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Modelo Contestacao Trabalhista

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 15ª VARA DO TRABALHO DE SALVADOR –

BA

Processo nº 5678/9

BOCA DO INFERNO LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº …,
endereço eletrônico…, com sede no endereço ….,por seu advogado que esta subscreve, com
procuração em anexo, endereço eletrônico..., vem respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no art. 847, parágrafo único da CLT, para propor a presente

CONTESTAÇÃO

nos autos da reclamação trabalhista movida por GREGÓRIO DE MATOS, já qualificado nos
autos, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.

I. PRELIMINARES PROCESSUAIS

I.I) Inexistência de Estabilidade Provisória

O reclamante postula reintegração ao emprego com base na estabilidade acidentária


prevista no art. 118 da Lei 8.213/91, alegando ter sofrido acidente de trabalho em
10/05/2020. Contudo, a empresa sustenta que, conforme a legislação vigente, a
estabilidade acidentária se restringe ao período de 12 meses após o retorno do trabalhador
ao emprego, ou seja, o trabalhador não possui direito à estabilidade após esse prazo, que já
foi ultrapassado, uma vez que a alta médica para o retorno ocorreu em 10/08/2020 e a
demissão se deu em 02/01/2024.

Portanto, a pretensão de reintegração deve ser julgada improcedente, pois já expirou o


prazo legal para a estabilidade.

II. PREJUDICIAIS DE MÉRITO

II.I. Prescrição Parcial

A presente reclamação foi ajuizada em 15/04/2024, porém parte das verbas pleiteadas são
relativas a períodos anteriores ao quinquênio, especialmente no que diz respeito às horas
extras e diferenças salariais, que podem estar sujeitas à prescrição de 5 (cinco) anos,
conforme o disposto no artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal. Assim, requer-se o
reconhecimento da prescrição de parte das verbas postuladas, limitando-se a análise aos
últimos 5 anos de vínculo empregatício.

III) MÉRITO

III.I) Da Estabilidade Acidentária

O reclamante busca reintegração ao emprego com base na alegada estabilidade provisória


em razão do acidente de trabalho ocorrido em 10/05/2020. Contudo, a empresa impugna
tal pedido, pois a estabilidade prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91 é limitada a 12 meses
após o retorno ao trabalho, o que ocorreu em 10/08/2020.

Portanto, a empresa não está obrigada a reintegrar o trabalhador, sendo válida a demissão
realizada em 02/01/2024, e não há direito à reintegração, devendo ser indeferido o pedido.

III.II) Da Indenização por Danos Estéticos Funcionais

O reclamante pleiteia uma indenização de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) por danos
estéticos e funcionais em razão da perda de dois dedos do trabalhador devido ao acidente
de trabalho. No entanto, a empresa sustenta que o valor pleiteado é exorbitante e não se
justifica diante da real extensão das sequelas do acidente.

O acidente de trabalho ocorreu, mas o valor solicitado pelo reclamante é desproporcional,


uma vez que não restou comprovado qualquer prejuízo grave que justifique tal montante. A
empresa nega que as sequelas causem impacto significativo à qualidade de vida do
trabalhador, sendo, portanto, indevida a indenização por danos estéticos no valor
pretendido.

III.III) Da Equiparação Salarial

O reclamante alega que havia desvio salarial em relação a outros empregados que exerciam
a mesma função de operador de máquina e recebiam valores superiores. Contudo, a
empresa refuta tal alegação, visto que não há elementos nos autos que provem que o
reclamante tenha exercido a função de forma idêntica aos demais empregados. A
equiparação salarial depende da demonstração de identidade de função, de requisitos de
produtividade, qualidade e tempo de serviço, o que não foi comprovado no presente caso.

Portanto, o pedido de equiparação salarial deve ser julgado improcedente, uma vez que não
existe desvio ou diferença de tratamento entre os empregados da empresa.

III.IV) Da Jornada de Trabalho e das Horas Extras

O reclamante alega que trabalhava além da jornada contratual de 44 horas semanais, mas
não apresenta provas consistentes de que tenha laborado em jornadas extraordinárias. A
empresa mantém que o reclamante cumpria sua jornada regular, de segunda a sexta-feira,
das 8h às 15h, com intervalo de 1 hora para alimentação e descanso, conforme registrado
nos controles de ponto.

