Kitty Thomas - Persephone
Kitty Thomas - Persephone
Kitty Thomas - Persephone
TRADUCAO: CAILLEACH
REVISAO INICIAL: LAGERTHA E SYN LOKER
REVISAO FINAL: LAGERTHA
LEITURA FINAL: AKASHA E HECATE
FORMATACAO: CIRCE
QUANDO PERSEPHONE NASCEU, ZEUS RECEBEU UMA PROFECIA PREOCUPANTE. ALGUM DIA,
SUA BELA FILHA INOCENTE SERIA LEVADA CATIVA POR HADES, O DEUS DAS TREVAS DO
SUBMUNDO. DETERMINADO A PROTEGÊ-LA, SEU PAI A ESCONDEU NO MUNDO HUMANO,
ONDE ELA SERIA PROTEGIDA DE SEU DESTINO.
HADES SABIA DESSA TRAIÇÃO HÁ NOVE SÉCULOS, MAS SEMPRE PROCUROU POR SUA RAINHA
DESTINADA. E QUANDO A ENCONTRAR, NENHUM PODER NA TERRA OU ABAIXO DELA SERÁ
CAPAZ DE DETÊ-LO.
ELE A LEVARÁ. ELE A CORROMPERÁ. E ZEUS SOFRERÁ POR OUSAR MANTÊ-LA LONGE DELE.
ESTE GRIMÓRIO CONTÉM
Elixir Sobrenatural
INDICADO PARA REVIGORAR CRIATURAS
CONVALESCENTES.
Perséfone e Hades são os meus mitos favoritos, caso você tenha lido
alguns dos meus livros provavelmente isso não é um grande choque. Eu li,
provavelmente, todas as versões lá fora e agora esse aqui é a minha versão
dele. Se você estiver familiarizado com a mitologia clássica, você vai perceber
que tomei várias liberdades com vários aspectos da história, bem como alguns
aspectos do submundo.
A maior diferença é a ausência de Demeter. Quase todas as versões do
mito, de alguma forma, acabam fazendo o que deveria ser a história de
Perséfone ser sobre “como sua mãe sofreu”. Demeter ofusca tão fortemente
tudo, que eu a removi inteiramente de modo que Perséfone pode ter sua
versão.
Espero que gostem da minha releitura do mito. Obrigada por
ler e apoiar o meu trabalho!
Kitty
Capítulo Um
—Eu não sei como você faz isso. É quase mágico. —Lynette disse,
enquanto olhava com admiração.
—Faço o quê?
—Isso. — Ela apontou para todas as flores em torno da loja como se isso
fosse óbvio para qualquer pessoa racional. — A maneira como você cuida das
coisas quebradas e quase mortas e traz de volta à vida. Eu nunca vi nada
como isso.
— Oh! — diz Perséfone. —Eu não sei. Você apenas tem que ouvi-las.
Elas lhe dizem o que precisam, mas elas falam muito baixinho. É difícil
ouvi-las na cidade. —The Perfect Posie era uma loja de flores
pitoresca situada entre uma autêntica loja de salsicha italiana e
uma loja de velhos discos de vinil. Não era exatamente o lugar
mais silencioso ou o melhor para a vida das plantas florescerem
na opinião de Perséfone, mas ela trabalhava com o que ela
tinha.
Lynette balançou a cabeça, seus longos cachos escuros
caindo atrás de suas costas, escondendo uma tatuagem de
corvo negro em seu ombro.
— Bem. Não me diga. Eu estou indo almoçar, você quer
alguma coisa?
—Não. Eu tomei um grande café da manhã. — Era uma
mentira, mas se eu admitisse que não comi nada, tomei apenas
café, Lynette iria começar a bancar a mãe dela.
—Se você não comer alguma coisa, você vai sumir.
—Eu vou comer alguma coisa mais tarde. Eu estou bem.
Lynette saiu da loja para as ruas movimentadas de Nova York, deixando
Perséfone com seus arranjos florais. Sua chefe estava certa, as lilases estavam
murchas e quase mortas quando elas chegaram naquela manhã. Lynette
estava prestes a fazer uma ligação telefonica brigando com o fornecedor e
exigindo outras quando Perséfone as tinha levado a uma sala e só... O que
exatamente ela tinha feito com elas? Ela não tinha certeza. Ela as adubou,
regou e expôs a luz solar e falou um pouco com elas. Fez o que devia ser feito.
Ela só fez isso, e elas voltaram. Não foi mágica. Foi bom senso, paciência e
amor. Você tinha que amá-las, ou a centelha da vida não voltaria. Mas cada
vez que ela fazia isso, Lynette agia como se fosse algo próximo de um maldito
milagre.
Ela suspirou e deixou as lilases se recuperarem, era o que precisavam
depois de sua árdua viagem até a loja e saiu para tomar ar.
Foi prometido, por todos, a Perséfone um dia perfeito hoje. O homem
do tempo, seu vizinho quiroprático, mesmo as abelhas pareciam estar de
acordo, mas em vez disso, quando ela saiu para o trabalho estava um dia
nublado e feio com nuvens pesadas que pareciam engolir a cidade até que
ela quase parecesse menor de alguma forma.
Agora, o céu estava um azul claro e perfeito com apenas
algumas nuvens insignificantes que não tinham sido capazes de
se dissipar ainda. Cada vez que ela olhava para fora da janela,
via um pouco mais de esperança na previsão. Mas ela nunca viu
o movimento das nuvens. Parecia que elas estavam derretendo
discretamente e desaparecendo no céu. Seria um ínfimo dia
para ter um mau presságio. E ainda assim, os cabelos de sua
nuca se arrepiaram e a deixaram no limite como se tivesse sido
atingida por um raio de eletricidade estática. No outro lado
da rua, ela viu um sedan preto desconhecido.
É provavelmente um cliente da livraria ou alguém que trabalha
na área.
Mas ela não conseguia afastar a esmagadora paranóia que
o sedan estava ali por ela. Parecia que a morte veio para
reinvindicá-la. Um longo arrepio lentamente subiu por sua espinha. “Apenas
uma brisa.” Mas ela não estava convencida.
Ela voltou para a loja de flores e para a sala sentando-se ao lado do vaso
de liláses agora florescendo alegremente em um fragmento de luz solar. Ela
sentiu como se estivesse se encolhendo. Se escondendo. Mas de quê? Isso era
tão ridículo.
O sino sobre a porta da loja de flores tocou.
—Olá?
Era uma voz masculina profunda e rouca. Era uma melodia, uma
canção. Era o tipo de voz que iria levá-la a um penhasco se a seguisse. E, no
entanto Perséfone se levantou do banquinho que ela estava empoleirada e saiu
para a sala principal.
— Como posso ajudá-lo?
O estranho virou. Ele usava um terno preto com uma camisa de linho
preto por baixo. Era claramente feito sob medida. Encaixava-se perfeitamente.
Ele tinha a pele bronzeada, olhos negros como carvão, e o cabelo da mesma
cor. Ele tinha as mãos que... Poderiam esmagá-la.
Perséfone empurrou o pensamento para longe.
Cada polegada dele era perfeita, mas aquele sorriso. Ele
prometia coisas más.
Mesmo que Perséfone nunca tivesse visto a porta do carro
do outro lado da rua abrir, ela de alguma forma sabia que esse
homem tinha saído daquele sedan preto. Era ele quem fazia seu
cabelo arrepiar. Ele era aquele que a fazia se esconder em um
quarto dos fundos com um vaso de flores como se isso pudesse
protegê-la.
— Perséfone. — O nome dela saiu de sua boca como
uma oração. —Você não tem idéia de quanto tempo eu estive
procurando por você.
— Como você sabe meu nome? — De alguma forma, ela
tinha conseguido formular uma frase inteira sem gaguejar.
Dadas às circunstâncias, ela se agarrou ao balcão, os nós dos
dedos ficando brancos, mostrando todo o seu pânico. Mas sua
voz permaneceu uma máscara de calma. Por alguma razão, ela sabia que a
última coisa que ela poderia mostrar a este homem era seu medo. Ele iria
gostar muito.
—Eu sei o seu nome há séculos. E verdade seja dita, o resto do mundo
deveria saber também, minha pequena deusa da primavera.
Ok. Este homem era um louco. Ele falava em enigmas. Obviamente, ele
não sabia o nome dela por séculos, e o que era esse absurdo de deusa da
primavera? Será que essa linha funcionava realmente com outras mulheres?
Para saber o nome dela, ele tinha que ser um perseguidor. Observando-a.
Perséfone fez seu caminho para o balcão do caixa, onde havia um
grande, reconfortante e redondo botão do pânico situado sob o balcão. Na
cidade, você nunca sabia quem entraria na loja ou o que eles poderiam querer.
Não era inédito algum drogado com a cabeça cheia de metanfetamina estourar
pela porta e exigir o dinheiro dos caixas de pequenas lojas como esta.
Seu dedo ficou mais perto do botão.
— Eu não faria isso — disse o estranho. — Não me decepcione agora.
— Acho que você precisa sair.
—Sim, nós dois precisamos. — Ele estendeu a mão para ela. —Vamos
logo.
Perséfone deu vários passos para trás.
—Eu não vou a lugar nenhum com você. Eu não conheço
você! — Ela tentou tranquilizar-se de que estava segura. A
cidade estava em plena atividade. Abundância de testemunhas
por toda parte. Era um dia ensolarado lá fora. Os pássaros
cantavam. E ele não tinha puxado uma arma ou qualquer coisa.
Ele sorriu. Não ajudou.
—Eu sinto muito. Você é tudo o que eu pensei que você
seria. Esqueci minhas maneiras no meio da minha agradável
surpresa. Eu sou Hades.
— Isso é um nome? — Não significava algo como inferno?
Quem nomearia seu filho assim? Havia algo mais formigando
sua consciência. Ela tinha ouvido esse nome em um contexto
maior, mas não conseguia lembrar agora hiperventilando como estava.
— Oh, você deve ter lido sobre mim. Eu sou famoso. É uma pequena
história da Grécia. Hades, Deus do submundo? Eu sei que eles ainda devem
estar ensinando sobre mim na escola, mesmo que passem por cima de todas as
partes divertidas. — Foi aí que ela tinha ouvido o nome. Anos atrás na escola.
E não, eles não tinham passado sobre as partes divertidas. Pelo menos ela
poderia ser grata que esse cara era louco não era realmente Hades. Quando ela
estudou mitologia achava que determinado deus tinha uma reputação
bastante escura, bem como uma obsessão singular com a rainha que ele nunca
encontrou.
Esse cara era quente, sem dúvida, mas chamando a si mesmo de deus...
Bem, era um pouco de exagero. E ainda, de alguma forma, ela não achou que
ele estava apenas sendo vaidoso. Ele realmente acreditava nessa loucura.
Ele suspirou.
—Seu pai está escondendo você de mim por milhares de anos.
—Meu pai?
—Zeus.
Uma risada histérica veio à tona. Seu pai era um fazendeiro em Idaho,
definitivamente não era Zeus. Ela não tinha visto seu pai a um par de
anos. Não desde que sua mãe morreu.
Hades se moveu então, tão rápido que ela mal conseguiu
recuperar o fôlego. De repente, ele estava de pé ao lado dela, a
mão em um aperto de morte no seu braço, arrastando-à pela
loja de flores. Ela esperou que enquanto ele estava
compartilhando todos os detalhes de suas fantasias delirantes
que um cliente entrasse, talvez um policial. Inferno, ela
aceitaria um capanga da máfia, qualquer um que fizesse esse
cara ir embora. Mas ninguém tinha aparecido.
Na rua, de repente, tudo estava quieto. Nada. Ninguém.
Folhas de primavera verde-limão vibravam com a brisa nas
árvores que alinhavam a rua, e as nuvens começaram a se
reunir novamente, escurecendo o céu quando ele a puxou para o
outro lado da estrada para o carro à espera.
Não havia tráfego. Como poderia não haver tráfego? Sem pedestres. Era
como se a cidade de Nova York, ou pelo menos esta rua, tivesse se tornado
uma cidade fantasma.
Perséfone soltou um grito de gelar o sangue. Mas a única resposta foi
um bando de pássaros voando para longe. E agora ela estava completamente
sozinha. Com ele.
Ela lutou e tentou se contorcer fora do seu alcance, mas seu aperto era
inflexível, seus esforços risíveis.
