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Abancada Do Tecnico em Eletronica

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A Bancada

do Técnico
de Eletrônica

Newton C. Braga
São Paulo - 2023

Instituto NCB
www.newtoncbraga.com.br
leitor@newtoncbraga.com.br

Diretor responsável: Newton C. Braga


Coordenação: Renato Paiotti
Revisão: Marcelo Braga
Impressão: Agbook
A Bancada do Técnico de Eletrônica
Autor: Newton C. Braga
São Paulo - Brasil - 2023
Palavras-chave: Osciloscópio , Multímetro, Bancada
Técnica, Eletrônica, Elétrica

Copyright by
INSTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por


qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmi-
cos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, atualmente exis-
tentes ou que venham a ser inventados. Vedada a memorização e/ou a recu -
peração total ou parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa
juscibernético atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido ou im -
plantado no futuro. Essas proibições aplicam-se também às características
gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é puní -
vel como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de
17/12/80) com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreen-
são e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de
14/12/73, Lei dos Direitos Autorais).
Prefacio

Com grande entusiasmo, escrevo o prefácio do li-


vro "A Bancada do Técnico de Eletrônica". Este livro
oferece informações e orientações práticas para profis-
sionais, estudantes e entusiastas da eletrônica, forne-
cendo uma visão geral de como montar uma bancada
de trabalho eficiente e econômica, desde ferramentas e
equipamentos até componentes eletrônicos e técnicas
de teste.
Durante a minha carreira, iniciada em 1986, tes-
temunhei o surgimento de muitas oportunidades na in-
dústria eletrônica em constante evolução, que mudou o
mundo de maneira significativa. A tecnologia de monta-
gem em superfície, por exemplo, permitiu a miniaturi-
zação e convergência de dispositivos, modificando a for-
ma de montagem de placas e teste das mesmas. Hoje
em dia, um smartphone pode substituir ao menos seis
equipamentos de um passado recente.
A criação de um projeto eletrônico é emocionan-
te, mas é fundamental saber se estamos no caminho
certo e o que falhou durante o processo. Testar é a cha-
ve para o sucesso, e atualmente é possível montar uma
bancada de testes acessível. É importante pensar não
apenas no projeto em si e nos componentes a serem
usados, mas também em como montar e testar.
Este livro é baseado na linha de grande sucesso
no exterior, Multicomp Pro, uma linha própria da
Newark formada por excelentes equipamentos de en-
trada. O Triângulo Desenvolvimento, Teste e Produção
é crucial para o sucesso de um produto, e o objetivo
deste livro é disseminar informações e fornecer um
ponto de partida para uma bancada funcional e econo-
micamente viável para desenvolvedores, pesquisadores,
professores, alunos e na área tão relegada e importante
como a manutenção.
O desenvolvimento de hardware é vital para o
crescimento de nosso país. Vimos ao longo das últimas
décadas a perda de espaço deste setor, mas acredito
que isso irá mudar. Os movimentos maker, a dissemina-
ção da Internet das coisas e da eletrônica embarcada
trouxeram uma esperança renovada de que nosso país
encontre o caminho do crescimento de sua indústria
eletroeletrônica e mecatrônica com um desenvolvimen-
to robusto de hardware nacional não só para consumo
local, mas também para exportação.
Participar da confecção deste livro junto com
companheiros de jornada que sempre acreditaram e
nunca desistiram do hardware nacional, como o Prof.
Newton Braga e o Renato Paiotti, é um sinal de que te-
mos esperança para a reconstrução de uma indústria
eletrônica brasileira forte.

Caroline Jabur
Fundadora & CEO LATeRe
Apresentação
Qualquer trabalho que envolva tecnologia exige
recursos especiais que o profissional, ou mesmo o ama-
dor, precisa escolher com atenção. Dessa escolha de-
pende o seu sucesso e também a sua segurança. Para
os que trabalham com eletrônica existem um ponto cha-
ve a ser considerado: a bancada. Assim, pensando nisso
a LATeRe através de Caroline Jabur nos convidou para
escrever este livro tratando desse tema importante,
mas também crítico. Como elaborar uma boa bancada,
como escolher o local, e principalmente que ferramen-
tas e instrumentos colocar nessa bancada. Já escreve-
mos muitos artigos sobre o assunto, mas desta vez tive-
mos um desafio maior. Colocar tudo num trabalho único
e escolher para equipar a bancada tomada como exem-
plo, ferramentas e instrumentos de um fornecedor de
confiança.
Assim, como base no que a LATeRe pode forne-
cer, principalmente os instrumentos da Multicomp Pro,
elaboramos este livro em que não damos uma bancada
única como a solução ideal para todos os que desejam
trabalhar com eletrônica, mas sim uma solução básica
que pode ser adaptada para cada tipo de trabalho. O
modelo básico sugerido pela Newark pode então ser
analisado e adaptado com facilidade para se obter o lo-
cal ideal para seu trabalho com eletrônica. Analisamos
os diversos pontos sugeridos e em muitos casos os
adaptamos às nossas necessidades, principalmente le-
vando os recursos disponíveis como local, verbas, segu-
rança e muito mais. Muitos artigos adicionais que se
encontram em nosso site são sugeridos para quem de-
seja avançar no tema, saber mais, saber como usar os
instrumentos sugeridos e também como se tornar um
praticante da eletrônica de sucesso.

Newton C. Braga
Índice
Prefacio..........................................................................7
Apresentação..................................................................9
O Local de Trabalho.....................................................14
Para que serve a bancada.................................................16
A bancada de trabalho do eletrônico................................16
O Choque Elétrico........................................................22
Socorro para Acidentados por Choques Elétricos............25
Proteção da Bancada – Dispositivos DR.......................27
Detectando fugas..............................................................27
Especificações..................................................................31
ESD – Descargas Eletrostáticas...................................32
Aterramento.....................................................................35
Como solucionar problemas de ESD................................39
Normas.............................................................................40
Embalagens Antiestáticas............................................41
O material.........................................................................42
Conclusão.........................................................................45
A Bancada....................................................................47
Aspecto básico..................................................................48
Organização..........................................................................49
Improvisação.........................................................................50
Ferramentas.......................................................................... 51

Solda, Soldador e Acessórios de Soldagem..................63


A solda..............................................................................64
O ferro de soldar..............................................................64
Estação de retrabalho MP74031......................................67
Os Instrumentos da Bancada.......................................71
Os instrumentos...............................................................71
O multímetro....................................................................72
Que multímetro comprar ?...............................................73
Analógico ou digital - qual é o melhor multímetro?...............73
Digital x analógico.................................................................74
As categorias dos multímetros.........................................79
Os padrões............................................................................. 81
Diferenças entre o IEC-1010-1 e o IEC 348...........................81
As tensões máximas...............................................................86
Um multímetro digital para sua bancada.........................87
O multímetro digital MP730008............................................87
Alicate amperímetro..............................................................90
A função NCV dos multímetros........................................95
O que é a função NCV......................................................96
Osciloscópios..............................................................102
A Importância do Osciloscópio.......................................103
O que faz um Osciloscópio.............................................106
Escolhendo um osciloscópio...........................................107
Os osciloscópios Multicomp Pro MP720009 US/MP720020
US/MP720011 US...........................................................112
Facilidade de uso.................................................................112
Na escola............................................................................. 113
O aspecto profissional e didático....................................114
Osciloscópio PC..............................................................119
Outros instrumentos.......................................................119
Fonte de alimentação.....................................................120
Geradores de sinais ou funções...........................................122
Outros.................................................................................. 123

Sobre a Newark..........................................................124
Sobre a LATeRe..........................................................127
Mais Literatura..........................................................128
A Bancada do Técnico de Eletrônica

O Local de Trabalho
Quando falamos em tecnologia eletrônica exis-
te um elemento que deve estar sempre presente no
local de trabalho e que ao longo do tempo evoluiu
para atender às necessidades da tecnologia.
Falamos da bancada de trabalho que de enor-
mes mesas contendo uma infinidade de ferramentas
e rodeada de máquinas mecânicas como furadeiras,
tornos, fresas e muito mais dos tempos dos laborató-
rios de garagem aos pequenos espaços ou mesas
desmontáveis que cabem no canto de um quarto ou
de um apartamento.
A bancada de trabalho evoluiu de acordo com
o tipo de trabalho que se faz e hoje em dia a ele-
trônica é pequena e, na maioria dos casos exigem
pouco espaço.
É claro que podemos ir além com as bancadas
didáticas que devem ir além, como as usadas em es-
colas que devem ter recursos para que voltem no
tempo e até forneçam coisas que não podemos ter
no nosso apartamento. Bancadas que fazem parte de
oficinas makers para os que desejam ir além mon-

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Newton C. Braga

tando coisas que não é possível em pequenos espa-


ços e que podem ser pensadas para equipar espaços
compartilhados.
As bancadas das oficinas makers, escolas e
fablabs também fazem parte do mundo do montador,
projetista, professor ou estudante que precisa de um
espaço para colocar em prática a tecnologia de nos-
sos tempos, e também do passado se quiser traba-
lhar com restauração de equipamentos antigos.
Este livro se destina a esse público. Daremos
as dicas de como ter uma bancada para trabalhos de
eletrônica, incluindo o básico para se poder montar,
criar ou reparar coisas.
Mas, também iremos além dando dicas de ban-
cadas para aplicações mais amplas, como a do proje-
tista profissional que precisa mais do que os recur-
sos básicos, o professor que precisa ter mais para
ensinar em sua escola ou oficina maker e para as
fablabs que reúnem mais do que simples montadores
de produtos pré-fabricados, mas vão além com a im-
plementação de ideias que incluem trabalhos com in-
cluem mais do que a simples eletrônica.
Nosso trabalho vem da experiência de mais de
50 anos que temos feito montagens, desenvolvendo
projetos, ensinando eletrônica, testando equipamen-
tos, escrevendo artigos e livros e muito mais.

15
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Para que serve a bancada


Quer seja você estudante, amador, profissional
de manutenção, instalação ou desenvolvimento, pro-
fessor ou pesquisador, uma bancada desenvolvida
para suportar as mais recentes tecnologias é funda-
mental para o êxito de seu trabalho.
Mesmo quando trabalhamos com antigas tec-
nologias, no caso de restauradores e reparadores
como quando trabalhamos com as tecnologias atu-
ais, existem requisitos que devem ser atendidos para
que nosso trabalho seja rápido, seguro e eficiente.
Isso exige uma bancada planejada de modo in-
teligente, utilizando os recursos de que dispomos. É
exatamente isso que vamos descrever neste nosso
trabalho em que utilizaremos os Instrumentos da
Multicomp Pro fornecidos pela LATeRe.
Se você já trabalha com eletrônica, é estudan-
te, professor ou maker ou em outros grupos que po-
dem estar associados neste livro daremos dicas im-
portantes para que você tenha a melhor bancada de
trabalho com que se pode contar atualmente.

