO
PATROCÍNIO EMPRESARIAL NA CARREIRA DE ATLETAS
OLIMPÍCOS DE ALTO RENDIMENTO

Pedro Henrique Nogueira Nunes


Jamile de Campos Coleti

RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi realizar uma análise sobre a importância
do patrocínio empresarial na carreira dos atletas olímpicos de esportes de alto
rendimento. As Olimpíadas de Tóquio 2020 evidenciaram as dificuldades dos
atletas brasileiros que esbarram num problema a falta de patrocínios, nesse cenário,
examinar o interesse das empresas em optar por um esporte que represente sua
marca e a gestão de carreiras da auxilia no direcionamento profissional tornando
o atleta de alto rendimento visível para patrocínio. A pesquisa foi alcançada por
meio de uma pesquisa de fundamentação teórica, sendo para isso identificados
8 publicações de maior relevância ao tema. Assim, por meio da análise dos
resultados obtidos concluiu-se que o patrocínio é que garante os recursos
financeiros que contribuem para a sedimentação da carreira profissional do atleta
de alto rendimento para obter melhores classificações e a garantia é um suporte e
assessoria de carreira voltada para esse propósito.

Palavras-chave: Gestão de carreiras. Patrocínio. Atletas olímpicos. Suporte


financeiro.

CAREER MANAGEMENT: THE IMPORTANCE OF CORPORATE


SPONSORSHIP IN THE CAREER OF HIGH PERFORMANCE
OLYMPIC ATHLETES

ABSTRACT
The main objective of this study was to analyze the importance of corporate
sponsorship in the careers of Olympic athletes in high-performance sports. The
2020 Tokyo Olympics highlighted the difficulties faced by Brazilian athletes due
to a lack of sponsorship. In this scenario, examining the interest of companies
in choosing a sport that represents their brand and career management assists in
professional direction, making high-performance athletes visible for sponsorship.
The research was conducted through a theoretical foundation, identifying
8 publications of greater relevance to the topic. Thus, through the analysis of
the obtained results, it was concluded that sponsorship provides the financial
resources that contribute to the consolidation of the professional career of high-
performance athletes to achieve better rankings. Assurance and career counseling
focused on this purpose are necessary support.

Keywords: Career management. Sponsorship. Olympic athletes. Financial


support

69
1. Introdução

O presente trabalho faz um breve levantamento sobre a importância do


patrocínio empresarial na carreira dos atletas de esportes de alto rendimen-
to, como mostrou as Olimpíadas de 2020, realizadas em Tóquio no Japão.
Os jogos olímpicos ultrapassaram os limites da atividade puramente
física trazendo um elemento cultural como instrumento construído pelos
homens para se estabelecerem num elemento social, prova disso é que as
Olimpíadas também sofreram a influência da pandemia da Covid-19, sendo
realizada em 2021, com a participação de 203 países dos 5 continentes,
sendo o Brasil um dos participantes com uma delegação de 302 atletas de
20 modalidades esportivas (MONTEIRO, 2021).
Os atletas olímpicos são esportistas de alto rendimento, nesse
sentido, exige diversos programas para o acompanhamento de sua
preparação física, além disso, um esporte necessita de muitas horas de
treino, colocando em evidência o gerenciamento de atletas, ou seja,
profissionais que cuidam da vida profissional, pessoal e financeira do atleta.
Isso ficou evidenciado nas Olimpíadas de Tóquio onde uma honrosa
16º posição foi alcançada no ranking de medalhas 4 ouros, 4 pratas e 8
bronzes, com a participação de 309 atletas de alto rendimento, sendo que
131 desses atletas não possuíam nenhum tipo de patrocínio (DINIZ, 2021).
O trabalho ora desenvolvido possui como objetivo principal
realizar de maneira sucinta uma análise sobre a importância do patrocínio
empresarial na carreira dos atletas de esportes de alto rendimento.
São objetivos específicos: definir o trabalho de gestão de carreira no
desempenho da função profissional; rever como foi o desempenho dos
atletas olímpicos que contavam com patrocínio das empresas; discutir os
principais fatores que dificultam a captação de recursos para os atletas.
Logo, será realizado o exame das seguintes questões: com quais
recursos financeiros contam os atletas brasileiros para se preparar para
uma olimpíada como a de 2020? Como os profissionais podem buscar
patrocínios empresariais para sustentar sua carreira de atleta?
Para compreensão do tema, este estudo foi estruturado em cinco
etapas, a primeira etapa essa introdução sinalizando os assuntos que serão
discutidos; a segunda etapa apresenta o referencial teórico; a terceira etapa
define a metodologia aplicada e aponta os resultados da pesquisa; a quarta
etapa relata as discussões dos autores abordados; por fim, a quinta analisa
as conclusões obtidas.

70
2. Procedimentos metodológicos

Em termos de procedimentos metodológicos, esse estudo adotou


uma pesquisa de fundamentação teórica partindo de estudos já realizados
que permitam contextualizar a pesquisa dentro da área escolhida, avaliar
o conhecimento já produzido e permitir a inclusão de estudos com mais
diversas abordagens metodológicas (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Segundo Campos et al. (2016) para alcançar os resultados almejados
a estratégia de investigação foi definida pelo método adotado hipotético-
dedutivo que permite uma análise crítica do material coletado de acordo
com preceitos teóricos que auxiliaram a tornar a pesquisa mais consistente.
Para tanto foram identificadas 8 publicações de maior relevância ao
tema e tendo como critério de inclusão serem artigos originais publicados
em português com os resumos disponíveis nas bases de dados selecionadas
no Google Acadêmico, no período de 2019 a 2020 buscando-se pelos
seguintes descritores: carreiras, patrocínio, atletas, empresas.
A análise de dados verificou se os artigos eram relevantes e atendiam
aos critérios estabelecidos, em seguida foi elaborado um quadro contendo:
iniciais dos autores, título do artigo, tipo de estudo, objetivos e ano de
publicação.
Após ter os fundamentos teóricos considerados suficientes, foi
realizada a análise da produção científica e delimitado os artigos de estudo.

3. Revisão de literatura

A amostra final desta revisão foi constituída por dois artigos


científicos originais, três dissertações de mestrado e três monografias
de graduação selecionadas pelos critérios de inclusão previamente
estabelecidos.
O quadro 1 apresenta as especificações de fonte de dados utilizadas
a fim de contribuir com a discussão da pesquisa:

71
Quadro 1. Matriz da síntese dos artigos selecionados.
Autor Título Metodologia Objetivo Ano

ALEXANDRINO, Programas de suporte à Pesquisa Compreender como se


R. R. carreira de atletas no es- descritiva dá o processo de suporte 2019
porte de alto rendimento. à carreira dos atletas bra-
sileiros.
Análise qualitativa de Verificar como as em-
retorno sobre investi- Pesquisa presas e atletas compre-
ALEXANDRE, G. V. mento de patrocínio em qualitativa endem o retorno sobre 2019
atletas brasileiros do sur- o investimento realizado
fe profissional. em ações de patrocínio.

Compreendendo o na- Discernir sobre o pa-


ming rights: uma análise trocínio utilizado pelas
Pesquisa empresas no cenário es- 2020
MELO, P. S. de C. do patrocínio como es-
descritiva portivo brasileiro e sua
tratégia publicitária no
esporte. utilização como estraté-
gia publicitária.
O suporte financeiro na Descrever o suporte fi-
VARGAS, P. I.; trajetória esportiva dos nanceiro recebido por
Pesquisa
CAPRARO, A. M. atletas da seleção brasi- ginastas brasileiros du- 2020
qualitativa
leira de ginástica artís- rante as suas trajetórias
tica. esportivas.

A captação de patrocínio Evidenciar a captação de


OLIVEIRA, privado direcionada aos Pesquisa patrocínio privado que se
V. C. de interesses dos clubes es- qualitativa aproxima dos interesses 2020
portivos de atletismo no dos patrocinadores e da
Brasil. modalidade do atletismo
brasileiro.

Histórias narradas: as Compreender quais his-


trajetórias de carreira de tórias emergem das nar-
BROMBERG, S. Pesquisa rativas sobre as trajetó- 2021
atletas de alto rendimen-
qualitativa rias de carreira de atletas
to da vela esportiva no
Brasil. de alto rendimento da
vela esportiva.
Encontrar explicações do
porquê o futebol femini-
O patrocínio no futebol
BERGIER, M. Estudo de caso no brasileiro receber tão 2021
feminino. menos atenção e recur-
sos em comparação com
a modalidade masculina.
Facilitadores e barreiras
para a prática esportiva Explorar os facilitado-
Pesquisa res e as barreiras para
VIEIRA, Y.; SOUZA, por parte de atletas com
exploratória a prática esportiva por 2021
D. L. de comprometimentos no
Brasil. parte de atletas de alto
rendimento brasileiros.
Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

72
3.1 Procedimentos de análise de dados

Os dados foram analisados com base na análise das fontes coletadas


de acordo com os objetivos dos artigos investigados com o propósito de
descrever e comparar a importância do patrocínio empresarial na carreira
dos atletas de esportes de alto rendimento.
O tratamento dos dados foi embasado nos resultados obtidos pelos
autores depois de se identificar temas e interpretações que respondiam as
seguintes questões descritas no quadro 2:

Quadro 2. Visão geral das questões contempladas.


Questões
1) Quais os suportes indispensáveis como apoio a carreira
Carreiras dos atletas
dos atletas?
2) Qual o perfil dos atletas que buscam a gestão de carreiras?
3) Quais os principais recursos recebidos pelos atletas para
uma olimpíada?
4) Quais os esportes de alto rendimento mais procurados
Empresas
pelas empresas?
5) Quais os fatores esperados pelas empresas ao conceder
patrocínio?
6) Que tipo de retorno às empresas esperam dos atletas de
Patrocínios
alto rendimento ao conceber patrocínio?
7) Quais os esportes que mais dão retorno em termos de
recursos e patrocínios?
8) Quais as barreiras que a falta de patrocínio dificultam na
prática do esporte de alto rendimento?
Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

4. Análise dos resultados

As questões que se relacionam a carreira dos atletas os autores


analisaram como os atletas projetam suas carreiras, a importância dos
apoios e os recursos que possibilitaram a participação nas Olimpíadas
2020 e, a partir disto responderam as questões apresentadas nos quadros 3:

73
Quadro 3. Visão geral das primeiras questões contempladas.

1) Quais os suportes indispensáveis como apoio a carreira dos atletas?


2) Qual o perfil dos atletas que buscam a gestão de carreiras?
3) Quais os principais recursos recebidos pelos atletas para uma olimpíada?
Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

A primeira questão foi respondida no artigo de Alexandrino (2019)


e apresenta como resultado os três suportes indispensáveis para o apoio a
carreira como mostra a figura 1:

Figura 1. Suportes indispensáveis a carreira do atleta.

Figura 1 – Suportes indispensáveis a carreira do atleta.

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

Fonte: Elaborada
Em vistapelo autornão
disso, (2021).
é surpreendente que embora a gestão de carreiras
Em vista disso, não é surpreendente que embora a gestão de carreiras seja indelegável,
seja indelegável, um profissional nessa área é importante por promover
um profissional nessa área é importante por promover condições adequadas para que o
condições adequadas para que o indivíduo potencialize seus talentos e
indivíduo potencialize
competências, issoseus talentosum
porque, e competências,
gestor busca issoao
porque,
mesmo um gestor
tempo busca ao mesmo
atingir sua
realização profissional e a realização profissional e pessoal dos demais
tempo atingir sua realização profissional e a realização profissional e pessoal dos demais
orientandos (QUEIROZ;
orientandos (QUEIROZ; LEITE,LEITE,
2011). 2011).
AAsegunda
segunda questão
questão foi respondida
foi respondida por Bromberg
por Bromberg (2021)
(2021) e enfatiza e enfatiza
o perfil o
dos atletas
perfi l dos atletas que buscam a gestão de carreiras,
que buscam a gestão de carreiras, como mostra a figura 2: como mostra a fi gura 2:

Figura 2 – Perfil dos atletas que buscam a gestão de carreiras.

74
A segunda questão foi respondida por Bromberg (2021) e enfatiza o perfil dos atletas
que buscam a gestão de carreiras, como mostra a figura 2:

Figura
Figura 2 –2.Perfil
Perfi l dos
dos atletas
atletas que buscam
que buscam a gestão deacarreiras.
gestão de carreiras.

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

Fonte:
Não há indivíduo que Elaborada
se mova pelo autor
sem metas, (2021).
comprometimento e profissionalização,
para a alavancagem da carreira do atleta esses são fatores fundamentais (BHERING, 2013).
Não
A há questão
terceira indivíduo que sepor
foi respondida mova sem
Vargas; metas,
Capraro (2020)comprometimento e
que especificam quais os
profi ssionalização, para a alavancagem da carreira do atleta esses são
principais recursos recebidos pelos atletas olímpicos para a preparação das Olimpíadas 2020,
fatores fundamentais (BHERING, 2013).
como mostra a figura 3:
A terceira questão foi respondida por Vargas; Capraro (2020) que
especificam quais os principais recursos recebidos pelos atletas olímpicos
para a preparação das Olimpíadas 2020, como mostra a figura 3:

Figura
Figura 3 –3.Recursos
Recursos recebidos
recebidos pelospara
pelos atletas atletas para uma olimpíada.
uma olimpíada.

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).


Fonte: Elaborada pelo autor (2021).
Em suas pesquisas Vargas; Capraro (2020) apuraram que demandas de recursos
podem ser satisfeitas pelo Bolsa-Atleta; além desse, o Programa Atletas de Alto rendimento
75
(PAAR) do Ministério da Defesa também beneficia os atletas; confederações esportivas por
meio do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e os clubes brasileiros por meio de competições
Em suas pesquisas Vargas; Capraro (2020) apuraram que demandas
de recursos podem ser satisfeitas pelo Bolsa-Atleta; além desse, o
Programa Atletas de Alto rendimento (PAAR) do Ministério da Defesa
também beneficia os atletas; confederações esportivas por meio do Comitê
Olímpico do Brasil (COB) e os clubes brasileiros por meio de competições
internas, torneios, entre outras apresentações.
O apoio financeiro para o esporte é apontado como o fator mais
relevante para criar oportunidades ideais para os atletas se prepararem
para as competições (BÖHME; BASTOS, 2016).
As questões seguintes são relacionadas às empresas e mostram
quais os esportes de alto rendimento mais procurados e quais os fatores
observados pelas empresas para conceder patrocínio e, a partir disto
responderam as questões apresentadas nos quadros 5:

Quadro 5. Visão geral das primeiras questões contempladas.

Quadro 5 – Visão geral das primeiras questões contempladas.


4) Quais os esportes de alto rendimento mais procurados pelas empresas?
5)Quais
4) Quaisososesportes
fatores de
esperados pelas empresas
alto rendimento ao conceder
mais procurados pelaspatrocínio?
empresas?
5) Quais os fatores esperados pelas empresas ao conceder patrocínio?
Fonte: Elaborada pelo autor (2021).
Fonte: Elaborada pelo autor (2021).
A quarta questão foi identificada por Mello (2020) e adverte sobre
quais A osquarta
esportes defoialto
questão rendimento
identificada que(2020)
por Mello às empresas maisquais
e adverte sobre procuram para
os esportes de
patrocinar, como mostra a figura 4:
alto rendimento que às empresas mais procuram para patrocinar, como mostra a figura 4:

Figura 4. Esportes de alto rendimento mais patrocinados.


Figura 4 – Esportes de alto rendimento mais patrocinados.

Fonte: Elaborada pelo autor Fonte:


(2021). Elaborada pelo autor (2021).

A escolha por esportes coletivos se justifica já que experiências bem sucedidas entre
empresas e patrocínios têm validado a eficiência e força do esporte coletivo como instrumento
76
de comunicação da imagem institucional e corporativa que a empresa busca reforçar, em
relação aos esportes individuais, as empresas buscam os atletas que se destacam em
A escolha por esportes coletivos se justifica já que experiências
bem sucedidas entre empresas e patrocínios têm validado a eficiência e
força do esporte coletivo como instrumento de comunicação da imagem
institucional e corporativa que a empresa busca reforçar, em relação aos
esportes individuais, as empresas buscam os atletas que se destacam em
competições e conseguem atrair a atenção e tornar suas modalidades
populares (ZAN, 2019).
A quinta questão foi identificada por Bergier (2021) e revela os
fatores esperados pelas empresas ao conceder patrocínio aos atletas de
alto rendimento, como mostra a figura 5:

Figura 5. Fatores que impulsionam o patrocínio das empresas.

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).


Fonte: Elaborada pelo autor (2021).
A este respeito, para as empresas o esporte é uma ferramenta de
marketing
A este importante
respeito, parapara atendero esporte
as empresas às suasé necessidades
uma ferramenta de mercadoimportante
de marketing e um
meio para atingir seus objetivos organizacionais (SIQUEIRA, 2014).
para atender às suas necessidades de mercado e um meio para atingir seus objetivos
As próximas questões têm como propósito entender como acontece
organizacionais
a concessão de (SIQUEIRA,
patrocínios2014).
como mostra o quadro 4:
As próximas questões têm como propósito entender como acontece a concessão de
Quadro 4.
patrocínios A concessão
como de patrocínios.
mostra o quadro 4:

6) Que tipo de retorno as empresas esperam dos atletas de alto rendimento ao conceder
Quadro 4 – A concessão de patrocínios.
patrocínios?
7) Quais os atletas que mais dão retorno em termos de marketing e publicidade?
6)8)Que tipo
Quais as de retornoque
barreiras as aempresas esperam dos
falta de patrocínio atletas na
dificultam de prática
alto rendimento
do esporteao
de conceder
alto
patrocínios?
rendimento?
7) Quais os atletas que mais dão retorno em termos de marketing e publicidade?
8) Quais as barreiras que Fonte:
a faltaElaborada pelo autor
de patrocínio (2021).na prática do esporte de alto
dificultam
rendimento?

Fonte: Elaborada pelo autor (2021). 77

Em suas pesquisas Alexandre (2019) aborda na sexta questão o que tange ao tipo de
Em suas pesquisas Alexandre (2019) aborda na sexta questão o
que tange ao tipo de retorno que as empresas esperam dos atletas de alto
rendimento ao conceder patrocínios, como mostra a figura 6:
Figura 6 – Contrapartida das empresas ao conceder patrocínio.
Fonte: Elaborada pelo autor (2021).
Figura 6. Contrapartida das empresas ao conceder patrocínio.

É preciso reconhecer que o patrocínio é um empenho complem


busca para permanecer na lembrança do consumidor e para tanto em c
que os atletasFonte:
de alto rendimento
Elaborada ganhem torneios e se projetem já
pelo autor (2021).

empresas
Fonte: Elaborada é associar
pelo autor (2021).
É preciso reconhecer que suao patrocínio
marca a atletas vitoriosos
é um empenho para personificar seu
complementar
que aÉempresa
(ROCHA, busca para
2018).
preciso reconhecer
permanecer na lembrança do consumidor e para
que o patrocínio é um empenho complementar que a empresa
tanto em contrapartida esperam que os atletas de alto rendimento ganhem
busca para permanecer na lembrança
A sétima questão do consumidor
destacadae para
portanto em contrapartida
Oliveira (2020) esperam
que acomenta os
torneios e se projetem já que o interesse das empresas é associar sua marca
que os atletas de alto rendimento ganhem torneios e se projetem já que o interesse das
atletas vitoriosos
retorno em paratermos
personifide carmarketing
seus produtos e serviços (ROCHA,
alardeando um fulgor 2018).
em termos d
empresasAé associar
sétima sua marca adestacada
questão atletas vitoriosos
por para personificar
Oliveira seusque
(2020) produtos e serviços
comenta os
atletas mostra
(ROCHA, que a figura
2018).mais 7:
dão retorno em termos de marketing alardeando um
fulgorA em termos
sétima dedestacada
questão publicidade, como(2020)
por Oliveira mostra
que acomenta
figuraos7:atletas que mais dão
retorno em termos de marketing alardeando um fulgor em termos de publicidade, como
Figura 7. Atletas
7: 7 – que dão retorno de marketing e publicidade.
mostra Figura
a figura Atletas que dão retorno de marketing e publicidade.

Figura 7 – Atletas que dão retorno de marketing e publicidade.

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).


Dentre
Fonte:as razões para uma
Elaborada empresa
pelo autorbuscar por esses atletas é que para as grandes
(2021).
78
empresas o patrocínio nesses atletas de alto rendimento é um investimento que sempre trará
resultado, um retorno de marketing (SUÁREZ, 2019).
Dentre as razões para uma empresa buscar por esses atletas é
Dentre Vieira;
Na oitava questão as razões Souza
para uma (2021)
empresa buscar por esses as
identificam atletas é que
barreiras que a
para as grandes empresas o patrocínio nesses atletas de alto rendimento
io dificultam
é umna prática do
investimento queesporte de alto
sempre trará rendimento,
resultado, como
um retorno mostra
de marketing a figura
(SUÁREZ, 2019).
Na oitava questão Vieira; Souza (2021) identificam as barreiras que
a falta de patrocínio dificultam na prática do esporte de alto rendimento,
como
– Barreiras mostra
para os aatletas
figura 8:pela falta de patrocínio.

Figura 8. Barreiras para os atletas pela falta de patrocínio.

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).


laborada pelo autor (2021).
Sem patrocínioSem patrocínio
os atletas deosalto
atletas de alto rendimento
rendimento não conseguem
não conseguem comprar equi
comprar equipamentos para o treinamento, não tem infraestrutura e
treinamento, não tem infraestrutura
nem acompanhamento e treinamento
profissional para nem acompanhamento
e não conseguem profissio
participar de competições esportivas (ROCHA, 2018).
ento e não conseguem participar
A interação de competições
dessas variantes esportivas
permite defi (ROCHA,
nir as conclusões da 2018).
pesquisa.
A interação dessas variantes permite definir as conclusões da pesquisa.
Coniderações finais

Para a compreensão deste objeto de estudo, a importância


do patrocínio empresarial na carreira dos atletas de esportes de alto
rendimento, buscou-se, inicialmente, rever os conceitos sobre a gestão de
ERAÇÕES FINAIS
carreiras e como são importante as oportunidades e o aprimoramento dos
profissionais.deste objeto de estudo, a importância do patrocínio
Para a compreensão empr
dos atletas de esportes de alto rendimento, buscou-se, inicialmente, rever os
79
gestão de carreiras e como são importante as oportunidades e o aprimoram
Dando seguimento, fizeram-se necessárias as múltiplas e complexas
interações entre as carreiras esportivas e os patrocínios definindo e as ações
que envolvem as empresas, o patrocinado e o patrocínio empresarial, além
de citar, de forma sucinta, o patrocínio público.
Outro ponto abordado foi o conhecimento sobre os atletas de
alto rendimento e as diferentes modalidades esportivas e os desafios e
dificuldades a serem trilhados em seu percurso profissional.
Quanto aos determinantes teóricos selecionados para a pesquisa,
esses assinalam o entendimento sobre a carreira dos atletas e relacionaram
os suportes necessários para o desenvolvimento em excelência de uma
carreira esportiva, compreendido não apenas pelas ações dos atletas
trabalhando sozinhos, como também a construção dos suportes para que
essa carreira aconteça.
Esses contextos sinalizaram também as discussões abordadas pelos
autores selecionados, abrangendo as empresas e os valores buscados nos
atletas de alto rendimento, necessários para a concessão de patrocínios.
Faz-se necessário, ainda, mencionar a contribuição dos autores
sobre o processo de patrocínio, as demandas conflitantes pela falta de
recursos considerados essenciais para o desenvolvimento dos atletas.
Os dados comprovam que os objetivos da pesquisa foram atingidos,
pois, foi realizada uma análise sobre a importância do patrocínio
empresarial para a carreira dos atletas de esportes de alto rendimento,
assim como foram revistos os fatores relacionados à função profissional
dos atletas e suas carreiras determinada pelo patrocínio das empresas.
Desta forma, os dois questionamentos também foram respondidos,
reconhecendo, primeiro, o patrocínio empresarial como o principal
recurso financeiro que os atletas brasileiros contam ao se preparar para
uma olimpíada como a de Tóquio e, segundo a relevância do patrocínio
empresarial para sustentar a carreira de atleta de alto rendimento.
Conclui-se finalmente que o patrocínio é que garante os recursos
financeiros que contribuem para a sedimentação da carreira profissional
do atleta de alto rendimento para obter melhores classificações e a garantia
é um suporte e assessoria de carreira voltada para esse propósito.

80
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84
CAPÍTULO V
ECONOMIA CIRCULAR E O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL: CONCEITOS E REFLEXÕES

Adriana Cristina Silva


Vera Lúcia da Silva Farias
RESUMO
O modelo de crescimento econômico tem gerado graves desequilíbrios globais.
Se de um lado há fartura de riquezas, de outro há o contraste com o aumento
da pobreza, da degradação ambiental e da poluição. Estudos econômicos e
ambientais foram responsáveis por estimular um novo tipo de economia: a
Economia Circular. O presente estudo tem por objetivo apresentar uma reflexão
sobre a relação da Economia Circular e o Desenvolvimento Sustentável e para
alcance deste objetivo foi realizada uma revisão de literatura em bases de dados,
adotando-se uma única combinação de palavras referente ao tema proposto. Há
semelhanças e diferenças entre os conceitos de Sustentabilidade e Economia
Circular. A Sustentabilidade tem como objetivo beneficiar o meio ambiente, a
economia e a sociedade em geral, enquanto a Econômia Circular é uma estratégia
que busca minimizar o desperdício e maximizar a eficiência dos recursos. Logo,
alcançar o desenvolvimento sustentável é desafiador. O mundo precisa mudar
seus hábitos e isto, não é mais negociável. O desenvolvimento sustentável é a
alternativa e a opção disponível para atender às nossas necessidades presentes
sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas
necessidades. O estudo não visa esgotar todos os resultados, mas trazer à tona
novas considerações de maneira a estimular o desenvolvimento de pesquisas
futuras sobre o assunto.

Palavras-chave: Economia Circular; Desenvolvimento Sustentável;


Sustentabilidade.

CIRCULAR ECONOMY AND SUSTAINABLE DEVELOPMENT:


CONCEPTS AND REFLECTIONS

ABSTRACT
The economic growth model has developed serious global imbalances. If on the
one hand there is a wealth’s abundance of riches, on the other there is the contrast
with the increase in poverty, environmental degradation and pollution. Economic
and environmental studies were responsible for encouraging a new economy’s
type: the circular economy. The present study aims to present a reflection on the
relationship between the Circular Economy and Sustainable Development and
to achieve this objective, a literature review it was made in databases, adopting
a single combination of words referring to the proposed theme. There are
similarities and differences between the concepts of Sustainability and Circular
Economy. Sustainability aims to benefit the environment, the economy and society
in general, while the Circular Economy is a strategy that seeks to minimize waste
and maximize resource efficiency.. Therefore, achieving sustainable development

85
is challenging. The world needs to change its habits, and this is no longer
negotiable. Sustainable development is the alternative and the available option to
meet our present needs without compromising the ability of future generations to
meet their needs. The study does not intend to exhaust all the results, but to bring
up new considerations in order to encouraging the development of future research
on the subject.

Keywords: Circular Economy; Sustainable development; Sustainability.

