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violencia aspectos da vítima

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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER POR PARCEIRO ÍNTIMO: Os aspectos psicológicos

do ciclo de violência

intimate partner violence against women: The psychological aspects of the cycle of violence

Thaynara de Sousa Nogueira 1, Kelli Faustino do Nascimento 2

RESUMO
A violência contra a mulher é um fenômeno que tem sido recorrente e chamado cada vez mais a atenção dos
estudiosos dessa temática e da população em geral. Todavia, é comum que os autores da violência sejam
homens na qual a mulher mantém ou manteve uma relação íntima. O interesse em desenvolver este estudo,
surgiu a partir da observação de que existe uma narrativa de que grande parte das mulheres vítimas de violência
por seu parceiro íntimo permanecem com os seus agressores. Com isso, compreender quais os motivos que
contribuem para a vítima permanecer em uma relação violenta é de grande importância. Diante disso,
objetivou-se identificar e analisar alguns aspectos que direta ou indiretamente podem facilitar a permanência
em um ciclo de violência, dando uma maior ênfase aos aspectos psicológicos que norteiam a vítima e que por
muitas vezes são colocados em segundo plano, visto que, os aspectos físicos são mais evidentes, com isso,
ganham maior notoriedade. Trata-se de um estudo qualitativo em trabalhos científicos de diversos autores.
Para alcançar os objetivos propostos foi realizada uma pesquisa bibliográfica, utilizando uma metodologia
qualitativa por considerar que esta é a que melhor atendia ao objetivo de estudo escolhido. Como resultado do
estudo realizado, verificou-se que, os motivos mais recorrentes que as mantêm no contexto violento são:
dependência emocional, baixa autoestima, dependência financeira, baixa instrução, coação e ameaças por parte
do agressor e etc. Além disso, a vítima sente emoções ambíguas como raiva, humilhação e medo, mas também
sente esperança e afeto.
Palavras-chave: Violência contra a mulher. Ciclo de violência. Aspectos psicológicos da violência contra a
mulher. Violência por parceiro íntimo. Violência Conjugal.

ABSTRACT
Violence against women is a recurring phenomenon that and drawing more and more attention from scholars
on the subject and the population in general. However, it is common that the perpetrators of violence are men
with whom the woman maintains or has maintained an intimate relationship. The interest in developing this
study arose from the observation that there is a narrative that most of the women who are victims of intimate
partner violence remain with their aggressors. Thus, understanding the reasons that contribute to the victim
staying in a violent relationship is of great importance. Therefore, this study aimed to identify and analyze
some aspects that directly or indirectly can facilitate the permanence in a cycle of violence, giving greater
emphasis to the psychological aspects that guide the victim and that are often placed in the background, since
the physical aspects are more evident, thus gaining greater notoriety. This is a qualitative study of scientific
works by several authors. To reach the proposed objectives, bibliographic research was carried out, using a
qualitative methodology because it was considered that this was the one that best met the chosen study
objective. As a result of the study carried out, it was verified that the most recurrent reasons that keep them in
a violent context are: emotional dependence, low self-esteem, financial dependence, low education, coercion
and threats from the aggressor, etc. Moreover, the victim feels ambiguous emotions such as anger, humiliation
and fear but also feels hope and affection.
Keywords: Violence against women. The cycle of violence. Psychological aspects of violence against women.
Intimate partner violence. Conjugal violence.

1
Graduanda de Psicologia da Faculdade Cathedral, Boa Vista-RR. E-mail: Thaynaradsn2@gmail.com
2
Pós doutorado PRODOC e Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba – PB,
Graduada em psicologia pela Universidade Estadual da Paraíba, Paraíba – PB, Docente do curso de Psicologia da
Faculdade Cathedral, Boa Vista-RR. E-mail: Kellieduarda29@gmail.com
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Revista Cathedral (ISSN 1808-2289), v. 5, n. 3, ano 2023
http://cathedral.ojs.galoa.com.br/index.php/cathedral

