PROVANULIDADES
PROVANULIDADES
PROVANULIDADES
Direito Penal é o conjunto de regras que preveem uma conduta como ilícita e a identificam
como crime quando vinculam a prática daquela conduta prevista em lei a uma determinada
sanção.
CONCEITO - é o ramo do direito público que regula a atividade de jurisdição do Estado, para
aplicação das normas de Direito Penal, no julgamento do acusado de praticar um crime. Não
existe materialização do Direito Penal, assim como não existe sanção penal, a não ser por meio
do processo.
Portanto, a sanção penal prevista na norma material, para ser aplicada em concreto ao autor
do crime, necessariamente, passa pelo processo.
Sua finalidade é regular a persecução do estado, através de seus órgãos constituídos, para que
se possa aplicar a norma penal realizando a pretensão punitiva no caso concreto.
- Retributiva, quando o mal causado pelo autor da conduta proibida é retribuído com outro
mal, que é a sanção penal, ou seja, a restrição do direito fundamental de liberdade.
Mediata – pacificação social com a solução do conflito. Para alguns, promover proteção da
sociedade, da paz social e a defesa dos interesses da coletividade.
Obs.: Conflito: em processo penal, é colocar em posições contrarias.
De um lado está quem quer exercer o seu poder punitivo, que decorre da soberania estatal, e
que é legítimo, pois quem viola a lei penal está sujeito à aplicação de uma sanção penal por
parte do Estado; e de outro lado está um cidadão que, embora cometendo um fato ilícito,
deve ter respeitado uma série de direitos.
Esse conflito que se apresenta no processo penal justamente se dá entre o Estado – que
oferece a ação penal, requerendo a aplicação de uma sanção penal a alguém – e aquela pessoa
acusada do cometimento de um crime e que quer manter íntegro o seu direito fundamental de
liberdade ou, ainda que confesse a autoria de um delito, quer tentar evitar ao máximo uma
restrição indevida.
Imediata – aplicação do Direito Penal (material) ao caso em concreto. É de fazer valer o direito
de punir do Estado (jus puniendi), considerando também a tutela dos direitos fundamentais do
cidadão.
Para a persecução criminal, existem limites não apenas no sentido de proteger e dar segurança
a coletividade, mas também de garantir os direitos fundamentais ao cidadão. Esses limites
estão claramente definidos na lei e na Constituição Federal (CF).
CARACTERÍSTICAS
Autonomia: o processo penal não se submete ao direito penal, possuindo princípios e regras
próprias.
Os crimes são previstos no Código Penal ordinariamente, com exceção daqueles previstos na
legislação extravagante.
Instrumentalidade: o processo penal é o meio para fazer atuar o direito penal (material); O
Processo Penal é o instrumento por meio do qual se pode aplicar a sanção penal a alguém.
Não existe direito fora do processo.
Se uma pessoa tem um direito e pretende fazer valer esse direito em relação a outra pessoa,
não se pode compelir, por meio de constrangimento ilegal, essa outra pessoa a cumprir o que
deve, pois caracterizaria um crime arbitrário das próprias razões, ou seja, quando o cidadão
quer realizar a justiça pelas próprias mãos. A justiça somente se faz por meio do Estado, do
processo.
Exceção
O Estatuto do Índio:
Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias,
de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam
O CPP que se aplicará, como regra, a todos os crimes que encontrem nele previsão ou em
legislação extravagante.
Diz respeito à origem das normas processuais, que pode ser apreciado sob dois ângulos,
gerando, assim, a divisão entre as fontes que são criadoras (materiais) e as que são de
expressão da norma (formais) do processo penal.
A fonte material por excelência é o Estado. No caso do direito processual, o art. 22, I, da
Constituição Federal, dispõe que a legislação sobre o assunto compete privativamente à União,
que é, portanto, a fonte material do processo penal.
Observação: O art. 24, XI, CF, ordena que é concorrente a competência da União com os
Estados e o Distrito Federal para legislar a respeito de procedimentos em matéria processuais.
Fontes Formais ou de Cognição - São de revelação, e dizem respeito aos meios pelos quais o
direito se exterioriza.
Podem ser:
Fontes Formais Imediatas - são as leis em sentido amplo, abrangendo a CF, a legislação
infraconstitucional, os tratados, as convenções e as regras de direito internacional
devidamente aprovadas.
1) Costumes – práticas sociais reiteradas que são observadas pela sociedade com uma
consciência de obrigatoriedade.
Os costumes podem ser secundum legem (de acordo com a lei), praeter legem (suprem
lacunas da lei) e contra legem (contra a lei), estes últimos tem vedada a aplicação.
