92 A Bíblia Que Jesus Lia - Philip Yancey
92 A Bíblia Que Jesus Lia - Philip Yancey
92 A Bíblia Que Jesus Lia - Philip Yancey
Prefácio .............................................................................. 1
Bibliografia ...................................................................... 85
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Ministério de Grupos Pequenos
Agosto de 2011
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Equipe de produção
Texto
Ana Luísa de Mello e Silva
Marco Antonio Gomes Da Silva
Newton R. B. Oppermann
Supervisão e revisão
Jonathan Luís Hack
Marco Antonio Gomes Da Silva
A Bíblia que Jesus lia 1
Prefácio
1
Teodorico Balarini, Introdução bíblica, p. 25.
A Bíblia que Jesus lia 3
2
Philip Yancey, A Bíblia que Jesus lia, p. 9.
A Bíblia que Jesus lia 5
3
Os estudiosos divergem quanto às datas exatas dos acontecimentos antes da época
de Saul e Davi. Por isso, tais datações devem ser assumidas com cautela.
6 A Bíblia que Jesus lia
4
Joseph Angus, História, doutrina e interpretação da Bíblia, p. 328.
5
John Bright, História de Israel, p. 96.
6
Tem este nome, segundo a lenda, por ter sido preparada por 70 anciãos no reinado
de Ptolomeu Filadelfo, por volta de 285-246 a.C.. Por isso ficou conhecida como “a
tradução dos Setenta” (LXX ou Septuaginta).
7
O cânon palestino é conhecido como Cânon Hebraico. O Cânon Alexandrino
resultou na tradução da LXX. Os protestantes seguem estritamente o cânon palesti-
no; os católicos, por decisão do Concílio de Trento, adotam o Cânon Alexandrino,
mas reconhecem que tais adições não têm o mesmo valor inspirado dos demais
livros (daí a denominação de deuterocanônicos, querendo indicar “de segunda li-
nha” ou “segundo cânon”).
A Bíblia que Jesus lia 7
8
Entretanto, Josefo, um historiador posterior dos hebreus, afirma que o cânon já
estava fechado na época de Esdras, por volta de 450 a.C.. Veja também a citação
dele no parágrafo seguinte.
9
Joseph Angus, História, doutrina e interpretação da Bíblia, p. 14-15.
10
Apelidos ou nomes usados para esconder o verdadeiro nome do autor ou mesmo
para se passar pelo autor mais famoso. Exemplo: “Evangelho de Pedro”.
A Bíblia que Jesus lia 9
A) Língua e literatura
Língua: os livros do AT foram escritos na língua hebraica, a
língua dos hebreus.11 Esta era a língua comum de Canaã e da Fenícia.
Pode-se considerar o hebraico como sendo o dialeto israelita da lín-
11
O qualificativo hebraico para a língua dos hebreus ocorre em primeiro lugar no
livro apócrifo de Eclesiástico (cerca de 130 a.C.). Josefo se utiliza da expressão
“língua dos hebreus” para o antigo hebraico. Os Targuns (paráfrases judaicas dos
livros do AT) chamam o hebraico de “a língua sagrada”.
A Bíblia que Jesus lia 11
gua cananeia.
Israel estava cercado de povos que falavam o aramaico, língua
correlata de Aram – território que abrangia parte da Mesopotâmia,
Síria e extensa porção da Arábia. Com a queda de Samaria (722 a.C.),
as tribos semíticas que falavam o aramaico passaram a exercer ainda
maior influência na região. O hebraico começou a decair como língua
até se extinguir como língua falada.
No tempo de Neemias, ainda era a língua falada em Jerusalém
(Ne 13:24), em cerca de 430 a.C., mas muito tempo antes de Cristo a
língua franca falada na região era o aramaico. A literatura em hebrai-
co era apenas para os eruditos. Assim, o aramaico se propagou e era a
língua falada por Cristo e seus apóstolos. Alguns trechos do AT fo-
ram escritos em aramaico – Ed 4:8 a 6:18; 7:12-16 e Dn 2:4 a 7:28.12
Todas as línguas semíticas13 são de grande importância para o
estudioso do AT em sua língua original.14
Literatura: com o surgimento da imprensa em 1477, foi feita a
primeira impressão da Bíblia Hebraica: o livro de Salmos. Em 1488
toda a Bíblia Hebraica já estava impressa. Antes destes textos impres-
sos, o texto bíblico era registrado em manuscritos (MSS), copiados
com muita fidelidade.15
Por volta do ano 800, os massoretas inventaram o sistema de
acentuação, que dava a pronúncia e exata conexão entre palavras,
produzindo a cadência para leitura e recitação nas sinagogas. Estes
12
Também os Targuns também estão em aramaico.
13
O siríaco – uma versão do aramaico de Edessa, na Mesopotâmia – também é
importante; há importantes versões siríacas do NT. O árabe, outra língua semítica,
também possui vasta e rica literatura. O árabe moderno difere do antigo nas suas
formas; de um dialeto árabe, o himiarítico, deriva-se o etiópico.
