ANAIS-II-PQSFCAO-2021 - Silagem de Grão Reidratado
ANAIS-II-PQSFCAO-2021 - Silagem de Grão Reidratado
ANAIS-II-PQSFCAO-2021 - Silagem de Grão Reidratado
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OCIDENTAL
MANAUS - AMAZONAS
2021
Copyright © 2021 para os autores
ISBN 978-65-00-35369-3
21-91823 CDD-630
204 RESUMOS
DESAFIOS E
PERSPECTIVAS PARA A
PRODUÇÃO DE SILAGENS
NA AMAZÔNIA
¹ Docente do Instituto da Saúde e Produção Animal da Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus de
Belém, Pará, Brasil.
² Discente do Programa de Pós-graduação em Saúde e Produção Animal na Amazônia da Universidade Federal
Rural da Amazônia, Campus de Belém, Pará, Brasil.
³ Discente do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal na Amazônia da Universidade Federal do Pará,
Campus de Castanhal, Pará, Brasil.
* Autor correspondente: anibal.cr@ufra.edu.br
Figura 3. Teores de matéria seca (%) e perdas por efluente (kg t-1 MS) de
silagem de parte aérea (A) e raízes de mandioca (B).
A B
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GERVÁSIO, J. R. S
DA SILVA, N. C.
SIQUEIRA,G. R.
Umidade
A capacidade fermentativa da cultura é fundamental para uma
adequada conservação da massa ensilada. Isso significa que a planta
deve possuir fatores intrínsecos que auxiliem nesse processo, e são
eles a matéria seca e concentração de açúcares solúveis em água
adequados ao crescimento de bactérias ácido láticas e baixo poder
tampão. Essas características definem a velocidade em que o pH
começa a cair assim que o silo é fechado e o oxigênio do meio é
consumido. Quanto mais rápida essa queda, menores serão as perdas
no processo fermentativo (Mc DONALDS et al., 1991). As culturas do
milho e do sorgo planta inteira possuem alta capacidade de
fermentação em virtude das características da própria planta (JOBIM;
NUSSIO, 2013). Embora grãos de milho úmidos ou reidratados e grãos
de sorgo reidratados não apresentem as mesmas características
intrínsecas as culturas ensiladas na forma de planta inteira elas tem
apresentado boa capacidade de fermentação, adequada queda de pH
e baixas perdas de matéria seca (Da SILVA et al., 2019; FERRARETTO
et al., 2013; GERVÁSIO, 2021; MORAIS et al., 2017; SANTOS et al.,
2019). Toadavia, um ponto que merece muito atenção tanto ao colher
o grão úmido de milho quanto ao reidratar grãos de milho e sorgo é o
teor de matéria seca.
O teor de matéria seca da silagem de grãos é importante para
iniciar o processo fermentativo, sendo necessária atenção nesse ponto
para proporcionar um teor adequado tanto na reidratação quanto no
ponto de colheita do grão úmido como já visto no processo de produção
dessas silagens, pois uma baixa umidade do material ensilado pode
modificar o processo de fermentação e afetar a digestibilidade do
grão. Gomes et al. (2020) avaliaram três teores de umidade em silagem
de grão de milho reidratado e observaram uma maior concentração
Referências
ALLEN, M.S; BRADFORD, B.J; OBA, M. Board invited review: the hepatic
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gestão do processo de ensilagem com base em diferentes
indicadores de eficiência pode auxiliar n a melhoria da qualidade da
silagem e a redução das perdas encontrados ao longo de todo processo.
Investir no conhecimento do S do silo pode trazer saídas para maximi-
zação do uso da silagem, bem como na propriedade se estabelecer
novos indicadores locais para a orientação da obtenção da excelência
em produção de silagens.
REFERÊNCIAS
AMARAL, F.; SANTOS, M.C.; DANIEL, J.; NUSSIO, L.G. The influence of
covering methods on the nutritive value of corn silage for lactating dairy
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Sealing strategies to control the top losses of corn silage. In: XV
O ar é o maior inimigo...
A silagem é o resultado de diversas transformações bioquímicas
que ocorrem na forragem, com envolvimento de centenas, ou talvez
milhares, de espécies de microrganismos, num processo chamado
fermentação. Para que isso ocorra de forma desejável, várias condições
devem ser atendidas, sendo as três principais:
i) Presença de umidade (não excessiva) na forragem – as
bactérias precisam de alguma umidade para crescerem e fermentarem
a silagem. Fermentações adequadas podem ocorrer numa faixa ampla,
que vai de 35 a 73% de umidade na forragem.
ii) Presença de carboidratos fermentescíveis (CHO) – os CHO
servem de alimento para os microrganismos, que excretam ácidos que
se acumulam na forragem. São esses ácidos que deixam a silagem
“azeda” e que permitem a conservação.
iii) Ausência de oxigênio (O2) – o O2 presente no ar é, certamente,
o maior “inimigo” da silagem, tanto durante a fermentação, quanto no
uso da silagem após a abertura do silo. Em presença de ar, os
microrganismos fazem a respiração, que leva a perda de nutrientes e
qualidade da silagem. Usar estratégias que reduzam os danos aeróbios
é o maior desafio nas pequenas e nas grandes propriedades.
3 SEGREDOS DO SUCESSO
Compreender como o processo de ensilagem ocorre é funda-
mental para adaptar as tecnologias, e cuidar de todas as etapas.
Sabendo quais são os problemas mais comuns em pequenas proprie-
dades, é possível se precaver e trabalhar para evitá-los.
A seguir, abordaremos brevemente o que chamamos de “Os 10
segredos do sucesso” para a produção de silagem de qualidade. Cada
um desses pontos deve ser observado e pensado com cuidado,
considerando a realidade da propriedade, e aplicados à produção. Não
falaremos aqui sobre “tipos de silos” nem “dimensionamento de silos”,
pois ambos dependem do planejamento prévio de cada propriedade.
Os conceitos abaixo se aplicam à execução do processo, em todos os
tipos de silos e escalas de produção.
4.1 Fenação
A produção de feno é uma técnica muito antiga de preservação
de forragens por desidratação. A retirada da água de uma planta impede
o crescimento de microrganismos deterioradores, mantendo-a
conservada por longo período. A fenação é uma estratégia que pode
ser usada com qualquer forragem, embora as plantas de hastes finas e
muitas folhas (capins) sejam as mais indicadas. As gramíneas do gênero
Cynodon (Tifton 85; Coast-cross; Estrela africana, Jiggs, etc.) estão entre
as mais recomendadas para produção de feno, por apresentarem “talos
finos”, conferindo rápida perda de água pela planta, boa relação folha-
caule (garante bom valor nutricional), boa produção de massa seca por
hectare (rende bom volume) e boa persistência e tolerância a cortes
frequentes.
Estamos acostumados a ver grandes implementos na atividade
de produção de feno, porém, a prática pode ser realizada de forma
manual (alfange, foice, roçadeira costal) ou mecânica (segadeiras disco
ou barras). Em escala menor, é possível produzir feno de forma
totalmente manual, dependendo da mão de obra.
O corte da forragem é realizado em seu estágio de elevada
concentração de nutrientes, com muitas folhas verdes que facilitam a
secagem. Basicamente as etapas de fenação são: corte; desidratação
da forragem no campo, reviragens e enleiramento até atingir o ponto
de feno (14% de umidade), e enfardamento ou transporte do material
solto para armazenamento em local adequado.
O corte de gramíneas preferencialmente deve ocorrer antes da
floração, pois após esse momento, a qualidade diminui bastante. De
4.2 Capineiras
O uso das chamadas “capineiras” é a técnica mais simples para
preservar forragem para uso posterior. Capineiras são áreas de produção
de forragem onde os animais não tem acesso, e a planta forrageira é
colhida de forma manual ou mecânica, para fornecimento aos animais
no cocho, após a picagem. Nesse caso, a planta é conservada viva,
para uso na época de seca ou sempre que houver necessidade de
alimento volumoso.
Tradicionalmente, as espécies mais utilizadas nesse sistema são
os capins do grupo “elefante” e a cana-de-açúcar, pois apresentam
5 IMPLICAÇÕES
Planejamento é fundamental para o sucesso da atividade de
conservação de forragens. E um bom planejamento depende do
conhecimento de todo o processo. A aplicação prática do planejamento,
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por sua vez, exige cuidados, atenção, dedicação e tomadas rápidas de
decisão. Seguindo esses passos, pequenas propriedades podem fazer
silagens tão boas ou até melhores que grandes propriedades altamente
mecanizadas.
6 MATERIAL COMPLEMENTAR
Para saber mais, sugerimos a série “SilagemBR” - Podcast e Canal no
YouTube - https://www.youtube.com/channel/UC-
aqc6K0K1tHTMbaoqJ4EFA
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INTRODUÇÃO
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há grandes infestações de doenças ou mais comumente quando há
falta de silagem, nestes casos a colheita é antecipada. A colheita mais
tardia não é comum, acontece quando há problemas de alta incidência
de chuvas ou falta/problemas de equipamento.
Para uma boa fermentação e conservação da silagem de milho a
MS deve estar acima de 30% e abaixo de 39%, a recomendação há alguns
anos era manter entre 30 – 35%. Nos dias atuais, com a chegada de
equipamentos de melhor capacidade de picagem e quebra de grãos, o
alto custo do milho e tratores/carregadeiras mais pesados na compac-
tação, existe uma tendência que os técnicos e produtores migrem para
uma matéria seca das silagens mais alta (37 a 39% de MS). Esse
aumento na matéria seca está relacionado diretamente como o aumento
de amido na silagem (mais energia), podendo ter uma boa economia
de milho seco no desenvolvimento das dietas.
O acompanhamento e determinação da MS da planta começa a
ser realizada após 10 a 14 dias do fim da presença de milho verde na
lavoura.
O procedimento para determinar a matéria seca da planta:
1. Coleta-se algumas plantas (5 a 8) que representem bem a
lavoura (evite bordaduras e manchas de solo);
2. As plantas precisam ser picadas em pequenos pedaços (2-3
cm) em um moinho ou numa ensiladeira;
3. O material picado precisa ser secado, isso pode ser realizado
em estufa de laboratório, esse método é mais demorado. Existe um
equipamento chamado “Koster”, que é específico para determinar MS
de diversas forrageiras, é o mais indicado para esse fim e leva uma
hora para entregar o resultado. Existem alternativas como micro-ondas
e Air Fry que também entregam um bom resultado.
4. Normalmente se trabalha com 100 gramas de material “verde
picado”. A MS é a divisão do peso do material seco pelo peso do material
úmido X 100.