Isso não era real. Isso não podia estar acontecendo. Não era desse jeito
que o mundo funcionava.
Perséfone se obrigou a acordar. Mas a realidade na frente dela
permaneceu teimosamente. Sólida e inflexível.
Hades apertou um botão em um controle remoto na chave, e as portas
do sedan desbloquearam. Ele ignorou seus esforços continuos e caminhou
calmamente para o lado do passageiro.
— Entre.
— N-não.
— Perséfone, não teste ainda mais a minha paciência. Entre no
carro.
—Não! Se você vai me matar, você pode me matar aqui
mesmo.
No meio de uma rua da cidade, onde de alguma forma
todas as pessoas tinham desaparecido e o céu azul perfeito
tinha virado escuro e cinza em poucos minutos.
Ele olhou para ela como se achasse ela divertida.
— Você acha que eu ia procurar você todo esse tempo e
depois matá-la? Esse é o tipo de coisa que um humano faria.
Você precisa começar a pensar mais como a imortal que você
é. — Ela sempre soube que havia um monte de loucos vivendo
nessa cidade, mas esse cara... Bem, ela realmente nunca pensou
que um louco poderia vir em tal pacote, envolto em um terno
fino, com boa aparência e um carro brilhante.
Mas ali estava ele.
Depois de outro momento, ele abriu a porta e a empurrou para dentro.
Antes que ela pudesse tentar escapar, ele estava de alguma forma já no lado
do motorista. A trava clicada ameaçadoramente no lugar.
—Eu tenho bloqueios para criança. — disse ele, para salvá-la da energia
de tentar abrir sua própria porta.
Oh Deus. Oh Deus. Oh Deus.
—Sim?— Disse ele, divertido.
Oh. Ela deve ter dito isso em voz alta. Ela achou que estava só pensando
nisso.
O terror tornou-se tão insuportável que ela não tinha certeza de que os
pensamentos ainda estavam seguros em sua cabeça e quais tinham escapado
de sua boca para o espaço entre ela e seu captor insano.
Lágrimas deslizaram por suas bochechas.
—Por favor. Vo-você precisa de ajuda. Você não sabe o que está
fazendo. Há algum medicamento que você deve tomar? Você tem um médico
que podemos chamar?— Hades balançou a cabeça.
— Minha pobre deusa da primavera. Em breve você vai acreditar
em mim.
— Você ainda pode me deixar ir.
—Nunca. — Essa única palavra era absoluta. Final.
Perséfone tentou respirar normalmente. Tentou pensar.
Mas ela não podia. Tudo o que podia fazer era chorar. Não
havia argumento com uma pessoa louca. Se ele não fosse tão
mentalmente desequilibrado, então... Talvez.
Quando Hades ligou o carro e saiu para a estrada, ela
percebeu que havia algo frio e inoperante, quebrado dentro
dele. A temperatura do carro parecia ter caído apenas com sua
presença ali. Se apenas a crença de Lynette que ela tinha magia
fosse verdadeira. Se ao menos ela tivesse algum poder de
despertar e trazer coisas mortas à vida. Mas, é claro, que era
tanto fantasia quanto a história que o homem ao seu lado tinha inventado.
Ela não sabia o que estava quebrado dentro do cérebro deste homem,
mas com certeza não era nada bom alimentar suas próprias fantasias. Ela
pensou que pelo menos um deles deveria permanecer com a mente sã.
No final da estrada, Hades virou para outra rua. Nessa tinha pessoas
circulando. E de repente, a sensação de irrealidade de antes desapareceu.
Chuva torrencial tinha começado a cair. Pessoas esconderam-se debaixo de
guarda-chuvas amarelos e verde, preto e rosa, correndo pelas calçadas com
suas cabeças abaixadas.
Apesar da chuva, o tráfego estava fluindo se abrindo para eles como se
fosse o Mar Vermelho, entregando Perséfone a qualquer destino escuro que a
esperava.
Um trovão soou distante. Os limpadores de para-brisas mexiam
suavemente para trás e para frente. Finalmente, Hades quebrou o silêncio.
—Eu gostaria de poder consolá-la e dizer que eu não vou te machucar e
que você estará segura comigo. Mas eu não quero fazer promessas que não
posso cumprir. — Outro soluço estrangulado escapou do seu controle. Suas
mãos começaram a tremer no colo. Mas por outro lado, ela ficou em silêncio.
Tinha que pensar. Haveria um momento. Ela teria que esperar por esse
momento para que ela pudesse fugir.
Então, como se Hades não tivesse admitido que
pretendesse feri-la, ele disse:
— Esse cabelo. É como a luz do sol. Tão pálido, loiro e
reluzente. E sua pele... É tão lisa com esse lindo rubor em suas
bochechas e olhos azuis cristalinos, puros como um lago. —
Quanto tempo ele iria continuar com esse ato poético? Ele
deixou uma mão no volante enquanto a outra cercava meu
pulso. —E estes minúsculos ossos frágeis. Como pássaros.
Você é tudo que eu imaginei que uma deusa da primavera
seria, como um maduro broto jovem, o momento antes da
plena floração. É difícil acreditar que você é indestrutível. —
Apesar de sua frieza, a pele de Perséfone sentiu-se queimando
sob o seu toque.
Ela respirou longa e profundamente.
— Por favor, você tem que acreditar em mim. Eu não sou quem você
pensa que eu sou. Tudo o que você acredita sobre si mesmo, você não pode
trazer-me para isso. Eu não sou indestrutível. Eu sou humana. Eu sou frágil.
Vou quebrar. Eu vou morrer. — Hades largou seu pulso e balançou a cabeça,
um olhar de desgosto em seu rosto.
— Seu pai de merda. Você pode muito bem quebrar sob minhas mãos.
Mas não vai morrer.
— Onde você está me levando?
— Para o Submundo. Onde mais?— Ok, onde ele realmente iria levá-la?
Algum porão úmido em algum lugar? Um composto de concreto misterioso?
Uma cabana na floresta? Onde é que um cara como este a levaria? Era um
carro muito bom. E um muito bom, terno alinhado. Esse cara, louco ou não,
tinha algum dinheiro. O que a assustava. Já era ruim o suficiente ser
sequestrada por um homem louco. Era muito pior que ele tivesse recursos.
Ele parou na frente do Empire State Building. Havia um espaço vazio ali
mesmo em frente ao edificio para ele estacionar. O quê? Perséfone chocou-se
novamente. Por que ele parou aqui, e porque na terra apenas surgiu uma vaga
para o seu carro, como que por magia? Não. Ela não ia ser sugada para seu
delírio.
—Esta é a nossa parada, luz do sol. Nós vamos a pé a partir
daqui para o portal.
— Mas e o seu carro?
—Não é o meu carro. — Hades saiu do carro e deu a volta
para o lado dela, ajudando-a sair do carro que não era seu.
Novamente, ninguém estava na rua. A chuva ainda estava
descendo forte. Talvez eles estivessem todos dentro, abrigando-
se no edificio.
Ele agarrou seu pulso novamente e levou-a para dentro
do prédio. Para seu deleite absoluto e total, havia pessoas
dentro. Multidões e multidões. E seguranças. Ela ia conseguir
escapar desse cara. Tudo ia ficar bem.
— Ajude-me! Este homem me sequestrou. Ele é louco! — Mas ninguém
se moveu para ajudá-la. Ninguém sequer se virou quando ela gritou.
—Eu pensei que você poderia tentar isso. Você pode gritar o quanto
quiser. Eles não podem ouvi-la. Eles não podem vê-la. — disse Hades. Ele nem
sequer se abalou.
—Co-como? Como isso está acontecendo?— Só mais alguns minutos. Eu
vou acordar.
—Eu disse que sou um deus. Minha vontade é sempre obedecida. Algo
que você vai aprender muito em breve. —Apesar da ineficácia, Perséfone
continuou a gritar por ajuda. Ainda assim, ninguém notou. Ninguém notou
que um homem bonito, lunático moreno estava arrastando-a através do
edifício, enquanto ela lutava e gritava.
—Eu odiaria se você ficasse cansada muito rápido. — disse Hades. —
Você vai precisar de toda a sua energia para onde estamos indo. — Ele
arrastou-a por um corredor e para um elevador de serviço. Um funcionário
seguiu atrás deles e apertou o botão para o topo. Andar 102.
— Nós estamos indo para 103. — Hades disse, em tom de conversa.
—O que? Não existe o andar 103.
—Oh sim, existe. É um andar secreto para celebridades e deuses.
—Perséfone ignorou sua loucura e virou-se para o empregado. —Ei!
Ajude-me! Você não pode me ver? Você tem que me ajudar a
escapar deste homem. — Ela estava gritando no topo de seus
pulmões, mesmo assim o funcionário parecia surdo ou a ignorá-
la enquanto observava os botões acenderem-se no caminho
para o topo.
Ela se moveu e deu um soco no ombro do cara. Ele pulou,
esfregou o ombro e olhou em volta, assustado. Hades agarrou-
a pela cintura e puxou-a de volta para o canto.
— Agora, agora. Isso não é legal. Eu só o blindei para
som e visão. — Ele estava muito desconfortavelmente perto.
Perséfone sentiu-se envolvida por ele. E, pela primeira vez, ela
sentiu que era algo que não parecia loucura. Ele era algo
sombrio, poderoso e determinado. Ela sentiu um bloco de
músculos pressionado contra suas costas enquanto ele a segurava perto de seu
peito.
Os olhos do empregado corriam em volta do elevador, incapaz de ver
que um homem grande, aterrorizante estava segurando alguém cativo a um
metro dele. Voltou-se para o painel e apertou um botão para um piso inferior.
O elevador parou um momento depois, e o cara não poderia sair fora rápido o
suficiente.
Quando as portas se fecharam de novo, e o elevador recomeçou sua
ascensão, Hades soltou Perséfone. Ela se afastou para o canto mais distante
dele e fechou os olhos, tentando bloquear tudo. Poderia este homem
realmente ter alguns poderes mágicos legítimos? Ela sentiu-se louca ao pensar
isso. Não. É um sonho. Quando ela acordar, ela vai passar o dia inteiro rindo
sobre isso. Lynette adoraria essa história.
E ainda assim... Até que ela acordasse, tudo isso pareceria muito real.
O elevador parou no terraço panorâmico. Hades arrastou-a para fora,
levou-a para a direita e empurrou-a por outra porta tão rápido que ela não
teve tempo de gritar para o grupo de turistas por ajuda. Agora eles estavam
no andar secreto do edifício - um que ninguém nunca viu. Ela não viu outro
terraço. Em vez disso, ele a puxou através de um labirinto de tubos e caixas
de eletricidade.
—Suba! — ordenou apontando para um objeto de aço
terrivelmente estreito que estava entre duas escadas.
Ela balançou a cabeça freneticamente.
—E-eu não posso. Por favor, eu não posso. — Era muito
alto. Quando ele primeiro a arrastou para o elevador, ela
pensou que eles estavam indo para o mirante superior, que
embora assustador, era cercado por uma grade de segurança. E
se não houvesse grade para onde ele a estava levando?
— Vá! Estou bem atrás de você. — Como se isso fosse
um conforto real. Ela fez tudo o que podia fazer, dadas às
circunstâncias. Ela subiu.
No topo, seus piores medos foram confirmados. Era uma
sacada pequena com uma grade de apenas alguns metros de
altura em torno dela. Ela poderia facilmente tropeçar nela para sua morte. Ou
ser empurrada.
—Por favor, me leve de volta para baixo. Por favor. Eu não sou ela. Eu
juro que eu não sou. — Se possível, o céu tinha ficado ainda mais escuro,
quase preto, como se tivesse se tornado noite. A única luz vinha a cada poucos
segundos em forma de um raio seguida de um trovão.
—Nós temos que pular. — disse ele.
—Pular? — Ela não podia afastar-se dele. Não havia para onde ir, exceto
por essa pequena sacada.
Perséfone já tinha voltado à negação sobre as coisas que ela tinha visto.
A rua silenciosa. As multidões que não podiam ver ou ouvi-la. Ela não
poderia acreditar nisso. Só não era possível. Agora, ela estava de volta ao: O
homem louco quer saltar do Empire State Building e arrastá-la junto.
Quando voltou a falar, sua voz tremia tanto que ela não podia acreditar
que ela poderia dizer as palavras.
