Modelo Contestacao Trabalhista
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BA
Processo nº 5678/9
BOCA DO INFERNO LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº …,
endereço eletrônico…, com sede no endereço ….,por seu advogado que esta subscreve, com
procuração em anexo, endereço eletrônico..., vem respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no art. 847, parágrafo único da CLT, para propor a presente
CONTESTAÇÃO
nos autos da reclamação trabalhista movida por GREGÓRIO DE MATOS, já qualificado nos
autos, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.
I. PRELIMINARES PROCESSUAIS
A presente reclamação foi ajuizada em 15/04/2024, porém parte das verbas pleiteadas são
relativas a períodos anteriores ao quinquênio, especialmente no que diz respeito às horas
extras e diferenças salariais, que podem estar sujeitas à prescrição de 5 (cinco) anos,
conforme o disposto no artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal. Assim, requer-se o
reconhecimento da prescrição de parte das verbas postuladas, limitando-se a análise aos
últimos 5 anos de vínculo empregatício.
III) MÉRITO
Portanto, a empresa não está obrigada a reintegrar o trabalhador, sendo válida a demissão
realizada em 02/01/2024, e não há direito à reintegração, devendo ser indeferido o pedido.
O reclamante pleiteia uma indenização de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) por danos
estéticos e funcionais em razão da perda de dois dedos do trabalhador devido ao acidente
de trabalho. No entanto, a empresa sustenta que o valor pleiteado é exorbitante e não se
justifica diante da real extensão das sequelas do acidente.
O reclamante alega que havia desvio salarial em relação a outros empregados que exerciam
a mesma função de operador de máquina e recebiam valores superiores. Contudo, a
empresa refuta tal alegação, visto que não há elementos nos autos que provem que o
reclamante tenha exercido a função de forma idêntica aos demais empregados. A
equiparação salarial depende da demonstração de identidade de função, de requisitos de
produtividade, qualidade e tempo de serviço, o que não foi comprovado no presente caso.
Portanto, o pedido de equiparação salarial deve ser julgado improcedente, uma vez que não
existe desvio ou diferença de tratamento entre os empregados da empresa.
O reclamante alega que trabalhava além da jornada contratual de 44 horas semanais, mas
não apresenta provas consistentes de que tenha laborado em jornadas extraordinárias. A
empresa mantém que o reclamante cumpria sua jornada regular, de segunda a sexta-feira,
das 8h às 15h, com intervalo de 1 hora para alimentação e descanso, conforme registrado
nos controles de ponto.
Não há nos autos qualquer documento que comprove que o reclamante tenha realizado
horas extras de forma habitual. Assim, o pedido de pagamento de horas extras deve ser
indeferido.
Ademais, o reclamante não fez jus ao vale-transporte durante esse período, razão pela qual
o pedido é incabido. A empresa ainda esclarece que não houve qualquer omissão quanto a
este direito, uma vez que o vale-transporte não foi pago porque o trabalho foi realizado no
domicílio do reclamante.
IV. HONORÁRIOS
V. JUSTIÇA GRATUITA
O reclamante requereu a concessão dos benefícios da justiça gratuita com base em sua
alegada hipossuficiência econômica, conforme declarações constantes na petição inicial. No
entanto, a Reclamada contesta o pedido, uma vez que o simples fato de ser empregado não
configura, por si só, a presunção de que o trabalhador não tem condições de arcar com as
custas processuais.
Conforme o disposto no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, o direito à
assistência jurídica gratuita é assegurado àqueles que comprovarem a insuficiência de
recursos. Para tanto, o reclamante deve apresentar elementos concretos que comprovem
efetivamente sua hipossuficiência, o que não ocorreu no caso presente. A simples alegação
de pobreza não é suficiente para a concessão da gratuidade de justiça.
Além disso, o artigo 790, § 3º, da CLT estabelece que a parte que requerer a justiça gratuita
deve comprovar a insuficiência de recursos. Nesse sentido, a jurisprudência tem sido clara
no sentido de que a mera declaração de hipossuficiência não basta para justificar a
concessão do benefício.
