Saúde Caixa - Precedente
Saúde Caixa - Precedente
Saúde Caixa - Precedente
1
sentença em R$ 350,00, considerando o custo mensal do medicamento cerca de R$ 7.700,00
mensais.
9. Nos honorários fixados com base no art. 20 § 4 º do CPC, juiz não está adstrito aos limites do
§ 3º, anterior, podendo arbitrá-los com base no valor da causa, da condenação, ou em montante
fixo, dependendo da sua apreciação equitativa, observados o grau de zelo do profissional, o
lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado e o
tempo exigido para o seu serviço, devendo, por isso, ser mantido o quantum fixado na sentença
(R$ 4.500,00), ante a pouca complexidade do feito, não se justificando a sua elevação.
10. Não se reembolsam as despesas com a contratação de advogado, ato próprio da parte,
alheio à União, que responde apenas pelos honorários de sucumbência legalmente previstos.
As perdas e danos só incluem os prejuízos e os lucros cessantes por efeito direto e imediato de
determinada conduta imputável à outra parte. Precedente da Turma.
11. Agravo de instrumento não conhecido, por perda do objeto. Apelação da Caixa e
recurso adesivo do autor desprovidos.
ACÓRDÃO
Decide a Sexta Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da Segunda Região, por
unanimidade, não conhecer do agravo de instrumento da Caixa e negar provimento à
apelação e ao recurso adesivo, na forma do voto da Relatora.
Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 2015.
2
Agravo de Instrumento - Turma Espec. III - Administrativo e Cível
Nº CNJ : 0104774-98.2014.4.02.0000 (2014.00.00.104774-9)
RELATOR : Desembargadora Federal NIZETE LOBATO CARMO
AGRAVANTE : CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL
PROCURADOR : ADVOGADO DA UNIÃO
AGRAVADO : NEUTON MAGALHAES LOPES
ADVOGADO : MELISSA AREAL PIRES E OUTRO
ORIGEM : 21ª Vara Federal do Rio de Janeiro (01095169220144025101)
RELATÓRIO
A CAIXA, gestora do plano de assistência médica SAÚDE CAIXA, apela , e NEUTON LOPES,
[1]
Maria Alice Paim que, confirmando a antecipação da tutela, condenou a primeira a fornecer,
diretamente ou através de reembolso, o medicamento VOTRIENT 200mg ao autor, portador de
"tumor em região retro púbica", pena de multa diária de R$ 350,00; a ressarcir as despesas
efetuadas com a compra do medicamento e a pagar indenização de R$ 2 mil por danos morais,
convencida de que o convênio firmado entre o "Saúde Caixa" e o Senado não prevê a exclusão
de cobertura para a doença que acomete o autor, fixando os honorários advocatícios em R$
4.500,00.
A CAIXA advoga, inicialmente, a nulidade da sentença por cerceamento de defesa, tendo em
vista o desaparecimento dos documentos de fls. 28/31, novamente juntados pelo autor às fls.
249/251, sem que o magistrado oportunizasse novo prazo para vista.
No mérito, aduz que não pode ser condenada a pagar indenização por danos morais e
tampouco fornecer qualquer medicamento ao autor, beneficiário do SIS - Sistema Integrado de
Saúde, plano de saúde autônomo administrado pelo Senado Federal e oferecido a seus
servidores, e não do "Saúde Caixa", do qual tem apenas o direito de utilizar a rede credenciada.
Contrarrazões do autor às fls. 334/342.
A decisão de fls. 321 recebeu o apelo tocante ao fornecimento do fármaco VOTRIENT 200mg,
tão-somente no efeito devolutivo, e a Caixa agravou de instrumento (nº 2014.00.00.104774-9)
para que o recurso seja recebido em seus regulares efeitos.
No recurso adesivo, o autor pede a majoração da multa diária, pelo contínuo descumprimento
da obrigação de fazer; a majoração da indenização por danos morais; o reembolso das
despesas gastas com a contratação de advogado; e a majoração dos honorários.
Em contrarrazões ao recurso adesivo, a Caixa noticiou que o autor não faz mais uso do
[4]
É o relatório.
assinado eletronicamente (lei nº 11.419/2006)
NIZETE ANTÔNIA LOBATO RODRIGUES CARMO
Desembargadora Federal
1
[2] Fls. 343/353.
[3] Fls. 267/274.
