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Aula 1.2 O Que É Hipnose-V-2

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Licensed to RONALDO DE ARAÚJO SILVAronaldo_justo@hotmail.com - Document: 654.608.

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Aula 1.2: O Que É Hipnose?


Nessa aula, você vai entender um pouco melhor, o que realmente é a hipnose.

Um grande problema que a ciência tem é definir o que é hipnose. E a gente acaba tendo 2
tipos de teorias científicas para definir o que é hipnose :

As chamadas Teorias De Estado – que vão classificar a hipnose como estado alterado da
consciência.

E teremos também as Teorias De Não-Estado – que vão falar que hipnose nada mais é que
um comportamento e uma atitude mental.

E não existe realmente uma definição certa. Inclusive, quando vamos olhar artigos
científicos envolvendo hipnose, é preciso ter muito cuidado para você ter certeza que esses
artigos estão se tratando do mesmo fenômeno.

Por exemplo, um artigo científico que fala do uso da hipnose associada a terapia cognitiva-
comportamental para parar de fumar ou para depressão, por exemplo, geralmente tem uma
definição de hipnose totalmente distinta daquela definição que vai ser utilizada no outro artigo
científico que vai falar sobre anestesia hipnótica, por exemplo.

Isso acontece porque a palavra hipnose vai se referir a uma série de fenômenos que são
totalmente diferentes. Pra ficar mais claro, vamos pensar em outra palavra que usamos com
muita frequência, e que também sofre desse mesmo problema: A memória.

Em geral, utilizamos a palavra memória para vários fenômenos cognitivos que são
totalmente diferentes.

Você se lembrar, por exemplo, de como dirige um carro ou se lembrar de alguns fatos da
infância, ou até mesmo saber o nome das coisas – são fenômenos cognitivos diferentes.

Inclusive quando alguém fala: “ah, eu tenho uma péssima memória” em geral esta pessoa
está especificando um tipo de memória. Mesmo as pessoas mais distraídas e supostamente mais
esquecidas não se esquecem de que um caderno chama caderno, ou que o celular chama celular,
ou seja, aquilo está bem armazenado.

No entanto, a gente vai acabar utilizando a palavra memória para falar da nossa habilidade
de utilizar da experiência passada no agora.

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Ou seja, quando me lembro de que um caderno chama caderno, estou realmente


utilizando de uma experiência passada no agora.

E o mesmo quando estou dirigindo o carro. No entanto, no seu cérebro esses


fenômenos são diferentes. E no nosso curso vamos optar por teorias de estado ou por
teorias de não-estado?

As teorias de estado vão falar que quando alguém está em hipnose, ela entra num
estado mental diferente, o estado alterado de consciência chamado “transe”, o chamado
“transe hipnótico”. Inclusive existem artigos científicos que vão conseguir identificar o que
acontece no cérebro durante o chamado “estado de transe”.

Agora, as teorias de não-estado vão falar que a gente não precisa realmente ter o
“estado alterado de consciência” e que a hipnose acontece o tempo todo – e que até mesmo
os fenômenos mais complexos de hipnose – podem acontecer sem a existência de um
estado alterado de consciência.

Nesse curso vamos optar por teorias de não-estado, e a minha justificativa é muito
simples : pois se eu escolho a teoria de estado – “ah, a hipnose é um estado alterado de
consciência” – eu estou ignorando uma série de outros fenômenos que a gente também
chama de hipnose e que não vão envolver um estado alterado de consciência.

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Então, como poderia ser uma definição de hipnose aqui no nosso curso? Tem uma
definição que eu gosto muito, que é do grande hipnotista James Tripp, e a definição é a
seguinte:

“A hipnose é alteração da percepção subjetiva de uma pessoa por meio de uma


comunicação verbal ou não verbal”

Ou seja, a hipnose trabalha com alteração da percepção da realidade. Porque se você


para pra pensar, tudo o que você vê e sente, acontece devido a um padrão cerebral.