14
Nenhum dicionário hebraico pode se considerar satisfatório se não fizer menção
constante aos significados dos termos nas línguas cognatas. O hebraico passou por
várias modificações durante o período do AT.
15
Há nos MSS curiosas indicações sobre esta fidelidade. Mesmo certas marcas que
não se entendem, talvez feitas por erro ao manusear a pena, são duplicadas fielmen-
te em cada cópia.
12 A Bíblia que Jesus lia
16
Veja, por exemplo, Nm 21:27. Havia cantores de sátira que propagavam as tradi-
ções orais; homens e mulheres que recitavam cânticos fúnebres e transmitiam a
outros o seu conhecimento (Jr 9:16-17 e Am 5:16).
A Bíblia que Jesus lia 13
17
Estudiosos argumentam que o comércio de sal, enxofre e betume (abundantes na
área do Mar Morto) foi a base da economia de Jericó, uma importante cidade de
Canaã. Tudo isso já acontecia por mais de 5.000 anos antes de Abraão! Conforme
Bright, História de Israel, p. 20.
18
Os hicsos, predominantemente habitantes de cidades-estado, permaneceram até o
reinado de Davi e Salomão como fator preponderante na formação histórica. A
conquista da terra não eliminou diversos povos e cidades-estado presentes, como se
lê em Juízes. Em muitas regiões, esta convivência durou séculos (até Davi).
19
São denominados de acádios por causa da sede do seu primeiro império – Akkad.
14 A Bíblia que Jesus lia
Sargão, e ele submeteu toda a Suméria até o Golfo Pérsico. Seus dois filhos o
sucederam, bem como um neto seu – Naramsin, que era bravo como Sargão, seu
avô. Dominaram toda a Alta Mesopotâmia além da Suméria. Naramsin conquistou
Magan (nome do Egito) e também entrou em negociações com Meluhha (Núbia) e
seus domínios chegaram até o vale do rio Indo. As tradições informam que o poder
do império derivava de Enlil, o rei dos deuses.
Egito: floresce na 3ª Dinastia (2600 a.C.). Foi a idade das pirâmides. A Pi-
râmide dos Degraus é a mais antiga, construída pelo fundador da 3ª Dinastia em
Mênfis para ser um templo mortuário. É a mais antiga construção de pedra lavrada
que se conhece até hoje. As pirâmides de Quéops, Quéfrem e Miquerinos, da Quar-
ta Dinastia, também foram construídas em Mênfis. A Grande Pirâmide tem 147m de
altura e uma base quadrada de 217m; em sua construção foram usados 2.300.000
blocos de pedra lavrada, com um peso médio de 2,5 toneladas cada. Foram trans-
portados através de força dos braços, sem emprego de nenhuma máquina e com
uma margem de erro praticamente nula.20 O faraó não era apenas um rei, ou um
vice-rei que governava sob eleição divina; ele era considerado deus. “Era Horus
visível entre os homens, entre seu povo”.21
Palestina: no quarto milênio, o urbanismo desenvolve-se grandemente e as
cidades que conhecemos são predominantemente semíticas e bem fortificadas,
como indicam as escavações de Jericó (reconstruída depois de um longo período
de abandono), Megido e Ai. Os habitantes da Palestina na época eram praticamen-
te canaanitas e o hebraico era um dialeto de sua língua.
Na Mesopotâmia, Ur é fundada. Sumérios e semitas estavam completamen-
te misturados. Este é o tempo de nascimento de Israel – Abraão nasce num mun-
do já antigo, com cultura, comércio, economia, língua, escrita e religião já
desenvolvidos. Enquanto o Egito passava por crises (depois de mil anos de cres-
cimento), a Palestina era invadida por nômades que destruíram todas as grandes
cidades, com horrível violência. Sabe-se que Israel não era de “origem indígena na
Palestina, mas sim tinha vindo de alguma parte e tinha consciência disso. Através
de um repositório de tradições sagradas, inteiramente sem paralelo no mundo anti-
go, Israel lembrava-se da conquista que ele fizera de sua terra, da longa peregrina-
ção através do deserto para chegar a ela e das maravilhosas experiências que
tivera, e antes de tudo isso, dos anos de escravidão no Egito; também se lembrava
como, em séculos mais recuados ainda, os seus antepassados tinham vindo da
20
Segundo J. A. Wilson, The burden of Egypt, p.54ss, o erro não chega a 0,09%
quanto à quadratura e o desvio do nível é menos de 0,004%.
21
Bright, História de Israel, p.39.
A Bíblia que Jesus lia 15
22
Bright, História de Israel, p.52.
23
Bright, História de Israel, p.55.
