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Tabosa, Lívia Beatriz

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DA VITÓRIA


CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

LÍVIA BEATRIZ TABOSA

EDUCAÇÃO FÍSICA, NATAÇÃO E AUTISMO: UMA REVISÃO DA LITERATURA


SOBRE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS.

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO


2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DA VITÓRIA
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

LÍVIA BEATRIZ TABOSA

EDUCAÇÃO FÍSICA, NATAÇÃO E AUTISMO: UMA REVISÃO DA LITERATURA


SOBRE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS.

TCC apresentado ao curso de Educação


Física Licenciatura da Universidade
Federal de Pernambuco, Centro
Acadêmico de Vitória, como requisito
parcial para obtenção do título de
licenciada em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Haroldo Moraes


de Figueiredo

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO


2021
Catalogação na Fonte
Sistema Integrado de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV.
Bibliotecária Ana Ligia F. dos Santos, CRB4/2005

T114e Tabosa, Lívia Beatriz.


Educação física, natação e autismo: uma revisão da literatura sobre
práticas pedagógicas inclusivas/ Lívia Beatriz Tabosa - Vitória de Santo
Antão, 2021.
22 folhas.

Orientador: Haroldo Moraes de Figueiredo.


TCC (Licenciatura em Educação Física) – Universidade Federal de
Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2021.
Inclui referências.

1. Transtorno do Espectro Autista. 2. Natação. 3. Educação Física


Escolar. I. Figueiredo, Haroldo Moraes de (Orientador). II. Título.

797.21083 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE - 043/2021


LÍVIA BEATRIZ TABOSA

EDUCAÇÃO FÍSICA, NATAÇÃO E AUTISMO: UMA REVISÃO DA LITERATURA


SOBRE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS.

TCC apresentado ao curso de Educação


Física Licenciatura da Universidade
Federal de Pernambuco, Centro
Acadêmico de Vitória, como requisito
parcial para obtenção do título de
licenciada em Educação Física.

Aprovado em: 16/04/2021.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Profº. Dr. Haroldo Moraes de Figueiredo (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________
Profº. Drª. Maria Zélia de Santana (Examinadora Interno)
Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________
Profª. Drª. Dayana da Silva Oliveira (Examinadora Externa)
Instituto Federal da Paraíba – Campus Monteiro
Dedico este trabalho a Deus, por ser essencial em minha vida, meu guia e autor do
meu destino.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela minha vida, e por me ajudar a ultrapassar todos os obstáculos
encontrados ao longo do curso.

Aos meus pais, Dorge e Márcia, pelos esforços em mim investidos para que eu
tivesse sempre as melhores oportunidades de crescimento acadêmico e pessoal.
Aos meus irmãos, Letícia e Allysson, que me incentivaram em momentos difíceis e
compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava à realização deste
trabalho.

A todos os professores que cruzaram meu caminho durante a graduação, por todos
os conselhos, ajuda e paciência com a qual guiaram o meu aprendizado.
Agradecimento especial ao Prof. Dr. Haroldo Figueiredo, que incansavelmente me
orientou para que este trabalho saísse da melhor forma possível.

Aos meus amigos de curso e de grupo, Eduardo, Ravi, Fábio e David, que inumeras
vezes me acolheram e tornaram essa caminhada mais leve.

Aos meus colegas motoristas e cobradores de ônibus, que todos os dias me


transportaram em segurança e que por diversas vezes ouviram e ampararam meu
choro, me dando forças para continuar.

A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para que eu chegasse


até aqui, agradeço.
“Não importa o que aconteça, continue a nadar.”

(WALTERS, GRAHAN; PROCURANDO NEMO, 2003.)


RESUMO

O autismo é definido como um transtorno complexo do desenvolvimento, com


diferentes etiologias, que se manifesta em graus de gravidade variados. Para as
pessoas com Transtorno do Espectro Autista, são diversos os benefícios que a
prática da natação pode proporcionar. Assim, este estudo teve por objetivo abordar
os benefícios da prática da natação em crianças com transtorno do espectro autista,
utilizando como método de pesquisa a revisão bibliográfica. Os resultados obtidos
referem-se à descrição das características do transtorno do espectro autista, ao
enfoque da importância da prática da natação para o desenvolvimento motor, social
e cognitivo, e aos efeitos da prática da natação em crianças com transtorno do
espectro autista. Ao término da pesquisa, foi possível concluir que a natação traz
inúmeros benefícios proporcionando o desenvolvimento global da criança autista.
Favorece o desenvolvimento de sua personalidade, melhoria da percepção corporal,
facilita o controle da respiração, promove o desenvolvimento social, motor e
cognitivo por meio das competências atribuídas a natação.