[4] Fls. 357/366.
[5] Fls. 398/414.
2
Agravo de Instrumento - Turma Espec. III - Administrativo e Cível
Nº CNJ : 0104774-98.2014.4.02.0000 (2014.00.00.104774-9)
RELATOR : Desembargadora Federal NIZETE LOBATO CARMO
AGRAVANTE : CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL
PROCURADOR : ADVOGADO DA UNIÃO
AGRAVADO : NEUTON MAGALHAES LOPES
ADVOGADO : MELISSA AREAL PIRES E OUTRO
ORIGEM : 21ª Vara Federal do Rio de Janeiro (01095169220144025101)
VOTO
O agravo de instrumento perdeu o objeto, pela superveniente falta de interesse de
agir. A Caixa pretende o efeito suspensivo para não fornecer o fármaco VOTRIENT 200mg, mas o
email do Sistema Integrado de Saúde do Senado Federal, juntado pela própria empresa pública,
[6]
confirma que o paciente não faz mais uso do medicamento. Leia-se :
[...]
Entramos em contato com o senhor Neuton Magalhães Lopes, e a sua esposa,
senhora Marília, informou que o beneficiário fez uso do medicamento Votrient de
20/02/2014 a 09/06/2014 e que já não faz mais uso do mesmo.
A senhora Marília informou ainda que enviou as notas fiscais da compra do
medicamento para o setor da SIS, que reembolsou 50% do valor da nota.
1
comprovando ser o Autor beneficiário do plano.
A rede credenciada do “Saúde Caixa” está disponível na página do SIS (Senado)
e no site do “ Saúde Caixa”.
Desta forma, cumpre afastar a preliminar de ilegitimidade ad causam alegada
pela CEF, pois o Senado Federal, através do SIS, e o “Saúde Caixa” firmaram um
convênio visando o compartilhamento da rede credenciada da “Saúde Caixa”.
Passo ao exame do mérito.
Na hipótese, foi comprovada a prescrição do medicamento VOTRIENT
200MG, 4 comprimidos ao dia, pelo médico assistente do Autor (cópia de receita
às fls. 39/40).
Compulsando os autos, verifica-se, às fls. 41/44, uma série de e-mails trocados
entre a “Saúde-Caixa” e o representante do plano de saúde junto ao Senado
Federal. Constam provas do registro do medicamento junto à ANVISA e, ainda, e-
mail de fls. 42, com informação de que o medicamento tem reembolso garantido
pela Instrução Normativa nº 2 de 2012, art. 1º, inciso I combinado como art. 5º da
mesma norma, para tratamento ambulatorial de doenças neoplásicas.
Os documentos mencionados instruem a inicial e comprovam a enfermidade
alegada, relacionando-a exatamente ao medicamento ora solicitado.
Ocorre que, apesar de ter sido deferido o pedido de antecipação de tutela,
determinando à Ré que forneça ao Autor o medicamento VOTRIENT 200mg, em
quantidade suficiente para o seu tratamento mensal, o Autor informa, às fls.
264/265, que a Ré não vem cumprindo a determinação e junta nota fiscal, referente
à compra da terceira caixa do medicamento em 22/04/2014. Afirma que já efetuou
a compra de 04 (quatro) caixas do remédio, mesmo sem ter condições financeiras
de arcar com o tratamento e requer a reparação.
Constam outros comprovantes de pagamento, referentes à compra do
medicamento solicitado (fls. 252/257). exclusão de cobertura para a doença que
acomete o Autor, sendo que restou evidenciada a necessidade do medicamento,
conforme receituário médico de fls. 39/40. Com isso, não importa a forma como
será ministrado o medicamento - via intravenosa, no âmbito domiciliar ou
ambulatorial -, cabe ao plano de saúde arcar com as despesas do tratamento.
Impõe-se uma interpretação do contrato, de acordo com o Código do
Consumidor, na forma do seu art. 47, considerando que o medicamento utilizado se
enquadra no conceito do tratamento em si, e não um medicamento qualquer, dela
dissociado.
Dispõe o art. 47 do CDC:
“Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais
favorável ao consumidor.”
Aliás, diversos são os julgados do e. STJ que reconheceram a abusividade da
cláusula que exclui medicamentos domiciliares, a despeito de o contrato abarcar a
patologia acometida pelo beneficiário.
