Bioetica 1
Bioetica 1
Bioetica 1
INTRODUÇÃO A BIOÉTICA
O que é BIOÉTICA?
Origem da Bioética
Autores da Bioética
Hoje, alguns autores são referências para os estudos de Bioética no mundo. Entre eles, estão o
filósofo Tom L. Beauchamp, professor da Georgetown University, e o filósofo e teólogo James F.
Childress, professor de Ética da Universidade de Virgínia. Juntos, esses dois destacados estudiosos
da Bioética escreveram o livro Princípios de Ética Biomédica, que contém a formulação dos
princípios bioéticos básicos, inspirados em grandes sistemas éticos de filósofos considerados
cânones do conhecimento ocidental, como Kant e Mill.
Outro autor de igual importância é Peter Singer, filósofo australiano e professor da Universidade de
Princeton desde 1999. Dentre suas obras, podemos destacar Ética prática, que problematiza
questões referentes à Ética enquanto área de estudo capaz de interferir na vida cotidiana das
pessoas, analisando questões polêmicas, como o aborto e a eutanásia; e Libertação animal, que
funda a teoria dos direitos dos animais."
Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro princípios básicos
que devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências que utilizam cobaias quanto para as
técnicas biomédicas e médicas que lidam diretamente com a vida. Esses princípios estão ligados a
teorias éticas conhecidas e ganham um novo contorno em suas formulações voltadas para a vida
animal.
1. Princípio da não maleficência: consiste na proibição, por princípio, de causar qualquer dano
intencional ao paciente (ou à cobaia de testes científicos). A sua mais antiga formulação pode ser
encontrada no Juramento de Hipócrates, e, no século XX, ele foi estabelecido como princípio
bioético pelos estudiosos Dan Clouser e Bernanrd Gert.
2. Princípio da beneficência: pode ter seu gérmen encontrado no juramento hipocrático, em que
se é afirmado que o médico deve visar ao benefício do paciente. Beauchamp e Childress vão
além, estabelecendo que tanto médicos quanto cientistas que utilizem cobaias devem basear-se
no princípio da utilidade (o utilitarismo de Mill e Bentham), visando a provocar o maior benefício
para o maior número possível de pessoas.
3. Princípio da autonomia: tem suas raízes na filosofia de Immanuel Kant e busca romper a
relação paternal entre médico e paciente e impedir qualquer tipo de obrigação de cobaias para
com a ciência. Trata-se do respeito à autonomia do indivíduo, pois esse é o responsável por si, e
é ele que decide se quer ser tratado ou se quer participar de um estudo científico.
4. Princípio da justiça: baseado na teoria da justiça, de John Rawls, esse princípio visa a criar um
mecanismo regulador da relação entre paciente e médico, a qual não deve ficar submetida mais
apenas à autoridade médica. Tal autoridade, que é conferida ao profissional devido ao seu
conhecimento e pelo juramento de conduta ética e profissional, deve submeter-se à justiça, que
agirá em caso de conflito de interesses ou de dano ao paciente.
Temas da Bioética
“A Bioética trata de temas muito delicados, muitas vezes considerados tabus. Há uma dificuldade
de estabelecimento de proposições únicas e últimas, pois existem, ao menos, três grandes áreas do
conhecimento que envolvem a Bioética e porque, enquanto ciência, ela não pode se submeter à
moral religiosa, que pode ser um obstáculo forte em questões relativas à vida, principalmente a
humana.
Listamos abaixo alguns temas tratados pela Bioética, expondo uma breve discussão que pode
aparecer sobre eles:
É o principal ponto tocado pelos estudos de Beauchamp e Childress, que formulam a solução
principalista (que se baseia em uma ética de princípios) para os problemas decorrentes.
A tradução literal de eutanásia é “boa morte”. Eutanásia é o ato de encerrar a vida de alguém que,
incapacitado, está em situação de penúria e não pode decidir por si mesmo. Quando um animal de
estimação tem uma doença crônica progressiva ou ficou gravemente sequelado por algum mal, os
veterinários podem dar a eles a eutanásia para encerrar o seu sofrimento
O suicídio assistido é um tipo de eutanásia, mas aplicado por humanos que decidem tirar a própria
vida de maneira digna e assistida por pessoas que garantirão o não sofrimento do paciente. Peter
Singer baseia-se no respeito à dignidade humana e no direito à escolha, que, para Beauchamp e
Childress, podem ser representados pelo princípio da autonomia, para afirmar a necessidade de
serem respeitadas as escolhas individuais de cada sujeito e a necessidade de olhar-se para a
dignidade de uma vida que não vale a pena ser vivida.
