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Garantia Da Constituição em Mocambique

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ÍNDICE

1.Introdução.......................................................................................................................3
2.Contextualização............................................................................................................4
2.1.Garantia constitucional............................................................................................4
2.2.Conceito de Constituição.........................................................................................4
2.2.1.Concepções sobre a Constituição......................................................................5
2.3.Função do estado na garantia dos direitos sociais...................................................6
2.3.1.Garantias e remédios constitucionais................................................................7
2.3.2.Mandado de Segurança.....................................................................................7
2.3.3.Mandado de Segurança Colectivo.....................................................................9
2.3.4.Mandado de Injunção........................................................................................9
3.A Acção Directa de Inconstitucionalidade por Omissão..............................................13
Conclusão........................................................................................................................15
Bibliografias....................................................................................................................16

1.Introdução

O presente trabalho de pesquisa tem como tema ‘’Garantia da Constituição’’,


Segundo Buzaid (2009), muito se ouve e muito se lê sobre direitos e garantias

Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com Pemba - 846458829


fundamentais, mas poucos atentam para o facto de que direitos não se confundem com
as garantias.

De nada adiantaria a um documento constitucional proclamar direitos sem afiançá-los


por meio de garantias, disso dependendo a própria força normativa da Constituição. Nas
palavras de Alfredo Buzaid, “conferir garantias constitucionais significa prover os
direitos de remédios que correspondem à sua grandeza, à sua dignidade e à sua
importância” (BUZAID, 2009 p. 193).

Atento a isso, o constituinte muniu os direitos de uma correlata protecção instrumental,


embora nem sempre pareça nítida essa correlação. Para extremar os direitos
fundamentais das garantias fundamentais, é válido fazer uso do raciocínio estabelecido
por Ruy Barbosa. Enquanto os direitos são albergados em dispositivos declaratórios ou
enunciativos, as garantias estão plasmadas em normas de cunho assecuratório ou
instrumental.

A diferenciação, contudo, diz Buzaid (2009), não deve ser levada ao extremo. Por
vezes, a mesma norma constitucional alberga um direito e uma garantia. Aprofundando
o tema, não se pode olvidar que o direito de impetrar mandado de segurança, mandado
de injunção, habeas data, habeas corpus ou de propor acção popular traduz o exercício
do direito constitucional de acção do boletim da república. Assim, segundo Buzaid
(2009), todo remédio constitucional é garantia fundamental, mas não vale a recíproca.
Note-se que não é qualquer direito que encontra amparo nos remédios constitucionais,
mas apenas os direitos mais caros da civilização, quais sejam, aqueles qualificados
como fundamentais.

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2.Contextualização

2.1.Garantia constitucional

Garantia constitucional é o conjunto de direitos que a Lei Magna ou Lei Maior


(Constituição) de um país assegura aos seus cidadãos. A Constituição Federal inclui
entre as garantias individuais o direito de petição, o habeas corpus, o mandado de
segurança, o mandado de injunção, o habeas data, a acção popular, aos quais
encontram-se na doutrina e na jurisprudência, o nome de remédios de Direito
Constitucional.

2.2.Conceito de Constituição

Todo Estado possui uma Constituição, que é o seu modo de ser, de se organizar e
funcionar. Também pode ser chamada por outros termos, como Carta Magna, Lei
Maior, entre outros.

Na doutrina, destaca-se o conceito de José Afonso da Silva:

A constituição do Estado, considerada sua lei fundamental, seria, então, a organização


de seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras,
que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o
exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua acção, os
direitos fundamentais do homem e suas respectivas garantias. Em síntese, a
Constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.

Percebe-se que, mesmo quanto aos Estados onde a Constituição não conste escrita em
um texto próprio, como na Inglaterra (onde as normas constitucionais são baseadas no
costume), é correcto dizer que possuem Constituição, já que a forma escrita não é
requisito desta. Ainda, as Constituições actuais não tratam apenas do Estado, mas
também elencam direitos aos seus cidadãos e estrangeiros, e mecanismos judiciais e
administrativos para efectivação de tais direitos.