E nesse momento, é impossível a gente não se lembrar do filme “The Matrix”, ou


Matrix, em que ‘Neo’ pergunta para ‘Morpheus’ :

“A Matrix é real?”

E ‘Morpheus’ diz, olha : “Tudo aquilo que você chama de real, nada mais é, do que um
padrão elétrico do seu cérebro”

Então se você está questionando se a Matrix é real – pois você pode tocar, pode sentir
– é claro que ela é real.

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E sem querer entrar aqui numa discussão filosófica, que não é nosso objetivo aqui no
curso, mesmo que não exista uma realidade objetiva, uma realidade externa – essa realidade
externa – só vai ser acessada por meio dos nossos sentidos. Então, hipnose vai trabalhar
justamente nesta ponte entre você e o ambiente externo.

O hipnotista – por meio da alteração da expectativa da pessoa – consegue alterar a


percepção da realidade subjetiva, pois por mais que exista uma realidade externa, a realidade vai
ser percebida de alguma forma.

Inclusive é muito comum você ver pessoas diferentes num mesmo contexto e na mesma
situação dando uma interpretação completamente distinta para aquilo que está acontecendo.

Ás vezes você vê na televisão um grupo de manifestantes raivosos ou da esquerda ou da


direita, destruindo tudo.

Mas para a pessoa que pertence a esse grupo, aquela destruição tem um significado, tem
uma justificativa, porque não existe a realidade sem a interpretação dessa realidade.

Agora, como que acontece essa alteração da percepção da realidade? Uma porta muito
comum para isso acontecer se chama “crença” – por meio do engajamento da crença de uma
pessoa – você consegue alterar a percepção da sua realidade.

Não vou nem falar de religião. Vou falar de filme de terror. Quando eu era pequeno era
muito comum, a gente com 10, 11 anos querer mostrar que já era adulto, e que conseguia
assistir o filme do “Freddy Krueger” todo até o fim.

Aí ficavam aqueles meninos todos assistindo e morrendo de medo, fingindo que não
sentiam medo de nada. Aí a gente via o filme, e começava a ver vultos na casa.

Porque que a gente começava a ver o “Freddy Krueger” em todo canto da casa? É porque o
nosso sistema de crenças, naquele momento foi alterado.

Sem entrar no mérito espiritual, fazendo uma análise puramente objetiva das religiões. A
hipnose acontece espontaneamente nesses ambientes. Por meio da fé, a pessoa consegue ver
novas saídas, ela consegue ver outras oportunidades que talvez ela não via antes.

Sabe outro lugar em que isso acontece muito? Palestra motivacional – por meio da crença
– as pessoas acabam alterando sua própria percepção da realidade.

Existem treinamentos de imersão de 2, 3, 7 dias em que as pessoas saem de lá totalmente


transformadas. Vendo o mundo de uma nova forma. E isso acontece porque as crenças foram
reestruturadas. Então, se você consegue engajar/alterar/trabalhar com a crença de alguém, você
consegue alterar a percepção da realidade desta pessoa.

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Oras, então significa que eu preciso acreditar na hipnose para ser hipnotizado? Na verdade,
não. Existem outras formas que essa alteração da realidade pode acontecer, e uma dessas
formas se chama “a condução da imaginação”.

Eu já hipnotizei várias pessoas que não acreditam em hipnose. Já hipnotizei cientista como,
por exemplo, um Youtube que é muito famoso na internet chamado Pirula. Ele trabalha com
divulgação científica – é um paleontólogo – e ele me disse:

“Alberto, eu quero ser hipnotizado, mas eu não acredito em hipnose porque não me parece
fazer sentido” Ai eu perguntei o seguinte:

“Olha, eu não estou perguntando se você acredita em hipnose, eu quero saber se você quer
ter uma experiência mágica agora, com a sua imaginação?”

Ele falou: “É claro que eu quero”

Por meio da condução da imaginação, as pessoas também conseguem alterar a sua


percepção de realidade.

Agora, existem outros mecanismos pelos quais a hipnose vai acontecer, por exemplo,
fisiologia.