16 A Bíblia que Jesus lia
24
Textos como os de Mari (25.000 textos de 1800 a.C); milhares de textos capadó-
cios do 19º século; milhares de documentos da 1ª dinastia babilônica (19º ao 18º
século); textos de Nuzi do 15º século; placas de Alalakh, do 17º e 15º séculos; pla-
cas de Ras Shamra do 14º século, mas com material muito mais antigo; textos das
Execrações e outros documentos do Médio Império Egípcio (do 20º ao 18º séculos);
e muitos outros.
25
Por isso os habitantes de Siquém são chamados de “filhos do asno” (benê hamôr),
numa referência à aliança feita. Seu deus era Baal-berith – “Senhor da Aliança”.
A Bíblia que Jesus lia 17
Beni-Hasan, no Egito.
O nome hebreu vem da designação do nome de Héber (Gn
11:14-17). O termo ibri26 é achado em diversos documentos desta
época. Hebreu como nome para o povo foi usado principalmente a
partir do Egito. O nome judeu (alguém proveniente da nação de Judá)
só foi usado após o cativeiro Babilônico, pois apenas esta parte do
antigo Israel sobreviveu.
26
Significa “do outro lado”, pois Abraão (descendente de Heber), o pai da raça,
veio do outro lado do mundo para a sua terra.
27
Georg Fohrer, Introdução ao Antigo Testamento, p. 19.
18 A Bíblia que Jesus lia
28
Isso nos remete para o tempo em que Adão e Eva pecaram e em que foi lançado
por Deus o fundamento do evangelho, o nascimento do Messias através da mulher.
Esse Messias viria para libertar, para pisar a cabeça da serpente. Através dos sécu-
los que se seguiram deu-se importância à procriação porque se pensava sobre o
nascimento do Messias através de uma mulher. Era uma busca do filho varão, cultu-
ra essa que influenciou todos os povos que conhecemos até hoje, em que se valoriza
mais o varão que a varoa. Muitas vezes a mulher é simples objeto, que pode ser
comprado e disposto da maneira como quer. Esta presença de culto à fertilidade, ou
culto à deusa mãe, retrata muito bem a presença da esperança, ainda que de maneira
errada, no nascimento do Messias. Era o Messias sendo esperado por todos os po-
vos da terra!
A Bíblia que Jesus lia 19
29
A religião dos patriarcas era centrada em Javé, apesar de a Bíblia só usar o nome
Javé quando chega em Moisés. Antes usa apenas Elohim (Deus) e seus compostos –
El Shaddai, El Elyon, El Olam, El Roi, Javé Jhirê, El Bethel. O Deus dos patriarcas
era representado por diversos nomes: o Deus de Abraão (elohê abraham) – Gn
28:13; 31:42, 53; o Temido de Isaac (pahad Yishaq) – Gn 28:42,53 e o Poderoso de
Jacó (abir Ya‟qob) – Gn 49:24.
30
Fohrer, Introdução ao Antigo Testamento, p.22.
31
Abraão veio de um povo politeísta e, com certeza, teve influências disso em sua
vida. Também ele e seu povo peregrinaram por terras idólatras.
20 A Bíblia que Jesus lia
Introdução
Estudo
Lista de orações
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Lista de presença
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A Bíblia que Jesus lia 29
2 JÓ:
SOBERANIA E DOR
Introdução
mais viável tendo em vista a falta de evidências. Como afirma Elmer B. Smick,
“Não sabemos quem escreveu o livro, mas seu trabalho tem testemunhado às al-
mas dos fiéis através dos tempos de que é divinamente inspirado”.36
Contexto e história: o pano de fundo histórico não provê pistas sobre a da-
ta de composição, mas o enredo está definitivamente colocado no período dos
patriarcas. Jó é um patriarca gentio como Abraão. A grande fortuna de Jó é medida
em termos de número de cabeças de gado de sua posse e servos que ele emprega
(Jó 1:3; 42:12). Ele também era o cabeça de uma família grande, da qual ele servia
como sacerdote, tanto quanto Abraão o fez por sua família. Por exemplo, Jó ofere-
cia sacrifícios (1:5), um ato impensável após o estabelecimento do sacerdócio for-
mal pelas instruções divinas a Moisés no monte Sinai. Além disso, a idade de Jó
excede em muito a dos patriarcas: ele viveu ainda mais 140 anos após sua restau-
ração (Jó 42:16). O mais interessante é que Jó não é um Israelita. Uz, embora não
possa ser localizada de forma definitiva,37 estava fora dos limites de Israel.
Em termos da linha de progressão em direção ao plano redentor de Deus
para a humanidade, Jó é mais bem compreendido como tendo vivido antes do es-
tabelecimento da aliança de Deus com Abraão, a qual vai delimitar a comunidade
da aliança para uma família específica (Abraão e seus descendentes).
Estrutura: o texto de Jó apresenta uma moldura de prosa (Jó 1-2 e Jó 42:7-
17) envolvendo um conteúdo em forma poética.