Alexandre de Moraes nos brinda com o conceito "ideal" de Constituição, como triunfo
do movimento constitucional do século XIX, ao transcrever as seguintes palavras do
mestre português Canotilho:

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Este conceito ideal identifica-se fundamentalmente com os postulados políticos -
liberais, considerando-os como elementos materiais caracterizadores e distintivos os
seguintes:

a) A constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta


essencialmente concebida no sentido de reconhecimento de direitos individuais e
da participação dos cidadãos nos actos do poder legislativo através do
parlamento);
b) A constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia
orgânica contra os abusos dos poderes estatais;
c) A constituição deve ser escrita (documento escrito).

2.2.1.Concepções sobre a Constituição

A dificuldade de estabelecer-se um conceito para a Constituição decorre da existência


de concepções prévias sobre o que é ou deveria ser uma Constituição e qual o conteúdo
que ela deveria veicular. Ou seja, se ela é um mero instrumento jurídico para a
organização do Estado, ou deve possuir um sentido político de eleger programas e
tarefas a serem alcançadas ou, ainda, se deve reflectir os valores da realidade social do
Estado no qual se insere.

Identificam-se três principais concepções ou sentidos sobre a Constituição:

1. Concepção sociológica: para Ferdinand Lassalle, em seu ensaio O que é uma


Constituição, a Constituição é a soma dos factores reais do poder que regem um
país. Os agentes do poder são os que representam a Constituição real e efectiva,
sendo que a Constituição escrita, caso não represente esses factores, não será
mais que uma "folha de papel". Sempre prevalece a vontade daqueles que detêm
efectivamente o poder. Se as normas escritas na Constituição coincidirem com a
vontade de quem titulariza o poder, essas normas serão legítimas. Trata-se,
assim, de distinguir entre o mero texto formal de uma Constituição e a realidade
do efectivo exercício do poder.
2. Concepção política: elaborada por Carl Schmitt, entende a Constituição como a
decisão política fundamental. A partir daí, faz distinção entre Constituição (que
se restringe às normas do texto que versam sobre decisões fundamentais sobre a
forma do Estado) e leis constitucionais, que são aquelas normas que, muito

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embora também constem do texto da Constituição, não tratam de matéria
estritamente constitucional.

Em Moçambique, essa distinção era feita na Constituição de 1975, cujo artigo


estabelecia que era "só Constitucional o que diz respeito aos limites, e atribuições
respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos, e individuais dos Cidadãos.
Tudo, o que não é Constitucional, pôde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas
Legislaturas ordinárias". Na actual Constituição de 1975, tal distinção não mais
subsiste, devendo o procedimento de alteração do texto seguir o disposto no artigo 60,
como será estudado mais adiante em Emenda, reforma e revisão.

2.3.Função do estado na garantia dos direitos sociais

O objecto do direito social consiste na prestação de um serviço, ou na sua


impossibilidade, de uma contrapartida que o garanta. A Constituição da república
declara que o Estado é responsável por atender aos direitos sociais. Assim, cabe à
pessoa que necessite de protecção a seus direitos exigir a prestação concreta por parte
do Estado.

Compete ao Estado assegurar esses direitos, através da implementação dos serviços


públicos. A prestação de serviços para garantia dos direitos sociais cria ónus para o
Estado e de forma indirecta para os contribuintes.

Em algumas situações, o dever de se cumprir os direitos sociais é dividida com a


sociedade, a família ou com o empregador, cabendo nestes casos ao Estado a
fiscalização e instrumentos para torná-los efectivos. Os direitos sociais gozam de
coercibilidade, pois uma vez reconhecidos, incumbe ao Estado restabelecê-los
coercitivamente caso violados, mesmo que o transgressor seja agente ou órgão do
Estado.

O Poder Executivo é o responsável pela satisfação dos direitos sociais, caso o


administrador público não cumpra seu dever, faz-se necessária uma protecção contra o
administrador.

A Constituição da república de 1975 normatizou respostas ao desrespeito aos direitos


sociais, dentre elas estão a acção de inconstitucionalidade por omissão, art. 103, § 2º, o
mandado de injunção e o mandado de segurança.

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O método de protecção judicial objectiva proteger os direitos fundamentais corrigindo o
desrespeito perpetrado pelo administrador. Os pressupostos de responsabilização do
Estado são a existência do dano e a imputação deste a actuação omissiva ou comissiva
do agente público.