Fonte: https://extension.psu.edu/penn-state-particle-separator
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Quando temos problemas na picagem, e temos partículas
grandes, temos os seguintes problemas:
• Reduz a capacidade de transporte;
• Deixa maior quantidade de oxigênio dentro da massa, dificul-
dade de compactação;
• Pode ocorrer menor quebra dos grãos, reduzindo a diges-
tibilidade;
• Maior seleção no cocho;
Em contrapartida, quando as partículas são muito finas, temos
os seguintes problemas:
• Reduz a efetividade física no rúmen;
• Queda de digestibilidade, devido à alta taxa de passagem pelo
rúmen;
Altura de corte
A altura de corte está relacionada diretamente com a produção
total por área e a qualidade da silagem. Quanto mais alto o corte da
planta, mais colmo se deixa na lavoura (baixa qualidade), diminui a
quantidade produzida, mas aumenta a qualidade da silagem. Quando o
produtor tem bastante área de produção de milho, o aumento na altura
de corte deve ser avaliado junto com a sua assistência técnica, pois
pode melhorar a sua produção ou ainda economizar na compra de
concentrados.
Na ocasião do corte avalie a “sujeira” nos pés de milho, corte as
plantas acima da área contaminada, evitando a entrada de terra/areia
e de outros contaminantes dentro da silagem. Normalmente se usa
uma altura entre 20 e 30 cm.
Compactação da silagem
Assim como as outras etapas da ensilagem, esta precisa ser
realizada com bastante capricho, é nesta etapa que com movimentos
de tratores e/ou carregadeiras a massa da silagem é compactada da
melhor forma possível, retirando o máximo de ar de dentro do silo e
aumentando ao máximo a densidade do silo (meta é acima de 240 kg
de MS por M3).
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Quanto mais rápida a retirado do ar de dentro do silo, mais rápido
cessa a respiração da planta dentro do silo e menos nutrientes são
perdidos. O material que chega ao silo precisa ser espalhado por sobre
o silo em finas camadas de 15 a 20 cm antes de ser compactado.
Com o aumento da utilização de equipamentos com alto
rendimento no corte da silagem e consequentemente muita silagem
chegando aos silos, é preciso ajustar a compactação para esse volume.
Na prática, silos mais largos ou o enchimento de dois silos ao mesmo
tempo tem sido adotado, agilizando a compactação e o tempo de
descarregamento do material.
Use sempre tratores pesados para essa operação, uma sugestão
é que a soma do peso dos tratores seja de 30 a 40% do peso de toda a
silagem que entra no silo a cada hora. Por exemplo, se a cada hora
chegam 100 toneladas de silagem, preciso de 30 a 40 toneladas de
tratores/carregadeiras sobre o silo, compactando sem parar.
Quando se trabalha em silos tipo trincheira é importante
compactar a silagem em “U”, primeiro perto das paredes do silo e
depois mais para o meio. Evite encher o silo muito acima das paredes,
fica mais difícil a compactação e o risco de acidentes aumenta. Nos
silos tipo “pão ou aéreo” a compactação pode seguir no sentido do
comprimento maior do silo. É importante fazer a compactação das
laterais do silo quando houver intervalos e no final da ensilagem, se
for seguro, faça a compactação também no sentido mais curto do
silo.
Sempre que possível evite subir na silagem com as carretas e
caminhões de transporte, descarregue o material na frente do silo e
empurre o material para dentro do silo com uma pá carregadeira ou
com lâminas nos tratores, evitando contaminação de terra/barro etc.
Para uma boa compactação o silo precisa ser pelo menos 1,5 vezes
mais largo do que a bitola do equipamento de compactação, senão o
meio do silo não fica compactado.
Chegando ao final do corte da silagem ou com o enchimento do
silo, é a hora de fazer o acabamento. Deixe todo o silo abaulado, de
Vedação da Silagem
A vedação da silagem é feita com lona plástica e películas de
quali-dade.
Há poucos anos utilizava-se apenas lonas na cobertura, hoje em
dia a utilização de películas ou barreiras de oxigênio também está cada
vez mais difundida. Estas películas quando bem utilizadas e de boa
qualidade previnem a perda de MS de silagem principalmente no primeiro
metro logo abaixo da lona, por isso são economicamente viáveis. Portan-
do, logo após o término da compactação, pode se optar ou não pela
película de oxigênio e depois uma lona plástica de qualidade com pelo
menos 200 micras. Quando a película não está disponível pode se utilizar
duas lonas, é menos eficiente, mas confere uma maior segurança para
o silo em relação a furos.
Após a colocação da lona de forma bem esticada, ela deve ser
fixada com uma boa quantidade de terra ou areia em todo seu
perímetro, para que em hipótese nenhuma tenha uma entrada de ar
dentro da silagem. O material que vai sobre a lona é um item bastante
discutido, o uso de terra é bastante difundido e parece ser o melhor,
tem uma distribuição bastante uniforme e é barato; suas desvantagens
são a utilização de bastante mão de obra e o cuidado para não
contaminar a silagem no descarregamento da silagem. Outros
materiais usados são pneus, serragem, bagaço de cana e sacos
específicos para esse fim.
Quando se faz uso de silo trincheira, pode-se usar lona nas
paredes, evitando ter infiltração de água ou ar na silagem. Alguns produ-
tores usam para isso lonas usadas que ainda estão em bom estado.
Após o enchimento do silo, as sobras que eventualmente ficaram são
“puxadas” para sobre o silo antes de colocar a lona que cobre a silagem
por completo.
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É interessante fazer cercas em torno dos seus silos, evitando a
entrada de animais. Crie ainda uma rotina de observar o silo, verificando
se não tem buracos na lona, arrumando os o mais rápido possível.
Segurança
Todos os anos pessoas se machucam gravemente ou até perdem
a vida durante a ensilagem ou durante a sua retirada. Todos os envol-
vidos nas operações devem estar conscientizados dos perigos que
envolvem o processo de ensilagem e o seu consumo durante o ano.
Durante o preparo da colhedora (manutenção e afiação) e
durante o trabalho a campo mantenha as pessoas não envolvidas longe
da operação, são equipamentos muito perigosos e o operador não con-
segue muitas vezes perceber a presença de pessoas estranhas.
Na estocagem, muitas vezes grandes silos são confeccionados
com paredes bastante altas, deve se ter o máximo de cuidado na retirada
da cobertura e do plástico (bastante liso quando molhado). As paredes
do silo nunca devem ultrapassar a altura do equipamento que carrega
o material, as pessoas também devem permanecer distante das paredes
(risco de desmoronamento). Para coleta de amostra de silagem em
paredes muito altas prefira fazê-las diretamente do equipamento que
retira a silagem.
Capotamentos de tratores durante a ensilagem também podem
acontecer, procure não ultrapassar muito a altura das paredes dos silos
trincheiras, em silos acima do solo procure respeitar a proporção de
3:1, a cada 3 metros de largura, subir 1 metro na altura. Procure ainda
usar tratores com proteção para capotamento e sempre obrigar o uso
de cinto de segurança. Verifique ainda as condições de manutenção,
como freios e iluminação.
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Durante a ensilagem há uma grande movimentação de tratores
e caminhões. Todas as pessoas que não fazem parte da operação devem
se manter afastadas, para coletas de amostras durante a ensilagem
sempre preste atenção em todos os equipamentos, tenha certeza de
que os outros operadores estão te vendo. Dias de ensilagem podem
ser muitas vezes bastante longos e cansativos, importante é prestar
atenção nas pessoas se elas estão devidamente alimentadas, hidra-
tadas e descansadas.
Conclusão
O processo de ensilagem é bastante complexo, que envolve mui-
tos detalhes e muitas pessoas antes, durante e depois da sua realização.
É ainda altamente dependente de clima e muitas vezes de terceiros,
devido a tudo isso precisa de uma boa organização e atenção durante
os processos.
Conseguindo uma boa lavoura de milho, seguindo a maioria das
recomendações aqui dadas, com suas devidas adaptações que even-
tualmente precisam ser realizadas para cada região do Brasil teremos
uma silagem de qualidade para proporcionar aos animais.
¹ Engenheiro Agrônomo, D.Sc. Professor do Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste.
2
Engenheira Agrônoma, M.Sc. Doutoranda em Agricultura Tropical - Universidade Federal de Mato Grosso.
3
Engenheiro Agrônomo - Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste.
4
Graduanda em Engenharia Agronômica - Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste.
5
Graduando em Engenharia Agronômica - Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste.
6
Graduando em Zootecnia - Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste.
7
Graduanda em Engenharia Agronômica - Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste.
8
Graduando em Engenharia Agronômica - Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste.
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1 Por que realocar silagens de milho?
A realocação de silagens é o processo de movimentação da
silagem que já está estável dentro do silo (silagem pronta) para acondi-
cionamento em outro local/compartimento. Esta prática tem sido rea-
lizada na rotina de sistemas de produção de bovinos de corte e leite e
é alvo de estudos e avaliações no Brasil (MICHEL et al., 2017; LIMA et
al., 2016; QUEIROZ et al., 2021) e em outros locais no mundo (CHEN &
WEINBERG, 2014), demonstrando a sua viabilidade e aplicabilidade.
O que mais tem contribuído para o interesse sobre a técnica e
tem justificado a realocação é a comercialização de silagens prontas,
prática que tem se mostrado vantajosa para agropecuaristas que não
possuem áreas disponíveis para plantio da forrageira, que não dispõem
de maquinário e/ou mão de obra qualificada para condução das
lavouras, que demandam de alimento conservado de forma emergencial
em decorrência do inadequado planejamento alimentar do rebanho
(COELHO et al., 2018).
Ainda há cenários que não envolvem comercialização, mas, que
podem demandar a movimentação de silagens dentro da propriedade,
como por exemplo o seu acondicionamento próximo ao local de for-
necimento em sistemas de confinamento ou o armazenamento de sila-
gens em sacos a fim de facilitar o oferecimento diário para pequenos
rebanhos. Enfim, o processo de realocação pode ser demandado nas mais
diversas circunstâncias e especificidades locais de cada sistema produtivo.
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do meio há o controle do desenvolvimento de colônias de microrga-
nismos que podem deteriorar o material ensilado.
Na realocação pode haver o aumento do pH das silagens por
conta do desenvolvimento de microrganismos degradadores do material
ensilado, como as leveduras e microrganismos que utilizam os ácidos
orgânicos da silagem como substrato. Isso ocasiona aumento no pH do
meio (TANGNI et al., 2013) e possibilita o crescimento de fungos
filamentosos e outros microrganismos aeróbios (ROOKE & HATFIELD,
2003), resultando em quebra da estabilidade aeróbia das silagens,
perdas elevadas de matéria seca e alterações no valor nutritivo (como
no teor de fibra em detergente neutro e lignina das silagens expostas)
(Velho et al., 2006).