—P-por favor, você tem que me ouvir. Nós podemos te ajudar. Eu sei
que isso parece real para você, mas vamos morrer se pularmos. E eu sei que
você não quer isso. — Ele riu.
— Eu não posso acreditar que você ainda acha que eu sou louco.
O glamour em torno de nós não foi uma pista grande o suficiente
para você? Esse tal de Kool Aid1 que você bebeu deve ser uma
coisa muito poderosa. Mas não é poderoso o suficiente. — Ele
agarrou a mão dela e levou-a para a borda. Seu coração batia em
seu peito, cabeça e garganta enquanto ela estava parada ao lado
dele, olhando das alturas vertiginosas para a rua muito abaixo
deles.
— Tem medo de altura?
—S-sim. — ela engasgou. Ela tentou sair de seu aperto
para ficar longe da borda. Nenhuma quantidade de conversa
interna para dispertá-la parecia estar ultrapassando o medo
agora.
1 Refresco
—Ouvi dizer que a exposição é o melhor remédio. — E então ele saltou,
puxando-a com ele pela lateral de um dos edifícios mais altos da cidade.
Quando ela caiu, tudo ficou em camera lenta enquanto sua vida passou
diante de seus olhos. E então, a poucos momentos do impacto, ela teve a
realização doente que a morte iria levá-la para o submundo, se tal lugar
existisse.
Mas ela nunca atingiu o concreto. Em vez disso, sua mão escorregou
para fora da dele, e, em seguida, ela mergulhou em um frio mar negro dentro
de algum tipo de caverna. Perséfone não teve tempo para contemplar a
impossibilidade desse resultado porque a água estava tentando puxá-la e
afogá-la. Parecia com raiva de ser perturbado por seu infortúnio de cair nela.
Uma mão se abaixou e puxou-a para fora, encharcada e tremendo.
—Eu disse ao idiota para aprontar o barco para quando nós viéssemos
através do portal.
Mas havia um barco, um pequeno, escuro, barco de madeira. Hades
puxou Perséfone para ele. Ela se agarrou a ele por um momento como um
rato afogado tentando se orientar. Então, quando ela percebeu em quais
braços ela tinha procurado segurança, ela se afastou rapidamente e mudou-se
para a ponta do barco. Hades não comentou ou tentou impedi-la de
recuar. Por que ele não fez? Não era como se ela pudesse ir muito
longe.
A água tinha acalmado agora, as únicas ondulações eram
dos remos enquanto ele remava através do mar negro
misterioso. Nenhum deles falou enquanto Hades remava.
Perséfone notou que ela devia estar em estado de choque. Ela
sentia-se com frio e irreal. Mas ela não podia negar o que estava
bem na frente de seus olhos. Não mais.
—E-estou morta? — Ele riu.
— Não. Embora essa seja a forma normal nisso. Há
poucos seres vivos aqui, mas você não está morta. —Então, se
ela não estava morta, e isso não era um sonho... Apesar da
improbabilidade crescendo, Perséfone continuou com a
esperança de que ela iria acordar em sua cama, talvez atrasada
para o trabalho, mas segura na luz do sol. Talvez a previsão de
um dia perfeito que tinha sido prometido a ela aconteceria a partir do
primeiro gorjeio de pássaros na manhã até que o sol se pusesse. Ela e Lynette
iriam rir sobre isso na floricultura.
Mas mesmo quando ela tentou se agarrar a esses últimos pedaços frágeis
de esperança, uma parte mais profunda, mais escura dela sabia que Hades era
real. Este lugar era real. Ela não tinha certeza se ele era um deus ou um
demônio, mas ele era definitivamente sobrenatural. E ela estava começando a
acreditar nele quando disse que era imortal. Mas ainda não significava que ele
não era louco. Se ele vivia aqui... Bem, não estava exatamente na lista de
sanidade. Alguém poderia facilmente enlouquecer aqui. Talvez Hades tivesse
enlouquecido também. De qualquer maneira, ela era apenas uma pessoa
normal, e ela tinha que fazê-lo entender isso.
—Ummm, Hades?— Ele olhou para cima do remo.
—Sim?
—Eu... Eu acredito que você é quem você diz ser...
Ele riu.
—Bem, muito nobre de sua parte me jogar esse pequeno osso.
—Eu... Eu quero dizer... A menos que eu esteja sonhando. Mas eu não
sou ela. Quem quer que você esteja procurando, não sou eu. Eu sou
apenas um ser humano. — Um brilho vermelho de fogo surgiu em
seus olhos, e ela pensou que o ouviu rosnar. Um momento
depois, ele parecia ter se acalmado, e seus olhos voltaram para
o preto carvão de antes.
—Tudo será explicado.
E foi isso. Ele não falou uma palavra com ela durante sua
viagem através da água. Depois de muito tempo, chegaram a
uma doca. Hades saiu e a ajudou a sair. Ele a levou a uma
porta grande e preta, que parecia enormes galhos de árvores
retorcidos e transformados em metal.
Desta vez, ele não pegou seu braço com tanta força. Não
havia necessidade. Para onde ela iria? Ela não tinha ideia de
como sair deste lugar. E a água daqui a queria morta. Talvez
soubesse que não deveria estar aqui no escuro. Não era natural.
Do lado de dentro do portão, havia um monstro gigante com três
cabeças.
Perséfone recuou.
—É apenas Cerberus, o meu cão.
—Tem certeza que é um cão? É enorme. E ele tem três cabeças. — disse
ela, como se esses fatos tivessem escapado à atenção de Hades quando ele
pegou o filhote na loja de animais do mal.
Mas, então, a coisa gigante começou a latir através de duas de suas
cabeças. A outra cabeça estava ocupada ofegante e feliz. A cauda batia forte e
rapido no piso com emoção, enviando tremores como um pequeno terremoto.
—Acalme-se, menino. — Hades disse e o cão se abaixou para ser
acariciado, cada uma das três cabeças lutando pela atenção de seu dono.
—Será que ele vai morder?— Perguntou Perséfone, ainda mantendo
uma distância de segurança mínima do animal gigante.
Hades olhou para ela.
—Cerberus? Esta coisa boba? Claro que não. —Mas então sua expressão
se tornou escura. —A menos que você tente escapar do submundo. Então, ele
pode comer o seu rosto. —Perséfone não podia ter certeza se ele estava
brincando ou não, mas com sua expressão séria, ela não pensou sobre
isso. E ela não queria testá-lo para descobrir. Ela se aproximou.
Quando ela chegou a uma curta distância, uma língua gigante
saiu de uma cabeça gigante e lambeu o lado de seu rosto.
—Cerberus, pare com isso!— Disse Hades.
O cão monstruoso parou babando em cima dela, e Hades
estendeu a mão. Desta vez, ela tomou. Ele a levou passando
pelo enorme cão de guarda e por um longo túnel iluminado
pela luz das tochas.
Ela não estava preparada para o que estava do outro
lado do túnel. Parecia um reino sombrio e deslumbrante. Eles
estavam dentro do que parecia ser uma caverna gigante. Mas
ela viu um enorme céu negro com milhares de estrelas
brilhantes e uma grande lua cheia.
—Não é a lua real, ou céu, ou estrelas. É apenas um encanto. Mais
mágica.
—É sempre assim?
—Se você está perguntando se há um sol mágico também, não. Existem
regras no submundo que mesmo eu devo seguir. É sempre noite aqui. —Ele
disse isso com alguma tristeza, e algo dentro dela contraíu por um momento.
Há uma pequena distância havia um castelo. Ele era feito de uma
brilhante pedra preta que quase parecia brilhar na luz do luar.
Hades a levou por centenas de passos, mais para dentro da caverna,
onde um nevoeiro pesado e aterrorizante parecia que poderia sufocá-los. Mas
Hades não se perturbou com a névoa. Eles caminharam uma pequena
distância até chegarem à beira de uma floresta de árvores mortas que
formavam um emaranhado de galhos retorcidos. Amarrados a uma das
árvores estavam dois grandes cavalos negros.
— Pelo menos eles conseguiram seguir uma instrução adequadamente.
— Hades disse enquanto soltava os cavalos. — É mais rápido a cavalo.
Perséfone sentia como se a cada passo que ela dava e a cada segundo
que passava estava sendo mais profundamente enredada em um mundo
escuro do qual ela nunca iria escapar, mas Hades esperou
pacientemente que ela se aproximasse do cavalo que ele tinha
atribuído a ela. Ele a ajudou a subir na sela, em seu próprio
cavalo, e então eles estavam andando.
Ela se inclinou perto da crina do cavalo, protegendo-se
dos ramos que balançavam e se prendiam a ela. Hades estava
logo à frente com seu cavalo, movendo-se muito mais rápido
do que o dela. No entanto, o dela, obviamente, tinha as
coordenadas e sabia para onde ir, e não havia como desviá-lo
de seu caminho.
Eles chegaram ao fim da floresta morta e estavam em
um vasto prado onde nada crescia, somente um mar de grama
marrom alta morta que balançava na brisa, ela sabia que não
poderia ser uma brisa de verdade. No prado, o nevoeiro se
dissipou para revelar o castelo brilhando a luz da lua.
Quando ela chegou ao castelo, Hades já estava descendo de seu cavalo e
entregando-o a alguém. Ou alguma coisa. Perséfone não tinha certeza se o
cavalariço era humano ou algum tipo de demônio. Morto ou vivo.
Hades ajudou-a a descer de seu cavalo e passou aquelas rédeas para o
cavalariço também, em seguida, ele a levou até um conjunto de escadas de
mármore preto e para o castelo.
Guardas aguardavam ao longo do hall de entrada, olhando para frente.
Eles usavam armaduras pesadas, e novamente, Perséfone não podia ter
certeza se eles eram humanos ou demônios. Mortos ou vivos. Ela encontrou-se
agarrando a mão de Hades mais apertado porque a única coisa que estava se
tornando cada vez mais claro para ela era que não poderia haver nenhuma
maneira de sair deste lugar, nenhuma fuga de seu captor.
E, se possível, Hades de alguma forma parecia à coisa menos
assustadora até agora e a única pessoa interessada o suficiente para protegê-la.
Um tapete de prata reluzente brilhava sob o luar e se estendia por toda a
extensão do corredor, iluminando o caminho. Hades levou-a até o fim, então
ele virou à esquerda e levou-a para baixo por um conjunto de degraus de
pedra cinza que formavam um espiral descendente que parecia infinito.
Lá em baixo estava uma grande sala envolta totalmente em pedra.
Tochas alinhavam-se as paredes. O quarto parecia quase vazio, exceto
por uma grande gaiola no centro.
Perséfone sacudiu o nevoeiro que a estava desorientando.
Quando ela realmente percebeu o que estava acontecendo, a
realidade parecia encaixar e fazer um som de metal rangendo.
Não, isso era a porta da gaiola sendo aberta. Hades jogou-a
para dentro batendo a porta e trancando-a.
Então ele se virou sem uma palavra e voltou a subir as
escadas.
—Hades! Não me deixe aqui, por favor!— Ela não
conseguia pensar no que ela poderia ter feito para que isso
acontecesse. A intenção dele era raptá-la e trancá-la em uma
gaiola para sempre? Por quê?
Ela se sentou no chão e puxou as pernas até o peito. Seus
jeans e camiseta ainda estavam úmidos da água onde tinha
caído. E agora essa fria e úmida masmorra. Ela iria congelar até a morte. Ela ia
morrer aqui. Ela nunca veria o sol novamente.
Perséfone começou a chorar.
— Coma. — ele ordenou.
Ela olhou para cima e secou as lágrimas de seu rosto parta ve-lo
segurando uma fruta vermelho escura por entre as grades. Ele abriu a porta.
Parecia suculento, delicioso e convidativo. Como ele poderia conseguir frutas
aqui onde nada crescia?
— O que é isso?
— Uma garantia. — Disse ele. —Uma romã. Se algum dia quiser sair
desta jaula, coma.
— Por favor, diga-me por que estou aqui. Eu não entendo nada disso.
Por favor. — Seus olhos brilharam novamente.
— Coma primeiro.
Ele estava tantando drogá-la? Por que ele era tão insistente? Havia algo
errado sobre isso. Ela sabia que devia haver, mas ela estava ficando com fome,
e ela estava tão cansada e gelada. Se isso a tiraria da jaula...
— Coma! — Ele rosnou.