A bancada de trabalho do
eletrônico
O local de trabalho de eletrônica (termo que
passaremos a usar), evoluiu tanto quanto a própria
eletrônica, No passado, quem desejasse trabalhar
com projetos precisava de um espaço muito grande,

16
Newton C. Braga

pois os equipamentos incluíam diversas áreas como


a marcenaria, mecânica, trabalhos com química e é
óbvio, a eletricidade.
Precisávamos de furadeiras de bancada, do-
bradoras de metais, martelos, tornos de mesa, ferra-
mentas de marcenaria e até mesmo recursos quími-
cos.
Eram os laboratórios de garagem e em alguns
casos se tornavam extremamente grandes à medida
que mais e mais se pretendia fazer, se tomarmos
como exemplo os laboratórios de Thomas Edison.
Maiores do que muitas fábricas com muitos empre-
gados.
Mas a eletrônica evoluiu muito, e além de não
precisar incluir outras atividades necessariamente
como a mecânica, química, biologia no local de tra-
balho também se tornou menor.
Os locais de trabalho dos makers foram dimi-
nuindo e hoje, a sua mesa de trabalho ou a bancada
pode ser muito menor, com dimensões que podem
ser facilmente adaptadas às necessidades de cada
um, indo desde uma pequena sala em uma residên-
cia até um pequeno canto ou mesa no apartamento.
Como escolher a bancada e o que o colocar
nela é algo que precisa de um bom estudo, pois as
relações entre o tamanho e o espaço ocupado depen-
dem do que se pretende fazer. Desta forma, nossas
dicas precisam ser analisadas por cada um para que
permitam adaptar aquilo que pretendem em termos

17
A Bancada do Técnico de Eletrônica

de bancada àquilo que pretendem fazer de modo a


obter o máximo.
Assim, as sugestões são flexíveis, indicando
variações que se adaptam a cada um. No entanto,
serve de orientação tanto como ponto de partida se
você ainda é estudante e pretende ser um profissio-
nal, ou se já é um profissional e precisa ampliar seu
trabalho, ou ainda se é um aposentado e pretende
trabalhar em sua casa numa nova atividade, tanto
com finalidade recreativa como para ampliar seus
rendimentos.
Nada mais desagradável do que ter de soldar
um fio numa placa e descobrir que nossa bancada
não inclui um recurso para segurar essa placa em
posição certa para que possamos segurar o solador
numa e a solda noutra.
Relação custo-benefício de acordo com que vo-
cê faz será nosso principal foco, equipamento sua
bancada com que o que há de melhor e mais avança-
do no momento em que esse trabalho foi escrito.

- A escolha do local de trabalho


Nos nossos dias encontrar um local apropriado
para montar uma bancada não é muito fácil. Felizes
os que ainda moram em propriedades espaçosas do
interior onde facilmente podem encontrar um local
espaçoso e ventilado num galpão ou num cômodo
maior da casa. Até mesmo os dormitórios são maio-

18
Newton C. Braga

res com espaço suficiente para uma bancada de boas


dimensões.
Algumas observações básicas são importantes
no momento de você fizer a escolha do local de sua
bancada. Essa escolha também determina o tipo e
tamanho de sua bancada. Os principais pontos a se-
rem observados na escolha:
- Um local em que eu me sinta confortável e
não seja atrapalhado pelo trânsito de pessoas
(ou animais)
- O local deve ser bem ventilado, com recursos
para eliminar os vapores de solda que eventu-
almente eu usar.
- O local deve preferivelmente ter iluminação
natural e ter a complementação da iluminação
local. Use fontes de luz bem posicionadas
como pequenas luminárias se precisar de mai-
or visibilidade.
- A limpeza do local da bancada e da própria
bancada deve ser facilitada.
- Evite posicionar a bancada em passagens
onde as eventuais quinas possam causar feri-
mentos nas pessoas que passarem.
- Procure um lugar silencioso para sua instala-
ção, para que isso não interfira no seu traba-
lho e em eventuais gravações ou lives que vo-
cê fizer mostrando seus projetos.

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A Bancada do Técnico de Eletrônica

- Procure prever um posicionamento que faci-


lite o eventual uso de recursos para você mos-
trar ou gravar seu trabalho para vídeos.
- Se você tiver problemas com crianças peque-
nas ou animais que possam subir na bancada
pense em uma proteção para fechá-la. Você
não vai querer ver seu gato fulminado quando
deixar um aparelho ligado e sair para um cafe-
zinho.
- Fundamental ter um local que tenha acesso a
energia elétrica
- Se pretende usar a bancada em trabalhos
profissionais, pense num local em que possa
haver espaço para sua ampliação, colocação
de bancadas adicionais com recursos tanto de
instrumentação como mecânico, ou mesmo
bancadas múltiplas para realizar trabalhos si-
multâneos.
- Tenha ferramentas e equipamentos apropria-
dos ao tipo de trabalho que está realizando

E, para os que moram em apartamentos é bom


dar uma olhadinha nos regulamentos sobre barulho
e eventuais outras formas de emissão que possa afe-
tar a vizinhança, caso você pretenda desenvolver
aquele amplificador de áudio de 800W ou reparar
um deles durante à noite e é claro, emitir fumaça
malcheirosa de solda ou de componentes queimados
chegando aos apartamentos vizinhos.

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Newton C. Braga

- Segurança e conforto para o usuário –


ventilação e iluminação – Lentes

O primeiro ponto a observar é em relação à se-


gurança. Você vai trabalhar com eletricidade, e ele-
tricidade mata. Não é porque você pretende traba-
lhar com microcontroladores e circuitos alimentados
por baixas tensões que você deve descuidar desse
item.
Todos que trabalham com eletricidade devem
saber como se comportar diante de algo com que
trabalho e pode ser perigoso. Assim, ter noção do
que é um choque elétrico, evitá-lo e saber como pro-
ceder quando alguém é seriamente afetado por um
não deve faltar ao maker.

21
A Bancada do Técnico de Eletrônica

O Choque Elétrico
A passagem de uma corrente elétrica através
de nosso corpo pode provocar diversos efeitos, al-
guns dos quais muito perigosos. Uma corrente muito
fraca mal consegue excitar os nossos nervos e nada
sentimos. Nesse caso, a corrente pode ser considera-
da inofensiva, por não manifestar outros efeitos.
Se a corrente tiver uma intensidade um pouco
maior, ela já consegue excitar os nervos provocando
diversos tipos de sensações que vão desde um sim-
ples “formigamento” até o limiar da dor.
No caso de uma corrente mais forte, além da
dor podem ocorrer efeitos adicionais perigosos como
queimaduras e até mesmo a paralisação de algumas
funções vitais. É muito difícil dizer com precisão
qual é a tensão que pode matar uma pessoa porque
os efeitos do choque dependem muito mais da cor-
rente e a corrente não depende apenas da tensão,
mas também da resistência apresentada pela pessoa
no momento do choque.

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Newton C. Braga

Essa resistência pode variar entre centenas de


milhares de ohms nos pontos em que a pele é mais
grossa e seca, até algumas centenas de ohms nos lo-
cais em que a pele seja fina ou esteja ferida e molha-
da. Importante na análise das condições em que uma
pessoa pode levar choques é o fato da corrente po-
der circular somente se houver um percurso para
isso, o que quer dizer que uma pessoa só pode levar
um choque se a corrente puder circular entre dois
pontos de seu corpo. A figura 1 mostra duas condi-
ções em que uma pessoa pode levar um choque.

Figura 1 – Para haver choque precisa haver percurso para


a corrente

Na primeira, a corrente pode circular entre o


ponto de contacto da pessoa com o circuito elétrico
e a terra, caso em que a presença de um bom isolan-
te, como um sapato de sola de borracha pode ser efi-

23
A Bancada do Técnico de Eletrônica

ciente na proteção, e na segunda, caso em que a


pessoa toca simultaneamente dois pontos do circuito
de modo que a corrente pode circular entre eles.
Neste segundo caso, o fato de a pessoa estar com
um sapato com sola de borracha ou outro isolante
não a impede de levar o choque.
De um modo geral, pode-se dizer que uma cor-
rente entre 100 mA e 200 mA é suficiente para cau-
sar a morte e que uma corrente de apenas 25 mA já
é suficiente para causar a paralisia de funções im-
portantes.
Os aparelhos eletrônicos podem manifestar
com facilidade, em diversos de seus pontos, tensões
que são mais de que suficientes para causar choques
perigosos, daí a necessidade de cuidados especiais
no seu manuseio, principalmente quando ligados
(lembramos que mesmo desligados, muitos apare-
lhos podem ser responsáveis por choques violentos,
devido às cargas armazenadas nos capacitores, prin-
cipalmente os de valores elevados e que se carregam
com altas tensões).
Uma regra geral adotada pelos profissionais e
pessoas em geral que têm contato com a eletricidade
consiste em se manusear um fio ou objeto que possa
estar energizado sempre usando uma mão só. A ou-
tra deve ser mantida no bolso, conforme mostra a fi-
gura 2.

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Newton C. Braga

Figura 2 – Regra de segurança – manter a mão no bolso

Socorro para Acidentados por


Choques Elétricos
- Procure em primeiro lugar separar a vítima da
fonte de corrente, es ela ainda estiver rece-
bendo a descarga. Não toque na vítima, pois a
corrente pode passar para seu corpo e você
também receberá o choque. Se a pessoa esti-
ver com roupas secas, puxe-a por elas. Caso
contrário, use um objeto seco não condutor de
eletricidade, para separar a pessoa da fonte
de choque. Se possível, desligue a chave geral

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A Bancada do Técnico de Eletrônica

ou qualquer chave próxima que possa inter-


romper a corrente causadora do choque.

- Se a pessoa não estiver respirando após o cho-


que, aplique os métodos de respiração artifici-
al. É importante observar se a língua da víti-
ma está enrolada, dificultando ou impedindo a
respiração. A língua deve ser puxada para se
evitar a asfixia. Ao mesmo tempo que aplicar
qualquer técnica de socorro, verificando se
tratar de caso grave, deve-se procurar auxílio
médico imediato.

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Newton C. Braga

Proteção da Bancada
– Dispositivos DR
Uma bancada deve ser segura e para isso exis-
tem diversos recursos que podem ser utilizados. É
claro que a segurança começa no ponto em que a
energia elétrica entra em sua casa. Assim, a prote-
ção também deve estar na entrada. Um recurso im-
portante que deve ser previsto e que complementa a
proteção de fusíveis e disjuntores está nos dispositi-
vos diferenciais de proteção.

Detectando fugas
Os dispositivos diferenciais de proteção se ba-
seiam exatamente no fato de que em todos os pontos
de um circuito elétrico a intensidade da corrente
deve ser a mesma. Isso só não ocorrerá se algum
elemento estranho ao circuito desviar parte da cor-
rente de modo que tanto no fio fase como no de re-
torno (neutro) as correntes se alterem e fiquem dife-
rentes.

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A Bancada do Técnico de Eletrônica

Na figura 3 mostramos o que ocorre no caso


de alguém tocar num dos fios de uma instalação
elétrica, tomando choque pela corrente que, atraves-
sando seu corpo vai para a terra.

Figura 3 – A corrente nos dois fios do circuito se altera


em caso de fugas ou choque

Assim, uma maneira simples de se detectar


choque, fugas ou outros problemas de um circuito
consiste em se comparar as correntes nos dois fios
da instalação. Se as correntes tiverem a mesma in-
tensidade, então podemos dizer que o circuito está
em ordem, e que apenas a carga está recebendo a
alimentação.