[Local], [Data].
AO JUÍZO DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE XXXXXXX – ESTADO XXXXXXXX
PROCESSO Nº XXXXXXXXXXX
CONTESTAÇÃO
E ainda que a Reclamada teria procedido com novo registro na CTPS, fazendo constar a
admissão como sendo XX de março de XXXXX, ocasião em que o referido registro ainda
consta em aberto, sem data da cessação contratual.
Pugna ainda o Reclamante, segundo o que narra a peça exordial, pelo reconhecimento do
vínculo de emprego e unicidade contratual no período de XX.XX.XXXX a XX.XX.XXXX,
retificando a CTPS do Reclamante quanto ao aspecto, devendo as Reclamadas serem
condenadas ao recolhimento do FGTS e INSS do período sem anotação na CTPS, bem como
na condenação dos Reclamados no salário extra folha – DSR, verbas rescisórias, férias e 13 º
salário.
Não lhe assiste razão alguma, restando a narração do Reclamante repleta de inverdades,
conforme será comprovado e exposto no decorrer desta demanda.
II. PRELIMINARMENTE
Ocorre que tal afirmação trazida à presente demanda pelo Reclamante não merece
prosperar, uma vez que se trata de suposições deste e maculada com inverdades de todo o
gênero.
A bem da verdade, tais considerações não se aplicam ao caso em comento, dado que o art.
2º, da CLT, impõe responsabilidade solidária somente quando as empresas integrarem
grupo econômico, deixando de inserir a pessoa física em tal conceito. Aliás, até mesmo o
art. 2º, § 1º, que estabeleceu as hipóteses de equiparação ao empregador, não previu a
possibilidade de pessoa física alheia ao quadro societário ser responsabilizada naqueles
moldes.
III. DO MÉRITO
As Reclamadas impugnam os fatos e pedidos articulados na exordial, requerendo a
IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, com esteio nos fundamentos
que passam a aduzir:
É de conhecimento amplo que "empregado é toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário" (art. 3º.
da CLT).
De plano, há de se ressaltar que o Reclamante não era subordinado das Reclamadas nas
datas de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX. Segundo os ensinamentos do ilustre Doutrinador Sergio
Pinto Martins, quanto à questão da subordinação conceitua:
“O obreiro exerce sua atividade com dependência ao empregador, por quem é dirigido. O
empregado é, por conseguinte, um trabalhador subordinado, dirigido pelo empregador. O
trabalhador autônomo não é empregado justamente por não ser subordinado a
ninguém, exercendo com autonomia suas atividades e assumindo os riscos de seu
negócio”. (MARTINS, Sergio Pinto – DIREITO DO TRABALHO, 31. Ed. – São Paulo: Atlas,
2015).
Tal conceituação se explica numa visão dinâmica do vínculo subordinante que mantém o
trabalhador junto à empresa, como um dos componentes do seu giro total em movimento,
compondo todo o processo produtivista ou de fornecimento de bens. Desse encontro de
energias e, em especial, da certeza e da garantia de que tal encontro venha a ocorrer
permanentemente, através da atividade vinculada surge a noção de trabalho subordinado.
Como descrito no item anterior, o Reclamante nunca teve qualquer expectativa em relação a
compor o processo produtivista da primeira Reclamada, pois desde quando foi demitido em
XX-XX-XXXX, e admitido em XX-XX-XXXX, trabalhou para a Reclamada somente em algumas
oportunidades. Inexistente a subordinação, não há que se falar em vínculo de emprego.
E ainda:
"Ex Positis", pela ausência de vínculo de emprego entre o período entre XX-XX-XXXX a
XX-XX-XXXX, cabem rejeitados todos os pedidos formulados na exordial. Em homenagem ao
princípio da eventualidade, contesta, os Reclamados, um a um, todos os pedidos do
Reclamante, nos seguintes termos:
Ora, diante de tudo quanto se explanou, resta incabível o pedido de retificação, eis que
diante da inexistência de vínculo de emprego entre XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX do
Reclamante para com os Reclamados, não há contrato de trabalho a ser retificado na CTPS.