Neste sentido, colaciono o seguinte julgado:
1.- A jurisprudência desta Corte é no sentido de que o plano de saúde pode
2
estabelecer as doenças que terão cobertura, mas não o tipo de tratamento
utilizado para a cura de cada uma delas. 2.- "É abusiva a cláusula contratual que
determina a exclusão do fornecimento de medicamentos pela operadora do
plano de saúde tão somente pelo fato de serem ministrado em ambiente
ambulatorial ou domiciliar." (AgRg no AREsp 292.901/RS, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, DJe 04/04/2013). 3.- Agravo Regimental improvido.
(AgRg no AREsp 300.648/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 23/04/2013, DJe 07/05/2013)
AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - NÃO OCORRÊNCIA - RECUSA DE
COBERTURA DOS MEDICAMENTOS CORRELATOS AO TRATAMENTO
DE QUIMIOTERAPIA, MINISTRADOS EM AMBIENTE DOMICILIAR -
IMPOSSIBILIDADE - ABUSIVIDADE DA CLÁUSULA RESTRITIVA -
VERIFICAÇÃO - AGRAVO IMPROVIDO. (AgRg no Ag 1137474/SP, Rel.
Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/02/2010,
DJe 03/03/2010)
Impende ressaltar que o plano de saúde pode estabelecer as doenças que terão
cobertura, mas não o tipo de tratamento utilizado para a cura de cada uma delas, o
que cabe ao médico assistente do paciente.
Entendo devidos os danos morais, pois a recusa de cobertura de plano de saúde
agravou a situação de aflição psicológica e de angústia do Autor.
Ademais, apesar de ter sido deferido o pedido de antecipação de tutela,
determinando à Ré que forneça ao Autor o medicamento VOTRIENT, a mesma se
recusou a fazê-lo.
Conforme jurisprudência do e. STJ é cabível a indenização por danos morais nas
hipóteses de recusa pela operadora de plano de saúde em autorizar tratamento a que
estivesse legal ou contratualmente obrigada.
[8]
Neste sentido:
Devida, assim, a indenização em danos morais. [...]
3
beneficiários diretos do plano da Caixa para obter reembolso ou fornecimento de medicamentos
oncológicos.
O reembolso pelo SIS de 50% do valor do medicamento adquirido pelo autor,
conforme fls. 41/43 e 366, não exime a Caixa do pagamento do medicamento, possibilitando
apenas a diminuição de seu encargo.
A Caixa está registrada na Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como
operadora de plano de saúde, sob o número 31.292-4, obrigando-se, portanto, a oferecer plano-
[10]
referência instituído no art. 10 da Lei nº 9.656/98 , sem o benefício da exceção do § 3º do
mesmo dispositivo legal, a despeito de seu plano figurar como regime de “autogestão”,
regulamentado pela Resolução do Conselho de Saúde Suplementar nº 16/1999, que o isenta de
oferecer plano-referência restrito às hipóteses de atendimento preponderantemente prestado por
serviços assistenciais próprios da entidade, gratuitamente, sem qualquer ônus aos beneficiários,
[11]
conforme seu art. 1º.
A empresa pública não atende aos requisitos para isenção da obrigatoriedade de
oferecimento do plano-referência, visto que, além de não prestar diretamente atendimento aos
beneficiários, recebe mensalmente do SENADO os recursos necessários "à cobertura de todas e
quaisquer despesas ou ônus decorrentes de atos vinculados, direta ou indiretamente, à utilização
da rede credenciada do Saúde Caixa" (cláusula sétima, fl. 219). Ademais, conforme art. 35-G da
[12]
Lei nº 9.656/98 , incidem subsidiariamente, de todo modo, as normas do Código de Defesa do
Consumidor nas relações entre as operadoras de plano de saúde e seus usuários. Confira-se, a
propósito, o precedente desta Corte:
CIVIL. ASSISTÊNCIA À SAÚDE. SISTEMA DE AUTOGESTÃO.
DESCARACTERIZAÇÃO. RELAÇÃO CONSUMERISTA.
1. Mostra-se genérico o requerimento para apreciação dos agravos retidos
eventualmente interpostos, não atendendo à regularidade formal prevista no artigo
523 do CPC para conhecimento do recurso.