Entretanto pode não acontecer elevação nos valores de pH e
modificações prejudiciais no conteúdo de ácidos orgânicos mesmo com
exposição aeróbia de 48 h em temperatura ambiente de 25 ºC (Chen &
Weinberg, 2014). Isso evidencia que estudos relacionados à exposição
prolongada da silagem ao oxigênio ainda são necessários, visto que o
período de realocação pode durar várias horas ou dias, de acordo com
a condição do processo de realocação.
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Alterações nos teores de matéria seca e perdas de matéria seca
A perda de açúcares residuais, o aumento de nitrogênio amo-
niacal e de CO2 e perdas nos teores de matéria seca (MS) são alterações
comuns quando há deterioração da massa (WOOLFORD, 1990). A
oxidação de carboidratos solúveis e ácido lático em CO2 e água explica
as alterações nos teores de MS e as perdas de MS durante a
movimentação das silagens realocadas (ROOKE & HATFIELD, 2003).
A exposição das silagens por 12 a 24h durante a realocação
podem não afetar negativamente os teores de MS e as perdas de MS
(MICHEL et al., 2017). Entretanto, a exposição por 36h deve resultar
em incremento de até 20% nas perdas de MS (COELHO et al., 2018), o
que por consequência, promove alterações negativas no valor nutricional
das silagens (COELHO et al., 2018). Também pode haver alterações
similares mesmo com exposição da silagem por períodos de 12h durante
a realocação, promovendo redução na umidade e acarretando em
maiores teores de MS na silagem realocada quando comparada com a
silagem no momento da abertura do silo (QUEIROZ et al., 2021).
Logo, fica evidente que quanto maior o período de exposição da
silagem durante a realocação maior será a penetração de oxigênio na
massa e, consequentemente, possibilitará elevação nos teores de MS
e possibilidades de perdas matéria seca. Mas, é importante reforçar
que estas alterações também dependem da condição inicial do material
ensilado e de aspectos relacionados ao ambiente em que será realizada
a realocação (condições climáticas, por exemplo) que podem favorecer
as alterações na umidade do material.
Outro fator que pode interferir sobre os teores de MS e as perdas
de MS é a inoculação no momento da ensilagem. Podem acontecer
perdas de até 13% de MS após a realocação de silagens que não utilizem
inoculação com bactérias heteroláticas em relação às silagens que
forem inoculadas (MICHEL et al., 2017), e, além da inoculação, as perdas
de MS podem estar associadas à condição inicial do material ensilado
e do tempo de exposição ao ar.
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120 Fábio Jacobs Dias et al.
Na reensilagem os teores de carboidratos não fibrosos podem
ser reduzidos por dois fatores, o desenvolvimento de microrganismos
aeróbios e anaeróbios facultativos que consomem os carboidratos
solúveis no processo fermentativo (COELHO et al. 2018) e a compac-
tação da silagem realocada que favorecem a perda de nutrientes
altamente digestíveis por efluente, ocasionando a lixiviação dos
carboidratos solúveis da massa reensilada. (MICHEL et al., 2017;
COELHO et al. 2018).
Pode ocorrer incrementos nos teores de proteína bruta (PB) nas
silagens realocadas na ordem de 7,5% em comparação com a silagem
original (COELHO et al. 2018), explicados pela redução dos açúcares
solúveis após a realocação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realocação de silagens é uma técnica que apresenta viabilidade
de uso em propriedades pecuárias flexibilizando a movimentação de
silagens e a comercialização. Demanda de cuidados desde o processo
de ensilagem do material até a realocação no novo destino.
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122
122 Fábio Jacobs Dias et al.
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124
124 Fábio Jacobs Dias et al.
VIABILIDADE DE
PRODUÇÃO E USO DE
SILAGENS DA BRS
CAPIAÇUÇÃO DE
ENSILAGEM DE MILHO
Mábio Silvan José Da Silva1*| Marco Antônio Previdelli Orrico
Junior1 | Jefferson Rodrigues Gandra2 | Joyce Pereira Alves1 |
Marciana Retore3
126
126 Fábio Jacobs Dias et al.
mente naquelas produzidas a partir dos gêneros Urochloa, Megathyrsus
e, mais recentemente, nas das espécies de Pennisetum purpureum
Schum. Tal fato se justifica em função dos bons índices produtivos e
qualidade dessas forragens, associado ao fato de serem perenes, não
havendo, portanto, necessidade da reserva de uma área exclusivamente
para o estabelecimento de culturas forrageiras destinadas à ensilagem,
o que impacta diretamente nos custos de produção.
Dentre os capins tropicais para ensilagem, a cultivar BRS Capiaçu
(Pennisetum purpureum Schum) tem se destacado desde seu
lançamento, pela Embrapa Gado de Leite, em 2016, para a produção de
silagem ou uso como capineira, por apresentar porte elevado, com boa
resistência ao tombamento, florescimento tardio, moderada tolerância
ao estresse hídrico, permitir colheita mecanizada e, acima de tudo, baixo
custo de produção, em função de sua alta produtividade de matéria
seca, associada a elevados teores de carboidratos solúveis e proteína
(PEREIRA et al., 2016; PEREIRA et al., 2021). Entretanto, a BRS Capiaçu
produz grandes proporções de colmos suculentos, os quais resultam
em forragens com baixos teores de MS, geralmente abaixo de 200 g.kg-
1
de MS (RETORE et al., 2021), que pode comprometer a CF desta cultivar.
Além de comprometer a CF, baixos teores de MS ocasionam produção
excessiva de efluentes, durante a fase de fermentação das silagens,
bem como, favorece a ocorrência das fermentações secundárias
(indesejáveis), que impactam negativamente na qualidade nutricional
destas (BORREANI et al., 2018).
O uso de aditivos absorventes (sequestrantes de umidade) é a
forma mais indicada para aumentar os níveis de MS da massa de
forragem ensilada. Dentre os aditivos absorventes, possíveis de utili-
zação em silagens de capins, pode-se citar: fubá de milho, milho triturado,
farelos de cereais, milho desintegrado com palha e sabugo, torta de
cupuaçu, resíduo de fecularia, casquinha de soja, raspa de mandioca,
dentre outros. Ressalta-se ainda que, associada à capacidade de
redução de umidade, estes aditivos citados contribuem com a melhoria
no valor nutricional da massa de forragem, podendo prover melhorias
extras nos processos fermentativos. Duas outras alternativas, para
128
128 Fábio Jacobs Dias et al.
Figura 1. Capim-elefante, BRS Capiaçu em crescimento livre, no Campo
Agrostológico da UFGD.
Apesar de ser uma cultura que requer maior mão de obra para
implantação/plantio, por sua propagação ser vegetativa, os demais
cuidados de manejo da cultura não difere de outras forragens comu-
mentes utilizadas para a ensilagem (milho e sorgo), até mesmo na hora
da colheita, que pode ser realizada com uso de ensiladeiras, nos pri-
meiros anos de cultivo, e colheitadeiras de área total, quando as
touceiras ficarem maiores e com maior densidade de perfilhos (PEREIRA
et al., 2021; RETORE et al., 2021). Estes mesmos autores ressaltam
que, apesar de completamente possível, a colheita manual aumenta os
custos de produção da cultura, sendo assim, mais indicado apenas na
impossibilidade da colheita mecânica. Dentro dos manejos, ressalta-
se o cuidado com ataques das cigarrinhas das pastagens (Mahanarva
spectabilis), por ser uma cultivar susceptível. Porém, quando a BRS
Capiaçu está bem manejada, ela apresenta boa tolerância as cigar-
rinhas.
130
130 Fábio Jacobs Dias et al.
(BORREANI et al., 2018; RETORE et al., 2020). De acordo com Retore et
al. (2020), teores de MS abaixo de 200 g.kg-1, na massa de forragem da
Capiaçu a ensilar, está longe do ideal, sendo recomendado ensilar a
Capiaçu com teores de MS entre 280 a 340 g.kg-1.
O baixo teor de MS é o principal atributo da Capiaçu, que reduz
sua capacidade fermentativa, sendo o maior desafio para esta
ensilagem, principalmente em propriedades que primam pelo melhor
valor nutricional da forragem ensilada, em detrimento a maior produção
de MS, por colherem as plantas mais jovens. Independente da situação,
os valores de MS na massa de forragem ensilada devem estar próximo
das 300 g.kg-1. Este valor pode ser conseguido através do: corte do
capim em estádio fenológicos mais avançados ou corte antecipado,
seguido de emurchecimento do capim (acompanhar a curva de
secagem), corte em período propícios (final da tarde e épocas sem
grande ocorrência de chuvas) e, uso de aditivos absorventes (analisar
disponibilidade e custo do aditivos existente em sua região).
Dentre essas estratégias, o acompanhamento do teor de MS até
o momento do corte/colheita e o uso de aditivos absorventes são os
mais comuns nas propriedades. Para a primeira estratégia, será
necessário o uso de forno micro-ondas, conforme mencionado
anteriormente, com amostragem do capim em intervalos de tempo
definido (de acordo com a observação da curva de secagem prévia).
Esta é a forma que menos exige investimento financeiro. Quanto ao
uso de aditivos absorventes, esta é a estratégia mais indicada para
aumentar os valores de MS de massa ensilada, quando se pretende
aliar produtividade com qualidade nutricional da BRS Capiaçu. Porém,
o uso desta estratégia exige investimentos na aquisição do(s) aditivo(s).
Neste ponto, considerando a extensa possibilidade de aditivos
absorventes, nas diferentes regiões do Brasil (fubá de milho, milho
triturado, farelos de cereais, milho desintegrado com palha e sabugo,
resíduo de fecularia, casquinha de soja, raspa de mandioca, torta de
cupuaçu, dentre outros), recomenda-se que seja pesquisado e utilizado
o que apresenta maior disponibilidade em sua região, bem como, tenha
melhor viabilidada econômica.
132
132 Fábio Jacobs Dias et al.
se os valores pelo índice geral de preços do mercado (IGP-M) para a
data de 31/10/2021. Após isso, obtivemos custo total por hectare, da
BRS Capiaçu, de R$ 11.843,75; o custo do milho/ha foi estimado em R$
15.353,76 e o custo do sorgo/ha foi de R$ 6.514,80. Para a cultura da
cana-de-açúcar, os dados foram atualizados a partir dos valores referente
ao mês de junho de 2016 para 31/10/2021, sendo obtido custo total de
R$ 12.370,95/ha.
Dentro do custo total de produção da silagem da BRS Capiaçu,
visto que é uma cultura perene e, quando bem manejada, pode ser
produtiva por até 15 anos (PEREIRA et al., 2021), deve-se considerar a
diluição dos valores de implantação e manutenção ao longo desses
anos, o que impacta diretamente na redução dos custos totais (anuais).