CPP, Art. 3º - A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica,
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
Trata-se de abordar a determinação dos vínculos que unem os sujeitos (juiz, acusador e réu),
bem como a natureza jurídica de tais vínculos e da estrutura como um todo.
O tema é complexo e envolve o estudo de várias teorias que se foram sucedendo na tentativa
de dar uma explicação a fenomenologia processual.
Processo como Relação Jurídica – Bülow, foi um marco definitivo para o processo, pois
estabeleceu o rompimento do direito material com o direito processual e a consequente
independência das relações jurídicas que se estabelecem nessas duas dimensões.
O processo passa a ser visto como uma relação jurídica de natureza pública que se estabelece
entre as partes e o juiz, dando origem a uma reciprocidade de direitos e obrigações
processuais.
A natureza pública decorre do fato de que existe um vínculo entre as partes e um órgão
público da administração da justiça, numa atividade essencialmente pública. Nessa linha, o
processo é concebido como uma relação jurídica de direito público, autônoma e independente
da relação jurídica de direito material.
O réu passa a ser visto como um sujeito de direitos e deveres processuais. É uma relação
jurídica triangular.
Observação: CHIOVENDA, pode-se afirmar que o processo penal é uma relação jurídica
pública, autônoma e complexa, pois existem, entre as três partes, verdadeiros direitos e
obrigações recíprocos.
Somente assim estaremos admitindo que o acusado não é um mero objeto do processo,
tampouco que o processo é um simples instrumento para a aplicação do jus puniendi estatal.
O acusado é parte integrante do processo, em igualdade de armas com a acusação (seja ela
estatal ou não), e, como tal, possuidor de
Teoriza ainda sobre a existência de “pressupostos processuais”, que podem ser de existência
ou de validade, que seriam pressupostos para seu nascimento ou desenvolvimento válido. A
teoria do processo como relação jurídica recebeu críticas, tanto na sua aplicação para o
processo civil como também para o processo penal, mas acabou sendo adotada pela maior
parte da doutrina processualista. A crítica mais contundente e profunda veio, sem dúvida, de
GOLDSCHMIDT, por meio de sua tese de que o processo é uma situação jurídica.
Para ele, o processo é visto como um conjunto de situações processuais pelas quais as partes
atravessam, caminham, em direção a uma sentença definitiva favorável.
O processo é uma complexa situação jurídica, no qual a sucessão de atos vai gerando chances,
que bem aproveitadas permitem que a parte se libere das cargas (por exemplo, probatórias) e
caminhe em direção a uma sentença favorável (expectativas). O não aproveitamento de uma
chance e a não liberação de uma carga, gera uma situação processual desvantajosa,
conduzindo a uma perspectiva de sentença desfavorável. Às partes não incumbem obrigações,
mas cargas processuais, sendo que, no processo penal, não existe distribuição de cargas
probatórias, na medida em que toda a carga de provar o alegado está nas mãos do acusador.
É importante recordar que, no processo penal, a carga da prova está inteiramente nas mãos do
acusador, não só porque a primeira afirmação é feita por ele na peça acusatória (denúncia ou
queixa), mas também porque o réu está protegido pela presunção de inocência (Aury Lopes
Junior)
Assim, quando facultado ao réu fazer prova de determinado fato por ele alegado e não há o
aproveitamento dessa chance, assume a defesa o risco inerente à perda de uma chance, logo,
assunção do risco de uma sentença desfavorável.
Exemplo - exercício do direito de silêncio. Ele não gera um prejuízo processual, pois não existe
uma carga. Contudo, potencializa o risco de uma sentença condenatória. Isso é inegável.
A liberação de uma carga processual pode decorrer tanto de um agir positivo (praticando um
ato que lhe é possibilitado) como também de um não atuar, sempre que se encontre numa
situação que assim se permita, sem prejuízo.
Processo como Procedimento em Contraditório – Elio Fazzalari - pode ser considerada como
uma continuidade dos estudos de James GOLDSCHMIDT (processo como situação jurídica).
Todos os atos do procedimento são pressupostos para o provimento final, no qual são
chamados a participar todos os interessados (partes). A essência do processo está na simétrica
paridade da participação dos interessados, reforçando o papel das partes e do contraditório.
Observação: Goldschmidt afirma que a estrutura do processo penal de um país funciona como
um termômetro dos elementos democráticos ou autoritários de sua Constituição.
• ausência de separação das funções de acusar e julgar (aglutinação das funções nas mãos do
juiz);
• violação do princípio ne procedat iudex ex officio, pois o juiz pode atuar de ofício (sem
prévia invocação);
• juiz parcial;
Não podemos esquecer, ainda, da importância do contraditório para o processo penal e que
somente uma estrutura acusatória o proporciona.
