A Crise Do Direito Do Trabalho - Outros Caminhos Possíveis
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O Direito ao Trabalho é um direito social e fundamental. Tal direito, de segunda geração, se firma nas
Cartas Sociais após o reconhecimento dos direitos civis e políticos, originários das grandes revoluções e
objetivo primeiro delas. Todo direito fundamental volta-se contra o Estado e contra os particulares.
Àquele primeiro deve assegurar o pleno exercício do Direito ao Trabalho, impondo-se assim, uma ordem
positiva, qual seja, a obrigação de fornecer serviços e meios para viabilizar o exercício do direito; e
outra, de ordem negativa, que se traduz nas obrigações de não violar o exercício daqueles direitos.
Elementar se fez o nascimento da intervenção estatal, para que se assegurasse direitos mínimos e a
dignidade do trabalhador. Novos tempos surgem com as revoluções industriais — cada uma a seu turno,
ratificando a necessidade de acautelamento daquele que, em tese, era a parte mais frágil das relações. O
Direito do Trabalho, então, formou-se voltando para proteção do trabalhador, com objetivo de assegurar
o desnível entre o devedor e o credor do trabalho e, consequentemente, a melhoria da situação do
trabalhador, pretendendo atingir sempre, um número cada vez maior de trabalhadores a serem tutelados.
Esta realidade também foi a inspiradora da positivação nacional acerca da matéria, e é nela que está
fundada a CLT. Isto é, volta-se para a proteção do empregado estritamente subordinado, garantindo-lhe
um mínimo de direitos. A intervenção Estatal é percebida, não só nas normas jurídicas postas, mas
também nos diversos julgados cuja solução de controvérsias se dá com fundamento na aplicação do
princípio protetivo. Sendo assim, o Estado, em todas as suas instâncias, preocupa-se com a situação
forjada em um cenário de desigualdade entre as partes, que forma a relação contratual trabalhista,
tentando, através destas linhas cogentes, amenizar a tal dita desigualdade pelos instrumentos e meios que
possui para manter o equilíbrio.
Todavia, as diversas transformações (sociais e econômicas), causaram uma fratura naquele sistema
originalmente destinado a relações contratuais estritamente subordinadas. Hoje, é preciso reconhecer que
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nem todas as relações de trabalho são subordinadas e (não necessariamente) se encaixam naqueles
vetustos moldes celetistas. Ao mesmo tempo que o Direito do Trabalho, em seu nascimento e primeiras
linhas, alcançou o mérito de atenuar a debilidade do trabalhador, a universalização de metas e a
progressividade da sociedade, acabou por se voltar contra a sua própria ciência. Em outras palavras, o
texto destinado aos trabalhadores, por vezes, os engessa.
Fratura
É incontestável que o Direito do Trabalho sofreu uma fratura no decorrer de sua história. Seu nascimento
se deu em torno do trabalho estritamente subordinado, numa época em que as relações eram
absolutamente desiguais, e que de fato, o empregador era o detentor de todos os meios de produção, o
senhor do posto de trabalho. Ocorre, que os tempos são outros. Nem todas as relações se encaixam
naquele padrão restrito, apregoado pelos dispositivos que ensinam quem será empregado e quem será
empregador. É preciso considerar que as relações podem ser exclusivamente de prestações de serviços,
com ampla liberdade de tratativas, frente ao eventual — e possível — equilíbrio entre os contratantes. O
mundo mudou.
Spacca
Diante de uma realidade em que o trabalho é realizado em todo e qualquer lugar, onde a tecnologia
prepondera, não se pode considerar, de plano, que as relações se tratam, exclusivamente, daquela
subordinação existente na CLT. É preciso reconhecer e observar a crise naquele modelo onde apenas
uma das partes estabelecia “vontades”, em que apenas uma das faces poderia “direcionar” o negócio.
Nem sempre é sobre subordinação, as vezes trata-se de acordo de vontades, previamente ajustada e,
definitivamente, anuída — por qualquer razão que seja. Trocando em miúdos, o modo de se determinar
a forma como o trabalho será desenvolvido, não segue mais os padrões originais.
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Outrossim, não nos parece, que a Carta Constitucional tenha falhado naquilo que pretendeu tutelar. O
que não se quer é permitir, é que com apoio no texto constitucional, se pense que tudo será decidido e
regulado. Essa não é a missão da Constituição, tampouco facultar ao intérprete, ante a inércia legislativa,
a possibilidade de regulamentar, questões que as normas não fazem. Ou pior: aceitar que quem interpreta
o direito posto, aplique a Constituição para solucionar tudo como papel, “valendo-se” das tintas
utilizados no texto constitucional para solucionar questões negociais ou fatuais ao seu modo, sob a
cortina de fumaça que em tese, responde o caso concreto. O juiz tem por limite a lei.
A Constituição não o legitima a criá-la. O sistema legislativo atual é ineficiente e não cumpre os
postulados Constitucionais, não garante a dignidade do trabalhador, muito menos permite que se cumpra
com o objetivo dos valores sociais do trabalho. É chegada a hora de se conceder ao trabalhador mais do
que a garantia do registro em sua CTPS e do pagamento de horas extras, férias e 13º salário. Faz-se
urgente que se dê garantias efetivas de seus direitos sociais mínimos, quais sejam: educação, a saúde, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (artigo 6º CRFB).
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