A estrutura do livro propicia um esboço claro:38
Jó 1-2 Prólogo em prosa: introduz personagens e enredo
Jó 3-31 Diálogos de Jó com seus três amigos39
Jó 3 O lamento de Jó
Jó 4-27 Três ciclos de diálogos
Jó 28 O poema sobre sabedoria divina
Jó 29-31 O último discurso de Jó
Jó 32-37 O monólogo de Eliú
Jó 38-42:6 Javé fala do meio da tempestade
Jó 42:7-17 Epílogo em prosa: leva a narrativa ao final
Gênero literário: que tipo de livro é Jó? Difícil de responder, pois nada é
igual a ele, o livro é único. Prosa, poema à sabedoria, literatura de sabedoria? A
melhor definição para este gênero único seria “debate da sabedoria”. Isto descre-
veria tanto sua forma como o conteúdo. No coração do livro está a questão da fonte
de sabedoria (veja abaixo); as várias falas no livro tanto clamam para si a sabedoria
quanto disputam a sabedoria dos outros.
A discussão sobre ser um livro histórico ou ficcional não é fácil de ser res-
pondida, pois um livro pode ter um centro histórico sem uma preocupação por pre-
cisão histórica. Diversos fatores indicam que Jó não seja pura ficção, mas que este-
ja sim arraigado num evento histórico. As primeiras linhas de um texto oferecem
pistas importantes para identificação do gênero do mesmo. No caso de Jó, seus
primeiros versos são similares aos de Jz e 1Sm, duas passagens que comunicam
eventos históricos. Além disso, o homem Jó é mencionado 3 vezes fora do livro,
sendo 2 ao lado de outras figuras históricas do AT: Noé e Daniel (Ez 14:14-20).
Assim, há uma intenção histórica no livro. Devemos entender Jó como uma
pessoa de verdade que viveu no passado e que sofreu. O uso de poesia eleva o
livro desde um evento histórico específico para uma história com aplicação univer-
sal. O livro deixa de ser uma crônica histórica, torna-se sabedoria, que deve ser
aplicada a todos os que o ouvem.
Mensagem do livro
Alguns autores dizem que os principais personagens do livro
são Jó, Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú. Porém, Deus é o ser sempre pre-
sente ao longo de toda a narrativa. Ele é o personagem principal. Os
acontecimentos com Jó foram permitidos por ele, embora fomentados
pela inveja de Satanás.
Ninguém escapa às dores da vida. Todos anseiam por compre-
ender a razão dos problemas enfrentados. No livro, Jó questiona: “por
que estou sofrendo?”. Embora Deus não dê a resposta a esta questão,
ainda assim aprendemos muito neste livro sobre o sofrimento.
O livro não formula uma explicação racional para o problema
do mal, especialmente em termos da relação da bondade de Deus e
sua soberania com o sofrimento do inocente.41 Jó não busca restaura-
ção e cura: seu interesse é mais prático, ou seja, ser validado e reco-
nhecido como homem correto e justo. Ele não pede a Deus explica-
ções racionais sobre as causas de seu sofrimento. Nem havia algum
pecado horrível pelo qual ele estava sendo punido. Quando Deus fi-
nalmente repreende a Jó, o faz devido à sua ignorância (38:2) e pre-
sunção enquanto defendia sua causa (42:2), não por Jó ter uma vida
dissoluta.
Deus diz a Jó que o ser humano não conhece o suficiente a res-
peito dos seus caminhos para fazer julgamentos relativos à sua justi-
ça. Jó percebe então que Deus não necessita de conselho para contro-
lar o mundo e que nenhum sofrimento extremo dá o direito de alguém
questionar a sabedoria de Deus ou sua justiça. Por isso, Jó se arrepen-
de (42:2-6). Ao se aperceber do poder e da glória de Deus, a atitude
rebelde de Jó se dissipa e seu ressentimento desaparece. Ele obtém
41
Este conceito é chamado de teodiceia na teologia.
A Bíblia que Jesus lia 35
Estudo
Jó sobre seu sofrimento, mas a simples presença divina fez com que
suas dúvidas desaparecessem. Jó descobriu que Deus se importava
com ele de forma íntima, e que ele governa soberanamente o mundo.
Isto lhe foi suficiente. Foi como se ele tivesse ouvido de Deus: “A
minha graça te basta” (2Co 12:7-10). E para nós hoje, basta-nos a
graciosa presença de Deus? Ou precisamos de algo mais?
Lista de orações
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A Bíblia que Jesus lia 39
3 DEUTERONÔMIO:
UM SABOR AGRIDOCE
Introdução
Deuteronômio 42
é o quinto livro bíblico; pertence ao conjunto
denominado Pentateuco. Moisés escreveu o livro, e este é uma cole-
ção de seus sermões a Israel pouco antes de atravessarem o Jordão
(veja 1:1).43 Estes sermões foram dados durante o período de 40 di-
as44 antes de Israel entrar na Terra Prometida.
Após os anos no deserto, uma nova geração de israelitas estava
42
O nome Deuteronômio deriva do título grego na Septuaginta (LXX), que signifi-
ca “segunda lei, repetição da lei”. Origina-se do termo usado em Dt 17:18, traduzi-
da por “cópia da lei”. O nome do livro em hebraico é Devarím (“Palavras”), tirado
da frase inicial do texto.