2. Para ser isenta da obrigação de oferecer o plano-referência (art. 10, § 3º, da Lei
nº 9.656/98), a entidade deve prestar atendimento aos beneficiários sem qualquer
contraprestação pecuniária (cf. art. 1º da Resolução CONSU nº 16/99), o que não
se verifica no plano de assistência à saúde administrado pela apelante (SAÚDE
CAIXA).
3. Em vista da incidência também das normas consumeristas (art. 35-G da Lei nº
9.656/98), tem-se por abusiva a cláusula restritiva da cobertura de internação em
centro de tratamento intensivo, mormente por ter decorrido de situação de
emergência (art. 35-C, I, da Lei nº 9.656/98 c/c art. 51, § 1º, II, do CDC).
[13]
4. Agravo retido não conhecido e apelação improvida.
4
se:
“Cabe destacar que o Contrato firmado entre a CEF e o Senado não prevê
exclusão de cobertura para a doença que acomete o Autor, sendo que restou
evidenciada a necessidade do medicamento, conforme receituário médico de fls.
39/40. Com isso, não importa a forma como será ministrado o medicamento - via
intravenosa, no âmbito domiciliar ou ambulatorial -, cabe ao plano de saúde arcar
com as despesas do tratamento. Impõe-se uma interpretação do contrato, de
acordo com o Código do Consumidor, na forma do seu art. 47, considerando que o
medicamento utilizado se enquadra no conceito do tratamento em si, e não um
medicamento qualquer, dela dissociado.
5
A sentença fixou a indenização por danos morais em R$ 2 mil, quantum que deve ser
mantido, considerando as circunstâncias do caso e o caráter dúplice, punitivo e compensatório,
dessa modalidade de indenização.
Nessa trilha, os seguintes precedentes:
[...] 4-A reparação civil do dano moral, diversamente do que se verifica em relação
ao dano patrimonial, não visa a recompor a situação jurídico-patrimonial do lesado,
mas sim à definição de valor adequado pela dor, pela angústia e pelo
constrangimento experimentado como meio de compensação. A respeito, a
jurisprudência do c. STJ firmou-se no sentido de que deve ser condenada à
indenização, a título de danos morais, a operadora de plano de saúde que recusa
indevidamente a liberação de tratamento do segurado, por abalar o seu já
fragilizado estado psíquico. Precedentes. 5-Sobre o valor da indenização a ser
fixado em caso de condenação por danos morais, cumpre destacar que ele não deve
ser inexpressivo de modo a ser considerado como inócuo, nem proporcionar o
enriquecimento sem causa do ofendido, devendo-se levar em consideração a
Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível Nº CNJ : 0033756-
74.2013.4.02.5101 (2013.51.01.033756-1) RELATOR : Desembargador Federal
ALUISIO GONÇALVES DE CASTRO MENDES APELANTE : ECT-EMPRESA
BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS ADVOGADO : ERNESTO
ATALIBA MARQUESAN DA SILVA APELADO : JUREMA GOMES
MANOEL ADVOGADO : REGINA CELIA GOMES ORIGEM : 20ª Vara
Federal do Rio de Janeiro (00337567420134025101) 1 extensão do dano, a
reprovabilidade da conduta do agente, a natureza punitivo-pedagógica do
ressarcimento e a situação econômica do ofendido e do autor do fato. Analisando-
se os valores fixados em casos semelhantes, verifica-se que a quantia arbitrada pelo
r. Juízo a quo de R$ 6.000,00 (seis mil reais) não se mostra irrazoável ou
desproporcional. Frise-se, ademais, que "tem sido a orientação deste Colegiado
prestigiar a estimativa do juiz de 1º grau, salvo se houver clara fuga da orientação
geral, para mais ou para menos". 6-Apelação a que se nega provimento. (TRF2, AC
201351010337561, 5ª T. Esp., Des. Fed. Aluisio Gonçalves de Castro Mendes,
DJe: 10/7/2015)
I - Garantido contratualmente o tratamento quimioterápico, devem ser assegurados
ao beneficiário do plano de assistência à saúde os meios terapêuticos necessários
para o maior sucesso daquele, minimizando-se, assim, o sofrimento e o desgaste
físico do paciente, em franca homenagem ao princípio da dignidade da pessoa
humana, na espécie dos autos. Por outro lado, a recusa indevida do fornecimento de
medicamento quimioterápico, bem assim a consequente angústia gerada no
paciente pela súbita interrupção no fornecimento da medicação, a qual deve ser
ministrada por prazo indeterminado em face do agravamento da enfermidade,
justificam certamente a reparação por danos morais . [...] (TRF1, AC
0035458872012401300, 5ª Turma, Des. Fed. Souza Prudente, DJe: 1/10/2013)
6
nos moldes fixados pelo juízo a quo.