28
Newton C. Braga

No entanto, se as correntes tiverem intensida-


des diferentes, então podemos dizer que está haven-
do uma fuga, um curto à terra ou então alguém está
sendo afetada por um choque, sendo a causa de um
desvio de corrente.
É exatamente isso que faz o Dispositivo DR ou
DDR. (Diferencial Residual) Ele compara as duas
correntes e quando elas se tornam desiguais, ele
desliga o circuito. Para os Dispositivos DR comuns a
sensibilidade costuma estar em torno de 30 mA. Na
figura 4 mostramos como isso pode ser feito com a
utilização de um transformador de corrente e um
comparador de tensão.

Figura 4 – O transformador de corrente

Neste circuito se as intensidades das corren-


tes forem iguais, a saída será zero. Se as intensida-
des forem diferentes teremos uma tensão de saída.

29
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Essa tensão de saída pode então ser usada


para acionar um relé ou disjuntor que desarma o cir-
cuito até que a causa da fuga seja removida, ou en-
tão exigindo o rearme de forma manual.
Veja que o dispositivo opera com o campo
magnético da corrente que passa através do fio, que
induz uma tensão nas espiras da bobina do toroide.
Assim, as perdas no circuito praticamente não exis-
tem. A corrente no circuito não é afetada. Na figura
5 temos o aspecto de um dispositivo deste tipo que
incorpora o sistema sensor e o circuito de desarme.

Figura 5 – dispositivos DR

A instalação do dispositivo é muito simples.


Basta intercalá-lo na entrada do circuito elétrico a
ser protegido. Na sua bancada é fundamental para
sua segurança ter um desses dispositivos na entra-

30
Newton C. Braga

da, monitorando todos os dispositivos com que você


trabalha.

Especificações
As correntes residuais podem variar entre 10
mA e 300 mA tipicamente e para a proteção contra
curtos-circuitos temos uma proteção adicional que é
o disjuntor, especificados em ampères. Valores na
faixa de 16 a 125 A são comuns nas instalações co-
merciais e residenciais.
Para uma bancada de trabalho, a escolha da
corrente será de acordo com o tipo de trabalho que
você realizará. Para trabalhos com eletrônica de bai-
xa potência, que não supere os 500W tipicamente os
tipos menores, com 16 A são apropriados. Se você
pretende trabalhar com eletrônica de potência, en-
volvendo motores, elementos de aquecimento, inver-
sores será conveniente ter uma proteção maior.

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A Bancada do Técnico de Eletrônica

ESD – Descargas
Eletrostáticas
Quando falamos de um local de trabalho ou de
uma bancada, um tema que não pode ser esquecido
de forma alguma, principalmente em nossos dias é o
referente à sensibilidade dos componentes às des-
cargas eletrostáticas ou ESD.
Assim, antes de passarmos à bancada em si é
muito importante que seu planejamento, sua locali-
zação esteja diretamente associada a este problema
que discutimos neste capítulo.
Componentes sensíveis, circuitos integrados e
até mesmo placas podem ser danificadas até mesmo
no processo de se retirá-los de uma embalagem. A
ESD ou Descarga Eletrostática vai ser o assunto des-
te artigo. Na natureza a tendência é que os corpos
permaneçam neutros, ou seja, com igual número de
cargas positivas e negativas, conforme mostra a fi-
gura 6.

32
Newton C. Braga

Figura 6 – A carga total é nula

Na prática, entretanto não é isso o que ocorre.


Diversos fenômenos podem quebrar esse equilíbrio e
cargas de determinada polaridade podem prevale-
cer, causando então diversos tipos de problemas
quando a neutralidade é novamente atingida. Isso
ocorre, porque essa neutralidade é atingida com
uma descarga ou forte movimentação dessas cargas,
conforme mostra a figura 7.
O desequilíbrio dessas cargas pode atingir va-
lores tão elevados que os corpos em que isso ocorre
estarão submetidos à tensões de centenas ou milha-
res de volts. Uma pessoa caminhando num carpete
pode acumular cargas em seu corpo num potencial
que pode facilmente superar os 10 000 V.
Nos cursos do nível médio aprendemos que
podemos quebrar o equilíbrio elétrico de um corpo
por atrito, contacto ou indução. Para o profissional
da eletrônica é preciso saber como restabelecer o
equilíbrio para evitar que ele cause estragos nos

33
A Bancada do Técnico de Eletrônica

componentes e circuitos eletrônicos. A figura 8 mos-


tra o que ocorre nos três casos.

Figura 7 – O raio é uma descarga elétrica

Figura 8 - Processos de eletrização

34
Newton C. Braga

Mas, quais são os meios que os profissionais


que precisam trabalhar em lugares secos com com-
ponentes sensíveis devem usar para evitar que car-
gas estáticas se acumulem em locais impróprios cau-
sando problemas?

Aterramento
Qualquer corpo carregado ligado à terra des-
carrega-se, conforme sugere a figura 9.

Figura 9 – Ligando à terra um corpo carregado descar-


rega-se

Um profissional que manuseia peças de plásti-


co e esteja isolado da terra (piso isolante ou carpete)
pode acumular centenas ou milhares de volts duran-
te seu trabalho.

35
A Bancada do Técnico de Eletrônica

A solução mais adotada em casos como este e


a de se aterrar o operador. Para essa finalidade te-
mos diversos procedimentos que podem ser adota-
dos. Um deles consiste em se usar pulseiras ou cane-
leiras de aterramento, conforme podemos ver na fi-
gura 10.

Figura 10 – Métodos de aterramento

Todas as bancadas de trabalho, prateleiras e


outros locais que potencialmente possam represen-
tar a possibilidade de um acúmulo de eletricidade
estática devem ser aterrados.
Na figura 11 temos uma figura que ilustra es-
ses locais.

36
Newton C. Braga

Figura 11 – A bancada protegida.


A1 - Rodas aterradas , A2 - Travessas aterradas, A3 - Base ater-
rada , B1 - Teste de cargas estáticas, B2 - Teste de carga corpo-
ral , B3 - Placa para descarga corporal, C1 - Pulseira e fio de
aterramento , C2 - Fio de aterramento, C3 - Terra para ESD, C4
- Terra , C5 e C6 - Conexão e aterramento, C7 – Luvas
C8 - Salto e sola com dispositivos de descarga, D1 – Ionizador,
E1 - Superfícies de trabalho , F1 - Cadeira com aterramento, G1 -
Piso aterrado, H1 - Roupas anti-estáticas, H2 - Gorro anti-estáti-
co , I1 - Prateleiras aterradas, I2 - Rack aterrado

É preciso levar em conta que alguns procedi-


mentos que são aceitos como suficientes para se eli-
minar as cargas podem não ser. Por exemplo, se
aterrarmos um profissional, as cargas acumuladas
na sua roupa podem não ser eliminadas. De fato,
certos materiais usados nas roupas são tão pobres
condutores de eletricidade, que mesmo aterrando a

37
A Bancada do Técnico de Eletrônica

pessoa, a roupa ainda mantém a carga, conforme


mostra a figura 12.

Figura 12 – Objetos isolantes podem manter a carga mes-


mo aterrados.

Veja que o aterramento é eficiente quando


existe percurso para que toda a carga acumulada
num corpo se escoe para a terra.
Também é muito importante identificar a área
protegida (EPA – ESD Protect Area) de modo que as
pessoas que nela trabalham estejam conscientes de
que é preciso tomar algumas precauções especiais
quando componentes e circuitos são manuseados.
Observe que as superfícies de trabalho devem ser
capazes de dissipar as cargas estáticas e ainda se-
rem aterradas. Todos os operadores devem ter re-
cursos para que seus corpos e roupas não armaze-
nem cargas elétricas.
Os componentes e circuitos devem ser armaze-
nados em locais que não acumulem eletricidade es-
tática e mesmo suas embalagens devem ser capazes
de dissipá-las. Essas embalagens serão abordadas no
nosso próximo capítulo.

38
Newton C. Braga

Como solucionar
problemas de ESD
Componentes eletrônicos, placas caras e equi-
pamentos que fazem uso de componentes sensíveis a
ESD estão apresentando problemas constantes nos
dias secos devido à cargas acumuladas? É hora de
tentar identificar o problema para encontrar a me-
lhor solução.
Para identificar o problema de uma forma
mais precisa existem instrumentos capazes de locali-
zar cargas estáticas. Na figura 13 temos um localiza-
dor especialmente projetado para esta finalidade.

Figura 13 – O ESD Tester FMX-004 de 0 a 30 kV

39
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Este tipo de localizador não só dá uma ideia da


intensidade das cargas como também da sua polari-
dade, permitindo assim que se tomem as medidas
necessárias á sua eliminação.
Uma vez identificado o problema deve-se par-
tir para a sua eliminação. Para isso deve-se pensar
tanto nos aterramentos como na possibilidade de se
usar equipamentos de ionização. Se o corpo que ma-
nifesta as cargas for totalmente condutor, o aterra-
mento resolve. No entanto, se for parcialmente con-
dutor com áreas isolantes então deve-se pensar na
solução dada pelo ionizador.
É claro que existem os casos em que as duas
soluções devem ser consideradas.

Normas
No Brasil, as normas que regem os procedi-
mentos para se evitar ou corrigir problemas de ESD
são:

NBR14163 (97) – Terminologia Utilizada no


Controle Eletrostático
NBR14164 – Simbologia ESD
Proj. 1131 003 – Requisitos Básicos Para Pro-
teção de Componentes Sensíveis à ESD
Existem normas do IEC da série IEC130 que
devem ser analisadas quando se trata de proteção
contra ESD.

40
Newton C. Braga

Embalagens
Antiestáticas
Muitos componentes eletrônicos e circuitos
são extremamente sensíveis, sendo danificados com
extrema facilidade pela presença de cargas estáti-
cas. Isso exige um cuidado especial tanto no manu-
seio como no transporte como no armazenamento.
Item especial na proteção desses componentes são
as embalagens antiestáticas.
O simples atrito de seus sapatos com um car-
pete pode gerar cargas elétricas que levam seu cor-
po a potenciais que podem chegar aos 10 000 V.
Uma descarga dessa tensão num componente ele-
trônico ou numa placa pode causar danos irreversí-
veis.
A própria carga presente em objetos com os
quais os componentes entrarem em contato pode ser
responsável por descargas capazes de causar danos
irreversíveis. As finas capas de óxido dos componen-
tes de tecnologia CMOS não resistem a mais do que

41
A Bancada do Técnico de Eletrônica

alguns poucos volts podendo ser rompidas levando-


os a falhas.
Existem diversas formas de se proteger com-
ponentes no manuseio, transporte e armazenamento
e uma delas é através de embalagens antiestáticas.
Feitas com materiais especiais, estas embalagem
evitam o armazenamento de cargas elétricas, servin-
do assim para proteger os componentes e placas.
Praticamente todos os componentes e placas
utilizam essas embalagens em nossos dias, sendo um
item fundamental no laboratório de eletrônica, na
loja ou simplesmente quando se for transportar al-
gum dispositivo eletrônicos sensível.
Hoje podemos com embalagens desse tipo a
custos acessíveis, o que permite que elas estejam
disponíveis a todos, em todos os formatos e tama-
nhos possíveis. Antes de tratarmos da sua disponibi-
lidade, vejamos como elas funcionam.