Perséfone pegou a romã de sua mão e arrancou uma das
sementes. Ela fechou os olhos e comeu. Ela esperava morrer.
Mas nada trágico aconteceu. Então ela comeu várias outras.
Ela abriu os olhos para encontrar Hades sorrindo para ela,
aquele sorriso lindo e maligno que não poderia significar nada
de bom.
— Agora você é minha, amarrada aqui para sempre. Não
importa o que seu pai faça agora. Você é minha.
Ela sentiu a cilada sobre ela quando a romã caiu de sua
mão. O som da fruta atingindo o chão foi ensurdecedor
quando sementes e suco se espalharam manchando a pedra
como sangue.
— O-o que você quer dizer?
— Minha doce e inocente deusa. Há uma parte de mim muito feliz que
você foi enganada e levada acreditar que você é humana. Você não poderia
saber que comer sementes de romã no submundo ligaria você a mim e a este
lugar para sempre. Bem, agora você sabe.
— Hades... Por favor. Estou com frio. Não me deixe na gaiola. —Ela não
podia lidar agora com a perspectiva de para sempre. Ela só poderia lidar com
as circunstâncias imediatas de estar trancada em uma jaula.
— Eu tenho coisas para falar em primeiro lugar. E você vai ouvir.
Ela não discutiu, muito amedrontada. Perséfone voltou a acreditar que
ele era louco. Ele deveria ser. E ela tinha estado neste lugar por muito tempo
agora para realmente acreditar que ela ainda estava sonhando. De alguma
forma... Isso era real.
Ele andou ao redor no exterior da gaiola, parecendo bastante agitado
enquanto ele contava a ela uma história que ele deve ter guardado por um
tempo muito longo.
— Havia uma profecia. Você estava destinada a ser minha. Mas seu pai
egoísta descobriu sobre isso a partir de uma vidente quando você nasceu. E ele
não podia permitir que sua doce, bela filha vivesse aqui no escuro comigo.
— Zeus tem o mundo superior. Poseidon tem o mar. O que eu
tenho? Escuridão e morte. Seu pai não poderia me deixar ter uma
coisa brilhante, quente e bonita. Nada. Ele tomou seus poderes
e a escondeu longe no mundo mortal. Quando eu soube do seu
desaparecimento, demorei séculos para encontrá-la. Ele vai
encontrá-la, também. Minha mágica não vai escondê-la para
sempre. Ele provavelmente já sabe onde você está. Mas é muito
tarde. E agora ele vai sofrer também.
— Meu pai é um fazendeiro em Idaho. E ele não é um
deus.
— Esse não é o seu pai. Zeus deu-lhe memórias falsas.
Ele continua te movendo de lugar para que as pessoas não
descubram que você não envelhece e alterando todas as
memórias, incluindo a sua. Bastardo rancoroso.
— Não. Não é verdade. Eu sou apenas uma pessoa normal.
Hades abriu à gaiola e entrou. Perséfone recuou de repente, mais
desconfortável do que nunca com sua proximidade.
— Acho que devemos enviar uma encomenda para o seu pai. O que
você acha? Um dedo? Aposto que ele gostaria de um dedo.
Os olhos de Perséfone se arregalam. Ela ainda estava convencida de que
Hades tinha raptado a mulher errada. Esta deusa que ele estava falando não
poderia ser ela. Mas neste momento, jogar junto com o deus louco parecia ser
a resposta mais inteligente.
— H-Hades... Por que você me quer? Certamente não para me cortar em
pedaços. — Ela esperava.
Ele retirou uma faca de prata reluzente do bolso.
— Oh, não se preocupe. Eu lhe disse que você é indestrutível. Ele vai
voltar a crescer.
Ele realmente vai fazer isso. Ela tomou mais um par de passos para
longe dele até que o metal preto, duro da gaiola pressionou contra suas
costas.
— Não! Por favor... N-não. Não. Eu-eu vou fazer o que quiser. Não faça
isso. — Ela caiu de joelhos, implorando-lhe. As lágrimas escorriam pelo seu
rosto. — Hades, por favor. Eu-eu vou ser sua. Esqueça meu pai, não...
Algo em sua expressão se suavizou por um momento. Em
seguida, ele rosnou e deixou à gaiola, batendo e trancando-a
atrás dele. Ele atirou a faca de prata para o canto da masmorra,
bem fora de seu alcance, e depois a deixou lá.
Perséfone foi para o centro da gaiola sentindo arrepios de
frio e medo. Ela estava com muito medo de chamá-lo
novamente.
Capítulo Dois
Hades foi para o nível superior. Ele não tinha saído do hall de entrada
antes que ela tivesse começado a chorar. Ele podia ouvi-la chorando todo o
caminho até aqui. Droga de lágrimas. Ele tinha a intenção de enviar a Zeus um
dedo, todo embrulhado em uma caixa preta com um arco de cetim prata.
Talvez ele enviasse mais de um. Talvez ele enviasse todos os dias durante um
ano.
Eles voltariam a crescer, apesar de tudo. Realmente não era grande
coisa. Mas isso deixaria descontrolado aquele seu pai maluco. Essa era a parte
importante. Ele seria ferido. Zeus a tinha mantido embrulhada em sua
bolha, protegida de seu destino. Ela provavelmente não tinha sofrido
um dia em sua longa vida. O que estava prestes a mudar. E ela
tinha que agradecer ao pai por isso.
— Umm, meu senhor?— Um dos guardas havia deixado
seu posto.
Hades virou para ele e rosnou.
—O quê?
— M-meu Senhor, você acha que é sensato mantê-la lá
embaixo?
— Ela não vai morrer.
— Não, mas... Lembre-se do que a vidente disse.
Hades voltou a andar. Ele estaria fazendo um buraco no
brilhante tapete prata nesse ritmo. Quando ele descobriu a
trapaça de Zeus, ele tinha ido a sua própria vidente para
confirmar a história. Ela disse que Perséfone era para ser sua rainha.
E aqui estava ele, tratando-a como sua prisioneira. Mas ela não podia ser
prisioneira e rainha ao mesmo tempo? Embora ele tivesse sentido uma
pequena pontada de algo, que o impediu de cortar seu dedo fora, suas
lágrimas e mendicância não iriam parar todos os seus planos.
Só de estar perto dela, ele queria dominá-la. Ele queria ser dono dela. Ele
queria que ela o temesse um pouco. Ou talvez muito. Ele não tinha certeza de
quanto isso era raiva contra seu pai e quanto era do que ela fez com ele por
vontade própria... Aquela inocência doce e brilhante que se agarrou a ela, o
cheiro de pureza que flutuava no ar como um campo de lavanda.
E ele não se importava. Ela não ia a lugar nenhum. Ele não tinha que ser
suave com ela. Ela teria de se adaptar a ele, não o contrário. Talvez as coisas
pudessem ter sido diferentes se não tivesse sido retida e escondida dele por
tanto tempo.
Por milhares de anos, ele tinha se ressentido que Zeus e Poseidon
tinham todas as coisas boas, e ele obteve a pouca sorte do submundo. Se ele
não poderia ter o céu e o mar, ele teria Perséfone. E ele tinha toda a intenção
de atormentar Zeus sobre isso. Ele iria deixar seu pai louco nem que fosse a
última coisa que ele fizesse.
Mesmo que ele não tenha enviado ao querido pai uma
encomenda, Zeus saberia. Era a bênção e a maldição de ser um
deus.
—Meu Senhor? — Hades sentiu o fogo vindo aos seus
olhos. O guarda ainda estava ali?
—O quê?
—Será que iria feri-lo mostrar a ela um pouco de
misericórdia?
Talvez. Ele não sabia se queria que ela o odiasse e o
temesse ou se ele queria que ela o amasse para que pudesse
puxar o tapete debaixo dela e ver o amor se transformar em
choque e traição, seguido de ódio e medo. Quanto mais ele a
machucasse, mais iria destruir Zeus. Ele gostava muito desse
plano.
—Meu Senhor? Isso não é culpa dela.
—Volte para o seu posto.
O guarda voltou para seu posto ao longo do extenso corredor.
Claro que não era culpa dela. Ela era apenas um peão em tudo isso, mas
foi Zeus que tinha feito o primeiro movimento, e era Hades que estava indo
terminá-lo.
Mas o guarda estava certo sobre uma coisa. Por que ele deveria mantê-la
na masmorra úmida sozinha? Ele queria brincar com ela, e seu quarto era
muito mais confortável. Ele poderia amedrontá-la tanto no terceiro andar
quanto na masmorra.
Quando chegou ao final das escadas, Perséfone sentou-se e fugiu para
um canto de sua gaiola. Ele iria colocar uma coleira em torno dessa pequena
garganta. E muito em breve.
Ela estremeceu quando ele se aproximou, suas roupas ainda molhadas
de seu mergulho no Mar Negro. Ele foi até a gaiola e abriu a porta.
—Venha comigo.
Ela lutou para levantar e usou as barras da gaiola para se firmar
enquanto ia até ele. Quando ela saiu da gaiola, ele estava prestes a se
voltar para subir as escadas, sabendo que ela iria segui-lo, mas antes
que ele pudesse fazer isso, ela cambaleou.
Hades a pegou quando ela desmaiou. Ele não tinha
certeza se era o frio, medo ou exaustão geral. Talvez fome. Não
era como se algumas sementes de romã fossem sustentá-la.
Ele a levou pelas escadas para o nível principal, em
seguida, até uma grande escadaria que sem dúvida a teria
impressionado se ela estivesse consciente para ver, em seguida,
até outro nível, ao seu andar privado.
Uma vez em seu quarto, ele a deitou na cama um pouco
mais suavemente do que pretendia. Ele precisava tirá-la dessas
roupas molhadas. Hades distraidamente acenou com a mão na
direção de uma grande lareira perto da cama. Imediatamente as
chamas voltaram à vida.
Ela foi jogada ao redor como uma boneca de pano, enquanto ele tirava
as roupas molhadas. A camiseta se agarrou a ela e foi retirada como se ela
tivesse sido embalada meticulosamente. Em seguida, ele tirou seus sapatos –
que era ridículo na cor água-marinha. Em seguida, os jeans. Calcinha. Sutiã.
Ele jogou as roupas no fogo, em seguida, subiu na cama e apenas olhou
para ela. Tão perfeita, bela e doce. Será que ele realmente queria estragar essa
pele pálida perfeita? Sim. Ele queria. Qualquer coisa que ele fizesse com ela
iria curar. Bem, fisicamente. Ela poderia não se recuperar das cicatrizes
emocionais.
Hades sentou ao lado dela na cama. Ele se inclinou mais perto, o nariz
pressionado contra o lado de sua garganta, respirando aquele cheiro limpo.
Ele se afastou de repente e apenas olhou.
Não, não era possível. Era? Mas como?
Hades ergueu as mãos algumas polegadas acima dela e as moveu ao
longo do comprimento do seu corpo. Dessa forma ele podia perceber e sentir a
nuance de sua energia. Quando ele teve certeza, se afastou.
Apesar de improvável, Zeus a manteve escondida em mais de uma
maneira. Hades estava absolutamente certo. Perséfone era virgem. Uma doce,
virgem inocente, presa em seu covil subterrâneo.
Em vez de enviar a Zeus um dedo, Hades pensou que talvez
ele devesse enviar um agradável cartão de agradecimento.
Hades estava enfurecido por ela ter tentado fugir dele. Ao mesmo
tempo, vendo-a aconchegada a Cerberus diminuiu a pior parte da raiva. É
claro que ela ia tentar fugir, pelo menos até ela perceber o quão inútil seria. Os
guardas sabiam disso, mas não tentaram detê-la. Todos sabiam que o cão
faria. E quanto mais longe ela conseguisse chegar antes de ser pega, mais
rapidamente ela entenderia sua situação. Quanto mais cedo ela aceitasse as
coisas, melhor seria para ela. Ela se mexeu quando ele a pegou.
— Hades?
Ele não respondeu. Ele simplesmente esperou que ela terminasse
de acordar, e depois ele a ajudou a montar em seu cavalo. O dela
havia se desamarrado e voltado para o castelo por conta
própria. Hades subiu atrás dela e guiou a égua para casa.
A tensão irradiava dela, mas ele não procurou amenizá-la.
Ficaram em silêncio durante o passeio pela floresta e prado. Ele
passou a maior parte da viagem pensando sobre o negócio no
Setor Leste, principalmente para manter sua mente fora do
corpo quente pressionado contra o seu próprio.