Palavras-chave: Síndrome do espectro autista. Natação infantil. Natação.


ABSTRACT

Autism is defined as a complex developmental disorder, with different etiologies,


which manifests itself in varying degrees of severity. For people with Autism
Spectrum Disorder, there are several benefits that swimming can provide. Thus, this
study aimed to address the benefits of swimming in children with autism spectrum
disorder, using the literature review as a research method. The results obtained refer
to the description of the characteristics of autism spectrum disorder, the focus on the
importance of swimming for motor, social and cognitive development, and the effects
of swimming on children with autism spectrum disorder. At the end of the research, it
was possible to conclude that swimming brings countless benefits providing the
global development of the autistic child. It favors the development of your personality,
improvement of body perception, facilitates the control of breathing, promotes social,
motor and cognitive development through the competences attributed to swimming.

Keywords: Autism spectrum syndrome. Infant swimming. Swimming.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 12
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 14
3.1 GERAL ................................................................................................................ 14
3.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................... 14
4 METODOLOGIA .................................................................................................... 15
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 16
5.1 MOTRICIDADE DA CRIANÇA COM TEA ........................................................... 16
5.2 EFEITOS DA PRÁTICA DA NATAÇÃO EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO
DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) .............................................................................. 18
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 21
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 22
10

1 INTRODUÇÃO

A primeira vez que ouvi falar o termo “autismo” foi no ano de 2007, quando
mudei de escola e me deparei com um colega de turma que tinha o transtorno e que
ensinou muito a mim e aos outros colegas. A professora pedia ajuda de todos os
alunos para que o colega sentisse bem na nossa companhia, e eu senti um carinho
especial e um orgulho enorme de todas as conquistas que ele tinha e todos
comemoravam juntos.
Logo depois de concluir o ensino médio, ingressei no Curso de Licenciatura
em Educação Física, do CAV/UFPE, com o intuito de mudar vidas, assim como a
minha foi mudada pela educação. De cara já me identifiquei com os assuntos menos
explorados, a curiosidade em saber o que é o autismo me fez querer pesquisar e
entender melhor tudo o que rege esse universo tão incrível e tão pouco explorado. E
porque só se diz o que os autistas não tem ou o que não fazem? Por que não olhar
por outro lado? Por que não ver a singularidade de tudo que eles são capazes de
fazer?
O termo autismo já existe desde o ano de 1906, quando o psiquiatra Plouller
destaca o termo na literatura psiquiátrica (GAUDERER, 1993). Cerca de 37 anos
depois, no ano de 1943, um outro psiquiatra chamado Léo Kanner, chamou atenção
por descrever um grupo de crianças gravemente lesadas, que tinham algumas
caraterísticas em comum, sendo mais notável a incapacidade de se relacionar com
as pessoas e se tornou o primeiro a descrever clinicamente o caso (GAUDERER,
1993).
No Brasil, a discussão sobre o assunto veio a passos lentos, sem muitas
informações e nem centros de ajuda especializados na área. Com isso, em 1993,
um grupo de mães de pessoas autistas no Ceará fundou a “Casa da Esperança”,
que proporciona um ambiente de tratamento em que pessoas autistas são
respeitadas como cidadãos de direito, e são desenvolvidas ações terapêuticas para
um melhor desenvolvimento dos autistas. Hoje a fundação conta com mais de 100
membros e em dois estados Brasileiros (GAUDERER, 1993).
Nesse contexto, a nossa questão condutora é: os artigos que falam sobre o
ensino de natação para alunos autistas, nas aulas de Educação Física, têm
conseguido discutir metodologias de ensino que garantam esse processo?
11

Para ajudar a conduzir nossas reflexões, trabalhamos com a hipótese de que


uma parte dos artigos consegue discutir sobre o ensino de natação para alunos
autistas, nas aulas de Educação Física, enquanto outras se limitam a analisar
apenas aspectos relacionados a capacidades motoras.