Desta forma, os custos com implantação da BRS Capiaçu ficou na faixa
de R$ 10.580,00 por hectare, sendo esse valor composto por: R$ 1.058,00
para preparo e correção do solo; R$ 1.163,80 para aquisição de mudas,
corte e transporte; R$ 2.962,81 para o plantio; R$ 4.973,30 para os
tratos culturais, sendo este processo o de maior impacto na implantação
(47%), juntamente com a estapa de plantio (28%) e; o valor restante
para outros custos (diversos).
Quanto ao custo de manutenção, reajustado para o mesmo
período de 2021, este foi de R$ 5.094,53 por hectare. Dentre as práticas
de manutenção, a adubação e o controle de plantas invasoras foram as
mais onerosas, respondendo por 83% dos custos, porém, com
predominância dos custos com a adubação (R$ 3.413,34), devido a BRS
Capiaçu ser extremamente exigente em fertilidade, precisando de
adubação de reposição após cada corte, a fim de evitar queda na
produtividade e exaustão dos nutrientes do solo.
De acordo com Pereira et al. (2021) o custo total da silagem,
considerado todo cultivo e ensilagem, é variável em função do tipo de
colheita realizada, de forma que a colheita manual é mais cara,
representando valores superiores a 49%, em relação aos custos totais,
quando se opta pela colheita mecanizada. Nesta estimativa de valores
atuais, realizar a colheita mecânica impacta na redução de custos na
ordem de R$ 11.397,71/ha. Esta diferença se explica em função da
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134 Fábio Jacobs Dias et al.
Tabela 1. Produção de massa de forragem seca (PMFS), proteína bruta
(PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT), por hectare da BRS Capiaçu,
em diferentes intervalos de corte e das culturas de milho, sorgo e cana-
de-açucar, associado aos custos totais e da tonelada de MS, PB e NDT.
1
Considerado colheita/ano.
136
136 Fábio Jacobs Dias et al.
tância, que justifica essa baixa produtividade, está relacionado com as
condições climáticas que o trópico úmido impõe à atividade leiteira.
Por fim, entender a situação socioeconômica cultural do pequeno produ-
tor de leite está relacionado com a interligação dos fatores técnicos
supracitados.
Apesar das informações previamente apresentadas, o Pará,
segundo maior estado brasileiro em extensão territorial, ocupa a décima
colocação em produção de leite no país e a segunda maior produção da
região Norte, com 33,9% do total produzido na região (SOARES et al.,
2019). Embora praticada em todo o estado, a bovinocultura de leite se
mostra mais expressiva na região do Sudeste paraense. O estado possui
seis mesorregiões, sendo a sudeste composta por 39 municípios, dentre
os quais estão os dez com maior produção de leite do estado (IBGE,
2017; SANTOS, 2015).
Neste contexto, cinco pequenas propriedades leiteiras, no
município de Canaã dos Carajás-PA, foram selecionadas para implan-
tação de unidades demonstrativas (UD) de aproximadamente 1 ha, para
o cultivo da cultivar BRS Capiaçu voltada à produção de silagem. Para a
implantação destas UDs, mudas da cultivar foram selecionadas junto
aos próprios produtores rurais da região. Após, as áreas foram prepa-
radas e realizadas as correções do solo. O plantio das estacas da BRS
Capiaçu foi realizado em covas, espaçadas em 1 m x 1 m, com 30 cm de
profundidade (Figura 2).
A cultivar BRS Capiaçú foi colhida após 120 dias de plantio. Essa
estratégia foi adotada devido as condições edafoclimáticas do sudeste
paraense e das estratégias de manejo da forragem disponibilizadas
pelos gestores do projeto.
Para a ensilagem, foram adotadas 2 (duas) estratégias de
obtenção de resultados e aplicação da tecnologia aos pequenos
produtores leiteiros do sudeste paraense, sendo: 1. realização de
avaliação das silagem de BRS Capiaçu por meio de silos laboratoriais;
2. Confecção de silo artesanal do tipo Cincho (rapadura), com objetivo
de apresentar uma maneira economicamente viável e aplicável as
condições de produção leiteira do sudeste paraense.
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4.1. Silos laboratoriais
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4.3. Produtividade da cultivar BRS Capiaçu
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No momento do colheita foi observado uma diferença de apenas 2%
entre os talhões com adubação convencional e orgânica, diferença essa
que não resultou em maiores discrepâncias após o processo de
ensilagem.
O teores de MS observados neste estudo (Figura 6) estão acima
dos reportados por Pereira et al. (2016), que observaram teores de MS
de 21,0%, para a mesma cultivar com idade de colheita semelhante à
deste estudo. Entretanto os valores de MS estão de acordo com os
observados por Ribas et al. (2021), que reportaram teores de MS em
torno de 26,32%.
As silagens tratadas com inoculante microbiano apresentaram
menor valor de pH no momento da abertura dos silos, em relação aos
materiais não inoculados, independente da adubação recebida. Este
resultado era esperado, visto que a inoculação com bactérias produtoras
de ácido lático acelera a queda do pH e reduz o pH final, com isso,
aumentando a concentração deste ácido, reduzindo a produção de
efluentes e perdas de MS no silo, além de minimizar as perdas de
proteínas e energia, e prolongar o tempo de conservação da silagem
(EVANGELISTA e LIMA, 2002).
Figura 6. Matéria seca (%) e pH de silagem de BRS Capiaçu, aos 120 dias de
plantio, sob diferentes adubações e uso de aditivo microbiano.
144
144 Fábio Jacobs Dias et al.
As silagens tratadas com inoculante microbiano apresentaram
melhor estabilidade aeróbia, em relação aos materiais controle,
independente da adubação utilizada. As silagens controle perderam a
estabilidade aeróbia com aproximadamente 36 horas de exposição ao
oxigênio, enquanto as silagens inoculadas perderam a estabilidade com
aproximadamente 84 horas, após a exposição ao oxigênio (Figura 8).
146
146 Fábio Jacobs Dias et al.
Figura 10. Vacas leiteiras recebendo suplementação de silagem da BRS
Capiaçu.
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148 Fábio Jacobs Dias et al.
casualizado, em esquema fatorial 3x3, sendo: três idades de corte da
BRS Capiaçu (60, 90 e 120 dias de rebrota), associadas a três tipos de
aditivos (CON - controle/água destilada; HOM - inoculante
homofermentativo + enzima fibrolítica e; COMBO - inoculante
homofermentativo + inoculante heterofermentativo + enzima fibrolítica),
com cinco repetições por tratamento.
O inoculante HOM utilizado era constituído por: Pediococcus
pentosaceus NCIMB 12455 (1,8 x 105 UFC/g de forragem), Lactobacillus
plantarum CNCM I- 3736 (2,0 x 104 UFC/g de forragem), â-glucanase
(8.000 UI/g de produto) e xilanase (9.000 UI/g de produto). Por sua vez,
o inoculante COMBO utilizado era constituído por: Pediococcus
pentosaceus NCIMB 12455 (1 x 105 UFC/g de forragem), Lactobacillus
buchneri NCIMB 40788 (7,5 x 104 UFC/g de forragem), Lactobacillus
hilgardii CNCM I-4785 (7,5 x 104 UFC/g de forragem), â-glucanase (5.750
UI/g de produto) e xilanase (30.000 UI/g de produto). Ambos os produtos,
encontram-se em fase de registro pela empresa TMLallemand.
Na área experimental, antes de iniciar os corte avaliativos, foi
realizado um corte de uniformização (15 cm da superfície do solo). A
adubação de cobertura foi realizada com 200 kg de N/ha e 50 kg de
K2O/ha, na forma de ureia e o cloreto de potássio, para fornecer
nitrogênio e potássio, respectivamente. A adubação de cobertura era
sempre realizada após cada corte de uniformização.
Para a produção da TMR, foi utilizado uma mistura padrão, com
as seguintes proporções dos ingredientes (em % da MS): 51,6% de BRS
Capiaçu, 38,8% de milho moído, 9,1% de farelo de soja e 0,5% de calcário
calcítico. A TMR foi formulada para atender as exigências nutricionais
de vacas lactantes, com produção estimada de 15 kg de leite/dia, peso
médio de 500 kg e consumo médio de 14 kg MS/dia, seguindo as
recomendações do NRC (2001).
Os inoculantes enzimo-microbianos foram diluídos em água
destilada e aplicados, seguindo as recomendações do fabricante (10 g
do aditivo diluída em 90 mL de água, por tonelada de massa fresca).
Após isso, o material de cada tratamento foi ensilado em silos de
laboratoriais, feitos em tubos de PVC com 50 cm de altura e 10 cm de
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150 Fábio Jacobs Dias et al.
Tabela 4. pH, capacidade tampão, composição química e digestibilidade in
vitro da matéria seca da BRS Capiaçu, nas idades de 60, 90 e 120 dias de
rebrota, e das rações mistas totais (TMR) utilizadas no experimento
152
152 Fábio Jacobs Dias et al.
Orrico Júnior et al. (2020) não observaram melhorias nos valores de
RMS, quando as silagens foram inoculadas com Pediococcus pentosaceus
e Lactobacillus buchneri.
As produções de efluentes foram afetadas pela idade dos capins,
de modo que silagens de TMR produzidas com o capim cortado aos 60
dias apresentaram maior produção de efluente e, consequentemente,
maiores perdas. O aumento na idade de corte reduziu estas perdas,
observando-se menores valores nas TMS com capim colhido aos 120
dias. O tratamento CON também apresentou maiores produções de
efluentes, quando comparado às silagens com uso de aditivos HOM e
COMBO (Tabela 5).
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154 Fábio Jacobs Dias et al.
dissociação em relação ao ácido lático, normalmente, esse é o maior
responsável por inibir o crescimento de leveduras e bolores
(McDONALD, 1991; WILKINSON e DAVIES, 2013). Isso explica o motivo
pelo qual os tratamentos que apresentaram maiores teores de ácido
acético tiveram melhor estabilidade aeróbia.
Figura 11. Teores de ácido acético (A), ácido butírico (B), estabilidade aeróbia
(C) e coeficientes de digestibilidade in vitro de MS (D) de silagens de TMR
contendo o capim BRS Capiaçu com diferentes idades de corte e aditivos
microbianos. Médias seguidas por diferentes letras diferem entre si pelo
teste de Scott Knott a 5% de probabilidade. Letras maiúsculas representam
diferenças entre controle (CON) e aditivos homolático + enzimas fibroliticas
e heterolático + enzimas fibroliticas (HOM e COMBO, respectivamente) e
letras minúsculas representam diferenças entre idades de corte do capim
(60, 90 e 120 dias).
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156 Fábio Jacobs Dias et al.
lulose foram verificadas nas silagens de TMR produzidas com capins
de 90 e 120 dias, refletindo a dinâmica de crescimento secundário das
plantas com o avançar da idade. Ainda nesta lógica, verificou-se que o
conteúdo de lignina foi menor nas pantas mais jovens (60 e 90 dias),
sem influência dos tipos de inoculantes aplicados. As silagens que
receberam os inoculantes COMBO e HOM apresentaram menores
teores de hemicelulose.