1 INTRODUÇÃO
A pauta de violência é mencionada constantemente nos meios de comunicação, e
historicamente é usada como forma de alcançar poder sobre um indivíduo ou um grupo. A violência
em especial contra as mulheres ainda é realidade, mesmo diante de tantas ações e campanhas com
objetivo de conscientizar para que não ocorra. A violência contra esse público implica a necessidade
de debates em torno dos direitos das mulheres e a igualdade de gênero, visto que, por anos mulheres
vítimas de violência são adoecidas e/ou mortas por diversas motivações que retratam essa
desigualdade e, na maioria das vezes, o agressor é nada menos que o seu parceiro de vida.
Diante disso, a violência por parceiro íntimo consiste na agressão física, patrimonial, sexual,
moral e psicológica direcionada a mulher por seu companheiro, seja namorado, marido ou amante,
no espaço de convívio permanente ou esporádico com a parceira. Entende-se que, a violência sofrida
afeta consideravelmente a saúde mental da mulher, pois em virtude das agressões, dentre elas a
psicológica, a mulher pode desenvolver transtornos psicológicos, além da diminuição de autoestima,
culpa e vergonha em decorrência da relação prejudicial em que a vítima está inserida (Hospital Santa
Monica, 2020). As mulheres são culpabilizadas por permanecerem na situação de violência, não
sendo raro ouvir expressões do tipo: “ela gosta de apanhar, continua com ele porque quer” e
questionam o motivo de a mulher não se separar do agressor. Por outro lado, há a divulgação de que
o amor não machuca, não fere e não mata. Concepções como estas aqui expostas, despertam o
interesse em estudar sobre essa temática, na tentativa de compreender o que propicia a permanência
desta mulher vítima de violência com o parceiro íntimo.
Afinal, quais os motivos que desencadeiam a predominância da violência contra a mulher por
parceiro íntimo e o que leva a vítima a permanecer no ciclo de violência? De modo geral, a presente
pesquisa buscou analisar os aspectos psicológicos que levam as mulheres vítimas de violência por
parceiro íntimo a permanecerem no ciclo de violência. Ademais, inclui-se como intuito aprofundar
os conceitos que envolvem o contexto de violência contra a mulher. Os objetivos específicos
abrangem a caracterização dos diversos tipos de violência do agressor para com a vítima, verificação
das causas da prevalência da violência contra a mulher por parceiro íntimo e identificação dos
aspectos psicológicos que norteiam o ciclo de violência contra a mulher. Este trabalho é de caráter
bibliográfico e qualitativo, com método de coleta de informações em especial nos acervos de revistas
e portais periódicos.
Em 2020, com a pandemia advinda do vírus Covid-19, houve um aumento nos casos de
denúncias relatados pelo CHAME (Centro humanitário de apoio à mulher) e pela polícia militar. Foi
apontado que tal aumento poderia estar relacionado ao confinamento que a população se viu obrigada
a realizar em razão da pandemia, na qual as vítimas precisaram permanecer 24 horas em casa com o
agressor. Diante do exposto, o presente trabalho torna-se relevante pela proposta de análise dos
aspectos psicológicos da violência contra a mulher por parceiro íntimo, tendo em vista o crescente
índice de violência direcionada às mulheres. Essa demanda torna de extrema importância o
direcionamento aos aspectos psicológicos que norteiam a mulher em situação de violência, pois a
saúde mental da mulher é possivelmente ainda mais comprometida se o agressor for alguém que
resida com a vítima, onde a situação de vulnerabilidade aumenta consideravelmente.
O estudo aqui realizado surge como proposta de apoio para futuras pesquisas, servindo
também como uma tentativa de propor meios que possibilitem uma conscientização sobre a temática.
Evidenciar as consequências e aspectos que norteiam a violência é de extrema relevância social, pois
trata-se de saúde pública. Dentre os motivos que deslumbram a importância para a comunidade geral
se destaca fortalecer o debate, chamando a atenção da comunidade ao risco à vida da vítima como
resultado da violência, podendo chegar ao estágio final do ciclo, caracterizado por feminicídio ou até
mesmo suicídio, por isso, tal contexto merece destaque. Para alcançar os objetivos foi empregado
pesquisa qualitativa.
É questionável o fato de que, por diversas vezes foi necessário um caso ganhar notoriedade
para que se tenha uma comoção geral, com manifestações e programas de prevenção e apoio a vítima,

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porém, durante o ano todo milhares de mulheres são vítimas de violência de forma velada e também
evidente, e, precisam lidar sozinhas com os reflexos da violência. Tal fato demonstra a solidão e
desproteção da vítima frente à sua realidade, que por muitas vezes até mesmo seus familiares tendem
a negar ou minimizar a violência relatada. Frente a isso, ressalta-se que a propagação de informação
quanto ao tema resulta na possibilidade de trazer dignidade e qualidade de vida para mulheres que
buscam ajuda. É imprescindível que as mulheres estejam informadas sobre seus direitos para que
sejam encorajadas a romperem o ciclo de violência vivenciado (GUEDES; GOMES, 2014).