Não há nos autos qualquer documento que comprove que o reclamante tenha realizado
horas extras de forma habitual. Assim, o pedido de pagamento de horas extras deve ser
indeferido.

III.V) Do Vale-Transporte e do Trabalho Remoto (Home Office)

O reclamante postula o pagamento de vale-transporte referente aos meses de abril a junho


de 2021, durante o período de home office. Contudo, conforme disposto na legislação, o
vale-transporte destina-se exclusivamente ao deslocamento para o trabalho e não se aplica
a empregados que executam suas funções em regime de home office.

Ademais, o reclamante não fez jus ao vale-transporte durante esse período, razão pela qual
o pedido é incabido. A empresa ainda esclarece que não houve qualquer omissão quanto a
este direito, uma vez que o vale-transporte não foi pago porque o trabalho foi realizado no
domicílio do reclamante.

III.VI) Da Integração do Vale-Cultura

O reclamante pleiteia a integração do vale-cultura ao salário, porém, a empresa refuta este


pedido, pois o vale-cultura é um benefício de caráter específico, destinado a incentivar a
participação em atividades culturais, conforme a Lei nº 13.018/2014. O benefício não
configura verba salarial, portanto, não deve ser integrado à remuneração do trabalhador.

IV. HONORÁRIOS

A empresa contesta o pedido de condenação ao pagamento de honorários advocatícios


sucumbenciais, uma vez que a parte reclamada entende que a reclamante não faz jus ao
benefício da justiça gratuita, nem tampouco há elementos que justifiquem o arbitramento
de honorários em favor do advogado da parte adversa.

V. JUSTIÇA GRATUITA

O reclamante requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita com base em sua
alegada hipossuficiência econômica, conforme declarações constantes na petição inicial. No
entanto, a Reclamada contesta o pedido, uma vez que o simples fato de ser empregado não
configura, por si só, a presunção de que o trabalhador não tem condições de arcar com as
custas processuais.
Conforme o disposto no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, o direito à
assistência jurídica gratuita é assegurado àqueles que comprovarem a insuficiência de
recursos. Para tanto, o reclamante deve apresentar elementos concretos que comprovem
efetivamente sua hipossuficiência, o que não ocorreu no caso presente. A simples alegação
de pobreza não é suficiente para a concessão da gratuidade de justiça.

Além disso, o artigo 790, § 3º, da CLT estabelece que a parte que requerer a justiça gratuita
deve comprovar a insuficiência de recursos. Nesse sentido, a jurisprudência tem sido clara
no sentido de que a mera declaração de hipossuficiência não basta para justificar a
concessão do benefício.

Ante o exposto, requer:

a) O recebimento da presente contestação e a sua regular tramitação, com a observância


dos princípios da ampla defesa e do contraditório;

b) O acolhimento das preliminares arguidas, com a consequente extinção do processo


sem resolução de mérito, nos termos do artigo 354 e 485 do CPC/15, ou,
alternativamente, o reconhecimento da prescrição parcial de parte das verbas pleiteadas,
conforme o artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal;

c) Seja julgada totalmente improcedente a ação, com a consequente rejeição dos


pedidos formulados pelo reclamante, em razão da ausência de direito ao pedido de
reintegração, da inexistência de danos estéticos significativos, da improcedência do pedido
de equiparação salarial, da inexistência de horas extras, da improcedência do pedido de
vale-transporte durante o home office e da não integração do vale-cultura ao salário;

d) O reconhecimento da inexistência de unicidade contratual, visto que o reclamante


não preenche os requisitos previstos no artigo 3º da CLT para configurar vínculo
empregatício contínuo, tampouco se comprovou qualquer desvio ou irregularidade na
relação de trabalho entre as partes;

e) Em caso de eventual condenação das Reclamadas, que sejam compensados os valores


já pagos, deduzidos os valores relativos a encargos fiscais e previdenciários, e que seja
aplicada a TR (Taxa Referencial) em relação à correção monetária e à atualização do
quantum, conforme artigo 879, §7º da CLT;

f) A produção de provas por todos os meios em direito admitidos, incluindo depoimento


pessoal do reclamante, testemunhas, prova pericial e outros documentos que se fizerem
necessários para o melhor esclarecimento dos fatos;

g) Que todas as intimações processuais sejam realizadas EXCLUSIVAMENTE em nome


dos advogados [NOME COMPLETO DOS ADVOGADOS], com endereço à Rua [ENDEREÇO
COMPLETO], Bairro [NOME DO BAIRRO], [CIDADE/UF], sob pena de nulidade, conforme o
artigo 272, § 2º e § 5º, e artigo 273, ambos do NCPC;
h) A improcedência do pedido de justiça gratuita, pois o reclamante não comprova a
insuficiência de recursos, conforme exige a legislação aplicável, e a sua condição de
empregado não implica, por si só, a presunção de hipossuficiência.