- fase pré-processual
- fase processual,
Ademais, muitos ainda estão atrelados à reducionista concepção histórica de que bastaria a
mera “separação inicial” das “funções de acusar e julgar” para caracterizar o processo
acusatório.
A garantia da jurisdição significa muito mais do que apenas “ter um juiz”, exige ter um juiz
imparcial, natural e comprometido com a máxima eficácia da própria Constituição.
Não só como necessidade do processo penal, mas também em sentido amplo, como garantia
orgânica da figura e do estatuto do juiz.
O acesso à jurisdição é premissa material e lógica para a efetividade dos direitos fundamentais.
Princípio do juiz natural - não é mero atributo do juiz, senão um verdadeiro pressuposto para a
sua própria existência. Previsto no art. 5º, LIII, da CF.
a) ninguém poderá ser processado e julgado por órgão instituído após o fato;
- Não basta a garantia da jurisdição, não é suficiente ter um juiz, é necessário que ele reúna
algumas qualidades mínimas, para estar apto a desempenhar seu papel de garantidor.
Consiste em assegurar a qualquer litigante a garantia de que o processo em que for parte,
necessariamente, se desenvolverá na forma que estiver estabelecido a lei.
Este princípio biparte-se em: devido processo legal material, que trata sobre a regularidade do
próprio processo legislativo, e devido processo legal processual, que se refere a regularidade
dos atos processuais.
Por si só, o devido processo legal engloba todas as garantias do direito de ação, do
contraditório, da ampla defesa, da prova lícita, da recursividade, da imparcialidade do juiz, do
juiz natural etc.
Observação: Quanto aos provimentos antecipatórios vem á tona uma discussão, pois estes
provimentos se tornam imperativos, perante a exigência constitucional da efetividade do
processo. Há situações de periclitância e de verossimilhança que clamam por um provimento
imediato do Estado, sob pena de agravar o dano ou torná-lo irreversível ou irreparáveis, daí a
necessidade dos ditos provimentos.
Princípio da presunção de inocência - revela-se no fato de que ninguém pode ser considerado
culpado senão após o trânsito em julgado de uma sentença condenatória (conforme art. 5º,
inciso LVII, CF/88).
Cabe à acusação o ônus da prova de culpabilidade, ou seja, a prova com relação a existência do
fato e a sua autoria, ao passo que à defesa incumbe a prova das excludentes de ilicitude e de
Em caso de dúvida, decide-se pela não culpabilidade do acusado, com a fundamentação legal
no princípio do in dubio pro reo.
Ratificando a excepcionalidade das medidas cautelares, devendo, por conseguinte, toda prisão
processual estar fundada em dois requisitos gerais, o periculum libertatis e o fumus comissi
delicti.
Por fim, restou consagrado no art. 5º, LXIII, da CF/88 que ninguém é obrigado a fazer prova
contra si, consagrando, assim, o direito ao silêncio e a não auto incriminação. O silêncio não
poderá acarretar repercussão positiva na apuração da responsabilidade penal, nem poderá
acautelar presunção de veracidade dos fatos sobre os quais o acusado calou-se, bem como o
imputado não pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo.
O art. 5º da Constituição Federal assegura no inciso LXI que “Ninguém será preso senão em
flagrante delito, ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade competente…”; e o
inciso LXV, traz que “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; o
inciso LXVI, estabelece que ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir
a liberdade provisória, com ou sem o pagamento de fiança;
Ainda, o inciso LXVII, afirma que não haverá prisão civil por dívida, exceto a do responsável
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel; o inciso LXVIII, prescreve que conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
julgar-se ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder; e também prescreve o inciso LXXV, que o Estado indenizará
toda a pessoa condenada por erro judiciário, bem como aquela que ficar presa além do tempo
fixado na sentença.
NULIDADES NO PROCESSO PENAL
As nulidades absolutas no processo penal são vícios que comprometem os atos processuais de
maneira tão grave que afetam diretamente a validade do processo, em razão da violação de
normas de ordem pública e princípios fundamentais, como o devido processo legal, a ampla
defesa, o contraditório e a imparcialidade do juiz. Esses vícios não podem ser convalidados, ou
seja, não podem ser corrigidos ao longo do processo.
2. Reconhecimento ex officio: O juiz pode (e deve) declarar a nulidade absoluta, ainda que a
parte interessada não tenha se manifestado. Isso ocorre porque o interesse afetado não é
apenas individual, mas também de ordem pública.