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Inicialmente, a violência pode ser definida conforme Muszkat e Muszkat (2016) como
qualquer forma de ameaça direcionada a alguém pelo uso da força ou não, resultando em
constrangimento físico ou moral, pode-se também definir a violência como o uso de poder de forma
descontrolada sobre alguém causando danos aos diversos âmbitos pessoais e sociais dessa pessoa ou
grupo. Além disso, a violência está presente das relações humanas desde os primórdios, com ela, tem-
se o objetivo de obtenção de poder e busca de interesses através do uso da força física e/ou verbal
(Souza et al., 2001; Souza et al., 2002 apud SÁ; WERLANG, 2013). Tais autores elucidam ainda
que, a violência é uma questão de saúde pública global, visto que, ameaça à integridade de um
indivíduo, dentre eles as mulheres.
Dentre as violações dos direitos humanos, a violência contra a mulher é possivelmente uma
das mais deploráveis, visto que, enquanto for realidade, não se pode pensar na possibilidade de
igualdade e paz. (KOFI ANNAN apud JESUS, 2015). De acordo com a pesquisa do Instituto Data
folha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP, cerca de 17 milhões de
mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual no Brasil em 2020 (IBDFAM, 2021). Esses
dados, no entanto, não demonstram os diversos casos que se restringiram ao ambiente conjugal sem
possibilidade de ser exposto.
Diante desse contexto, é preciso enfatizar que a violência contra a mulher, inclusive por
parceiro íntimo, pode ocorrer com qualquer mulher, independente de raça, questão econômica ou de
conhecimento, todas estão suscetíveis. Porém, Engel (2020) afirma que mulheres negras são ainda
mais suscetíveis a serem vítimas de violência em relação às mulheres brancas, esta afirmação decorre
de todo um contexto social. A literatura descreve diversos fatores associados à violência doméstica,
que perpetuam esta condição para as mulheres, tais como: os antecedentes familiares de atos
violentos, o uso de álcool pelo parceiro, o desemprego, a pobreza, o baixo nível socioeconômico da
vítima, o baixo suporte social ofertado à mulher e a dependência emocional em relação ao agressor
(SILVA; OLIVEIRA, 2015, p. 3524).
Diante de situações como essas acima referenciadas, a violência contra a mulher também pode
ser compreendida como violência de gênero, que por sua vez, é definida como qualquer tipo de
agressão direcionada a alguém devido à sua identidade de gênero, isso retoma o estigma da virilidade
masculina. Tal realidade é baseada em um processo histórico de violência decorrente da crença de
submissão da mulher para com o homem (CARNEIRO; FRAGA, 2012). Historicamente, as mulheres
são alvos de diferentes formas de violência praticadas por homens desconhecidos como também por
seus companheiros, porém, apesar dessas recorrências, tem-se observado mudanças em relação aos
direitos das mulheres a partir da Constituição Federal de 1988, onde estabelece que todos são iguais
perante a lei (MORAIS; RODRIGUES, 2016).
Os direitos fundamentais das mulheres no mundo englobam dentre outros direito a não ser
submetida a tortura, porém, ao contrário disso, em casos noticiados em pesquisas, jornais e estudos
científicos demonstra-se o aumento nos casos de violência contra a mulher submetidas a tortura física,
financeira e emocional, no mais, nota-se que a desigualdade de gênero reduz os direitos das mulheres
em relação aos homens. Diante desse cenário, pode-se mencionar que um marco importante de
proteção a mulher seria a Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340, no qual tem o objetivo de coibir e

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prevenir a violência de gênero no âmbito doméstico, familiar ou de uma relação íntima de afeto.
Tratando-se de proteção as mulheres no Brasil, essa lei torna-se emblemática por tratar de um caso
real, demonstrando como a violência pode persistir, e permanecer em ciclo vicioso por tanto tempo
até ocasionar danos irreversíveis. Portanto, a seu artigo 5º, a Lei Maria da Penha estabelece: para os
efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, e dano moral
ou patrimonial (BRASIL, 2006).
Apesar da existência da lei Maria da Penha, retoma-se o fato de que os casos de violência
contra a mulher continuam alarmantes, visto que, este fato expressa uma questão histórica de
consentimento da violência a partir de uma concepção machista e patriarcal, na qual até mesmo outras
mulheres reproduzem ideias e comportamentos que fortalece e naturaliza esse tipo de concepção.

2.2 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER PRATICADA POR PARCEIRO ÍNTIMO


Silva e Oliveira (2015) descrevem que a violência direcionada às mulheres é constantemente
praticada pelo parceiro íntimo da vítima, tal realidade é por muitas vezes aceita culturalmente. Além
disso, pesquisas sugerem que geralmente há violência física acompanhado de violência psicológica,
ademais, na metade dos casos também se emprega a violência sexual (ELLSBERG et al., 2000;
HEISE; GARCIA-MORENO, 2002; KRONBAUER; MENEGHEL, 2005 apud SÁ; WERLANG,
2013, p. 109). Por diversas vezes a violência praticada pelo parceiro íntimo foi considerado uma
questão intima e que pessoas fora do convívio não podiam opinar, o famoso “em briga de marido e
mulher, não se mete a colher”, porém, cabe ressaltar que é necessário a saída dessa mulher do
ambiente hostil para dispor de ajuda a partir de sua denúncia, pois em resultado da violência em que
a vítima está exposta resulta no isolamento dela no âmbito doméstico juntamente com o agressor e,
com isso, são negados a ela seus direitos de dignidade (SILVA, 2018).
Para fins de definição, há vários tipos de violência direcionada a mulher, dentre elas tem-se a
psicológica, em que se envolvem uma série de degradações emocionais advindas das agressões, como
redução da auto estima da vítima. Dentre as demais, tem-se a mais evidente, a violência física,
caracterizada pela ameaça à integridade física da mulher e que causam algum tipo de lesão no corpo
dela. Há também a violência patrimonial em que se retém seus bens de forma total ou parcial, e a
violência sexual, que se baseia na circunstância em que a mulher é obrigada a praticar relações sexuais
com seu agressor mesmo sem consentimento (RABELO; SANTOS; AOYAMA, 2019). Dentre os
tipos de violência, é necessário frisar que a violência sexual por muitas vezes é inviabilizada, pelo
fato de que quem a comete é o parceiro íntimo.
Falando ainda sobre a violência sexual, os autores Cerqueira et al., (2015) elucidam que na
década de 1970 se debatia no meio jurídico se o companheiro poderia ser acusado por estupro para
com sua esposa, pois entendia-se que era dever de ambos manterem relações sexuais, tais raciocínios
causaram revolta pelos movimentos feministas da época. Ademais, havia a ideia de “legitima defesa
da honra”, na qual era aceito judicialmente para inocentar maridos que assassinassem suas esposas.
Retomando para os dias atuais, dentre os meios de proteção empregados, as medidas protetivas
objetivam reduzir o cenário de violência e assegurar a proteção da vítima, com isso, prevê o
afastamento do agressor do local de convívio. Uma grande parte das mulheres agredidas preferem
sofrer em silêncio por vergonha de exposição e até mesmo do agressor, por isso, não denunciam e
não solicitam medidas protetivas, essa omissão pode ocasionar a perca da vida dessa mulher
(OLIVEIRA, 2019). Alguns autores apontam que a vítima pode se afastar da família pelo fato de os
membros anularem as queixas apresentadas da violência, podendo ocasionar no isolamento dessa
vítima, além disso, é possível que os membros vejam o companheiro agressor como uma pessoa calma
e amável, incapaz de tal ato (ROCHA; GALELI; ANTONI, 2019).
É possível que as mulheres estejam sujeitas a serem agredidas de forma repentina e por um
longo período se o agressor for uma pessoa íntima. (SACRAMENTO; REZENDE, 2006). Há um pré-