Nestes termos, pede deferimento.

[Local], [Data].
AO JUÍZO DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE XXXXXXX – ESTADO XXXXXXXX

PROCESSO Nº XXXXXXXXXXX

RECLAMANTE: GREGÓRIO DE MATOS

RECLAMADOS: TRANSPORTE RÁPIDO LTDA

TRANSPORTE RÁPIDO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº


XXXXXXXXX, com sede na Rua XXXXXXXXX, nº XXX, Bairro XXXXX, no município de
XXXXXXXX-XX, CEP XXXXXXX, por meio de seu representante legal, Sr. XXXXXXXXX,
brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob nº XXXXXXXXX, residente e domiciliado na Rua
XXXXXXXXX, nº XXX, Bairro Divineia, em XXXXXXXXX – XX e XXXXXXXXX, brasileiro,
casado, profissão, inscrito no CPF nº XXXXXXXXX, e portador do RG nº XXXXXXXXX,
residente e domiciliado à Rua XXXXXXXXX, nº XXXXX, Bairro XXXXXX, no município de
XXXXXXXXX - XX, CEP XXXXXXXXX, através de seus procuradores infra-assinados, com
escritório na Rua XXXXXXXXX, nº XXX, Bairro XXXX, neste município, vêm apresentar

CONTESTAÇÃO

à Reclamação Trabalhista dos autos do processo nº XXXXXXXXX, movida por GREGÓRIO DE


MATOS, igualmente qualificado nos autos, pelos fatos e direitos a expostos adiante:

I. DA SÍNTESE DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

O Reclamante ajuizou Reclamação Trabalhista em desfavor dos Reclamados acima


indicados, trazendo na narração da peça exordial que o Reclamante foi contratado na
função de XXXXX, na data de XX de janeiro de XXXXX, e no constando a baixa do contrato
com data de XX dezembro de XXXX.

E ainda que a Reclamada teria procedido com novo registro na CTPS, fazendo constar a
admissão como sendo XX de março de XXXXX, ocasião em que o referido registro ainda
consta em aberto, sem data da cessação contratual.

Pugna ainda o Reclamante, segundo o que narra a peça exordial, pelo reconhecimento do
vínculo de emprego e unicidade contratual no período de XX.XX.XXXX a XX.XX.XXXX,
retificando a CTPS do Reclamante quanto ao aspecto, devendo as Reclamadas serem
condenadas ao recolhimento do FGTS e INSS do período sem anotação na CTPS, bem como
na condenação dos Reclamados no salário extra folha – DSR, verbas rescisórias, férias e 13 º
salário.

Não lhe assiste razão alguma, restando a narração do Reclamante repleta de inverdades,
conforme será comprovado e exposto no decorrer desta demanda.

Primeiro porque o o Reclamante fora empregado dos Reclamados, conforme fartamente


abordado acima, no período que consta anotação na CTPS, inexistindo para tanto salário
extra folha e outras reflexos como vem pleitear. Segundo, porque quer se beneficiar desta
Justiça Especializada para auferir lucros de maneira inidônea e enriquecer ilicitamente,
como se demonstrará a seguir:

II. PRELIMINARMENTE

a) DA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSUM

O Reclamante alega que o segundo Reclamado, Sr. XXXXXXXXX há de figurar, em conjunto


com a primeira Reclamada, no polo passivo da presente ação trabalhista, eis que atuava
junto a essa, administrando e gerindo os negócios. Era o próprio dono, porém, registrou a
empresa em nome de XXXXXXXXX, seu pai, em flagrante fraude a legislação.

Ocorre que tal afirmação trazida à presente demanda pelo Reclamante não merece
prosperar, uma vez que se trata de suposições deste e maculada com inverdades de todo o
gênero.