Quando a gente fala de transe hipnótico, em geral, estamos nos referindo ao relaxamento
do corpo.

Você provavelmente já ouviu falar “ah, fulano de tal, está em transe profundo”, “ah, aquele
lá está num nível hipnoidal, um nível bem superficial de transe”.

Muitos hipnotistas acham que esse relaxamento, estar mais profundo ou mais superficial
indica que essa pessoa vai aceitar melhor as sugestões em hipnose.

E na realidade, isso não é bem verdade. Eu posso ter pessoas que estão muito relaxadas.
Que atingiram o estado de Esdaile – ou coma hipnótico – em que o corpo já nem responde a
estímulos como a dor, por exemplo.

No entanto esta pessoa que está lá, toda relaxada, toda desligada, se você der uma
sugestão simples como à perda de um nome, uma simples amnésia acaba não funcionando
muitas vezes, porque o relaxamento do corpo não está associado necessariamente à sugestão.

Oras, mas porque que costuma ser mais fácil que a sugestão funcione quando acontece o
relaxamento antes, ou a chamada indução hipnótica?

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Indução hipnótica é um ritual que vai favorecer a hipnose de acontecer. Geralmente


vamos falar que a indução hipnótica é aquele mecanismo que vai levar as pessoas ao transe
– mas se lembre bem – que o transe, na verdade, é uma percepção do relaxamento.

E quando a pessoa está nesse relaxamento, ela também acaba tendo mais ferramentas
para alterar a sua própria percepção de realidade.

Então vamos supor, por exemplo, que antes de alguém me dar uma sugestão de
alteração da realidade, essa pessoa faça comigo um relaxamento – e meu corpo vai ficar
pesado, vai sentir pesado – e eu começo a sentir isso, você que está sendo hipnotizado
começa a sentir o corpo pesado.

E quando você sente a sua fisiologia acompanhando o que está sendo dito, você
começa a ter a porta aberta para alteração da percepção da realidade. Porque além da
crença, além da imaginação, outra porta importante é a fisiologia.

Então imagine: a pessoa não acredita em hipnose. Ai você fala o seguinte: vou te
hipnotizar agora, explica os procedimentos, tira os mitos, fala para ela fechar os olhos e
começa a indução hipnótica – que nada mais é que o ritual – que vai elevar expectativa da
pessoa e que geralmente, vai envolver algum tipo de relaxamento.

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Aí durante a indução, eu vou dando sugestões “você vai sentir o corpo pesado/você vai
afundando nesse estado” e quando a pessoa sente no próprio corpo que isso está acontecendo,
ela acaba tendo uma alteração da percepção da realidade. Então para ficar um pouco mais claro,
vamos mostrar o chamado “loop hipnótico” de James Tripp.

O “loop hipnótico” mostra na verdade, 4 portas que podem ser utilizadas para pessoa
entrar no processo da hipnose – como disse anteriormente – um deles é a crença.

Agora, a crença acaba alterando a imaginação daquela pessoa. E essa alteração na


imaginação leva a alterações fisiológicas, e essas alterações fisiológicas convencem você de que
algo mágico está acontecendo.

E você começa a ter uma experiência. E essa experiência, começa a confirmar sua crença.
Então, isso vai girando, girando e girando.

É por isso que quando você vê na internet um vídeo de alguém alucinando, olhando pro
lado e vendo a “Beyoncé”, aquilo está acontecendo porque essa pessoa já passou nesse loop
várias, várias e várias vezes.

É como se a realidade fosse sendo alterada por pequenas camadas, até que em certo
momento a pessoa consegue alterar a realidade a um ponto em que ela alucina. Alucinar é ver
algo que não existe. E realmente isso acaba acontecendo.

Você provavelmente já viu um exercício chamado “mão colada”.

É muito feito na televisão. Faz uma contagem, sei lá de 1 a 5 ou de 1 a 10 e fala que a mão
vai ficar colada.

E quando chega ao ultimo número, algumas pessoas ficam com a mão totalmente colada e
são selecionadas para irem ao palco para alguma demonstração de hipnose.