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julgamento sobre as vítimas de violência sofrida por parceiro íntimo, o que ocasiona vergonha por
partes das vítimas, elas se sentem constrangidas e até mesmo culpadas pelo que ocorre com elas.
Segundo o Instituto Maria da Penha (IMP, 2018), a mulher vivenciando o ciclo de violência
em certos momentos inicia uma tentativa de justificar o ato do parceiro, levando a crer que o
comportamento do agressor advém de consequências justas dos atos dela mesma, lhe colocando em
um lugar de merecedora daquilo e a culpando por tudo isso. Os violentadores por sua vez, ficam
sempre com a sensação de posse sobre a mulher, e mais ainda quando essas dependem de forma
financeira e emocionalmente deles.

2.3 OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS EM TORNO DO CICLO DE VIOLÊNCIA


A violência dentro do lar acontece em um ciclo e cria um tipo de vínculo entre o agressor e a
vítima (MORAIS; RODRIGUES, 2016). Para que isso ocorra, o ciclo de violência não se inicia de
forma evidente, e sim de forma lenta e muitas vezes velada, onde geralmente o agressor inicia um
processo de humilhações e privações de liberdade direcionadas a vítima para que após isso a mesma
esteja fragilizada o suficiente e enfim aceite as agressões físicas (LUCENA et al, 2016). O sofrimento
psíquico, implicações emocionais e comportamentos suicidas são comuns nos casos de violência por
parceiro íntimo (SILVA, 2018).
De acordo com o Instituto Maria da Penha (IMP, 2018) o ciclo de violência é composto pelas
fases, na primeira fase, chamada de “aumento de tensão”, o agressor demonstra-se irritado com
questões irrelevantes, podendo ter momentos de raiva e necessidade de humilhar a vítima, na maioria
das vezes a vítima apresenta um estado de negação quanto as atitudes do parceiro, releva certas
atitudes pois afinal ele não fez por mal. Em um segundo momento constitui-se a fase de “ataque
violento” ou “ato de violência”, que é quando o agressor violenta fisicamente, psicologicamente ou
de forma patrimonial a mulher, ou seja, toda a tensão da primeira fase torna-se concreta, é nessa fase
que a vítima sente-se ameaçada diante do fato e decide tomar uma decisão, seja denunciar, separar-
se ou permanecer no contexto de violência. Geralmente nessa segunda fase a mulher enfrenta diversos
sentimentos decorrentes da tensão psicológica, como medo, solidão, ansiedade, vergonha e confusão.
Na terceira fase, mais conhecida como “lua de mel” é o momento em que o agressor se
demonstra arrependido, faz promessas de que a agressão jamais irá acontecer novamente e em alguns
casos compra presentes para a vítima. Nesse momento, o parceiro possui atitudes carinhosas e
demonstra arrependimento por seus atos, com isso, a atmosfera torna-se relativamente calma e a
mulher se sente feliz e responsável pelo acontecido, levando a crer por muitas vezes que as agressões
não foram tão ruins assim e que talvez ela tenha exagerado. O agressor após o ato pede desculpas e
jura nunca mais cometer as mesmas atitudes, a mulher acaba acreditando e decide dar mais uma
chance para o companheiro, visto que possui esperanças de uma melhora, por influências sociais e
até mesmo familiares (MORAIS; RODRIGUES, 2016).
Os sentimentos de humilhação são resíduos da dor física ou psíquica e estão presentes na
maioria dos ciclos da violência, e é exatamente essa a intenção do agressor em relação ao agredido:
fazê-lo sentir-se humilhado. Segundo Sá e Werlang (2013) é frequente que se crie vínculos
patológicos entre o casal que se expressam em uma gradual onda de agressões em que estão presentes
ódio e rancor. A violência não se restringe a atos corporais nem a sentimentos de humilhação, e sim
a todo o contexto nocivo atribuído a vítima. Reis (2013) relata que a violência psicológica é silenciosa
e por vezes a vítima nem se dá conta do que está ocorrendo, pelo fato de não deixar cicatrizes e marcas
visíveis a olho nu, mas ao contrário disso, fere a alma com humilhações através de palavras, olhares
e gestos, além de piadas e ridicularizações. Possivelmente a vítima suporta tais agressões por não
perceber o que está ocorrendo e cria-se assim um ciclo vicioso.
Dentre os demais tipos de violência, a violência psicológica aliada a outros fatores pode
ocasionar instabilidades emocionais e consequentemente afetar no seu comportamento, ocasionando
um comportamento mais agressivo e também depressão, podendo a vítima tirar a própria vida. Os
sintomas geralmente são: depressão, síndrome de estresse pós-traumático, ansiedade, fobias,