1. Introdução
O modelo de crescimento econômico tem gerado graves
desequilíbrios globais. Se de um lado há fartura de riquezas, de outro
há o contraste com o aumento da pobreza, da degradação ambiental e da
poluição. Por isso, o desenvolvimento de ações integradas de enfoque
social, ambiental e econômico para novas políticas empresariais é crucial
para o planeta. Sob esse prisma, profundas transformações são necessárias
na forma de pensar do homem, a fim de avaliar o seu modo de produção
e de negócios. Estudos econômicos e ambientais foram responsáveis por
estimular um novo tipo de economia: a Economia Circular.
Aurdahl (2016) refere-se à Economia Circular (EC) como uma
economia restauradora que utiliza energias renováveis, preocupa-se com
a eliminação do uso de produtos químicos tóxicos e com a erradicação
de resíduos. Ao contrário da Economia Linear, a Economia Circular leva
a uma reflexão sobre como a produção e o consumo de bens e serviços
podem afetar o desenvolvimento sustentável. O conceito de Economia
Circular é muito extenso, abstrato e pouco conhecido pela sociedade
(MARKKANEN, 2016).
Considerando que o modelo de economia linear gera extração
contínua de recursos das mais diversas categorias, a Economia Circular
funciona como um ciclo, com o propósito de eliminar o desperdício
nos processos produtivos. Para isso, é fundamentada em três pilares, na
preservação, otimização e estimulação com o engajamento de todos os
setores da sociedade. Nesse processo, agentes com diversos focos de
atuação precisam estar alinhados de forma a contribuir para a construção
de caminhos viáveis de geração de valor.
Para isso, é necessário que o conceito de Economia Circular esteja
inserido no cotidiano da população, de forma que sejam repensados não
apenas os padrões de consumo e destinação de resíduos como também
modelos produtivos e mindset de negócios, promovendo assim a construção
de hábitos circulares.
86
Amui et al. (2017), afirmam que na atual conjuntura de
desenvolvimento é necessário mudar o modelo econômico original,
considerado prejudicial ao sistema ecológico. Uma das alternativas para
essa mudança é o desenvolvimento de ações circulares, colocando em
prática o que é proposto pela Economia Circular.
A Economia Circular surge como um novo paradigma, ganhando
força e prometendo superar a contradição entre o econômico e o
ambiental, onde também reforçam a ideia de que os recursos nunca devem
ser transformados em resíduos, mas seguramente devem ser mantidos no
processo o maior tempo possível e com o mínimo de perda de qualidade
(POMPONI & MONCASTER, 2017).
Diante do exposto, o presente estudo teve por objetivo apresentar
conceitos e reflexões sobre a relação da Economia Circular e o
Desenvolvimento Sustentável.

2. Procedimentos metodológicos

A revisão sistemática propõe a otimização das pesquisas por


dados, buscando pelo maior número possível de resultados adequados e
a construção de uma reflexão analítica do material analisado (SAMPAIO;
MANCINI, 2007).
Como primeira etapa deste trabalho, foi realizado um levantamento
bibliográfico constando de artigos científicos de revistas indexadas em
bases de dados ligadas ao tema escolhido.
A busca dessas referências foi realizada utilizando palavras-
chaves com estreita ligação ao tema proposto, como Economia Circular,
Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável, entre outros termos.
Após a busca dos artigos científicos, foi feita uma seleção deles
para dar início à leitura e a interpretação buscando entender o que se tem
nos últimos anos sobre o assunto/tema proposto.

3. Revisão da literatura

3.1 Economia Circular

O conceito da Economia Circular (EC) surgiu na década de 1980,


em um artigo dos economistas e ambientalistas britânicos David W. Pearce
e R. Kerry Turner, demonstrando que o modelo tradicional não levava em

87
conta a prática da reciclagem, conforme a teoria desses, é necessária uma
alteração no sistema econômico tradicional chamado de linear para um
sistema circular (AVENI, 2020).
A Economia Circular propõe um modelo alternativo ao modelo
tradicional de produção. Enquanto o modelo ‘fazer, usar, descartar’ é
linear e gera desperdício, a abordagem da Economia Circular é baseada
na reutilização dos resíduos. Isso implica em abandonar o modelo linear,
utilizado pela grande maioria das empresas, em favor de um modelo mais
eficiente e sustentável. Nesse novo modelo, todos os tipos de materiais
são elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na
produção sem perda de qualidade. Dessa forma, a Economia Circular
promove a transição para uma abordagem de reutilizar e reciclar,
promovendo a sustentabilidade e a redução do desperdício (BONCIU,
2014; AZEVEDO, 2015).
A Economia Circular envolve mais que conceitos de reciclar e
reutilizar produtos, volta-se também aos modelos de gestão e processos
industriais. Para uma empresa fazer uma boa gestão ambiental e tornar-se
mais circular é preciso seguir um rol de prioridades como:
Gestão integrada de políticas e sistemas, buscar
sempre por processos de melhoria, educar e motivar
o pessoal, desenvolver e fabricar novos produtos e
serviços ecologicamente mais eficientes, orientar os
seus consumidores, desenvolver novos equipamentos de
operacionalização e estar em constante linhas de pesquisa
em busca da eficiência e de uma melhor relação com o
meio ambiente. [...] a remanufatura tem como princípio
restaurar produtos descartados para que possam estar em
novas condições para voltarem ao uso (SALES et al.,
2019, p. 4).

Com isso, a utilização inteligente dos recursos previamente


empregados no processo produtivo possibilita que o crescimento
econômico não seja dependente apenas do consumo crescente de
novos recursos. Para alcançar isso, além da implementação de sistemas
eficientes de recuperação, reparo, reutilização e remanufatura, valoriza-se
a preservação e mesmo o aumento das matérias-primas que são inseridas
na cadeia produtiva. Desse modo, a economia circular é um sistema
industrial que tem como objetivo ser reparador ou regenerativo de forma
intencional, gerando benefícios operacionais e estratégicos, bem como

88
um vasto potencial de inovação, geração de empregos e crescimento
econômico (SEHNEM; PEREIRA, 2018).
No tocante à economia, no entanto, a diferença entre desenvolvimento
e crescimento consiste no fato de que este último é apenas o crescimento
da renda e do Produto Interno Bruto, sem implicar mudança estrutural
mais profunda. Já o desenvolvimento econômico é a melhoria dos padrões
de vida dos seres humanos proporcionada pelo crescimento econômico.
Neste sentido, o modelo de produção dominante é baseado apenas no
crescimento e produzindo exclusão social em decorrência da concentração
de renda e degradação ambiental, em função da incessante busca de
matérias-primas para a produção. Por meio da tecnologia, busca-se
produzir mais em menor tempo, considerando apenas medição do aspecto
econômico como relevante (VEIGA, 2010).
Portanto, pode –se dizer que a busca pelo crescimento econômico
é uma premissa para melhor qualidade de vida aliado a preocupação
ambiental. Levando em consideração que o uso dos recursos naturais pela
economia é necessário e exige uma relação entre economia e consumo,
e entre este o lucro. Portanto, fica evidente a relação do crescimento
econômico com o meio ambiente, sendo preciso considerar os pressupostos
relativos aos recursos não renováveis, limites ao crescimento e escassez
potencial, como meios para o desenvolvimento sustentável.
A Economia Circular se expande e se desenvolve como uma meta
política, para mitigar os impactos ambientais e consequentemente as
alterações climáticas as quais embutem o aumento de preços dos recursos
a fim de conseguir alcançar os objetivos propostos atuando nas áreas da
competitividade, meio alternativo na luta contra as alterações climáticas e
energia limpa para melhorar a eficiência do uso de materiais e energia, o
oposto da economia linear baseada no princípio de pegar-fazer-descartar.
O foco desta nova economia é não desperdiçar recursos. Seu conceito
ainda não alcançou um padrão, nem há consenso acerca de seu arcabouço
teórico, contudo, tem certo avanço e pontos comuns entre pesquisadores
(OLIVEIRA, 2019).
Percebe-se que o termo “Economia Circular” é relacionado a uma
enormidade de significados e associações por distintos autores, mas no
geral, apresentam comumente o conceito de sistema fechado cíclico
(MURRAY; SKENE; HAYNES,2017).
Destaque a concepção de Geisendorf e Pietrulla (2018), onde uma
Economia Circular se inicia com o design do produto, visando reduzir

89
resíduos resultantes; figurado pela estrela e seu entorno, os principais
estágios do ciclo de vida do produto. O transporte e o produto (etapa
suporte) devem ser projetados para permitir a circularidade em todos
os estágios. Essas etapas configuram o nível micro, que se encontra
implícito nas perspectivas meso e macro. Ainda, sugerem os denominados
enquadramentos, úteis para apurar a viabilidade da implantação do projeto
e/ou transição para economia circular:
Ferramentas de mensurabilidade que estão relacionadas
a indicadores de performance, modelo de negócios para
avaliar a lucratividade do projeto, políticas e legislações
necessárias e a sustentabilidade do projeto” (OLIVEIRA,
2019, p. 21).

Para Kopnina e Blewitt (2015, p. 21),


"o modelo de economia circular utiliza o funcionamento
dos ecossistemas como um exemplo para os processos
industriais, enfatizando a mudança para produtos
ecologicamente saudáveis e energias renováveis."

Nesta mesma linha de busca por alternativas, em especial, de


preservação do planeta, Ellen Patrícia MacArthur criou, em 2010 na
Inglaterra, a Fundação Ellen MacArthur que estuda e estimula a adoção
de uma economia denominada de ‘economia circular’ (EMF,2015). Por
meio da criação dessa fundação, a Economia Circular desponta-se como
um modelo que visa a proteção ambiental, a prevenção da poluição e o
desenvolvimento sustentável (LI, 2012).
Para a implementação do modelo são exigidas algumas reformulações
das práticas econômicas. As empresas têm o papel de promover ações de
mudanças direcionadas a sustentabilidade e responsabilidade social, pois
possuem conhecimento de organização e de tomada de iniciativa.
Nos dias de hoje, o maior foco das ações políticas e das ferramentas
é buscar soluções para os resíduos materiais; e, ações para reutilizar,
reparar, redistribuir, remanufaturar e reformar são pouco desenvolvidas
e recebem menos atenção. Para avançar rumo à Economia Circular, os
projetos devem ser mais inteligentes e contextualizados, com propostas de
maior durabilidade além da conscientização sobre as profundas conexões
entre os negócios, produtos, bases sociais locais e lideranças com o
objetivo de definir novos ciclos de vida e tecnologias (BARROS, 2020).

90
A Economia Circular é uma estratégia de sustentabilidade,
regeneração e restauração, com o intuito de manter produtos, componentes
e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor indefinidamente.
Logo, a transformação de bens que estão no fim de sua vida útil em recursos
para outros processos, fechando ciclos em ecossistemas industriais e
minimizando resíduos, trazendo mudanças na lógica econômica ao
substituir a produção por suficiência.

3.2 Sustentabilidade

A palavra sustentabilidade tem ao longo dos anos ganhado um


grande destaque no cenário nacional e internacional, devido à eclosão de
grandes problemas ambientais em todo o planeta. Tais problemas nada
mais são do que consequências das atitudes agressivas do ser humano
para com a natureza, que busca cada vez mais retirar recursos do meio
ambiente para satisfazer suas necessidades, sem possuir a consciência de
que os referidos recursos são finitos e necessários para a sobrevivência
humana, o que acaba por criar uma verdadeira crise ambiental.
Sustentabilidade vem do termo em latim sustentare, que significa,
no sentido passivo, sustentar-se, equilibrar-se, conservar-se, manter-se.
No sentido ativo da palavra, sustentar significa a ação externa feita para
conservar, manter, nutrir, alimentar, fazer prosperar, subsistir, viver (BOFF,
2016). Apesar de muitos autores estimarem em suas pesquisas, o conceito
de “sustentabilidade” se originou no final da década de 1960 e início
da década de 1970 em reuniões organizadas pela ONU (RODRIGUES;
RIPPEL, 2015). Vale ressaltar que, no ano de 1994, surgiu o termo “triple
bottom line”, que acrescentou às dimensões econômicas, as dimensões
ambientais e sociais, e posteriormente desenvolveu-se o conceito 3P
(pessoas, planeta e lucros). A sustentabilidade corporativa implica em
incorporar aspectos ambientais, sanitários e sociais nos processos da
empresa (AKTIN; GERGIN, 2016).
Já o princípio do tripé da sustentabilidade, também conhecido
como “pessoas, planeta, lucro”, é a definição mais amplamente utilizada
e reconhecida de sustentabilidade. Introduzida por Elkington em 1998,
essa definição se tornou popular em documentos e relatórios, e evoluiu
para uma forma abreviada e popular de se referir aos conceitos de win-
win e sustentabilidade empresarial dentro do discurso da Sustentabilidade
Corporativa. Infelizmente, devido ao uso inadequado e ao greenwashing

91
por parte de empresas e governo, o termo sustentabilidade foi banalizado,
e seus princípios foram comprometidos no mundo corporativo. Isso levou
a preconceitos contra a ideia de sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável (ISIL; HERNKE, 2017).
De acordo com a definição do Cambridge University Press (2018),
a sustentabilidade refere-se à capacidade de sustentar ou manter algo por
um período prolongado de tempo. O termo tem sido utilizado em várias
áreas há muitos anos e é difícil determinar exatamente quando começou a
ser utilizado no contexto das ciências ambientais.
Na área da política ambiental e pesquisa, o termo sustentabilidade
estava se tornando popular, juntamente com outros como “desenvolvimento
sustentável”, “uso sustentável da biosfera” e “sustentabilidade ecológica”,
os quais estavam sendo cada vez mais utilizados por indivíduos e
preocupações preocupadas com a relação entre os seres humanos e o
meio ambiente. Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (World Commission on Environment and Development
- WCED) da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou o Relatório
Brundtland, que estabeleceu uma definição para desenvolvimento
sustentável como “o desenvolvimento que atende às necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender
suas próprias necessidades” (BROWN et al., 1987).
Durante a ECO 92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, a
sustentabilidade foi amplamente discutida e ganhou destaque, sendo
reconhecida em suas três dimensões principais: ambiental, econômica e
social. Nesta conferência, ainda é estabelecida a Agenda 21 (Agenda de
Desenvolvimento Sustentável) que foi assinada por 179 países.
Dessa forma, pode-se perceber que a dimensão econômica da
sustentabilidade requer que uma empresa seja capaz de produzir, distribuir
e oferecer seus produtos ou serviços de forma a estabelecer uma relação de
competição justa com seus concorrentes de mercado, a fim de gerar lucro
e valor para a empresa. Já a dimensão social envolve o capital que está
direta ou indiretamente relacionado às atividades da empresa, incluindo
funcionários, público-alvo, fornecedores, comunidade e sociedade em
geral, e requer a promoção de educação, cultura, lazer e justiça social. Por
fim, a dimensão ambiental visa manter ecossistemas vivos e diversificados
e está relacionada a todas as ações que possam causar impacto no meio
ambiente, como a promoção do plantio de árvores para compensar

92
as emissões de gases poluentes (VELLANI, RIBEIRO,2019; SILVA;
JUNIOR, 2023).
Em 2015 a Agenda 2030 foi elaborada e durante a 70ª Sessão da
Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, e pode ser vista como
um conjunto de medidas para alcançar o Desenvolvimento Sustentável, que
requer a atualização de marcos legais e condições financeiras favoráveis
para promover investimentos e inovações que visem à proteção ambiental,
à inclusão e justiça social e ao crescimento econômico sustentável. O
documento que originou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) estabelece que essa jornada em direção a um mundo livre de
pobreza, fome, doença e escassez, onde a vida próspera, envolve uma
ampla gama de atores, incluindo governos, parlamentos, o sistema das
Nações Unidas e outras instituições internacionais, autoridades locais,
povos indígenas, sociedade civil, empresas, setor privado, comunidade
científica e acadêmica, e todas as pessoas (ONU, 2015; PRIETOJIMÉNEZ
et al., 2021).
Nela estão previstas 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
e 169 metas a serem alcançadas até 2030. O fortalecimento da importância
dos ODS e da estratégia de incorporar a Agenda 2030 nas instituições é
uma empreitada desafiadora, mas que traz benefícios significativos. Para
efetivar a implementação dos ODS nas instituições de ensino superior
(IES), quatro fatores são considerados fundamentais: institucional
(envolvendo políticas, estratégias, planejamento e governança), temático
(abrangendo a interdisciplinaridade, uma variedade de tópicos, um escopo
amplo e uso múltiplo), estrutural (referente aos recursos, equipamentos,
materiais e operações) e pessoal/individual (envolvendo interesse,
preocupação, consciência e compromisso) (LEAL FILHO al.,2021).
Gadotti (2008) propõe uma ampliação no conceito de
sustentabilidade que transcende as concepções de preservação dos recursos
naturais e da viabilidade de um desenvolvimento sem agressão ao meio
ambiente. Ao conceito de sustentabilidade ele inclui, de forma holística, o
equilíbrio consigo mesmo, com o planeta e com o universo. Para o autor,
ser sustentável inclui ainda questões filosóficas, o próprio sentido do que
somos, de onde viemos e para onde vamos como seres humanos.
Lopes (2010) traz algumas reflexões acerca da crise ambiental
planetária: a sociedade reuniu tecnologia suficiente para se autodestruir
rapidamente, ampliou-se uma sociedade do consumo cujo modelo
de desenvolvimento está baseado no cartesianismo reducionista,

93
esquecendo-se de considerar que os recursos naturais são finitos; tais
fatos desconsideraram a qualidade de vida das gerações futuras. Assim,
a trabalhar a educação ecológica levaria a sociedade à reflexões para
demonstrar que essa crise é de origem ética, ou seja, vai além do viés
econômico, estando influenciada pelas dimensões históricas, sociais,
culturais e políticas, entre outras. E deixa evidente que a superação dessa
forma de ver o mundo, faz-se necessária uma mudança do paradigma, sendo
este entendido como as realizações científicas universalmente reconhecidas
que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares
para uma comunidade de praticantes de uma ciência (LOPES, 2010).
Por fim, analisando o que foi exposto acerca do conceito e aplicação
da sustentabilidade nos dias atuais, conclui-se que esta é indiscutivelmente
essencial em todas as áreas da sociedade e em todas as atividades humanas,
porquanto, significa uma verdadeira interação entre o ser humano e o meio
ambiente, de forma a se alcançar um equilíbrio ambiental e um verdadeiro
amor àquilo que mantém o homem vivo.
Logo, constata-se que:
[...] a sustentabilidade econômica extrapola o acúmulo de
riquezas, bem como o crescimento econômico e engloba
a geração de trabalho de forma digna, possibilitando uma
distribuição de renda, promovendo o desenvolvimento das
potencialidades locais e da diversificação de setores. Ela é
possibilitada por alocação e gestão mais efetivas dos recursos
e por um fluxo regular do investimento público e privado nos
quais a eficiência econômica deve ser avaliada com o objetivo
de diminuir a dicotomia entre os critérios microeconômicos e
macroeconômicos (MENDES, 2009, p. 53).

Nesta perspectiva, Boff (2012, p. 46) aponta que a causa da


pobreza e da degradação da natureza se dá, principalmente, pelo tipo
de desenvolvimento capitalista praticado, motivo pelo qual existe a
necessidade de rever o ideal de economia utilizado, o qual tem sido o
motivo da semeação de grandes problemas sociais e ambientais. Reforça
os autores citados.

4. Análise dos resultados

A análise dos resultados pautou-se no objetivo do desenvolvimento


Sustentável por meio da Adoção da Economia Circular.

94
Há semelhanças e diferenças entre os conceitos de Sustentabilidade
e Economia Circular. A Sustentabilidade tem como objetivo beneficiar o
meio ambiente, a economia e a sociedade em geral, enquanto a a Econômia
Circular é uma estratégia que busca minimizar o desperdício e maximizar
a eficiência dos recursos. Além disso, a percepção de responsabilidade
é claramente diferente entre os dois conceitos. Na discussão sobre
Sustentabilidade, as responsabilidades são compartilhadas, mas não são
claramente definidas, enquanto na literatura sobre Economia Circular, a
responsabilidade pela transição para um sistema circular é considerada
principalmente das empresas privadas, reguladores e governamentais.
O Desenvolvimento Sustentável é um objetivo amplo da sociedade,
que abrange aspectos psicológicos, ecológicos e de desenvolvimento, e é
definido em nível macro. Por outro lado, a abordagem da Economia Circular
é mais restrita e focada em um modelo de consumo e produção, definido
principalmente em nível micro. Embora o desenvolvimento sustentável
seja frequentemente associado à internalização de externalidades,
instrumentos e políticos para alcançar a sustentabilidade, ele não apresenta
uma estratégia clara para atingir seus objetivos amplos de garantia de
recursos entre as gerações. Em contraste, a Economia Circular oferece um
conjunto de ferramentas para alcançar objetivos ecológicos, mas seu foco
final é mais restrito do que o do desenvolvimento sustentável, conforme
afirmado por SAUVÈ et al. (2016).
A interconexão entre as práticas de Economia Circular,
sustentabilidade é bastante significativa. Além disso, a adoção de práticas
de Economia Circular pode contribuir para a consecução dos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as metas estabelecidos pela
ONU, nos ODS 6, 7, 8, 12 e 15, que abrangem temas como Água Limpa e
Saneamento, Energia Limpa e Acessível, Trabalho Decente e Crescimento
Econômico, Produção e Consumo Sustentável e Vida na Terra. Ademais,
a implementação das práticas de Economia Circular também pode ser
favorecida pela promoção dos ODS. É importante destacar que o progresso
em diversas outras metas que não se relacionam diretamente à Economia
Circular ainda assim pode impactar positivamente a adoção dessas práticas
de maneira indireta (SCHROEDER et al., 2018).
As temáticas mais comuns nos estudos sobre Economia Circular
são as questões ambientais e econômicas, mas a atenção dada às questões
sociais ainda é limitada. Geralmente, a Economia Circular é definida
como uma combinação de práticas que envolvem a redução, reutilização e

95
reciclagem de materiais. Embora se destaque a importância da Economia
Circular para alcançar a prosperidade econômica e a preservação ambiental,
pouco se menciona sobre o impacto dessa abordagem na equidade social e
no bem-estar das gerações futuras (HOMRICH et al., 2017; KIRCHHERR
et al., 2017).
De maneira ampla, a Economia Circular, apesar de ser apresentada
como uma alternativa ao modelo linear de produção, pode ser utilizada
como uma estratégia para alcançar o desenvolvimento sustentável. A Eco-
nomia Circular é vista como uma ferramenta para alcançar as metas do
desenvolvimento sustentável, o que significa que há uma transferência de
responsabilidade em relação às metas sociais que são fundamentais para al-
cançar objetivos econômicos e ecológicos (SUAREZ- EIROA et al., 2019).
Murray, Skene e Haynes (2017), argumentam que a Economia
Circular é a tentativa de integrar os princípios de sustentabilidade e de
bem-estar ambiental nas atividades econômicas. Do mesmo modo,
Ghisellini, Cialani e Ulgiati (2016) destacam que a EC estabelece um
novo modelo de negócios, o qual proporciona condições para o desen-
volvimento sustentável e a criação de uma sociedade mais harmoniosa.
Um dos grandes desafios de implementação da economia circular
é conseguir adotar modelos de negócio que agreguem mais valor ao
produto. Uma das formas que isso pode ser feito é através do aumento da
vida útil do produto dentro de um ciclo contínuo. No entanto, isso pode
ser difícil quando se tem bastante tributação nos processos de reciclagem.
Essa realidade acontece, por exemplo, no Brasil. O que dificulta garantir
maior eficiência e, ao mesmo tempo, menores custos.
Dentre as oportunidades proporcionadas pela Economia
Circular, destaca-se a capacidade de estabelecer novas relações com
os consumidores por meio de práticas sustentáveis, resultando em uma
valorização da imagem da empresa. Além disso, essa abordagem pode ser
uma alternativa para solucionar desafios como a instabilidade nos preços
das matérias-primas e a limitação dos riscos de suprimento. Vale ressaltar
que a economia circular permite o estabelecimento de uma relação mais
harmoniosa com os recursos naturais. Para promover essa abordagem em
sua empresa, é necessário considerar os três princípios que a norteiam:
eliminar resíduos e poluição desde o início, manter produtos e materiais
em uso e regenerar sistemas naturais.
Conforme apontado por Rosano-Penã et al. (2014), uma economia
de qualquer setor que promove o desenvolvimento sustentável deve

96
atender às necessidades de todas as partes interessadas, encontrando
um equilíbrio e uma sinergia de forças para reduzir os riscos e impactos
negativos para a sociedade.
Dessa forma, o desenvolvimento sustentável possibilita uma
transformação progressiva da economia e da sociedade. Enquanto o modelo
de economia linear gera extração contínua de recursos, a economia circular
funciona como um ciclo, com o propósito de eliminar o desperdício nos
processos produtivos. Essa estreita relação de sustentabilidade implica na
preocupação com a equidade social entre gerações e deve ser estendida à
equidade dentro de cada geração. É necessário pensar sobre o equilíbrio
entre a conservação ambiental e o desenvolvimento social e econômico
para abordar essas questões.
Nos dias atuais, é inegável que a Economia Circular vem ganhando
cada vez mais destaque no mundo inteiro como uma alternativa
para superar o modelo atual de produção e consumo que se baseia no
crescimento contínuo e indefinido do uso de recursos. Ao estabelecer
padrões de produção que promovam o fechamento de ciclo dentro de um
sistema econômico, a EC visa aumentar a eficiência no uso dos recursos,
evitando que os resíduos sejam destinados a aterros sanitários e lixões,
especialmente nas áreas urbanas e industriais. Segundo Ghisellini, Cialani
e Ulgiati (2016), esse processo busca alcançar um melhor equilíbrio e
harmonia entre economia, meio ambiente e sociedade.
Nesse sentido, a Economia Circular se torna um dos pilares
fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Com o caráter
limitado dos recursos naturais, a explosão demográfica no mundo e a
crescente urbanização, o alto volume de resíduos se tornou uma questão
extremamente sensível. Diante disso, é fundamental que políticas públicas
e privadas sejam implementadas com o objetivo de promover a reciclagem
de materiais, o consumo de energias renováveis e o design de produtos que
possam ser reciclados e reutilizados. De acordo com Dobrotǎ, Dobrotǎ e
Petrescu (2017), esses requisitos devem ser considerados como prioridade
em todo o mundo. Assim, a Economia Circular surge como uma abordagem
capaz de equilibrar a utilização dos recursos com a preservação do meio
ambiente e a justiça social.
A Economia Circular visa diferenciar o crescimento econômico
e o desenvolvimento do consumo de recursos finitos, para tanto essa
possui diferentes significados, desde atividades de redução, reutilização e
reciclagem até atividades ambientais como a degradação ou utilização de

97
recursos escassos, e é apoiado por indicadores específicos para alcançar
o desenvolvimento sustentável. No entanto, até o presente momento,
não houve um acordo entre os estudiosos para medir a eficácia de uma
indústria/produto/serviço a fim de realizar a transição de abordagens
lineares para circulares, particularmente aquelas que afetam a sociedade
(PADILLA-RIVERA; RUSSO-GARRIDO; MERVEILLE, 2020).
A Economia Circular foca em uma abordagem circular de recursos
energéticos e materiais, que pode fornecer benefícios econômicos,
ambientais e sociais para as diversas organizações. Com a adoção da EC,
principalmente por países de economias emergentes, é possível obter
crescimento econômico substancial por meio da utilização adequada
de energia limpas e recursos materiais em toda a cadeia de suprimentos
(YADAV et al., 2020). Ainda segundo o autor, é relativamente mais fácil
adotar a Economia Circular nas nações desenvolvidas do que as nações
em desenvolvimento.
Abaixo, apresenta-se uma lista de benefícios da economia circular,
organizada em cinco categorias, contemplando todas as partes em todos
os níveis - clientes, empresas e sociedade como um todo, conforme Pinto
(2018, p. 47-48):
A primeira categoria, “Benefícios para a economia”, destaca a
redução de custos com matéria-prima, gestão de resíduos e emissões,
além da criação de oportunidades de novos negócios e estabelecimento de
sistemas econômicos mais resilientes. Já a segunda categoria, “Benefícios
para consumidores”, destaca a melhoria da qualidade dos produtos, a
redução da obsolescência programada e maior possibilidade de escolha.
A terceira categoria, “Benefícios para as empresas”, apresenta uma
lista ampla de vantagens, como potencial de lucro em novos negócios,
novas formas de relacionamento com clientes, redução de custos com
matérias-primas e legislação ambiental, além de ganhos diretos com
recuperação e reciclagem de materiais. A quarta categoria, “Benefícios
para a sociedade”, destaca a geração de empregos, aumento do senso de
comunidade e participação através da economia compartilhada, além de
benefícios socioculturais e de bem-estar.
Por fim, a quinta categoria “Benefícios para o meio ambiente”
destaca a redução no uso de matéria-prima virgem, aumento do tempo de
vida dos materiais por meio da eficiência no uso e recuperação, diminuição
da geração de resíduos e emissões. De forma geral, a economia circular
traz vantagens em todas as partes, abrangendo desde o aspecto econômico
até o social e ambiental.