Por essas e outras tantas questões é que decidimos mergulhar no estudo dos
artigos que discutem essa temática. Assim, buscaremos uma maior e melhor
aproximação com ela, seus desafios e possibilidades de atuação por parte do
professor de Educação Física junto aos alunos autistas.
12

2 REVISÃO DE LITERATURA

A palavra “autismo” significa a polarização privilegiada do mundo dos


pensamentos, das representações e sentimentos pessoais, com perda, em maior ou
menor grau, da relação com os dados e as exigências do mundo circundante. O
autismo é um transtorno neurológico bastante variável e que, geralmente, tem seus
primeiros sinais identificados na infância, entre um ano e meio e três anos.
A percepção desses sinais é feita ao observar a dificuldade da criança em
interagir socialmente, como manter o contato visual, expressão facial, gestos,
expressar as próprias emoções e fazer amigos; Dificuldade na comunicação,
optando pelo uso repetitivo da linguagem e dificuldades para começar e manter um
diálogo; Alterações comportamentais, como manias próprias, interesse intenso em
coisas específicas e dificuldade de imaginação. O Transtorno do Espectro Autista
(TEA) como é popularmente chamado, pode ser classificado por graus de
intensidade e o tratamento é bem particular de cada indivíduo (AGUIAR; DUARTE,
2005).
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) inclui diferentes distúrbios
marcadas por distúrbios do neurodesenvolvimento. Possui três características
básicas e pode se manifestar em conjunto ou isoladamente. São eles: dificuldades
de comunicação por falta de linguagem e uso da imaginação para lidar com jogos
simbólicos, dificuldades sociais e padrões de comportamento restritivos e
repetitivos.
O autismo pode ser dividido em:

➢ Autismo clássico: o grau de lesão pode variar muito. Geralmente, os


indivíduos são autodirigidos e não estabelecem contato visual com as
pessoas ou o ambiente, eles podem falar, mas não usam a voz como uma
ferramenta de comunicação. Embora eles possam entender frases simples,
eles são difíceis de entender e só podem entender o significado literal das
palavras. Eles não entendem metáforas ou significados duais. Na forma mais
grave, eles não mostraram nenhum contato interpessoal. São crianças
isoladas, não aprendem a falar, não olham nos olhos dos outros, não
13

retribuem o sorriso, repetem movimentos estereotipados e pouco


significativos, ou continuam a se virar e sofrer de grave deficiência intelectual;

➢ Autismo de alto desempenho (também conhecido como síndrome de


Asperger): os pacientes têm as mesmas dificuldades que outros pacientes
autistas, mas em pequeno grau. São palavras e sabedoria. Tão espertos que
são confundidos com gênios porque são incomparáveis em seu campo de
especialização. Quanto menor a dificuldade de interação social, mais capazes
eles são de levar uma vida quase normal

➢ Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD-SOE): O


indivíduo é considerado autista (dificuldade de comunicação e interação
social), mas os sintomas não são suficientes para incluí-lo em alguma
categoria particular da doença, dificultando o diagnóstico.
14

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Localizar, nos artigos, as principais contribuições da natação para alunos


autistas, nas aulas de Educação Física, para entender como aperfeiçoar o trabalho
pedagógico.

3.2 ESPECÍFICOS

➢ Verificar se os artigos apontam alguma proposta pedagógica para melhorar o


desenvolvimento geral dos alunos autistas, nas aulas de Educação Física, por
meio da natação.
➢ Analisar os aspectos pedagógicos relacionados ao desenvolvimento geral dos
alunos autistas, nas aulas de Educação Física, por meio da natação.
➢ Discutir as dificuldades enfrentadas pelos professores de Educação Física em
suas aulas de natação para alunos autistas, a partir dos apontamentos feitos nos
artigos pesquisados.
15

4 METODOLOGIA

De acordo com Lopes e Guerra (2016), esta pesquisa foi realizada por meio
de uma revisão bibliográfica, e o foco da pesquisa foi a análise da produção
bibliográfica de uma determinada área de atuação. Além disso, também pode
apresentar uma visão mais panorâmica, mais geral sobre um tema específico,
trazendo novas ideias, novos métodos e novos subtipos descobertos na literatura.

Conforme argumentado por Gerhardt e Silveira (2009), esta é uma pesquisa


qualitativa, cuja característica é que esta pesquisa não se limita a representações
numéricas, mas inclui também a compreensão dos fenômenos em torno dos grupos
sociais nas organizações, especialmente a bibliografia, e com base nos artigos nas
seguintes plataformas de dados: Scielo, Portal da Capes e Google acadêmico.