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desânimo, irritabilidade, síndrome do pânico, sensação de perigo iminente, ideação suicida, tentativa
de suicídio, homicídio, baixa autoestima, sentimento de culpa, inferioridade, insegurança, vergonha,
isolamento social, dificuldade de tomada de decisão, dependência ao extremo, hábito de fumar, uso
de álcool, falta de concentração (BITTAR; KOHLSDORF, 2013).
A violência psicológica afeta todos os integrantes que convivem com o fato, incluindo filhos
(SILVA; COELHO; CAPONI, 2007). Não somente a violência física, mas também é possível que o
filho sofra com as consequências dos demais tipos de violência, ademais, os filhos também estão
sujeitos a serem agredidos fisicamente e psicologicamente. No âmbito da psicoterapia familiar e da
saúde pública a violência conjugal é um dos pontos mais importantes a serem trabalhados, pois além
do casal, se houver filhos há um agravante e se faz necessário ações de prevenção e tratamento
(FALCKE et al., 2009).
Os profissionais dessa área devem saber acolher e validar os sentimentos em torno da
realidade da vítima, usando dos mecanismos psicoterapêuticos para ajudar a paciente a lidar com o
problema, para minimizar os efeitos que a violência ocasionou nela. A violência pode causar às
vítimas sequelas permanentes em sua auto imagem e auto estima, isso resulta na diminuição de seu
valor e na aceitação dos atos violentos, com isso, a mulher tem menor probabilidade de se proteger.
(ADEODATO et al., 2005). Sabendo disso, fica claro a fragilidade da mulher frente a sua realidade.
Uma das principais consequências de vítimas que continuam no relacionamento violento é a
depressão, elas apresentam uma evidente mudança de comportamento devido às agressões
direcionadas a ela pelo parceiro (BITTAR; KOHLSDORF, 2013). Características como baixa
autoestima ou falta de habilidades sociais de mulheres em contexto violento podem fazer com que
elas não consigam criar uma rede de apoio externo ao ambiente doméstico em que está sendo
empregado a violência (ROCHA; GALELI; ANTONI, 2019).
Em muitos casos, a mulher só consegue se desvincular do seu agressor com o suporte dos
órgãos destinados a esses casos (BITTAR; KOHLSDORF, 2013). Para que mulheres em situação de
violência obtenham suporte foi criada a Casa da mulher brasileira, com o intuito de acolher essas
mulheres de forma humanizada. O público-alvo são mulheres de todas as idades que estejam passando
pelo contexto de violência, são ofertados apoio psicossocial, suporte para enfrentamento e promoção
de sua autonomia financeira, para motivá-las a entrar no mercado de trabalho e alcançar sua
independência (RABELO; SANTOS; AOYAMA, 2019).
Nos serviços de saúde, destino geralmente procurado por vítimas de violência, comumente
não é dado o crédito a violência em si, e sim aos hematomas e aos danos causados pela violência,
aspectos esses dentro da competência da área da saúde (a lesão), com isso, tal questão favorece a
inviabilidade da violência sofrida. (LUCENA et al, 2016). Levando em conta sua complexidade para
ser identificada, a violência em contexto doméstico nos âmbitos de saúde continua sendo um desafio,
pois um dos obstáculos se encontra no diagnóstico, associados a falta de capacitação dos profissionais
de saúde para atender tais casos, a própria vítima e os fatores de ordem cultural, aparentemente ambos
os envolvidos demonstram medo em lidar com os aspectos desse evento (LUCENA et al, 2016). A
tomada de decisão (denuncia propriamente dita) da mulher que se encontra amedrontada e em
sofrimento é extremamente difícil, pois teme que se denunciar o companheiro talvez tenha chances
dele sair ileso da denúncia e resolver se vingar, a matando ou machucando alguém querido para ela,
como filhos ou membros da família.