2.3.1.Garantias e remédios constitucionais

Os direitos caracterizam-se por serem declaratórios ou enunciativos e as garantias, por


sua vez, possuem carácter instrumental, isto significa que são mecanismos para
obtenção ou restauração dos direitos violados. No dizer do mestre José Afonso da Silva
(2011, p. 442) os remédios constitucionais, constituem em:

[...] meios postos à disposição dos indivíduos e cidadãos para provocar a intervenção
das autoridades competentes, visando sanar, corrigir, ilegalidade e abuso de poder em
prejuízo de direitos e interesses individuais. Alguns desses remédios revelam-se meios
de provocar a actividade jurisdicional, e, então, têm natureza de acção; são acções
constitucionais [...] São, pois, espécies de garantias, que, pelo seu carácter específico e
por sua função saneadora, recebem o nome de remédios, e remédios constitucionais,
porque consignados na Constituição.

O mandado de segurança e o mandado de injunção, como os remédios constitucionais e


a acção directa de inconstitucionalidade por omissão são os mais utilizados para
assegurar a eficácia na garantia dos direitos sociais e serão tratados mais
especificamente.

2.3.2.Mandado de Segurança

O mandado de segurança é o meio constitucional à disposição de todos para salvaguarda


de direito individual ou colectivo, líquido e certo, que não seja amparado por habeas
corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

O mandado de segurança é regulamentado pela Lei 12.016 de 07 de Agosto de 2009, a


fim de resguardar ao máximo os direitos do cidadão prevê, em seu art. 4º possibilidade,
em caso de urgência, de se impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma,

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fax ou outro meio electrónico de autenticidade comprovada, desde que observados os
requisitos legais.

Quanto ao cabimento do mandado de segurança, Alexandre de Moraes (2009, 152)


lecciona que:

Desta forma, importante ressaltar que o mandado de segurança caberá contra os actos
discricionários e os actos vinculados, pois nos primeiros, apesar de não se poder
examinar o mérito, deve-se verificar se ocorreram os pressupostos autorizadores de sua
edição e, nos últimos, as hipóteses vinculadoras da expedição do acto.

O mandado de segurança poderá ser repressivo, quando a ilegalidade já houver sido


cometida, ou preventivo, quando o impetrante tiver justo receio de sofrer uma violação
de direito líquido e certo por parte da autoridade impetrada. Mesmo no último caso,
haverá necessidade da comprovação de um ato ou uma omissão concreta que esteja
pondo ou possa por em risco o direito do impetrante.

O mandado de segurança pode ser utilizado para a execução forçada do ato omitido pelo
Poder Público, por intermédio da autoridade coactora, almeja-se o mandado, a ordem. O
ato impugnado pode ser comissivo ou omissivo.

Deve-se compreender ato de autoridade não apenas aqueles que se originam na entidade
pública em si, mas também os perpetrados por administradores de entidades para
estatais, inclusive os que exercem funções delegadas. Nos termos do art. 1º, §1º, da lei
de regência são equiparados a autoridades os representantes ou órgãos de partidos
políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de
pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público,
somente no que disser respeito a essas atribuições.

A evolução do instituto ampliou a sua actuação, abrangendo ilegalidade ou abuso de


poder, inclusive em sede de aptos discricionários. Sobeja entender o direito subjectivo
como faculdade do titular do direito de exigir o cumprimento do dever de quem esteja
obrigado.

Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com Pemba - 846458829


Conforme entendimento do procurador-geral da república, "direito liquido e certo é o
que resulta de fato certo, ou seja, é aquele capaz de ser comprovado, de plano, por
documentação inequívoca”. O direito deve ser existir efectivamente, uma vez que o
mandado de segurança não tutela mera expectativa de direito.

A maioria das normas programáticas insertas no artigo 6º da Constituição define direitos


líquidos e certos e pode ser atacada, em caso de violação, por Mandado de Segurança,
tanto em caso de acção como de omissão da autoridade pública.

2.3.3.Mandado de Segurança Colectivo

Após a Constituição da república passou a ser previsto o mandado de segurança


colectivo, conceituado da seguinte forma por Alexandre de Moraes (2009, p. 163):

O art. 5º, inciso, da Constituição da república criou o mandado de segurança colectivo,


tratando-se de grande novidade no âmbito de protecção aos direitos e garantias
fundamentais, e que poderá ser impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional e organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano em defesa dos interesses de seus
membros ou associados.

O mandado de segurança colectivo pode ser impetrado por certas entidades para
salvaguarda de interesses comuns dos seus associados. Pode ser utilizado por partido
político com representação no Congresso, organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados.