98
A Economia Circular é uma abordagem que visa a transição da
economia linear para um modelo mais sustentável e eficiente no uso dos
recursos. Para que essa transição seja efetiva e gere resultados desejados, é
necessário que haja uma mudança de cultura e visão de negócios em toda
a cadeia do ciclo de vida do produto, envolvendo todos os interessados e
afetados pelo processo (PINTO, 2018).
A EC é uma das melhores estruturas de desenvolvimento sustentável
para países em desenvolvimento que precisam resolver seus problemas
com excesso de resíduos e evitar o crescimento do custo do meio ambiente
e dos recursos das futuras gerações (NGAN et al., (2019). As estratégias
da EC que vencem as barreiras organizacionais e gerenciais são capazes
de fomentar o desenvolvimento sustentável ao restringir o consumo
exacerbado do presente para garantir que as gerações futuras herdem
recursos essenciais à sua sobrevivência (OGUNMAKINDE et al., 2022).
Considerando que a EC é uma abordagem circular de recursos
energéticos e materiais Yadav et al., (2020), seu uso pode propiciar
benefícios econômicos, ambientais e sociais para organizações situadas na
Amazônia. Isso porque o uso da EC nas economias emergentes é capaz de
fomentar o crescimento econômico e favorecer a aplicação apropriada de
recursos energéticos e materiais pelas empresas e pela indústria (YADAV
et al., 2020). Além disso, a EC pode ser considerada o ponto ótimo da
sustentabilidade, pois se fundamenta em práticas capazes de gerar
operações mais sustentáveis, especialmente no nível de produtos (ROSSi
et al., 2020).
Assim, mesmo dentro dos arranjos produtivos locais, há diferentes
estágios de maturidade e diferentes portes empresariais que adotam dife-
rentes níveis de estratégias de EC Ferreira et al., (2019) e ODS conforme
Schroeder et al., (2019); Nylund et al.,( 2021). É importante ressaltar que
as estratégias de EC vencem as barreiras organizacionais e gerenciais para
promover o desenvolvimento sustentável, e que a implementação dessas
estratégias pode trazer benefícios para a economia, consumidores, empre-
sas, sociedade e meio ambiente, conforme apresentado na lista de benefí-
cios da EC (PINTO, 2018).

Considerações finais

A Sustentabilidade e a Economia Circular são conceitos relaciona-


dos, mas não são sinônimos. Enquanto a sustentabilidade é um objetivo

99
amplo que se aplica a todas as áreas da vida, incluindo meio ambiente,
economia e sociedade, a Economia Circular é uma abordagem específica
para a economia que visa reduzir o desperdício e aumentar a eficiência
dos recursos.
No entanto, a Economia Circular é uma forma de promover a
sustentabilidade, já que busca maximizar o valor dos recursos e minimizar
o impacto ambiental. Vale ressaltar que existem outras formas de alcançar
a sustentabilidade além da economia circular.
O desenvolvimento sustentável é um conceito que leva em
conta a preservação ambiental e a equidade social, buscando atender
às necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade
das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Esse
modelo de crescimento econômico e social busca o equilíbrio entre as
dimensões econômica, social e ambiental, garantindo a qualidade de vida
e a sobrevivência das pessoas e do planeta.
Para enfrentar os desafios atuais da humanidade, é necessário
questionar o modelo econômico linear e trazer inovações nos sistemas de
negócios. A Economia Circular é uma solução para acelerar a transição
para um modelo mais sustentável. Essa transição deve ser acompanhada
por mudanças nos modelos mentais de curto para longo prazo, inovações
nos modelos de negócios e nas cadeias de valor, além de uma educação,
políticas públicas, infraestrutura e tecnologias adequadas.
Com a biodiversidade, diversidade sociocultural, cultura de
inovação e empreendedorismo, o país tem o potencial de se tornar uma
referência de inovação e geração de valores econômico, ambiental e social
do século XXI, explorando o contexto da Economia Circular.
Nesse cenário, alcançar o desenvolvimento sustentável é desafiador.
O mundo precisa mudar seus hábitos e isto não é mais negociável. O
desenvolvimento sustentável é a alternativa e a opção disponível para
atender às nossas necessidades presentes sem comprometer a possibilidade
de dar as gerações futuras atenderem as suas necessidades.
A proposta da Economia Circular de estratégias de limitação,
ou seja, o uso racionalizado do sistema ambiental e, em contrapartida,
a sustentabilidade preocupa-se com o bom uso dos recursos ambientais
de forma a garantir sua existência futura. Importante mencionar que este
estudo não visou esgotar todos os resultados, mas trazer à tona novas
considerações de maneira a estimular o desenvolvimento de pesquisas
futuras que explorem em maior grau de aprofundamento o objetivo

100
desta pesquisa. Espera-se ainda que este estudo seja útil para ampliar o
conhecimento sobre o assunto.

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104
CAPÍTULO VI
DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO
NO SETOR SUCROENERGÉTICO FACE A
SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO MUNICÍPIO
DE FRUTAL-MG

Miriam Pinheiro Bueno


Aline Silva Freitas

RESUMO
A proposta de sustentabilidade socioambiental no âmbito empresarial,
especificamente, nos processos desenvolvidos das empresas, é avaliar seus impactos
ambientais e sociais na população rural e urbana em que estão localizadas, assim
como em seu entorno, uma vez que todos estão envolvidos direta e indiretamente
nos reflexos que as práticas deles incidem. O setor sucroenergético de cana-de-
açúcar contribui com vários produtos e subprodutos como combustível, açúcar e
energia proveniente de fonte renovável, embora ainda cause impactos negativos
ao meio ambiente. O projeto objetivou, principalmente, uma análise científica e
tecnológica da gestão corporativa do setor sucroenergético de cana-de-açúcar face
aos conceitos da sustentabilidade socioambiental por meio de pesquisa qualitativa
como sendo uma metodologia de pesquisa não-estruturada, exploratória,
descritiva, com dados secundários de empresas sucroenergéticas no município de
Frutal-MG e relatórios de organizações representativas do setor e da literatura. Os
resultados apontaram na direção do alinhamento de nível de práticas sustentáveis
do setor e suas ações face à sustentabilidade socioambiental. As considerações
resultantes das pesquisas demonstram que o setor, no seu processo decisório,
está analisando suas práticas e ações de forma preventiva e não mais reativa por
questões legais. Entretanto, muito ainda tem que ser melhorado quanto o assunto
é a sustentabilidade socioambiental. A relevância do projeto se destaca, porque
contribui na melhoria do processo decisório da gestão do setor sucroenergético
de cana-de-açúcar, da comunidade rural e urbana, pesquisadores, do município e
estado, haja vista que o estado possui parte da sua economia advinda desse setor.

Palavras-chave: desenvolvimento sustentável; sucroalcooleiro; gestão


empresarial.

SCIENTIFIC AND TECHNOLOGICAL DEVELOPMENT IN


THE SUGAR-ENERGY SECTOR IN THE FACE OF SOCIO-
ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY IN THE MUNICIPALITY OF
FRUTAL-MG

ABSTRACT
The proposal for socio-environmental sustainability in the business sphere,
specifically in the processes developed by companies, is to assess their
environmental and social impacts on the rural and urban population in which

105
they are located, as well as on their surroundings, since everyone is directly and
indirectly involved in the reflections that their practices affect. The sugarcane
energy sector contributes with various products and by-products such as fuel,
sugar and energy from renewable sources, although it still causes negative impacts
on the environment. The project aimed, mainly, at a scientific and technological
analysis of the corporate management of the sugar-cane energy sector in the face
of the concepts of socio-environmental sustainability through qualitative research
as a non-structured, exploratory, descriptive research methodology, with data
secondary data from sugarcane companies in the city of Frutal-MG and reports
from organizations representing the sector and literature. The results pointed in
the direction of aligning the level of sustainable practices in the sector and its
actions towards socio-environmental sustainability. The considerations resulting
from the surveys demonstrate that the sector, in its decision-making process, is
analyzing its practices and actions in a preventive way and no longer reactive
for legal reasons. However, much still has to be improved when it comes to
socio-environmental sustainability. The relevance of the project stands out, as
it contributes to improving the decision-making process in the management of
the sugarcane sugarcane sector, the rural and urban community, researchers, the
municipality and the state, given that the state has part of its economy derived
from of that sector.

Keywords: sustainable development; sugar and alcohol; business management.

1. Introdução

Quando se aborda a questão da sustentabilidade socioambiental


no planeta, as questões políticas ocupam posição de destaque no mundo.
Portanto, relembrar alguns fatos é necessário.
Exemplo marcante foi o ocorrido com a Amazônia no Brasil, que
chamou a atenção da sociedade mundial. A devastação e queimadas
ocorridas acabaram superadas pelas questões políticas que “roubaram” a
cena. Enquanto o presidente brasileiro discutia questões pessoais com o
presidente francês, a Amazônia ardia com o fogo e a lentidão nas medidas
de proteção ambiental. A população do estado, sofrendo ainda mais
como se não fizessem parte da Amazônia, como se pudessem esperar as
divergências políticas de caráter pessoal.
Os 196 membros na 74ª Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), em 17 de setembro de 2019 sob a presidência do
nigeriano Tijjani Muhammad-Bande, tendo como tema a união de esforços
multilaterais para a erradicação da pobreza, educação de qualidade, ação
climática e inclusão pouco avançaram nessas questões. O mesmo ocorreu
na 22ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima (COP 22) que

106
reafirmaram o compromisso de reduzir o aquecimento global e de construir
uma agenda de trabalho para chegar a esse objetivo em dois anos, isto é,
em 2024. Estamos a um ano desse compromisso e o cenário vivenciado
em 2023 pouco contribui para cumprir o compromisso já reafirmado.
As discussões sobre as questões socioambiental se perderam no
meio de disputas e assuntos políticos de caráter econômico.
Bueno (2015) afirma que a sustentabilidade socioambiental se faz
por meio da conscientização, da mudança de conduta, de práticas e ações
sustentáveis por parte das pessoas, dos empresários e do setor público a
partir do equilíbrio entre os fatores ambiental e o social. Soma-se a isso,
o desenvolvendo acelerado de novas tecnologias na gestão, no campo,
na produção e na distribuição, ou seja, em toda cadeia produtiva sem
comprometer o meio ambiente e a sustentabilidade mundial.
Analisar a construção e emergência do conceito de sustentabilidade
socioambiental é compreender os processos objetivos e subjetivos que
levam à consciência do esgotamento do modelo de desenvolvimento
vivenciado nas últimas décadas e da necessidade de uma nova concepção.
O movimento em torno da ideia da sustentabilidade ambiental foi,
inicialmente, articulado por ambientalistas que buscavam dar visibilidade
à crise ambiental decorrentes das atividades antrópicas, bem como
enfatizar a necessidade de mudanças capazes de interromper os processos
de poluição e degradação de recursos ambientais.
O conceito de desenvolvimento sustentável, lançado primeiramente
no Relatório Brundtland, em 1987, tem despertado o debate a respeito da
questão ambiental e sua relação com o desenvolvimento econômico-social.
De forma mais ou menos articulada e acelerada, a consciência ecológica
cresce e se materializa em vários setores tais como movimentos sociais,
opinião pública, iniciativas científicas, meios de comunicação, políticas
governamentais, organismos internacionais, atividades empresariais,
entre outros.
A estreita relação entre questões ambientais, sociais e econômicas
resultou na extrapolação da concepção inicial, focada na sustentabilidade
ambiental, para uma concepção mais ampla que tratava de outros problemas
do desenvolvimento, e que foi reunida no conceito de sustentabilidade.
Porém, acerca da sustentabilidade, apesar de sua forte penetração
em vários setores, igualmente no setor do etanol de cana-de-açúcar, ainda
se sobressai seu caráter polêmico e ambíguo, marcado por múltiplas
interpretações e consensos.

107
Contextualizando, é nítida a importância da produção de cana-de-
açúcar no Brasil e em alguns estados quase que uma cultura única. Assim,
as questões socioambientais têm consequências e a sustentabilidade dos
estados e do país igualmente mesmo com o modelo de gestão corporativa
praticada no setor sucroalcooleiro (BUENO, 2015).
Refletir a respeito de questões se faz necessário, será que o conceito
de sustentabilidade socioambiental está pautado no processo decisório
de práticas de gestão do setor sucroenergético de cana-de-açúcar no
município de Frutal? Quais os impactos resultantes dessas práticas? Os
questionamentos são justificados, pois o caminho da sustentabilidade
socioambiental tradicional está baseado no princípio de utilizar os recursos
naturais sem comprometer a vida das gerações futuras.
E os recursos naturais são finitos e precisam de uma abordagem que
considere esta realidade como premissa. Mas de alguma forma e em algum
momento precisam incorporar os conceitos de complexidade das relações,
fundamental ao desenvolvimento de ações ambientalmente significativas,
uma vez que o meio ambiente pode ser definido como o conjunto de
relações entre os meios físico, biológico e antrópico. A tendência moderna
é de gestão integrada que significa associar saúde ocupacional, segurança
do trabalho e proteção ambiental, com ações sociais que priorizem a
melhoria da qualidade de vida das populações que integram grupos de
partes interessadas (stakeholders), quer sejam consumidores, clientes,
acionistas, vizinhos, integrantes de associações comunitárias ou outros.
No município de Frutal-MG, estão instaladas as Usinas Cerradão e
do Grupo Bunge Açúcar e Bioenergia.
O Sebrae afirmou que o setor é responsável por 50% da massa
salarial dos 11 municípios pesquisados da área de inserção das usinas, e
por 40% da força de trabalho local (CANAONLINE, 2023).
Sendo assim, o projeto tem como objetivo principal fazer uma análise
do desenvolvimento científico e tecnológico da gestão corporativa do setor
sucroenergético de cana-de-açúcar face ao conceito de sustentabilidade
socioambiental no município de Frutal-MG.

2. Procedimentos metodológicos

Os conceitos e práticas de gestão de sustentabilidade foram anali-


sados em relação às dimensões ambiental e social. Nesse trabalho, susten-
tabilidade ambiental e sustentabilidade ecológica serão abordadas como

108
sinônimos. Também são analisadas como sinônimos a sustentabilidade
social e a cultural. Cabe ressaltar que esse a o primeiro estudo de um pro-
jeto maior a respeito do tema proposto pelas autoras.
No projeto, foi apresentado o objetivo que conduz à escolha pela
realização de uma pesquisa qualitativa. Malhotra (2001) justifica a pesquisa
qualitativa como sendo uma metodologia de pesquisa não-estruturada,
exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporcionam percepção
e compreensão do contexto e do problema.
Dentre as alternativas metodológicas fornecidas pela abordagem
qualitativa, optou-se pela realização de um estudo exploratório, seguido
de uma pesquisa descritiva.
A pesquisa foi realizada por meio de dados secundários. Os
dados secundários foram extraídos de diversos documentos, de
trabalhos realizados nas áreas do setor sucroenergético, sustentabilidade
socioambiental e empreendedorismo corporativo e tecnológico por meio
de consulta a sites, periódicos Capes, dissertações, teses, artigos de anais
de congressos, modelos de questionários, teses de doutorado, dissertações
de mestrado e relatórios internacionais e nacionais de entidades que
pesquisam o assunto.
Segundo Malhotra (2001, p.105 e 106), a pesquisa exploratória
é uma tipologia que apresenta como principal objetivo o provimento
da compreensão do problema enfrentado pelo pesquisador. Seu uso se
justifica pela possibilidade de definir o problema com maior precisão,
“identificar cursos relevantes de ação ou obter dados adicionais antes que
se possa desenvolver uma abordagem”.
O valor dos dados secundários para um estudo desta natureza
é ressaltado por Malhotra (2001) a coleta de dados será de dados
secundários disponíveis uma vez que o interesse do estudo recai sobre a
gestão empresarial corporativa do setor sucroenergético e sua relação aos
conceitos de sustentabilidade socioambiental.
O estudo exploratório foi realizado, analisando empresas
sucroenergéticas localizadas no município de Frutal-MG. O estudo
exploratório buscará entender como essas empresas fazem a gestão dos
seus negócios e se suas práticas de gestão contemplam os conceitos da
sustentabilidade socioambiental por meio de cruzamento de informações.
As informações documentais (secundárias) ajudaram na
compreensão da pesquisa descritiva do estudo.
A pesquisa foi classificada como descritiva, uma vez que visa,
primordialmente, desvendar as características de determinado fenômeno.

109
Segundo Lakatos e Marconi (1995), em pesquisas descritivas, levantam-
se as informações sobre situações específicas e relacionadas, com o intuito
de oferecer a visualização da totalidade a partir de suas distinções.
A coleta de dados foi por meio de dados secundários em consultas a
sites, periódicos Capes, dissertações, teses, artigos de anais de congressos,
modelos de questionários, teses de doutorado, dissertações de mestrado e
relatórios internacional e nacional de entidades que pesquisam o assunto
como a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA)
e no site das usinas Cerradão e do Grupo Bunge Açúcar e Bioenergia,
localizada no município de Frutal-MG.
Considerando-se as especificidades e as subjetividades relativas
às percepções das pesquisadoras, a abordagem qualitativa, exploratória
e descritiva se apresentou como uma opção para buscar responder aos
objetivos explicitados da presente pesquisa. Lakatos e Marconi (1995)
afirmam que a análise qualitativa pode ser justificada pela opção do
pesquisador de tentar explicar e entender a relação de causa e efeito do
fenômeno e, consequentemente, chegar à sua verdade e razão.
A revisão teórica e a análise dos resultados, foram retirados, na
ítegra, de um dos capítulos da tese de doutorado da autora Bueno (2015).

3. Revisão da literatura

3.1 Sustentabilidade Socioambiental

O conceito de sustentabilidade sugere discussão sobre a proteção


ambiental, o desenvolvimento social e econômico sem que um seja
favorecido em detrimento de outro e que tenha como base os aspectos
qualitativos da vida humana.
Podem-se citar alguns aspectos positivos da sustentabilidade:
seu caráter inovador, pois é uma nova perspectiva de desenvolvimento
econômico que visa superar um modelo limitado; incorporação de
perspectiva multidimensional, pois articula economia, meio ambiente,
política, cultura, e muitas outras dimensões numa visão integrada
superando as abordagens unilaterais e explicações reducionistas e
simplificadoras dos problemas; visão de longo prazo, pois prevê um novo
agente de direitos, as gerações futuras, bem como considera os ritmos
naturais da vida e da matéria (ciclos biogeoquímicos) sugerindo o respeito
à capacidade de resiliência dos ecossistemas; incorporação da ideia de que

110
a política desempenha papel fundamental no tratamento dos problemas
ecológicos; e, a consideração da temática pobreza como um dos grandes
problemas ambientais a serem resolvidos.
Para melhorar a sustentabilidade de um sistema será necessário
criar mecanismos de previsão dos impactos de ações internas e externas
sobre o mesmo, e conseguir reduzir o grau de incerteza associado
a essas ações nas quais podem ser avaliadas por indicadores e índices
de sustentabilidade socioambiental como, por exemplo, o GRI (Global
Reporting Initiative), o EPI - Environmental Performance Index (Índice
de Desempenho Ambiental), a Better Sugarcane Initiative ou Bonsucro, o
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), os Relatórios do Centro de
Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE-CTI), os Relatórios do Conselho
Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), os
relatórios do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC),
os Relatórios de Sustentabilidade da Única, os Relatório de Gestão de
Sustentabilidade da Copersucar, esse utilizados por empresas, dentre elas,
usinas do setor de etanol de cana-de-açúcar (BOVESPA, 2022).
A ideia de sustentabilidade socioambiental no âmbito empresarial,
especificamente, nos processos desenvolvidos das empresas, é avaliar
seus impactos ambientais e sociais na sociedade e nas cidades em que
estão localizadas assim como em seu entorno, uma vez que todos estão
envolvidos direta e indiretamente nos reflexos que as práticas deles
incidem (CORAL, 2002). Portanto, devem-se integrar os princípios
da sustentabilidade socioambiental nas políticas públicas e fazer das
especificidades de cada cidade a base das estratégias locais adequadas em
parceria com o ambiente rural.
Segundo Veiga (2012) as duas correntes se confrontam na área
da Economia porque não há consenso acerca do rumo que o sistema
econômico deve tomar para garantir sua continuidade sem que haja um
colapso ambiental; além do fato de os indícios serem de que os avanços
em ecoeficiência são insuficientes para lidar com a crise ambiental em sua
totalidade.
É possível perceber a veracidade dos apontamentos de Veiga, assim
como a dificuldade de empresas em internalizar e praticar os princípios de
sustentabilidade socioambiental, em suas práticas e ações do dia a dia. Isso
ocorre por esta ser uma teoria geral do desenvolvimento, apresentando
a questão ambiental em paridade com outras questões relevantes na
sociedade dadas as inter-relações e interdependências entre as dimensões

111
social e econômica, que devem ser analisadas nos níveis local, regional
e nacional e mundial. Isto leva a corroborar com o posicionamento de
Gibson (2006) e de Sachs (1993).
Para Sachs (1993) é necessário e possível a intervenção e o dire-
cionamento do desenvolvimento econômico para conciliar eficiência
econômica, anseio social e prudência ecológica (uma aceitação genera-
lizada). O ecodesenvolvimento se apresenta mais como uma estratégia
alternativa à ordem econômica internacional, enfatizando a importância
de modelos locais baseados em tecnologias apropriadas, em particular
para as zonas rurais, buscando reduzir a dependência técnica e cultural.
Dada à complexidade e a diversidade de questões envolvidas, é difícil
compor um bom retrato do grau de sustentabilidade socioambiental atingido
por um país, região, cidade e empresa tomando por referência um pequeno
número de variáveis. Mensurar a sustentabilidade socioambiental requer a
integração de muitas informações advindas de uma pluralidade de discipli-
nas e áreas de conhecimento como afirma Gibson (2006) e Sachs (2002).

3.2 Sustentabilidade Empresarial

Na atualidade as empresas devem ter um posicionamento claro,


tornar-se um agente de mudanças, levando em conta que os resultados
podem ser medidos pelos fatores econômicos, sociais e ambientais
e, também, adaptar e levar o conceito e princípios a todos os seus
stakeholders, para que participem e tomem conhecimento de forma clara
e contínua dos processos e das mudanças organizacionais e empresariais
(STEFFE, et al., 2012).
Coral (2002) define sustentabilidade como a soma das dimensões
sustentabilidade econômica, sustentabilidade socioambiental e
sustentabilidade social, sendo que cada dimensão apresenta os seus
respectivos indicadores: vantagem competitiva, qualidade e custo,
foco, mercado, resultado e estratégicas de negócios para a dimensão
sustentabilidade econômica; tecnologias limpas, reciclagem, utilização
adequada de recursos naturais, atendimento a legislação, tratamento de
efluentes e resíduos e impactos ambientais para a dimensão sustentabilidade
socioambiental; e assumir responsabilidade social, suporte para o
crescimento e desenvolvimento da comunidade e promoção e participação
em projetos de cunho social para a dimensão sustentabilidade social, a
serem aplicados e avaliados pelas empresas, como instrumento no

112
planejamento estratégico e nas tomadas de decisões dos seus stakeholders
(CORAL, 2002).
Bueno (2015) afirma que mesmo com opiniões conceituais
divergentes oriundas de múltiplas esferas (governamentais, não
governamentais, academia científica, sociedade civil, ONGs, empresas,
agroindústrias, cadeias produtivas) e níveis (local, municipal, estadual,
regional, nacional e mundial) envolvendo áreas urbanas e rurais, sabe-
se que são necessárias a preservação e a manutenção do meio ambiente.
Além disso, deve-se promover o reconhecimento da necessidade social
e econômica equilibrada e justa, a busca de ferramentas e tecnologias
adequadas por meio da conscientização e da mudança de conduta de
todos. Portanto, sustentabilidade socioambiental é um processo contínuo
de conscientização e mudança de conduta de todos os envolvidos face a
seus princípios.
Embora a Rio+20 e a COP 22 não tenham trazido resultados que
pudessem avançar mais rapidamente em direção ao desenvolvimento
sustentável, elas chamaram a atenção daqueles que ficaram do lado
de fora, sobre o que está acontecendo com o planeta. Os brasileiros
puderam perceber exemplos diretos como a falta de água, energia elétrica,
desmatamento, aumento da temperatura e outras. Em 2021 e 2022, os
brasileiros sentiram mais uma vez a importâncias das questões ambientais,
quando o assunto foi a pandemia e o desmatamento da Amazônia e
questões indígenas e garimpos que repercutiram internacionalmente, com
interversões ambientais, sociais, culturais, territoriais e econômicas no país.
Portanto, os processos de tomada de decisão, ações, práticas na ges-
tão pública e/ou privada se tornam mais complexos, uma vez que a socie-
dade percebe os efeitos dessas decisões e, por isso, dispõe-se a se posicio-
nar fortemente contrária às ações e práticas que estão em divergência a
sua visão de futuro, percebendo, assim, a necessidade da sustentabilidade
para o planeta. Portanto, a sustentabilidade socioambiental se faz por meio
da conscientização, da mudança de conduta, de práticas e ações sustentá-
veis por parte das pessoas, dos empresários e do setor público a partir do
equilíbrio entre os fatores ambiental e o social. Soma-se a isso, o desen-
volvendo acelerado de novas tecnologias na gestão, no campo, na produ-
ção e na distribuição, ou seja, em toda cadeia produtiva (BUENO, 2015).
Segundo o CEBDS (2022), várias empresas como a Raizen
Energia elétrica - S.A., Shell, Wal-Mart Brasil - S.A. Indústrias Votorantim,
entre outras começaram a mudar sua forma de gestão. Anteriormente, a

113
gestão visava apenas o fator econômico, contudo, hoje, as empresas estão
engajadas no processo da sustentabilidade, o que resulta no conceito de
sustentabilidade empresarial e corporativa.