O material
O material mais comum utilizado na fabrica-
ção das embalagens antiestáticas é o polietileno te-
reftalato ou politereftalato de etileno (PET). Trata-se
de um polímero sintético um plástico que além de
poder ser moldado pelo calor também tem proprie-
dades elétricas importantes.
Para as embalagens temos os tipos de cor pra-
teada que a de filme metálico e a rosa ou preta que

42
Newton C. Braga

consiste no polietileno. Essa forma de polietileno


também pode ser trabalhada de modo a adquirir a
forma de espuma, bolhas ou plástico.
Para os componentes e placas eletrônicas a
forma mais usada é a de sacos de filmes PET metali-
zados, conforme mostra a figura 14.

Figura 14 – Os sacos de filmes metalizados.

Esses sacos têm uma propriedade elétrica im-


portante que é a de não acumular cargas, por isso
são denominados antiestáticos ou dissipativos.
As embalagens ou sacos antiestáticos dissipa-
tivos, como o nome sugere, são feitos de polietileno
padrão com um revestimento ou camada dissipativa
estática no plástico. Isso evita o acúmulo de uma
carga estática na superfície do material, pois ela
descarrega-se com facilidade.

43
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Para tornar o material condutor temos a adi-


ção uma amina de sebo na superfície dos sacos que
atrai a umidade tornando-a levemente condutora
com isso conduzir eventuais cargas que estão se
acumulando para outra superfície, ou para a própria
atmosfera. Veja que esse material é antiestático, no
sentido de que dificulta a formação de cargas estáti-
cas, mas não é imune às descargas eletrostáticas.
No entanto, se um objeto carregado tocar o
material (como a mão de uma pessoa), sua carga se-
rá facilmente transferida para o material e seu con-
teúdo. Essas embalagens normalmente são de cor
rosa ou vermelha por causa da camada química dis-
sipativa.
Também existem sacos pretos, onde o polieti-
leno é fabricado contendo traços de carbono, for-
mando uma blindagem parcial, mas não completa.
Os sacos condutivos antiestáticos são fabrica-
dos com uma camada de metal condutor, geralmente
alumínio, e uma camada dielétrica de plástico cober-
ta por um revestimento dissipador de estática. Isso
forma uma blindagem e uma barreira não condutora,
protegendo o conteúdo da carga estática como uma
gaiola de Faraday.
Essas embalagens são preferidas para os com-
ponentes mais sensíveis, mas também são usadas em
ambientes onde centelhamento seria perigoso, como
áreas ricas em oxigênio em aeronaves e hospitais.

44
Newton C. Braga

As embalagens metalizadas são mais frágeis


do que os não metálicos, no entanto, uma vez que
qualquer perfuração compromete a integridade do
escudo. Além disso, eles têm uma vida útil limitada,
pois o substrato metálico pode se deteriorar com o
tempo.
Essas bolsas geralmente são cinza ou pratea-
das devido à camada de metal, embora ainda sejam
transparentes até certo ponto.

Conclusão
Proteger seus componentes e placas não custa
muito. Um investimento muito pequeno numa emba-
lagem apropriada pode evitar a perda de um compo-
nente muito mais valioso e, nossos dias, difícil de re-
por em prazo curto.
Pense em ter um estoque dessas embalagens
nos tamanhos de acordo com os componentes e pro-
dutos com que você trabalha. Mais informações su-
gerimos contatar a LATeRe.

https://laterebr.com.br/

45
A Bancada do Técnico de Eletrônica

46
Newton C. Braga

A Bancada
Depois de considerações sobre o trabalho com
eletrônica de cada um, a escolha do local e outros fa-
tores importantes que determinarão como você deve
escolher sua bancada, chegamos finalmente a ela.
Escolhemos um modelo sugerido pela Newark
que está no link abaixo, servindo de base justamente
para equipá-la com seus instrumentos, ferramentas
e outros acessórios, facilitando assim a sua aquisi-
ção de acordo com as necessidades de cada um.

https://www.newark.com/mpro-lab-supplies

Para cada item com a localização dada existem


muitas opções e, conforme citaremos em cada caso a
escolha depende do trabalho específico que o seu
possuidor pretender realizar e, é claro, da sua dispo-
nibilidade de recursos para aquisição do item. Foca-
lizaremos sempre que possível os itens básicos.

47
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Figura 15 – A bancada-modelo

Aspecto básico
Na figura temos a bancada básica que prevê
um modelo de médias dimensões que contém os
principais recursos para um trabalho profissional os
recursos vão desde o local de trabalho em si, a ca-
deira, iluminação, tapete antiestático, armazena-
mento de componentes, recursos de montagem e fer-
ramentas, instrumentos e muito mais que passamos
a armazenar individualmente. Observe também a
disponibilização opcional de um carrinho para a co-

48
Newton C. Braga

locação de instrumentos mais volumosos que eventu-


almente não precisariam ficar na bancada principal.
No site da Newark no link abaixo pode-se cli-
car em cada setor da bancada dado pelos pontos ver-
melhos, acessando-se os produtos relacionados dis-
poníveis. Falaremos desses produtos nas próximas
páginas.

Organização
O profissional da eletrônica trabalha com uma
grande quantidade de componentes muito pequenos
que podem se perder com facilidade, misturar-se e
até danificar-se por encostar em pontos energizados
de um circuito ou no soldador. Por esse motivo é
muito importante que se tenha um modo simples de
se guardar de forma organizada os componentes, co-
meçando pelos menores.
Na bancada que tomamos como modelo mos-
tramos gaveteiros simples que podem ser usados
com componentes comuns ou SMD tais como resisto-
res, capacitores, indutores, transistores e circuitos
integrados. A vantagem principal deste tipo de gave-
teiro é que ele permite a utilização de etiquetas para
se identificar com facilidade o tipo de componente
que está sendo armazenado.
No entanto existe uma infinidade de formatos
que também se adaptam de modo a armazenar com-

49
A Bancada do Técnico de Eletrônica

ponentes de hardware como parafusos, porcas, ter-


minais, plugues, etc.
Além dos gaveteiros comuns, também temos
bandejas com divisórias que podem ser guardadas
em gavetas ou armários e as caixas que podem ser
usadas para acomodar componentes maiores, como
protótipos, placas de circuito impresso montadas e
até componentes volumosos como transformadores,
solenoides, etc.
Existem muitos tipos de caixas plásticas com
ou sem tampa, com os mais diversos tamanhos que
podem ser encontradas em supermercados e lojas de
ferramentas que são ideais para o armazenamento
de componentes e mesmo peças maiores.
A bancada pode não ser suficiente para aco-
modar seus componentes e mesmo aparelhos (pro-
tótipos, equipamentos em reparo ou teste, instru-
mentos adicionais, etc). Neste caso pode-se pensar
em armários abertos ou fechados para acomodar
mais coisas.
É claro que esses recursos adicionais depen-
dem do espaço de que você dispõe, dos seus recur-
sos e das suas necessidades.

Improvisação
Nem todos possuem recursos para comprar
gaveteiros. Existem muitas embalagens de produtos
comuns que podem ser usadas para acomodar com-

50
Newton C. Braga

ponentes, quer seja de modo permanente como du-


rante um trabalho.
Por exemplo, conheço profissionais e amado-
res que usam as embalagens de ovos para acomodar
parafusos, porcas, componentes pequenos durante o
trabalho de forma simples, organizada e segura.
Caixas de bombons, balas e outras com boa
aparência e muitas divisões podem ser aproveitadas
para guardar seus componentes eletrônicos. É claro
que, numa bancada que deva ter uma boa aparência,
numa escola ou oficina, as soluções profissionais são
as melhores.

Ferramentas
Trabalhar com ferramentas apropriadas para
cada tipo de operação é fundamental para se ter um
desempenho profissional à altura e também serve
para impor respeito em quem observar seu trabalho.
Nada mais desagradável ou até compromete-
dor e perigoso do que usar a ferramenta errada para
uma operação.
Vemos muito disso com “profissionais” usando
chaves de fenda como talhadeiras, cabos de alicates
para bater, e coisas semelhantes.
Tenha sempre as ferramentas apropriadas
para seu trabalho e é claro, local para colocá-las em
sua bancada. Exemplos podem ser vistos no item 3
da nossa bancada usada como exemplo.

51
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Existem ferramentas para praticamente qual-


quer tipo de operação mecânica que se deseje fazer
num trabalho de eletrônica. Ter todas é impossível,
se bem que seja o desejo de todos nós.
Assim, a escolha das ferramentas e de sua
quantidade depende de suas necessidade. Você pode
ter o básico com poucas delas na sua bancada expe-
rimental de apartamento, como pode ter uma quanti-
dade maior na sua oficina de desenvolvimento e mui-
to mais numa bancada de escola técnico ou de uma
empresa de maior porte ou que se dedique a traba-
lhos de reparação sofisticados.
Damos a seguir uma relação delas que pode
servir de base para você que deseja o fundamental,
para começar seus trabalhos de eletrônica. Com o
tempo você vai adquirindo mais, conforme suas pos-
sibilidades. As ferramentas podem ser separadas em
grupos, conforme a finalidade o que facilita sua es-
colha conforme o que você necessita.
Assim, temos as ferramentas de extração ou
colocação de parafusos, ferramentas de ajustes, li-
mas. Alicates, etc. Mas, vamos a elas.

Chaves de fendas
As chaves de fendas também são ferramentas
indispensáveis na bancada da reparação. O técnico
deve ter um jogo com pelo menos 4 chaves de tama-
nhos diferentes, de acordo com os parafusos que de-
vem ser colocados ou removidos (figura 16).

52
Newton C. Braga

Figura 16 – Chaves de fendas comuns

Chave Philips
O técnico deve possuir pelo menos duas cha-
ves Philips de boa qualidade para remoção deste
tipo de parafuso que aparece com frequência em di-
versos tipos de placas de montagem e aparelhos con-
forme mostra a figura 17.

Figura 17 – Chaves Philips

53
A Bancada do Técnico de Eletrônica

O uso de outro tipo de chave para tentar remo-


ver este tipo de parafuso pode causar deformações
no encaixe (espanar) e com isso, grandes problemas
para o maker.

Mini Chaves
Os equipamentos eletrônicos estão cada vez
menores e as próprias partes que podem ser monta-
das ou desmontadas. Essas partes usam parafusos
dos três tipos indicados, mas de dimensões muito pe-
quenas. Assim, um jogo dessas chaves miniatura do
tipo “de relojoaria” como também chamamos é de
extrema utilidade. Na figura temos um exemplo de
conjunto dessas ferramentas.

Figura 18 – Conjunto de mini-chaves

54
Newton C. Braga

Alicate de corte
O alicate de corte lateral é outra ferramenta
indispensável na bancada do maker. Na figura 19 te-
mos um tipo de baixo custo e de grande utilidade
que serve para cortar terminais de componentes,
fios, peças, etc.

Figura 19 – Alicate de corte lateral

Com o tempo, o maker pode pensar em ter


mais de um tipo de alicate de corte em sua oficina.

Alicate de ponta
O alicate de ponta reta ou “bico de pato" tem
grande utilidade na retirada de componentes e tam-
bém para segurar peças pequenas em posição de
soldagem ou encaixe, evitando assim a queima dos
dedos e a propagação de calor (figura 20).
Uma variante deste tipo de alicate, que com o
tempo pode fazer parte da bancada, é o alicate de
ponta curva.