Não tendo havido relação empregatícia entre o Reclamante e os Reclamados, não há que se
falar em anotação/retificação. Requer-se a improcedência deste pedido.
c) Reflexos do salário pago extra folha em aviso prévio indenizado, férias com 1/3, 13º
salários, FGTS com 40% e DSR saldo de salário e aviso prévio indenizado e seus reflexos em
férias e 13º salário;
O Reclamante recebeu pelas horas em que prestou serviços ao Reclamado, não havendo
mais nada a ser pago. Contudo, o Reclamante jamais exerceu qualquer atividade para o
Reclamado, reforço entre o período de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX, oriunda de relação
empregatícia, portanto, não existe base legal para o pedido supra. Atente-se que em
decorrência do acordado pelas partes, o Reclamante tinha total autonomia sobre a
realização de seu serviço. Requer-se, pois, a total improcedência deste.
Como o Reclamante era profissional autônomo, nunca manteve relação de emprego com os
Reclamados no período de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX, não se aplicam as regras da CLT,
sendo incabível o pagamento de férias, salário extra folha e demais projeções ou qualquer
outra verba trabalhista uma vez que o Reclamante era profissional autônomo. Resta
esclarecer que o Reclamante recebeu todas as verbas rescisórias a qual faria jus, referente
ao contrato de trabalho de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX, conforme anotação na CTPS.
e) FGTS + 40% e DSR de todo período trabalhado sobre as verbas ora reclamadas e sobre o
contrato;
Como se sabe, as parcelas pleiteadas nestes itens dos pedidos acima citadas são direitos
atribuídos àquelas pessoas conceituadas como empregados pela CLT.
In casu, conforme demonstrado, jamais existiu qualquer liame empregatício entre
Reclamante e Reclamados. Por tal razão restam expressamente impugnadas também estas
parcelas.
Como os Reclamados nada devem ao Reclamante, não há que se falar em juros e correção
monetária, devendo tal pedido também ser julgado improcedente. Não sendo este o
entendimento de Vossa Excelência, requer a aplicação de ambos na forma da lei.
c) DO ABANDONO DE EMPREGO
Por oportuno, se faz necessário levar ao conhecimento desse Juízo, no tocante ao contrato
de trabalho referente ao período de XX-XX-XXXX até XX-XX-XXXX, que tal demissão não
consta na CTPS do Reclamante, devido ao fato de que o mesmo abandonou o emprego,
alterando seu endereço residencial, o que impossibilitou até mesmo a sua notificação.
Cabe salientar que o abandono de emprego é a justa causa para a dispensa, pois na verdade
o empregado rescinde, de fato, o contrato de trabalho, por não mais comparecer a empresa.
Há, portanto, o desprezo do empregado para continuar trabalhando com o empregador.
Desta feita, se faz necessário trazer ao conhecimento desse Juízo, que o Reclamante veio
abandonar o emprego com animus derelinquendi, em razão de ter que solicitado um vale
para o seu supervisor e este ter se negado a atender o seu pedido, pois o Reclamante vinha
infringindo as normas de trabalho internas da primeira Reclamada, bem como que esta
última estava em dia com o seu pagamento. É importante lembrar que o ato de fornecer
vale aos empregados não é obrigação imposta pela Lei, e sim uma mera faculdade das
relações entre empregador e empregado.
Nesta senda, a ausência do empregado por mais de 30 (trinta) dias sem trabalhar cria a
presunção relativa (iuris tantum) de que abandonou o emprego. Ocorre que a primeira
Reclamada entrou em contato com o Reclamante e o mesmo manifestou que não mais iria
continuar laborando para aquela. Logo, na mesma oportunidade a Contabilidade a fim de
prevenir responsabilidade para a primeira Reclamada, encaminhou “motoboy” para
notificar formalmente o Reclamante, para a partir daí ser considerado rescindido o contrato
de trabalho. Contudo, o mesmo já não mais residia no mesmo endereço informado quando
admitido e sendo desconhecido pela Reclamada o seu paradeiro.