A bem da verdade, tais considerações não se aplicam ao caso em comento, dado que o art.
2º, da CLT, impõe responsabilidade solidária somente quando as empresas integrarem
grupo econômico, deixando de inserir a pessoa física em tal conceito. Aliás, até mesmo o
art. 2º, § 1º, que estabeleceu as hipóteses de equiparação ao empregador, não previu a
possibilidade de pessoa física alheia ao quadro societário ser responsabilizada naqueles
moldes.

Assim sendo, deve-se proceder à exclusão de XXXXXXXXX do polo passivo da presente


demanda, pois não há amparo na legislação trabalhista para tanto.

Posto isto, Excelência, é evidente a ilegitimidade passiva ad causam do segundo Reclamado


para figurar no polo passivo da presente demanda, estando perfeitamente configurada a
carência de ação da reclamante em relação à Reclamada, impondo-se, "ipso facto", em
relação a este, a extinção do processo sem julgamento do mérito, nos termos do
preceituado no artigo 485, VI do NCPC, por ser esta medida de direito e LÍDIMA JUSTIÇA!

III. DO MÉRITO
As Reclamadas impugnam os fatos e pedidos articulados na exordial, requerendo a
IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, com esteio nos fundamentos
que passam a aduzir:

b) DA INEXISTÊNCIA DE UNICIDADE CONTRATUAL – AUSÊNCIA DOS ELEMENTOS


CARACTERIZADORES DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO DE XX – XX – XXXX a XX-XX-XXXX

Conforme se infere da CTPS do Reclamante, em XX-XX-XXXX houve sua contratação para


laborar como XXXXX. No mesmo registro consta a baixa do contrato com data de
XX.XX.XXXX. Entretanto, é cediço que tal procedimento se deu de forma legal pela
Reclamada.

A rescisão de fato e de direito ocorreu, sendo quitados todos os valores referentes a


rescisão contratual do Reclamante. Além disso, insta salientar que o Reclamante prestou
algum serviço posterior a sua rescisão para a primeira Reclamada normalmente após tal
data, porém de forma esporádica, somente quando a primeira Reclamada tinha muito
serviço e o Reclamante tinha tempo para prestá-lo de forma eventual.

É de conhecimento amplo que "empregado é toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário" (art. 3º.
da CLT).

In casu, os serviços prestados pela Reclamante na empresa do Reclamado deu-se em caráter


eventual, e, jamais houve qualquer tipo de dependência ou pagamento de salário.

Assim, ausente mais um pressuposto para a caracterização do Reclamante como


empregado das Reclamadas: ou seja, a inexistência de dependência ou pagamento de
salário, haja vista não exercer o Reclamante e nem ter a obrigação de exercer funções para
os Reclamados decorrente de relação empregatícia, uma vez que havia entre ambos apenas
um contrato verbal de prestação de serviços, quando o Reclamante se dispunha a ir
trabalhar para a Reclamada algumas horas, quando o mesmo não tinha nenhum outro
serviço de empreitada.

De plano, há de se ressaltar que o Reclamante não era subordinado das Reclamadas nas
datas de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX. Segundo os ensinamentos do ilustre Doutrinador Sergio
Pinto Martins, quanto à questão da subordinação conceitua:

“O obreiro exerce sua atividade com dependência ao empregador, por quem é dirigido. O
empregado é, por conseguinte, um trabalhador subordinado, dirigido pelo empregador. O
trabalhador autônomo não é empregado justamente por não ser subordinado a
ninguém, exercendo com autonomia suas atividades e assumindo os riscos de seu
negócio”. (MARTINS, Sergio Pinto – DIREITO DO TRABALHO, 31. Ed. – São Paulo: Atlas,
2015).
Tal conceituação se explica numa visão dinâmica do vínculo subordinante que mantém o
trabalhador junto à empresa, como um dos componentes do seu giro total em movimento,
compondo todo o processo produtivista ou de fornecimento de bens. Desse encontro de
energias e, em especial, da certeza e da garantia de que tal encontro venha a ocorrer
permanentemente, através da atividade vinculada surge a noção de trabalho subordinado.

Nesse sentido, resta caracterizado que o Reclamante, na condição de prestador de serviço


de forma autônoma a Reclamada, não gera vínculo empregatício (contrato de trabalho) pois
não há elemento de subordinação, uma vez que aquele era o próprio responsável pelo seu
negócio. Aliás, ainda trabalhava para outras pessoas e prestava apenas algumas horas
serviço para a Reclamada, em raríssimas vezes.

