Artigo 27
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Resumo: Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) relata a experiência teórica e prática de
descalcificação dos ossos provocados pelo meio ácido em uma atividade experimental com materiais
alternativos nas aulas de ciências, realizado na Escola Municipal Fundamental Ruy Miguel Collares
Victorino, com alunos de 7ª série/8º ano, no Município de Mostardas/RS. A intenção foi de entender a
atividade experimental com materiais alternativos e a descalcificação dos ossos provocados em meio ácido,
como via de construção de aprendizagens sobre o estudo do esqueleto humano e músculos, em aulas de
Ciências, no Ensino Fundamental. Para isso, trouxemos à tona uma discussão, em sala de aula, sobre
como funciona a nossa ossatura e que a mesma é crucial à existência do indivíduo, pois, não seríamos
capazes de viver sem o esqueleto. A atividade experimental foi desenvolvida pelos alunos através de uma
pesquisa teórica na internet e em livros didáticos sobre a estrutura do osso e foi abordada com a indagação:
Um osso pode tornar-se flexível? Assim, partindo dessa perspectiva problematizadora, compreendemos que
as atividades experimentais com materiais alternativos propiciam a discussão em conjunto para subsidiar a
construção de argumentos, e o trabalho em grupo, juntamente com o diálogo em sala de aula, incentiva a
socialização entre os alunos e favorece o entendimento sobre o caráter social da ciência. Além disso, tais
atividades permitem ao educando integrar de maneira prática os conhecimentos do senso comum aos
conceitos científicos.
1. Introdução
1
Estudante do Curso de Licenciatura em Ciências. Universidade Federal do Rio Grande - FURG.
iveteazardo@gmail.com
2
Licenciado em Matemática e Mestre em Educação em Ciências pela FURG. Orientador vinculado à Universidade
Federal do Rio Grande. dssilveira@furg.br
3
Licenciada em Química e Mestra em Educação pela UFC. Coorientadora vinculada à Universidade Federal do Rio
Grande – FURG. analiciaqmc@gmail.com
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contribuindo para ampliar suas capacidades de análise em diferentes contextos. De
acordo com Malacarne e Strieder (2009), as atividades pedagógicas que se balizam pela
experimentação incentivam o estudante a refletir sobre conceitos e conteúdos vistos em
sala de aula, além de contribuir para sua participação ativa e para o seu processo de
aprender.
Partindo dessa perspectiva, o Curso de Licenciatura em Ciências da Universidade
Federal do Rio Grande – FURG vem sustentando algumas de suas propostas
pedagógicas, assim como, o seu corpo docente busca desenvolver atividades educativas
que estimulam nos seus licenciandos uma postura ativa, em que explorem, investiguem e
experimentem situações que contribuam para o aprender das ciências. Diferentes
atividades foram realizadas durante a trajetória no curso, algumas de forma individual,
como por exemplo, na Interdisciplina de Fenômenos da Natureza: Perguntando e
experimentando; o uso do solo em nossa região; tarefa sobre visão; e na Interdisciplina de
Cotidiano da Escola: Anúncio publicitário como artefato cultural. Além destas,
aconteceram atividades em grupo, que contribuíram para a construção de aprendizagens
através dos debates, pois geravam polêmicas e pesquisas individuais que se misturavam
e enriqueciam os trabalhos. Entre algumas delas posso citar as seguintes atividades: na
Interdisciplina de Cotidiano da Escola IV - Planejando a partir de Histórias em Quadrinhos;
analisando um Programa Televisivo - Músicas no Ensino de Ciências, Desafio
Experimental – Lactobacilos do Iogurte; em Fenômenos da Natureza IV - História do livro
“Os 15 anos de Mariana” Porque crescer não é tão simples assim? Hormônios, tecido
ósseo, altura.
Além do conjunto de atividades propostas nos semestres do curso, as leituras
também foram importantes para possibilitar a aprendizagem. Dentre inúmeras leituras que
foram apresentadas, destacam-se as: Orientações sobre as Atividades Experimentais
para o Ensino; A experimentação no Ensino Fundamental de Ciências: a reflexão em
contexto formativo (Anais do VIII ENPEC. 2011); A natureza do conhecimento científico e
a experimentação no ensino de ciências (Revista Eletrônica de Ciências. São Carlos, n.
26, Maio de 2004).
Através dos textos acima, percebemos a necessidade de discutir sobre as
atividades experimentais no ensino de Ciências, pois é uma temática muito
problematizada entre os pesquisadores da área de Educação em Ciências, especialmente
em relação às suas finalidades e tipos de abordagens, bem como, sobre as estratégias
que favoreçam sua aplicação. Estas ideias nos permitem pensar nas atividades
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experimentais como estratégia de compreensão dos conteúdos e conceitos, tornando o
ensino de Ciências mais prazeroso e instigante.
Assim durante a proposta do Seminário Integrador, atividade prevista no currículo
do Curso de Licenciatura em Ciências da FURG, que se previu a organização de uma
Mostra de Ciências, e então se pode criar um experimento. A Mostra foi realizada no mês
de junho de 2015, durante o período da manhã, em uma das salas da Escola Municipal
Fundamental Doutor Dinarte Silveira Martins. Esta atividade foi uma experiência
trabalhosa, porém, enriquecedora e comovente. Durante a criação do experimento,
buscamos entender, em grupo, a importância do cálcio na composição óssea. Entre
questionamentos e lembranças do que já se sabia sobre o assunto, aprendemos a ouvir,
a opinar, a concordar, a discordar, mas principalmente a compreender que cada um no
grupo tem sua personalidade e uma maneira de ser, com seus tempos e espaços, mas
principalmente, que em grupo faz-se necessário que a união prevaleça para que o
trabalho em equipe aconteça.