O objecto deve consistir na defesa de um direito colectivo, compreendendo-se direito


colectivo como aquele que atinge todo um agrupamento de pessoas, unidas por situação
fáctica semelhante, ligadas por traço jurídico que permita agrupá-las.

2.3.4.Mandado de Injunção

Conforme art.5º, inciso, da Constituição da república conceder-se-á mandado de


injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício de
direitos e liberdade constitucional e das prerrogativas inerentes à soberania,
nacionalidade, à cidadania.

Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com Pemba - 846458829


Se não houver integração do direito assegurado pela Constituição por norma
infraconstitucional, pode ocorrer desta falta impedir a efectivação do direito, tornando-o
inócuo. O Mandado de Injunção pode ser também utilizado como um remédio colectivo,
uma vez que a Constituição, em seu art. 8º, prevê a possibilidade de ser impetrado por
sindicato.

O Supremo Tribunal da república decidiu por unanimidade pela auto-aplicabilidade do


mandado de injunção, independentemente de regulamentação por lei, em virtude do
disposto no art. 5º, § 1º, da Constituição da república, que dispõe que as normas
definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

A autora Flávia Piovesan (2010, p. 35), analisando o instituto esclarece:

Atente-se ainda que, no intuito de reforçar a imperatividade das normas que traduzem
direitos e garantias fundamentais, a Constituição de 1975 institui o princípio da
aplicabilidade imediata dessas normas, nos termos do art. 5º, § 1º. Este princípio realça
a força normativa de todos os preceitos constitucionais referentes a direitos, liberdades e
garantias fundamentais, prevendo um regime jurídico específico endereçado a estes
direitos. Vale dizer, cabe aos Poderes Públicos conferir eficácia máxima e imediata a
todo e qualquer preceito definidor de direito e garantia fundamental.

Em relação à protecção do direito tutelado, o impetrante deve demonstrar que a


Constituição outorgou-lhe o direito subjectivo abstractamente e seu exercício vem sendo
obstado pela omissão, em razão da falta de norma regulamentadora.

O mandado de injunção tem a finalidade de suprir uma omissão do Poder Público,


consiste numa acção constitucional para viabilizar o exercício de um direito, uma
liberdade ou prerrogativa prevista na Lei Maior.

O mandado de injunção foi previsto para possibilitar concretamente o exercício de


direitos e liberdades constitucionais, deve ser compreendido como direito público,
ensejando uma acção positiva. Pelo art. 103, § 2º e art. 5º LXXI da Constituição,
actualmente há falha do legislador em produzir normas integrativas. Actualmente, a fim
de tornar efectiva norma constitucional, merece o controlo do judiciário e não pode ficar
a mercê da obrigação simplesmente política.

Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com Pemba - 846458829


Após concedido, o mandado de injunção consiste em norma regulamentadora, que não
serve somente à aplicação da norma, mas à criação de ato administrativo e ato material.
A parte legítima para figurar no pólo passivo é o ente que suportará o ónus da
concessão, como assevera Flávia Piovesan (2010, p.127): “A legitimidade passiva recai
sobre o ente cuja actuação é necessária para viabilizar o exercício do direito e não recai,
portanto, sobre a autoridade competente para elaborar a norma regulamentadora
faltante.”

A competência é auferida em razão do órgão ou autoridade, responsável de elaboração


da norma regulamentadora.

Para Flávia Piovesan (2010, p. 130), compete ao poder Judiciário quando da concessão
do mandado de injunção:

a) Elaborar a norma regulamentadora faltante, suprindo, deste modo, a omissão do


legislador;
b) Declarar inconstitucional a omissão e dar ciência ao órgão competente para a
adopção das providências necessárias à realização da norma constitucional e;
c) Tornar viável, no caso concreto, o exercício de direito, liberdade ou prerrogativa
constitucional que se encontrar obstado por faltar norma regulamentadora.

Para Celso Bastos (2010, p. 221), no mandado de injunção: A solução para o problema
há de se obter conferindo ao magistrado a possibilidade de em cada caso escolher um
tipo de solução que melhor possa atender aos legítimos interesses dos impetrantes, sem
a necessidade de transmudar-se o julgador em legislar. A solução há-de ser, como
vimos, adaptada ao caso concreto, sempre muito variável porque também variável é o
tipo de integração que se requer. Não se nega que, em muitas hipóteses, ao magistrado
seja dado prover a situação com directrizes suficientes para conferir operacionalidade ao
direito do impetrante.