As silagens de TMR, a base da cultivar BRS Capiaçu, tiveram
percentuais de MS variando de 29 a 33%, em função da idade do capim.
Porém, independentemente da idade de rebrota, a cultivar BRS Capiaçu
apresentou baixos valores de MS no momento do corte (13,42 a 20,89%
de MS), conforme apresentardo na Tabela 4. Os menores valores de
MS, observados para as silagens de TMR confeccionadas com o capim
aos 60 dias de rebrota, explicam as maiores produções de efluentes
observadas para este tratamento. Segundo Borreani et al. (2018)
silagens com teores de MS menores que 35%, apresentam maiores
produções de efluentes.
MN = matéria natural; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; CON
=controle; HOM = aditivos homoláticos + enzimas fibroliticas; COMBO = aditivo homolático +
heterolático + enzimas fibroliticas; EPM = Erro padrão da média; Médias seguidas por diferentes
letras diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% probabilidade. Letras maiúsculas representam
diferenças entre aditivos (Ad) e letras minúsculas representam diferenças entre idades da planta
(Id). ns = não-significativo; * = significativo a 5% de probabilidade; ** = significativo a 1% de
probabilidade.
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158 Fábio Jacobs Dias et al.
solúveis, as proteínas, ou até mesmo o ácido láctico presente nas
silagens, como substrato para o seu crescimento (KUNG JR. et al., 2003).
No entanto, é importante mencionar que os valores de ácido butírico e
N NH3 observados neste trabalho estão dentro do recomendado para
silagens de boa qualidade (ácido butírico abaixo de 1,0% e N NH3 abaixo
de 10% do N total) (KUNG JR. et al., 2018).
Os menores valores de PB e DIVMS e as maiores proporções de
fibra observadas nas silagens de TMR, produzidas com os capins
cortados aos 90 e 120 dias de rebrota, são resultantes do efeito da
idade do capim sobre sua qualidade nutricional. A BRS Capiaçu é uma
planta que atinge grandes alturas com o avanço da idade, sendo
necessária a presença de grandes proporções de fibra nos tecidos de
sustentação para manter a estrutura da planta. Desta forma, com o
avanço da idade e altura da BRS Capiaçu, ocorre naturalmente uma
queda acentuada da qualidade nutricional da forragem.
O uso dos aditivos microbianos, com as enzimas â-glucanase e
Xilanase, podem ter contribuído para a ocorrência da degradação parcial
da parede celular vegetal, explicando assim a redução dos teores de
hemicelulose nestas silagens, a exemplo do estudo conduzido por Li et
al. (2018). Apesar da redução no teor de hemicelulose, a adição dos
inoculantes, contendo enzimas fibrolíticas, não foi eficiente em melhorar
a digestibilidade da silagem de TMR.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cultivo e uso do capim-elefante, BRS Capiaçu, tem se destacado
nos últimos anos e continua demonstrando todo o seu potencial para
produção animal. O grande atrativo da cultura é a sua elevada produ-
tividade de massa de forragem, que resulta em maior produção de
nutrientes por área de cultivo e, por ser uma cultura perene, permite a
diluição dos custos de produção ao longo de até 15 anos. Deste modo,
a BRS Capiaçu é uma cultura economicamente viável para a produção e
uso na forma de silagem, independente do grau de tecnificação do
sistema de produção.
Apesar do corte/colheita poder acontecer a partir dos 60 dias,
esta não é uma prática de manejo recomendada, quando se pretende
fazer uma “silagem pura”. Neste caso, recomenda-se o corte da BRS
Capiaçu apenas quando a cultivar tiver com teor de MS próximo a 30%.
As pesquisas apontam que valores próximos podem ser alcançados aos
120 dias (não dispensa a avaliação do teor de MS).
Para aproveitar todo potencial da BRS Capiaçu e ter uma silagem
boa qualidade, a recomendação é sempre utilizar um aditivo nutritivo
absorvente no momento da ensilagem, além de tomar todos os demais
cuidados básicos, desde a implantação da cultura até a descarga do
silo. Ressalta-se que a escolha do aditivo pode ser condicionada a
disponibilidade e viabilidade econômica de uso de cada região.
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160 Fábio Jacobs Dias et al.
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166
166 Fábio Jacobs Dias et al.
SILAGEM DE GRÃO DE
MILHO REIDRATADO COM
SORO DE LEITE
Ediane Zanin1
Valter Harry Bumbieris Junior2
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168 Fábio Jacobs Dias et al.
confinamento é em média 25,7% maior para o grão de milho ensilado
(reidratado ou úmido) do que o grão de milho seco.
O grão de milho é constituído por quatro estruturas físicas que
consistem em pericarpo, endosperma, embrião ou germe, e pedicelo
ou ponta, cada qual com sua composição química. O grão inteiro possui
aproximadamente 72% de amido, 4 a 5% de óleo, e 7 a 15% de proteína,
das quais 70-90% são prolaminas consideradas proteínas de reserva,
que se localizam principalmente no endosperma, e possuem grande
quantidade de prolinas e aminas. A prolina é responsável pela carac-
terística hidrofóbica das prolaminas, ou seja, insolúvel em água com
formação de uma barreira hidrofóbica nos grânulos de amido, que
impede a ação das enzimas e reduz a degradação do amido (CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000). De acordo com Hoffman et al. (2011) durante o
processo fermentativo da silagem ocorre a proteólise da matriz proteica
hidrofóbica, que envolve os grânulos de amido, por meio da ação de
bactérias proteolíticas e das enzimas vegetais, proporcionando maior
digestibilidade dessa fração. A proteólise ocorre em diferentes inten-
sidades por diversas vias, sendo que as bactérias são as principais
responsáveis por essa degradação de proteínas durante a fermentação
da silagem de grãos de milho reidratados (JUNGES et al., 2017).
O processo de moagem do grão de milho seco e sua posterior
reidratação visa aumentar sua digestibilidade, que reflete positivamente
no desempenho animal, uma vez que o milho utilizado na maioria dos
países é caracterizado como do tipo flint ou duro, que detém menor
digestibilidade (FERRARETTO; CRUMP; SHAVER, 2013). Revisões atuais
mostram maior digestibilidade do amido de grãos de milho úmidos e
reidratados comparados aos grãos secos (FERRARETTO; CRUMP;
SHAVER, 2013; FERRARETTO; FREDIN; SHAVER, 2015; FERNANDES et
al., 2021). De acordo com Ferraretto; Fredin e Shaver (2015), isto está
relacionado com a redução da proteína que recobre os grânulos de
amido durante o processo de ensilagem, pois essa matriz proteica
impede a digestão enzimática e hidrolítica no estômago e intestino
delgado dos animais (GIUBERTI et al., 2014).
170
170 Fábio Jacobs Dias et al.
O princípio de ensilagem seguinte ao processamento dos grãos
de milho é a reidratação (DA SILVA et al., 2018) realizada com uso de
duas fontes liquidas, a água ou soro de leite integral (PEREIRA et al.,
2013; REZENDE et al., 2014; SILVA et al., 2016; ZANIN et al., 2021a). A
proporção utilizada da fonte liquida para cada quilograma de milho
moído, deve ser calculada para obter o teor de MS esperado na silagem
de 65 a 67% (DA SILVA et al., 2018; DA SILVA et al., 2019; ZANIN et al.,
2021a). Os grãos de milho quando moídos apresentam teor de MS em
torno de 87% e umidade de 12 a 13% (ZANIN et al., 2021a), e nesses
teores a fermentação é restrita. Com a reidratação (teor de 35 a 37%
de umidade esperado) condições de fermentação são oferecidas durante
a ensilagem, bem como crescimento microbiano e consequente
digestibilidade do amido (SILVA et al., 2016; DA SILVA et al., 2018).
Nessa fase de reidratação é importante considerar a fonte liquida
a ser utilizada, pois a água por ser um recurso natural essencial para
existência de vida na terra, e com risco de escassez no planeta, deve
ser reduzido o uso e/ou substituído na produção de alimentos. É sabido
que a água potável é obtida de fontes superficiais como rios, represas,
lagos e canais, e o descarte inadequado de efluentes domésticos e
industriais nesses cursos de água, resultam em poluição com
consequente desiquilíbrio do ecossistema e riscos ambientais
(EDOKPAYI et al., 2017; GORVARDIA et al., 2020).
Estima-se que a produção de produtos agropecuários é
responsável pelo maior consumo de água do mundo, com cerca de 70%
da retirada de água doce do planeta (HOEKSTRA et al., 2014). Nesse
sentido, alternativas para produção de alimentos com fontes liquidas
reaproveitáveis é um caminho a ser adotado, afim de alcançar uma
produção animal sustentável. O uso de soro de leite integral para
reidratação de grãos de milho se mostra como uma alternativa atraente,
devido à variedade e concentração de bactérias ácido láticas (REKTOR;
VATAI, 2004), e pelo alto teor de água em sua composição.
O soro de leite é um coproduto obtido durante o processo de
fabricação do queijo, por meio da separação da caseína e da gordura
do leite. Possui em sua composição 93 a 94% de água, 4,4 a 5% de
172
172 Fábio Jacobs Dias et al.
Após a reidratação deve ser realizado o enchimento do silo de
forma rápida, com objetivo de evitar a evaporação da fonte liquida e
diferenças nos teores de MS da silagem. A massa hidratada pode ser
armazenada em diferentes tipos de silos, desde trincheiras, bags até
tambores plásticos, com excelentes resultados de conservação (ZANIN
et al., 2021a). O tamanho do silo deve ser planejado de acordo com a
retirada diária de silagem, sendo recomendado de 25 a 30 cm/dia. A
compactação da silagem de grãos de milho reidratado deve atingir uma
densidade média esperada de 1050 kg/m3 (LUGÃO et al., 2011) para
garantir preservação e fermentação do material ensilado, bem como o
princípio de vedação que evita a entrada de oxigênio na silagem e deve
ser feito com uso de lona especifica e de alta qualidade para cobertura
de silos (JOBIM et al., 2007).
O tempo de armazenamento da silagem irá refletir diretamente
na digestibilidade do amido, devido ao aumento na preteólise, ou seja,
a quebra da matriz proteica presente no endosperma que reveste os
grânulos de amido (KUNG JUNIOR et al., 2018). O período de silo
fechado é de no mínimo de 45 a 60 dias, sendo ideal mais que 90 dias
para promover maior digestibilidade do amido e da MS, e maior
estabilidade aeróbia das silagens (ARCARI et al., 2016; SANTOS et
al., 2019; DE ALMEIDA CARVALHO-ESTRADA et al., 2020). Com 60 dias
de armazenamento, Fernandes et al. (2021) obtiveram resultados em
que a proteólise da matriz proteica dos grãos no silo promoveu
melhorias na digestibilidade da MS e do amido das silagens de grãos
de milho de híbrido tipo flint. Dessa forma, a qualidade e o
processamento dos grãos, a reidratação e demais princípios da
ensilagem realizados de forma adequada são meios importantes para
obter uma silagem de boa qualidade.