2.4 O MEDO DIANTE DA DENÚNCIA


Uma das principais formas de que uma mulher se dê conta da gravidade da violência praticada
e rompa o ciclo vivenciado é desmistificando a naturalização da violência do homem contra a mulher.
Ocorre que, todos os indivíduos possuem um pouco do pensamento patriarcal, porém, isso interfere
diretamente em como a vítima entende a violência sofrida e em como ela enxerga o agressor (Parente;
Nascimento; Vieira, 2009).

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As mulheres geralmente não denunciam por diversos sentimentos como o medo e a vergonha,
e, em muitos casos, os autores da agressão mostram-se perante a sociedade como um bom homem,
amoroso e atencioso, dificultando assim a revelação da violência praticada. Outro fator decisivo para
mulheres permanecerem no ciclo de violência são advindos da prática do “terror psicológico”
empregado com ameaças como separar a vítima de seus filhos, matar algum parente, por fim na vida
da vítima e até mesmo pôr fim em sua própria vida caso a mulher se separe ou denuncie. Uma segunda
barreira após a denúncia é enfrentada, a retirada da denúncia/queixa contra o agressor, isso ocorre por
vezes em que o agressor promete mudar e ser um bom marido para a mulher. Uma outra forma de
intimidação se refere a ameaças proferidas a vítima para que a denúncia não seja efetuada e se
efetuada que a mulher volte atrás da sua decisão (Moreira et al, 2014).
É apontado por diversos autores o sucesso da Lei Maria da Penha, porém, por vezes sua
aplicação é prejudicada pelas falhas. Em relação a isso, Pasinato (2015), descreve que há diversos
motivos que dificultam o acesso integral à justiça apresentado pela lei, dentre elas a falta de
profissionalização dos profissionais, a demora no julgamento das denúncias. Diante disso, a mulher
pode sentir-se acanhada e temer até mesmo botar os pés para fora de casa, por medo de que o agressor
esteja à espreita, podendo a qualquer momento fazer algo contra ela e até tirar sua própria vida.
Segundo Silva et al. (2019) não basta culpar somente o Estado quanto a eficácia da Lei, pois
é necessário que se tenha uma conscientização sobre os motivos que levam o homem a agredir e os
motivos que levam as mulheres a permanecerem no contexto de violência, e com isso possibilitar
campanhas mais efetivas e políticas públicas de conhecimento geral de toda a sociedade. Além disso,
o fato do agressor estar convivendo com a vítima impossibilita por vezes de que ela realize a denúncia
por telefone, há casos em que a mulher simula uma ligação com outro destino fictício, como salão de
beleza por exemplo, e realiza a denúncia através de códigos com o atendente da emergência, pois o
agressor está no mesmo local que ela. Muitos desses casos ocorreram durante a quarentena da
pandemia do vírus Covid 19, onde teoricamente todos estariam mais seguros. A maior parte das
vítimas sofreram agravante em seus casos, pois precisaram passar a maior parte do tempo, quiçá 24
horas, com o seu agressor, abusador e estuprador nos anos de 2020 e 2021, como resultado da falta
de acesso aos meios de proteção (Santos; Corrêa, 2022).
Além da Casa da Mulher Brasileira, há diversas outras redes e serviços, como por exemplo
Núcleos de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência (Defensorias Públicas estaduais), Núcleos
de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência (Ministérios Públicos estaduais) e Delegacias
Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM). Os anos 2000 marcaram história em relação a
criação de leis quando aos direitos das mulheres, além da Lei Maria da Penha, há Lei Carolina
Dieckmann (12.737/2012) que dispõe da criminalização de invasão de aparelhos eletrônicos. Além
delas, há a Lei do Feminicídio (13.104/2015) que prevê como motivação qualificadora o fato de
simplesmente a vítima ser do sexo feminino. Petersen et al. (2019) referem-se as tentativas de eliminar
a violência, o profissional da psicologia deve estar ciente das políticas públicas, leis e rede de
atendimento à mulher vítima de violência, com isso, é possível o empoderamento desta mulher frente
a esse contexto.

3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para se atingir os objetivos deste estudo foi realizada uma pesquisa do tipo bibliográfica
básica, uma vez que não teve por finalidade a resolução imediata de um problema. A vantagem em
adotar esta modalidade de pesquisa consiste na possibilidade de uma maior cobertura espacial do
fenômeno a ser investigado. (GIL, 2008). Preliminarmente, para compor o Referencial Teórico foi
realizada uma ampla pesquisa em títulos de referência na Biblioteca da Faculdade Cathedral revista
da UFRR e artigos científicos publicados na base de dados Scielo, PEPSIC acerca do tema “Violência
contra a mulher por parceiro íntimo. As palavras-chave desta pesquisa: Violência contra a mulher,
Ciclo de violência, Aspectos psicológicos da violência contra a mulher, Violência por parceiro íntimo
e Violência Conjugal serviram como critério de inclusão. Ademais, temas como violência de gênero,