Foram utilizados artigos científicos e livros das bases de dados como


instrumentos para coleta de dados, foram selecionados os mais pertinentes em
relação ao assunto abordado. Dentre os artigos encontrados, os trabalhos em
português, completos e que continham abordagens condizentes com as palavras-
chave utilizadas.

As informações foram coletadas de maneira muito objetiva, buscando


identificar as ideias principais dos artigos e sendo analisada também a base teórica
desses autores, inclusive para poder utilizá-la como auxílio.

Os artigos foram organizados em tópicos, para deixar a leitura mais dinâmica


e assim, fluir melhor a criação do trabalho.

Após esse fichamento, as ideias foram separas e agrupadas de acordo com a


semelhança.

Para a busca na internet foram utilizados os descritores: transtorno do


espectro autista, crianças com autismo, prática da natação para crianças autistas.
Foram utilizados para a pesquisa o total de 23 artigos publicados entre os anos de
2011 a 2021.
16

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 MOTRICIDADE DA CRIANÇA COM TEA

O crescimento das crianças é complexo e multifatorial, permeado por


influência da Biologia e fatores de fundo, e que na existência de situações atípicas,
abordagens de avaliação e intervenção devem ser realizadas.

Desde a primeira tentativa de estabelecer critérios diagnósticos para o


transtorno do espectro do autismo, há mais de trinta anos, as questões relacionadas
às habilidades motoras nunca foram vistas como verdadeiramente importantes. No
entanto, atualmente sabemos que as habilidades motoras finas e as habilidades
motoras amplas da grande maioria das crianças com autismo sofreram mudanças
significativas. O desenvolvimento esportivo pode ser entendido como a mudança
contínua e sequencial do comportamento esportivo de uma pessoa, que ocorrerá ao
longo de sua vida e se deve à interação entre a pessoa, o ambiente e as atividades
que precisam ser aprendidas e realizadas (KANNER, 1942).

Por outro lado, o termo "mobilidade" pode ser entendido como a capacidade
de cada um de nós de tomar decisões e executar ações das mais simples às mais
complexas. Portanto, deve-se considerar o desenvolvimento adequado das
habilidades motoras, fundamental para que as crianças ganhem independência no
dia a dia e estabeleçam relações mais efetivas com as outras crianças nas
brincadeiras. Portanto, não é difícil entender que existe uma relação muito estreita
entre o desenvolvimento esportivo e a socialização. (ORIEL et al., 2011)

Quando consideramos um cérebro tipicamente desenvolvido, a capacidade de


controlar o movimento torna-se cada vez mais complexa. Dessa forma,
teoricamente, podemos dividir as habilidades motoras em amplas (densas) e finas.
Uma ampla gama de habilidades motoras está relacionada ao controle geral do
corpo, responsável por manter nossa postura e equilíbrio estático e dinâmico. A
habilidade que nós humanos adquirimos por milhares de anos em uma postura ereta
e bípede é considerada o culminar do controle dinâmico do corpo (APA, 2014).
17

Por outro lado, boas habilidades motoras estão relacionadas à execução de


movimentos mais precisos e finos, que resultam do controle de pequenos músculos.
Tais como movimentos abrangentes que dependem da coordenação entre os olhos
e membros, e a habilidade de manipular objetos com as duas mãos, também fazem
parte do conceito de habilidades motoras finas. Quanto mais complexas as
atividades que precisam ser realizadas, mais trabalho o sistema nervoso central
deve realizar para controlar a área motora (FREITAS; ISRAEL, 2016).

Em geral, podemos entender que para cada atividade de movimento que


realizamos, as redes neurais localizadas no lobo frontal, cerebelo e núcleo basal são
intrincadas e trabalham juntas para iniciar o movimento, controlar seu movimento e
determinar neurônios. É feito no momento e na intensidade certos. Tal como
acontece com muitos aspectos do comportamento social e verbal (como é bem
conhecido entre muitas pessoas com autismo), uma grande parte da aprendizagem
motora ocorre por meio do fenômeno da replicação, portanto a atenção e a
concentração da atenção são típicas desse desenvolvimento, do ponto de vista de
(SANTOS; MÉLO, 2018).