174
174 Fábio Jacobs Dias et al.
Tabela 1. Composição químico-fermentativa de SGMR com água (30 a 35%
de umidade).
MS= matéria seca; PB- proteína bruta; FDN= fibra em detergente neutro; FDA= fibra em detergente
ácido; N-NH3= nitrogênio amoniacal em g/kg MS do N total.
MS=Matéria seca na base da matéria natural; PB= Proteína bruta; EE=Extrato etéreo; FDN=fibra
detergente neutro; FDA=fibra detergente ácido; CT = Capacidade tampão (e.mg/100g MS); N-NH3
= Nitrogênio Amoniacal (% do nitrogênio total); Ác. org= ácidos orgânicos (% da MS)
*Autores: 1=Da Cruz et al. (2021); 2=Rezende et al. (2014); 3=Zanin et al. (2019)
176
176 Fábio Jacobs Dias et al.
devido à ação dos inoculantes bacterianos que permitem um pH mais
estável das silagens. Para os demais nutrientes avaliados, como os
teores de MS, PB, EE e fibras (Tabela 2), os efeitos do soro de leite
fluido também foram positivos e caracterizaram a silagem de grão
reidratado de boa qualidade (ZANIN et al., 2019a; 2021d).
Para DA CRUZ et al. (2021) foi encontrado maiores teores de MS e
cinzas para as silagens de grãos de milho reidratados com soro de leite
fluído comparado a reidratação dos grãos com água (Tabela 2), sem
apresentar diferença para perdas de MS. Estes resultados, segundo os
autores, são justificados pelo conteúdo de MS e minerais presentes no
soro de leite. As silagens que receberam inoculante bacteriano-enzimático
e como fonte de reidratação o soro de leite, foram obtidos os menores
valores de pH. A digestibilidade FDA foi maior para as silagens que
combinaram o inoculante e o soro de leite na reidratação. Esse resultado
parece estar relacionado com o complexo enzimático do aditivo, o qual
contém celulase e hemicelulose que podem causar afrouxamento do
arranjo estrutural das fibras presentes no pericarpo do milho. Para este
estudo, os autores concluíram que o soro de leite ácido e o uso do
enzimático-bacteriano inoculante melhorou as características químico-
fermentativas, e de digestibilidade in vitro das silagens.
Sob diferentes perspectivas de avaliar e aprimorar a qualidade
químico-fermentativa das SGMR, Farraretto et al. (2015) adicionaram
enzima exógena protease a fim de aumentar a proteólise e
digestibilidade do amido, bem como inclusão de inoculantes bacterianos
para acelerar a fermentação e aumentar a produção de ácidos. Não foi
observado diferença para o conteúdo de MS, PB e N-NH3 nas silagens
tratadas com e sem inoculante e enzima protease. A inoculação
microbiana reduziu o pH (3,99 vs. 4,40 em média) em comparação com
SGMR sem adição de inoculante, devido a maiores concentrações de
ácido lático (1,69 vs. 0,95% do MS em média). Além de baixa
concentração de ácido acético, propiônico e etanol com a inoculação
bacteriana.
Já Oliveira et al. (2019) avaliaram os efeitos da incorporação de
enzimas amilolíticas no milho moído reidratado sobre o perfil
178
178 Fábio Jacobs Dias et al.
doses de L. plantarum e Pediococcus acidilactici não diferiram nos teores
de PB, MS e N-NH3 das silagens sem inoculantes. A medida que as
doses da inoculação com L. buchneri eram aumentados os teores de
PB, MS e N-NH3 elevavam. Para estes autores o aumento da
concentração de N-NH3 nas silagens tratadas com L. buchneri foi
associado à diminuição da concentração de prolaminas, as quais são
decompostas por enzimas e microrganismos, através da proteólise e
solubilização de ácidos durante a fermentação.
O parâmetro de estabilidade aeróbia das silagens é utilizado
para medir a velocidade de deterioração da massa ensilada sob
exposição ao ar após abertura do silo (JOBIM et al., 2007), e seu
rompimento ocorre quando a silagem eleva a temperatura a 2°C acima
da temperatura ambiente (MORAN et al. 1996; TAYLOR; KUNG JUNIOR,
2002). Para mensurar a estabilidade aeróbia das silagens, os valores
de pH e temperatura tem sido observado para ao valor máximo atingido
após abertura dos silos, tempo para atingir o valor máximo, tempo para
que a silagem apresente tendência de elevação, e tempo para a
temperatura romper a estabilidade (JOBIM et al., 2007).
A deterioração da silagem está relacionada aos parâmetros de
qualitativos desse alimento. Quanto melhor for a qualidade da silagem,
maior será a atividade de microrganismos que a decompõem, devido a
presença de maiores concentrações de carboidratos solúveis, ácidos e
etanol, que são utilizados como substratos por fungos e leveduras.
Fatores como concentração de oxigênio e a profundidade que o ar
penetra no silo, ou seja, a porosidade da silagem determinada pela
massa especifica (kg de silagem/m3), podem influenciar a estabilidade
aeróbia da silagem (JOBIM et al., 2007).
A estabilidade aeróbica e deterioração das silagens estão
intimamente ligadas com a presença de fungos e leveduras presentes
na massa ensilada. Os fungos possuem ação de metabolizar os açucares
e ácidos orgânicos, que resultará na formação de gás carbônico e água,
e aumento na temperatura do silo. Outra ação é a degradação de
proteínas com consequente produção de amônia, a qual dificulta o
abaixamento do pH (McDONALD; HENDERSON; HERON, 1991). A
180
180 Fábio Jacobs Dias et al.
em 26% em relação a silagem sem aditivo. No entanto, o processo de
fermentação não foi alterado pela inoculação das bactérias
homofermentativas, mas a concentração de ácido acético foi reduzida
significativamente, caracterizando menor estabilidade e maiores picos
de temperatura. O pH das silagens tratadas com L. buchneri
permaneceu estável durante os 12 dias de exposição aeróbia, já o pH
das silagens sem aditivo e tratadas com L. plantarum e Pediococcus
acidilactici aumentou acentuadamente após os 4 dias de exposição
permanecendo superior a L. buchneri ao longo dos 12 dias.
Da Silva et al. (2019) compararam a conservação das SGMR e
grão úmido tratadas ou não com inoculante de L. buchneri em diferentes
tempos de estocagem. Foi constatado que a estabilidade aumentou
com o tempo de armazenamento e foi maior em ambas silagens
inoculadas com L. buchneri, quando comparadas ao tratamento controle.
Segundo os autores, esse aumento na estabilidade foi relacionado ao
gradual acumulo de produtos da fermentação, como ácido acético e
propiônico.
De forma geral, as silagens de grãos de milho reidratados com
água e ou soro de leite apresentam boas características químico-fermen-
tativas e quando inoculadas garantem maior estabilidade aeróbia
quando expostas ao ar.
182
182 Fábio Jacobs Dias et al.
heterofermentativa facultativa com características de crescimento
vigoroso, possui competitividade e dominância sobre os outros
microrganismos e capacidade de produzir elevadas quantidades de ácido
láctico, a partir da fermentação de açucares presente nas forragens.
Possui faixa de temperatura de crescimento até 50°C e habilidade de
crescer em substrato com baixo teor de umidade, além de produzir
rapidamente pH de 4,0 para inibir o crescimento de outros
microrganismos (McDONALD; HENDERSON; HERON, 1991).
L. buchneri é uma espécie de bactérias heterofermentativas
obrigatórias com inúmeros estudos sobre sua contribuição nos últimos
anos à conservação da silagem, principalmente de grãos ensilados (DA
SILVA et al., 2018; DA SILVA et al., 2019; OLIVEIRA et al., 2019). O L.
buchineri metaboliza ácido lático em pH de 3,8 e converte ácido acético
em pH inferior a 5,8. Um terço da MS é perdida na forma de CO2 durante
a conversão do ácido lático à acético, mas a presença do ácido acético
após abertura do silo pode compensar as maiores perdas pela ação
dos microrganismos aeróbios (WEINBERG; MUCK, 1996).
A microbiologia da SGMR foi estudada recentemente e abrange
desde os microrganismos benéficos à fermentação até os indesejáveis
(Tabela 3). Da Silva et al. 2018 encontraram que as SGMR tratadas com
Lactobacillus buchineri apresentaram maior contagem de bactérias ácido
láticas (BAL) do que a silagem controle. Já as silagens tratadas
Lactobacillus plantarum e Pediococcus acidilactici apresentaram
menores contagens de BAL. O aumento de 89,6% de BAL nas silagens
tratadas Lactobacillus buchineri, pode ser explicada segundo os autores,
que a degradação do ácido lático por L. buchineri serve como
autoproteção contra o declínio do pH permitindo a sobrevivência das
bactérias por longos períodos. As silagens controle (sem aditivo)
apresentaram média de 3,6 tratadas com Lactobacillus plantarum e
Pediococcus acidilactici média de 2,59 e com L. buchineri 6,37 de log
UFC/g.
Da Silva et al. (2019) também observaram que a inoculação de
L. bucheneri apresentou maior contagem de bactérias ácidos láticas
nas SGMR e SGU até os 120 dias de armazenamento e menor contagem
184
184 Fábio Jacobs Dias et al.
ácidos butírico, acético, propiônico, além da produção de amônia,
aminas e gás carbônico pelo C. esporogenes. Ainda pode haver a junção
de ambos, os sacaro-proteoliticos como exemplo o C. perfringens
(McDONALD; HENDERSON; HERON, 1991).
A contaminação por bactérias anaeróbica da espécie Listéria
monocytogenes é um agravante na produção de silagens, devido à alta
patogenicidade ao homem e aos animais. Esta bactéria pode contaminar
a massa ensilada durante o processo de colheita das culturas e seu
desenvolvimento pode ocorrer em meios com pH superior a 5,2
(LINDGREN; PAHLOW; OLDENBURG, 2002). As enterobactérias também
podem ocasionar perdas na qualidade da silagem por competirem pelos
açucares com as BAL no início da fermentação, visto que sua inibição
ocorre em pH menor que 5,0. As silagens podem ser expostas a
contaminação por fungos, leveduras e mofos. As leveduras anaeróbicas
por sua vez promovem fermentação alcóolica de açucares e os fungos
de crescimento aeróbico, como os Aspergillus, Fusarium e Penicillum
que levam a formação de toxinas com efeitos prejudiciais à saúde dos
animais (LINDGREN et al., 1985).