Este pensamento acarreta na ideia de discricionariedade dos Tribunais no julgamento do


Mandado de Injunção. O ideal é que ante o princípio da aplicabilidade imediata nas
normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, não se deve submeter estes
direitos à discricionariedade do Poder Judiciário, uma vez que isto provocaria a redução
da força vinculante dos direitos fundamentais e a ofensa ao princípio constitucional.

Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com Pemba - 846458829


O conselho de ministros de Moçambique conferiu ao mandado de injunção o carácter
substancial:

[...] no mandado de injunção, reconhecendo o juiz ou tribunal, em concreto, que o


direito que a Constituição concede é ineficaz ou inviável em razão da ausência da norma
infraconstitucional, fará ele, juiz ou tribunal, por força do próprio mandado de injunção,
a integração do direito à ordem jurídica, assim tornando-o eficaz e exercitável.

A Constituição da república almeja, por meio da decisão judicial, atribuir, ao titular, o


direito reclamado no caso concreto perante o Poder Judiciário. Desta forma, o
magistrado deve proferir decisão de carácter constitutivo, assim, a sentença que
reconhecer a omissão inconstitucional já pode normatizar a matéria até o suprimento da
omissão pelos responsáveis, dando-lhe, deste modo, um carácter concretista.

Para se vislumbrar a força normativa da Constituição da república, deve haver a vontade


tornar a norma concreta e isso deverá acontecer por intermédio dos magistrados, a fim
de garantir a eficácia da lei, considerando os ditames da Constituição e não apenas o
alvedrio do poder público, que tem se quedado inerte.

José Afonso da Silva (2011, p. 409) esclarece a aplicabilidade imediata dos direitos
fundamentais:

[...] em primeiro lugar, significa que elas são aplicáveis até onde possam, até onde as
instituições ofereçam condições para seu atendimento. Em segundo lugar, significa que
o Poder Judiciário, sendo invocado a propósito de uma situação concreta nelas
garantida, não pode deixar de aplicá-las, conferindo ao interessado o direito reclamado,
segundo as instituições existentes.

O mandado de injunção é um importante remédio constitucional para atacar a omissão


legislativa. Segundo Pedro Lenza (2012, p. 1054) a doutrina identifica quatro
importantes posições no julgamento do mandado de injunção:

[...] posição concretista geral: através de normatividade geral, o STF legisla no caso
concreto, produzindo a decisão efeitos erga omnes até que sobrevenha norma integrativa
pelo Legislativo; posição concretista individual directa: a decisão, implementando o
direito, valerá somente para o autor do mandado de injunção, directamente; posição
concretista individual intermediária: julgando procedente o mandado de injunção, o

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Judiciário fixa ao Legislativo prazo para elaborar a norma regulamentadora. Findo o
prazo e permanecendo a inércia do Legislativo, o autor passa a ter assegurado o seu
direito; posição não concretista: a decisão apenas decreta a mora do poder omisso,
reconhecendo-se formalmente a sua inércia.

Após o advento da Constituição o Supremo Tribunal da república passou a adoptar


posição não concretista no julgamento do mandado de injunção, entretanto, esse
entendimento, hodiernamente, está totalmente superado.

A procuradoria-geral da república, na apreciação de diversos Mandados de Injunção,


definiu que "o mandado de injunção é acção constitucional de natureza mandamental,
destinada a integrar a regra constitucional ressentida, em sua eficácia, pela ausência de
norma que lhe assegure o vigor pleno".

Conclui-se, desta forma, que o mandado de injunção tem natureza mandamental, o que
prestigia adequadamente o instituto inserido em nosso ordenamento pelo Constituinte
ordinário. A Constituição da república, ao adoptar o Mandado de Injunção, concedeu ao
poder Judiciário um encargo que não ofende o princípio da tripartição dos poderes, pois,
pelo sistema dos freios e contrapesos, torna-se necessário o controle da actividade
legislativa.

3.A Acção Directa de Inconstitucionalidade por Omissão

A Lei n. 12.063/2009 Incluiu o Capítulo II-A na Lei 9.868/1999 a fim de estabelecer a


disciplina processual da acção directa de inconstitucionalidade por omissão, antes desta
lei a matéria era encontrada de forma sintética na própria Constituição, e extraída da
praxe no Supremo Tribunal da república.