Como descrito no item anterior, o Reclamante nunca teve qualquer expectativa em relação a
compor o processo produtivista da primeira Reclamada, pois desde quando foi demitido em
XX-XX-XXXX, e admitido em XX-XX-XXXX, trabalhou para a Reclamada somente em algumas
oportunidades. Inexistente a subordinação, não há que se falar em vínculo de emprego.

Outro não é o entendimento jurisprudencial predominante, ora destacado, in verbis:

GARÇOM - VÍNCULO EMPREGATÍCIO - INEXISTÊNCIA - Se a prova testemunhal


apresentada corrobora a tese da empresa quanto à prestação de serviços de forma eventual
por parte do autor que era chamado através de contato telefônico quando da existência de
maiores eventos que necessitassem de mão-de-obra extra, não há como reconhecer o
vínculo empregatício pretendido, porque ausente um dos requisitos do artigo 3º da CLT. Se
fosse o autor um empregado efetivo na empresa não haveria a necessidade de contatá-lo
por telefone para desempenhar suas funções, porquanto estaria vinculado a uma jornada
previamente estabelecida para seu trabalho. (TRT 3ª R. - RO 4057/03 - 3ª T. - Rel. Juiz
Fernando Antônio Viégas Peixoto - DJMG 10.05.2003 - p. 09)

E ainda:

VÍNCULO DE EMPREGO. SUBORDINAÇÃO JURÍDICA. AUSÊNCIA. Ausente um dos requisitos


caracterizadores do contrato de trabalho, deve ser rejeitado o pedido de reconhecimento de
vínculo de emprego bem como os direitos dele decorrentes. (TRT12 - RO -
0000206-95.2017.5.12.0054, Rel. GILMAR CAVALIERI, 3ª Câmara , Data de Assinatura:
13/03/2019)

É lógico compreender que inexistindo subordinação e fiscalização por parte do


empregador, não há que se cogitar a existência de vínculo empregatício, pois ausentes os
pressupostos básicos para a caracterização de tal situação, como resta mais do que
demonstrado no presente caso.
O Reclamante tenta convencer este r. Juízo com informações inverídicas, motivo pelo qual
se rechaçam desde já os pedidos trazidos na peça exordial. Inexistia pagamento de qualquer
salário ao Reclamante por parte da primeira Reclamada, apenas o equivalente aos serviços
prestados.

Diante disso, para a configuração do vínculo empregatício devem estar presentes


sincronicamente os requisitos do art. 3º da CLT, quais sejam, onerosidade, pessoalidade,
não eventualidade e subordinação, o que no presente caso não foi preenchido pelo
Reclamante nenhum dos Requisitos. Destarte, ausente a subordinação jurídica, elemento
essencial na definição da relação de emprego regida pela CLT, se confirma a tese patronal
acerca do trabalho autônomo, devendo serem julgados improcedentes os pedidos
pleiteados pelo Reclamante, no tocante à UNICIDADE CONTRATUAL, SALÁRIO EXTRA
FOLHA, DSR, e demais VERBAS RESCISÓRIAS, FÉRIAS E 13º SALÁRIO, um vez
claramente demonstrado que o Reclamante não era empregado da primeira
Reclamada e tampouco do segundo Reclamado no período citado anteriormente.

"Ex Positis", pela ausência de vínculo de emprego entre o período entre XX-XX-XXXX a
XX-XX-XXXX, cabem rejeitados todos os pedidos formulados na exordial. Em homenagem ao
princípio da eventualidade, contesta, os Reclamados, um a um, todos os pedidos do
Reclamante, nos seguintes termos:

a) retificação na CTPS com os recolhimentos previdenciários do período;

Ora, diante de tudo quanto se explanou, resta incabível o pedido de retificação, eis que
diante da inexistência de vínculo de emprego entre XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX do
Reclamante para com os Reclamados, não há contrato de trabalho a ser retificado na CTPS.

Há de se concluir, portanto, pela improcedência do presente pedido.

Não tendo havido relação empregatícia entre o Reclamante e os Reclamados, não há que se
falar em anotação/retificação. Requer-se a improcedência deste pedido.

b) Seja a Reclamada compelida a anotar a data da cessação contratual na CTPS com a


devida projeção do aviso prévio, promovendo ainda a entrega da chave de conectividade
para saque do FGTS e formulários CD/SD para encaminhamento do seguro-desemprego e
[...]