55
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Figura 20 – Alicate de ponta ou bico de pato

Lâmina de descascar fios


A lâmina de descascar fios, cortar ou estilete
pode ser obtida de diversas maneiras. Existem as pe-
quenas facas ou canivetes que podem realizar bem
esta função e que não podem deixar de estar presen-
tes na bancada do reparador (figura 21).

Figura 21 – O estilete

56
Newton C. Braga

Lima
Esta ferramenta é de grande utilidade, mas
não indispensável. Uma lima reta pequena será de
utilidade para limpar as pontas dos ferros de soldar
e também para tirar as capas de óxido (ferrugem) de
terminais de componentes.

Morsa ou mini-torno de mesa


Uma morsa pequena, ou torno de bancada,
conforme mostra a figura 22, será de utilidade para
a realização de pequenos trabalhos mecânicos.

Figura 22 – A morsa ou torno de mesa

O corte de placas, furação, corte de eixos de


potenciômetros, ficam facilitadas quando as peças
são fixadas nesta morsa. Existem até pequenas mor-

57
A Bancada do Técnico de Eletrônica

sas com ventosas que se fixam por pressão numa


mesa, segurando pequenas placas e componentes
para que possamos trabalhar neles.

Suporte de placas de circuito impresso


O reparo de defeitos em placas que levam à
necessidade de troca de peças fica muito facilitado
com esta ferramenta (fig. 23)

Figura 23 – Suporte de placas com tente de aumento

As placas de circuito impresso serão fixadas e


presas, possibilitando assim a troca de qualquer
componente, facilmente.

58
Newton C. Braga

Furadeira manual de placas


A furadeira manual de placas será importante
para o maker que realizar montagens, adaptando
circuitos ou mesmo construindo aparelhos para ven-
der. O tipo manual é de baixo custo e de grande uti-
lidade na bancada do maker e do reparador de apa-
relhos (figura 24).

Figura 24 – Um furador de placas tipo grampeador

Esta do tipo grampeador é a mais comum, mas


tem a limitação do tamanho único do furo. Para mai-

59
A Bancada do Técnico de Eletrônica

or flexibilidade pode-se contar com uma do tipo indi-


cado na figura 25.

Figura 25 – Uma furadeira manual

Furadeira elétrica
Uma furadeira elétrica de porte já é um luxo
para um técnico reparador principiante, no entanto
não se pode negar a sua utilidade. Na furação de cai-
xas, adaptação de aparelhos, ela ajudará a realizar
com facilidade qualquer tipo de furo. Os acessórios
como alargadores, polidores, etc., também são úteis.

Pinça
Uma pinça pequena será útil na retirada de
componentes e pedaços de componentes de dentro
dos aparelhos. Sua utilidade é grande, mas existem
alternativas. A figura 26 mostra um conjunto de pe-
ças muito úteis para trabalhos em Eletrônica.

60
Newton C. Braga

Figura 26 – Pinças comuns

Outras ferramentas
Existem muitas outras ferramentas de grande
utilidade na bancada, mas que não são obrigatórias
e que, portanto, com o tempo, o leitor poderá ad-
quiri-las. Na figura 27 mostramos algumas delas.

Figura 27 – Outras ferramentas úteis

61
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Temos então a tesoura comum, a chave especi-


al para descascar fios, o punção, a lente de aumento
para ver a marcação pequena de componentes, a es-
cova de aço para limpeza de peças, a escova macia
para a limpeza interna de aparelhos, etc.

62
Newton C. Braga

Solda, Soldador e
Acessórios de
Soldagem
Poderíamos incluir o soldador na categoria das
ferramentas, mas sua importância é tal que preferi-
mos falar dele separadamente. Não vamos entrar em
detalhes sobre as técnicas de soldagem ou de como
funciona um soldador, pois não fazem parte de nos-
sos objetivos com este livro.
Existem dezenas de tipos de ferros de soldar
disponíveis que podem fazer parte das bancadas de
trabalho dependendo do tipo de trabalho que se exe-
cuta. E, juntamente com os ferros de soldar, acessó-
rios que cada vez mais se tornam mais necessários
para se garantir um trabalho de soldagem ou dessol-
dagem perfeito.

63
A Bancada do Técnico de Eletrônica

A solda
Ainda encontramos em aplicações antigas, re-
paros e mesmo montagens de protótipos o uso da
solda comum 60/40 que é uma liga de chumbo e es-
tanho na proporção indicada. Essa solda é fornecida
em diversos tipos de embalagens conforme a quanti-
dade.

Figura 28 – Rolo de solda

A solda consiste numa liga à base de cobre e


tem um ponto de fusão mais alto, exigindo assim um
ferro de soldar que alcance maior temperatura.

O ferro de soldar
Normalmente, para os iniciantes ou para quem
deseja ter o primeiro soldador, podemos começar
com um tipo de baixa potência que adquira tempera-

64
Newton C. Braga

tura suficiente para trabalhar com a solda comum e


com a solda sem chumbo.
Ferros de solda de ponta fina e com potências
até 60W são os indicados para a bancada comum,
como o mostrado na figura 29 .

Figura 29 – Um soldador comum de baixa potência

Alguns tipos possuem jogos de pontas com di-


versas espessuras, necessárias quando se trabalha
com componentes SMD. O primeiro acessório impor-
tante diretamente ligado ao soldador é o suporte
para mantê-lo em posição na bancada, caso em que
alguns tipos possuem uma pequena esponja associa-

65
A Bancada do Técnico de Eletrônica

da, que deve ser mantida umedecida, para ser usada


na limpeza da ponta (figura 30).

Figura 30 – Suporte de soldador

Temos ainda o sugador de solda, de grande


utilidade e que em alguns casos pode estar associa-
do ao próprio ferro de solda. Na figura 31 temos um
sugador simples.

Figura 31 – Um sugador de solda

66
Newton C. Braga

Estação de retrabalho MP74031


Como falamos ao tratar de soldagem, um equi-
pamento que não deve faltar ao profissional da ele-
trônica é a estação de retrabalho Assim, uma esta-
ção que recomendamos é a MP74031 da Multicomp
Pro .

Figura 32 - Estação de solda ou retrabalho MP740131

Ela contém todos os recursos para o trabalho


de soldagem e dessoldagem de componentes ele-
trônicos, verificação de circuitos e até alimentação.
De fato, ala possui fonte de alimentação de 15 V x 3
A , uma fonte de ar quente de 1 kW e um ferro de
soldar de 65 W.
Outros destaques desta estação de trabalho
são:

67
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Estação de solda
• Modo de espera automático, desligamento
automático, temporização inteligente.
• Com função de alarme buzzer.
• Bloqueio de temperatura, calibração de tem-
peratura e função de alarme de temperatura.
• Função de proteção por senha e função de
interruptor de ligação de temperatura
• O microcontrolador controla a calibração da
temperatura.
• O visor LCD recém-projetado torna os con-
troles visuais.
• Botões para predefinir ou alternar tempera-
turas usadas com frequência (1,2,3)
• Faixa de temperatura: 200°C a 450°C
• Ponta de solda curvada cônica

Estação de ar quente
• O display LCD torna os controles visíveis.
• Função de comutação da unidade de tempe-
ratura.
• Bloqueio de temperatura, função de trabalho
de temporização.
• O microcomputador de chip único controla a
calibração de temperatura e compensação de traba-
lho constante.
• Fluxo de ar potente e ventoinha sem esco-
vas.

68
Newton C. Braga

• Fácil de substituir o aquecedor conectável.


• Faixa de temperatura: 100°C a 480°C
• Fluxo de ar: 90L/min (Máx), 20L/min (Mín)

Fonte de alimentação DC
• A interface USB, exibições de duas telas.
• Usando ajuste de string digital MCU, baixa
ondulação, baixo ruído e alta estabilidade.
• Adotando design de medidor duplo, mais
adequado para equipamentos de telecomunicações.
• Velocidade de resposta de carga dinâmica
rápida para otimizar o equipamento de comunica-
ção.
• Suporta recuperação automática de proteção
contra sobrecorrente (OCP) e OHP.
• A interface USB independente pode fornecer
saída de corrente de 2,1A, suporte DC e proteção
contra curto-circuito.
• Suporta tensão dupla e corrente dupla.

69
A Bancada do Técnico de Eletrônica

70
Newton C. Braga

Os Instrumentos da
Bancada
Aqueles que desejam tornar-se profissionais
ou mesmo os iniciantes e estudantes têm dúvidas so-
bre quais seriam os instrumentos mais úteis na ofici-
na e por quais devem começar. Evidentemente, a
compra de qualquer equipamento deve estar condi-
cionada a um fator muito importante: saber como
usar este equipamento. Se bem que existam livros
sobre muitos deles a até alguns venham com manu-
ais, as possibilidades às vezes são muito maiores do
que as exploradas nestes casos.

Os instrumentos
No trabalho com eletrônica muitos tipos de
medidas devem ser realizadas, e ao mesmo tempo,
deve-se contar com alguns equipamentos especiais.
Assim, ao se pensa numa bancada devemos pensar

71
A Bancada do Técnico de Eletrônica

em uma categoria especial de recursos que é a dada


pelos instrumentos.
Começaremos com um instrumento necessário
para qualquer bancada de eletrônica, o multímetro.

O multímetro
Houve tempo em que a presença de um multí-
metro numa maleta de serviço ou numa bancada ca-
racterizava apenas um tipo de profissional: o técnico
eletrônico. Os tempos mudaram, e hoje ter um multí-
metro não é privilégio dos técnicos eletrônicos. Mais
que isso, ter um multímetro é uma necessidade que
ultrapassa as paredes de uma oficina, atingindo pes-
soas comuns e profissionais de outras áreas como
eletricistas, instaladores de som, técnicos de compu-
tadores, instaladores de antenas e sistemas de co-
municações e muitos outros.
A eletrônica evoluiu, criando novos instrumen-
tos de prova e novas técnicas, mas os multímetros
continuaram como elementos indispensáveis ao tra-
balho com eletricidade e eletrônica. E os multíme-
tros também evoluíram e de instrumentos caros, so-
mente ao alcance dos profissionais da eletrônica eles
passaram a alcançar uma gama muito mais ampla de
usuários e a fornecer novos tipos de provas.
Hoje, o multímetro é ainda o instrumento prin-
cipal do técnico eletrônico, existindo para este pro-
fissional uma enorme gama de tipos com as mais di-
versas características. Mas, o multímetro também é

72
Newton C. Braga

hoje o instrumento de qualquer pessoa que goste de


mexer com eletricidade ou eletrônica e de muitos
profissionais de outras áreas.
O custo decrescente de muitos multímetros, a
possibilidade de fornecer medidas elétricas e testes
simples tornam-nos ideais para uma gama de aplica-
ções que vai muito além do profissional da eletrôni-
ca.
Ninguém deseja investir mais do que precisa
num instrumento que não vai usar, ou investir me-
nos, num instrumento que não faça justamente as
provas que precisa. Mais do que isso, dependendo
da sua atividade pode ser interessante ter mais do
que um multímetro a sua disposição na bancada de
trabalho.

Que multímetro comprar ?