O problema poderia ter sido tratado por outra pessoa.
Foi uma disputa menor entre alguns dos seres que viviam lá,
algo extremamente chato. Ele poderia ter deixado alguém lidar
com isso e voltado mais cedo, mas ele queria saber o que
Perséfone iria fazer em sua ausência. E agora ele tinha a
resposta, embora ele não pudesse culpá-la. Ele iria tentar escapar
deste lugar também.
Quando chegaram ao castelo, Hades a ajudou a descer do cavalo e
entregou as rédeas ao cavalariço, em seguida, ele a levou de volta para dentro
das paredes de pedra e até seu quarto.
Deixou-a e saiu para a varanda para pensar. Ele olhou sobre a borda. Era
um declive acentuado profundo e mortal em um abismo com estalagmites
irregulares esperando para rasgar qualquer tolo que caisse lá embaixo. Ou
seria se alguém mortal e vivo caísse.
Hades olhou para o céu, em seguida, para a lua e as estrelas todas
mantida por magia. Era lindo, mas era uma espécie triste e escura de beleza.
Ele não podia deixar de desejar que pudesse aproveitar a luz do sol apenas
uma vez. Perséfone parecia o mais próximo que ele alguma vez chegaria da
luz solar, o mais próximo que ele poderia chegar da própria vida.
Ele ouviu seus passos hesitantes no chão de pedra da varanda.
—Sente-se! — disse ele, forçando a dureza de volta para sua voz. Ele não
se virou até que a ouviu sentar em uma das espreguiçadeiras de pelúcia negra.
Hades puxou uma cadeira e se juntou a ela. Ele olhou para ela por um longo
tempo. Pela primeira vez, ele não estava incomodado que muito em seu
mundo era negro.
O manto fez sua pele olhar luminescente ao luar. E aquele cabelo.
Ele queria se esticar e correr os dedos por esse cabelo.
Em vez disso, ele cruzou os braços sobre o peito.
—Onde exatamente você acha que estava indo hoje,
Perséfone?
Ela olhou para suas mãos e encolheu os ombros.
—Realmente? Você me insulta com mentiras sobre todo o
resto? Diga-me a verdade.
—Eu queria voltar para casa.
—Você está em casa. — Ela estremeceu com isso. —Eu
estou receoso que eu vou ter que punir você por tentar escapar.
—Você vai cortar meu dedo?
Ela soou mais amarga do que com medo, e ele se viu
inesperadamente aliviado por isso. Ele queria puni-la. Ele queria
transformá-la em uma coisa escura como ele, algo que ansiava pelas mesmas
coisas que ele. Mas ela parecia tão frágil, tão quebrável. E uma parte dele não
conseguia lembrar que ele deveria estar se vingando de Zeus e que ele não
deveria ser suave com ela.
—Nada tão sombrio assim. — disse ele. Mas ele poderia dizer a partir do
olhar em seu rosto que ela não acreditava nele. Isso era provavelmente sábio.
A cada minuto passando, ele não poderia decidir o que queria fazer com ela, o
que ele estava preparado para fazer com ela.
Hades retirou uma grande caixa estreita do casaco, era a única coisa que
ele sabia com certeza.
—O que é isso?— Ela perguntou, quando ele a entregou a ela.
—Um dedo.
Ela deixou cair a caixa.
— O que?
Hades riu.
—Eu estou brincando com você. É um colar. Para você. — Ele pegou e
abriu-a para mostrar a ela que não havia partes do corpo dentro. Ela não
parecia muito mais entusiasmada pelo conteúdo real da caixa.
—Um colar?— Ela disse hesitante, enquanto olhava para a
corrente de metal prateado liso amortecido dentro da caixa. —
Eu não entendo. — Ela era tão ingênua, ou apenas jogava com
ele?
Se Zeus não a tivesse mantido londe dele, Hades se
perguntava se ele teria lhe dado uma coroa em vez disso. Teria
sido uma peça mais adequada de joia para uma rainha, mas
tudo o que ele tinha sido capaz de pensar por centenas de anos
foi possuí-la. E ao longo do tempo esse desejo de posse se
transformou em uma necessidade irracional de propriedade
absoluta.
Ele não queria alguma coisa delicada e doce que ele iria
mimar e proteger da sua escuridão. Ele queria sua adorável
deusa de joelhos.
—Então, eu serei sua escrava. — Ela entendeu. Bom.
Hades removeu o colar da caixa, abriu, e o colocou em torno de sua
garganta.
Lágrimas silenciosas cairam por suas bochechas, mas ela conseguiu falar
sem as lágrimas chegando a sua voz.
—Você deve falar com o seu povo. Eles acham que eu sou a rainha.
Ela estremeceu quando Hades correu os dedos por seus cabelos. Ele
sabia que ela seria incapaz de resistir agora que estava tão perto dele.
—Você é a rainha para eles. E é melhor eles a tratarem assim. Se eu
descobrir que alguém demonstrou o menor desrespeito, eles vão pagar caro.
Perséfone parecia confusa com isso, mas por que ela estava confundida?
Ela não poderia ser sua escrava e sua rainha? Hades não via problema nisso.
Fazia todo o sentido para ele.
—Será que eu vou ver minha família de novo? Ou amigos? Ou Lynette?
Ela estava sendo extraordinariamente corajosa. Tão frágil quanto ela
parecia, era como se houvesse um forte núcleo de aço dentro dela.
—Você nunca poderá voltar.
Sua coragem desapareceu quase tão rapidamente como tinha
chegado, e ela começou a soluçar seriamente. Hades lutou contra o
desejo de confortá-la. Havia lugares dentro dele, lugares
congelados há séculos que esta pequena criatura poderia
derreter se ele lhe permitisse chegar muito perto.
Ela o fazia se sentir de alguma forma impotente, e foi esse
sentimento que fortaleceu sua resolução. Ele iria puni-la. Ele
iria governá-la. E ela se submeteria a cada desejo seu
docemente. Ou então, ele nunca poderia dar a qualquer um o
poder de feri-lo.
Você não pode confiar nas pessoas. Mortal ou deus.
Todos eles iriam encontrar uma maneira de tirar coisas de
você. Tinha aprendido isso da maneira mais difícil com Zeus e
Poseidon.
Não podia permitir que Perséfone se tornasse importante demais para
ele. Ele iria apreciá-la, mas mantê-la à distância. Ele iria quebrá-la apenas o
suficiente para que ele pudesse a gerir, então ela não poderia controlá-lo.
—Venha. — disse ele. —Chegou a hora da sua punição.
—H-Hades... Por favor. Eu não vou fugir novamente.
—Mestre.
— O que?
—Você vai me chamar de mestre.
Se ela continuasse chamando-o pelo nome ele iria desmoronar e dar-lhe
qualquer coisa que ela quisesse. E nenhuma filha de Zeus poderia ser
confiável. Apesar de saber que ela era inocente em tudo isso, Hades não
poderia evitar, exceto duvidar que a maçã pudesse cair não muito longe da
árvore. Debaixo desta delicadeza exterior doce deveria haver algo desleal. Ele
nunca lhe daria a chance de provar isso.
—Perséfone?— Ele cutucou.
Ela olhou para cima, seus olhos azuis cristalinos de alguma forma ainda
mais brilhantes por suas lágrimas.
—Sim, Mestre?— Ela sussurrou.
Houve uma mistura de satisfação junto com uma pequena bola
maciça de dor dentro dele ao ouvir a derrota impotente em sua
voz. Ele poderia ficar bêbado com essa estranha mistura.
Ele estendeu a mão.
—Venha.
Ela não discutiu ou suplicou novamente. Ela apenas
colocou a mão na dele e permitiu que ele a conduzisse de volta
para dentro. Ele a levou para fora da sala através do corredor
até outra grande sala separada que ele mantinha para o jogo.
Houve almas aqui que chegaram ao submundo tão
quebradas, tão necessitadas de punição, que ele as trouxe para
esta sala para dar-lhes o que elas pareciam precisar
desesperadamente. Eram almas perdidas, não ruins o suficiente
para serem enviadas para os reinos inferiores, mas não boas o
suficiente para encontrar qualquer paz. Foi misericórdia que ele lhes ofereceu,
uma espécie de absolvição. E nesses momentos, ele tinha sido capaz de fingir
que ele não estava tão total e completamente sozinho.
Cada uma delas tinha se resignado a seu destino, choramingando
docemente sob cada parcela de dor que ele aplicava. Quando terminou com
cada um deles, eles foram capazes de passar para um lugar melhor no
submundo, tendo trabalhado através de seus vários problemas e pago por
seus vários crimes.
Mas Perséfone era algo completamente diferente.
Ela parecia muito inocente para merecer punição por qualquer coisa,
mesmo por fugir dele. A busca pela liberdade não era um ato imperdoável. Ele
poderia se identificar. Ele às vezes queria isso tanto quanto ela.
Hades mantinha a sala de jogos vazia quando ela não estava em uso.
Todos os móveis, brinquedos e chicotes ficavam dentro de armários grandes,
deixando a sala como uma grande praça de pedra aberta. Uma enorme janela
no lado sul da sala permitia o luar a brilhar. Ele acenou com a mão e chamas
quentes acenderam as tochas ao longo da parede.
Ele guiou-a para o centro da sala e destravou os três fechos de prata do
robe. Ela não protestou ou lutou quando ele empurrou-o fora de seus
ombros. Ele daria qualquer coisa para saber o que ela estava
pensando.
Ele dobrou-o e colocou o tecido macio e espesso no chão.
—Ajoelhe-se sobre o manto. Você deve baixar sua cabeça.
Como se presa em um transe, ela fez o que ele pediu. Ele
foi até o armário e tirou um chicote de equitação. Quando ele
voltou até ela, ela estava chorando em silêncio, seu pequeno
corpo tremendo sobre o manto onde ela se ajoelhou.
—Você nunca foi fisicamente punida por nada, não é?—
Ela balançou a cabeça.
—Não, Mestre.
Ele esperava mais luta dela, mais resistência. Mas ela
devia saber que só iria piorar as coisas. O desespero de sua
situação deveria ter se estabelecido nela.
—Isso porque você nunca mereceu ser punida ou porque aqueles com
autoridade sobre você eram muito moles?
—Eu não sei.
Mesmo se ela tivesse sido punida por alguma coisa, não teria sido assim,
nua. Ele não podia fingir que isso não era sexual para ele, como seria para ela
uma vez que ela entendesse o que tinha sido tirado dela apenas para mantê-la
pura e escondida.
—Não havia nenhum lugar onde poderiam tê-la escondido de mim que
eu não teria finalmente descoberto. O destino não funciona dessa maneira.
Ela estremeceu respirando profundamente, e quando isso derramou
fora dela, Hades deixou cair o chicote contra sua carne. Ela engasgou,
chocada, mas não chorou nem pediu para parar.
Talvez ela só estivesse tentando satisfazer o homem que, sem dúvida,
ainda acreditava ser louco.
Sua pele pálida reagiu imediatamente à picada do chicote, se
transformando em uma linda linha rosa no lugar onde ele a golpeou. Ele
queria correr a língua sobre seu rubor e aliviar a dor, mas ele não tinha
terminado ainda.
Hades fez uma fileira de vergões muito rosa em suas costas. Ela
se encolheu cada vez que o chicote cortou o ar. Cada vez que ele
pousou, ele foi recompensado com um novo som dela. Um
suspiro, então um choro, em seguida, um miado. Ele se
perguntou se poderia ensiná-la e treiná-la para que isso se
transformasse em gemidos.
Havia sete marcas em sua pele perfeita. E agora ele sabia.
Não só ela precisava comer como um ser humano, ela se curava
como um ser humano. Ele ainda estava razoavelmente certo
de que seu dedo teria crescido de volta, eventualmente, sem
seus poderes, mas ele estava feliz que ele não teria de
descobrir.
—Mestre, p-por favor. — disse ela.
Normalmente ele não permitiria suplicas para detê-lo. Ele
não podia permitir essa manipulação. Mas ela não estava o
manipulando. Foi um apelo sincero de alguém que tinha corajosamente
aceitado sua punição.
Ele colocou o chicote no chão e sentou-se ao lado dela na pedra fria.