43
Obviamente, atribui-se a Josué a redação de Dt 34, que fala da morte de Moisés.
44
O primeiro sermão foi proferido no 1º dia do 11º mês (1:3), e os israelitas atra-
vessaram o Jordão 70 dias depois, no 10º dia do 1º mês (Js 4:19). Subtraia 30 dias
de luto pela morte de Moisés (Dt 34:8) e sobram 40 dias. O ano era 1410 a.C.
A Bíblia que Jesus lia 41
de Cristo (Hb 10:10). Por causa de sua obra expiatória na cruz, não
mais precisaríamos oferecer sacrifícios pelo pecado.
A escolha de Deus dos israelitas como seu povo especial pre-
nuncia sua escolha daqueles que viriam a crer em Cristo (1Pe 2:9).
Em Dt 18:15-19, Moisés profetiza sobre outro profeta – o maior pro-
feta de todos, o Messias. Assim como Moisés, ele iria receber e pre-
gar revelação divina e conduzir o seu povo (Jo 6:14; 7:40).
Estudo
45
De acordo com alguns estudiosos, Moisés não entrou na Terra Prometida porque
ele representa a Lei, que nos conduz até a porta, mas não nos faz entrar no descanso
de Deus. Neste sentido, Josué representa a graça divina, pois seu nome (o mesmo
de Jesus) significa “salvador”. Só a graça nos conduz até a Terra Prometida onde
alcançamos descanso na presença de Deus.
46
Philip Yancey, A Bíblia que Jesus lia, p.102.
44 A Bíblia que Jesus lia
47
Dt 28:1-2.... = Jo 10:3 e 16 com alusão a Rm 10:17-18.
48
Ana Paula Valadão, Deuteronômio 11, CD “Diante do Trono 11”.
A Bíblia que Jesus lia 45
Lista de orações
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A Bíblia que Jesus lia 47
4 SALMOS:
ESPIRITUALIDADE EM CADA NOTA
Introdução
49
Dietrich Bonhöeffer, Orando com os Salmos, p. 10 e 13.
50
Parece admirável encontrarmos um livro de orações na Bíblia, sendo esta a Pala-
vra de Deus dirigida a nós. Orações são palavras humanas. Como elas podem cons-
tar da Bíblia? Mas os Salmos também são Palavra de Deus. São orações dirigidas a
Deus que são inspiradas pelo próprio Espírito Santo. A verdadeira oração flui por
meio do Espírito que vive em nós, dirigidas a Deus Pai, por meio de Jesus.
48 A Bíblia que Jesus lia
51
Reformador, teólogo e pastor. Seu sistema teológico estruturou as ideias do mo-
vimento Reformado, o qual deu origem mais tarde à Igreja Presbiteriana.
52
Van Halsema, João Calvino era assim.
53
Matthew Henry, Concise commentary on the Bible.
A Bíblia que Jesus lia 49
54
A poesia em português se caracteriza pela harmonia de sons ao final das frases
poéticas. A poesia hebraica se caracteriza pela harmonia e/ou contraste de ideias.
Muitas vezes a mesma ideia é expressa em 2 frases com palavras diferentes (por
exemplo, Sl 2:3).
55
Havia cânticos em outras partes, que não eram necessariamente músicas religio-
sas (Nm 21:17-18 se refere ao um „cântico do poço‟ – que parece ter sido uma es-
pécie de coro empregado pelos cavadores de poços para se encorajarem enquanto
ocupados em um trabalho árduo como esse).
50 A Bíblia que Jesus lia
56
F. Davidson, O novo comentário da Bíblia, vol. 2, p. 497-498.
57
Yancey, A Bíblia que Jesus lia, p. 103.
58
Bíblia de estudo de Genebra, p. 614.
A Bíblia que Jesus lia 51
proféticos que apontam para o Messias de Israel, que haveria de vir, Jesus, profeta,
sacerdote e rei. Alguns poucos salmos se destacam pela intensidade com que
focalizam a realeza de Deus (Sl 24; 93) bem como o rei humano (Sl 20; 21 e 45).
6. Salmos sapienciais: trabalham temas encontrados nos livros de sabedoria
(como o contraste entre o justo e o ímpio), tais como orientações práticas sobre
como Deus quer que vivamos. Exemplos: Sl 1, 37 e 49.
Esboço do livro: divide-se em cinco volumes - Sl 1 a 41, Sl 42 a 72, Sl 73 a
89, Sl 90 a 106, e Sl 107 a 150.59
Estudo
59
O nome do livro em hebraico é “tehilim”, que significa “cânticos de louvor”. Os
títulos classificam os salmos em gêneros, mas é difícil determinar o significado
preciso dos termos. Alguns são encontrados com frequência: mizmor = “cântico”
(Sl 139); “shir”= “cântico”; outros são mais raros. “Selá” ocorre com frequência
nos salmos. Seu significado é desconhecido, talvez seja “pausa”.