3.3 Setor Energético e Sucroalcooleiro de Cana-de-Açúcar


Os termos etanol e álcool são usados como sinônimos, sendo que
o uso do termo álcool se dá apenas na apresentação do histórico do setor.
Setor do etanol, sucroalcooleiro e setor energético também são usados
como sinônimos; sendo que a mudança do termo se deu nos anos 2000,
com a diversificação dos produtos da cana-de açúcar por parte das usinas,
essas também utilizadas como sinônimo para destilarias (DUARTE, 2013).
Finalmente, quanto à análise do caso do etanol de cana-de-açúcar
cabe ressaltar que o recorte em dois produtos se fez necessário para a
construção dessa pesquisa científica.
A cadeia produtiva do etanol de cana-de-açúcar contribui com
combustível proveniente de fonte renovável. Apesar de ainda causar
impactos negativos ao meio ambiente, o CO2 oriundo dessa fonte vegetal
é absorvido por um vegetal que, mais tarde, servirá de matéria-prima para
fabricação desse combustível caracterizando-se, assim, uma espécie de
logística reversa de CO2. Outra característica favorável é a utilização do
bagaço da cana como fonte de energia elétrica (CGEE, 2022).
A ideia de uma agricultura mais sustentável revela, antes de tudo,
a crescente insatisfação com o status quo da agricultura tradicional. Isso
é resultado de emergentes pressões do desejo social por práticas agrícolas
que, simultaneamente, conservem os recursos naturais e forneçam
produtos mais saudáveis, sem comprometer o fator econômico e os níveis
tecnológicos de segurança alimentar já alcançados.
Aliado às mudanças mundiais provocadas pelo conceito de sus-
tentabilidade, desenvolvimento sustentável, sustentabilidade empresarial
e corporativa, as empresas agroindustriais brasileiras têm investido em
práticas e ações que vão ao encontro desse novo posicionamento, o da
agricultura sustentável (DUARTE, 2013).
Dentre elas, pode-se citar não somente as agroindústrias
sucroalcooleiras, mas também o setor de etanol de cana-de-açúcar como
um todo. Isso reforça a proposta de integração dos sistemas produtivos à
preservação da biodiversidade em larga escala.
É evidente que a busca por uma agricultura mais sustentável
representa um desafio para o Brasil, em especial por ser um país abundante

114
em recursos naturais. Somasse, o crescimento da população, o aumento da
demanda por alimentos, habitação, emprego, energia elétrica, moradia e
serviços ecológicos, a restrição territorial e os limites impostos por novos
parâmetros ambientais representam fatores que poderão comprometem a
sustentabilidade agrícola brasileira (BELLAGIO, 2018).
Portanto, é possível considerar agricultura sustentável como
aquela que alcança índices de produção desejáveis, sendo competitiva
no mercado. Ela deve se basear em indicadores, metodologias, práticas
e ações de gestão mais sustentáveis, de forma contínua, em toda a cadeia
produtiva (OECD, 2023).
O impacto deste movimento de modernização da agricultura
brasileira, sob o prisma da agricultura sustentável que, assim como a
sustentabilidade, apresenta conceitos em discussão e construção, cresceu
no Brasil juntamente com o interesse e a preocupação com as questões que
relacionam a produção agrícola e o meio ambiente.
A busca contínua do processo de sustentabilidade na agricultura, nas
cadeias produtivas, nas empresas, stakeholders, ONGs, e na sociedade em
geral se traduz na busca da sustentabilidade socioambiental, econômica e
social para o país e o mundo.
O setor sucroenergético de cana-de-açúcar utiliza instrumentos
voltados para a o processo de sustentabilidade como indicadores,
certificações SGA, ISO 14.001 e ISO 9.000, Produção Mais Limpa,
Avaliação do Ciclo de Vida e outros (DOMINGUES, 2017).
O que pode estar ocorrendo com o esse setor, no presente
momento, são várias discussões nas quais os stakeholders defendem seus
posicionamentos sob uma determinada dimensão: ambiental, social ou
econômica. Isso dificulta o diálogo em busca de uma gestão empresarial do
setor sucroenergético de cana-de-açúcar que priorize, em suas análises, um
processo de sustentabilidade que equilibre as três dimensões (ambiental,
social e econômica).
Em função disso, a pesquisa tem sua relevância uma vez que
investiga a adoção de algumas práticas no processo de usinas face a
princípios de sustentabilidade socioambiental nas áreas relacionadas
ao desenvolvimento das sociedades, preservando o essencial dos dados
originais e utilizando apenas as variáveis que melhor servem aos objetivos
e não todas as que podem ser medidas ou analisadas. A informação é, dessa
forma, mais facilmente utilizável por estrategistas, gestores, políticos,
grupos de interesse ou público em geral (BENETTI, 2006).

115
4. Análise dos resultados

As tentativas de avaliação de conceitos e indicadores socioambientais


podem seguir três vertentes principais. A primeira delas, de vertente
biocêntrica, consiste principalmente na busca por indicadores biológicos,
físico-químicos ou energéticos de equilíbrio ecológico de ecossistemas.
A segunda, de vertente econômica, consiste em avaliações monetárias
do capital natural e do uso de recursos naturais. A terceira vertente
busca avaliar indicadores de sustentabilidade que combinem aspectos
do ecossistema natural e da qualidade de vida humana sendo que, em
alguns casos, também são levados em consideração aspectos dos sistemas
econômicos político, cultural e institucional.
Nesse projeto, os resultados apontam a terceira vertente embasa a
análise dos conceitos e indicadores de sustentabilidade socioambiental nas
usinas produtoras de etanol de cana-de-açúcar.
Os conceitos e dimensões categorizados de sustentabilidade
socioambiental empregados nesse trabalho fazem parte da terceira
vertente.
Portanto, para o presente estudo elencou e selecionou conceitos e
dimensões de sustentabilidade socioambiental que combinem aspectos do
ecossistema natural a aspectos sociais (antrópico) de autores e instituições
que pesquisam o assunto e a imparcialidade de julgamentos quanto a
conduta, isto é, práticas e ações do setor sucroenergético, em particular as
usinas pesquisadas no município em questão.
Por meio de uma correlação dos conceitos da sustentabilidade
socioambiental e as práticas de gestão empresarial do setor sucroenergético
e das usinas estudas disponibilizadas em seus sites foi possível fazer alguns
apontamentos iniciais, sendo o principal, que no processo decisórias delas,
suas práticas e ações estão se alinhando com o conceito de sustentabilidade
socioambiental.
Cabe ressaltar, que este estudo ainda é o primeiro de um projeto
maior das pesquisadoras. Dado a essa condição embrionária outros
resultados poderão ser apontados reforçando os apontamentos iniciais.

Considerações finais

O projeto é relevante e seu impacto promoverá o desenvolvimento


científico e tecnológico na avaliação das práticas de gestão empresarial

116
em desenvolvimento que poderá ser um pré-requisito para a obtenção
da sustentabilidade socioambiental em uma determinada empresa,
constituindo-se um elemento chave para a formulação de políticas internas
e para a tomada de decisões para a população rural, urbana, científica, do
município e do estado.
As considerações resultantes dessas pesquisas iniciais demonstram
que o setor, no seu processo decisório, está analisando suas práticas e ações
aplicadas no setor de forma preventiva e não mais reativa por questões
legais. Entretanto, muito ainda tem que ser melhorado quanto o assunto é
a sustentabilidade socioambiental.
A relevância do projeto se destaca, porque contribui na melhoria do
processo decisório da gestão do setor sucroenergético de cana-de-açúcar,
da comunidade rural e urbana, pesquisadores, do município e estado, haja
vista que o estado possui parte da sua economia advinda desse setor.
Nesse propósito, é necessário ressaltar que ainda existem prejuízos
às esferas ambientais e sociais que precisam ser reduzidos em maiores
escalas para que a sustentabilidade socioambiental possa ser não apenas
contínua, mas também acelerada.
Analisar as práticas de gestão empresarial face os conceitos de
sustentabilidade socioambiental são uma tarefa árdua e complexa por
vários fatores. A dificuldade na obtenção de dados é problema recorrente,
tanto no que se refere à mera disponibilidade deles, quanto à sua qualidade.
O trabalho em questão, não tem a pretensão de esgotar o tema
pesquisado, muito pelo contrário, para trabalhos futuros outras variáveis
serão incluídas a fim de confirmar os dados iniciais e abrir caminho para
demais pesquisas no setor e no município.

Agradecimentos

Governo do Estado de Minas Gerais UEMG


Universidade do Estado de Minas Gerais
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Processo Sei Nº
2350.01.0015199/2022-45 Edital PROPPG Nº 10/2022 Programa de
Bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ).

117
Referências

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120
CAPÍTULO VII
JOVENS EMPREENDEDORES: UMA ANÁLISE DO
MUNICÍPIO DE FRUTAL-MG

Willian Menezes dos Santos Junior


Jamile de Campos Coleti

RESUMO
Os jovens sonham em ter seu próprio negócio, e o empreendedorismo é um
dos principais movedores do desenvolvimento econômico, onde um conjunto
de pessoas e processos juntos transformam ideias em oportunidades. No Brasil
empreendedorismo jovem inicia com abertura de negócios com ideias inovadoras
por pessoas entre 18 e 30 anos. O empreendedorismo no Brasil cresceu com a
pandemia e principalmente com o desemprego em alta nas empresas, os jovens que
souberam entender as mudanças do mercado e tiveram uma visão de oportunidade,
esses conseguiram obter resultados positivos em seu negócio. Diante disso foi
feita uma pesquisa para analisar o perfil dos jovens empreendedores de 18 a 30
anos na cidade de Frutal-MG, o estudo constatou que as principais dificuldades
dos jovens ao iniciarem seu empreendimento, é a falta de retorno financeiro e
também dificuldade em atrair clientes. O resultado mostra que a maior parte
das empresas é de pequeno porte e o empreendimento é necessário um grande
investimento financeiro aliado à grande dificuldade para atrair clientes, assim
a importância de realizar o planejamento e fazendo da forma que melhor lhe
convier em cada momento.
Palavras-chave: Empreendedorismo Jovem; Oportunidades; Pesquisa.

YOUNG ENTREPRENEURS: AN ANALYSIS OF THE MUNICIPALITY


OF FRUTAL-MG

ABSTRACT
Young people dream of having their own business, and entrepreneurship is one of
the main drivers of economic development, where a set of people and processes
together turn ideas into opportunities. In Brazil, young entrepreneurship starts
with opening businesses with innovative ideas by people between 18 and 30
years old. Entrepreneurship in Brazil grew with the pandemic and especially with
high unemployment in companies, young people who knew how to understand
changes in the market and had a vision of opportunity, these managed to obtain
positive results in their business. In view of this, a survey was carried out to
analyze the profile of young entrepreneurs aged 18 to 30 in the city of Frutal-MG,
the study found that the main difficulties of young people when starting their
venture, is the lack of financial return and also difficulty in attracting customers.
The results shows most companies are small and the undertaking requires a large
financial investment combined with the great difficulty in attracting customers,
thus the importance of carrying out the planning and doing it in the way that best
suits you at all times.
Keywords: Young Entrepreneurship; Opportunities; Search.

121
1. Introdução

O jovem empreendedor é aquele com capacidade de aplicar ações


de mudança de forma criativa, reformulando e recriando produtos e
ambientes, buscando oportunidades diferenciadas e assumindo riscos, ele
se mantém atento, preparado e informado. Segundo Chiavenato (2007), o
empreendedor é aquele que detém energia, material, ideias e atitude, agindo
em seu favor e em favor da comunidade, para o autor o empreendedor é
uma pessoa com sensibilidade e “tino” financeiro para os negócios, assim
sendo, um ser dinâmico e realizador de propostas, alguém que inicia e
opera o negócio para realização de uma ideia ou um projeto pessoal.
O empreendedor busca a mudança e a exploração de oportunidade e, é
capaz de agregar valor a produtos e serviços, estando continuamente atento
ao gerenciamento do capital. Drucker (2016) identifica os empreendedores
como aqueles que exploram as oportunidades e as mudanças de acordo
com a preferência dos consumidores, já que para o autor, eles possuem
a característica da inovação, sendo capazes não somente de identificar
oportunidades que permitam transformações de produtos ou serviços,
mas também de perceber mudanças no fluxo mercadológico com o intuito
de estarem preparados para ocorrências futuras, ou seja, a inovação é a
ferramenta específica desses empreendedores.(DRUCKER 2016).(p.2).
O empreendedorismo é um fenômeno socioeconômico que tem sido
valorizado em virtude da sua influência no crescimento e desenvolvimento
para a vida econômica e social de países e regiões.

[...] O empreendedorismo é considerado um impulsionador


da máquina capitalista, ao abastecer novos bens de
consumo, além de meios e procedimentos inovadores
de produção e transporte, com a nítida função social
de identificar oportunidades e convertê-las em valores
econômicos.(p.9 a 13).
[...] O empreendedorismo lida com diferentes situações,
onde é necessária a articulação de competências necessárias
do empreendedor a fim de lidar com cenários existentes
e que estão em constante transformação. Assim o tema
abordado é visto como uma fonte de criação de novas
empresas, despertando nas pessoas o desejo de criação de

122
novos negócios e tornando-se responsável em desenvolver
e proporcionar riqueza à nação devido a sua capacidade
de produzir bens e serviços necessários ao bem-estar e
sustento da população, ou seja, o empreendedorismo foi
e continua sendo essencial para o progresso econômico
(OSWALD, 2017). (p.16).

Na vida de empreendedores, além dos aspectos da sua formação,


escolarização, habilidades, conhecimentos, valores, atitudes, contexto
socioeconômico, deve-se considerar também, o contexto familiar,
reconhecendo a influência que a família exerce sobre o desenvolvimento
do potencial empreendedor. O contato com o ambiente familiar, da escola,
de amigos, do trabalho e da sociedade possibilita o desenvolvimento de
algumas características de personalidade e talentos e, em simultâneo, pode
bloquear e enfraquecer outros.
[...] a trajetória profissional dos pais, principalmente
quando bem-sucedida, de alguma forma influencia a dos
filhos, levando-os a seguirem o mesmo caminho. Por outro
lado, embora haja alta probabilidade disso ocorrer, há
casos em que a influência ocorre no sentido oposto, e os
filhos evitam, deliberadamente, seguir o caminho dos pais
(OLIVEIRA, 1995). (p.254).

2. Procedimentos metodológicos

Empreendimentos são desafiadores para todos aqueles que desejam


enfrentar as difíceis tarefas de superação pessoal, a necessidade constante
de se reinventar frente aos problemas do cotidiano de negócios e criação
de oportunidades, Siqueira et al.(2007). Não bastassem todos estes pontos
apresentados, o empreendedor brasileiro viu-se sempre embarreirado no
tocante à burocracia, o que não lhe permite ser eficiente na sua produção e
competição mercadológica (MARTINS, 2018).
Este trabalho teve como referência os jovens empreendedores de
18 a 30 anos, da cidade de Frutal-MG, os quais são gestores das suas
empresas, está faixa etária foi proposta com base nas pesquisas da Global
Entrepreneurship Monitor (GEM,2017), assim foi desenvolvida uma
pesquisa através da plataforma Google Forms, contendo 11 perguntas
exploratórias.

123
Referente aos procedimentos técnicos, define-se como pesquisa
bibliográfica e de estudo de caso múltiplo, com base nas pesquisas, que
a maioria dos jovens iniciam com 18 anos de idade seu próprio negócio,
visto que à vontade de empreender se mostra presente cedo, e os jovens
empresários tendem a ser mais inovadores, e mesmo com as dificuldades a
geração futura tem apostado cada vez mais em ser dono do próprio negócio.
Outro ponto relevante observado por Evelyn(2021) é que as gerações mais
jovens estão levando em consideração a forma como uma empresa trata
questões sociais e ambientais para ofertar seus serviços e produtos.
Como nasce o desejo de empreender? De acordo com Ramon (2017)
a perspectiva é a de que frequentemente nos deparamos com histórias de
sucesso de pessoas que tiveram uma ideia incrível e que, consequentemente,
criaram grandes negócios. Histórias de pequenos projetos que nasceram
em uma garagem e que, com muita criatividade e inovação, acabaram
ganhando o mundo, e que muitas vezes são iniciativas feitas a partir de
pesquisas, de estudos de mercado e desenvolvimento de produtos. Outras
são feitas pelo simples instinto de criar, pelo desejo de ter uma liberdade
financeira, ou pela falta de oportunidades profissionais, ou para suprir
alguma necessidade latente. Segundo pesquisas da GEM (2017, p.11)
pode-se destacar a existência de mais de 5 milhões de brasileiros entre 18
e 34 anos que estão nesse estágio de empreendedorismo.

3. Revisão da literatura

3.1 Jovens Empreendedores

O jovem empreendedor que vive num mundo competitivo demonstra


pelos depoimentos coletados, a necessidade da busca de conhecimento
também pela literatura e cursos do tipo utilitarista.
[...] O aprendizado em sala de aula, via educação formal e
formação complementar, é adicionada por leituras técnicas
e relacionamentos pessoais.

[...] o papel da universidade esteve mais voltado a


estimular o grupo de jovens a ser empregado do que a ser
empreendedor. Todavia, os depoimentos esclarecem que,
comparado ao ensino médio, o ensino superior se aproxima
de questões de maior interesse do grupo de jovens
empreendedores, até mesmo pelas escolhas acadêmicas

124
assumidas em administração de empresas (OLIVEIRA,
1995). (p.264 a 265)

O empreendedorismo jovem trata do fenômeno de abertura de negó-


cios com ideias inovadoras por pessoas entre 18 e 30 anos de idade, o que tem
ocorrido com maior frequência a partir da segunda metade dos anos 2.000,
estando relacionado principalmente à globalização do mundo dos negócios
e o desenvolvimento das ferramentas tecnológicas, que além de oferecer
as suas próprias oportunidades também abriram campo para a abertura de
novas empresas em diferentes setores como por exemplo, o alimentício.
[...] o empreendedorismo jovem não é tão recente assim,
pois há ocorrências de pessoas com menos de 30 anos
de idade que já empreendiam durante a Revolução
Industrial, que foi o período em que o sistema capitalista
foi instalado na maioria dos países, surgindo demandas
e gerando a necessidade da criação de novos negócios
para fazer o capital girar na sociedade.(VINICIUS
GONÇALVES,2009).

4. Análise dos resultados

Para a construção do presente trabalho, foi elaborado um


questionário composto por 11 perguntas objetivas aplicado para 32
jovens empreendedores atuantes no mercado/comércio. Com base
nesse questionário aplicado aos jovens empreendedores, informações
importantes explica muitas das dúvidas sobre como se dá a decisão de
empreender e abrir o próprio negócio pelo jovem empreendedor, e
podermos observar com maior riqueza de detalhes seu comportamento
mediante as ações proferidas em busca da realização da meta e do objetivo.
Os dados colhidos por meio do questionário tem por objetivo auxiliar
empreendedores futuros, em suas jornadas.

4.1. Questionário: idade e estado civil

A caracterização desses jovens empreendedores pesquisados se dá


inicialmente pelo perfil pessoal, que é composto pela idade, estado civil,
assim como também, pelo ramo de atividade do empreendimento, tempo
de atuação na área e categorização do negócio, como apresentados nas
Figuras 1 e 2:

125
Figura 1. Gráfico da pesquisa referente a idade dos empreendedores.

Figura 2. Gráfico sobre o estado civil dos entrevistados

Por meio dos dados organizados nos gráficos acima, pode-se


observar que a faixa etária dos jovens que empreendem em Frutal-MG é
bem distribuída, tendo empreendedores em ação dos 18 anos a 30 anos de
idade. Sobre o estado civil, a maioria dos jovens pesquisados são solteiros
(em média 74,2%) seguido por união estável (em média 12,9%).

4.2. Ramo de Atividade, Categoria e Tempo no Mercado

Sobre o ramo de atividade dos jovens empreendedores de Frutal-


MG em 2022, configura-se o seguinte gráfico abaixo:

126
Figura 3. “Ramo de atividade do empreendimento” – Frutal-MG, 2022

A Figura 3 informa o ramo de atividade dos empreendimentos,


mostrando a existência dominante do ramo de serviço, tendo este de 61,3%
(maioria), apresentando também um empate entre os ramos de varejo e
automotivo com 9,7% cada, e ainda de 6,5% de atuação na área vestuário
e agropecuária, e no ramo alimentício de 6,3%.
Referente a categoria de estabelecimento e quanto tempo de
existência, temos o gráfico abaixo:

Figura 4. “Categoria do estabelecimento e tempo existência” – Frutal-


MG, 2022

Na Figura 4, nota-se que a maior parte dos empreendedores


se enquadra no MEI sendo 65,5%, com ajuda do SEBRAE, muitos
empreendedores podem ser regularizados na forma de microempreendedor
individual, tendo um modelo simplificado de empresa e ainda ganhando o

127
registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e é enquadrado
no modelo do simples nacional. O SEBRAE é um dos principais parceiros
dispostos a ajudar o jovem empreendedor por meio de cursos, consultorias
e materiais em suas plataformas, dessa maneira gerando grande
oportunidade de crescimento, auxiliando os jovens empreendedores em
decisões assertivas, para poderem transformar tanto a sua realidade como
a de comunidades onde estão inseridos.
Sobre o tempo de existência do empreendimento (figura 4), podemos
observar que grande parte inicia antes dos 18 anos seu empreendimento,
significando que a ideia de ter o próprio negócio está presente na cabeça
dos jovens desde bem cedo. O jovem empreendedor sonha grande, ele
começa pequeno e cresce rápido, pois com a juventude há maior tempo e
oportunidade para experimentar vários modelos de negócios, encarando o
empreendedorismo como uma oportunidade de crescimento.

4.3. Dificuldades para Empreender

Com relação ás dificuldades, podemos observar que as maiores


dificuldades no início do negócio, estão ligados as questões da demora
do retorno financeiro e na de atrair clientes, ou seja, ao para iniciar um
empreendimento é necessário um grande investimento financeiro aliado à
grande dificuldade para atrair clientes, como nos mostra a Figura 5.

Figura 5. “Maior dificuldade para iniciar e motivo da abertura” – Frutal-


MG, 2022

128
4.4. Motivações para o Jovem Empreendedor

O motivo da abertura do próprio negócio nos mostra que além da


independência financeira, a realização pessoal é muito importante, vemos
também que fatores como a flexibilidade de horários e o aumento da renda
familiar são motivadores. Na Figura 6 observamos os principais motivos
na abertura de um negócio para jovens empreendedores.

Figura 6. “Motivações para abertura de um negócio.

4.5. Impactos da Covid-19 no Empreendedorismo Jovem

A pandemia COVID-19 impactou milhões de empresas no Brasil,


aonde muitas empresas tiveram que se reinventarem novas formas de
se adaptar as mudanças ocorridas, segundo “O impacto da pandemia de
corona vírus nos Pequenos Negócios – 10ªedição”, pesquisa realizada
pelo SEBRAE e a FGV (Fundação Getúlio Vargas) no período de 25 de
fevereiro de 2021 à 1 de março de 2021, 57% das empresas estão com
muitas dificuldades para manter seu negócio e 79% das empreendedoras
e empreendedores afirmam que estão sofrendo uma diminuição no
faturamento de seus negócios (FGV Projetos, 2021).
A pandemia desafiou tanto quem estava iniciando como
empreendedor quanto quem já está com seu negócio inserido no mercado,
empreendedorismo no Brasil cresceu com a pandemia e principalmente
com o desemprego em alta nas empresas. Em meio ao desemprego
e à queda de renda, tiveram sucesso aqueles que souberam ajustar seu
negócio ao novo normal, os jovens que souberam entender as mudanças
do mercado e tiveram uma sacada, esses conseguiram obter resultados
positivos em seu negócio (Figura 7).

129
Figura 7. “Impactos da pandemia” – Frutal-MG, 2022

Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi analisar o perfil dos jovens


empreendedores da cidade de Frutal/MG, e com base no levantamento das
pesquisas de campo observamos que as principais dificuldades dos jovens
ao iniciarem seu empreendimento, é a falta de retorno financeiro e também
dificuldade em atrair clientes. Isso porque a maior parte das empresas é
de pequeno porte e não apresentam condições financeiras necessárias para
manter um número adequado de colaboradores, desta forma fazendo com
que os próprios empreendedores realizem várias tarefas, dando prioridade
às mais urgentes, e não realizando o planejamento adequado, fazendo o
que é possível e da melhor forma no momento. O jovem empreendedor é
uma figura cada dia mais comum no meio empresarial, e seu olhar inovador
representa grande força mercadológica com alto poder transformador,
além de ser uma ferramenta valiosa para o empreendedorismo, e com
base nas pesquisas de campo foi possível observar que um dos principais
fatores que fazem com que os jovens empreendam, é a realização pessoal.
Com o desemprego e à queda de renda, tiveram sucesso aqueles que
souberam ajustar seu negócio ao novo normal, os jovens que souberam
entender as mudanças do mercado e tiveram uma visão diferente dos
outros, esses conseguiram obter resultados positivos em seu negócio,
empreendedorismo se refere a habilidade que um empreendedor tem para
solucionar problemas, gerar oportunidades, criar soluções e investir na
criação de ideias relevantes para seu público e sociedade. A inovação está
ligada ao ato de desenvolver algo que se diferencie do que já exista no

130
mercado, sendo que a habilidade de inovar requer que o jovem saia da
sua rotina de conforto e aproveite as necessidades de seu público, criando
tendências e soluções gerando uma mudança na vida dos consumidores, a
importância da inovação para a empresa é que possibilita que seu negócio
reconheça as oportunidades geradas através do aperfeiçoamento, do
alcance de novos mercados, parcerias realizadas e o aumento do valor da
marca.
No Brasil, se nota que a cada ano há um grande crescimento do
número de jovens empreendedores que se arriscam no mercado, e o
empreendedorismo passa a ganhar maior visibilidade por ser considerado
um fator-chave para o crescimento econômico, criação de empregos
e estabilidade social. Ao verificar o empreendedorismo no Brasil
considerando-se as diferentes faixas etárias, nota se que os jovens entre
25 e 34 anos foram os mais ativos na criação de novos negócios, e destes
30,5% são proprietários e administram a criação e consolidação de
empreendimentos em estágio inicial.
Por fim, o desejo de empreender e sua perspectiva é de que,
frequentemente nos deparamos com histórias de sucesso de pessoas que
tiveram uma ideia incrível e que, consequentemente, criaram grandes
negócios, com histórias de pequenos projetos que nasceram em uma
garagem e com muita vontade, criatividade e inovação, acabaram ganhando
o mundo. Muitas vezes são iniciativas feitas a partir de pesquisas, estudos
de mercado e desenvolvimento de produtos, outras são feitas pelo simples
instinto de criar, pelo desejo de possuir independência financeira, e também
pela falta de oportunidades profissionais, ou até mesmo para suprir alguma
necessidade latente. Sair da sua zona de conforto e se arriscar pode-se dizer
que é a chave para o empreendedorismo.

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novonegocio.com.br/empreendedorismo/empreendedorismo-jovem/

133
ANEXO

MODELO DO QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA DE


CAMPO

Análise jovem empreendedor

Nome:
Idade:

Estado civil: ( ) Solteiro ( )Casado ( )Divorciado ( )União estável

Escolaridade: ( ) Ensino fundamental completo ( )Ensino médio completo


( ) Superior completo ( ) Pós Graduação

Possui filhos: ( )Sim ( )Não

Qual o ramo de atividade do seu empreendimento?


( ) Vestuario
( ) Transporte
( ) Indústria
( ) Varejo
( ) Automotivo
( ) Alimenticio
( ) Agropecuaria
( ) Serviços
Há quantos anos você atua na área?
( ) Menos de 1 ano ( ) De 1 a 3 anos ( ) De 3 a 6 anos ( ) De 6 a 9 anos ( )
Dez anos ou mais.

Com que idade começou a empreender?


( ) 18 a 20 anos
( ) 21 a 23 anos
( ) 24 a 26 anos
( ) 27 a 30 anos

O que motivou a abrir o seu próprio negocio?