A estabilidade aeróbica e deterioração das silagens estão
intimamente ligadas com a presença de fungos e leveduras presentes
na massa ensilada. Os fungos possuem ação de metabolizar os açucares
e ácidos orgânicos que resultará na formação de gás carbônico e água
e aumento na temperatura do silo. Outra ação é a degradação de
proteínas com consequente produção de amônia (NH3), a qual dificulta
o abaixamento do pH (McDONALD, HENDERSON e HERON, 1991). A
presença de leveduras somado aos fungos e bacilos também agem na
degradação do ácido lático, logo que ocorre a abertura dos silos com
agravamento na estabilidade das silagens, pois essa degradação gera
dióxido de carbono, ácido acético e etanol (LINDGREN et al., 1985).
A aplicação de aditivos biológicos em silagens tem por objetivo
a adição de BAL em quantidades suficientes para dominar o processo
fermentativo, a fim de produzir rapidamente ácido lático e a diminuição
do pH. Assim, junto com o peróxido de hidrogênio e as bactérias
produzidas no processo de fermentação, ocorre a preservação e
186
186 Fábio Jacobs Dias et al.
foi observado aumento na produção de leite (OLIVEIRA et al., 2017),
melhoria no desempenho devido a inibição de toxinas e microrganismos
prejudiciais (ELLIS et al., 2016), além do aumento na massa microbiana
do rúmen (CONTRERAS-GOVEA et al., 2011). No entanto, melhorias no
desempenho animal promovidas pela qualidade da silagem inoculada
são difíceis de explicar (MUCK et al., 2018).
As BAL heterofermentativas obrigatórias (2) correspondem à
família Lactobacillaceae, gênero Lactobacillus, Oenococcus, Leuconostoc
e Weissella. Dentre estes gêneros, o Lactobacillus da espécie buchneri
é mais estudado e visto como potencial em termos de uso para melhorar
a fermentação da silagem, por estar relacionado diretamente com a
estabilidade aeróbia das silagens (MUCK et al., 2018).
O uso de inoculantes combinados contendo BAL (3) visa alcançar
os benefícios que tanto as bactérias heterofermentativas facultativas,
quanta as obrigatórias oferecem, em um mesmo produto para qualidade
da silagem. A heterofermentativa facultativa controla o período de
fermentação ativa precoce, eliminando as enterobactérias, clostrídios
e outros microrganismos, para reduzir as perdas por proteólise e MS, e
espera-se rápida queda do pH. Enquanto que a BAL heterofermentativa
obrigatória (ex. L. buchneri), por sua vez converteria de forma lenta o
ácido lático em ácido acético, aumentando o pH e melhoria da
estabilidade aeróbica, após o período de fermentação ativa da silagem.
Quanto ao desempenho animal espera dessa associação a contribuição
no ganho de peso diário ou produção de leite, por exemplo, devido a
silagem ser conservada de forma ideal e se manterá fresca no cocho
(MUCK et al., 2018).
Outros inoculantes (espécies não BAL) (4) como Streptococcus
bovis, Propionibacterium acidipropionici, espécies de Bacillus e
leveduras foram investigados nos últimos anos. Um exemplo de
inoculação em silagens, é com espécies de Propionibacterium para
produção de ácido propiônico durante a ensilagem e melhorar a
estabilidade aeróbica (MUCK et al., 2018).
Os aditivos químicos (5) em forma de ácidos e sais, também são
usados em silagens. O ácido fórmico pode ser usado para causar uma
188
188 Fábio Jacobs Dias et al.
Uso da silagem de grão de milho reidratado na alimentação animal
O desempenho produtivo de diferentes espécies de animais de
produção foi investigado por meio de estudos científicos desenvolvidos
com objetivo de avaliar os efeitos do uso de silagem de grão de milho
reidratado. Até o momento, estudos com bovinos de corte e leite, ovinos
e suínos em fase de crescimento (Tabela 4) foram conduzidos e
apresentam resultados de ganhos satisfatórios com inclusão desse tipo
de alimento.
MS = Matéria seca
Fonte: Adaptado de Zanin et al. (2021a)
190
190 Fábio Jacobs Dias et al.
Bolson et al. (2020) avaliaram a eficiência do consumo de ração,
digestibilidade, eficiência microbiana e balanço de nitrogênio de
cordeiros em confinamento alimentados com inclusão de SGMR com
glicerina bruta ou água em substituição do milho seco. Os cordeiros
apresentaram consumo médio de 1,08 kg/dia e melhoria da
digestibilidade da MS com 73,15 % nas dietas com silagem de milho
reidratado. Foi observado que o consumo de FDN foi maior para o grão
de milho seco e a dieta contendo 225 g/kg de NM de glicerina bruta
teve menor ingestão de FDA. O balanço de nitrogênio e a eficiência
microbiana não foram afetadas pela inclusão de silagem na dieta. Os
autores desse estudo, concluíram que a inclusão de SGMR com 150 g/
kg NM de glicerina bruta é recomendada como ração em substituição à
dieta de milho seco, devido ao uso eficiente dos nutrientes da dieta e
melhoria no desempenho animal.
O uso de SGMR foi avaliado também quanto ao desempenho de
bovinos leiteiros. Arcari et al. (2016) avaliaram o efeito da substituição
do milho seco pelo milho reidratado com 90 dias de armazenamento
em dietas para vacas leiteiras sobre o consumo de nutrientes,
digestibilidade aparente do trato total e produção e composição do
leite. O aumento da inclusão da silagem causou aumento no consumo
de MS (18,79 kg/dia), PB e carboidratos não fibrosos e a ingestão de
FDN diminuiu quadraticamente. Foi observado aumento linear da
produção de leite (23,43 kg/vaca/dia) e a produção de gordura, proteína,
lactose e sólidos totais (3,04 g/100g) com inclusão da SGMR. Os autores
concluíram que a substituição do milho seco por grão reidratado
aumenta a produção de leite em 2,1 litros/vaca/dia e digestibilidade
total aparente do amido em 8% de vacas leiteiras no final da lactação.
Para Castro et al. (2019) o efeito da SGMR foi avaliado quanto
ao tamanho de partícula e a proporção de amido na dieta sob o consumo,
desempenho da lactação, digestibilidade dos nutrientes, perfil de
fermentação ruminal e comportamento mastigação de vacas leiteiras.
A moagem do milho com tamanho de partícula de 2.185 µm, segundo
os autores, não afetou o armazenamento do grão ensilado e o milho
armazenado por mais de 200 dias eliminou amplamente o efeito do
Considerações finais
De forma geral, a silagem de grão de milho reidratado é uma
alternativa de preservação e armazenamento dos grãos, bem como uma
forma de assegurar estoque de alimento em períodos críticos do ano. A
qualidade da silagem de grão reidratado está diretamente relacionada
com o processamento e a qualidade dos grãos, na qual a granulometria
durante a moagem deve ser considerada para cada espécie animal e
tempo de armazenamento. A reidratação do grão moído pode ser
realizada com uso do soro de leite integral, o qual é uma fonte líquida
192
192 Fábio Jacobs Dias et al.
alternativa à água, e oferece boa qualidade da silagem. Durante a
ensilagem dos grãos é importante considerar o uso de aditivos bacte-
rianos que aprimoram a conservação, fermentação e estabilidade ae-
róbia da silagem. O período de armazenamento da silagem (silo fecha-
do) é de no mínimo de 45 a 60 dias, sendo ideal um período maior que
90 dias de silo fechado, para garantir maior digestibilidade do amido,
matéria seca, e estabilidade aeróbia. Por fim, o uso crescente da silagem
de grão reidratado na alimentação animal caracterizam-na como
alimento alternativo ao grão de milho seco nas dietas.
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200
200 Fábio Jacobs Dias et al.
RESUMOS
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202 Fábio Jacobs Dias et al.
aeróbia, onde foram mensurados diariamente a temperatura do ar (OC).
As temperaturas das silagens no período após abertura foram obtidas
a cada 8 horas durante cinco dias por meio de um termômetro inserido
na massa de silagem contida nos baldes. A estabilidade aeróbia foi
calculada como o tempo gasto, em horas, para a massa de silagem
elevar em 1oC em relação à temperatura do ambiente. No período de
estabilidade aeróbia as silagens foram amostradas diariamente para
determinação do pH. As análises estatísticas foram realizadas pelo SAS
9.2 e as médias analisadas por regressão polinomial e medidas repetidas
no tempo, nível de significância de 5%. Resultados e Discussão: Foi
observado efeito de tempo e tratamento para a temperatura dos silo
no período da estabilidade aeróbia. Foi observado efeito quadrático
para a diferença de temperatura ambiental e a temperatura dos silos
com dose ótima de protease (extrato enzimático de Bacillus
licheniformis) de 1000 ml/ton. A silagem com inclusão de 1000 ml/ton
de protease perdeu a estabilidade aeróbia depois de 96 horas de
avaliação, enquanto a silagem controle perdeu a estabilidade com 36
horas de exposição ao oxigênio. Para o pH, foi observado efeito de
tempo e tratamento para adição de protease nas silagem de sorgo
gigante boliviano Agri 002E. Foi observado efeito linear decrescente
para a concentração de pH no período de exposição ao oxigênio, onde
quanto maior a inclusão de protease menor o pH obtido. Conclusões: A
inclusão de extrato enzimático de Bacillus licheniformis influenciou
positivamente a estabilidade aeróbia da silagem de sorgo gigante
boliviano Agri 002E, recomendando a dose de 1000 ml/ton.
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204 Fábio Jacobs Dias et al.
tampas com válvulas de Bunsen para permitir o escape dos gases. No
fundo dos silos, foi colocado areia seca (2kg) separada do capim
Mombaça por uma tela e um tecido de náilon para quantificação do
efluente produzido. Aos 60 dias de fermentação, foram novamente
pesados para determinação das perdas por gases e, em seguida, abertos
aos 60 dias. Após a retirada da silagem, o conjunto silo, areia, tela e
tecido de náilon foram pesados para quantificação do efluente e perdas.
As análises estatísticas foram realizadas pelo SAS 9.2 e as médias
analisadas por regressão polinomial, nível de significância de 5%.
Resultados e Discussão: Foi observado efeito quadrático (Pd” 0,028)
para as perdas por gases (matéria fresca e % da matéria seca), perdas
totais (% da matéria seca) e recuperação da matéria seca. Para todas
as variáveis supracitadas o ponto ótimo foi de 1000 ml/ton de extrato
enzimático de Bacillus licheniformis. A adição de enzimas exógenas
proteases na dose de 1000 ml/ton reduziu as perdas por gases e perdas
totais de matéria seca e aumentou a recuperação de matéria das
silagens de sorgo gigante boliviano. A adição de proteases pode ter
beneficiado o desenvolvimento de bactérias acido láticas por
proporcionar maior concentrações de nutrientes no processo de
fermentação reduzindo as perdas e aumentando a recuperação de
matéria seca. Conclusões: A inclusão de extrato enzimático de Bacillus
licheniformis na dose de reduziu as perdas de matéria de silagem de
sorgo gigante boliviano Agri 002E, recomendando a dose de 1000 ml/
ton.