Na escolha de um multímetro para bancada
existem diversos fatores a serem considerados, como
vimos. O primeiro que devemos analisar é o tipo ou
tecnologia.

Analógico ou digital - qual é o


melhor multímetro?
A crença geral que praticantes da eletrônica,
engenheiros, estudantes, hobistas e mesmo profissi-
onais antigos têm é que, uma vez que se possa com-

73
A Bancada do Técnico de Eletrônica

prar um multímetro digital, imediatamente o analó-


gico deva ser descartado, dado a algum parente ini-
ciante, ou mesmo abandonado em alguma caixa de
sucata da oficina. Nada mais errado!
Analisando o que o multímetro digital pode fa-
zer, vemos que, realmente, em uma grande quanti-
dade de medidas ele é muito melhor que o analógi-
co, com maior precisão e mesmo maior facilidade de
uso e leitura, fora a disponibilidade de medidas de
outras grandezas, além das tradicionais tensão, cor-
rente e resistência.
No entanto, existem aplicações em que o velho
multímetro analógico é insuperável, e para elas o di-
gital, ainda que mais sofisticado, não serve. Se o lei-
tor pensa em comprar um multímetro digital apenas
para "descartar" o analógico, as explicações seguin-
tes vão fazê-lo mudar de ideia, e se está relutante
em comprar como primeiro multímetro já um digital,
sem pensar sequer no analógicos, leia o que temos a
dizer.

Digital x analógico
No multímetro digital temos um painel de LCD
(cristal líquido) que apresenta na forma numérica o
valor da grandeza que está sendo medida. Este valor
é obtido a partir de um contador que faz amostra-
gens em seguida a um conversor analógico digital.
Taxas de uma amostragem por segundo são comuns.

74
Newton C. Braga

Isso significa que, se o valor da grandeza que


está sendo medida tiver variações lentas, o número
apresentado pelo multímetro ficará mudando. Nor-
malmente isso ocorre com o último dígito. Assim, se
uma tensão de 1,235 V for medida num multímetro
de 3 dígitos, os valores apresentados podem ficar os-
cilando entre 1,23 e 1,24. Se a própria grandeza me-
dida variar, ocorrerá o mesmo. A figura 33 mostra
isso.

Figura 33 – Oscilação do último dígito

No entanto, se as variações da grandeza forem


rápidas demais, por exemplo, num circuito que osci-
le em baixas frequências, não há tempo para que o
circuito de amostragem opere corretamente, e o
mostrador não conseguirá mostrar um valor correto
fixo.

75
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Isso significa que uma primeira limitação para


o multímetro digital está justamente quando preten-
demos constatar se uma grandeza varia, por exem-
plo uma tensão.
Verificando a descarga de um capacitor com
um multímetro digital, por exemplo, teremos dificul-
dades em fazer uma leitura, uma vez que os núme-
ros apresentados vão correr rapidamente e de uma
forma imprecisa, conforme ilustra a figura 34.

Figura 34 – Observando a descarga de um capacitor

No entanto, usando um multímetro analógico


esse problema não ocorre: veremos facilmente as va-
riações da grandeza medida na movimentação do
ponteiro que tem uma resposta melhor a este tipo de
medida. Veja figura 35.

76
Newton C. Braga

Figura 35 – Descarga observada


num multímetro analógico

Assim, quando desejamos verificar variações


de tensão, o uso do multímetro analógico é muito
mais interessante.
Uma outra situação pode ser dada como exem-
plo. Entretanto, usando um multímetro analógico ve-
remos facilmente isso pela amplitude do movimento
de queda do ponteiro indicador, veja a figura 36.
Sabendo deste problema, muitos fabricantes
de multímetros digitais incluíram em seus instru-
mentos uma escala analógica.
Esta escala, mostrada na figura 37, pode ser
muito útil neste tipo de medida em que variações de
grande valor devem ser observadas.

77
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Figura 36 – Observando a queda de tensão

Figura 37 – Multímetro digital com escala analógica.

78
Newton C. Braga

No entanto, mesmo no uso desta escala deve


ser verificada a prontidão do instrumento, ou seja, a
velocidade com que ele consegue responder às vari-
ações da medida feita. E, para quem deseja saber
mais sobre este instrumento, inclusive como usar
nas mais diversas aplicações, algumas até pouco co-
muns, sugerimos o livro:

Figura 38 – Livro sobre multímetros


https://www.amazon.com.br/Segredos-Uso-Multimetro-
Newton-Braga/dp/B09X4YS1BN/

As categorias dos multímetros


Os multímetros usados pelos profissionais de-
vem estar de acordo com padrões internacionais de se-
gurança que o leitor, se for profissional de manutenção,

79
A Bancada do Técnico de Eletrônica

ou trabalhar com tais instrumentos deve observar na


hora da compra. As linhas de transmissão de energia
elétrica estão sujeitas a diversos tipos de problemas
que podem afetar a segurança de quem analisa com
um multímetro um equipamento ligado a ela, ou mesmo
verifica as tensões num sistema de distribuição do-
méstico, comercial ou industrial.
Transientes de altas tensões podem atingir in-
tensidades elevadas, capazes de provocar arcos nos
circuitos dos multímetros, atingindo desta forma os
operadores com o risco de sérios acidentes. Foi jus-
tamente a presença de transientes com todas as in-
tensidades possíveis nas linhas de transmissão de
energia que levou à necessidade de se adotar medi-
das especiais de segurança nas especificações dos
multímetros que devem ser usados na medida de
tensões nessas linhas.
Veja que isso é válido tanto para o usuário que
mede diretamente tensões numa linha de transmis-
são de energia, como também para o profissional de
service que precisa medir a tensão em qualquer
equipamento alimentada por ela.
Assim, nada mais justo que os equipamentos
de teste devam ter recursos de proteção para as pes-
soas que trabalham no ambiente de alta tensão e de
alta corrente que representam os sistemas de distri-
buição de energia ou alimentados diretamente pela
rede de energia.

80
Newton C. Braga

Os padrões
De modo a proteger os usuários dos multíme-
tros, foram estabelecidos padrões para sua constru-
ção. Esses padrões levam em conta principalmente a
segurança do operador, fixando as tensões que eles
podem isolar, caso transientes ocorram numa linha
energizada analisada.
O primeiro padrão de segurança para tais ins-
trumentos foi desenvolvido pela IEC (International
Electrotechnical Comission) para instrumentos de
medida, controle,e laboratório e uso geral em 1988,
em substituição a um antigo padrão denominado
IEC-348, contendo uma visão mais abrangente. O
Padrão recebeu o nome de IEC10101 o qual passou
a servir de base para três novos padrões:
 ANSI/ISA-S82.01-94 – Estados Unidos
 CAN C22.2 No 1010.2-92 – Canadá
 EN61010-1:1993 – Europa

Para entender bem como funcionam estes pa-


drões vamos começar comparando o IEC-1010-1 com
o IEC 348.

Diferenças entre o IEC-1010-1 e


o IEC 348
O IEC 1010-1 especifica as categorias de so-
bretensões baseada na distância em que se encontra

81
A Bancada do Técnico de Eletrônica

a fonte de energia, conforme mostra a figura 1, e o


amortecimento natural da energia de um transiente
que ocorra no sistema. Tanto mais alta for a catego-
ria, mais perto da fonte de energia ela se encontra e
por isso maior deverá ser o grau de proteção que o
instrumento usado neste ponto do circuito deve ser
dotado.

Figura 39 – Os pontos de uso das diversas categorias de


multímetros

Isso permite estabelecer então quatro catego-


rias de instrumentos que podem ser usados até o
ponto máximo de um circuito em que sua categoria
atinge.

82
Newton C. Braga

 Categoria IV
Os multímetros desta categoria são denomina-
dos de nível primário de alimentação, sendo designa-
dos para os trabalhos no sistema de distribuição.
Suas especificações devem estar além das exigidas
pela norma IEC 1010-1. Esses multímetros são pro-
jetados para trabalhar em instalações externas, sub-
terrâneas, painéis de distribuição etc. São os multí-
metros que analisam diretamente as redes de ener-
gia sendo, portanto, os que trabalham nos pontos
mais perigosos em que os transientes podem ter
maior intensidade, possuindo um nível de proteção
maior.

 Categoria III
Denominados de nível de distribuição, estão
especificados para trabalhar com a tensão das toma-
das de energia ou circuitos domésticos ou comerci-
ais. Os multímetros da categoria III são diferentes
dos usados no serviço de sistemas primários de dis-
tribuição, operando no máximo até onde existe
transformador de isolamento. Os multímetros desta
categoria podem ser usados nos sistemas de ilumina-
ção, elevadores e de distribuição de grandes cons-
truções. Veja que, já se trata de um instrumento com
um menor grau de proteção, pois os pontos dos cir-
cuitos em que devem ser usados já não estão sujei-
tos aos níveis de transientes dos tipos da categoria
IV. Veja pela ilustração que é este tipo de multíme-

83
A Bancada do Técnico de Eletrônica

tro que o profissional da manutenção de elevadores


deve possuir.
Na figura 40, um multímetro digital CAT III da
Multicomp Pro, indicado para os profissionais de ele-
vadores.

Figura 40 – Multímetro Multicomp Pro CAT III

 Categoria II
São os multímetros indicados para aplicações
locais, como tomadas que alimentam eletrodomésti-
cos, equipamentos eletrônicos de baixo e médio con-
sumo e na análise de circuitos de equipamentos por-
táteis etc. Esse é o multímetro recomendado para o
profissional de service que trabalha com equipamen-

84
Newton C. Braga

tos ligados a uma tomada de energia numa bancada.


O profissional de service não deve usá-lo, entretanto,
para analisar uma instalação elétrica de um edifício
ou medir tensões num quadro de distribuição de
energia. Para o prisional de manutenção de elevado-
res, este instrumento pode ser usado na análise dos
circuitos de controle numa bancada, por exemplo.

 Categoria I
São os multímetros usados para trabalhar com
sinais, por exemplo em telecomunicações. Esses
multímetros são os que possuem o menor grau de
proteção de todos, pois não se destinam a aplicações
ligadas à rede de energia. Com eles são analisados
circuitos de baixas tensões, isolados da rede de
energia. O profissional de manutenção de elevadores
pode usar um multímetro desta categoria para anali-
sar um microcontrolador de um sistema de controle
de elevadores, ou mesmo uma placa de comunicação
de áudio ou outro circuito de baixa tensão, mas não
deve fazer medidas numa linha de alimentação liga-
da à rede de energia.
Evidentemente, um multímetro de categoria
mais alta pode ser usado nas aplicações de categori-
as mais baixas, mas não ao contrário.

85
A Bancada do Técnico de Eletrônica

As tensões máximas
Dentro de cada categoria existem tensões-limi-
te de trabalho que determinam o transiente máximo
que o instrumento pode suportar.
A tabela abaixo dá o modo como os instrumen-
tos são testados:

Cat II 600 V Transiente de 4 000 V Fonte de


de pico 12 ohms
Cat II 1000 V Transiente de 6 000 V Fonte de
de pico 12 ohms
Cat III 600 V Transiente de 6 000 V Fonte de
de pico 2 ohms
Cat III 1000 V Transiente de 8 000 V Fonte de
de pico 2 ohms
Cat IV 600 V Transiente de 8 000 V Fonte de
de pico 2 ohms
Cat IV 1000 V Transiente de 12 000 V Fonte de
de piso 2 ohms

Observe que, por essa tabela, um multímetro


da categoria II, na escala de 600 V deve ser capaz de
suportar transientes de 4 000 V de pico.