Havia coisas muito piores que ele poderia ter feito, mas ele queria acostumá-la
em seu mundo lentamente. Tanto quanto ele queria usá-la para se vingar de
seu pai, havia um pedaço dele que sabia que quando sua ira fosse saciada, ela
ainda estaria aqui. E ele precisava que ela fosse um ser inteiro e não olhando
para ele com desprezo e ódio.
Ele poderia ter medo de deixá-la entrar, mas ele ainda tinha que protegê-
la em algum grau. Ela tinha sido feita para ele desde o início. Como ele
poderia quebrar seu brinquedo em um acesso de raiva infantil? Ele não podia.
Ele tinha que ter cuidado com ela.
Perséfone tinha pensado que uma vez que Hades começou ele poderia
nunca parar. Ele nem sempre pareceu completamente são ou presente. Ela
tentou ser corajosa, esperando apaziguá-lo, mas a incerteza do quão
longe ele poderia levar as coisas... Ela não pretendia jogar por sua
misericórdia ou os pequenos pedaços disso que ela tinha visto
até agora. Implorar tinha funcionado para impedi-lo de cortar
seu dedo. E agora isso tinha funcionado para fazê-lo parar de
chicoteá-la.
Mas por quanto tempo funcionaria?
Ela estava com medo de exagerar na dose, com medo que
ele pudesse ultrapassar todo o conflito que sentia por magoá-
la. Estava começando a afundar nela que teria que encontrar
uma maneira de viver com este homem neste lugar
subterrâneo terrível onde o céu era apenas mais uma mentira e
nem mesmo uma reconfortante.
Ela não podia se fazer acreditar que as coisas seriam
melhores na parte da manhã. Não haveria uma manhã, nenhum
amanhecer para suavizar as bordas dos medos que se
arrastavam à noite. De alguma forma, ela tinha certeza de que a escuridão era
o pior de tudo.
Quando Hades sentou ao lado dela no chão e puxou-a em seus braços,
ela não resistiu a ele. Foi o primeiro momento de verdadeira ternura que tinha
mostrado a ela. Ela não podia nem argumentar sobre isso. Ela não queria
resistir ou lutar. Este lugar apenas em virtude de sua escuridão esmagadora
absoluta era muito desgastante por si só. Ela tinha que ter um aliado aqui.
Mesmo que fosse seu captor.
Escapar era impossível. Já que esse era o caso, tudo o que ela poderia
fazer era descobrir como fazer sua existência aqui mais tolerável. Ele parecia
satisfeito que os outros a vissem e tratassem como a rainha. Isso significava
que havia apenas uma existência aqui que ela tinha a temer, então parecia
inteligente para ela tê-lo ao lado dela o mais rápido possível, antes que ele
mudasse de ideia sobre como os outros seres deveriam tratá-la.
Ela pulou em seus braços quando sua língua se moveu sobre os vergões
que tinha deixado nela. Ela não podia vê-los, mas podia senti-los. Cada um
deles tinha sido uma picada afiada no início e depois um rastro de calor
quente que parecia ser o único calor no submundo.
Sua língua foi seguida por lábios, pressionando beijos suaves, então
dedos acariciando ao longo de suas costas.
Ele já tinha deixado algumas de suas intenções com ela
claras. Quando ele a tomasse, ele seria gentil assim? Seria em
sua cama? Será que ele lhe daria a ilusão de romance? De
alguma forma, ela duvidava disso, devido à maneira como ele
falou sobre ferir Zeus. E ele ainda estava convencido de que ela
era essa deusa da primavera que ele estava procurando.
A única esperança que Perséfone tinha agora de sair
desse lugar era que Hades percebesse que ela era apenas uma
simples mortal e a libertasse, se ele não se sentisse de alguma
forma enganado.
Quanto mais tempo ele a segurou mais parecia como se
dentro do círculo de seus braços era onde ela estava destinada a
estar. Ela queria lutar contra esse pensamento, mas a luta era tão
desgastante. Mesmo a ideia disso a fez querer dormir por mil anos. Ela queria
fazer isso fácil para si mesma.
E a maneira como Hades a estava tocando agora tornou tão fácil querer
se perder dentro dele, fingir que ele era um homem que pudesse amar e
cuidar dela e que este lugar não era tão ruim.
—Mestre?
—Hmmm?
Será que suas necessidades humanas mesquinhas começaram a irritá-lo?
—Eu estou com fome.
Não parecia como se fosse impossível, mas tinha sido horas desde que
ela tinha comido. Ela não podia ter certeza sem sol para marcar o tempo e
guiá-la, mas ela se sentia como se tivesse dormido por muito tempo com
Cerberus. Ela deve ter, pois Hades tinha estado afastado lidando com
qualquer negócio que ele tinha antes de vir até ela e trazê-la de volta para o
castelo.
E quanto tempo eles estavam aqui nesta sala? Parecia uma eternidade.
—Desça para a sala de jantar quando estiver pronta. Eu vou ter algo
bom para você. —Ele se levantou do chão e deixou-a sozinha.
Quando ele saiu, foi como se uma névoa de tristeza fria varresse
sobre e em torno dela. Sentia-se tão cansada e triste de repente.
Perséfone não estava deixando uma grande e
emocionante vida. Mas tinha sido calorosa, segura e
reconfortante. Ela amava tudo sobre isso. Ela vivia em um
pequeno apartamento sobre um restaurante chinês a algumas
quadras da loja de flores.
Ficava em uma esquina com um parque do outro lado da
rua. Devido a esta localização, o apartamento possuía uma
surpreendente quantidade de luz solar mesmo que localizado
em uma cidade tão grande, com tantos prédios em todos os
lugares lutando para barrar a luz.
O aluguel era baixo, segundo eles, em função de todos os
cheiros de cozinha que ela teria que lidar. Mas ela adorou. Ela
encheu o lugar com plantas que pareciam gostar do cheiro da comida tanto
quanto ela.
O casal que possuía o restaurante fazia um especial de lo mein2 e
rolinhos de ovos às quartas-feiras, e a velha chinesa sempre fazia a mais nesse
dia. Ela sempre trazia sobras ao andar de cima para Perséfone, juntamente
com um punhado de biscoitos da sorte.
—Abra da maneira certa, que você pode encontrar um marido. — ela
brincava a cada semana.
Ambas sabiam que um biscoito da sorte não poderia fazer isso, e
Perséfone não tinha tido a coragem de dizer a velha mulher que ela não
achava que havia um marido em seu futuro. Não parecia que qualquer outra
pessoa no mundo se encaixaria a ela.
Mesmo em uma cidade tão grande, ela nunca teve aquele sentimento
arrebatador que achava que deveria ter. Ela tinha admirado seu quinhão de
modelos e atores masculinos e trabalhadores da construção civil quando eles
passavam pela porta da loja de flores, mas nunca tinha sido mais do que uma
admiração estética passageira.
Ela nunca sentiu o desejo selvagem de tentar flertar ou para conhecer
algum deles - ou fazer algo mais carnal.
Ela não falava com seu pai há alguns anos, desde que sua mãe
morreu. Eles tiveram uma briga. Eles haviam dito algumas
coisas, e ambos haviam sido muito teimosos para pedir
desculpas e endireitar as coisas. Ela tinha fugido para Nova
York e deixou-o com a fazenda. Ela sabia que seu pai precisava
dela, pelo menos para conversar. E agora mais do que nunca
desejou ter feito as coisas direito, enquanto tinha tido a chance.
A única coisa boa era que ele não saberia que ela estava
desaparecida. Saber isso provavelmente iria matá-lo,
especialmente por sua mãe já ter ido.
Na cidade ela tinha feito alguns amigos, na maioria
regulares que frequentavam o restaurante chinês abaixo de seu
Hades tinha tudo, mas descartou o plano original. Por que ele
deveria fazer Perséfone sofrer pelos pecados de seu pai? Ele
poderia muito bem fazer Zeus sofrer, mantendo-a aqui, apenas
corrompendo sua inocência. E havia tantas vias deliciosas de
corrupção para alguém que tinha sido mantida pura e intocada
como sua Perséfone.
Ela pensou que sua inocência tinha ido embora?
Dificilmente. Ela ainda era tão doce e não contaminada pela
escuridão, mas ele iria corrigir isso. Ela se tornaria sua criatura
perfeita do escuro. Ele podia sentir o gosto dela. Cheirá-la.
Sim, corrompê-la era muito melhor. Ele podia atormentá-la, e
com certeza amaria cada segundo disso.
As coisas já estavam despertando dentro dela. Tudo que
Zeus tinha gasto milhares de anos tentando parar, a inocência
que ele tinha meticulosamente trabalhado para preservar... Tudo
tinha sumido em questão de horas. Tudo o que precisou foi um deus escuro
para tocá-la, e todas as tentações sujas e desejos vieram borbulhando para a
superfície.
Uma voz de mulher quebrou o silêncio da sala.
—Meu Senhor, e quanto a este lençol?
Hades olhou para cima. Ele tinha estado tão perdido em seus planos que
ele tinha esquecido o que eles estavam fazendo. Perséfone estava nua como
uma estátua sobre um pedestal no centro da sala de estar no andar de baixo. A
luz da lua brilhava através das janelas gigantes iluminando sua perfeita pele
pálida.
Ela era tão incrivelmente bonita. Como poderia ele merecer tal criatura?
O destino deve ter visto a injustiça da maneira como os poderes foram
divididos. Ela acalmou cada descontentamento. Tudo o que ele queria era
estar dentro dela para sempre.
— Não. Eu quero algo mais puro. — Ele queria exibi-la.
A mulher acenou com a cabeça.
— Sim, eu tenho algo, eu acho.
Ele solicitou uma costureira para tirar as medidas de Perséfone e
criar algo para ela vestir na festa. Ela já estava ficando confortável
dentro de sua própria pele nua. Ela estaria bem aqui, já que ela
estava se adaptando tão bem.
A costureira estendeu um tecido de prata pura brilhante
sobre os seios de Perséfone.
—Que tal esse?
Seus mamilos rosa escuro eram claramente visíveis
através do tecido. Nem uma polegada de corpo estaria
escondida.
—Perfeito. Você pode aprontá-lo a tempo?
— Sim. Isso não será um problema, Meu senhor.
A costureira rolou o tecido suave brilhante fora dela. Seus
dedos roçaram o peito de Perséfone. Hades não tinha certeza se
foi intencional ou não, mas Perséfone inclinou-se quase
inconscientemente para o toque, então viu Hades observando com interesse e
corou.
A mulher deixou-os em seguida.
Quando ficaram sozinhos, Hades disse:
—Você não deveria estar envergonhada. Você pode ter todas as delícias
carnais que você quiser aqui. Eu não vou reter nada de você e ninguém. Na
verdade, eu gosto de assistir você ser apreciada por outros.
O rosto dela ficou um tom ainda mais escuro de rosa, e ela olhou para
baixo, cruzando os braços sobre o peito, como se pudesse esconder tudo de
seu olhar.
—Gostaria de brincar com alguns dos meus convidados na festa?
—Eu não sei. — disse ela. Mas o rubor se mudou para os seios, e ele
podia ver sua respiração acelerar e o pulso saltar rapidamente em sua
garganta.
Ele aproximou-se e levou a mão entre suas coxas. Quente, úmida.
Pronta para qualquer coisa.
—Bem, é só me avisar. Eu ficaria feliz em satisfazer todos os desejos que
você desenvolver aqui. Basta lembrar, luz do sol, não há vergonha no
submundo. Apenas prazer.
Ele já estava completamente perdido. Ele não podia
mantê-la em uma gaiola ou cortar pedaços ou gastar todo o seu
tempo aterrorizando-a ou a matando de fome. Ele achou que
precisaria dessas coisas para aplacar sua ira e o sofrimento de
quase mil anos. Mas ele descobriu que tudo o que queria era
passar todos os momentos ensinando seu corpo a como agradá-
lo. E depois recompensá-la por seus esforços.
Hades assistiu com algum divertimento como o rosto de
Perséfone se contorceu de prazer, então confusão, e,
finalmente, um pouco de angústia.
—Q-que você está fazendo?— Ela perguntou, olhando ao
redor da sala, claramente abalada.
—Eu? Nada. —Era verdade. Ele não estava fazendo nada com ela, mas
ele tinha alguma ideia do que estava acontecendo. Ainda assim, foi tão
delicioso vê-la se soltar.
—S-sinto-me como... — Ela estava se tornando mais e mais confusa a
cada momento.
Ele sorriu.