Ao avaliar o desenvolvimento motor de crianças com autismo, é importante


levar em consideração que, mesmo entre crianças não autistas, existem diferenças
significativas nas habilidades motoras. Portanto, quando essas habilidades
continuarem prejudicadas e sempre baseadas em ferramentas ou escalas que nos
permitam medir (avaliar) de forma objetiva, consideraremos o atraso no
desenvolvimento motor. Conforme assinalado por (APA, 2014).

Os sintomas e sinais mais comuns de disfunção motora em crianças com


transtorno do espectro do autismo incluem pequenos atrasos motores nos primeiros
18 meses de vida levando em consideração habilidades motoras básicas (apoio para
a cabeça, sentar, engatinhar, caminhar com e sem apoio), fala (afasia), sintomas),
andar com os dedos dos pés (uma mistura de mudanças motoras e sensoriais) e
mudanças nos procedimentos de movimentação das mãos (provando que é difícil
segurar uma caneta, desenhar e escrever letras). As famílias costumam reclamar
que as crianças com autismo são fracas para manter o equilíbrio, o que muitas
vezes leva a quedas inexplicáveis. Além disso, essas crianças costumam se queixar
18

de salivação excessiva, que geralmente é causada por comprometimento da função


muscular (tônus) facial. (FREITAS; ISRAEL, 2016)

A visão dessas crianças, o conceito de espaço-tempo e a coordenação entre


a sincronia muscular dos membros superiores e inferiores também dependem de
suas atividades motoras complexas, como aprender a usar triciclos e bicicletas.
Anos de experiência tornaram possível reconhecer claramente os sinais de atraso
do desenvolvimento motor durante a consulta médica de rotina. No entanto, é
importante medir o nível de atraso motor, para isso podem ser utilizadas várias
escalas, como a Escala de Desenvolvimento Motor, o Teste de Triagem do
Desenvolvimento de Denver e a Escala de Desenvolvimento Infantil
de Bailey (FERREIRA; RAMOS, 2012).

5.2 EFEITOS DA PRÁTICA DA NATAÇÃO EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO


DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

A natação é um conjunto de habilidades motoras que proporcionam ao


indivíduo o deslocamento de forma autônoma, independente, segura e prazerosa
no meio líquido. O aprendizado de habilidades aquáticas mais complexas e
específicas, como a dinâmica dos estilos da natação, depende do processamento e
do domínio de habilidades mais simples que são à base da adaptação ao meio
líquido (GARCIA et al., 2012.)
A natação é uma relação múltipla com a agua e o próprio corpo, pura e
simples. A natação exercita todos os músculos e articulações do corpo humano e
proporciona benefícios físicos, sociais e mentais de cura e entretenimento. Como os
exercícios respiratórios, tem muitos benefícios porque aumenta o débito cardíaco em
relação ao nível basal. Aumenta o fluxo sanguíneo através dos músculos ativos,
aumenta a pressão sanguínea e venosa, portanto, estimula o metabolismo geral do
organismo. Quando você começa a se exercitar, a taxa de respiração aumenta
imediatamente. Outros benefícios da natação são: melhor coordenação de
exercícios em conceitos de tempo e espaço, preparação do sistema mental e
nervoso e melhora da capacidade física.
19

Para cada fase de desenvolvimento da criança, existem as respectivas


capacidades neuro-motoras para a realização de movimentos na água. Desde o
nascimento o bebê já possui seus reflexos e respostas motoras no meio líquido
(SILVA, 2012).

A natação ajuda a aprender, respirar, respeitar os limites, desenvolvendo a


coordenação dos movimentos musculares, desenvolvimento da lateralidade, mas
também é um fator importante no processo de socialização das crianças com
autismo (OLIVEIRA, 2017). Para Garcia (2012), as crianças autistas são capazes de
executar ações motoras intencionais estabelecendo a propulsão na água, através
das técnicas alternadas da natação, provocando o nado. O efeito na melhoria do
humor e na motivação em autistas é altamente significativo, na natação, pelo
ambiente facilitador e harmonioso que oferece.

No meio aquático, pode-se estimular o aumento da capacidade cardíaca,


prevenção e tratamento de doenças respiratórias e do sistema metabólico, bem
como a melhora da circulação periférica, dores e cãibras musculares. O ambiente
aquático também é propicio a interação e comunicação, que são fatores
indispensáveis para o desenvolvimento emocional e social das crianças (SANTOS,
2014.)