Aborto
Singer defende o aborto de fetos com até três meses de gestação, período em que a Medicina
afirma não haver ainda atividade cerebral e, portanto, há a ausência completa de sentidos. O aborto,
antes dos três meses, seria apenas a interrupção do crescimento celular dentro de um corpo. Para
discutir sobre isso, Singer parte das noções de consciência e de senciência (sentidos básicos e
noção da presença no mundo pela dor e pelo sofrimento).
Utilização de células-tronco
Partindo da utilidade e da beneficência, a utilização de células-tronco embrionárias é eticamente
viável quando visa ao tratamento e à melhoria da vida comum. A parte polêmica desse tema é a
necessidade de efetuar-se abortos para conseguir a extração de células de embriões. A eticidade do
aborto, nesses casos, baseia-se nos mesmos princípios discutidos no tópico anterior.
Atividades:
1) A pesquisa envolvendo seres humanos deverá ter como base quatro princípios básicos da
bioética definidos abaixo: I. Capacidade de decisão, liberdade e direito de autogovernar-se; II.
Respeito a equidade dos indivíduos; III. Fazer o bem, cuidar e favorecer a qualidade de vida; IV. Não
causar mal e/ ou danos ao paciente de forma intencional. Marque a opção que apresenta a ordem
correta de definição destes princípios:
A) I - Autonomia, II - Justiça, III - Beneficência e IV - Não Maleficência.
B) I - Beneficência, II - Autonomia, III - Não Maleficência e IV - Justiça.
C) I - Autonomia, II - Justiça, III - Não Maleficência, e IV – Beneficência
D) I - Justiça, II - Não Maleficência, III - Beneficência e IV - Autonomia.
E) I - Justiça, II - Não Maleficência, III - Autonomia e IV - Beneficência.
2) A bioética é apoiada por quatro princípios e um deles assegura o bem-estar das pessoas,
evitando danos, e garante que sejam atendidos seus interesses. Busca-se a maximização do
benefício e a minimização dos agravos. Esse é o princípio da:
A) autonomia.
B) não maleficência.
C) beneficência.
D) justiça.
E) igualdade.
3) Paciente J.C.L, 67 anos, portador de câncer, em cuidados paliativos, possui queixa continua de
dor. Nesse caso, a enfermeira implementou um plano de controle da dor e monitorou a resposta do
paciente ao plano. O princípio que norteia o monitoramento é o(a):
A) justiça.
B) fidelidade.
C) beneficência.
D) não maleficência.
E) respeito à autonomia.
4) A bioética é uma ética aplicada que trata de conflitos e controvérsias morais no âmbito das
Ciências da Vida e da Saúde, envolvendo valores e práticas. Suas reflexões abordam temas que
atingem a vida de forma irreversível. Você já conhecia esse tema? Vamos montar uma roda de
conversa e aprender mais sobre Bioética! Lembre-se: sua participação e opinião são de grande
importância. Registre aqui os pontos levantados nesta roda.
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ÁREAS DE ESTUDO DA BIOÉTICA CLONAGEM
Muitas questões giram em torna da ética e do processo de clonagens e, até hoje, não ficou
efetivamente comprovada se foi realizada uma clonagem humana em laboratório.
Depois da Dolly, muitos cientistas e a sociedade em geral refletiram sobre os benefícios e os
prejuízos trazidos por esse processo.
A princípio, a engenharia genética aliada à medicina aposta na clonagem como forma de
beneficiar grande parte da população, seja na diminuição do número de pessoas necessitadas
pelos transplantes de órgãos, ao criar órgãos e células, ou na cura e no tratamento de
determinadas enfermidades, defeitos genéticos ou casos de infertilidade.
Por outro lado, a questão ética e religiosa levanta questões sobre a clonagem de seres humanos e
muitos estudiosos acreditam que esse processo, futuramente, pode afetar a individualidade dos
indivíduos, gerar preconceito e, ademais, beneficiará apenas uma parcela da população, uma
vez que a clonagem é muito cara e se tornará um comércio.