86
Newton C. Braga

Um multímetro digital para sua


bancada
Com a existência de uma infinidade de mode-
los de multímetros disponíveis no mercado fica difícil
a escolha. Custo x benefício é o principal foco que
devemos ter na escolha. Assim, na análise do multí-
metro digital Multicom Pro MP73008 levamos em
conta esse fator recomendando-o para sua bancada.

O multímetro digital MP730008


Trata-se de um multímetro digital de 4 dígitos
categoria III de 600 V com grau de poluição 2 e pa-
drões duplos de isolamento. Na foto, o aspecto do
multímetro, observando-se a chave de seleção de es-
calas e medidas, os ajustes, os jaques para encaixe
dos plugues das pontas de prova e os botões de fixa-
ção da medida, iluminação do display e a função REL
de ajuste de precisão ou nulo.

Figura 41 – O multímetro

87
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Este multímetro tem como principais caracte-


rísticas:
 Medidas de tensões DC em quatro escalas
com fundos de 600 mV a 600 V
 Medidas de tensões AV em quatro escalas com
fundos de 600 mV a 600 V
 Medidas de frequência de 60 Hz a 1 MHz
 Resistência de entrada de 10 M ohms para to-
das as faixas de tensão
 Medidas de resistências em 5 faixas – 600
ohms a 60 M ohms
 Teste de diodos
 Teste de continuidade sonoro
 Capacitâncias em 7 faixas de 9,999 nF a 9 999
uF
 Medidas de temperatura em 3 faixas de -40º C a
1 000o C
 Correntes DC em 6 escalas de 600 uA a 10 A
de fundo de escala
 Correntes AC em 6 escalas de 600 uA a 10 uA
de fundo de escala
O multímetro conta ainda com a função de tes-
te de pilhas e baterias e a função NCV (Detecção de
tensão por aproximação) que é de extrema utilidade
para saber se um circuito ou objeto se encontra
energizado.
Nessa função o buzzer tocará num ritmo que
aumenta com a intensidade do campo. O display in-

88
Newton C. Braga

dicará a intensidade do campo, conforme mostra a


tabela.

Tabela – A função NCV

Para a medida de temperaturas, o instrumento


conta com um termopar que deve ser ligado às en-
tradas indicadas.
Outra função que encontramos neste instru-
mento é a Auto Power Off que desliga a alimentação
depois de 15 minutos de inatividade, levando-o ao
modo sleep em que o consumo da bateria é reduzido.
O instrumento voltará a atividade quando qualquer
botão for pressionado.
Também destacamos o fato de que esse multí-
metro é alimentado por apenas duas pilhas AAA com
um consumo muito baixo que garante grande auto-
nomia para esta fonte de energia. As precisões vari-
am conforme a medida e a escala, ficando sempre
dentro da faixa exigida pela maioria das aplicações
profissionais.
O instrumento vem com uma grossa capa pro-
tetora para os trabalhos em ambientes mais hostis,
mas essa capa pode ser removida quando não neces-

89
A Bancada do Técnico de Eletrônica

sária como trabalhos de bancada e para instalação


ou troca das baterias.

Figura 42– Multímetro e capa protetora removida

Alicate amperímetro
Clamp Meter, alicate amperométrico ou pinça
amperimétrica, como quer que o chamemos, é um
instrumento indispensável para quem quer que tra-
balhe com eletricidade ou eletrônica.
Recomendamos o Alicate Amperímetro Multi-
comp Pro MP760606 que além de medir correntes
em diversas faixas, também possui diversos outros
recursos, que não encontramos em muitos instru-
mentos equivalentes, o que o torna um multi-instru-
mento. De fato, ele também funciona como um fre-
quencímetro para a medida das tensões induzidas,
mede capacitâncias, temperaturas, tensões (true

90
Newton C. Braga

RMS) e resistências. Além dessas funções, destaca-


mos a detecção NCV (Detecção de tensão sem conta-
to) e teste de diodos.
Levando em conta em que em nossos dias, a
medida fácil de correntes intensas não é apenas uma
necessidade do profissional da eletricidade e auto-
mação, mas de todos, pois cada vez a mais a ele-
trônica de potência está presente em todas as aplica-
ções, trata-se de um instrumento indispensável.
Na figura 43 temos o seu aspecto, destacando-
se o display de 4 dígitos, a chave seletoras de fun-
ções e os jaques para os plugues de medição. Nesses
plugues são inseridas as pontas de prova para as
medições por contato.

Figura 43 – O aparelho – pontas de


prova e ponta termométrica.

91
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Em especial destacamos a função NCV que


permite saber se um cabo está ou não energizado
sem a necessidade de contato ou mesmo do uso do
alicate. O botão se seleção permite escolher a sensi-
bilidade, se estamos detectando tensão num cabo de
alta ou baixa tensão acima de 24 V ou de alta tensão,
acima de 74 V. Neste caso, um LED indicador pisca-
rá na presença de tensão e haverá a emissão de um
sinal sonoro, conforme mostra a figura 44.

Figura 44 – A função de tensão por aproximação.

Para a medida de temperatura, o instrumento


conta com uma ponta especial em que o elemento
sensor de baixa capacidade térmica possibilita a rea-
lização de medidas rápidas por contato. Na figura 45
temos o modo de se usar o instrumento, com a chave
seletora na posição correta.

92
Newton C. Braga

Figura 45 – As medidas de temperatura

Basta encaixar as pontas de prova nos jaques


correspondentes e imediatamente já teremos a indi-
cação da temperatura ambiente. As faixas de indica-
ção permitem ler temperaturas de -40º C 100º C.
Vejam que em nossos dias, a possibilidade de se ve-
rificar o aquecimento de componentes específicos
numa placa consiste numa forma de diagnostico im-
portante e esse instrumento oferece essa possibilida-
de.
Completamos nosso artigo com seus desta-
ques, informações sobre o produto e sua compliance
com RoHS.:
- Medidas True RMS
- Detecção a Audio visual de tensão por aproxi-
mação (NCV)

93
A Bancada do Técnico de Eletrônica

- Faixa de frequências de alta tensão: 10Hz -


10KHz
- Contagem máxima do display 4000
- Auto range
- Dimensões do display - 28mm
- Teste de continuidade
- Medida de resistências
- Teste de diodos
- Medidas de capacitâncias
- Modos MAX/MIN
- Modo Relative
 Função de Manuseio de Dados
 Indicação de bateria baixa
 Auto power off
 1.5V battery (AAA x2)
 Peso - 248g
 Dimensões - 215mm x 63mm x 36mm

Informações do produto:
- Funções do multímetro digital – Corrente AC,
Tensão AC/DC, Capacitância, Continuidade, Teste de
diodos, Resistência, Temperatura
- Corrente máxima AC – 400 A
- Tensão AC máxima – 600 V
- Tensão DC máxima – 600 V
- Faixa de resistências – 400 ohms a 40 M
ohms
- Faixas de capacitâncias – 4 nF a 4 000 uF
- Faixa de temperaturas - - 400 ºC a 1 000 oC

94
Newton C. Braga

- Tipo de resposta – True RMS


- Modo de seleção de faixas – Automático/Ma-
nual
- Abertura do display – 28 mm

E, se você está interessado, informamos que


ele está disponível no Brasil para entrega rápida a
um preço bastante acessível.
https://www.laterebr.com.br

A função NCV dos multímetros


Multímetros com três tipos de medidas, ten-
são, corrente e resistência ou VOM (Volt-Ohm-Mili-
amperimetro) como eram também chamadas são coi-
sas de um passado distante.
Das três escalas básicas, os multímetros pas-
saram a medir também outras grandezas elétricas e
incluir novas funções, como injetor de sinais, medi-
dores de capacitância e até mesmo frequência, tor-
nando-se digitais, se bem que um velho instrumento
analógico ainda encontre muitas aplicações numa
bancada.
Uma das funções que têm estado presente
nos multímetros mais novos é a NCV que apresenta
especial utilidade para quem trabalha com equipa-
mentos ligados à rede de energia ou ainda tenham
cabos de alimentação ou setores críticos para uma

95
A Bancada do Técnico de Eletrônica

análise, como no caso dos elevadores e suas instala-


ções.
Um multímetro que tenha esta função é muito
útil e hoje tipos de custo bastante acessíveis podem
ser encontrados, como o que tomamos como exem-
plo para a redação deste artigo (figura 46).

Figura 46 – Os multímetros Multicomp Pro


MP730007 e MP73008.

O que é a função NCV


NCV vem de Non Contact Voltage ou Tensão
sem Contato. Trata-se de uma função que permite
que você verifique se um circuito está energizado,
ou seja, apresente tensão sem a necessidade de con-

96
Newton C. Braga

tato direto. Veja que não se trata de um detector de


corrente. O detector de corrente opera com o campo
magnético produzido por uma corrente ao circular
por um circuito, sendo, portanto, um sensor dinâmi-
co, conforme sugere a figura 47.

Figura 47 – O detector ou sensor de corrente.

Este detector precisa que a corrente esteja cir-


culando para funcionar e fazer sua indicação. Se ti-
vermos tensão num cabo, por exemplo, que vai à to-
mada, ele estará energizado, mas não haverá corren-
te a não ser que algo esteja ligado. Uma forma me-
lhor de se fazer a detecção de tensão (e não da cor-
rente) é pelo campo elétrico, conforme sugere a figu-
ra 48.

97
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Figura 48 – A detecção pelo campo.

Neste caso, não há necessidade de que a cor-


rente esteja circulando, de que o circuito alimentado
esteja ligado. O detector opera pelo campo elétrico
em torno do circuito ou componente analisado, veri-
ficando a presença de tensão.
Assim, basta aproximar o sensor do condutor
ou circuito energizado que ele detecte a presença de
tensão acionando um indicador ou um alarme, como
é o caso dos modernos multímetros, conforme mos-
tra a figura 49.

98
Newton C. Braga

Figura 49 – O sensor NFC do multímetro Multicomp Pro

Para o diagnóstico de instalações e outros cir-


cuitos, a possibilidade de se detectar se tensão está
presente sem a necessidade de contatos é de grande
utilidade. Ainda hoje temos nas empresas que fazem
a manutenção de linhas de transmissão o uso destes
sensores, por motivo de segurança. Na figura 50 te-
mos um exemplo de sensor que é usado pelos profis-
sionais da manutenção de elevadores verificando li-
nhas elétricas de alimentação, por exemplo. Ele é
usado para se verificar se um cabo está energizado
antes que o profissional toque no cabo e tente fazer
algum trabalho com ele.
Mas, a versão de baixa tensão que temos hoje
é para as tensões que normalmente encontramos

99
A Bancada do Técnico de Eletrônica

nas instalações de elevadores, prediais e mesmo em


circuitos de corrente contínua de tensão menores
que 20 V.

Figura 50 – Sensor de alta tensão de uso profissional em


transmissão de energia (muito alta tensão)

Na figura 51 temos um exemplo do uso do sen-


sor detectando a baixa tensão contínua da saída de
uma fonte para uma ringlight.