Em que pese a relutância do "Saúde Caixa" no cumprimento da antecipação dos
efeitos da tutela anteriormente deferida, e confirmada na sentença, conforme fls. 187 e 198, a
multa diária de R$ 350,00 fixada pelo juízo a quo mostra-se razoável, considerando o custo
mensal do medicamento (cerca de R$ 7.700,00 mensais), e, por isso, não deve ser majorada.
Tocante aos honorários, fixados com base no art. 20, § 4 º do CPC, o juiz não está
adstrito aos limites do § 3º, anterior, podendo arbitrá-los com base no valor da causa, da
condenação, ou em montante fixo, dependendo da sua apreciação equitativa, observados o grau de
zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho
[17]
realizado e o tempo exigido para o seu serviço . Ato discricionário do juiz, norteado pelos
princípios da razoabilidade e da equidade, observa-se as peculiaridades dos autos.
Na hipótese, mantém-se a verba sucumbencial fixada em 10% do valor da causa (R$
45 mil), pois é compatível com o grau de complexidade da matéria, que não demandou maiores
esforços do advogado, em adequação à norma do § 4º do art. 20 do CPC, e aos contornos das
alíneas do § 3º.
Tampouco tem razão o autor no que se refere ao pedido de reembolso das despesas
com a contratação de advogado, ato próprio da parte, alheio à União, que responde apenas pelos
honorários de sucumbência legalmente previstos. Conforme o art. 403 do Código Civil, as perdas
e danos só incluem os prejuízos e os lucros cessantes por efeito direto e imediato de determinada
conduta imputável à outra parte. Nesse sentido já decidiu a Turma:
Por fim, visto que o Sistema Integrado de Saúde do Senado Federal já efetuou o
reembolso de 50% do valor do medicamento adquirido pelo autor, conforme documento de fl. 366,
a Caixa reembolsará tão somente os 50% restantes, completando o valor já adimplido pelo
parceiro da cadeia de fornecimento.
7
assinado eletronicamente (lei nº 11.419/2006)
NIZETE ANTÔNIA LOBATO RODRIGUES CARMO
Desembargadora Federal
[6]
Fl. 366.
[7]
Eis o teor da certidão:
CERTIDÃO
Certifico e dou fé que as fls. 27/31 do presente feito estão visíveis para consulta pelo sistema Apolo, não tendo identificado motivo para
não estarem visíveis pelas partes.
Certifico ainda que, conforme consta do relatório da própria sentença de fls. 267/274, na contestação de fls. 204/228, a ré afirma que “o
presente processo está numerado até fls. 27 e depois a partir de fls. 31, sendo certo que não contam dos autos as fls. 28/30” e, na réplica de fls.
235/281 o autor confirma a não visualização dos documentos de fls. 28/31, acostando-os novamente às fls. 249/251.
Por fim, certifico que às fls. 31 encontra-se a procuração do autor a seu patrono.[...]
[8]
A sentença invocou os seguintes precedentes:
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. PLANO DE SAÚDE. EXCLUSÃO DE COBERTURA RELATIVA A MEDICAMENTOS DE
QUIMIOTERAPIA. ABUSIVIDADE. DANO MORAL. ARTIGOS ANALISADOS: ART. 186 DO CÓDIGO CIVIL; ART. 14 DO CDC. 1.