Entre vivências, no Curso de Licenciatura em Ciências, e reflexões sobre o ensino
de Ciências, apresentamos a intenção de desenvolver uma atividade experimental sobre
a Descalcificação dos ossos provocados em meio ácido utilizando materiais alternativos,
em uma turma de 7ª série/8º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal
Fundamental Ruy Miguel Collares Victorino, em Mostardas/RS. Esta atividade foi
desenvolvida com a intenção de colaborar no estudo do esqueleto humano e músculos –
conteúdo de Ciências do Ensino Fundamental como via de construção de aprendizagens.
Com isto, a nossa proposta de pesquisa tem a seguinte pergunta: Como a
atividade experimental com materiais alternativos e a descalcificação dos ossos
provocados em meio ácido, colaboram na construção de aprendizagens sobre o
estudo do esqueleto humano e músculos?
Para atender a esse questionamento, tivemos como objetivo geral entender a
atividade experimental com materiais alternativos, descalcificação dos ossos provocados
em meio ácido, como via de construção de aprendizagens sobre o estudo do esqueleto
humano e músculos, em aulas de Ciências, no Ensino Fundamental. E como objetivos
específicos conhecer estudos sobre atividades experimentais com materiais alternativos
introduzidas no Ensino de Ciências; elaborar e realizar uma atividade experimental com
materiais alternativos em uma turma de 7ª série/8º ano do Ensino Fundamental; e
construir aprendizagens sobre o esqueleto humano e os músculos.
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2. Potencialidades da experimentação no ensino de Ciências
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3. Contexto metodológico e a prática desenvolvida
Fonte: os autores.
Sabemos que o vinagre é composto por ácido acético bem diluído, e contém em
torno de 4% de ácido no caso do vinagre de culinária, o usado em nossa experiência que
apresenta a fórmula química CH3COOH. Com esses dois itens foi possível conhecer um
pouco do experimento, o que originou nos estudantes entendimentos sobre às diversas
reações químicas.
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Após realizarmos o experimento, fizemos o seguinte questionamento aos
estudantes: “Mas por que o osso se tornou flexível?”. A partir dessa problematização
surgiram algumas compreensões sobre o que ocorreu com o osso resultando na seguinte
síntese elaborada por nós a respeito do experimento com os estudantes: “Sabemos que o
vinagre é um ácido e como todos são corrosivos a seu modo, desta forma a camada
externa do osso composto pelas fibras de colágeno e pelo cálcio, o ácido causou uma
reação que resultou na perda de cálcio, sobrando as fibras colágenas que como vimos
são responsáveis por conferir a resistência e a elasticidade. Se ocorrerem ao contrário
podemos notar que o osso não iria arquear e sim quebrar, devido à falta de elasticidade”.
Tal síntese corrobora com os estudos de Gartner (2011, p. 139) que diz
[...] quando um osso é descalcificado (i. e., todo mineral é removido do osso), ele
ainda mantém sua forma original, mas se torna tão flexível que pode ser dobrado
como um pedaço de borracha dura. Se o componente orgânico é extraído do
osso, o esqueleto mineralizado, ainda mantém sua forma original, mas se torna
extremamente quebradiço e pode ser fraturado com facilidade.
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Figura 2: Estudantes verificando a resistência do osso.
Fonte: os autores.
Fonte: os autores.
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Em cada grupo foi observado uma maneira diferente de avaliar, descrevendo de
maneira simples, mas coerente dentro do seu linguajar, pois observar um experimento é
estimular a investigação, o raciocínio e a imaginação. Além disso, percebemos que os
alunos costumam atribuir importância às atividades experimentais, principalmente,
quando fazemos uso de materiais do seu cotidiano, como foi o caso da prática
pedagógica desenvolvida.
Um outro ponto observado no transcorrer da atividade experimental, foi que os
estudantes se tornaram mais participativos e interessados em pesquisar sobre o tema
para além do livro didático utilizado em sala de aula, buscando outras informações e
comparando o que já havia sido explicado com o que eles estavam observando no
experimento. Neste caso, o envolvimento dos estudantes na prática experimental, trouxe
maneiras distintas deles investigarem o tema, formularem suas próprias ideias,
estabelecendo relações da situação e de seus conhecimentos prévios. Este fato é
evidenciado no relato apresentado pelo Grupo 1, a seguir.
Podemos observar ainda, que o Grupo 1, constatou que o vinagre removeu parte
do material intercelular do osso causando a perda de proteínas. Além disso, a partir do
experimento, os estudantes que compõem este grupo ampliam suas compreensões
acerca do tema e o relacionam com o corpo humano.
Já o Grupo 3, após realizar suas observações a respeito do experimento, descreve
que os ossos que estiveram mergulhados no vinagre ficaram flexíveis, porque perderam
os minerais que lhes davam dureza e resistência, e também, apontaram que a
descalcificação é prejudicial ao organismo, pois o fósforo e o cálcio são necessários para
manter a rigidez e permitem os movimentos do corpo.
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escuro. O vinagre tirou o fosfato de cálcio do osso, deixando ele mole e
escuro, já que foi descalcificado. [Grupo 3].
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imaginação e raciocínio”. As oportunidades que são possibilitadas aos alunos nas escolas
revelam o quanto a realização de atividades experimentais com materiais alternativos
influencia no processo de ensino e de aprendizagem, seja motivando-os para participar
das atividades e oportunizando a relação da teoria com a prática, o que pode potencializar
a aprendizagem dos alunos.
5. Considerações finais
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ensino de ciências e integrar de maneira prática os conhecimentos do senso comum aos
conceitos científicos.
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