Enquanto o legislador tem a atribuição de fazer as normas concretizadora dos direitos e


garantias fundamentais, compete ao Poder Judiciário viabilizar a aplicabilidade imediata
destes preceitos, no caso de inexistência de lei concretizadora, e por fim ao
administrador cabe a materialização destes direitos, ao exercer sua atribuição
planificadora, de prestar serviços sociais, por meio da realização de políticas, visando a
efectividade dos direitos fundamentais.

Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com Pemba - 846458829


Segundo a procuradoria-geral da república (2012, p. 1224): É possível que a
problemática atinente à inconstitucionalidade por omissão constitua um dos mais
tormentosos e, ao mesmo tempo, um dos mais fascinantes temas do direito
constitucional moderno, envolvendo não só o problema concernente à concretização da
Constituição pelo legislador e todas as questões atinentes à eficácia das normas
constitucionais, mas também a argúcia do jurista na solução do problema sob uma
perspectiva estrita do processo constitucional.

A Constituição da república, na maior parte dos direitos sociais arrolados no art. 6º,
sujeita à legislação posterior para sua aplicação, e caso a normatização não exista será
necessários os instrumentos constitucionais, que neste caso são a acção directa de
inconstitucionalidade por omissão e o Mandado de Injunção.

Assim, a falha do legislador implica em inconstitucionalidade, quando redundar no


descumprimento do ofício de legislar, pois compete ao legislador dar eficácia à
Constituição.

A acção directa de inconstitucionalidade por omissão não será proposta para a prática
do acto administrativo no caso concreto, e sim visando a expedição da norma para o
implemento do preceito constitucional, que, sem ela, não pode ser aplicado. Vislumbra-
se por meio da acção de inconstitucionalidade por omissão, possibilitar o processo de
transformação das normas constitucionais de eficácia limitada em normas de eficácia
plena.

Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com Pemba - 846458829


Conclusão

Chegando o fim deste trabalho, foi possível concluir que a Constituição da república
inclui entre as garantias individuais o direito de petição, o habeas corpus, o mandado de
segurança, o mandado de injunção, o habeas data, a acção popular, aos quais
encontram-se na doutrina e na jurisprudência, o nome de remédios de Direito
Constitucional, ou remédios constitucionais, no sentido de meios postos à disposição
dos indivíduos e cidadãos para provocar a intervenção das autoridades competentes,
visando sanar, corrigir, ilegalidade e abuso de poder em prejuízo de direitos e interesses
individuais. Alguns desses remédios revelam-se meios de provocar a actividade
jurisdicional, e, então, têm natureza de acções constitucionais.

São garantias constitucionais na medida em que são instrumentos destinados a assegurar


o gozo de direitos violados ou em vias de serem violados ou simplesmente não
atendidos.

O objectivo desse trabalho é levar aos futuros pesquisadores e toda academia em geral,
que as informações sobre seus direitos, que raramente conhecem principalmente os
remédios constitucionais que o próprio cidadão pode impetrar a seu favor ou de outrem,
sem precisar de advogados ou de pagamentos. São direitos garantidos no artigo 5º da
constituição da república que protegem seu direito a liberdade, ao direito de ir e vir e
contra abusos, é exercer realmente a democracia e cidadania com respeito à dignidade
humana, sem necessidade de advogados ou pagamentos.

Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com Pemba - 846458829


Bibliografias

1. Alexandrino, Marcelo. Paulo, Vicente. Direito administrativo descomplicado.


19. ed. rev. e actual. São Paulo: Método, 2011.
2. Araújo, Luiz Alberto David. Nunes Júnior, Vidal Serrano. Curso de direito
constitucional. 16 ed. actual. São Paulo: Verbatim, 2012.
3. Bastos, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 22. ed. rev e actual. São
Paulo: Malheiro, 2010.
4. Bobbio, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio
de Janeiro: Campus, 1992.
5. bonavides, Paulo. Curso de direito constitucional. 27.ed. São Paulo: Malheiros,
2012.
6. Canotilho, J. J. Gomes. Direito constitucional Coimbra: Almedina, 1993, Apud
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. São Paulo: Atlas, 2010, p. 7.

Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com Pemba - 846458829

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