E01600 Apresentao Nmero 16
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16, 2023
Dossiê:
ANTROPOLOGIA E/DA EDUCAÇÃO
Fotografia: Library of Congress
ANTROPOLOGIA E/DA EDUCAÇÃO
Amurabi Oliveira
Professor do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa
Catarina
Fernanda Müller
Professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro
ISSN 2447-9837
Antropologia e/da educação
APRESENTAÇÃO
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OLIVEIRA, Amurabi; MÜLLER, Fernanda
1 Não podemos olvidar, no entanto, que esse processo teve como uma de suas “consequências não
intencionais” a incorporação de antropólogos às Faculdades de Educação, que passaram a atuar dire-
tamente na formação de professores.
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Antropologia e/da educação
por tensões e por retrocessos em muitos momentos, como quando o CBPE teve suas
atividades encerradas no contexto da ditadura civil-militar.
Nossa breve apresentação serve de pano de fundo aos debates promovidos
pelos artigos que compõem o presente dossiê. São trabalhos diversos e polifônicos
que a partir de diferentes ângulos exploram as múltiplas interfaces entre a antropolo-
gia e a educação. Em seu conjunto, os textos que compõem o presente dossiê dialo-
gam tanto com temas clássicos – incluindo-se uma tradução inédita de Ruth Benedict
– quanto debates mais contemporâneos. Deve-se destacar o forte diálogo de alguns
trabalhos com a antropologia da criança, o que demonstra o quão interdisciplinar e
multifacetada é a interface entre a antropologia e a educação.
Vale também ressaltar que nossa proposta foi organizar um número que pu-
desse dialogar não apenas com antropólogos/as profissionais, mas também com não
antropólogos/as que, a partir de sua inserção no campo educacional, incorporaram
em suas leituras a antropologia, lançando um novo olhar sobre seu campo de inser-
ção acadêmica e profissional.
Em A Lei 10.639/03 e seu processo de implementação em uma escola de ensino
médio na cidade de Teresina (PI), Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento analisa
como uma escola da rede pública estadual de ensino, na cidade de Teresina, vem
incentivando e implementando em suas práticas docentes algumas ações que visam
à valorização da diversidade étnico-racial nela presente. Sua reflexão incide sobre a
Lei 10.639/03, a qual completou 20 anos recentemente e instituiu a obrigatoriedade
do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas instituições públicas e
privadas de ensino de nível fundamental e médio em todo o país. Como bem enfatiza
o autor, apesar dos professores não passarem por uma formação específica para
o ensino das relações étnico-raciais, ainda assim buscam incluir a temática em suas
aulas e realizar projetos que visam a uma maior visibilidade e ao protagonismo do
negro – por mais que a realização destes fique condicionada a datas comemorativas.
Por outro lado, o incentivo à prática de uma educação antirracista pelas instâncias
governamentais não é visto com a relevância devida, pois observa-se que, apesar da
exigência legal, não houve a produção de materiais didáticos específicos para nortear
o trabalho docente com a educação para as relações étnico-raciais.
Livia Froes, em Mulheres do campo na universidade: Percepções e vivências numa
Licenciatura em Educação do Campo, analisa por meio de uma etnografia e narrativas
de vida a percepção de mulheres de origem camponesa acerca de certos aspectos de
sua trajetória educacional na Licenciatura em Educação do Campo – LeCampo/UFMG.
Segundo a autora, a maior parte das entrevistadas relataram passar por uma transição
gradual do desconhecimento e estranhamento inicial da linguagem e dos modos de
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REFERÊNCIAS