1. Incompetência absoluta do juízo: Quando o processo penal é conduzido por um juiz que não
tem competência material ou territorial para julgar a causa, estamos diante de uma nulidade
absoluta. Um exemplo seria um crime de competência da Justiça Federal sendo julgado pela
Justiça Estadual. Nesses casos, os atos processuais são nulos, e a competência deve ser
regularizada, com a redistribuição do processo para o juízo competente.
3. Ofensa à imparcialidade do juiz: Se o juiz que conduz o processo tiver interesse pessoal ou
demonstrar parcialidade na condução dos atos processuais, isso caracteriza nulidade absoluta.
Um exemplo seria o juiz que mantém relações próximas com uma das partes ou que antecipa
julgamentos, manifestando publicamente sua opinião sobre a culpa do acusado antes do
término do processo. Essa falta de imparcialidade compromete a credibilidade da justiça e
viola o devido processo legal.
4. Violação do princípio da publicidade dos atos processuais: Em regra, os atos processuais
devem ser públicos, a fim de garantir transparência e controle social sobre as atividades
jurisdicionais. Quando ocorre a realização de uma audiência ou de um julgamento de maneira
secreta, sem justificativa legal que determine o sigilo, estamos diante de uma nulidade
absoluta. Por exemplo, se um tribunal decide julgar um réu a portas fechadas, sem nenhuma
razão legal, isso seria considerado uma violação ao princípio da publicidade, ensejando a
nulidade dos atos praticados.
5. Provas obtidas por meios ilícitos: A produção de provas por meios ilícitos, como confissões
obtidas sob tortura ou interceptações telefônicas sem autorização judicial, é um exemplo
clássico de nulidade absoluta.
Essas provas são consideradas inadmissíveis no processo penal e devem ser desentranhadas
dos autos. Por exemplo, se uma confissão foi obtida através de coação física ou moral, todo o
processo pode ser anulado, já que a utilização de provas ilícitas fere diretamente o princípio da
legalidade e o direito à dignidade humana.
Conclusão
As nulidades relativas no processo penal são vícios processuais que, embora irregulares, não
comprometem automaticamente a validade do ato processual. Para que uma nulidade relativa
seja reconhecida, é necessário que a parte interessada demonstre a ocorrência de um prejuízo
concreto ao exercício de seus direitos, como a ampla defesa e o contraditório. Esses vícios
estão relacionados a infrações a regras processuais que não envolvem diretamente normas de
ordem pública ou princípios constitucionais essenciais, e podem ser convalidados caso não
sejam oportunamente alegados.
Diferente das nulidades absolutas, as nulidades relativas estão sujeitas ao regime de preclusão,
o que significa que devem ser alegadas no momento adequado, sob pena de a parte perder o
direito de invocá-las. Se a parte não reclamar a nulidade dentro do prazo legal, o defeito será
considerado sanado.
1. Prejuízo demonstrável: Para que a nulidade relativa seja reconhecida, é imprescindível que a
parte demonstre que o vício processual causou um prejuízo concreto ao seu direito de defesa
ou à regularidade do processo. Se não houver prejuízo, a nulidade não será declarada.
2. Necessidade de provocação: A nulidade relativa não pode ser reconhecida de ofício pelo
juiz. A parte prejudicada deve alegá-la no momento oportuno, geralmente na primeira
oportunidade que tiver para se manifestar após a ocorrência do vício.
1. Citação com erro de formalidade: A citação é o ato processual que comunica ao réu a
existência de uma ação penal contra ele, para que possa se defender. Se a citação é feita com
algum erro formal, como, por exemplo, a ausência de alguma informação relevante no
mandado de citação, isso configura uma nulidade relativa. Contudo, para que o ato seja
anulado, o réu deve demonstrar que esse erro comprometeu seu direito de defesa, como a
impossibilidade de comparecer à audiência em razão da falha de comunicação.
Se, mesmo com a falha formal, o réu tomou ciência do processo e pôde se defender
adequadamente, o ato não será anulado.
As nulidades relativas no processo penal são vícios que, embora não sejam considerados tão
graves quanto as nulidades absolutas, podem comprometer a regularidade do processo se
causarem prejuízo concreto às partes. A principal diferença em relação às nulidades absolutas
é a necessidade de a parte interessada alegá-las no momento oportuno e demonstrar o
prejuízo sofrido. Se a parte não o fizer, o ato processual, ainda que tenha ocorrido de forma
irregular, será convalidado e não poderá ser anulado. Portanto, a correta compreensão das
nulidades relativas é fundamental para que o processo penal se desenrole com respeito às
garantias processuais e aos direitos fundamentais das partes.