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patriarcado e direitos das mulheres foram tomados como base para compor o trabalho, pois estão
intimamente ligados ao assunto abordado no presente estudo. Com isso, os demais temas foram
descartados da seleção do estudos.
Após a delineação do estudo, uma busca aprofundada foi realizada acerca do tema. O objeto
de pesquisa deste estudo foi composto por artigos científicos que foram publicados na base de dados
Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Revista Latinoamericana de Psicologia – Redalyc,
Portal de periódicos eletrônicos de psicologia (PePSIC), Revista da Universidade de São Paulo (USP),
sites do Governo Federal e site do Instituto Maria da Penha (IMP, 2018). O critério de inclusão
contemplou os artigos científicos correlatos à questão norteadora deste estudo que é: Quais os motivos
que contribuem para a permanência da mulher no ciclo de violência? Diante disto, todos os demais
casos foram excluídos do estudo.
O método de coleta de dados foi o de levantamento direto no acervo das bibliotecas e sites
acima especificados. A natureza da pesquisa é qualitativa. O método de abordagem utilizado foi o
dedutivo, pois a proposta do estudo concerne melhor clarear o fenômeno de forma a partir do geral
para o específico. (LAKATOS; MARCONI, 2003). Os métodos de procedimentos adotados para o
tratamento dos dados coletados foram qualitativos e analítico-histórico.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
É notório que termos como “machismo” e “feminismo” se tornaram banalizados e muitas
vezes ridicularizados por muitas pessoas quando mencionado, principalmente pelo público
masculino, pois para muitos trata-se de algo sem relevância, na qual retoma o fato de que há pouco
tempo grupos minoritários lutam por voz, em busca por direitos e principalmente dignidade para que
situações como a de violência não ocorram de forma nenhuma. O tema tem sido amplamente
abordado pelos meios de comunicação social, mas apesar disso, os índices de violência permanecem
aumentando consideravelmente, mesmo diante de maior alcance das mulheres às informações e sobre
seus direitos.
Ao se referir aos direitos das mulheres, Vieira (2018) elucida que os movimentos feministas
obtiveram diversas conquistas, porém, ainda enfrentam resistência social, por parte dos homens e do
não reconhecimento da responsabilidade destes. A violência contra as mulheres vem acontecendo
desde os primórdios justamente por questões como essa: o consentimento social da violência. A
mulher sofre violência quando criança, quando adolescente e quando adulta, até mesmo na terceira
idade. Os autores em sua maioria relatam que um dos principais fatores que desencadeia a violência
contra a mulher é a submissão da mulher para com o homem, tal afirmação é enfatizada por
CARNEIRO et al. (2012), além disso, acrescentam que é advindo de um processo histórico.
Entre os autores citados no presente trabalho há convergências em relação a afirmação de que
a predominância da violência contra a mulher é advinda do seu parceiro íntimo. Ademais, ambos os
autores mencionados concordam com a afirmação de que a violência contra a mulher é uma questão
de saúde pública, conforme estabelecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) desde 1996,
sendo assim, merece visibilidade mundial com a criação de políticas públicas para sua prevenção e
criminalização.
É necessário desvincular o pensamento de que todos os assuntos conjugais são de
particularidade do casal. Silva (2018) esclarece que por diversas vezes a violência praticada foi e é
tida como um assunto íntimo do casal, mas tratar a violência praticada pelo parceiro como um assunto
particular leva a ser conivente com a violência e consequentemente com as consequências dela. Além
disso, os autores Silva et. al (2007) e Falcke et. al (2009) concordam que havendo filhos entre o casal
é possível que estes membros também sejam afetados diretamente e/ou indiretamente.
A Lei Maria da Penha (2006) é fortemente mencionada em todos os trabalhos brasileiros e até
mesmo mundo a fora, citados como um marco na tentativa de criminalização do agressor para com a
vítima. Como nem tudo são flores, os autores Pasinato e Santos (2008) ressaltam as dificuldades
encontradas na aplicação da Lei pelo Brasil afora, pois é necessário a colaboração de todos os poderes