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206 Fábio Jacobs Dias et al.
(CP, método 984.13), extrato etéreo (método 92039) e fibra em
detergente ácido (FDA) e lignina (método 973.18) foram avaliados de
acordo com AOAC (2000). Os teores de fibra em detergente neutro (FDN)
e amido foram analisados de acordo com Van Soest et al. (1991). As
análises estatísticas foram realizadas pelo SAS 9.2 e as médias analisa-
das por regressão polinomial, nível de significância de 5%. Resultados
e Discussão: Foi observado efeito linear crescente (Pd” 0,022) para os
teores de matéria seca, matéria orgânica, extrato etéreo, nutrientes
digestíveis totais e energia líquida de lactação, onde a inclusão de
extrato enzimático de Bacillus licheniformis aumentou as concentrações
dos nutrientes mencionados. Foi observado efeito quadrático (P = 0.002)
para os teores de proteína bruta com dose ótima de 1000 ml/ton de
extrato enzimático de Bacillus licheniformis. Foi observado 10,77% de
proteína bruta para o tratamento de 1000 ml/ton de protease, no entanto
para as silagem sem adição de proteína bruta o teor de proteína obtido
foi de 8.56%. Conclusões: A inclusão de extrato enzimático de Bacillus
licheniformis influenciou positivamente o valor nutricional da silagem
de sorgo gigante boliviano Agri 002E, recomendando a dose de 1000
ml/ton.
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208 Fábio Jacobs Dias et al.
ratura final (TF) antes das silagens serem realocadas de volta aos silos.
Após a realocação, os silos foram abertos com mais 30 dias de armaze-
namento, e feitos a avaliação sensorial das silagens, análises químico
– bromatológica e avaliação da estabilidade aeróbia. As perdas por
gases e a recuperação de MS foram quantificadas de acordo com as
equações propostas por Paziani et al. (2006). A composição químico-
bromatológica, foi obtida segundo Silva e Queiroz (2002) para matéria
seca (MS), matéria mineral (MM). Os valores de MO (matéria orgânica)
foram estimados pela seguinte formula: Em que: MO = 100 – MM. A
análise sensorial e estabilidade aeróbia, foram submetidos a análise
descritiva. Os resultados foram submetidos à análise de variância e
comparação de médias pelo teste de Tukey de acordo com o programa
estatístico SISVAR 5.6 ®, a um nível de significância de 5%. Resultados
e discussão: A avaliação sensorial quanto ao aspecto nutritivo e sanitário
das silagens realocadas de sorgo, foram classificadas como “Boa a
Muito Boa”, pois não demonstraram alterações significativas nos parâ-
metros analisados. Sobre as temperaturas inicial e final das silagens
antes de realocar, foi observado que as silagens com maiores TR (tempo
de realocação) apresentaram um aumento discreto nos valores de TF e
TMax. A Tmin apresentou uma diminuição dos valores entre as silagens
com maiores TR. As silagens expostas a realocação apresentaram
aumento no teor de MS (matéria seca), com o TR de 60h com maior teor
de MS em relação ao controle (P<0,05). Não foi observado efeito do TR
para PG (Perda de gases) e RMS (Recuperação de matéria seca),
(P>0,05). Para MM, MO, o TR foi significativo (P<0,05), com maiores
teores de MM no T2 (3,75%) e T10 (3,44%). Foi observado aumento
significativo de MO em todas as silagens que ficaram expostas ao ar
por diferentes tempos. Em relação a estabilidade, as silagens ficaram
até 36 horas sem quebra de estabilidade. Conclusões: Silagens de sorgo
bem conservadas podem ser realocadas por um tempo de até 36 horas
de exposição ao ar sem quebra de estabilidade e perda de valor nutritivo
e sanitário, com aumento significativo de matéria seca.
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20% de formato de sódio). 4 – AcP (adição de produto à base de ácido
propiônico: mistura de 2 ml / kg de ácido propiônico 50-60%, ácido
fórmico 15-20% e propionato de sódio 1-5%, 1- propionato de glicerol
5% e 15-25% glicerol). A cultivar de soja (Glycine max L.) utilizada foi
GMX CANCHEIRO RR, colhida no estágio vegetativo R7 nas condições
de cultivo do sul de Mato Grosso do Sul. Os silos experimentais foram
abertos a cada 30 dias, compondo 6 tempos de abertura e 180 dias de
armazenamento total. Após a abertura dos silos, amostras foram
colocadas em baldes plásticos, pesadas e armazenadas em temperatura
ambiente para avaliação da estabilidade aeróbia, onde foram mensu-
rados diariamente a temperatura do ar (OC). As temperaturas das
silagens no período após abertura foram obtidas a cada 8 horas durante
cinco dias por meio de um termômetro inserido na massa de silagem
contida nos baldes. A estabilidade aeróbia foi calculada como o tempo
gasto, em horas, para a massa de silagem elevar em 1oC em relação à
temperatura do ambiente. No período de estabilidade aeróbia as
silagens foram amostradas diariamente para determinação do pH. Os
dados foram submetidos a análise de variância utilizando o PROC MIXED
(versão 9.3, SAS Institute, Cary, NC). Resultados e Discussão: Houve
efeito de tratamento (P<0,001), tempo (P<0,001) e interação (pd”0,04)
em todos os períodos avaliados (P<0,001) para a temperatura. Para o
pH houve efeito de tratamento (P<0,001) com exceção aos 120 dias
(P>0,05), efeito de tempo (Pd”0,019) em todos os períodos avaliados.
Os tratamentos com aditivos reduziram a temperatura (ambiente – silo
°C) no silo em todos os períodos (P<0,001), e, com exceção aos 30 dias
de armazenamento (P=0,811), os aditivos diminuíram o pH da silagem
ao longo da exposição aeróbia em relação ao controle (Pd”0,004). As
silagens com adição de ácidos orgânicos tiveram a menor elevação de
temperatura e tiveram redução de pH nos períodos avaliados, em relação
ao INO (Pd”0,007). Conclusões: A adição de ácidos orgânicos influenciou
positivamente a estabilidade aeróbia da silagem de soja de planta
inteira. Recomenda-se o tempo mínimo de abertura de 90 dias para
silagem de soja planta inteira.
¹ Universidade Federal do Oeste do Pará, Travessa Rui Barbosa, 146 - Centro. Santarém, Pará, CEP 68.005-
080, Brasil. E-mail: kely20125026@gmail.com
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terizaram-se como tecnificadas, com utilização de técnicas de ensilagem
compatíveis à obtenção de silagem de boa qualidade. As forrageiras
mais utilizadas foram o milho e o capim BRS Capiaçu, sendo
confeccionadas entre os meses de março a setembro. O tipo de
colheitadeira mais utilizada foi o puxado a trator, sendo utilizada
máquina autopropelida em uma única propriedade. Em todas as
propriedades o tipo de serviço utilizado foi próprio, ou seja, as máquinas
e os equipamentos para o corte e ensilagem pertenciam aos produtores.
Dos 5 produtores que participaram da pesquisa, apenas um utilizava
assistência técnica na confecção de silagem. A produção média de
silagem das fazendas/propriedades eram em torno de 20 a 200
toneladas. Os silos utilizados foram o silo tipo trincheira, de superfície
e em sacos. De acordo com os produtores, o tipo de lona/filme plástico
que é usada para cobrir/vedar os silos é a lona dupla face de 200 micras,
sendo utilizado como cobertura da lona, terra e pneus. Quando
perguntado se utilizam aditivos, todos os produtores responderam que
sim. O armazenamento da silagem em três propriedades era feito em
sacos prensados, numa delas era armazenada em lona na superfície do
solo e em uma não houve resposta. O tempo de armazenamento do
material ensilado variou de 2 a 12 meses, contudo, três dos produtores
responderam que se o silo estivesse bem vedado a silagem ficava
armazenada por um tempo indeterminado. Em relação ao tempo de
utilização da silagem, as respostas variaram de 2 a 12 meses. Nas cinco
propriedades, a descarga da silagem era realizada de forma manual,
sendo fornecida, principalmente, para animais de corte (Nelore) e de
produção leiteira (Gir, Girolando e búfala da raça Murrah). A produção
de silagem na região de Santarém é baixa, os poucos produtores que
produzem, utilizam para consumo próprio, sendo que 4 dos 5 produtores
responderam que vendem o excedente da silagem produzida. Em
respostas as perguntas sobre as maiores lacunas da produção de
silagem, os produtores citaram os valores altos para a produção, os
custos elevados de insumos, a falta de espécies adequada ao processo
de ensilagem, principalmente do milho e, a dificuldades na colheita e
armazenamento. Já em relação a pergunta sobre quais as principais
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USO DE FARELOS DE MILHO, ARROZ E TRIGO COMO
SEQUESTRANTES DE UMIDADE EM SILAGEM DE RESÍDUOS
AGROINDÚSTRIAIS DE ABACAXI
Introdução: O uso de aditivos em silagens tem sido cada vez mais es-
tudados com o objetivo de reduzir perdas e / ou melhorar o valor nu-
tricional das silagens, trazendo benefícios para o desempenho dos ani-
mais e da indústria. Com o grande desenvolvimento da produção animal,
a alimentação tem sido alvo de grandes estudos, silagens de resíduos
agroindústrias tem ganhado espaço. É grande as quantidades de restos
de cultura e resíduos que são produzidos, porém com pouca utilização
na alimentação animal. O subproduto do abacaxi (Ananas comosus), já
tem sido visto como alternativa para a alimentação de animais e na
consorciação com os aditivos que por sua vez funcionam como seques-
tradores de umidade, tem possibilitado o aumento da qualidade desse
alimento. Portanto, o trabalho objetivou avaliar as características físico-
química e bromatológica da silagem de resíduos agroindustriais do
abacaxi, com o uso de aditivos sequestrantes de umidade, farelo de
milho, arroz e trigo. Material e métodos: O ensaio foi conduzido no
Laboratório de Bromatologia da Universidade Federal do Oeste do Pará
– UFOPA. Foram feitos quatro tratamentos: resíduo de abacaxi (sem
uso de aditivo) e resíduo de abacaxi com os aditivos com a adição de:
20% farelo de milho, 20% de farelo de arroz e 20% de farelo de trigo)
sendo 5 repetições para cada tratamento. O delineamento utilizado foi
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ANAIS DO 2o SIMPÓSIO: produção, qualidade e sustentabilidade
de forragens conservadas na Amazônia Ocidental 217