A natação proporciona a ativação dos receptores cutâneos de todo o corpo,


trazendo experiências significativas e atrativas para a criança, proveniente do meio
exterior e a vivência de experiências corporais complexas e próprias deste meio.
Portanto, pode-se admitir que é facilitador e promotor do desenvolvimento da
cognição, já que favorece aspectos da comunicação e integração, estimulando a
aquisição da linguagem por parte da criança. (OLIVEIRA, 2017).

De modo geral, a natação além de ser benéfica para crianças que sofrem do
transtorno do espectro autista (TEA), em todos os seus níveis nos fatores
psicomotores, afetivos e sociais, revela-se também um elemento importante e
facilitador na aprendizagem da criança (SANTOS, 2014).

Crianças com autismo são capazes de realizar movimentos estabelecendo a


propulsão na água, através de técnicas alternadas e assim, levando ao nado. O
efeito na melhoria do humor e na motivação em autistas é altamente significativo, é
20

de grande importância promover um ambiente harmonioso e alegre para promover


as práticas de forma a chamar a atenção da criança (OLIVEIRA, 2017).
21

6 CONCLUSÕES

O trabalho em questão tem como meta que a sociedade em geral, aprenda


um pouco mais sobre as crianças com autismo, reconhecendo as limitações e
potencialidades de cada indivíduo. Quanto mais pessoas conhecerem e entenderem
tudo que envolve o universo das pessoas com autismo, mais empatia e justiça
teremos no mundo.

O esporte em geral é importante para todo e qualquer ser humano, no caso


das pessoas com espectro autista, o esporte se torna de suma importância, levando
em consideração todas as conexões criadas, sejam afetivas, cognitivas, entre
outras.

A natação pode ser considerada uma terapia para os seus praticantes, e para
as crianças autistas ainda mais, tendo em vista que o ambiente aquático é dinâmico
e divertido, tornando-se uma experiência surreal.

O presente estudo teve por objetivo abordar os benefícios da prática da


natação em crianças com transtorno do espectro autista. Pode-se afirmar que a
natação traz inúmeros benefícios proporcionando o desenvolvimento global da
criança autista. Favorece o desenvolvimento de sua personalidade, melhoria da
percepção corporal, facilita o controle da respiração, promove o desenvolvimento
social, motor e cognitivo.

Ao término da pesquisa, pode-se concluir que a natação pode ser de grande


importância no processo de desenvolvimento da criança com TEA, sendo facilitadora
na aquisição de competências importantes para obter melhor qualidade de vida.
22

REFERÊNCIAS

AGUIAR, J. S.; DUARTE, É. Educação Inclusiva: um estudo na área da educação


física. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Mai.-Ago. 2005, v.11, n.2, p.223-240. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbee/v11n2/v11n2a5.pdf acesso em: 02 abr. 2019.

AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais-DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BAPTISTA, C. R. et al. Autismo e Educação: reflexões e propostas de intervenção.
Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

BELISÁRIO JÚNIOR, J. F. B.; CUNHA, P. A Educação Especial na Perspectiva da


Inclusão Escolar: Transtornos Globais do Desenvolvimento. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do
Ceará, 2010.

FERREIRA, C. A. de M.; RAMOS, M. I. B. (orgs.). Psicomotricidade: educação


especial e inclusão social. 2. Ed. Rio de Janeiro: Walk, 2012.
FREITAS, A. S.; ISRAEL, V. L. A psicomotricidade no desenvolvimento do esquema
corporal na aprendizagem com pessoas com deficiência. In: DOCPLAYER. [S. l.: s.
n., 2016].
GARCIA, M. K. et al. Conceito Halliwick: inclusão e participação através das
atividades aquáticas funcionais. Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 142-150,
2012.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
KANNER, L. Autistic and Asperger Syndrome: an overview. Rev. Bras. Psiquiatr,
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OLIVEIRA, E. A. Intercorrências em aulas de natação para um indivíduo com
transtorno do espectro autista. 2017. 59 f. Trabalho de Conclusão do Curso
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ORIEL, K.N. et al. The effects of aerobic exercise on academic engagement in young
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SILVA, A.B.; GAIATO, M. B.; REVELES, L. T. Mundo singular: entenda o autismo.
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