Igualmente inaplicável à espécie, ante a inexistência de qualquer irregularidade a justificar


tal medida. O Reclamante jamais foi empregado do Reclamado no período citado, neste
diapasão, não há como se falar em atraso de acerto rescisório. O que tinha de ser pago foi
devidamente adimplido quando do término do contrato de experiência. E na mesma esteira,
referente ao contrato de trabalho, cuja admissão se deu em XX-XX-XXXX, na data de
XX-XX-XXXX, o próprio Reclamante abandonou o emprego, fato que será demonstrado mais
adiante, restando por sua vez ilegítimo o referido pedido;

c) Reflexos do salário pago extra folha em aviso prévio indenizado, férias com 1/3, 13º
salários, FGTS com 40% e DSR saldo de salário e aviso prévio indenizado e seus reflexos em
férias e 13º salário;

O Reclamante recebeu pelas horas em que prestou serviços ao Reclamado, não havendo
mais nada a ser pago. Contudo, o Reclamante jamais exerceu qualquer atividade para o
Reclamado, reforço entre o período de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX, oriunda de relação
empregatícia, portanto, não existe base legal para o pedido supra. Atente-se que em
decorrência do acordado pelas partes, o Reclamante tinha total autonomia sobre a
realização de seu serviço. Requer-se, pois, a total improcedência deste.

c) Aviso prévio proporcional indenizado de XX dias, já considerando o salário pago extra


folha – estimado em R$ XXXXX; Férias integrais do período XXXXX/XXXXXX acrescidas de
1/3, já considerando o salário pago extra folha – estimado em R$ XXXXXX, ainda Férias
integrais do período XXXX/XXXX ante a projeção do aviso prévio e já considerando o salário
pago extra folha – estimado em R$ XXXXXX;

Como o Reclamante era profissional autônomo, nunca manteve relação de emprego com os
Reclamados no período de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX, não se aplicam as regras da CLT,
sendo incabível o pagamento de férias, salário extra folha e demais projeções ou qualquer
outra verba trabalhista uma vez que o Reclamante era profissional autônomo. Resta
esclarecer que o Reclamante recebeu todas as verbas rescisórias a qual faria jus, referente
ao contrato de trabalho de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX, conforme anotação na CTPS.

d) Pagamento do 13º salário proporcional de XXXX e XXXX e integral de XXXX, já


considerando o salário pago extra folha e a projeção do aviso prévio – estimado em R$
XXXXXXX; com aviso prévio projetado;

Conforme já demonstrado e provado jamais houve relação empregatícia entre o Reclamante


e o Reclamado entre XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX. Portanto, tal pedido não tem nenhum
respaldo fático ou jurídico. Assim, pugna-se pela sua total improcedência. Por fim, resta
demonstrado que tal pedido está desacompanhado de um condão fático, uma vez que o
Reclamante recebeu suas verbas trabalhistas de forma integral relativo ao período
XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX, conforme denota-se na CTPS deste.

e) FGTS + 40% e DSR de todo período trabalhado sobre as verbas ora reclamadas e sobre o
contrato;

Como se sabe, as parcelas pleiteadas nestes itens dos pedidos acima citadas são direitos
atribuídos àquelas pessoas conceituadas como empregados pela CLT.
In casu, conforme demonstrado, jamais existiu qualquer liame empregatício entre
Reclamante e Reclamados. Por tal razão restam expressamente impugnadas também estas
parcelas.

g) Juros e correção monetária na forma da lei:

Como os Reclamados nada devem ao Reclamante, não há que se falar em juros e correção
monetária, devendo tal pedido também ser julgado improcedente. Não sendo este o
entendimento de Vossa Excelência, requer a aplicação de ambos na forma da lei.

c) DO ABANDONO DE EMPREGO

Por oportuno, se faz necessário levar ao conhecimento desse Juízo, no tocante ao contrato
de trabalho referente ao período de XX-XX-XXXX até XX-XX-XXXX, que tal demissão não
consta na CTPS do Reclamante, devido ao fato de que o mesmo abandonou o emprego,
alterando seu endereço residencial, o que impossibilitou até mesmo a sua notificação.