—Sim?
Perséfone se afastou da plataforma onde estava de pé para um sofá
próximo. Sua respiração estava pesada enquanto tentava lidar com sua nova
realidade. Ela deitou-se contra o braço do móvel, suas pernas se abrindo. Uma
encantadora visão.
— Parece que... M-mãos estão me tocando. — Seus quadris arquearam-
se para atender a mão invisível que deve estar acariciando-a entre suas pernas.
Hades riu.
—Então eu acho que você quer brincar com meus convidados da festa.
Parecia dificil ela se concentrar na conversa. A cada poucos momentos
ela parecia se perder nas sensações e ceder a elas.
—Pare com isso. — ela ofegava. Então, lembrando com quem ela
estava falando, ela acrescentou: — Por favor.
—Eu te disse, eu não estou fazendo nada. Eu também
disse que o castelo sabe o que você quer. Se você quer que as
mãos fantasmas parem de tocá-la, então, pare de pensar essas
coisas imperdoavelmente depravadas.
Ela tinha o poder de parar sua situação atual. Tudo o que
tinha que fazer era pensar em algo doce e inocente, ou
simplesmente não pensar sobre foder todos os seus
convidados da festa como ela obviamente estava fazendo. Isso
estava tudo dentro de sua mente, manifestado e tornando real
para ela pela mente do castelo.
Ele certamente teria uma conversa com o castelo mais
tarde. Afinal, ele não queria que ela se tornasse muito viciada
em coisas que não eram reais. Ele queria que seu foco estivesse
nas sensações reais que ele e outros poderiam e iriam dar a ela.
Mas, por agora, só desta vez, ele iria aproveitar esse show e as peculiaridades
de sua casa.
Ela agarrou a parte de trás do sofá com uma mão enquanto sua cabeça
caiu para trás, e um gemido escapou de seus lábios. Seus mamilos estavam
eretos, e Hades podia ver a umidade entre suas pernas enquanto ela se movia
para a mão invisível.
—Quantas mãos você diria que estão em você agora?— Perguntou
Hades. Se ele não podia ler sua mente e ele não podia saber com grandes
detalhes o que ela estava sentindo, ele queria pontos de dados. Ele queria
saber o quão suja sua mente estava.
Ela fechou os olhos como se estivesse tentando se concentrar contra as
sensações.
—E- oito... N-não... Dez.
— São mãos masculinas ou femininas?
— Eu... Eu não sei. Ambas eu acho.
— Diga-me o que estão fazendo.
Ela corou mais. Falar sobre isso parecia ser mais difícil do que deitar no
sofá e apenas sentir.
—Diga-me, ou eu poderia ter de puni-la. — disse Hades. Ele
poderia ter que fazer isso de qualquer maneira. Quando ele
decidiu corrompê-la, ele tinha pensado que seria necessário
mais tempo, que ela poderia ser mais relutante. Mas no final,
ele tinha dado um pequeno empurrão, e sua puta interior já
estava florescendo. Ele adorou. Ele nunca deveria ter duvidado
da vidente. Perséfone tinha sido feita para ele.
—Elas estão em cima de mim, esfregando e... E
penetrando...
Foi tudo que ela conseguiu dizer. Hades decidiu ser
misericordioso e não exigir mais informações. Além disso, da
maneira como ela estava se movendo e se contorcendo, ele
poderia dizer que muito mais estava acontecendo por conta
própria. Tanto sua pequena bunda e boceta estavam sendo
dedilhadas enquanto outra mão parecia estar se movendo freneticamente
sobre seu clitóris.
—Tudo pode parar se você pensar em outra coisa. O castelo está apenas
dando-lhe o que você quer, afinal. Você poderia fazê-lo parar, ou você pode ir
em frente e deixar que isso aconteça. Eu acho que você quer deixar isso
acontecer. —Ele estava bem sobre ela, os braços cruzados sobre seu peito
enquanto ela gemia e choramingava e se contorcia contra o ar.
Ela estava muito longe agora.
Mais uma vez, ele sabia que estava certo quando um grito saiu de sua
garganta, e ela montou o orgasmo até desfalecer.
Depois que terminou, Perséfone se recompôs e sentou-se no sofá
olhando para o seu colo.
—Bem, você se divertiu? Tenho certeza que vai ser ainda melhor quando
você fizer isso com pessoas reais na festa.
Sua cabeça se levantou seus olhos se encontraram brevemente antes de
voltar para o colo.
—M- Mestre, eu não posso...
Ele riu.
—Vamos ver. Mas você quer, não é, luz do sol? Você quer ser
minha boa putinha na festa. E nada me agradaria mais do
aplacar esse seu insaciável apetite.
Ele ergueu seu queixo para que seus olhos se
encontrassem. Em seguida, ele surpreendeu-se, inclinando-se
para frente e pressionando um beijo suave nos lábios. Ela
respondeu, os lábios separando por baixo dele, um suspiro
suave à deriva. Ele se sentou ao lado dela e puxou-a em seus
braços. Ele não poderia estar mais longe de seu plano original
com ela, e ele não conseguia se importar. Tudo o que ele
queria agora era ensinar e dar-lhe tudo o que seu coração e
corpo desejavam.
Capítulo Cinco
Ele tinha ido há apenas alguns dias, mas para Perséfone parecia que
milhares de anos se passaram. Tempo não tinha nenhum significado. O
relógio que Hades tinha lhe dado era inútil. Nada mais importava. Que
diferença fazia se ela sabia que horas eram em Nova York? Aquela vida tinha
acabado.
Ela não sabia o que estava acontecendo na superfície, mas o frio, o
inverno mortal parecia ter deixado a terra e vindo para o submundo. Tudo
parecia mais frio e morto do que nunca. Não havia mais nada aqui, apenas
medo.
Hades sentou-se no grande trono no salão de baile. As velas
estavam acesas Tudo brilhava como se fosse uma festa. Mas não
havia festa - apenas guardas assustados, criados assustados,
seres assustados... E ela.
Perséfone estava nua, ajoelhada sobre uma almofada aos
pés de Hades. Ele tinha anexado uma pesada corrente na sua
coleira. A outra extremidade estava trancada no chão ao lado
de seu trono. Hades arrastava sua garra levemente ao longo da
parte de trás do seu pescoço. Ele conhecia e sabia que, se ele
apertasse só um pouquinho, ele iria tirar sangue. Ele gostava
de mantê-la ali na borda de sangue e dor, equilibrado entre a
ansiedade e a paz.
Suas costas ainda estavam enfaixadas de seu último
castigo, mas doía menos. Isso não o tinha impedido de inventar
outras formas de ferir e assustá-la nos dias intercalados. Ela
tinha aprendido em um curto período de tempo que estar suspensa por cordas
por horas poderia machucar tanto quanto um chicote, mas não exigia tempo
de cicatrização.
Ela soube que ele poderia entrar em sua cabeça e atormentar sua mente
de maneira que iam além de qualquer dor física que se poderia imaginar.
As portas de salão abriram, e Melos entrou. Seu olhar foi brevemente
para Perséfone, e ele se encolheu. A única coisa pior do que o que Hades tinha
se tornado era a piedade inútil de todos por ela.
—Como você ousa entrar aqui sem um convite?— Disse Hades. Sua voz
era calma e educada, mas a raiva mal disfarçada borbulhava logo abaixo da
superfície para que todos na sala pudessem senti-la no ar. Ele descontaria isso
nela mais tarde. Ele sempre descontava os erros de todo mundo nela.
—M-meu Senhor, Hades, peço desculpas. — Melos estava tremendo.
Este terrível ser encarregado das torturas nos reinos inferiores estava
tremendo. Toda vez que Perséfone testemunhava esse tipo de reação de um
dos seus generais ou até mesmo um dos criados ou guardas, seu coração
afundava um pouco mais porque ela estava começando a perceber que ele
estava sendo indulgente com ela. Ele havia destruído dois seres no espaço de
um dia por trazer-lhe notícias que ele não achou agradável. Se ele estava
sendo indulgente com ela, o que aconteceria quando a novidade
acabasse e ela fosse apenas mais uma coisa para machucar? Tão
frio e cruel como ele estava, o jeito que ele era com Perséfone
era o seu lado bom agora.
—O que você quer?— Disse Hades, suas garras clicando
com impaciência sobre o descanso de braço.
—Eu imploro seu perdão, meu Senhor, mas há uma
questão de certa urgência acontecendo bem próximo ao jardim
do castelo.
Hades levantou uma sobrancelha.
—Oh? Quem ousaria criar um problema no terreno da
minha casa? Que coisa, todos parecem ter um desejo de
aniquilação agora, não é?
—Por favor, você tem que vir.
Hades suspirou, levantou-se da cadeira e seguiu o general. Alguns
momentos depois que as portas do salão fecharam, elas abriram novamente,
mas desta vez era Nick. Ele carregava um frasco de aparência antiga, com
reverência e cuidado como se contivesse a chave para toda a vida. Quando viu
Perséfone, ele correu através do salão para o lado dela.
Ele se ajoelhou ao lado dela.
—Sua Graça, não temos muito tempo antes que ele volte. Você deve
beber isso.
Nick colocou o frasco em suas mãos. Estava quente como o sol. Havia
gravuras estranhas no exterior. Ela não sabia o que elas queriam dizer, mas
pareciam poderosas como se tivessem existido desde o início.
—O-o que é?
—Seus poderes. Zeus me entregou para dar a você. Você deve beber
agora. Esta pode ser sua única chance.
Perséfone abriu a tampa e cheirou o conteúdo do frasco. Não cheirava a
nada, mas o interior líquido brilhava em rosa pálido. Ela tinha certeza de que
o brilho não podia ser bom. E se fosse algum tipo de truque? Ou um teste? Ela
aprendeu que Nick era o espião mais confiável de Hades. E se fosse um teste
para ver se ela iria fazer algo para desafiá-lo?
Mas e se não fosse? Nick parecia com muito medo de ser parte
de um grande plano para destruí-la.
Apesar de seus medos, tudo o que podia pensar era que
isso poderia de alguma forma ajudá-la a suportar Hades. Ela
fechou os olhos e bebeu o conteúdo do frasco. Tinha gosto de
chuva de primavera e de girassóis, flores de maçã e luz do sol,
borboletas e lagartas se transformando. Tinha gosto de
esperança, segunda chance e começos. Tinha gosto de
segurança, calor e casa.
O brilho rosa atravessou-a, e ela se sentiu tão... Forte.
Indestrutível. Antiga. Duradoura. Era assim que Hades e Zeus
se sentiam o tempo todo? Era isso o que havia sido roubado e
escondido dela?
Em seguida, a verdadeira magia começou. De repente, ela sabia. Tudo.
Ela sabia como todas as coisas tinham sido desde a fundação do mundo. Ela
sabia quem ela era. O que ela era. Não havia mais qualquer dúvida. Ela sabia
que Zeus estava usando seus poderes roubados para despertar o mundo na
primavera.
Ela se sentia viva de maneira que ela nunca antes sentiu. Mesmo a
escuridão do submundo não poderia esmagá-la. A longa, tristeza inflexível a
deixou, e agora ela só se sentia forte.
Ela não precisava mais que Hades a tocasse para fazê-la sentir como se
não estivesse morrendo, porque agora ela se sentia mais viva do que nunca. E
ela entendeu.
Ela entendia as trevas, a morte, a dor e destruição, porque fora dessas
coisas os seus poderes trouxeram vida e esperança e renascimento. Fora do
mais escuro, mais morto inverno a primavera sempre voltaria. E ela sentiu
compaixão pelas coisas mortas e sem esperança. Mesmo por Hades. Ela
pensou que o amava antes, mas agora ela podia ver e entender e senti-lo de
maneira que ela não poderia ter compreendido antes.
Ela já não raciocinava, pensava e sentia como um ser humano, mas como
uma deusa. Ela não processava o que tinha feito como um humano faria.
Com seus sentimentos humanos ela não poderia ter sido capaz de
perdoá-lo por destruir as almas. Como uma deusa parecia...
Diferente, ainda errado, mas... Diferente. Ela sentiu seu
desespero e dor e a necessidade de mantê-la.
Ela não só sabia quem ela era. Ela sabia quem era todo
mundo, quem era Hades - a dor, a solidão e o desespero que
carregava até a encontrar. A amargura e ressentimento do reino
que tinha herdado. A injustiça de um ser que poderia tornar
sua vida suportável sendo mantida dele. E nesse momento, ela
o perdoou.