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(Executivo, legislativo e judiciário) para que a Lei seja aplicada de forma eficaz. Silva et. al. (2019)
concordam em parte, pois afirmam que culpar somente o Estado é um equívoco, pois é necessário
que se entenda todo o contexto envolvido, desde os motivos que levam o homem a agredir até os
motivos que levam a vítima a se manter calada diante das agressões sem denúncia, pois só assim é
possível a aplicação da Lei e sua legitimidade.
A violência pode ocorrer com qualquer mulher independente de raça, classe social e cultura,
porém, de acordo com dados colhidos pela autora Engeel (2020) em seu livro “A violência contra a
mulher” verificou-se que, mulheres negras são mais violentadas em comparação as mulheres brancas,
principalmente as em situação de vulnerabilidade social. Além disso, mulheres negras possuem maior
medo de serem submetidas a violência e a serem mortas. O fato da violência dentro do ambiente
doméstico atingir em sua maioria mulheres vulneráveis não significa que mulheres com maior poder
aquisitivo não estejam sujeitas a sofrerem algum tipo de violência também.
Segundo Instituto Maria da Penha (IMP, 2018) verifica-se que em todas as fases do ciclo a
mulher enfrenta sentimentos de medo e vergonha frente a violência, exceto na lua de mel, pois ela
sente-se esperançosa. Contudo, na segunda fase especificada como “aumento de tensão” fica evidente
os diversos sentimentos enfrentados pela vítima por conta das agressões, entende-se que esta fase
pode ser decisiva conforme discorrido no desenvolvimento do presente trabalho.
O desenvolvimento de transtornos psicológicos advindos da violência é comum, em razão de
que a vítima está submetida a uma carga considerável de estresse e desconfortos, as vezes por um
longo período. Bittar et. al. (2013) falam que a depressão é uma das possíveis consequências da
permanência da vítima no relacionamento violento. Com isso, Santos (2019) afirma que todas as
pessoas são vítimas ou eventuais vítimas de prejuízos psicológicos de acordo com as relações
interpessoais que criam, assim como é possível agravar algum dano já existente. Ou seja, Santos e
Corrêa (2022) ao se referirem às mulheres convivendo a maior parte do dia com o agressor no
ambiente doméstico e consequentemente hostil, entende-se que há um agravamento somado a questão
de saúde mundial atribuído ao COVID 19, pois o medo de morrer acabou duplicando, em face do
vírus e em face da violência. E, em casos de mulheres em situação de pobreza teoricamente este medo
triplicou, com o agravante da fome, e em razão de tais fatores a vítima sucede uma série de
adoecimentos psicológicos e físicos.
É enfatizado por GUEDES e GOMES (2014) e MORAIS e RODRIGUES (2016) que os
diretos das mulheres é o principal alicerce para romper com o ciclo de violência, e é imprescindível
que todas as mulheres tenham conhecimento quanto aos seus direitos. Por fim, as vítimas necessitam
de suporte para se desvincularem do agressor, pois além da dependência financeira a dependência
emocional é constantemente presente como discorrido ao longo do trabalho. E, Adolpho (2017)
defende que a vítima dependente deve realizar tratamento psicológico para adquirir uma
autossuficiência capaz de desvincular do apego que gera o sofrimento quando há uma separação com
o outro, objeto da dependência.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o Instituto Maria da Penha (IMP, 2018) a mulher inicia uma tentativa de
encontrar justificativas para os atos do parceiro, minimizando de certa forma as agressões praticadas.
Tal fator é resultante também do ciclo de violência em que a vítima é exposta, esta afirmação fica
ainda mais evidente na terceira fase do ciclo de violência, onde o agressor busca a reconciliação com
a vítima através de demonstração de culpa e arrependimento, e é neste momento em que a vítima
sente que talvez a agressão não foi tão ruim assim e o perdoa, tentando buscar pretextos para que não
somente o parceiro tenha culpa na agressão, levando-a a crer que ela tem a sua parcela de culpa, pois
a mesma o provocou. Além disso, nas situações em que há filhos entre o casal, as mulheres vítimas
de violência por seu parceiro afirmam que permanecem nessa situação por conta dos filhos, para que
eles não cresçam sem a figura paterna, com isso, os filhos são expostos à comportamentos agressivos
e aos atos de violência (GUEDES; GOMES, 2014). A existência de filhos entre o casal tende a ser

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considerado algo que torna a situação de violência mais complexa, uma vez que não apenas a mulher
sofre as consequências das violências, mas também os filhos e outros membros familiares que
coabitam com o casal.
Mas afinal, quais os motivos que levam o parceiro íntimo a violentar e até mesmo a tirar a
vida de sua companheira? Geralmente, o agressor é motivado por ciúme e sensação de posse sobre a
mulher. Com o estudo, foi verificado que o contexto de violência em que a vítima está inserida a
submete a uma baixa autoestima e distorção de realidade que não as permitem tomar decisões como
quem está de fora da situação, pois possivelmente uma mulher fragilizada é mais facilmente
dominada. Discursos afirmando que ninguém mais irá a querer e que a mulher é feia e “acabada” são
comuns em relacionamentos violentos e, vínculos emocionais são criados nesse ciclo de violência.
Inegavelmente, as consequências psicológicos advindas da violência também refletem no físico da
vítima desenvolvendo doenças e hematomas decorrentes de estresse, além de perca de peso, cabelo e
enfraquecimento das unhas por exemplo. Ademais, é possível que a vítima se auto mutile e recorra a
meios extremos como o auto extermínio.
Ainda de acordo com o Instituto Maria da Penha (IMP, 2018), a única forma de que mulheres
se desvinculem da dependência financeira, sejam inseridas no mercado de trabalho e que recebam
dignidade, respeito e justiça é através da desconstrução da cultura machista enraizada juntamente com
a promoção de ações educativas de conscientização, além disso, se faz necessário fortalecer a rede de
apoio, constituída por membros da família, amigos, profissionais da área da saúde e jurídica por
exemplo. Em especial, profissionais da área da saúde e psicologia devem ser capacitados para lidarem
com situações de violência. De modo geral, as hipóteses iniciais foram confirmadas, a dependência
emocional e financeira são fatores dominantes entre os motivos que levam a vítima a permanecer no
ciclo de violência, e o fato de ter filhos com o agressor é um fator agravante da situação enfrentada.

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