134
( ) Autonomia/Independência financeira
( ) Flexibilidade de horário
( ) Realização pessoal
( ) Aumento da renda familiar
( ) Oportunidade de mercado
( ) Influência por empreendedores na família

Qual categoria seu estabelecimento se enquadra:


( ) MEI
( ) ME
( ) LTDA
( ) S.A
( ) Outros

Quais os maiores desafios enfrentados pelo jovem empreendedor ao


iniciar seu negocio:
( ) Conciliar vida pessoal e profissional
( ) Falta de apoio da família
( ) Dificuldade em atrair clientes
( ) Estabilidade econômica e crise política
( ) Falta de conhecimento sobre a área de atuação
( ) Dificuldade de aceitação da sociedade
( ) Falta de estímulo
( ) Demora no retorno financeiro
( ) Outros:

A pandemia ajudou seu negócio a crescer?


( ) Sim
( ) Não
( ) Em partes

135
CAPÍTULO VIII
CONSUMO FICCIONAL TELEVISUAL NAS REDES
SOCIAIS: ESTUDO DE CASO DO PERFIL DO GLOBOPLAY
NO FACEBOOK1

Carlos Henrique Sabino Caldas


Luiz Antônio Feliciano
Beatriz dos Santos Gonçalves

RESUMO
Houve uma significativa transformação nos processos comunicativos,
impulsionada pelo advento de novos dispositivos e recursos interativos, o que
tem possibilitado o desenvolvimento de novos formatos e gêneros discursivos. O
objetivo principal deste estudo é investigar as práticas interativas dos espectadores
de séries brasileiras da Rede Globo presentes no catálogo do Globoplay, com foco
na análise dos comentários e interações no perfil oficial da emissora no Facebook.
Os resultados da análise demonstram que o perfil Globoplay interage com os
perfis dos usuários nas interações características positivas e eufóricas, sendo
que o perfil de comentários identificados foi nas categorias de 1- comentários
sobre a postagem; 2- comentários na categoria fã. Observou-se que os interatores
criaram vínculos de sentidos de uma experiência de hábito de interagir com o
perfil Globoplay, modalizando-o a um uso especializado e engajado.
Palavras-Chave: Comunicação; Gradientes de Interação; Rituais de consumo;
Globoplay.

FICTIONAL TELEVISUAL CONSUMPTION: A CASE STUDY OF


GLOBOPLAY’S FACEBOOK PROFILE POSTS

ABSTRACT
Communication processes have gone through an era of significant changes where
discursive possibilities establish a development of new formats and genres, based
on current devices and interaction resources. In this sense, the present work has
as general objective to identify the interactional practices of fictional television
consumption of the catalog of Brazilian series from Rede Globo, with emphasis
on the analysis of comments and interactions in the posts of the official Globoplay
profile on the social network Facebook. The results of the analysis demonstrate
that the Globoplay profile interacts with user profiles in positive and euphoric
interactions, and the profile of comments identified was in the categories of 1-
comments on the post; 2- comments in the fan category. It was observed that the
interactors created bonds of meaning from an experience of habit of interacting
with the Globoplay profile, transforming it to a specialized and engaged use.
Keywords: Communication; Interaction Gradients; Consumption rituals;
Globoplay.
1
Primeira versão deste artigo foi publicado no ano de 2022 pela Revista Temática da UFPB.

137
1. Introdução

Com o desenvolvimento de um ambiente interconectado, as relações


comunicacionais têm demonstrado novas práticas de consumo e formas de
interação, nas quais as pessoas vivem várias horas do dia em interação na
rede, por meio de aplicativos, redes sociais, vídeos, músicas, games, entre
as mais variadas possibilidades de consumo de informação, de modo que
o ciberespaço se torna, às vezes, mais habitado do que o espaço físico.
Assim, o desenvolvimento computacional conduziu para a produção de
conteúdos audiovisuais o desafio de migração e desenvolvimento de seus
conteúdos na interface da web, combinando sons, imagens e textos na
lógica da programação, da navegação e do banco de dados (LEÃO, 2005).
Neste sentido, nossa premissa é de que os processos de comunicação
têm vivido uma era de mudanças significativas onde as possibilidades
discursivas instauram um desenvolvimento de novos formatos e gêneros,
alicerçados nos atuais dispositivos e recursos de interação (CALDAS,
2020). Dentro desse universo, as emissoras de Televisão se encontram
em um momento de desafios e dificuldades, já que o paradigma do
consumo de massa tem se fragmentado em um consumo de nicho em
multiplataformas. Temos, por exemplo, uma nova geração de jovens e
adolescentes que consomem conteúdo audiovisual fora do fluxo televisivo,
além de preferirem séries e filmes no modelo narrativo norte-americano.
Neste cenário, o artigo observa as novas formas de interação nas
redes sociais no consumo e interação de séries ficcionais disponibilizadas
na plataforma Globoplay nas redes sociais. Assim, a pesquisa tem como
objetivo geral identificar as práticas interacionais do conteúdo televisivo
multiplataforma ficcional no catálogo das séries brasileiras da Rede
Globo no Globoplay, com ênfase na análise quantitativa e qualitativa dos
comentários e interações das postagens no perfil oficial Globoplay no
Facebook.

2. Procedimentos metodológicos

Para realização da pesquisa sobre as práticas interacionais das séries


do Globoplay nas redes socaisi, o corpus foi construído a partir da coleta
de dados das postagens no perfil do Globoplay no Facebook (Figura 1) no
recorte temporal dos anos de 2018 a 2019.

138
3. Revisão da literatura

3.1 Novo Ecossistema Comunicacional

No ambiente da convergência midiática pode-se observar que os


conteúdos audiovisuais, em especial as séries ficcionais estão inseridos
no cotidiano das pessoas na TV, na internet, consumidos nos celulares,
nas tablets e muitas vezes em multiplataformas. E, como um produto
audiovisual, as obras de ficção televisiva são agentes de transmissão de
mensagens produzidas para fazer do telespectador um fã, e este fã em um
consumidor. Nesse universo a convergência midiática (JENKINS, 2008)
constitui um processo cultural, e não apenas uma mudança tecnológica.
Os consumidores, inseridos nesse processo, são incentivados a se
conectarem para ter acesso às informações de seu interesse em meio a
conteúdos midiáticos dispersos. Essa conexão promove uma alteração
na produção e consumo midiático, impelida pela necessidade de se fazer
presente em diferentes dispositivos e em diferentes consumidores. Com
isso, os avanços tecnológicos e o advento da internet possibilitaram várias
mudanças e uma delas foi o modo de consumir conteúdo televisivo. Um
exemplo é a série Assédio, de 2018, produzido pela Rede Globo. Essa obra
ficcional foi pensada para o serviço de streaming e como estratégia, pela
primeira vez, a Rede Globo não utilizou a TV aberta para exibição.
Temos neste exemplo uma estratégia mais inovadora da Rede
Globo, pois a única técnica em que a emissora tinha até então, era a
disponibilização de conteúdo televisivo no Globoplay de uma maneira
posterior a exibição televisiva, assim, mantendo a prioridade na TV
aberta. Algumas experiências foram lançadas como alguns capítulos de
telenovelas disponibilizadas algumas horas antes de exibidas em fluxo
televisivo, mas nada como essa série Assédio. Seria uma espécie de
novo posicionamento da Rede Globo perante as empresas de Streaming?
Vemos que a priori, essa estratégia modifica um paradigma de televisão
broadcast para uma empresa multiplataforma, fortalecendo o Globoplay.
Neste sentido, será que os modelos de consumo de ficção seriada como as
maratonas de séries ou conteúdo fora do fluxo televisivo seriam a maneira
da Globo conseguir concorrer com as empresas de streaming? Será que
as estratégias de exibição multiplataforma por meio de dispositivo de
segunda tela está totalmente descartada? Essas e outras questões justificam
que essa temática necessite de aprofundamento e exploração científica.

139
Assim, situando os aplicativos de conteúdo televisivo em
plataforma over-the-top (OTT) na cena da globalização de conteúdos
audiovisuais, consideramos relevante analisar o objeto na perspectiva
de seu desenvolvimento enquanto produto midiático no contexto da
convergência e seu papel nos processos de inovação e experimentação da
linguagem audiovisual na internet, de modo a fundamentar a pertinência
de sua escolha. Portanto, a presente trabalho busca apreender as mudanças
nas relações de comunicação e formas de consumo televisivo, pautados
pelos conteúdos disponibilizados em plataformas OTT (over-the-top)
e serviços de streaming audiovisual, possibilitados pelas tecnologias
digitais das mídias contemporâneas. Entende-se que há alterações na
maneira de consumir e produzir na comunicação televisual na era da
convergência midiática (Jenkins, 2008), observa-se que os apps passam
a ser utilizada como um recurso das formas de produção e consumo da
contemporaneidade.
Neste cenário, a somatória dos modelos de produção e consumo
televisivo se remediam (BOLTER e GRUSIN, 2000) e hibridizam,
trazendo a possibilidade de consumo antes em monitores televisivos
fixos com transmissão analógica por antenas e agora em aplicativos
ligados em dispositivos digitais em streaming na lógica dos bancos de
dados, onde algoritmos constroem estratégias de consumo e sugerem
produtos midiáticos a serem consumidos. Assim, nossa proposta é discutir
teoricamente a problemática das práticas interacionais dos conteúdos
televisivos multiplataforma nas redes sociais a partir dos rituais de
consumo de Trindade e Perez (2014), dos estudos de Braga (2012) sobre a
interação no contexto da comunicação e seus gradientes, apresentando os
dados quantitativos das interações em redes sociais a partir das categorias
de comentários de Caldas et al. (2020).
José Luiz Braga (2012), defende a existência de gradientes na
comunicação. Ele alerta que não pretende criar um sistema para medir tais
variações, pois
o que interessa, sobre esse ponto, é evitar restringir o
fenômeno comunicacional a alguma coisa que se deva
categorizar como de valor humano ou social alto – por
qualquer critério que se possa adotar; e que simplesmente
aconteça ou não aconteça. A se decidir por essa restrição,
seria preciso estabelecer os critérios que assegurassem
estarmos diante de tal fenômeno, explicitando o modo de
reconhecê-lo e descartando tudo o que não atinja o critério
de excelência (Braga, 2012, p. 34).

140
Segundo Braga (2012), o analista da comunicação deve ter uma
apreensão além dos extremos de uma comunicação perfeita ou uma
ausência radical da mesma. Em seu pensamento, mesmo que ocorra,
no processo comunicacional, “desvios, ineficiências, valores baixos,
resultados canhestros”, o pesquisador alerta que sua proposta não pode
ser tomada como uma proposição de critérios de mensuração, pois ele
não busca uma categorização da comunicação em valores matemáticos,
a fragmentação da comunicação ou até mesmo a proposta de tratamento
quantitativo. O autor faz a abordagem a partir de “variações de valor, que
é uma qualidade, e não um tamanho” (Braga, 2012, p. 34-35).
Braga (2012) compreende que “as interações envolvem toda uma
variedade de processos sociais”, mas considera que “as interações são o
lugar de ocorrência da comunicação”. Para ele, se não se sabe exatamente
o que é o fenômeno, sabe-se, “entretanto, que está ali – sem o quê,
sequer, pensaríamos a respeito” (Braga, 2012, p. 39). Nesse sentido, o
autor considera que o que deve ser problematizado na verdade são as
interações, pois a partir delas é que se pode “apreender suas lógicas e
processos na prática social; tendo como norte uma preocupação com o
fenômeno comunicacional”. Assim, juntamente com o pensamos de
Braga, entendemos que essas formas de interação entre os consumidores
e o conteúdo televisivo gera rituais de consumo. Entretanto, entende-
se que essas práticas de consumo são potencializadas pelas dinâmicas
não só tecnológicas, como a velocidade da conexão de rede de dados, e
pelo desenvolvimento de dispositivos específicos para essas interações,
mas também sociais, culturais, econômicas e cognitivas. Tais rituais de
consumo (Trindade e Perez, 2014), aqui apropriados para o consumo
televisivo, partem da dimensão comunicacional. Desse modo, buscando
“perceber o ritual de consumo como dispositivo articulador dos sentidos
dos produtos/marcas na vida das pessoas” (p. 5), Trindade e Perez
entendem que existem três pontos de partida complementares à pesquisa
em tais dispositivos:
Os rituais de usos e consumos midiáticos, observados
nos usos e consumos dos dispositivos marcários em seus
pontos de contato com os consumidores; os rituais de
consumo representados pelas mensagens das marcas nas
manifestações do sistema publicitário e aqueles referentes
aos rituais de consumo em si, vivenciados no contato
das pessoas com os produtos/serviços e suas respectivas
marcas. Essa perspectiva somada às possibilidades de

141
sistematização e identificação dos tipos de rituais em cada
setor da vida material pode ganhar um desdobramento
específico na comunicação na compreensão das
ritualidades de consumo específicas de cada marca
com seus consumidores, que também sinalizam para
as estratégias e táticas comunicativas, bem como dos
gradientes que dão forças aos vínculos de sentidos entre
as marcas e consumidores (Trindade e Perez, 2014, p. 5-6).

Após a abordagem dos gradientes de interação e os rituais de


consumo, o trabalho analisa as práticas interacionais dos comentários
dos usuários das séries do catálogo brasileiro do Globoplay no Facebook,
buscando entender a produção de sentido no contexto do consumo
multiplataforma ficcional televisivo das series do catálogo do Globoplay
em circulação em redes sociais. Para isso será utilizado as categorias
de Carlos et al. (2020) sobre o perfil de consumidores de conteúdos
audiovisuais.
O corpus de pesquisa foi definido da seguinte forma: Foram
mapeadas postagens dos filmes promocionais das 17 séries no Facebook
do Globoplay2, sendo as produzidas nos anos de 2018 e 2019, sendo elas:
Sob Pressão, Assédio, Carcereiros, Os dias eram assim, Onde nascem os
fortes, Além da Ilha, Mister Brau, Entre irmãs, Treze Dias Longe do Sol,
Cidade dos Homens, Filhos da Pátria, Cidade Proibida, Malasartes, Vade
Retro, A fórmula, Supermax Internacional.

4. Análise dos resultados

4.1 Práticas interacionais das séries no Globoplay


Para realização da pesquisa sobre as práticas interacionais das séries
do Globoplay nas redes socaisi, o corpus foi construído a partir da coleta
de dados das postagens no perfil do Globoplay no Facebook (Figura 1) no
recorte temporal dos anos de 2018 a 2019.

2
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/> Acesso em 13 fev 2021.

142
Figura 1. Postagem no Globoplay do filme promocional da série Assédio

Fonte: https://www.facebook.com/watch/?v=325524527996467

Ao acessarmos cada postagem no Facebook do Globoplay, em


especial as 17 séries3 produzidas nos anos de 2018 e 2019, apresentamos
os seguintes dados4:

Quadro1. Total de postagens das séries no Facebook do Globoplay - 2018


e 2019.
Séries Total de postagens (2018-2019)
Assédio 8
Sob Pressão 22
Carcereiros 7
Os dias eram assim 1
Onde nascem os fortes 6
Além da Ilha 9
Mister Brau 1
Entre irmãs 1
Treze dias longe do sol 0
Cidade dos Homens 0
Filhos da Pátria 2
Cidade Proibida 1
Malasartes 0
Vade Retro 0
A fórmula 1
Supermax Internacional 0
Fonte: Elaborado pelo autor
3
Séries: Sob Pressão, Assédio, Carcereiros, Os dias eram assim, Onde nascem os fortes, Além da
Ilha, Mister Brau, Entre irmãs, Treze Dias Longe do Sol, Cidade dos Homens, Filhos da Pátria, Cidade
Proibida, Malasartes, Vade Retro, A fórmula, Supermax Internacional.
4
Coleta realizada em junho e julho de 2021.

143
No Quadro 1 foram realizadas no Facebook do Globoplay, entre
os anos 2018 e 2019 no catálogo das séries brasileiras, 59 (cinquenta e
nove) postagens, sendo que a série com mais postagens foi Sob Pressão
com 22 publicações (37%), seguida de Além da Ilha com 9 postagens
(15%), Assédio com 8 postagens (14%), Carcereiros com 7 (12%) e Onde
Nascem os fortes com 6 postagens (10%).
A partir da coleta geral, apresenta-se nos Quadros 1 e 2 as postagens
com o total de visualizações acima de mil5:

Quadro 2: Total de Visualizações das séries no Facebook do Globoplay


- 2018 e 2019.
Total de
Séries Descrição da postagem
Visualizações
Assédio Quando uma rompe o silêncio, a união delas
Assédio6 ecoa mais alto. A série Assédio chega dia 21/09, exclusivo 438.000
Globoplay.
Adriana Esteves é Stela na nova série Assédio. Conheça
um pouco mais sobre o personagem e os bastidores!
Assédio7 427.000
Todos os episódios já estão disponíveis, exclusivo: http://
bit.ly/assediogloboplay
Paolla Oliveira conta como foi fazer Carolina na nova
Assédio8 série Assédio, todos os episódios já estão disponíveis! 20.000

A união dessas mulheres em busca pela justiça revela uma


verdade sobre um grande médico respeitado! Todos os
Assédio 9
4.800
episódios da série Assédio já estão disponíveis: http://bit.
ly/assediogloboplay
Além da Planos para o Feriado? Todos os episódios de Além da
Ilha já estão disponíveis para você maratonar a… 3.300
Ilha10

5
Algumas postagens não foram disponibilizadas no quadro pois o Facebook não apresentou o dado
de total de visualizações.
6
Disponível em <https://www.facebook.com/watch/?v=325524527996467> Acesso em 15 jun 2021.
7
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/1815328131898713> Acesso em 15
jun 2021.
8
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/433613560497923> Acesso em 15
jun 2021.
9
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/262076864511752> Acesso em 15
jun 2021.
10
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/243510069693487> Acesso em 15
jun 2021.

144
Além da Outubro chegou e eu ainda estou tentando que esse seja
meu ano! 😂 2.200
Ilha11
A cor da aura de vocês já mudou? 😂
Além da
A temporada completa de Além da Ilha já está disponível: 1.900
Ilha12
http://bit.ly/alemdailha
Qualquer semelhança com aquele seu amigo louco dos
Além da
signos é mera coincidência... 😂 1.800
Ilha13
Todos os episódios de Além da Ilha já estão disponíveis.
Chama o seu amigo para assistir Além da Ilha hoje com
Além da
você! Todos os episódios estão disponíveis, exclusivo no 1.800
Ilha14
Globoplay.
Além da Você teria coragem de entrar nessa casa? Além da Ilha
chega dia 06/09, exclusivo no Globoplay. 1.700
Ilha15
Você já maratonou essa série incrível cheia de aventura
Além da
e mistérios? Todos os episódios de Além da Ilha já estão 1.600
Ilha16
disponíveis!
Para Evandro, salvar vidas nunca foi uma escolha fácil.
Sob
👨‍⚕#SobPressão no #Globoplay para assistir a qualquer 1.400
Pressão
momento: http://bit.ly/SobPressaoGP
Fonte: Elaborado pelos autores

O total de comentários acima de mil foram de12 publicações, sendo


4 da série Assédio, 7 da série Além da ilha e 1 postagem da série Sob
Pressão. Entretanto, a plataforma Facebook não disponibilizou esses
dados para algumas postagens, sendo que apresenta-se no Quadro 3 com
o total de comentários acima de cem:

11
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/1831931503558171> Acesso em 15
jun 2021.
12
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/2207300212882876> Acesso em 15
jun 2021.
13
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/2125794317682973> Acesso em 15
jun 2021.
14
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/2167634620151374> Acesso em 15
jun 2021.
15
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/463619350797795> Acesso em 15
jun 2021.
16
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/videos/1888207027925751> Acesso em 15
jun 2021.

145
Quadro 3. Total de Comentários das séries no Facebook do Globoplay -
2018 e 2019.
Total de
Séries Descrição da postagem
Comentários
Assédio Quando uma rompe o silêncio, a união delas
Sob
ecoa mais alto. A série Assédio chega dia 21/09, exclusivo 3000
Pressão17
Globoplay.
Sob A Marjorie Estiano merece todos os prêmios do mundo por
232
Pressão18 essa cena! 🏆 #SobPressãoPlantãoCovid
Sob Minha 4ª temporada está confirmadíssima e as 3 temporadas
210
Pressão19 completas estão disponíveis aqui. 😁
Assédio Quando uma rompe o silêncio, a união delas
Assédio20 ecoa mais alto. A série Assédio chega dia 21/09, exclusivo 149
Globoplay.
Sob E pode ver sempre que quiser essa carinha antes aqui comigo!
109
Pressão21 😂 O novo episódio de Sob Pressão está disponível.
Fonte: Elaborado pelos autores

Observando o Quadro 3, a postagem com mais comentários não


possui a quantidade de visualizações disponibilizadas no Facebook,
impossibilitando assim um comparativo de total de comentários e total
de visualizações. Entretanto, a postagem com mais comentários é a que
mais possuiu reações, sendo 33 mil curtir, 1400 Haha, 1900 Amei, 105
AUA, 12 Triste, 14 GRR e 0 Força. Para finalizar os dados quantitativos
coletados, abaixo apresenta-se um gráfico de frequência de postagem das
séries brasileiras no perfil do Globoplay no Facebook (Gráfico 1).

17
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/posts/2192885864096287> Acesso em 15
jun 2021.
18
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/posts/3675792505805608> Acesso em 15
jun 2021.
19
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/posts/2558462824205254> Acesso em 15
jun 2021.
20
Disponível em <https://www.facebook.com/watch/?v=325524527996467> Acesso em 15 jun
2021.
21
Disponível em <https://www.facebook.com/globoplay/posts/2519083554809848> Acesso em 15
jun 2021.

146
Gráfico 1. Frequência de postagens das séries brasileiras no Facebook do
Globoplay (2018-2019)

Fonte: Elaborado pelos autores

Como procedimento metodológico22, a análise qualitativa se deu


pela aplicação das categorias de Caldas et al. (2020) na postagem com mais
comentários e reações no Facebook do Globoplay das séries brasileiras do
ano de 2018-2019. A postagem publicada dia 18 de dezembro de 2018
(Figura 2) apresenta uma montagem fotográfica de três portas com as
marcas de três séries (Sob Pressão, House MD e The Good Doctor) com o
título: “Para qual consultório você correria?”.

22
Primeira versão deste artigo foi publicado no ano de 2022 pela Revista Temática da UFPB.

147
Figura 2. Postagem no Globoplay do filme promocional da série Assédio

Fonte: https://www.facebook.com/globoplay/posts/2192885864096287

Dos 3000 comentários, foram identificadas as seguintes categorias:


1. comentário sobre a postagem23 (2.235), 2. comentário fã que conecta
adjetivos a temática da postagem24 (610), 3. comentário sobre a narrativa
da série que problematiza algo referente a história da série25 (71), 4.
comentário conversando com o enunciador Globoplay26 (36), 5. comentário
spoiler27 (9), 6. comentário crítico28 (24), 9. comentário ofensivo29
(15). Apresentamos o Gráfico 2 com a porcentagem de comentários
identificados:
23
Exemplo: “Dr House”.
24
Exemplo: “Dr House, melhor série”.
25
Exemplo: “Dr House. Acho Sob Pressão uma cópia. Bem tensa. ..porque é Brasil. E viver no Brasil
é tenso. ..principalmente em hospitais públicos”.
26
Exemplo: “Globoplay quero logo a 3 temporada de SOB PRESSÃO”.
27
Exemplo: “Sob pressão claro ...doutor Evandro é super eficiente!”.
28
Exemplo: “Nenhum!!! Me levem pra Grey + Sloan Memorial (Grey’s anatomy)”.
29
Exemplo: “Globoplay: péssimo streaming”.

148
Gráfico 2. Total de comentários no modelo de Caldas et al. (2020)

Fonte: Elaborados pelo autores.

4.2 Análise dos Gradientes de Interação e dos Rituais de


Consumo
A partir do levantamento de dados e da análise dos
gráficos com eles produzidos, podemos notar que a postagem com mais
comentários e curtidas das séries nacionais no Facebook do Globoplay
(2018-2019) se destaca, sendo que utiliza-se na análise a abordagem dos
gradientes de interação e dos rituais de consumo. A partir da identificação
das categorias propostas por Caldas et al. (2020), analisa-se os gradientes
de interação e os rituais de consumo do corpus apresentado. Nesse sentido,
juntamente com o pensamento de Braga (2012), entendemos que essas
formas de interação entre os consumidores e o conteúdo das séries geram
rituais de consumo (Trindade e Perez, 2014). Deste modo, identifica-se 3
níveis de gradientes:
• Nível 1, seria os consumidores que possuem uma determinada
afetividade sobre a série, pois, além de responderem à questão
da postagem do Facebook, ele transparece em seus comentários
uma afetividade pelo seriado, sendo o nível de maior imersão
no fenômeno comunicacional do programa.
• Nível 2, seria um intermediário entre os comentários que
apresentam um tipo de gradiente de usuários que conhece o

149
produto e assiste, porém, prefere apenas responder a questão da
postagem do Facebook, apresentando uma diluição na imersão
da interação nos comentários.
• Nível 3, são os espectadores que talvez conheçam a série ou
pretendem conhecê-las, entretanto, utiliza o espaço de interação
para outras motivações, sendo eufóricas ou disfóricas.

Entende-se que essas práticas de consumo são potencializadas


pelas dinâmicas não só tecnológicas de interação em plataforma de redes
sociais, mas também sociais, culturais, econômicas e cognitivas. Tais
rituais de consumo (TRINDADE; PEREZ, 2014), aqui apropriados para
o consumo midiático, partem da dimensão comunicacional. Desse modo,
buscando “perceber o ritual de consumo como dispositivo articulador
dos sentidos dos produtos/marcas na vida das pessoas” (p. 5). Além dos
níveis de interação, identificamos que os rituais de consumo são divididos
em 3 categorias: 1ª seria o uso e consumos midiáticos; a 2ª os rituais de
consumo representados pelas mensagens das marcas nas manifestações no
sistema publicitário; e 3ª seriam os rituais de consumo em si, vivenciados
no contato das pessoas com os produtos e serviços (TRINDADE; PEREZ,
2014).
O primeiro ritual é definido com base nos comentários de três
tipos de consumidores a partir do ritual usos e consumos midiáticos,
seriam os que possuem o hábito de assistir os seriados da postagem e os
que conhecem mas utilizam o espaço de interação com outro propósito.
O segundo ritual de consumo seria as questões de manifestações
do sistema publicitário, observa-se que o post dos seriados postado no
Facebook do Globoplay se transforma em um mediador promocional
das séries da Globo com os consumidores, sendo que, além de termos
espectadores que já possuem o hábito de assistir, o post corrobora para a
engajamento e interação com os consumidores.

Considerações finais

Este trabalho procurou demonstrar que, o perfil Globoplay no


facebook desenvolve estratégias de interação interage com os perfis dos
usuários nas interações características positivas e eufóricas, ou seja,
apenas os comentários que demonstram conteúdos nas categorias de fã.
Para que tais rituais de consumo aqui apontados como apropriados para

150
o consumo do conteúdo televisual nas redes sociais se realizem, como
aqueles definidos nas estratégias e táticas comunicativas dos gradientes
interacionais, o consumidor deve criar vínculos de sentidos, tanto com a
série quanto com o perfil do Globoplay no Facebook, além de desenvolver
uma experiência de hábito de interagir com um perfil de rede social,
modalizando-o a um uso especializado e engajado.
Considera-se a Rede Globo, após a inserção nas redes sociais, um
enunciador que busca constantemente produzir no perfil das redes sociais
um efeito de sentido de sujeito da enunciação, e que procura, por meio
de artifícios de interação por comentários, persuadir esse enunciatário a
sentir-se um interator que é ouvido, um consumidor do Globoplay em um
processo pleno de interação mediada nas plataformas digitais. Entretanto,
tais experiencias nos modos de fruição dos comentários em redes sociais, a
partir de um perfil do Facebook, abre um espaço para pensar os processos
de comunicação no paradigma computacional, onde a automatização e
utilização de robôs por parte dos perfis oficiais tem sido cada vez mais
utilizados como solução ao grande fluxo de comentários nas interações
em redes sociais.