52 A Bíblia que Jesus lia
60
Pia, piedosa, ou seja, devota a Deus, temente a Deus. Contrasta com o termo
“ímpio”, que significa o oposto (alguém que não teme ao Senhor).
A Bíblia que Jesus lia 53
Comentários adicionais
“Os salmos não fazem teologia”, escreve Katheleen Norris.
“Um dos motivos é que os salmos são poesia, e a função da poesia
não é explicar, mas oferecer imagens e histórias que estejam em res-
sonância com a nossa vida”.64 Os Salmos são em sua grande maioria
orações. Será que eu e você poderíamos fazer essas orações? Será que
já sentimos esses tipos de angústias que os lamentos retratam? Será
que já explodimos em louvor como nos hinos? Com certeza em várias
situações podemos encontrar um salmo que se torne nossa oração e
expresse nossas palavras a Deus. Ao enfrentarmos a tentação, ao co-
63
Nos versos 10-12, ele cita o Sl 14:1-3 // 53:1-3; no v. 13, Sl 5:9 e 140:3; no v. 14,
Sl 10:7; e no v. 18, Sl 36:1.
64
Conforme Yancey, A Bíblia que Jesus lia, p. 104.
A Bíblia que Jesus lia 55
Lista de orações
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A Bíblia que Jesus lia 57
58 A Bíblia que Jesus lia
5 ECLESIASTES:
FIM DA SABEDORIA
Introdução
Mensagem do livro
Eclesiastes busca responder à pergunta: “Que proveito tem o
homem no trabalho e na sabedoria?”.65
O trabalho e a sabedoria são dois temas principais do livro. Pa-
lavras como vantagem, proveito, melhor (Ec 6:8-9) ocorrem inúmeras
vezes no texto, assim como vaidade, outra palavra importante que
transmite a ideia de inutilidade. Essa última palavra-chave é usada no
tema que emoldura o livro (Ec 1:2; 12:8).
O autor afirma que a morte faz com que toda sabedoria e traba-
lho humanos sobre a terra (1:4; 2:11,17) sejam em vão. Esta conclu-
são não significa que as pessoas devam abandonar a sociedade e a
cultura e passar a viver uma vida ascética. Tampouco a prioridade
cristã de proclamar o Evangelho para a conversão dos pecadores sig-
nifica que os cristãos devam abdicar das suas responsabilidades cultu-
rais (veja 1Co 15:58).
Ao contrário, Salomão ordena que o povo de Deus desfrute a
vida (9:7-10), apesar da sua futilidade, duras realidades e incertezas, e
trabalhe com todo vigor. Essa visão prática da vida não constitui es-
toicismo grego, tampouco um produto do esforço humano, é um dom
de Deus (veja 3:13; 5:19), para aqueles que o temem e guardam os
seus mandamentos (confira 5:1-7; 12:13-14).
65
Bíblia de Estudo de Genebra, p. 768.
60 A Bíblia que Jesus lia
Estudo
melhor do que rir. Mas o sábio autor tem razão: as muitas alegrias da
vida e a busca do prazer (“o riso dos tolos”) em geral nos levam a
viver de forma inconsequente e sem reflexão. A morte de alguém
conhecido nos traz de volta à realidade da vida: nossa vida não é eter-
na (enquanto estamos neste corpo corruptível).
Ao nos depararmos com nossa finitude, podemos tomar dois
caminhos: aproveitar a vida de forma hedonista, na busca de prazeres
(1Co 15:32b), ou usá-la de forma sábia, alcançando boa reputação.
Por isso o autor começa afirmando que é melhor ter um bom nome do
que um bom perfume.66 A verdadeira alegria não se encontra nos pra-
zeres passageiros, mas em construir um significado para nossas vidas
que perdure após nossa morte. Paradoxalmente, é a morte que mais
nos faz pensar sobre a vida!
Além disso, temos outro motivo para encarar a morte com ale-
gria. Para os que temem ao Senhor, a morte é “incomparavelmente
melhor” (Fp 1:21-23), pois estarão com Cristo para sempre.
66
Um trocadilho na língua original entre “nome” (shem) e “perfume” (shemen).
62 A Bíblia que Jesus lia
tremos em nossa busca por esta justiça. Com uma rapidez inimaginá-
vel, logo estamos mais preocupados com o correto cumprimento dos
mandamentos do que com o objetivo primário destes mandamentos,
que é o amor ao Senhor e ao próximo. Veja um exemplo em Mt 12:1-
8. Ademais, ao nos tornarmos “demasiados justos”, ficamos arrogan-
tes pois confiamos em nossa justiça própria e passamos a julgar o
nosso próximo que não é “tão justo” como nós. Daí decorre a séria
advertência de Jesus em Mt 7:1-5.