Por fim, diante das razões de fato e de direito expostas, impugnam-se os pedidos pleiteados
pelo Reclamante no que diz respeito a multa prevista no art. 477, § 8º da CLT – estimada em
R$ XXXXXXXX; e a penalidade prevista no art. 467 da CLT – estimada em R$ XXXXXXXX, uma
vez que o Reclamante deu causa a rescisão do contrato de trabalho com o animus
dereliquendi, o que por sua vez não há em que se questionar o direito à indenização, aviso
prévio, 13º salário proporcional e férias proporcionais, restando configurado que tais
verbas são indevidas ao Reclamante uma vez que o próprio abandonou o emprego.
Reforça-se que ao Reclamante não assiste qualquer razão nos direitos que ora veio pleitear.
d) DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.
Conforme preceitua o art. 79 e 80, do Código de Processo Civil, é litigante de má-fé aquele
que altera a verdade dos fatos.
Tendo em vista que o Reclamante está alterando a verdade dos fatos, conforme já exposto,
este deve ser responsabilizado pela sua má-fé, em defesa da dignidade da justiça.
Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou
interveniente.
§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até
10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo,
liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.
Nesse mesmo sentido, a legislação trabalhista, ademais, é clara quando trata do assunto da
litigância de má-fé:
Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante,
reclamado ou interveniente.
Veja que o Reclamante alterou a verdade dos fatos para conseguir objetivo ilegal na
demanda, qual seja, “pugnando pela condenação e pelo reconhecimento do vínculo de
emprego e unicidade contratual no período de XX-XX-XXXX a XX-XX-XXXX, retificando a
CTPS do Reclamante quanto ao aspecto, devendo as Reclamadas serem condenadas ao
recolhimento do FGTS e INSS do período sem anotação na CTPS”.
Nesse diapasão, cumpre registrar que o período em que o Reclamante prestou serviços
para a primeira Reclamada foi de XX-XX-XXXX e demitido em 2 XX-XX-XXXX. E ainda, que o
Reclamante voltou a trabalhar para a Reclamada, sendo admitido em XX-XX-XXXX e
abandonando o serviço em xxxxxx de xxxxxxx, com a remuneração de R$ XXXXXXX
(XXXXXXXXXX), não havendo salário extra folha como informou o Reclamante na peça
exordial.
Ora, o Reclamante expõe na exordial fatos TOTALMENTE inverídicos, uma vez que o mesmo
não era empregado das Reclamadas no período de XX-XX-XXXX à XX-XX-XXXX, induzindo
este Juízo ao erro.
Sucede, Excelência, que o Reclamante entrou em contato com o segundo Reclamado, o Sr.
XXXXXXXX, via whatsapp conforme conversa anexa, buscando negociar um acordo,
solicitando o valor de R$ XXXXXX (XXXXXX) para dar baixa na CTPS. Resta por sua vez
nitidamente demonstrada a litigância de má-fé do Reclamante, pois o seu foco em ajuizar
uma Reclamação trabalhista em desfavor dos Reclamados como o fez, é locupletar-se de
valores indevidos e socorrendo ao Judiciário sem nenhum amparo na legislação para tanto.
Todos os fatos alegados nesta ocasião restam amparados em conversas por whatsapp,
demonstrando versão diametralmente contrária às alegações do Reclamante, o que torna
explícita e latente a sua má-fé.
Desse modo, deve o Reclamante ser condenado por má-fé, impondo a aplicação da multa no
percentual de 10% sobre o valor da causa, sem prejuízo das sanções cíveis e penais
correspondentes, de modo a coibir condutas de tamanha gravidade.
c) Seja julgada totalmente improcedente a ação em face das Reclamadas por suas razões
preliminares e de mérito, eis que indevidos os pedidos formulados pelo Reclamante,
condenando o mesmo ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, em
valor a ser atribuído pelo presente Juízo, nos termos do art. 791-A da CLT, devidamente
atualizado e acrescido de juros legais;
Advogado
OAB