Referências

BRAGA, J.L. 2012. Interação como contexto da Comunicação. Revista


Matrizes, 6(1):25-42.
BOLTER, J. D. GRUSIN. R. Remediation: Understanding New Media.
Cambrigde: MIT Press, 2000.
CALDAS, C. H. S. Videoclipe interativo: novas formas expressivas no
audiovisual. 2018. Tese (Doutorado em Comunicação) - Faculdade de Arquitetura,
Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2018.
CALDAS, C. H. S. Videoclipes interativos: estruturas e modos de fruição.
In: Laan Mendes de Barros, José Carlos Marques, Ana Silvia Médola. (Org.).
Produção de sentido na cultura midiatizada. 1ed.Belo Horizonte/MG: Fafich/Selo
PPGCOM/UFMG, 2020, v. 1, p. 11-410.
CALDAS, C. H. S. et al. Dos gradientes aos rituais de consumo de filmes
publicitários para divulgação das séries da Netflix no YouTube: estudo de
caso de Black Mirror. Revista Temática, 9 (1) 2020.

151
JENKINS, H. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008.
LEÃO, L. Poéticas do ciberespaço. In: Lúcia Leão (org.). O chip e o caleidoscópio:
reflexões sobre as novas mídias. São Paulo: Editora SENAC, 2005.
TRINDADE, E.; PEREZ, C. 2014. Dimensões do consumo midiatizado. In:
Congresso Mundial de Comunicação Ibero-americana – CONFIBERCOM, II,
Braga, Portugal, 2014. Anais... GT 16 – Publicidade, p. 3109-3117.

152
CAPÍTULO IX
INTER-RELACIONAMENTO ENTRE AS
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS E
INTRAEMPREENDEDORAS, EM RELAÇÃO A
EMPREGABILIDADE

Gabriela Carvalho dos Santos


Karla Gonçalves Macedo
Miriam Pinheiro Bueno
Jamile de Campos Coleti

RESUMO
O capítulo objetiva relacionar a empregabilidade que é baseada na capacidade
que o profissional tem a se adequar as necessidades dinâmicas para a inovação
no mercado de trabalho, com as características e perfis empreendedores e
intraempreendedores para demonstrar cada vez mais à força do empreendedorismo
e do intraempreendedorismo no desenvolvimento contínuo da empregabilidade e
dos profissionais com esses diferenciais competitivos e atitudes assertivas a fim
de se destacarem no mercado de trabalho. Foi utilizada a metodologia qualitativa,
por meio da realização de pesquisas descritivas e exploratórias, subsidiadas por
uma revisão bibliográfica. O presente capítulo buscou identificar as características
empreendedoras, intraempreendedoras com a empregabilidade, por meio dos
estudos e características pontuadas pelos autores estudados. O estudo possibilitou
identificar algumas relações entre o empreendedor e o intraempreendedor com
o perfil de profissionais e colaboradores almejado pelas empresas. As pesquisas
possibilitaram uma reflexão sobre a empregabilidade, evidenciando que cada
vez mais o dinamismo do intraempreendedorismo é indispensável para o
desenvolvimento sucessivo do cenário contemporâneo e dos profissionais com
esses diferenciais para a obtenção da empregabilidade.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Intraempreendedorismo. Empregabilidade.


inter-relacionamento.

THE INTER-RELATIONSHIP BETWEEN ENTREPRENEURIAL


AND INTRA-ENTERPRISE CHARACTERISTICS, IN RELATION
TO EMPLOYABILITY

ABSTRACT
The chapter aims to relate employability, which is based on the professional’s
ability to adapt to the dynamic needs for innovation in the labor market, with
entrepreneurial and intrapreneurial characteristics and profiles to increasingly
demonstrate the strength of entrepreneurship and intrapreneurship in the
world. continuous development of employability and professionals with these

153
competitive differentials and assertive attitudes in order to stand out in the job
market. Qualitative methodology was used, through descriptive and exploratory
research, supported by a bibliographical review. This chapter sought to identify
entrepreneurial and intrapreneurial characteristics with employability, through
the studies and characteristics pointed out by the studied authors. The study
made it possible to identify some relationships between the entrepreneur and
the intrapreneur with the profile of professionals and collaborators desired by
the companies. The surveys enabled a reflection on employability, showing that
the dynamism of intrapreneurship is increasingly essential for the successive
development of the contemporary scenario and of professionals with these
differentials to obtain employability.

Keywords: Entrepreneurship. Intrapreneurship. Employability. Integration.

1. Introdução

Os profissionais anseiam em alcançar oportunidades no mercado


de trabalho diferenciadas e em contrapartida as empresas procuram
profissionais qualificados e comprometidos, e o mercado está em constante
mudança para ambas as partes. Empresas que investem em novas
ideias, empresários com perfil empreendedor, costumam ser dedicados
superando assimas instituições estagnadas e burocráticas, fomentando o
crescimento do seu empreendimento e ainda do ambiente está inserido,
em contrapartida recrutar, selecionar e fidelizar profissionais alinhado ao
perfil da empresa costuma ser desafiador.
Objetivando sobreviver aos desafios do mercado, crescer e ter
competitividade do mercado, as organizações investem na tecnologia,
métodos de criação, inovação, mudanças, dentre outras estratégias,
outra estratégia essencial para a o desenvolvimento organizacional é o
fato de que em suas equipes são necessários profissionais capacitados
e qualificados, que estejam alinhados ao mesmo perfil empreendedor,
nesse caso conhecido como intraempreendedor, profissional com perfil
empreendedor que atua como colaborador em uma empresa e instituição,
geralmente com alto potencial de empregabilidade devido a seu perfil
profissional.
Discorrendo sobre o processo empreendedor, Chiavenato (1999)
destaca que o empreendedor, precisa crescer e inovar constantemente
para que seu negócio esteja em evidência continuamente para prosseguir
em um ciclo de vida longa, obtendo retornos em seu empreendimento;
administrando, planejando, organizando e dirigindo as atividades da

154
organização. Para que a empresa consiga alcançar esses objetivos é
imprescindível que os colaboradores dessas empresas estejam integrados
a esse perfil e o espírito empreendedor envolve emoção, paixão, impulso,
inovação, risco e intuição, com metas e objetivos.
As empresas definem suas declarações de missão e visão e
objetivos organizacionais e a partir dessas diretrizes o empreendedor
estabelece as estratégias, com inovação para assim competir em um
nicho de ameaças e oportunidades e para que todo esse direcionamento
aconteça os colaboradores precisam estar imbuídos com essas políticas
esses profissionais com tais características empreendedoras fazem o
diferencial nas empresas. Vale destacar que grande parte das características
relacionadas acima no espírito empreendedor, costumam estar relacionadas
no perfil intraempreendedor, como também no que se considera como
características de empregabilidade como pretende-se evidenciar no
capítulo. Segundo Meller (2016), estabelece que o intraempreendedor
sejam os colaboradores empreendedores com visão de dono do negócio,
intraempreendedorismo foi apresentado em 1985 por Gifford Pinchot.
Minarellli (2013), indica que a empregabilidade se resume em
manter o profissional em seu emprego, dando ao mesmo a proteção
de sua carreira, independente de riscos, crises, que o mercado venha a
ter. O capítulo objetiva relacionar a empregabilidade que é baseada na
capacidade que o profissional tem a se adequar as necessidades dinâmicas
para a inovação no mercado de trabalho, com as características e perfis
empreendedores e intraempreendedores para demonstrar cada vez
mais à força do empreendedorismo e do intraempreendedorismo no
desenvolvimento contínuo da empregabilidade e dos profissionais com
esses diferenciais competitivos e atitudes assertivas a fim de destacarem-
se no mercado de trabalho.

2. Procedimentos metodológicos

Para a realização do capítulo foi utilizado o método qualitativo,


conforme Lakatos e Marconi (2009) o método está baseado na apreciação
mais detalhada sobre os processos, averiguações, tendências e demais
variáveis, além do cuidado em analisar e interpretar aspectos mais
profundos, corroborando com as informações acima Mascarenhas (2018)
destaca que o método é utilizado para descrever aspectos mais amplos
sobre o objetivo de estudo, assim foi realizada inicialmente uma pesquisa

155
descritiva, para a compreensão dos objetivos do capítulo, por meio da
análise e investigações subsidiadas por artigos, reportagens, livros e demais
fontes de pesquisas que pudessem colaborar com processo de construção
da análise acerca das relações entre as características empreendedoras,
intraempreendedoras com a empregabilidade.
Para Mascarenhas (2018) a pesquisa descritiva é utilizada para a
compreensão do objeto, além de analisar as características das variáveis
analisadas, como foi realizada entre as características acima mencionadas,
em concomitância foi realizada ainda uma pesquisa exploratória alinhada
ao objetivo geral do capítulo, Mascarenhas (2018) destaca que a pesquisa
exploratória é utilizada em pesquisas que pretendem criar familiaridade
com um problema, ou oportunidade, para na sequência colaborar no
processo de criação de hipóteses e que ainda é respaldado por pesquisa
bibliográfica, assim o capítulo relacionou algumas características
empreendedoras, intraempreendedoras com a empregabilidade, em
um mercado de trabalho cada vez mais desafiador, estudos sobre perfis
almejado pelos empreendimentos podem contribuir com os profissionais
e as organizações.

3. Revisão da literatura

3.1. Empreendedorismo

Carmo (2021) informa que semanticamente, os termos


“empreendedorismo” e “empreendedor” vêm da palavra francesa
“entrepreneur”, que tem origem no latim “imprehendere”. Com o tempo,
mudanças no sistema econômico mundial, tornou-se mais complexo a
definição de empreendedorismo. Na idade média as pessoas que praticavam
e administravam os projetos que envolviam a produção eram denominadas
empreendedoras. No século XVII ganhavam-se mais uma característica
aos mesmos, assumia um contrato com o governo, fornecendo produto e
serviço, ou seja, lucro ou prejuízo era do empreendedor. Empreendedor,
digamos que era o que necessitava do capital, e o fornecedor do capital,
sendo os investidores de risco, ou seja, o administrador profissional.
(HISRICH, 1986).
Garcia e Andrade (2022) destacam que a partir da década de 1990
os estudos sobre o tema aumentaram expressivamente. Atualmente, o
campo conta com muitas publicações científicas, periódicos, eventos

156
especializados e está presente em cursos extensão, graduação e pós-
graduação. Corroborando com os autores, as pesquisas de Barreto (1998),
define empreendedorismo como ter a habilidade de criar e planejar algo de
muito pouco ou quase nada.
No contexto do Brasil, Barreto (1998), chama de muito pouco ou
quase nada o que significa na prática pouco capital disponível, tecnologia
insuficiente, precário nível educacional, dificuldade de acesso a crédito,
poucos incentivos e desconhecimento das vantagens de ser ter uma
educação empreendedora. Em outras palavras empreender é conseguir
agregar valor ao negócio e oferecer ao mercado uma empresa com uma
nova proposta.
Segundo Dolabela (2006), empreendedorismo é uma constante
mudança, agregando inovações a todos os fatores que englobam o
contexto, nos dias atuais contamos com novos serviços, novos produtos,
metodologias para mudar uma estrutura de uma organização, mudanças
de um produto para melhor, uma visão ampla de todo o ambiente
organizacional, contando com o investimento total do empreendedor.
O empreendedorismo possui uma série de entendimentos,
Davidsson (2016) destaca que o empreendedorismo é a de uma nova
atividade econômica, como qualquer coisa que concerne àqueles que
criam e dirigem seus empreendimentos. Considerado um fenômeno
global, com destaques no cenário político, econômico e social, muito
discutido e analisado atualmente, por estudos e pesquisas, que investigam
qual é o perfil, quem são as pessoas e como ocorrem as oportunidades para
a criação de um empreendimento. (DA SILVA e DA SILVA, 2019)
Para Dornelas (2008), o envolvimento de pessoas e projetos que
juntos levam a transformação de ideias em oportunidades, enfatizam
geralmente o real objetivo do empreendedorismo. O empreendedor está
atento as variáveis do mercado, permitindo à auto realização de forma
rápida e rentável conforme a intensidade prática de seus comportamentos e o
senso de urgência para o atendimento de interesses. (EMMENDOERFER,
2019)
Na visão de Chiavenato (2004), o empreendedor é a pessoa que
inicia um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo
riscos, responsabilidades e que inovam continuamente. O espírito
empreendedor é a energia da economia, a alavanca de recursos, a dinâmica
de ideias, o impulso de talentos e mais é ele que detecta as oportunidades.
Os empreendedores costumam atuar com independência, são os únicos

157
responsáveis pelos riscos e os favorecidos da ação empreendedora.
(MONTENEGRO, 2015).
As definições retratam o empreendedorismo, contudo uma breve
definição o empreendedorismo é o ato de aproveitar oportunidades,
inovar, arriscar, planejar, empenhar, ser perseverante, acreditar na ideia
e transformar em realidade, aplicando este ato para qualquer área, seja
um novo negócio, um novo processo, um novo método ou um novo
produto. (Diniz, 2009). As características de um empreendedor eficaz
para Dornelas (2008) são: ser visionário, saber tomar as decisões fazendo
a diferença e explorando ao máximo as oportunidades, ser determinado,
apaixonado pelo que faz, dinâmico, independente, otimista, dedicado, que
constrói o seu próprio destino, é líder e formador de equipes, planejam,
tem conhecimento, é organizado e assumem riscos calculados criando
valores para a sociedade. Vale destacar que o empreendedorismo vem se
afirmando como uma opção de carreira cada vez mais frequente e habitual
para mulheres. O quadro abaixo apresenta características empreendedoras
relacionadas por Chiavenato (2004); Dolabela (2006); Dornelas (2008) e
Cardoso e Mendes (2021).

Quadro 1. Características empreendedoras


Inovação Aproveita oportunidade
Métodos para mudanças Planejamento
Desenvolvimento de novos produtos Empenho
Visão sistêmica Perseverança
Investimento Acreditar na ideia e transformar
Assumir riscos e responsabilidades Visionário
Decisões assertivas Determinação
Paixão pelo que faz Dinamismo
Otimismo Independência
Extroversão Conscienciosidade
Abertura de mente Intencionalidade
Autoeficácia Lócus de controle
Resiliência Autonomia
Literacia financeira Assunção do risco
Fonte: Adaptado Chiavenato (2004); Dolabela (2006); Dornelas (2008); Cardoso e
Mendes (2021)

158
As características elencadas no Quadro 1 evidenciam o desafio
no processo de operacionalizar o comportamento empreendedor nas
práticas, pois o comportamento empreendedor é composto por diversas
características que se complementam, e com as mudanças impostas pela
pandemia, indicam a necessidade da implementação de novas perspectivas,
características e processos, a partir da mudança de consumo e inovação
do modelo dos empreendimentos, o cenário atual exige mudanças e
delineamento de estratégias para o enfrentamento de crises por
exemplo. (DE CASTRO, 2021)
Sobre os tipos de empreendedores Dornelas (2008) destaca o
empreendedor nato, o que aprende, o serial, o social, por necessidade,
o herdeiro, o planejado e o corporativo, também conhecido como
intraempreendedor, esse último está diretamente relacionado ao objeto de
capítulo e está evidenciado nos próximos itens, são geralmente executivos
muito competentes, com capacidade gerencial e conhecimento de
ferramentas administrativas.

3.2 Intraempreendedorismo

Para Elert e Stenkula (2020) existe reconhecimento de que


intraempreendedores são protagonistas do processo de inovação e
fomento econômico, pois os processos decisórios estão cada vez
mais descentralizados, exigindo colaboradores com mais autonomia,
responsabilidade, proatividade, flexibilidade e inovação. (SANTOS, 2021)
Segundo Novaes e Martens (2021) intraempreendedores são
colaboradores que promovem novas iniciativas em organizações existentes.
As atuais práticas de gestão que oportunizam o desenvolvimento do
intraempreendedorismo estão em alta no mundo corporativo, sob ótica
dos empreendedores como também dos colaboradores, que buscam
participação efetiva no seu ambiente profissional, também conhecido
como empreendedorismo corporativo, é o profissional que inova dentro
da organização em que atua, o comprometimento com a organização é
um fator essencial, costuma ter sinônimo de realização profissional,
crescimento e destaque, sendo os benefícios distribuídos entre empresa e
colaborador. (KONZEN E CARVALHO, 2022)
O termo intraempreendedorismo ou empreendedorismo corporativo,
foi criado em 1978 como abreviatura do conceito de intracorporate
entrepreneuring ou empreendedorismo intracorporativo. Nesta época os

159
argumentos propostos e os conceitos que asseguravam essa ideia eram
de que um profissional não precisa sair do seu emprego em uma grande
organização para se tornar um empreendedor. (PINCHOT e PELLMAN,
2004).
Para Hashimoto (2006), o intraempreendedorismo é um estado de
espírito desenvolvido em todos os gerentes por meio de treinamentos que
os estimulem a pensar como verdadeiros empreendedores, por fim para
ele quando há indivíduos empreendedores dentro da empresa se tem um
intraempreendedor. Pinchot (1989) caracteriza o intraempreendedor como
um profissional que é persistente, decidido e autoconfiante, que trabalha
arduamente, direcionado pelos seus objetivos e não para obter status ou
dinheiro. Segundo Stoner e Freeman (1999), o intraempreendedor é o
indivíduo que procura aumentar o domínio da empresa em competência
e em oportunidades a partir de novas combinações de recursos criados
dentro da organização, pois os mesmos sabem aproveitar as informações
e conhecimentos que estão disponíveis para se produzir algo novo. São
os colaboradores de uma instituição, podendo atuar em diversos níveis
hierárquicos, os intraempreendedores atuam em concomitância com os
objetivos e metas institucionais da qual são membros, e também direta ou
indiretamente são impactados com as implicações dos riscos e benefícios
das atitudes. (MONTENEGRO, 2015).
O profissional empreendedor ao sugerir uma inovação ou solução,
precisa considerar os custos financeiros, se eles encaixam dentro do
orçamento da organização e qual impacto trará para a mesma em relação
à mudança de processos e o retorno em relação ao investimento, afinal o
intraempreendedor deve agir, pensar como o dono da empresa. (RENATO,
2015).
Mccrimmon (1995), defende a ideia sobre uma organização que
favorece o intraempreendedorismo, deve focar no desenvolvimento
de uma cultura organizacional que de o suporte necessário às ações
intraempreendedoras, em que o clima organizacional deve apoiar e
incentivar essas ações. Para Mccrimmon (1995) as empresas que querem
uma cultura organizacional intraempreendedora, precisam dedicar-se aos
valores ligados a tal posicionamento, e assim aumentar a possibilidade
de seus colaboradores apresentarem comportamento intraempreendedor.
O quadro 2 relaciona características intraempreendedoras indicadas por
Pinchot (1989); Stoner e Freeman (1999); Mccrimmon (1995); Renato
(2015) e Da Costa e Trindade (2020).

160
Quadro 2. Características intraempreendedoras
Persistência Realiza planejamento financeiro viável
Dedicação Liderança responsável
Autoconfiança Foco no desenvolvimento e cultura organizacional
Foco no objetivo Inovação
Empenho no trabalho Competência
Espírito Empreendedor Aproveita as oportunidades
Trabalha agindo como dono Busca soluções avançadas
Excelência Engajamento
Comunicação Sentimento de Pertencimento
Fonte: Adaptado Pinchot (1989); Stoner e Freeman (1999); Mccrimmon (1995); Renato
(2015) e Da Costa e Trindade (2020).

Por meio das características empreendedores indicadas no Quadro


2 é possível indicar que muitas características intraempreendedoras estão
relacionadas com as características empreendedoras evidenciadas no
quadro 1, e ainda corrobora com a visão de Renato (2015) que indica que o
intraempreendedor é o colaborador que atua como se fosse o proprietário
do empreendimento, tomando iniciativa de detectar problemas e buscar as
soluções, tem iniciativa, quando identifica uma situação problemática, já
costuma buscar uma solução brevemente.

3.3 Empregabilidade

Oliveira (2022) indica que a globalização e o avanço da tecnologia


influenciam diretamente o mercado de trabalho e a empregabilidade,
acarretando alterações nas competências e habilidades dos profissionais
que buscam a inserção ou manutenção em determinado emprego, com
isso o conceito de empregabilidade vem se considerando cada vez mais
em estudos e pesquisas. Empregabilidade é um tema bastante dinâmico e
a lista de pré-requisitos para ser desejado no mercado de trabalho não para
de crescer, na medida em que o tempo passa as competências essenciais
se tornam cada vez mais complexas e amplas. Há um tempo o capital
intelectual era uma vantagem competitiva por excelência, mas hoje só o
capital intelectual não garante a contratação e permanência no mercado
competitivo de trabalho, é necessário ter o capital ético e o capital
emocional. (HILSDORF, 2009).

161
Para Minarelli (2013), ter segurança profissional, é mais do
que ter um emprego, um salário, é ter a possibilidade e a condição de
independentemente da faixa etária para conseguir trabalho e remuneração,
conhecida como empregabilidade, o que resulta da capacidade de
prestação de serviço e a conquista de trabalho. A grande transformação
que assegura uma carreira sustentável e mantém a empregabilidade, é
manter a posição de ser contratável por ser um fornecedor de soluções
para as atuais exigências do mercado de trabalho.
Segundo Minarelli (2013), conhecimentos atuais, múltiplas
habilidades e boa reputação são o grande capital das pessoas que vendem
o próprio trabalho. Para aumentar a empregabilidade, os profissionais
precisam estar preparados do ponto de vista técnico, intelectual, gerencial,
humano e social para resolver com rapidez problemas cada vez mais
específicos e sofisticados. Quanto maior for o nível da competitividade,
mais claro fica a adversidade com relação à capacidade de conviver e
enfrentar os altos níveis de pressão. Condições físicas e mentais precisam
estar bem saudáveis para viver diariamente este nível de pressão, pois as
maiores causas de afastamentos se dão devido a transtornos psicológicos,
muitos deles intensificado pelo estresse negativo a partir do grau de
gerenciamento vindo dos níveis progressivo de pressão e da falta de
condicionamento, que possibilite crescimento na carreira relacionado à
qualidade de vida. E isso é possível sim, afirma Hilsdorf (2009). Minarelli
(2010), indica que a empregabilidade está em manter o profissional em seu
emprego em concomitância a proteção de sua carreira, independentemente
das variáveis. Para isso, o autor relaciona seis pilares da empregabilidade,
indicados no Quadro 3.

Quadro 3. Pilares da empregabilidade


Adequação Profissional
Competência Profissional
Idoneidade
Saúde Física e Mental
Reservas Financeiras e Fontes Alternativas
Relacionamentos
Fonte: Minarelli (2010).

162
Segundo o autor, os pilares estão interligados e precisam ter
um razoável equilíbrio. Para Minarelli (2010), o somatório dessas
competências é o que confere ao profissional a chamada empregabilidade.
Se no passado as mudanças eram lentas e o conhecimento adquirido em um
curso superior era válido por toda a carreira, onde as promoções resultavam
por tempo de casa, a situação atual é praticamente oposta. Pontes (2011),
aponta que hoje, as mudanças ocorrem cada vez mais rápido e a evolução
na carreira depende de a capacidade do profissional apresentar resultados
com recursos escassos e em curtos prazos, mas para isso é necessário
juntar conhecimento técnico, habilidade para colocar o conhecimento em
prática e atitudes comportamentais adequadas à geração de resultados e
ao ambiente organizacional da empresa em que se atua. Empregabilidade
são características que um profissional deve ter para ocupar um lugar em
qualquer empresa. O Quadro 4 apresenta características da empregabilidade
relacionadas por Hilsdorf (2009); Minarelli (2013); Mireia (2016); Pontes
(2011) e Ártico (2020), as características da empregabilidade indicadas
pelos referidos autores indicam comportamentos, características e atitudes
que podem estar relacionadas com as características empreendedoras e
intraempreendedoras citadas nos itens anteriores.

Quadro 4. Características da empregabilidade


Possui capital ético Segurança profissional
Possui capital emocional Adequação da profissão a vocação
Reflexão Competência
Experiência Idoneidade
Gerenciamento de presença online Saúde física e mental
Flexibilidade Reserva financeiras
Investimento no capital social Relacionamentos
Habilidade Resultados em curto prazo
Liderança Criatividade
Empreendedorismo Agente de mudanças
Inteligência emocional Trabalho em equipe
Desenvolvimento de novas habilidades Network – Rede de relacionamento
Fonte: Adaptado Hilsdorf (2009); Minarelli (2013); Mireia (2016); Pontes (2011) e
Ártico (2020).

163
4 Análise dos resultados

4.1 Características empreendedoras, intraempreendedoras e


de empregabilidade

Identificadas as características empreendedoras, intraempreende-


doras e de empregabilidade elencadas nos quadros acima evidenciadas é
possível discorrer que existem diversas pesquisas acerca dos temas prin-
cipais do capítulo, consequentemente a isso um número expressivo de
características voltadas para o perfil empreendedor e intraempreendedor,
as referidas características podem de maneira integrada colaborar com o
fortalecimento e fomento da empregabilidade dos profissionais. No qua-
dro 5 estão citadas características do empreendedorismo, intraempreen-
dedorismo e empregabilidade apresentadas acima, indicadas por: Ártico
(2020); Chiavenato (2004); Da Costa e Trindade (2020); Cardoso e Men-
des (2021); Dolabela (2006 e 2008); Hilsdorf (2009); Mccrimmon (1995);
Minarelli (2013); Mireia (2016); Pinchot (1989); Pontes (2011); Renato
(2015) e; Stoner e Freeman (1999).
Por meio da análise do Quadro 5 apresentado na sequência é
possível indicar que mesmo com o parecer de diversos autores, existem
muitos perfis que estão relacionados ou integrados, com isso é possível
indicar uma correlação entre das características empreendedoras e
intraempreendedoras com o perfil de profissionais desejados pelas
empresas (empregabilidade).

164
Quadro 5. Características empreendedoras, intraempreendedoras e de
empregabilidade
Empreendedorismo Intraempreendedorismo Empregabilidade
- Abertura de mente - Aproveita as oportunidades -Adequação da profissão a
- Acreditar na ideia e - Autoconfiança vocação
transformar - Buscar soluções avançadas - Agente de mudanças
- Apaixonado pelo que faz - Competência - Capital emocional
- Aproveita oportunidade - Comunicação - Capital ético
- Assume riscos e - Dedicação - Competência
responsabilidades - Empenho no trabalho - Criatividade
- Autoeficácia - Engajamento - Desenvolvimento de
- Autonomia - Espírito Empreendedor novas habilidades
- Conscienciosidade - Excelência - Empreendedor
- Decisões assertivas - Foco no desenvolvimento e - Experiência
- Desenvolvimento de cultura organizacional - Flexibilidade
novos produtos - Foco no objetivo - Gerenciamento de
- Determinação - Inovação presença online
- Dinamismo - Liderança responsável - Habilidade
- Empenho - Persistência - Idoneidade
- Extroversão - Sentimento de - Inteligência emocional
- Independência pertencimento - Investimento no capital
- Inovação - Planejamento financeiro social
- Investimento viável - Liderança
- Intencionalidade - Trabalha agindo como - Rede de relacionamento
- Literacia financeira dono - Reflexão
- Lócus de controle - Relacionamentos
- Métodos para mudanças - Reserva financeiras
- Otimismo - Resultados em curto
- Perseverança prazo
- Planejamento - Saúde física e mental
- Resiliência - Segurança profissional
- Visão sistêmica - Trabalho em equipe
- Visionário
Fonte: Adaptado Ártico (2020), Cardoso e Mendes, Chiavenato (2004); Da Costa e Trin-
dade (2020), Dolabela (2006); Dornelas (2008); Hilsdorf (2009); Mccrimmon (1995);
Minarelli (2013); Mireia (2016); Pinchot III (1989); Pontes (2011); Stoner e Freeman
(1999); Renato (2015).