Cabe salientar que o abandono de emprego é a justa causa para a dispensa, pois na verdade
o empregado rescinde, de fato, o contrato de trabalho, por não mais comparecer a empresa.
Há, portanto, o desprezo do empregado para continuar trabalhando com o empregador.

Desta feita, se faz necessário trazer ao conhecimento desse Juízo, que o Reclamante veio
abandonar o emprego com animus derelinquendi, em razão de ter que solicitado um vale
para o seu supervisor e este ter se negado a atender o seu pedido, pois o Reclamante vinha
infringindo as normas de trabalho internas da primeira Reclamada, bem como que esta
última estava em dia com o seu pagamento. É importante lembrar que o ato de fornecer
vale aos empregados não é obrigação imposta pela Lei, e sim uma mera faculdade das
relações entre empregador e empregado.

Em questão semelhante, a orientação jurisprudencial se fixa no sentido de que o período a


ser considerado para a caracterização do abandono de emprego deve ser mais de trinta
dias, o que de fato ocorreu, conforme preceitua os art. 482, I da CLT.

Nesta senda, a ausência do empregado por mais de 30 (trinta) dias sem trabalhar cria a
presunção relativa (iuris tantum) de que abandonou o emprego. Ocorre que a primeira
Reclamada entrou em contato com o Reclamante e o mesmo manifestou que não mais iria
continuar laborando para aquela. Logo, na mesma oportunidade a Contabilidade a fim de
prevenir responsabilidade para a primeira Reclamada, encaminhou “motoboy” para
notificar formalmente o Reclamante, para a partir daí ser considerado rescindido o contrato
de trabalho. Contudo, o mesmo já não mais residia no mesmo endereço informado quando
admitido e sendo desconhecido pela Reclamada o seu paradeiro.

De mais a mais, tem-se conhecimento de que o ora Reclamante, no período em que


abandonou o trabalho com a Reclamada, passou inclusive a vincular-se a outra empresa,
nos mesmos dias e horários, de forma concomitante, enquanto pendente de baixa a CTPS.
Notória a incúria, desdém e desleixo do postulante com os princípios mais basilares do
Direto, com a boa-fé e com o respeito mútuo que deve haver na relação entre empregado e
empregador.

Por fim, diante das razões de fato e de direito expostas, impugnam-se os pedidos pleiteados
pelo Reclamante no que diz respeito a multa prevista no art. 477, § 8º da CLT – estimada em
R$ XXXXXXXX; e a penalidade prevista no art. 467 da CLT – estimada em R$ XXXXXXXX, uma
vez que o Reclamante deu causa a rescisão do contrato de trabalho com o animus
dereliquendi, o que por sua vez não há em que se questionar o direito à indenização, aviso
prévio, 13º salário proporcional e férias proporcionais, restando configurado que tais
verbas são indevidas ao Reclamante uma vez que o próprio abandonou o emprego.

Reforça-se que ao Reclamante não assiste qualquer razão nos direitos que ora veio pleitear.

d) DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.

Conforme preceitua o art. 79 e 80, do Código de Processo Civil, é litigante de má-fé aquele
que altera a verdade dos fatos.

Tendo em vista que o Reclamante está alterando a verdade dos fatos, conforme já exposto,
este deve ser responsabilizado pela sua má-fé, em defesa da dignidade da justiça.

Tais fatos mostram-se completamente distintos da realidade, distorcidos dolosamente com


o fito de moldar o convencimento do juízo.

Ora, assim prescreve o novo CPC:

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou
interveniente.

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.


Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa,
que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da
causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os
honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

§ 1o Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na


proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram
para lesar a parte contrária.

§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até
10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.

§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo,
liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.

Nesse mesmo sentido, a legislação trabalhista, ademais, é clara quando trata do assunto da
litigância de má-fé:

Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante,
reclamado ou interveniente.

Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

Veja que o Reclamante alterou a verdade dos fatos para conseguir objetivo ilegal na
demanda, qual seja, “pugnando pela condenação e pelo reconhecimento do vínculo de
emprego e unicidade contratual no período de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX, retificando a
CTPS do Reclamante quanto ao aspecto, devendo as Reclamadas serem condenadas ao
recolhimento do FGTS e INSS do período sem anotação na CTPS”.