O importante é o seguinte: essa posição, ela é incômoda, ela já trava um pouco a mão, a
mão fica um pouco travada, é difícil soltar. Só que durante o ritual da hipnose eu recebo a
sugestão de que ela está colada.

Então quando eu sinto pela fisiologia, essa leve trava, eu começo a ativar mais uma vez o
loop hipnótico, pois eu passo a ter a experiência de que a hipnose está acontecendo – e naquele
exato momento, naquela fração de segundo – eu começo a acreditar.

Aí já ativou a crença, já vai ativar mais uma vez a imaginação e a fisiologia vão ficar mais
fortes. Por isso que algo que fisiologicamente apenas travaria um pouco, deixa a mão toda presa.

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Aí já ativou a crença, já vai ativar mais uma vez a imaginação e a fisiologia vão ficar mais
fortes. Por isso que algo que fisiologicamente apenas travaria um pouco, deixa a mão toda presa.

Deixa toda presa por quê? Porque aquela pessoa se permitiu rodar por todo aquele loop
hipnótico.

Agora, o que vai fazer alguém realmente se engajar por uma dessas portas para a hipnose?
A expectativa!

Você vai perceber que começar a hipnotizar parentes, amigos em geral é um pouco mais
difícil do que hipnotizar pessoas desconhecidas.

Imagine seu pai, sua mãe, viram que você comprou esse curso e fala “ah, ai tá aprendendo
hipnose” aí você assistiu, sei lá, algumas aulas e já está se sente pronto para fazer alguns
exercícios de hipnose – e aquela pessoa que sabia que você ontem não tinha noção dos
exercícios de hipnose – ela dificilmente, hoje, vai ter expectativa de que vai poder ser
hipnotizada.

Então, por outro lado, imagine que você estudou o curso, nunca fez hipnose com ninguém.
Mas é apresentado para algumas pessoas, talvez amigos dos seus amigos, como um grande
hipnotista.

O simples fato de essas pessoas já ter ouvido a palavra hipnose, ouvido que você é um
grande hipnotista, vai elevar a expectativa dessas pessoas – e ao elevar a expectativa dessas
pessoas – essas portas do loop hipnótico, essas portas que são capazes de levar essas pessoas á
hipnose, começam a ser ativadas e o loop começa a funcionar.

Inclusive, quando mágicos aprendem hipnose, eles hipnotizam com grande facilidade, pois
eles sabem trabalhar muito bem com a expectativa das pessoas.

Sabe outro profissional que aprende hipnose muito rapidamente? Humorista!


Principalmente o humorista de stand-up.

Geralmente, esses humoristas, que se apresentam com textos autorais e fazem as pessoas
rirem de situações cotidianas, trabalham com expectativa o tempo todo.

Ele vai avaliando as respostas e de acordo com as respostas, ele vai alterando o discurso
dele – e é isso que você vai aprender a fazer – mais importante do que saber as técnicas de
hipnose é ter a noção de que o grande hipnotista, na verdade, é uma pessoa que sabe trabalhar
com expectativa – que era o que Freddy Krueger fazia comigo na infância - aliás recentemente eu
fui ver o filme do Freddy Krueger, eu achei tão besta, tão ridículo que fiquei até com vergonha,
sabe? Falei “gente, como é que eu tinha medo desse negócio?”

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Realmente... As crianças de hoje, que assistirem a esse filme, vão achar é graça. Mas,
naquela época que não tinha internet, não tinha nada, o Freddy Krueger nos colocava medo,
pois ele sabia como aumentar nossa expectativa.

Tem um filme muito legal, chamado “Os Outros” com Nicole Kidman. É um filme que
mostra claramente como é capaz de gerar suspense sem mostrar nada.

O filme vai alimentando a expectativa, alimentando a expectativa, alimentando,


alimentando e alimentando... cara chega um momento que não mostrou um monstro, não
mostrou nada que você está todo preso na cadeira.

Esse elemento da expectativa é o ponto mais importante da hipnose e vamos falar um


pouco mais sobre isso nas próximas aulas.

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