Visando realizar uma correlação entre as características foi realizada


uma análise entre as possíveis relações entre as referidas características
como estabilidade para se assegurar a empregabilidade está integrada no
Quadro 6 apresentado a seguir, importante destacar que as análises das
características foram indicadas no próprio quadro.

165
Quadro 6. Características e análises sobre as características
empreendedoras, intraempreendedoras com a empregabilidade.
Empreendedorismo Intraempreendedorismo Empregabilidade
Características Características Características
- Autoeficácia - Competência - Capital emocional
- Conscienciosidade - Dedicação - Competência
- Determinação - Excelência - Habilidade
- Empenho - Persistência - Saúde física e mental
- Perseverança
- Resiliência

Análise: As características empreendedoras e intraempreendedoras determinação,


empenho, competência, dedicação e excelência também poderiam ser consideradas
características da empregabilidade, inclusive a característica competência está citada
no intraempreendedorismo e também na empregabilidade, inclusive vale ressaltar que
em algumas pesquisas a determinação, autoeficácia e conscienciosidade, empenho
e a dedicação são consideradas como competências. Cabe destacar também que
a característica persistência é citada nas características do empreendedorismo e
intraempreendedorismo, e ainda se destaca nas características da empregabilidade, o
capital emocional que está relacionada as questões de comportamentos e como vão
superar os desafios e alcançar os objetivos organizacionais e ainda para o profissional
conseguir equilibrar e relacionar essas competências, tem-se citada a característica
saúde física e mental, então cuidar de si mesmo é um considerado um ativo essencial da
empregabilidade.

Características Características Características


- Abertura de mente - Aproveita as oportunidades - Adequação da profissão a
- Acreditar na ideia e - Autoconfiança vocação
transformar
- Apaixonado pelo
que faz
- Aproveita
oportunidade
- Extroversão
- Métodos para
mudanças
Análise: As características empreendedoras aqui elencadas estão relacionadas a fatores
sobre o perfil e a crença dos profissionais, a característica aproveitar as oportunidades
aparece indicada nas características empreendedoras e intraempreendedoras, outros
fatores como extroversão também foram elencados, com isso é possível indicar que a
característica adequação da profissão a vocação pode ser alicerçada pelas características
empreendedoras e intraempreendedoras citadas.

166
Características Características Características
- Autonomia - Comunicação - Criatividade
- Dinâmico - Engajamento - Desenvolvimento de novas
- Inovação - Espirito Empreendedor habilidades
- Otimismo - Inovação - Empreendedorismo
- Reflexão
Análise: Em muitas pesquisas as características citadas nos três processos analisados
acima são consideradas habilidades, inclusive tem um potencial de se complementarem
e ainda relacionarem, interessante destacar também a característica de empregabilidade,
desenvolvimento de novas habilidades e ainda corroborando com as demais, ainda é
citada a característica empreendedorismo, que nas pesquisas realizadas muitos autores o
consideram como uma característica da empregabilidade.

Características Características Características


- Desenvolvimento de - Trabalha agindo como dono - Capital ético
novos produtos - Empenho no trabalho - Experiência
- Independência - Liderança responsável - Gerenciamento de presença
- Visionário - Pertencimento online
- Visão sistêmica - Idoneidade
- Inteligência emocional
- Network
- Relacionamentos

Análise: Analisando as características acima é possível indicar que estão alinhadas


aos relacionamentos, intrapessoal e interpessoal nas três variáveis estudadas e que
além das características empreendedoras e intraempreendedoras terem o potencial de
colaborar com o perfil de empregabilidade, é possível concluir que nessa análise todas
as características relacionadas complementam-se.
Características Características Características
- Assumir riscos e - Buscar soluções avançadas - Agente de mudanças
responsabilidades - Foco no desenvolvimento e - Flexibilidade
- Decisões assertivas cultura organizacional - Liderança
- Intencionalidade - Resultados em curto prazo
- Lócus de controle - Segurança profissional
- Trabalho em equipe
Análise: As características acima mencionadas costumam ser necessárias diretamente
para a atuação com maestria no gerenciamento e gestão dos processos gerenciais e de
pessoas, indicado ainda na variável empregabilidade, está a característica liderança,
que conforme o estilo exercido no empreendimento, são utilizadas muitas dessas
características, como por exemplo a busca por soluções avançadas, desenvolvimento e
cultura organizacional citado no intraempreededorismo e decisões assertivas e lócus de
controle mencionadas como característica de empreendedorismo.

167
Características Características Características
- Planejamento - Planejamento financeiro - Investimento no capital
Investimento viável social
- Literacia financeira - Foco no objetivo - Reserva financeiras
Análise: As características acima das três variáveis estão relacionadas as questões de
planejamento financeiros, investimentos, controles e reservas financeiras, essenciais
para os profissionais, empreendedoras e empresários, cabe destacar a característica
empreendedora literacia financeira relacionada as habilidades de tomar decisões
financeiras assertivas.
Fonte: Adaptado Ártico (2020); Cardoso e Mendes (2021). Chiavenato (2004); Da Costa
e Trindade (2020); Dolabela (2006); Dornelas (2008); Hilsdorf (2009); Mccrimmon
(1995); Minarelli (2013); Mireia (2016); Pinchot III (1989); Pontes (2011); Stoner e
Freeman (1999); Renato (2015).

Considerações finais

O presente capítulo identificou algumas características


empreendedoras, o perfil intraempreendedor e sua relação com os
profissionais de alta competência e empregabilidade, por meio dos estudos e
características pontuadas pelos autores estudados. Este estudo possibilitou
identificar algumas relações entre o empreendedor, o intraempreendedor
com o perfil de profissionais e colaboradores almejados pelas empresas.
As pesquisas possibilitaram uma reflexão sobre a empregabilidade,
evidenciando que cada vez mais o dinamismo do intraempreendedorismo
é indispensável para o desenvolvimento sucessivo do cenário
contemporâneo e dos profissionais com esses diferenciais para a obtenção
da empregabilidade. Considerando com base no estudo apresentado,
que a evolução tecnológica avança de maneira expressiva e veloz para
patamares jamais imaginados pelo ser humano, entretanto, a criatividade
humana supera toda e qualquer evolução, assim, sendo, as empresas,
em contrapartida, procuram profissionais com espírito empreendedor,
qualificados e comprometidos. O estudo destacou que os profissionais
precisam adequar-se às inovações, as tecnologias e, serem flexíveis,
persistentes, competentes, visionários, agregando outras características
essências para o crescimento pessoal e profissional dos profissionais em
qualquer área de atuação, profissão e nível hierárquico.

168
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STONER, James Arthur Finch; FREEMAN, Robert Eduward. Administração.
Rio de Janeiro: LTC, 1999.

172
CAPÍTULO X
RENTABILIDADE E GESTÃO NA PRODUÇÃO LEITEIRA:
PARÂMETROS DE HIGIENE E QUALIDADE DO LEITE

Larissa Rodrigues de Azevedo Câmara


Márcia Maria Cândido da Silva

RESUMO
Presente diariamente na mesa dos brasileiros, o leite e seus derivados são alimentos
que complementam nutricionalmente a dieta humana, contribuindo para sua saúde
e bem-estar. Por se tratar de um produto com alto potencial de contaminação
por microrganismos patogênicos, a produção, armazenamento, beneficiamento
e distribuição ao público-alvo são preocupações de extrema relevância do
segmento leiteiro, além de alguns fatores que influenciam negativamente no
rendimento industrial e na gestão produtiva. A fim de orientar a cadeia produtiva
leiteira, em 2018 o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -MAPA
publicou as normativas de número 76 e 77 que tratam sobre os constituintes do
leite, higiene, estado sanitário e saúde animal com a utilização de parâmetros
laboratoriais e visuais norteadores. Nesse sentido ajustes no sistema produtivo
e na gestão são necessários para garantir a excelência do produto in natura e
seu rendimento no processamento industrial para a produção de derivados. Para
nortear possíveis ajustes, oito propriedades leiteiras localizadas na microrregião
de Frutal/MG foram avaliadas durante 5 meses consecutivos para verificar a
qualidade do leite produzido e sua adequação a legislação vigente. De maneira
geral as propriedades avaliadas se adequam aos parâmetros de composição do
leite preconizados pelo MAPA, com algumas alterações pontuais, necessitando
de ajustes principalmente no tocante higiênico-sanitário do sistema produtivo.
Diante do exposto a produção leiteira com qualidade segue sendo um desafio
diário, mas com as corretas orientações e adesão dos produtores, gradativamente,
o Brasil alcançará a excelência.

Palavras-chave: leite; certificação; segurança alimentar.

PROFITABILITY AND MANAGEMENT IN DAIRY PRODUCTION:


PARAMETERS FOR MILK HYGIENE AND QUALITY

ABSTRACT
A daily component of Brazilian diet, milk and its derivatives are foods that
nutritionally complement the human food intake, contributing to health and well-
being. As it is a product with a high potential for contamination by pathogenic
microorganisms, the production, storage, processing and distribution to the target
public are extremely important concerns for the dairy segment, in addition to some
factors that negatively influence industrial yield and production management. In
order to guide the dairy production chain, in 2018 the Ministry of Agriculture,
Livestock and Supply – Brazil (MAPA) published regulations number 76 and

173
77, which regard milk constituents, hygiene, health status and animal health with
the use of laboratory parameters and guiding visuals. In this sense, adjustments
in the production system and management are necessary to guarantee the
excellence both of the in natura product and its yield in industrial processing
for the production of derivatives. In order to guide possible adjustments, eight
dairy farms located in the Frutal/Minas Gerais micro-region were evaluated for 5
consecutive months to verify the quality of the produced milk and its adequacy to
current legislation. In general, the evaluated properties are in line with the milk
composition parameters recommended by the MAPA, with certain divergences,
requiring adjustments mainly in terms of the hygiene and health aspects of the
production system. Quality dairy production continues to be a daily challenge,
but correct guidelines and adherence of producers will lead Brazil to gradually
achieve excellence.

Keywords: milk; certification; food safety.

1. Introdução

A cadeia produtiva do leite é uma das principais atividades


econômicas do Brasil, com forte efeito na geração de emprego e renda.
Presente em quase todos os municípios brasileiros, a produção de leite
envolve mais de um milhão de produtores no campo, além de gerar outros
milhões de empregos nos demais segmentos da cadeia de derivados
(ROCHA et al., 2020).
Segundo o Censo Agropecuário 2017, realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 1,1 milhão
de propriedades leiteiras, sendo que 71% delas produzem até 50 litros de
leite por dia. De acordo com dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM/
IBGE) de 2020, por ano, são produzidos mais de 35 bilhões de litros de
leite. Nos últimos 20 anos, a produção cresceu 80% e o número de vacas
ordenhadas foi reduzido em 10%, o que mostra a eficiência da atividade
leiteira no Brasil. A produção está distribuída principalmente nos estados
de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Santa Catarina.
Juntos, correspondem a quase 25 bilhões de litros, conforme a Pesquisa
Pecuária Municipal (PPM/IBGE) de 2020. Cada habitante consome, em
média, o equivalente a 180 litros de leite por ano, na forma dos mais
diversos derivados, como queijo, manteiga, requeijão e iogurte.
A busca pelo incremento na produtividade leiteira exige dos
profissionais da área boas ferramentas de gestão para garantir maior
produtividade com menor número de animais por propriedade. Define-se
como leite de qualidade o produto obtido higienicamente, de vacas sadias,
isentos de microrganismos nocivos à saúde, resfriado imediatamente

174
após a ordenha e recebido na indústria em até 48 horas após o término
da ordenha (BRASIL, 2011). Todos esses fatores visam assegurar que
o consumidor final receba um produto in natura ou derivado industrial
com a mais completa segurança alimentar e nutricional, visto que leite
e derivados são excelentes meios para o desenvolvimento tanto de
microrganismos desejáveis, quanto de indesejáveis (patogênicos ou
deteriorantes), necessitando de cuidados específicos desde sua produção
até o consumo (BELOTI, 2015).
É nesse cenário que as normas de higiene e qualidade do produto
vem sendo amplamente exigidas pelos órgãos fiscalizadores, laticínios,
indústrias e pelo consumidor final de produtos lácteos.

2. Procedimentos metodológicos

O trabalho foi conduzido em oito propriedades leiteiras, mediante


anuência dos proprietários, as quais foram avaliadas quanto ao número
de animais em lactação, a raça dos animais, o tipo de ordenha e o grau de
tecnificação e higiene empregados na ordenha.
Para o acompanhamento da qualidade físico-química e
microbiológica do leite, durante o período de abril a agosto de 2022
(05 meses consecutivos), foram realizadas coletas quinzenais em 8
propriedades leiteiras para análises do leite com a finalidade de gerar
uma média mensal das variáveis em estudo. As amostras de leite cru
refrigerado foram coletadas diretamente dos tanques de expansão
individuais das propriedades e posteriormente armazenadas em frascos
estéreis devidamente identificados e encaminhadas a Clínica do Leite
(Laboratório pertencente a RBQL), sendo realizadas análise de composição
físico-química (gordura, proteína, lactose, sólidos totais e extrato seco
desengordurado) e microbiológicas (CCS e CBT).
As médias dos valores de composição química e das variáveis
microbiológicas foram analisadas quanto ao atendimento do regulamento
para leite de vaca cru refrigerado descrita na Instrução Normativa nº 76 de
26 de novembro de 2018 (BRASIL, 2018a) a partir de análise descritiva.

3. Revisão de literatura

O leite de vaca é um fluido composto por uma série de nutrientes


produzidos nas glândulas mamárias, definido como o produto oriundo da

175
ordenha completa e ininterrupta, de vacas sadias, bem alimentadas e
descansadas e em boas condições de higiene. Os componentes
incluem água, carboidratos (basicamente lactose), gordura, proteína (prin-
cipalmente caseína e albumina), minerais e vitaminas (BENETTI et al.,
2014).
Atribui-se ao leite de vaca importante função na dieta do ser humano
devido ao seu alto valor biológico em nutrientes assim como proteínas,
lipídios, glicídios, minerais e vitaminas. Entre esses nutrientes pode-
se mencionar o cálcio que, além de ter importância na integridade óssea,
participa na contração muscular na coagulação sanguínea e na regulação de
enzimas como a tripsina (BASTOS et al., 2016). Nesse sentido o consumo
de leite e seus derivados são de extrema importância em todas as idades.

3.1 Saúde Humana

Os leites comumente disponíveis no varejo e destinados ao


consumo humano, são os leites fluidos submetidos a tratamento
térmico, sendo eles o leite pasteurizado, o leite pasteurizado tipo A e
o leite submetido a ultra alta temperatura (UAT). Dentre esses produtos,
o único em que pode ser realizada algum tipo de adição é o UAT, em que
se permite a adição apenas de estabilizantes. Segundo a legislação
brasileira vigente, o leite cru refrigerado não poderá ser destinado ao
consumo humano direto, sendo utilizado como matéria-prima para
os leites fluidos submetidos a tratamento térmico (BRASIL, 2017).
Ao sair do úbere, o leite apresenta um número relativamente baixo
de bactérias, porém, essa carga microbiana tende a aumentar após a
ordenha devido à possível exposição a diversos contaminantes exógenos.
Algumas das principais fontes de contaminação ocorrem no úbere e
sujidades na superfície corporal das vacas, advindos de utensílios de
ordenha lavados de forma inadequada, práticas de ordenha impróprias
e transporte não higiênico. Por esses motivos, o consumo de leite cru é
capaz de veicular patógenos aos consumidores (BERHAUN et al.,
2021).
Além das possíveis contaminações do leite que podem ocasionar
enfermidades nos seres humanos também temos as doenças relacionadas
a saúde do animal que podem ser transmitidas aos seres humanos, as
denominadas zoonoses. As zoonoses podem ser transmitidas pelo contato
direto com secreções de animais acometidos, pela picada de vetores,

176
resíduos de produção que contaminam o ambiente ou por meio de consumo
de produtos de origem animal (SEIMENIS, 2008). Existem várias zoonoses
de importância à saúde pública, porém, as principais relacionadas com
transmissão pelo rebanho leiteiro é a tuberculose, brucelose e leptospirose
(PEGORARO et al., 2018). A saúde animal também irá atuar efetivamente
no sucesso produtivo do rebanho, visto que algumas doenças podem
atingir os animais em diferentes graus e até mesmo levar a morte.

3.2 Normativas, parâmetros e suas influências na qualidade do leite

3.2.1 Componentes do leite

As instruções normativas número 76 e 77 de 26 de novembro de


2018 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA)
visam normatizar as características de qualidade que devem apresentar
o leite cru refrigerado, o leite pasteurizado e o leite pasteurizado tipo
A, além de estabelecer os critérios e procedimentos para a produção,
acondicionamento, conservação, transporte, seleção e recepção do leite
cru em estabelecimentos registrados no serviço de inspeção oficial, o que
garante segurança ao consumo humano e saúde e bem-estar aos animais
de produção.
De acordo com a Instrução normativa número 76 do MAPA, em seu
artigo 5°, o leite cru refrigerado deve atender aos seguintes parâmetros
físico-químicos:
I. teor mínimo de gordura de 3,0g/100g (três gramas por cem gramas);
II. teor mínimo de proteína total de 2,9g/100g (dois inteiros e nove décimos
de gramas por cem gramas);
III. teor mínimo de lactose anidra de 4,3g/100g (quatro inteiros e três
décimos de gramas por cem gramas);
IV. teor mínimo de sólidos não gordurosos de 8,4g/100g (oito inteiros e
quatro décimos de gramas por cem gramas);
V. teor mínimo de sólidos totais de 11,4g/100g (onze inteiros e quatro
décimos de gramas por cem gramas).
O conhecimento sobre os constituintes do leite é de suma importância
para a avaliação nutricional e físico-química, demonstrando através de
análises laboratoriais informações sobre sua eficiência industrial e a saúde

177
animal, visto que podem ocorrer variações de acordo com a alimentação,
raça, estágio de lactação, entre outros. Porém há alterações que podem ser
indicativos de problemas sanitários, de nutrição animal e até mesmo fraudes.
Vale ressaltar que alguns constituintes são extremamente
importantes principalmente para a indústria que beneficia o leite in natura
em derivados lácteos, tais como a proteína e gordura, visto que estão
relacionados com o rendimento, sabor, odor e textura.
Adicionalmente a importância dos constituintes do produto, a
qualidade microbiológica do leite é um fator de extrema importância na
produção de derivados lácteos. Através deste contexto podemos observar
a influência de CBT e Contagem Total das Bactérias e (CCS) Células
Somáticas contaminantes sobre as características organolépticas e sobre
a durabilidade e tempo de prateleira dos produtos derivados (SILVA,
2019). A bonificação aos produtores é o principal incentivo realizado
por laticínios visando melhorar a qualidade do leite, relacionados a CBT,
CCS os quais são os principais parâmetros microbiológicos analisados
(MONTEIRO JUNIOR et al., 2021), além dos teores de proteína e gordura
(constituintes).

3.2.2 Contagem bacteriana total (CBT) ou Contagem Padrão


em Placas (CPP)

A contagem bacteriana total (CBT) ou contagem padrão em placas


(CPP) é um método de análise utilizado quando se deseja determinar
no leite o número total de bactérias que podem estar presentes em uma
amostra específica, sendo geralmente um mililitro (mL) (ANDERSON et
al., 2011).
Garcia et al., (2017) citam que os principais fatores que estão
relacionados a contaminação e aumento dos índices de CBT/CPP
nas propriedades são ausência de utilização de produtos de limpeza e
sanitização nos equipamentos de ordenha ou tanque de refrigeração,
ausência de desinfecção dos tetos pré-ordenha, úberes contaminados
por microrganismos e mastite (OLIVEIRA ET AL., 2017; CALLEFE &
LANGONI 2015).
O valor de CBT é influenciado diretamente pela temperatura
e umidade do ambiente, procedimentos de ordenha e regulagem de
equipamentos. Tais fatores podem afetar diretamente a composição
nutricional do leite, uma vez que a proliferação bacteriana de forma

178
desordenada pode causar alterações como degradação de proteínas,
gorduras e carboidratos tornando o produto impróprio para o consumo e
beneficiamento industrial (PAIVA et al., 2012).
De acordo com a Instrução normativa número 76 do MAPA,
em seu artigo 7°, o leite cru refrigerado de tanque individual ou de uso
comunitário deve apresentar médias geométricas trimestrais de Contagem
Padrão em Placas de no máximo 300.000 UFC/mL (trezentas mil unidades
formadoras de colônia por mililitro) (BRASIL, 2018a)
A fim de contornar o aumento de microrganismos indesejados e
em atenção as recomendações preconizadas pelo MAPA, os produtores
devem se atentar em ações diárias preventivas e corretivas, que segundo
Santos & Fonseca (2019) resumidamente são:
1. Manutenção dos equipamentos de ordenha: As mangueiras e
alguns componentes de borracha quando são utilizados por
longos períodos e sem a troca regular dos mesmos, acabam
apresentando rachaduras e fissuras sendo este um local ideal
para que ocorra o acúmulo de resíduos de leite, contribuindo
desta forma para a multiplicação microbiana (SANTOS &
FONSECA, 2019).
2. Limpeza e desinfecção dos equipamentos de ordenha: O objetivo
da realização do processo de limpeza dos equipamentos de
ordenha é para que seja feita a remoção tanto de componentes
orgânicos como os minerais do leite que permanecem no
interior dos equipamentos, prática realizada posterior término
da ordenha (SANTOS & FONSECA, 2019). Vale ressaltar que
a higiene do próprio ordenhador também é importante nesse
quesito e que deve ser utilizados produtos específicos para
garantir a completa higiene (equipamentos e ordenhador) e
integridade dos equipamentos.
3. Qualidade da água: A qualidade da água utilizada para a limpeza
e desinfecção dos equipamentos apresenta grande influência
sobre a eficácia dos processos realizados. A água deve ser
potável quando utilizada para as atividades como limpeza dos
equipamentos, utensílios, higiene do ordenhador e nos demais
locais que de alguma forma entram em contato direto com o
leite (SANTOS & FONSECA, 2019).

179
Além desses fatores, garantir a conservação do leite da propriedade
até o seu beneficiamento complementa as etapas anteriores, evitando a
proliferação de microrganismos indesejáveis no leite.

3.2.3 Contagem de células somáticas (CCS)

A averiguação dos teores de CCS é um importante fator para ser


analisado a fim de avaliar a qualidade higiênica do leite, pois cada vez
mais as indústrias alimentícias buscam um produto de qualidade superior
para reduzir possíveis problemas de saúde pública. O valor demonstrado
pela CCS é um parâmetro que está diretamente ligado a sanidade do
aparelho mamário do rebanho e reflete na qualidade industrial do leite e
seu rendimento na indústria (DIAS et al., 2015).
Os principais mecanismos pelos quais ocorre modificação nas
concentrações dos componentes do leite, com a elevação dos níveis de
CCS, são as lesões às células do epitélio secretor, decorrente da mastite,
o que resulta em alteração da concentração de lactose, proteína e gordura
e em aumento da permeabilidade das células epiteliais, que determina a
elevação da passagem de substâncias do sangue para o leite, tais como
sódio, cloro, imunoglobulinas e outras proteínas séricas. As alterações
qualitativas variam conforme a severidade da infecção e o estágio
da doença; contudo, há uma relação direta entre CCS e alterações na
concentração dos constituintes do leite prejudicando o rendimento e
qualidade do leite e de derivados lácteos (VARGAS et al., 2014).
De acordo com a Instrução normativa número 76 do MAPA,
em seu artigo 7°, o leite cru refrigerado de tanque individual ou de uso
comunitário deve apresentar médias geométricas trimestrais de Contagem
de Células Somáticas de no máximo 500.000 CS/mL (quinhentos mil
células somáticas por mililitro).
Nesse sentido, o objetivo é que os produtores rurais do segmento
leiteiro se adequem gradativamente os parâmetros recomendados pelo
MAPA, de modo a melhorar a qualidade do leite produzido no país. As
ferramentas utilizadas com afinco são o controle sanitário do rebanho
para prevenção de casos de mastite clínica e subclínica, ações curativas
com planejamento estratégico estabelecido (o que evita contaminação de
outros animais e alterações no leite do tanque), além de análises periódicas
de CCS utilizando métodos de campo e laboratoriais.

180
Os resultados do acompanhamento da qualidade do leite realizado
ações curativas com planejamento estratégico estabelecido (o que evita contaminação de
pelo MAPA através da Rede Brasileira de Laboratórios da Qualidade do
outros
Leite animais
– RBQL e alterações no leite do através
são apresentados tanque), além de análises periódicas
do Observatório de CCS
da Qualidade
do Leitemétodos
utilizando – OQL. A Figura
de campo 1 reúne informações desde 2013 sobre os
e laboratoriais.
parâmetros CPP e CCS, apresentados pelo OQL.
Os resultados do acompanhamento da qualidade do leite realizado pelo MAPA
através
Figurada1. Rede
MédiaBrasileira de Laboratórios
geométrica nacional dosda dados
Qualidade do Leite –de
de Contagem RBQL são
Células
Somáticas (CCS)
apresentados e Contagem
através do ObservatórioPadrão em Placas
da Qualidade (CPP)
do Leite obtidos
– OQL. pela1Rede
A Figura reúne
Brasileira desde
informações de Laboratórios
2013 sobre osda Qualidade
parâmetros CPPdo Leite
e CCS, – RBQL.pelo
apresentados Adaptado
OQL. de
MAPA.

444,67 448,87 449,94 451,36


435,28 436,51 432,18
407,07
381,73
x1000

215,51 207,53
183,36
148,71 155,91 148,54
111,33
72,08 77,65

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021


Ano

CCS (Células/mL) CPP (UFC/mL)

Fonte: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-animal/
Figura 1 – Média geométrica nacional dos dados de Contagem de Células Somáticas
qualidade-do-leite-pnql
(CCS) e Contagem Padrão em Placas (CPP) obtidos pela Rede Brasileira
de Laboratórios da Qualidade do Leite – RBQL. Adaptado de MAPA.
4. Análise dos resultados
Fonte: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-
animal/qualidade-do-leite-pnql
4.1 Avaliação do desempenho da produção leiteira na
microrregião de Frutal/MG

Adequar as condições de produção para a obtenção do leite atendendo


4.
àsANÁLISE DOS
exigências RESULTADOS
das legislações é um dos principais desafios da gestão da
pecuária leiteira. Isto significa dizer que todos os fatores que possam
4.1 Avaliação do desempenho da produção leiteira na microrregião de Frutal/MG
interferir nas variações da produção que irão afetar a composição físico-
química do leitease acondições
Adequar sanidadede
animal devam
produção serarigorosamente
para acompanhadas
obtenção do leite atendendo às
exigências das legislações é um dos principais desafios da gestão da pecuáriadieta,
e estrategicamente monitoradas, a exemplo de mudanças na leiteira.uso
Isto
de antibióticos e, até mesmo o controle de fatores de estresse das vacas.
significa dizer que todos os fatores que possam interferir nas variações da produção que
irão afetar a composição físico-química do leite e a sanidade animal devam 181
ser
Visando o maior aprimoramento dos produtores de leite e,
consequentemente, a obtenção de matéria-prima de qualidade, foi
instituído pela Instrução Normativa nº 77, de 26 de novembro de 2018
o Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite – PQFL. Trata-se de
uma ferramenta de controle do laticínio contemplando, de forma contínua,
a assistência técnica e gerencial, bem como a capacitação de todos os
produtores, com foco na gestão da propriedade e implementação das boas
práticas agropecuárias.
Em Frutal-Minas Gerais, foi desenvolvido, através da UEMG,
um estudo para avaliar a qualidade do leite produzida na região e sua
adequação a legislação vigente. Segue a descrição da metodologia aplicada
e os principais resultados encontrados para esta breve experiência com
produtores rurais do segmento leiteiro na microrregião de Frutal.