Nós precisamos de moderação e equilíbrio em nossas vidas. É
por meio da moderação que são reconhecidas as pessoas sábias. Além
disso, a moderação caminha junto com a humildade; somos exortados
por Paulo a não sermos arrogantes, e sim moderados ao pensarmos
sobre nós mesmos (Rm 12:3; Fp 4:5). Precisamos reconhecer nossa
pecaminosidade e nossa fragilidade, e viver em constante dependên-
cia da graça de Deus. Pois, ao final, é isso que o autor conclui (v.29):
Deus criou os seres humanos como verdadeiros e justos; somos nós
que bagunçamos o universo criado e nossas próprias vidas.
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A Bíblia que Jesus lia 65
66 A Bíblia que Jesus lia
6 PROFETAS:
RESPOSTA DE DEUS PARA O MUNDO
Introdução
67
Numa exceção que confirma a regra, Arão faz papel de profeta para Moisés (Ex
7:1; 4:16). Arão serve de mediador entre Moisés e o povo, de modo semelhante ao
profeta que faz mediação entre Deus e o povo.
A Bíblia que Jesus lia 67
ligiosa causada pela adoração oficial de Baal no tempo de Elias,68 as crises políti-
cas causadas pelas ameaças da Assíria e Babilônia, a crise de identidade da co-
munidade pós-exílica. Deus usou os profetas para oferecer direção a seu povo em
tempos turbulentos.
A profecia em Israel passou por três estágios:
Período Função Público Mensagem Exemplos
- orientação nacional Moisés
Porta-voz
monar-
- pronunciamento de
Conselheiro corte Eliseu
Pré-
bênção ou repreensão
Transição:
Porta-voz Jonas
Comentarista Povo Isaías
Clás-
sico
68
Baal era um deus canaanita. Em geral, seu nome recebia adição do local (Baal-
Peor, Nm 25:3; Baal-Gad, Js 11:17; Baal-Hermon, Jz 3:3, etc.) ou de uma caracte-
rística limitadora (Baal-Berith, Jz 8:33; Baal-Zebub, 2Re 1:2). Baal era considerado
o deus atuante em um local, o “dono” da região que controlava agricultura, animais
e seres humanos. Assim, era essencial assegurar seu favor, o que levou a práticas
extremas como a prostituição ritual (Jz 2:17; Jr 7:9; Am 2:7) e o sacrifício de crian-
ças (Jr 19:5). The Zondervan pictorial encyclopedia of the Bible, “Baal”.
A Bíblia que Jesus lia 69
Isaías no reino do Sul (Judá). Muito embora estes profetas continuassem falando
aos reis, a maioria dos oráculos se destinava ao povo. Eles anunciavam a agenda
de Deus para o povo.
Os profetas do período clássico foram únicos em seu mundo e época. Dis-
tinguiam-se pela sua autoridade divina (manifesta na expressão “Assim diz o Se-
nhor”) e pelo conteúdo e escopo da sua mensagem. Por exemplo, em geral os
profetas no Oriente Antigo estimulavam o uso de certos rituais para obter o favor de
seus deuses. Em Israel, contudo, os profetas parecem ser contra rituais de tanto
falarem contra a ideia de apaziguar a ira de Deus através de um ritual. Além disso,
nada no Oriente Antigo se compara às mensagens abrangentes de exílio e destrui-
ção comuns aos profetas hebreus. Essas distinções se devem ao fato de que as
profecias do AT têm sua base na aliança de Javé com seu povo. Nenhum povo no
Oriente Antigo tinha algo semelhante a isso; a saber, um Deus soberano escolhen-
do um povo como meio de se revelar e executar seu plano na história. Este concei-
to é único na história antiga. A ideia de que o Deus Criador tem um plano de longo
alcance para proclamar à humanidade não se encontra nos demais povos, porque
divindade alguma tinha planos para executar na história.
Outro aspecto da profecia bíblica que a faz exclusiva é seu conteúdo escato-
lógico, ou seja, as profecias relacionadas com o estágio final do plano de Deus para
a história humana. Este estágio final da história não é mencionado em parte alguma
nas demais culturas antigas. Mas a escatologia é tema principal da retórica proféti-
ca (veja Is 41-48) e a torna singular em Israel.
69
Hill e Walton, Survey of the Old Testament, p. 316.
A Bíblia que Jesus lia 71
70
É o Espírito Santo quem determina as camadas de cumprimento de uma profecia
ao longo da história. Diferentes eventos podem se enquadrar na profecia original,
gerando múltiplos cumprimentos na história até seu cumprimento total. Por exem-
plo, Deus proclama a Abrão que dele fará um povo para si. O nascimento de Isaque
é o 1º nível de cumprimento desta profecia (cumprimento étnico no povo hebreu);
em Cristo o cumprimento se estende aos gentios (1Pe 2:9). O cumprimento final se
dará na cidade santa que desce do céu (Ap 21:1-8).
72 A Bíblia que Jesus lia
Estudo
71
Quanto às marcas do verdadeiro profeta, veja também Gn 20:7; Ex 7:1; Nm 12:6;
Dt 13. Sua função básica é apontar exclusivamente o caminho para Javé.