Recurso especial, concluso ao Gabinete em 03.10.2013, no qual discute o cabimento de compensação por danos morais em razão do não
reembolso integral do valor de medicamentos referente a tratamento de saúde (quimioterapia). Ação cominatória c/c reparação por danos
materiais e compensação por danos morais ajuizada em 12.05.2011. 2. Embora geralmente o mero inadimplemento contratual não seja causa
para ocorrência de danos morais, é reconhecido o direito à compensação dos danos morais advindos da injusta recusa de cobertura de seguro
saúde, pois tal fato agrava a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do segurado, uma vez que, ao pedir a autorização da
seguradora, já se encontra em condição de dor, de abalo psicológico e com a saúde debilitada. 3. Recurso especial provido. (REsp
1411293/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/12/2013, DJe 12/12/2013)
AGRAVO REGIMENTAL. PLANO DE SAÚDE. ILEGALIDADE DA NEGATIVA DE COBERTURA A TRATAMENTO
QUIMIOTERÁPICO. DANO MORAL CONFIGURADO. REDUÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO. DESCABIMENTO. 1.- É
pacífica a jurisprudência da Segunda Seção no sentido de reconhecer a existência do dano moral nas hipóteses de recusa pela operadora de
plano de saúde, em autorizar tratamento a que estivesse legal ou contratualmente obrigada, por configurar comportamento abusivo, sem que,
para tanto, seja necessário o reexame de provas. 2.- A fixação dos danos morais no patamar de R$ 6.000,00 (seis mil reais) cumpre, no
presente caso, a função pedagógico- punitiva de desestimular o ofensor a repetir a falta, sem constituir, de outro lado, enriquecimento
indevido.3.- Agravo Regimental improvido. (AgRg no AREsp 467.193/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em
18/03/2014, DJe 28/03/2014)
[9]
Art. 1° O Sistema Integrado de Saúde (SIS) tem por finalidade proporcionar aos servidores ativos e inativos do Senado Federal e a seus
dependentes, bem como aos titulares de pensões instituídas por morte dos servidores efetivos do Senado Federal, ativos ou inativos, assistência
com vistas à prevenção de doenças e à promoção, tratamento, recuperação e manutenção da saúde, mediante modela associativo fechado, de
caráter social, sem fins lucrativos, sob modalidade de autogestão.
Art. 2° O Plano de Assistência à Saúde do SIS adota as definições constantes do Anexo deste Regulamento e consistirá de:
I - serviços próprios prestados pela Secretaria de Assistência Médica e Social (Sams), sem ônus para o servidor, nos termos do Regulamento
Administrativo do Senado Federal e suas normas complementares;
II - serviços prestados por instituições públicas e privadas credenciadas pelo SIS;
III - serviços prestados por profissionais liberais e instituições públicas e privadas de livre escolha dos beneficiários, não credenciadas pelo
SIS;
IV - serviços de internação domiciliar, denominados home care.
Parágrafo Único. Na opção pelos serviços de que tratam os incisos II, III e IV, haverá participação financeira dos beneficiários, na forma
definida neste Regulamento.
[10]
Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura assistencial médico-ambulatorial e hospitalar,
compreendendo partos e tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar,
quando necessária a internação hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde, respeitadas as exigências mínimas estabelecidas no art. 12 desta Lei,
8
exceto: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
I - tratamento clínico ou cirúrgico experimental; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
II - procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos, bem como órteses e próteses para o mesmo fim;
III - inseminação artificial;
IV - tratamento de rejuvenescimento ou de emagrecimento com finalidade estética;
V - fornecimento de medicamentos importados não nacionalizados;
VI - fornecimento de medicamentos para tratamento domiciliar, ressalvado o disposto nas alíneas ‘c’ do inciso I e ‘g’ do inciso II do art.
12; (Redação dada pela Lei nº 12.880, de 2013 – vacatio legis de 180 dias)
VII - fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios não ligados ao ato cirúrgico; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44,
de 2001)
VIII – [...] (Revogado pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
IX - tratamentos ilícitos ou antiéticos, assim definidos sob o aspecto médico, ou não reconhecidos pelas autoridades competentes;
X - casos de cataclismos, guerras e comoções internas, quando declarados pela autoridade competente.