Dessa forma, espera-se que a ciência tenha como princípio o respeito aos valores morais e
éticos.
Tipos de Clonagem
Há 4 tipos de clonagem:
1. Clonagem Natural: é o caso dos gêmeos univitelinos, seres idênticos que possuem o
mesmo genoma.
2. Clonagem Induzida: reprodução assexuada realizada artificialmente em laboratório
através de duas células mães, que produzirão seres idênticos, ou clones.
3. Clonagem Reprodutiva: processo de reprodução assexuada através de células
somáticas, ou seja, qualquer célula do corpo, exceto os gametas sexuais (óvulo e
espermatozoide).
4. Clonagem Terapêutica: técnica utilizada para a reprodução de células-tronco, muito
semelhante à clonagem reprodutiva, contudo, não é introduzida no útero.
PROJETO GENOMA HUMANO
O Projeto Genoma Humano (PGH) foi uma pesquisa científica que contou com a participação de
cientistas de 18 países.
O genoma é o conjunto de genes de uma espécie. O gene é formado por sequências de
centenas ou milhares de pares de bases nitrogenadas.
Assim, o principal objetivo do projeto era realizar o
sequenciamento das bases nitrogenadas do DNA humano.
Os resultados finais foram apresentados em abril de 2003,
com 99% do genoma humano sequenciado e 99,99% de
precisão.
Os resultados preliminares do projeto foram divulgados na
revista Nature, em 2001.
Objetivos
O projeto Genoma Humano possuía uma série de
objetivos, dos quais destacam-se:
Sequenciar todos as pares da bases nitrogenadas do
DNA e que compõem o genoma do ser humano;
Identificar todos os genes humanos;
Desenvolver uma metodologia ágil para os estudos de
sequenciamento do DNA;
Desenvolver novas ferramentas para análise dos dados
do DNA e novas formas de disponibilizá-los aos
pesquisadores;
Oferecer um banco público de dados com os
resultados do projeto para dar suporte à pesquisa científica,
médica e farmacológica.
Financiamento
Um projeto de tamanha dimensão e importância precisou de grandes investimentos econômicos,
ele se caracterizou com um consórcio público internacional.
Para isso, contou com financiamento público, sob a coordenação do Instituto Nacional de
Saúde e do Departamento de Energia dos Estados Unidos.
Também contribuíram com o financiamento universidades norte-americanas, inglesas,
francesas, alemãs, japonesas, chinesas e brasileiras. Além de recursos de empresas privadas.
A coordenação inicial dos trabalhos ficou a cargo do geneticista norte-americano James Watson.
Em todo o projeto atuaram mais de 5 mil cientistas em 250 laboratórios.
Avanços e resultados
Ao desvendar o genoma humano abriram-se uma série de possibilidades para o avanço de
outras pesquisas na área de genética, medicina e biotecnologia.
Foi descoberto que o genoma humano possui 3,2 bilhões de nucleotídeos e que a sequência
deles é 99,9% igual entre todas as pessoas.
Apesar da enorme quantidade de bases, apenas 2% do genoma é usado para a síntese de
proteínas.
Disponibilidade do sequenciamento do DNA para até 2 mil doenças genéticas;
Melhoria da compreensão das causas de alguns tipos de câncer;
Possibilidade de diagnóstico de doenças genéticas;
Produzir medicamentos com maior poder de atuação e menores efeitos colaterais;
Novas terapias e tratamentos baseados no perfil genético de cada indivíduo;
Possibilidade de personalizar medicamentos conforme a necessidade individual do paciente;
Maior suporte para a medicina forense, possibilitando o esclarecimento de crimes com
precisão.
Vantagens e Desvantagens
Dentre as vantagens do projeto, o conhecimento de risco do desenvolvimento de patologias é a
principal. Esse conhecimento permite o planejamento familiar por meio de aconselhamento genético.
Apesar das inúmeras vantagens e benefícios, a principal desvantagem do projeto envolve a
questão ética. A manipulação genética ainda é uma área recente e que vai além das
questões científicas.
Atividades:
a) reprodução assistida.
b) conjugação.
c) reprodução assexuada.
d) fecundação interna.
e) reprodução sexuada.