—Sua Alteza?— Nick tinha uma expressão preocupada
no rosto.
Ela tinha deixado tudo para lá por um momento.
Perséfone deu o frasco de volta para Nick.
—Como você se sente?— Ele perguntou preocupado que não tivesse
funcionado.
Ela sorriu.
—Como uma deusa. Como a rainha.
Quando ela olhou ao longo das paredes para os guardas e criados, ela
viu e sentiu a pequena mudança de seus medos... À esperança.
Havia sons no corredor. Nick se esforçou para levantar e correu para
fora por uma entrada lateral. Isso foi provavelmente sábio. Hades iria destruí-
lo se ele soubesse o que tinha feito.
Momentos depois, a porta se abriu, e Hades entrou no salão de baile,
com os olhos vermelhos incandescentes. Ele atravessou o piso até Perséfone, a
raiva crepitando e rolando fora dele, eletrificando o ar como uma carga
estática. Por um momento, ela pensou que ele tivesse pego Melos e Nick em
sua mentira. Mas se isso fosse verdade, ele teria enviado guardas atrás deles
ou procurado ao redor do salão por Nick. Não havia nenhuma indicação que
ele percebeu que seu espião tinha estado aqui na sua ausência.
Talvez ele soubesse que Perséfone tinha mudado. Podia senti-lo?
Ele tirou a corrente de sua coleira e puxou-a do chão, arrastando-a
sem uma palavra para fora do salão de baile, pelo corredor, subindo as
escadas, para a sala de jogos. Ele não parou até que a tinha
acorrentado da maneira como queria: em pé, pernas e braços
abertos, assim como Melos fez em sua festa de apresentação.
Hades se elevava sobre ela, com os braços cruzados sobre
o peito enorme.
—Eu não me importo se você está curada. Eu quero te
machucar.
—Mestre, eu fiz algo para desagradar você?
Ele bufou.
—Não, Perséfone. Você é tão doce e amável como
sempre. Seu comportamento é perfeito e não tem nada a ver
com as coisas que eu quero fazer com você.
Hades deu um passo atrás dela e arrancou suas ataduras. Ele soltou um
suspiro surpreso e correu as pontas dos dedos – arrastando levemente as
garras – por suas costas.
—Alguma coisa não está certa. A pomada não deveria ter funcionado
tão bem ou tão rapidamente.
Perséfone permaneceu em silêncio, a respiração já saindo em folêgos
assustados.
Ele foi até o armário e voltou com seu chicote favorito. O couro cortou o
ar apenas um momento antes de cortá-la, desenhando gritos frescos de dentro
dela. Se ela achava que ter seus poderes de volta faria isto doer menos, ela
tinha estado muito errada sobre isso. Ainda era o mesmo fogo ardente nas
costas.
—O que?— Ele disse confuso. —Isto não pode ser.
—O-o que não pode ser?
—Você se curando. Eu rasguei a sua pele, e está curada.
Instantaneamente. —Hades andou em torno dela novamente e parou na sua
frente. Ele agarrou sua garganta com força, ela temia que ele fosse quebrar seu
pescoço, não que ela pudesse morrer. Mas a dor ainda era dor, e longe de
silenciar tudo, receber seus poderes só tinha feito tudo mais alto, mais
brilhante, mais nítido. Agora, quando ele a machucava, ela não só se
sentia sua própria dor, ela sentia a dele também. Era o tipo de
dor que poderia engolir o mundo.
—O que. Você. Fez?— Ele rosnou.
Foi a primeira vez que ele tinha ficado oficialmente
descontente com ela desde a transformação. Por um momento,
o medo do quão terrível ele poderia tornar-se a inundou. Ele
largou sua garganta e deu alguns passos para trás.
—Então? Fale.
Ela não entregaria Nick. Mas Hades deveria saber. Quem
mais poderia ser? De repente, ocorreu-lhe que Nick sabia o
tempo todo que isso seria uma missão suicida, porque não havia
como esconder seus poderes de Hades ou qualquer outra pessoa
por muito tempo. O ser inferior pode ter sacrificado sua existência por ela.
—Eu tenho meus poderes de volta. — disse ela desnecessariamente.
—Eu sei disso. Como?—Perséfone não respondeu.
—Não importa. Eu deveria ser grato. Isso só faz você mais... Durável. Há
tantas coisas que eu queria fazer com você. Mas o seu tempo de cicatrização
irritantemente lento ficou no caminho. Eu tenho estado tão impaciente para te
machucar um pouco mais... Insatisfeito com os limites de sua fragilidade. —
Ele se aproximou e sussurrou: — Ainda assim, eu amo que eu posso transar
com você sabendo, que não importa o que eu faça para você, seu corpo sempre
vai me querer. Quem lhe deu seus poderes de volta deve realmente odiar
você.
Sua raiva foi substituída por um zumbido de excitação, como se todos os
seus desejos e sonhos estivessem incrivelmente se tornando realidade. Ele
voltou para o armário, jogando as coisas atrás dele em um frenesi até
encontrar a caixa que ele queria. Era de madeira escura, com entalhes e se
encaixou facilmente em suas mãos enormes.
Ele abriu a caixa para mostrar-lhe o conteúdo. Os olhos de Perséfone se
arregalaram.
—Diga-me, luz do sol... Você gosta de facas?
Ela não queria implorar e chorar, sabendo que só iria excitá-lo,
mas não pôde evitar as lágrimas que começaram a rolar por
suas bochechas, o medo que ela agora sabia que ele podia sentir
e praticamente gostar. Não havia necessidade em parecer
corajosa. Ele sabia o que ela sentia da mesma maneira que ela
sabia o que ele sentia.
—Mestre, por favor.
—Eu estava me perguntando quando você ia implorar
por mim. — Ele colocou a caixa no chão e pegou uma das
facas. Ele colocou o fio da lâmina suavemente contra o lado de
seu rosto. —Você sabe que eu posso fazer o mesmo dano com
as garras. Eu vou te dar uma escolha... De cavalheiro... Garras
ou facas?
Ela sacudiu as correntes.
—Mestre, por favor, me desacorrente.
Seus olhos brilharam com uma alegria maliciosa.
—E por que eu faria isso quando eu gosto de você tão assustada e
indefesa?
—V-você realmente não gosta de mim desse jeito.
Ele rondou ao redor dela, cheirando, inalando seu medo.
—Eu tenho certeza que eu faço.
—Mas você não... Antes de você mudar.
Ele rosnou.
—Isso foi antes. Isto é agora. —Ele parou de rondar e ficou parado como
se estivesse perdido em pensamentos. —Você sabe o que? Vou tirá-la das
correntes. Vou levá-la para o salão de baile e feri-la lá. Nós vamos deixar todo
mundo assistir a destruição impotente da rainha do submundo. Gostaria
disso, luz do sol?—Ela estremeceu quando ele acariciou o lado de seu rosto.
—Oh, isso mesmo. Você não precisa mais que eu te toque para lidar com
o submundo. Mas eu aposto que eu ainda posso fazer você molhada para
mim. Eu acho que eu deveria fazer isso lá embaixo com uma audiência. Eu sei
como você ama uma audiência.
Perséfone não respondeu. Se ela parecesse muito ansiosa, ele
saberia que algo estava acontecendo.
—M-me desculpe mestre.
—Muito tarde. Eu gosto do meu novo plano. —Ele
desacorrentou-a.
Perséfone se aproximou dele.
—Meu pobre, perdido Hades. — ela disse com tristeza.
Ele rosnou.
—Não se atreva a ter pena de mim. Eu vou fazer você se
arrepender disso! — ele rosnou.
—Não, você não vai. As regras do jogo mudaram.
Você tinha que amá-los, ou a centelha da vida não voltaria.
Perséfone estendeu a mão e tocou o lado de seu rosto. Ela derramou
cada gota de compaixão, amor e poder que ela tinha nele. Ela estava certa de
que, mesmo se ela ainda pensasse e sentisse como um ser humano, ela o
amaria se fosse o preço necessário para trazê-lo de volta, porque isso não era
sobre o que ela precisava. Era como ela sempre trazia coisas de volta, e agora
ela sabia o porquê. Mesmo sem seus poderes no reino humano, alguma
pequena parte de magia deveria ter permanecido com ela, a menor essência de
quem ela era.
Hades agarrou seu pulso e puxou sua mão para longe de seu rosto.
—O que você pensa que está fazendo, luz do sol?
—Te trazendo de volta à vida.
Era tarde demais para ele impedi-la. Isso já estava feito. Uma luz enorme
encheu a sala, tornando-a tão quente e brilhante, que mesmo ela não tinha
certeza se poderia suportar isso. Depois de vários minutos, tanto o calor como
a luz desbotou. Hades estava nu e tremendo no centro da sala, sua bela forma
humana de volta.
Ele chorava copiosamente.
Perséfone foi até ele e ajoelhou-se ao lado dele, puxando-o em seus
braços, acariciando seus cabelos.
—Tudo vai ficar bem agora, mestre.
Ele se encolheu quando ela o chamou assim, como se
fosse algum tipo de punição estranha que ela tinha planejado
para atormentá-lo.
—Você confiou em mim e...
—Não era você. — disse ela.
—Como o inferno não era eu. Fui eu. Foi apenas um eu
que não teria que se importar o quanto te machucasse ou
quantas almas eu destruí. Eu poderia ter o que quisesse, sem
quaisquer consequências. As coisas que eu disse a você... As
coisas que eu fiz para você... — soluços quebrados pontuavam
todas as poucas palavras quando ele tentou falar por eles. —Eu
sei que você não pode me perdoar.
Perséfone ainda o segurava, com medo, que se ela deixasse, ele poderia
desintegrar-se. Ele parecia tão estranhamente quebrável. Era tão estranho ser o
mais forte. Ela não gostava nada disso.
—Shhhh não fale loucuras. Eu já perdoei. Estou feliz que você voltou
para mim.
Embora ela pudesse suportar a energia escura do submundo agora sem
dor, ela ainda perdeu a luz do sol em sua pele e as coisas que cresciam.
Embora ela fosse uma deusa, ela perdeu a humanidade simples onde ela
viveu. Que a vida era uma mentira... Assim como todas as outras mentiras que
ela viveu há milhares de anos, quando seu pai havia mexido com suas
memórias para mantê-la oculta. Mas isso não importa mais.
Não era só que ela sentia falta do mundo humano. A questão era maior
agora. E agora era provavelmente a única chance que ela tinha de fazer Hades
ouvir a razão.
—Mestre, você tem que me deixar ir para a superfície. — disse ela
suavemente. Ele ficou tenso em seu abraço. Mesmo sentindo tanto remorso,
ele ainda não poderia deixá-la ir sem uma luta. —Eu tenho meus poderes de
volta. Isso vem com responsabilidades. A terra vai morrer se eu nunca for lá
novamente.
Ele ficou em silêncio por alguns minutos, em seguida, deixou
escapar um longo suspiro derrotado.
—Vou marcar uma reunião com Zeus.
Ela se inclinou e sussurrou em seu ouvido.
—Eu sempre vou te pertencer. Eu não quero que o que
tínhamos antes de você ir embora mude. Eu gosto de quem eu
me tornei com você. Eu simplesmente não posso ficar no
submundo o tempo todo.
—Eu sei. Eu acho que sempre soube.
Capítulo Onze
FIM
Então PoisonCats,
gostaram da leitura?
Como devem ter percebido, MerlinTrêsCabeças
se descontrolou um pouco, e espalhou sementes de
romã pelo livro.
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completa dos meus livros, visite: kittythomas.com
Os leitores que gostam do meu trabalho muitas vezes perguntam o que
podem fazer para ajudar. Enquanto eu não acredito que os meus leitores
devam-me qualquer coisa, para aqueles que querem saber o que podem fazer,
a melhor coisa que você pode sempre fazer por mim e meu trabalho é contar a
seus amigos sobre isso e deixar um comentário no site onde você comprou.
Apenas uma ou duas linhas sobre o que você achou. Não tem que ser algo
extravagante. Mas essas duas coisas: comentários e palavra de boca me
ajudam e ao meu trabalho a maioria absoluta para que eu possa continuar
escrevendo livros para você.
Muito obrigado por ler e apoiar o meu trabalho! Kitty ^.^
Agradecimentos