4.2 Características das Propriedades em Estudo e seu Respectivo


Grau de Tecnificação

As características das propriedades em estudo e seu respectivo grau


de tecnificação são apresentadas na Tabela 1.
No período de avaliação, as propriedades possuíam entre 17 e 92
animais em lactação, variando entre animais Girolando (cruzas meio
sangue Gir/Holandês) e mestiços (sem raça definida), obtendo uma média
diária de produção entre 4,3 e 23,4 litros. A propriedade D possui o maior
número de animais em lactação, alcançando, consequentemente, a maior
produção diária observada de 1.542 litros.
Das 8 propriedades, apenas uma (propriedade F) realiza ordenha
de forma manual, justificando a realização de apenas uma ordenha diária.
A ordenha manual é permitida pela legislação, no entanto, quando da
preferência por este tipo de ordenha, o produtor deve estar muito atento
quanto a execução do conjunto de medidas que deve ser empregado de
forma a não comprometer a qualidade do leite.
Entre as medidas que devem ser adotadas como mitigadoras da
contaminação do leite estão o uso da caneca telada, o uso de dipping,
limpeza dos tetos, lavagem da mão do ordenhador, linha de ordenha,
limpeza adequadas dos utensílios ou do sistema de ordenha mecânica,
entre outros. Neste trabalho 62,5% das propriedades usam pré-dipping,
25% usam pós- dipping, 50% usam caneca telada.

182
Tabela
Tabela
1. 1:Caracterização
Caracterização da da produção
produção de leitede
e sistema
leite edesistema
ordenha das ordenha das propriedades.
depropriedades.
Propriedade N° Raça Produção Produção N° de Tipo Pré- Pós- Caneca Linha Grau
animais animais diária* média/ ordenhas ordenha dipping dipping de tecnificação*
animal/dia* ordenha
A 20 Mestiços 100 5,0 2 Mecânica Sim Não Não Não Médio
B 32 Girolando 750 23,4 2 Mecânica Sim Sim Sim Sim Excelente
C 23 Girolando 160 7,0 2 Mecânica Sim Sim Sim Sim Excelente
D 92 Girolando 1.542 16,8 2 Mecânica Sim Não** Sim Sim Excelente
E 35 Mestiços 510 14,6 1 Mecânica Não Não Não Não Médio
F 30 Girolando 130 4,3 1 Manual Não Não Não Paridas Baixo/médio
primeiro
G 19 Mestiços 200 10,5 2 Mecânica Sim Não Sim Não Médio
H 17 Mestiços 100 5,9 2 Mecânica Não Não Não Não Médio
*litros/dia;
*litros/dia; **mergulha
**mergulha teteira
teteira no no produto
produto desinfetante
desinfetante

183
4.2.1 Avaliação dos constituintes do leite
4.2.1 Avaliação dos constituintes do leite
Os valores médios dos constituintes lácteos para as propriedades são apresentados
OsTabela
na valores médios
2, com dos
pequenas constituintes
variações entre elas.lácteos
para as propriedades são
apresentados na Tabela 2, com pequenas variações entre elas.
Tabela 02: Valores médios de composição química do leite de vacas mestiças e girolandas
Tabela 02. Valores médios de composição química do leite de vacas
obtidas entre os meses de abril e agosto de 2022 em propriedades leiteiras na
mestiças e girolandas obtidas entre os meses de abril e agosto de 2022 em
região
propriedades de Frutal-Minas
leiteiras Gerais.
na região de Frutal-Minas Gerais.
Prop. Constituintes lácteos (g/100g) Microbiologia
Gordura Proteína Lactose ST SNG CCS* CBT*
A 3,7 3,3 4,4 12,3 8,6 1239,3** 357,2**
B 3,8 3,3 4,5 12,5 8,7 665,3** 16,5
C 3,5 3,3 4,4 12,2 8,7 491,7 88,2
D 4,0 3,3 4,4 12,8 8,7 1867,9** 80,4
E 3,3 3,3 4,2** 11,9 8,5 801** 530,2**
F 4,7 3,5 4,3 13,6 8,8 499,9 1982,5**
G 3,5 3,5 4,2** 12,2 8,7 1607,1** 357,2**
H 3,5 3,5 4,3 12,2 8,8 1130,6** 16,5
Valores de referência – IN 76 (BRASIL, 2018): Gordura - 3,0g/100g; Proteína – 2,9g/100g; Lactose –
Valores deSólidos
4,3g/100g; referência
Totais–(ST)
IN 76 (BRASIL,Sólidos
– 11,4g/100g; 2018):Não-Gordurosos
Gordura - 3,0g/100g;
(SNG) – Proteína
8,4g/100g;–Contagem
2,9g/100g;de
Células
LactoseSomáticas (CCS) –Sólidos
– 4,3g/100g; 500.000 CS/mL; Contagem
Totais (ST) Bacteriana Total
– 11,4g/100g; (CBT)Não-Gordurosos
Sólidos – 300.000 UFC/mL.(SNG)
* CCS
(x1000 cs/mL); Contagem
– 8,4g/100g; CBT (x1000de UFC/mL);
Células**Somáticas
médias em (CCS)
não conformidade
– 500.000com o valorContagem
CS/mL; de referência.
Bacte-
riana Total (CBT) – 300.000 UFC/mL. * CCS (x1000 cs/mL); CBT (x1000 UFC/mL); **
médias em não conformidade com o valor de referência.
De acordo com a Tabela 02, verifica-se que, exceto para a lactose onde duas
De acordo com a Tabela 02, verifica-se que, exceto para a lactose
propriedades (E e G) apresentaram valores ligeiramente abaixo do valor de referência
onde duas propriedades (E e G) apresentaram valores ligeiramente abaixo
estabelecido pela IN 76 (BRASIL, 2018a), as médias dos demais constituintes lácteos
do valor de referência estabelecido pela IN 76 (BRASIL, 2018a), as
mantiveram-se dentro dos
médias dos demais limites preconizados
constituintes lácteos pela legislação.
mantiveram-se dentro dos limites
preconizados pela legislação.
A composição do leite de vacas leiteiras é alterada em função de vários fatores,
A composição do leite de vacas leiteiras é alterada em função de
dentre os quais destaca-se a raça, genética, região, ano, mês, estágio de lactação, nutrição
vários fatores, dentre os quais destaca-se a raça, genética, região, ano,
animal, sanidade,dehigiene
mês, estágio e saúde
lactação, da glândula
nutrição mamária
animal, (Santos higiene
sanidade, e Fonseca,e 2007
saúdeapud
da
glândula
SILVA, mamária (Santos e Fonseca, 2007 apud SILVA, 2019).
2019).
A lactose apresenta grande importância para o valor energético do
A lactose apresenta grande importância para o valor energético do leite, assim
leite, assim como simboliza um componente importante para a indústria
como simboliza
alimentícia e um componente importante
farmacêutica. O interessepara por
a indústria alimentícia e farmacêutica.
esse componente aumentou
O interesse por esse componente aumentou significativamente nos últimos anos, apesar
184
significativamente nos últimos anos, apesar de ainda não estar inclusa nos
sistemas de pagamento por qualidade do leite (COSTA et al., 2019).
A concentração da lactose está ligada à integridade do epitélio
mamário e, dessa maneira, à sanidade do úbere (COSTA et al., 2019). Esse
teor depende da contagem de células somáticas e número de lactações,
e varia de acordo com as estações do ano, mas não depende de raça,
produção de leite, e teores de gordura e proteína (ALESSIO et al., 2016).
Costa et al. (2019) apontam o balanço energético e os fatores metabólicos
do animal como precursores da síntese e concentração da lactose no leite.
Silva et al. (2020) trabalhando com parâmetros de qualidade do leite
em vacas saudáveis e com mastite subclínica concluíram em sua pesquisa
que os animais com mastite subclínica tiveram uma leve diminuição dos
teores de lactose (4,18%) e também de proteína (19,93%) acarretando em
diminuição do percentual de sólidos totais, sendo que animais saudáveis
apresentaram maiores valores de gordura, proteína, lactose e sólidos
totais quando comparados aos animais com mastite subclínica, analisadas
através da análise de contagem de células somáticas (CCS). Silva e
Antunes (2018) verificaram uma correlação negativa (-0,42) entre CCS e
a lactose, declarando que esse parâmetro é o componente que mais sofre
reduções em função do aumento da CCS.
Ao avaliar as características microbiológicas do leite (Tabela
02) verifica-se que, de maneira geral, apenas as propriedades C e F
apresentaram valores abaixo do limite estabelecido pelo MAPA para a
contagem de células somáticas, indicando a necessidade de avaliação
criteriosa pelos demais proprietários sobre a saúde animal já que a CCS
alta é um dos métodos de avaliação da presença de mastite no rebanho.
Com relação a CBT, 50% das propriedades apresentaram valores abaixo
dos limites preconizados pela IN 76 (BRASIL, 2018a) indicando que estas
propriedades obtiveram o leite de maneira higiênica e o mantiveram sob
refrigeração adequada, inibindo o crescimento de microrganismos.
Diante deste cenário de respostas, pode-se inferir que as propriedades
leiteiras avaliadas na região de Frutal/MG de maneira geral se adequam
aos parâmetros de composição preconizados pelo MAPA, com algumas
alterações pontuais, necessitando de ajustes principalmente no tocante
higiênico-sanitário do sistema produtivo para garantir tanto a excelência
do produto in natura quanto o rendimento do derivado lácteo elaborado
pelas indústrias de beneficiamento.

185
Considerações finais

A produção leiteira com qualidade segue sendo desafiadora no


Brasil, mas muitos avanços em termos de gestão, conhecimento e ações
efetivas estão gradativamente transformando o cenário de maneira
positiva, com atenção nos padrões nutricionais e sanitários que atendam
as demandas das indústrias e dos consumidores finais, que prezam pela
qualidade dos produtos lácteos.

Agradecimentos

A Universidade do Estado de Minas Gerais -UEMG pelo incentivo e a


Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UEMG pelas bolsas de
PAPq e PQ disponibilizadas.

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483, out-dez 2014.

188
MINI CURRÍCULO DOS AUTORES

Adriana Cristina Silva


Mestre em Sustentabilidade Socioeconômica
Ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto,
2017. Especialista em Administração de Marketing
pelo INPG, 1998, Gestão Pública pela Faculdade de
Políticas Públicas Tancredo Neves da UEMG, 2015
e Planejamento, Implementação e Gestão EAD pela
UFF, 2016. Graduada em Ciências Econômicas pela
Universidade de Uberaba,1996 e Administração pela
FIAR, 2018. Membro efetivo da Academia Frutalense
de Letras, empossada cadeira nº17 - Patrono Rubem Fonseca. Atua como
coordenadora da qualidade / RD do Sistema de Gestão da Qualidade da
Construtora Bom Teto Ltda e Professora e Coordenadora Curso Técnico
em Administração da Escola Estadual Lauriston de Souza e Docente da
Universidade Estado de Minas Gerais - UEMG Curso de Administração.
Pesquisa Comunicação e Equidade registrado no Diretório do CNPq e na
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UEMG/Frutal.

Ana Lúcia de Paula Ferreira Nunes


MESTRE EM EDUCAÇÃO pela Universidade
de Uberaba (2013). Possui graduação em
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS pelo Centro
Universitário de Rio Preto (1989) e Especialização
em Pedagogia- Administração Escolar pela FINOM
(2007) . Professora Efetiva na Universidade do Estado
de Minas Gerais - UEMG, Atuou como Coordenadora
do Curso de Administração da UEMG-Unidade Frutal
(2018 à -2021). Atuou como Coordenadora e Docente
do Curso de Administração da Faculdade de Frutal - FAF de 2014 à 2019.
Membro do Grupo de Pesquisa da Universidade de Uberlândia - UFU
(2011). Membro grupo de estudos e pesquisa da Universidade de Uberaba-

189
UNUIUBE (2012). Membro do Colegiado e membro do NDE na UEMG-
Unidade Frutal. Membro do comitê interno de avaliação da Universidade
do Estado de Minas Gerais - UEMG. Linhas de Pesquisa: Gestão de
Pessoas, Planejamento Estratégico, Desenvolvimento Profissional,
Comportamento Organizacional, Cultura e Mudança Organizacional.

Aymara Gracielly Nogueira Colen


Doutora em Tecnologia Ambiental. Bacharel
Engenharia Ambiental (UFT/2008). Mestre
AgroEnergia (Biomassa Residual do Saneamento,
do Agro e da Indústria) - UFT/2011. Especialista
em Gestão Estratégica (Política, Ciência e Inovação
Tecnológica (OPAJE/2018) (de Baixa Emissão
de GEE). É membro do Grupo de Pesquisa de
Sustentabilidade e Gestão de Resíduos Sólidos
(SUGERS)/UNAERP.
ÁREAS: Tecnologias Ambientais. Biomassa Residual. Biocombustíveis.
Saneamento. Valorização e Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Água,
Efluentes, Áreas Contaminadas. Química Ambiental. Hidrologia.
Gestão da Informação da Propriedade Intelectual/Industrial. Diligência
e Prospecção de Uso e Ocupação do Solo. Legislação Ambiental e
Agrária. Geoprocessamento/Sensoriamento Remoto. Turismo Endêmico
(Ecológico e Rural). AIA. Emissão de Poluentes. Atmosféricos. Economia
Ambiental. RAD(A).

Aline Silva Freitas


Discente do curso de Administração da Universidade
do Estado de Minas Gerais-UEMG, campus de Frutal
e empresária do setor alimentício.

190
Beatriz dos Santos Gonçalves
Publicitária, graduada em Comunicação Social
pela Universidade do Estado de Minas Gerais
(UEMG). Integrante do E-PUBLICC-Publicização,
Comunicação e Cultura da UEMG-CNPq.
É Analista de Comunicação na Empower,
Startup especializada em Employer Branding de
Relacionamento, auxiliando nas estratégias de
empresas como Ambev, Google, Hypera Pharma,
Bayer, B3, Tigre, entre outras. Área de Atuação:
copyright, design, audiovisual, fotografia e Marketing.

Carlos Henrique Sabino Caldas


É professor doutor e pesquisador da Universidade
do Estado de Minas Gerais PES Nível VI Grau
A, Bolsista Produtividade em Pesquisa PQ/
UEMG, subcoordenador do curso de publicidade,
professor permanente do Mestrado Profissional
em Propriedade Intelectual e Transferência de
Tecnologia para Inovação pela Universidade do
Estado de Minas Gerais, UEMG. Possui graduação
em Comunicação Social Publicidade e Propaganda
pela Universidade Paulista (2003), especialização em Arte Educação
pela UNESP (2009), mestrado em Comunicação pela UNESP (2013) e
doutorado em Comunicação pela UNESP (2018). Tem experiência na
área de Comunicação Midiática, com ênfase em Comunicação, Inovação
e Tecnologia, atuando principalmente nos seguintes temas: criação
publicitária, produção em multimeios, audiovisual interativo, consumo
midiatizado, publicidade e novas tecnologias, semiótica do audiovisual,
propriedade intelectual nas tecnologias da comunicação e informação,
comunicação e tecnologia, novas tecnologias e inovações na produção
audiovisual e estudos em Interação Humano-Computador (IHC).

191
Claudio Fernando de Aguiar
Doutor em Tecnologia Ambiental pela Universidade
de Ribeirão Preto (UNAERP). Possui graduação em
Administração de Empresas e Comércio Exterior
pela FAGU (2008). É pós-graduado em Logística e
Comércio Exterior pelo Centro Universitário São Judas
Tadeu (2010). É Mestre em Tecnologia Ambiental
pela UNAERP, campus Ribeirão Preto (2021). É
perito em Cálculos Judiciais e Extrajudiciais CRA/
SP (116.026). Especialista em Economia e Revisão de
Financiamentos. Exerceu a vice-presidência nacional do Instituto Nacional
de Defesa do Consumidor (IDECON). É embaixador pela Paz Mundial
pela Universal Peace Federation. Leciona nas cadeiras econômicas da
Universidade de Ribeirão Preto campus Guarujá. Foi diretor de Ciência,
Tecnologia e Inovação na Prefeitura Municipal de Guarujá (2013) e
ocupou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Porto e Aeroporto
na Prefeitura Municipal de Guarujá (2016).

Gabriela Carvalho dos Santos


Bacharel em Administração pela Faculdade Santa
Rita – FASAR de Novo Horizonte, no ano de 2017.
Técnica em Contabilidade e Comércio pelo Centro
Paula Souza – Novo Horizonte – SP. Atualmente
é Empreendedora na Empresa SSC Sistemas de
Segurança Eletrônica no munícipio de Borborema -
SP. Tem experiência no Varejo e Empreendedorismo e
Gestão de Processos Organizacionais.

Isadora Alves Lovo Ismail


Graduou-se em Engenharia Química pela Universidade
de Ribeirão Preto - UNAERP (2013) e licenciou-se em
Matemática pela Universidade de Franca - UNIFRAN
(abril/2018). Cursou Mestrado Profissionalizante
em Tecnologia Ambiental na Universidade de
Ribeirão Preto - UNAERP (2016) e Doutorado em
Tecnologia Ambiental na Universidade de Ribeirão
Preto - UNAERP (2020). Concluiu o curso Técnico
em Administração pela Escola Técnica de Formação

192
Gerencial SEBRAE/ACISSP (2008). É docente dos Cursos de Engenharia
Química, Engenharia Civil, Engenharia de Produção e Engenharia da
Computação da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), docente
do Curso de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental da Universidade
de Ribeirão Preto (UNAERP), orientadora de Mestrado e Doutorado em
Tecnologia Ambiental da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) e
pesquisadora dos cursos de graduação em Engenharia Química e de Pós-
graduação em Tecnologia Ambiental da Universidade de Ribeirão Preto
(UNAERP).
É membro do Núcleo de Pesquisa de Sustentabilidade e Gestão de Resíduos
Sólidos (SUGERS) do Programa de Pós-graduação em Tecnologia
Ambiental da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), atuando nas
linhas de pesquisa em Desenvolvimento Sustentável e Monitoramento e
Controle da Poluição.

Jamile de Campos Coleti


Professora Doutora da Universidade do Estado de Minas
Gerais (UEMG/Frutal) no curso de Administração. Foi
professora no curso de especialização de Marketing
Organizacional do Instituto de Economia da
UNICAMP. Doutora em Desenvolvimento Econômico
pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual
de Campinas (IE/UNICAMP) na área de concentração
Economia Agrícola, Agrária e de Meio Ambiente.
Possui graduação em Gestão do Agronegócio e em
Administração (UNICAMP) e mestrado em Desenvolvimento Econômico
(UNICAMP). Atua nas seguintes áreas: administração, agronegócio,
comercialização de commodities e logística agroindustrial. Foi bolsista de
doutorado visitante (scholar) no Agribusiness and Agricultural Economics
Department da University of Manitoba (Canadá). Atualmente é Bolsista
de Produtividade em Pesquisa na UEMG – Frutal

193
Karla Gonçalves Macedo
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia Ambiental, na Universidade de Ribeirão
Preto. Mestre em Tecnologia ambiental pela
Universidade de Ribeirão Preto (2013). Bolsista pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais – FAPEMIG - Bolsas de Pós-Graduação pelo
PCRH. Especialista (Lato Sensu em Metodologia e
Didática no Ensino Superior pelo Centro Universitário
do Norte Paulista (2009). Bacharel em Administração
com Habilitação em Marketing e Vendas pelo Centro Universitário do
Norte Paulista (2005), sendo condecorada no ano de sua formação com
o prêmio mérito acadêmico pelo Conselho Regional de Administração,
CRA-SP. É membro do Grupo de Pesquisa de Sustentabilidade e Gestão
de Resíduos Sólidos (SUGERS) do Programa de Pós-graduação em
Tecnologia Ambiental da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).
Professora efetiva na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) -
Unidade de Frutal. Docente e Coordenadora de Curso na Faculdade Santa
Rita de Novo Horizonte – SP. Tem experiência na área de Administração,
com ênfase Marketing e Vendas, Empreendedorismo, Produção e
Operações e ainda Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos e demais
áreas da Administração.

Larissa Rodrigues de Azevedo Câmara (Prefácio)


Possui graduação em Zootecnia pela Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - Campus
JK (2006) e Mestrado em Zootecnia pela Universidade
Federal de Viçosa (2010), atuando principalmente
nos seguintes temas: aditivos nutricionais, nutrição
e fisiologia de ruminantes. Concluiu o Doutorado
na Universidade Federal de Viçosa em janeiro de
2017, atuando principalmente na área de nutrição,
reprodução e manejo de pequenos ruminantes, modelos
mecanicistas aplicados na Zootecnia e metodologias de
análises laboratoriais na nutrição animal (LANA - Laboratório de Nutrição
Animal -UFV). Atuou como Professora / Tutora na Universidade Online
de Viçosa e na Faculdade Sudamérica. Atualmente, atua como como

194
revisora na Revista Brasileira de Zootecnia- RBZ e na Nucleus Animalium,
subcoordenadora do Complexo Experimental Multidisciplinar UEMG
Frutal e ocupa o cargo de Professora Efetiva na Universidade do Estado
de Minas Gerais (UEMG) - Unidade Frutal, ministrando disciplinas para
os cursos de Engenharia Agronômica e Administração. Além disso, desde
2021 ocupa o cargo de Coordenadora do Centro de Extensão da UEMG-
Unidade Frutal e Avaliadora Ad Hoc da Pró-Reitoria de Extensão da
Universidade do Estado de Minas Gerais - PROEX/UEMG. Também atua
no Conselho Departamental da mesma Unidade e é membro titular do
Colegiado de Curso da Engenharia Agronômica- UEMG/Frutal e membro
suplente da Câmara Departamental (DCAB- Departamento de Ciências
Agrárias e Biológicas). E-mail: larissa.camara@uemg.br

Luiz Antonio Feliciano


Doutorado em Educação pela Faculdade de Educação,
da UNICAMP-Universidade Estadual de Campinas,
sob orientação da Profª Dra. Dirce Djanira Pacheco
e Zan. Mestrado em Multimeios pelo Departamento
de Multimeios, do Instituto de Artes, da UNICAMP-
Universidade Estadual de Campinas, sob orientação
do Prof. Etienne G. Samain. Possui graduação em
Comunicação Social, habilitação em Publicidade
e Propaganda, pela UNITAU - Universidade de
Taubaté (2000). Professor efetivo da UEMG-Universidade do Estado
de Minas Gerais, unidade Frutal, onde, atualmente, coordena o curso
de Comunicação Social ? Publicidade e Propaganda. Membro e líder do
grupo e-PUBLICC-Pesquisa em Publicização, Cultura e Comunicação, da
UEMG-Frutal. Membro do Grupo Estudos Luso Brasileiro do Audiovisual,
da UEMG. Editor Adjunto da Revista Educação em Foco. Membro da
Academia Frutalense de Letras, cadeira nº 01. Desenvolve pesquisa sobre
fotografia, juventude e cidade. Atua como fotógrafo profissional desde
1994.

195
Márcia Maria Cândido da Silva
Possui graduação em Agronomia (1996), graduação
em Zootecnia (1999), especialização Lato Sensu em
Caprinocultura (1997) e mestrado em Zootecnia -
aprovado com distinção (2001) pela Universidade
Federal da Paraíba. Doutorado e pós-doutorado
em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa
(2005 e 2007). Atuou como Inspetora do Serviço
Genealógico das Raças Caprinas e Ovinas, vinculada
à Associação Paraibana dos Criadores de Caprinos e
Ovinos-APACCO (1996 a 2001), como Consultora Externa da Embrapa
Caprinos (2007) na atualização de procedimentos analíticos para estudos
em nutrição animal e como Membro-presidente do Núcleo Docente
Estruturante do Curso de Tecnologia em Gestão do Agronegócio da
Faculdade Sudamérica (2019). Tem experiência na área de Zootecnia, com
ênfase em Nutrição Animal e Qualidade do leite, atuando principalmente
nos seguintes temas: caprinos, nutrição, lipídios, análises cromatográficas
e eletroforéticas em leite e derivados lácteos. Atuou como pesquisadora
do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional
(DCR) CNPq/FAPESQ executando o projeto para Implantação da
Central de Qualidade do Leite e Produtos Lácteos Caprinos vinculada
ao Núcleo Regional Nordeste (NRNE) da Embrapa Caprinos e Ovinos,
em Campina Grande-PB. Atualmente é pós-doutoranda pela Fundação de
Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba vinculada ao projeto Validação de
metodologias para verificar a autenticidade de leite e derivados lácteos
caprinos. Email: marciamcandido@gmail.com

Miriam Pinheiro Bueno


Coordenadora do Livro
Possui graduação em Administração pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (1997), especialista em
Gestão Empresarial, Contabilidade e Controladoria,
mestrado em Agronegócios pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (2006) e doutorado
em Engenharia Urbana pela Universidade Federal
de São Carlos (2015). Atualmente sou professora
de ensino superior da Universidade do Estado de Minas Gerias - UEMG

196
campus de Frutal e da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo
- FATEC de São José do Rio Preto e professora de Pós Graduação Stricto
Sensu do Programa Nacional ProfNit. Sou avaliadora do MEC/INEP.
Tenho experiência na área de Administração, atuando principalmente
nos seguintes temas: sustentabilidade, gestão da qualidade, saúde,
sistemas produtivos, comércio internacional, comercialização de produtos
agroindustriais, cooperativismo/associativismo, supply chain, gestão de
equipes, planejamento estratégico e ferramentas de gestão (Certificação,
PDCA, 10S e outras). Sou consultora de orientação profissional e gestão
empresarial e da saúde. E-mail: miriam.bueno@uemg.br

Pedro Henrique Nogueira Nunes


Bacharel Administração pela Universidade do Estado
de Minas Gerais (UEMG - Frutal). Tem experiência
na área de Administração, com ênfase na gestão
automotiva.

Renan França de Moraes


Bacharel Administração pela Faculdade Santa Rita
– FASAR de Novo Horizonte (2021). Professor na
Etec Profª Marinês Teodoro de Freitas Almeida em
Novo Horizonte - SP. Tem experiência na área de
Administração, com ênfase em Administração de
Empresas.

Scárlatti Silva Xavier


Bacharel em Administração pela Universidade do
Estado de Minas Gerais - Unidade Frutal.

197
Vera Lúcia da Silva Farias
Doutora (2016) e Mestre (2013) em Agronomia-Ciência
do Solo pela Universidade Estadual Paulista/UNESP-
Campus de Jaboticabal. Graduada em Biologia(2005)
pelo Centro Universitário do TriângGeografia pela
Faculdade de Teolofia e Ciências (2021).  

Willian Menezes dos Santos Junior


Bacharel Administração pela Universidade do
Estado de Minas Gerais (UEMG - Frutal). Tem
experiência na área de Administração, com ênfase em
Empreendedorismo.

198

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