2) Apesar do que muitos pensam, a clonagem não é utilizada apenas com a finalidade de gerar
um indivíduo idêntico ao que o originou. Algumas vezes ela é realizada para produzir células-tronco
para o tratamento de algumas enfermidades. Esse último tipo de clonagem é conhecido por:
a) clonagem in vitro.
b) clonagem reprodutiva.
c) clonagem multiplicadora.
d) clonagem terapêutica.
e) clonagem reparadora.
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FERTILIZAÇÃO IN VITRO
Dilemas éticos
Atualmente é difícil argumentar que tais métodos inovadores correspondem a meras extensões
do jeito natural de se reproduzir. Partenogênese (desenvolvimento de um ser vivo a partir de um
óvulo não fecundado); clonagem (processo utilizado para criar uma réplica geneticamente exata de
uma célula, tecido ou organismo), e ectogênese (conjunto de técnicas necessárias para produzir
bebês fora do corpo da mulher, isto é, úteros artificiais) já estão no horizonte científico.
Doadoras de óvulos, mães substitutas e doadores de esperma figuram como “auxiliares” aos que
não têm filhos de maneira natural. Novas formas de reprodução assistida são cada vez mais usadas
para gerar crianças sem vínculos hereditários ou genéticos com as famílias que as criarão.
Finalmente, tecnologias de reprodução assistida não são mais usadas exclusivamente no
contexto de famílias nucleares tradicionais: casais homossexuais e mulheres e homens
solteiros contam acesso a elas, o que leva grupos religiosos – e até alguns seculares – a
expressarem preocupações quanto ao enfraquecimento do compromisso mútuo familiar e o
bem-estar dos filhos resultantes de processos artificiais. Também na mira dos críticos está
eventual “uso indevido de recursos sanitários”, porque esses métodos não são empregados
somente na superação de problemas médicos, mas com a intenção de contornar limites
biológicos à paternidade.
Além disso, há quem veja o perigo de mercantilização de seres humanos e seus produtos
corporais: oferecer grandes quantias de dinheiro a terceiros, principalmente os mais carentes,
pode diminuir a voluntariedade de sua escolha em participar do processo. Lembrando: no
Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe que a cessão temporária de útero tenha
caráter lucrativo ou comercial.
Aqui vale lembrar outra questão ética importante: apenas poucas pessoas se beneficiam
das novas tecnologias reprodutivas: o acesso depende, entre outros, de fatores econômicos,
culturais, de raça e de classe social. Assim, seu uso tem potencial para ampliar ainda mais as
fronteiras econômicas e sociais entre ricos e pobres, e entre uma subcultura e outra.
No Brasil, não existe ainda nenhuma legislação que regulamente os procedimentos de
reprodução assistida. O único documento de que se dispõe para tanto é a Resolução 1358/923
do Conselho Federal de Medicina. Este, apesar de não ter força de lei, oferece as orientações
éticas para utilização das novas tecnologias reprodutivas nas clínicas de fertilização. Nesse
documento estão presentes algumas informações sobre o que os médicos estão permitidos ou
impedidos de fazer no uso das tecnologias reprodutivas.
Em uma análise das sessões dessa resolução, percebe-se uma tentativa de banalizar a
atividade médica quando da manipulação de gametas para fins reprodutivos. A utilização de
técnicas médicas para realização de procedimento de fecundação abriu uma série de novas
situações que impõem dilemas específicos, os quais demandam reflexão e regulamentação
ética para além dessa resolução. Diversos aspectos do uso das novas tecnologias
conceptivas, porém, encontram-se defasados nesse documento, como a assistência à
reprodução para casais não heterossexuais, a doação de embriões pré-implantados para
pesquisa científica e clonagem humana.
Atividades:
1) João e Maria recorreram a FIV após várias tentativas de engravidar sem sucesso. Foram
retirados 6 óvulos que foram fertilizados e congelados. Na primeira tentativa de fertilização,
foram implantados 2 óvulos. Após alguns dias, Maria descobriu que estava grávida, ou seja,
sua FIV havia positivado. Ela não tem interesse em implantar os outros óvulos e encaminhou-
os para descarte. Vamos refletir sobre a questão. Maria está cometendo algum crime? O que
você pensa a respeitos dos embriões que serão descartados?
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