Nesse diapasão, cumpre registrar que o período em que o Reclamante prestou serviços
para a primeira Reclamada foi de XX-XX-XXXX e demitido em 2 XX-XX-XXXX. E ainda, que o
Reclamante voltou a trabalhar para a Reclamada, sendo admitido em XX-XX-XXXX e
abandonando o serviço em xxxxxx de xxxxxxx, com a remuneração de R$ XXXXXXX
(XXXXXXXXXX), não havendo salário extra folha como informou o Reclamante na peça
exordial.

Ora, o Reclamante expõe na exordial fatos TOTALMENTE inverídicos, uma vez que o mesmo
não era empregado das Reclamadas no período de XX-XX-XXXX à XX-XX-XXXX, induzindo
este Juízo ao erro.
Sucede, Excelência, que o Reclamante entrou em contato com o segundo Reclamado, o Sr.
XXXXXXXX, via whatsapp conforme conversa anexa, buscando negociar um acordo,
solicitando o valor de R$ XXXXXX (XXXXXX) para dar baixa na CTPS. Resta por sua vez
nitidamente demonstrada a litigância de má-fé do Reclamante, pois o seu foco em ajuizar
uma Reclamação trabalhista em desfavor dos Reclamados como o fez, é locupletar-se de
valores indevidos e socorrendo ao Judiciário sem nenhum amparo na legislação para tanto.

Todos os fatos alegados nesta ocasião restam amparados em conversas por whatsapp,
demonstrando versão diametralmente contrária às alegações do Reclamante, o que torna
explícita e latente a sua má-fé.

A Justiça Trabalhista brasileira, sobrecarregada com tantos processos, nos quais em


muitas vezes estão sendo discutidas verbas realmente prementes à sobrevivência
dos empregados, não pode sucumbir ao bel-prazer de um Reclamante que
simplesmente faz conjeturas a esmo, visando a angariar vantagens pessoais de forma
ilícitas, uma vez que restou provado que o Reclamante não era empregado das
Reclamadas, entre o períodos ora questionados, tendo prestado apenas por
raríssimas vezes serviço para a primeira Reclamada de forma eventual, conforme
fartamente abordado acima.

Desse modo, deve o Reclamante ser condenado por má-fé, impondo a aplicação da multa no
percentual de 10% sobre o valor da causa, sem prejuízo das sanções cíveis e penais
correspondentes, de modo a coibir condutas de tamanha gravidade.

IV. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) O recebimento da presente contestação,

b) O acolhimento das preliminares arguidas, com a consequente extinção do processo


sem resolução de mérito, nos termos dos artigos 354 e 485, do CPC/15;

c) Seja julgada totalmente improcedente a ação em face das Reclamadas por suas razões
preliminares e de mérito, eis que indevidos os pedidos formulados pelo Reclamante,
condenando o mesmo ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, em
valor a ser atribuído pelo presente Juízo, nos termos do art. 791-A da CLT, devidamente
atualizado e acrescido de juros legais;

d) O reconhecimento da inexistência de unicidade contratual, uma vez que o Reclamante,


entre o período de XX-XX-XXXX e XX-XX-XXXX, apenas prestou por raríssimas vezes serviço
para a primeira Reclamada de forma eventual e sem subordinação, inexistindo assim o
preenchimento dos requisitos do art. 3º da CLT;
e) A aplicação da multa por litigância de má-fé ao Reclamante, em grau máximo, em
virtude do potencial e iminente dano à aplicação da justiça;

f) Em eventual condenação das Reclamadas, o que se menciona unicamente para fins


argumentativos, sejam compensados os valores já pagos, deduzidos os valores relativos
a encargos fiscais e previdenciários, bem como que seja aplicada a TR em relação à
correção monetária e à atualização do quantum, com base no art. 879 §7º, da CLT;

g) Requer, a produção de prova através do depoimento pessoal do reclamante, testemunhal,


pericial e outras necessárias ao melhor deslinde do feito. Requer ainda, que todas as
intimações processuais sejam realizadas EXCLUSIVAMENTE em nome dos advogados –
XXXXXXXXX e XXXXXXXXXX, com endereço à Rua XXXXXX, nº XXX, Bairro XXXXXXX –
XXXXXX/XX, sob pena de nulidade, nos termos do art. 272, § 2º e § 5º, e art. 273, ambos do
NCPC.

Nestes termos, pede deferimento.

Município XXXXXXXX/XX, XX de janeiro de 2019.

Advogado

OAB

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