§ 1º As exceções constantes dos incisos deste artigo serão objeto de regulamentação pela ANS. (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.177-44, de 2001)
§ 2º As pessoas jurídicas que comercializam produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei oferecerão, obrigatoriamente, a
partir de 3 de dezembro de 1999, o plano-referência de que trata este artigo a todos os seus atuais e futuros consumidores. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
§ 3º Excluem-se da obrigatoriedade a que se refere o § 2o deste artigo as pessoas jurídicas que mantêm sistemas de assistência à saúde pela
modalidade de autogestão e as pessoas jurídicas que operem exclusivamente planos odontológicos. (Redação dada pela Medida Provisória
nº 2.177-44, de 2001)
§ 4º A amplitude das coberturas, inclusive de transplantes e de procedimentos de alta complexidade, será definida por normas editadas pela
ANS. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
[11]
Art. 1º - Para fins de aplicação da disposição contida nos artigos 10 e 12 da Lei n.º 9.656/98, e da Resolução CONSU de n.º 10 de 03 de
novembro de 1998, referente a obrigatoriedade de oferecimento do Plano Referência, e/ou de suas segmentações, são isentos desta obrigação
as entidades que se enquadrem nas modalidade de autogestão, conforme Resolução CONSU n.º 5 de 03 de novembro de 1998, desde que
possuam atendimento preponderantemente realizado, ou suportado por serviços assistenciais próprios, ambulatoriais e/ou hospitalares e desde
que toda e qualquer assistência seja oferecida gratuitamente, sem qualquer ônus, à totalidade de seu quadro associativo, de usuários ou de
beneficiários destes serviços. [...]
§ 2º. Entende-se por oferecimento gratuito do benefício, a inexistência de ônus ou contribuição financeira, desconto salarial ou doação, por
parte dos beneficiários, não sendo prevista qualquer contraprestação financeira do usuário, direta ou indireta, sob qualquer título, seja em pré
ou pós pagamento, fator moderar ou outra denominação.
§ 3º. A isenção de que trata este artigo deverá ser obtida mediante requerimento próprio ao Departamento de Saúde Suplementar da Secretaria
de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, comprovando o caráter de graciosidade do benefício oferecido e detalhando a existência de
suporte assistencial, ambulatorial e/ou hospitalar, próprios.
[12]
Art. 35-G. Aplicam-se subsidiariamente aos contratos entre usuários e operadoras de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o
desta Lei as disposições da Lei no 8.078, de 1990. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001)
[13]
AC 2006.51.01.490234-5, TRF2, 7ª Turma Especializada, Rel. Desembargador Federal Luiz Paulo da Silva Araújo Filho, julg. 21/3/2012.
[14]
Art. 2°. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
(...)
Art. 3°. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
(...)
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira,
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
[15]
Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
§ 1º - Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou o equilíbrio
contratual;
[16]
AGRESP 201100508650, Rel. Min. Marco Buzzi, STJ, Quarta Turma, DJE 01/08/2013.
[17]
Guilherme Marinoni ensina:
9
De regra, o juiz, ao fixar a verba honorária, deve obedecer a limites quantitativos (art. 20, § 3º, CPC) e qualitativos (art. 20, §
30, “a”, “b” e “c”, CPC). Admite-se, contudo, que eventualmente se superem os limites quantitativos do art. 20, § 3º, CPC, obedecendo-
se tão somente aos qualitativos (art. 20, § 4º, CPC). Quantitativamente, os honorários advocatícios devem variar entre 10% (dez por
cento) e 20% (vinte por centro) sobre o valor da condenação (inadmissível a fixação de honorários advocatícios em salários mínimos,
Súmula 201, STJ); se arbitrados sobre o valor da causa, incide correção monetária a partir do ajuizamento da ação (Súmula 14, STJ). [...]
O § 4º do art. 20 é exceção ao § 3º, uma vez que livra as hipóteses nele contidas dos limites quantitativos previstos nesse. São
casos em que não se atendem aos lindes quantitativos do § 3º, CPC: a) os feitos de pequeno valor; b) os de valor inestimável; c)aqueles
em que não há condenação; d) aqueles em que vencida a Fazenda Pública e e) nos feitos executivos, embargados ou não (ainda que
vencida a Fazenda Pública, STJ, Corte Especial, EREsp 451.0871RS, rel. Mim. José Delgado, j. 23.10.2003, DJ l5.03.2004, p. 144. [...]
(MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil: Comentado por artigo - 4ª Ed. Ver. Atual. eampl. São Paulo: EDITORA
Revista dos Tribunais. Pág. 121/122).
Nesse sentido, leia-se: TRF2, REO 2013.51.01.030070-7, Rel. Des. Fed. Nizete Lobato Carmo, 6ª T. Esp., julg. 22/7/2015; e TRF2, AC
200350010056606, Rel. Des. Federal Guilherme Calmon; 6ª T. Esp., E-DJF2R 11/11/2010.
[18]
APELREEX 201351011123260 , TRF2, Sexta Turma Especializada, Rel. Des. Federal Guilherme Couto, julg. 21/01/2015.
10