72
Por exemplo: as predições de Nostradamus são vagas e passíveis de muitíssimas
interpretações. As profecias bíblicas, embora permitam interpretações diferentes,
permanecem restritas a um escopo de possibilidades. Ou seja, o texto das Escrituras
como um todo limita as possíveis interpretações.
73
Para mais informações, veja os dois últimos parágrafos da seção “Informações
adicionais sobre os profetas” acima e a seção seguinte a esta.
A Bíblia que Jesus lia 73
Lista de orações
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A Bíblia que Jesus lia 75
7 ISAÍAS:
A NAÇÃO E O SERVO
A terra treme sob os pés de Jesus Cristo. O gato foi colocado no bura-
co dos ratos.
Paul Claudel
Introdução
74
Grogan, “Isaiah”, The Zondervan NIV Bible commentary, p.1041-1044.
75
Maps of the Bible.
78 A Bíblia que Jesus lia
A ameaça assíria levou Síria e Israel a formarem uma coalizão em 734 a.C.,
e ambos tentaram forçar o rei Acaz (Judá) a se juntar a eles. É nesse contexto que
Isaías desafia o Acaz a confiar apenas no Senhor (Is 7). Porém. Acaz pede ajuda à
Assíria. Damasco, capital da Síria, foi tomada em 732, assim como grande parte da
Galiléia (2Re 15:25-29). Os reis de Israel e da Síria lutaram contra Acaz, infligindo
grande dano a Jerusalém, até os assírios chegarem (2Re 16:5-9). Porém, esse
livramento de Judá pelas mãos do exército assírio gerou sérias consequências
espirituais para a nação (2Re 16:10-20).
Com a morte de Tiglath-pileser em 727 a.C., os povos dominados pelos as-
sírios retomam a esperança de liberdade Após a morte de Acaz, Isaías adverte
A Bíblia que Jesus lia 79
Judá a não se juntar à rebelião dos filisteus (Is 14:28-32). Sargão morre cerca de
705 a.C., sendo sucedido por Senaqueribe. Surgem problemas entre o Império
Assírio e o Egito e a Babilônia. Apesar das advertências de Isaías (Is 30-31), Eze-
quias se envolveu na confusão (Is 22:8-11). O exército assírio invadiu Judá, toman-
do 46 cidades fortificadas e devastando o campo. Senaqueribe sitiou Jerusalém,
mas Ezequias confiou no Senhor e a cidade foi libertada (Is 37 [veja o v.36]).
Na Babilônia, Merodaque-Baladã assumiu o poder em 721.a.C., declarando-
a independente da Assíria, mas Sargão invadiu a Babilônia sem lutas. Após a morte
de Sargão, houve um movimento de libertação (que envolveu Ezequias, Is 39:1-2),
mas Senaqueribe o derrotou. Só no final do 7º século a.C. há um renascimento
político e a Babilônia se torna o poder dominante na Mesopotâmia. Isto leva à sub-
jugação de Judá e à queda de Jerusalém em 587 a.C.. Este exílio cumpre as adver-
tências de Is 39 e fornece o pano de fundo das profecias posteriores. Ciro, rei da
Pérsia, é apresentado como instrumento divino para o retorno do povo judeu após o
exílio (Is 44-45). Os capítulos finais (Is 56-66) falam de um tempo mais distante,
após este retorno do povo a Judá.
Autoria: os estudiosos se dividem quanto à unidade do livro (e sua autoria).
Os mais conservadores defendem a posição histórica da igreja, afirmando que o
livro é coeso e foi escrito por Isaías. Outros defendem uma teoria de múltiplos auto-
res e três livros diferentes, escritos em tempos diferentes. Todavia, mesmo estes
hoje valorizam mais o estudo do livro todo como uma unidade literária.
Estrutura: diversas propostas são possíveis. Uma delas segue abaixo:
A. Oráculos sobre Judá e Jerusalém (Is 1-12)
B. Deus e as nações (13-23)
C. Deus e o mundo todo (24-27)
D. Deus e seu povo (28-33)
E. Os propósitos de Deus de julgamento e salvação (34-35)
F. Isaías e Ezequias (36-39)
G. A soberania única do Senhor (40-48)
H. O Evangelho do Servo do Senhor (49-57)
I. Deus como Juiz e Salvador (58-66)
A mensagem de Isaías
Isaías é um dos livros mais ricos do AT em estilos literários e
assuntos. A profundidade de sua visão de Deus não tem paralelo. É
um dos livros mais citados no NT (só perde para Dt e Sl). Isaías sali-
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Estudo
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84 A Bíblia que Jesus lia
A Bíblia que Jesus lia 85
Bibliografia geral
VAN HALSEMA, Thea B. João Calvino era assim. São Paulo: Vi-
da, 1968.
YANCEY, Philip. A Bíblia que Jesus lia. São Paulo: Vida, 2006.