Figura 51 – Detectando baixas tensões

100
Newton C. Braga

O sensor e o uso
O sensor NCV dos multímetros comuns nor-
malmente é colocado num ponto que facilite seu uso
e se obtenha maior sensibilidade. Na figura 6 temos
a posição desse sensor para o multímetro que toma-
mos como exemplo.
Assim, para usar o multímetro na verificação
de tensão de uma instalação ou de um cabo, basta
selecionar no painel a função NCV e aproximar o ins-
trumento do cabo ou circuito no qual se deseja veri-
ficar a presença de tensão.
Na presença de tensão, o dispositivo emitirá
numa série de bips sonoros tanto mais rapidamente
quanto maior for a tensão e, ao mesmo tempo, apre-
sentará no display uma série de traços, em número
proporcional ao campo detectado, ou seja, à tensão.
Observe o melhor posicionamento para ter uma ideia
exata da tensão que está sendo detectada.

101
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Osciloscópios
O maior sonho de todo praticante da eletrônica é,
sem dúvida, ter um bom osciloscópio em sua bancada.
E, as escolas que ministram cursos de eletrônica, tec-
nologia e mesmo de física também imaginam o dia que
podem disponibilizar para seus alunos bons osciloscó-
pio. O custo até então não permitia que esses sonhos
se tornassem realidade. Mas, agora tudo mudou com
os osciloscópios da Multicomp Pro.

Figura 52 - Osciloscópio Multicomp Pro MP720009 US

102
Newton C. Braga

Houve tempo em que o osciloscópio era consi-


derado o instrumento “de luxo” das bancadas de ele-
trônica. Possuir um significava um ”status” almejado
por todo profissional ou mesmo hobistas, se bem que
em muitos casos, saber usar não era o que importa-
va. Mesmo as escolas que ministravam cursos técni-
cos de alto nível, nem sempre tinham condições em
investir em bons osciloscópios e quando compravam
um ou dois, eles tinham de ser compartilhados por
muitos alunos.
No entanto, com o avanço da tecnologia, os os-
ciloscópios foram se tornando cada vez mais acessí-
veis com a possibilidade de se criar versões básicas,
mesmo assim com uma enorme quantidade de recur-
sos, mas a um preço ao alcance da maioria.

A Importância do Osciloscópio
Os osciloscópios antigos eram simples, apenas
tinham recursos para visualizar formas de onda e
eventualmente operar como vetorscópios ou ainda
levantar curvas de componentes. Mesmo assim,
eram importantes como algo que permitia uma análi-
se mais profunda de componentes e circuitos. Com
habilidade, também era possível medir grandezas
nas formas de onda observadas como fase, amplitu-
de, frequência, etc,

103
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Nota: o que estamos falando não des-


carta a possibilidade de você ter um os-
ciloscópio antigo em sua bancada. Quer
seja para realizar trabalhos básico
como, o que é muito mais importante,
para aprender a usar e depois partir
para modelos modernos, operando-os
com mais segurança e conhecimento.

Com a chegada da eletrônica digital, os osci-


loscópios passaram a ser muito mais do que um ins-
trumento para visualizar sinais. Tornaram-se equipa-
mentos complexos de análise com recursos de com-
putação interna, compartilhamento e gravação de si-
nais e até mesmo localização automáticas de even-
tos, o que é muito importante atualmente.
É claro que, da mesma forma que outros ins-
trumentos, os osciloscópios passaram a ser disponi-
bilizados em muitas categorias, conforme os recur-
sos, usados, características elétricas, preços e muito
mais. Assim, na nossa análise desse instrumento
para sua bancada, vamos partir de um modelo bási-
co de baixo custo que serve tanto para finalidades
profissionais no trabalho com equipamentos mais
simples e análise de eventos mais simples como com
finalidade didática, ou seja, o seu primeiro osciloscó-
pio, da mesma forma que tivemos nosso primeiro
multímetro de modelo mais simples.

104
Newton C. Braga

O osciloscópio que tomarmos como modelo de


entrada para a sua bancada é o MP720009 US da
Multicomp Pro de 20 MHz (mostrado na figura ante-
rior).

Figura 53 – Osciloscópio armazenamento digital

Nos dias atuais, a sofisticação dos equipamen-


tos que entram numa oficina torna praticamente in-
dispensável a presença do osciloscópio. Surgem en-
tão as dúvidas: que tipo de osciloscópio adquirir
para um trabalho de oficina? Quanto é preciso inves-
tir para ter um bom osciloscópio na bancada? O di-
nheiro investido terá retorno?
A maioria dos técnicos conhece o osciloscópio
de seus cursos de eletrônica, onde normalmente, a
importância deste instrumento não é devidamente
avaliada.

105
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Ocorre que, em tais cursos, é ensinado muito


pouco sobre o que é o osciloscópio e o que ele pode
fazer.
Se perguntarmos para qualquer técnico ele-
trônico ou mesmo estudante para que serve um osci-
loscópio, a resposta certamente estará bem próxima
da finalidade real:
- Para observar as formas de onda de um cir-
cuito!
Porém, se perguntarmos em seguida, qual é a
vantagem que obtemos observando as formas de
onda de um circuito, as coisas começam a ficar com-
plicadas na cabeça da maioria.
Alguns podem dizer que, pelas formas de onda
é possível saber se um circuito está ou não funcio-
nando, o que também está próximo do real, mas ain-
da não é tudo. As respostas obtidas revelam então,
que tudo o que o osciloscópio é e pode fazer acaba
não sendo mencionado por boa parte dos técnicos.
E mais ainda, essas respostas revelam que, se
os técnicos pudessem dominar pelo menos metade
das funções do osciloscópio, o investimento num
equipamento deste tipo seria rapidamente coberto
pelos ganhos extras em dinheiro e tempo.

O que faz um Osciloscópio


A ideia de que o osciloscópio é um “simples
aparelho para observar formas de onda” realmente é
válida e na verdade não significa tão pouco.

106
Newton C. Braga

Podemos observar as formas de onda de um


circuito e isto realmente é muito importante para o
diagnóstico de seus problemas ou avaliação de seu
funcionamento.
Se o profissional souber interpretar as ima-
gens apresentadas na tela de um osciloscópio, ele
poderá dizer muito mais do que se o circuito está
bom ou ruim, fazer ajustes ou conferir o funciona-
mento de um projeto.
E indo além, os osciloscópios modernos não
apresentam somente imagens, mas também dados.

Escolhendo um osciloscópio
Uma vez que o técnico resolva adquirir um os-
ciloscópio, é evidente que, como se trata de equipa-
mento caro, deva pensar muito bem e procurar um
tipo que tenha uma relação custo/benefício favorá-
vel. No entanto, se o técnico ainda não conhece o os-
ciloscópio totalmente e pretende aprender com o
que vai adquirir, como comprar um com segurança,
tendo certeza de que ele irá prestar bons serviços?
Existem atualmente muitos osciloscópios ide-
ais para trabalhos de bancada e reparação a custo
acessível.
A Multicomp Pro, por exemplo, possui uma
ampla gama de instrumentos com características
que podem ser consideradas ideais para os técnicos

107
A Bancada do Técnico de Eletrônica

reparadores, projetistas, ou mesmo amadores que


desejam investir num instrumento mais avançado.
Para comprar bem, é preciso saber o que sig-
nificam as especificações de um osciloscópio. Vamos
analisá-las:

a) Resposta em frequência
Esta, sem dúvida, é a primeira característica
que levamos em conta ao escolher um osciloscópio,
pois indica até que frequência os sinais observados
são amplificados sem distorções.
Veja que isso significa que esta não é a fre-
quência máxima que podemos observar, mas sim
aquela em que temos a garantia de que a forma de
onda observada tem um mínimo de distorções intro-
duzidas pelo equipamento.
Os tipos mais simples possuem resposta de 20
MHz, sendo indicados para os profissionais e amado-
res que trabalham com circuitos de baixas e médias
frequências como controle, áudio, etc. Para traba-
lhar com equipamentos de maior frequência de ope-
ração recomendamos tipos de 50 ou 100 MHz e mais
se for pretendido um trabalho com equipamentos de
telecom.

b) Número de traços ou feixes


Existem osciloscópios simples que projetam
em sua tela apenas uma forma de onda de cada vez.
No entanto, a maioria dos tipos modernos permitem

108
Newton C. Braga

a observação simultânea de dois ou mais sinais o


que pode ser muito interessante em certos traba-
lhos, quando comparamos frequências, fases ou mes-
mo formas de onda.
Os tipo que sugerimos da Multicomp Pro são
todos de 2 canais.

c) Sensibilidade
Esta característica é importante pois indica a
intensidade mínima de um sinal que podemos obser-
var na tela de um osciloscópio. Para os tipos comuns
esta sensibilidade está entre valores situados entre 5
mV e 20 V por divisão.
Esta indicação de volts por divisão pode ser
explicada facilmente: dizemos que um osciloscópio
tem uma sensibilidade de 5 mV por divisão (V;div),
quando a aplicação de um sinal de 5 mV em sua en-
trada, gera uma imagem que ocupa uma divisão,
conforme mostra a figura 54.

109
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Figura 54 – Observando um sinal de 5 mVpp

d) Tensão máxima de entrada


Nos circuitos de televisores, monitores de ví-
deo e outros eletrodomésticos alimentados pela rede
de energia podemos encontrar sinais com tensões
bastante elevadas.
O osciloscópio deve ter recursos para poder
mostrar sinais com estas tensões, o que significa um
atenuador de entrada com uma ampla faixa de atua-
ção.
Normalmente, o osciloscópio tem como especi-
ficação neste sentido a tensão máxima de entrada.
Valores na faixa de 200 a 600 Vpp são comuns e os
mais indicados para os profissionais e amadores.

e) Disparo (trigger)
Quando um osciloscópio opera na simples vi-
sualização de uma forma de onda, gerando interna-
mente o sinal de varredura, normalmente o ajuste do
sincronismo é feito por um simples controle no pai-
nel.
Este controle aproveita o próprio sinal obser-
vado para que, nos seus picos, quando próximos do
ponto de comutação do sinal dente-de-serra, ele dis-
pare (trigger = disparar) o circuito, mantendo assim
uma imagem estável.

110
Newton C. Braga

Este recurso facilita tremendamente o técnico,


pois com um mínimo de ajustes, obtém uma forma
de onda estável na tela do osciloscópio.

f) impedância de entrada
Um osciloscópio também serve para medidas
de tensão sendo importante que ele não carregue o
circuito do qual está sendo retirado um sinal para
observação. Isto também é válido quando temos a
simples observação de uma forma de onda, pois um
circuito externo que represente uma carga pode afe-
tar esta forma de onda. Em especial, a alteração
pode ser mais sensível se o circuito não for resistivo.
Desta forma, uma especificação importante
para os osciloscópios é a sua impedância de entrada
acompanhada da capacitância. Para os tipos co-
muns, esta impedância normalmente é padronizada
em 1 MΩ e a capacitância pode variar entre 10 e 50
pF tipicamente.
Será destes osciloscópios que trataremos nes-
te artigo mostrando que é chagada a hora de você
ter um.

111
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Os osciloscópios Multicomp Pro


MP720009 US/MP720020
US/MP720011 US
Com dois canais e em versões de 20 MHz, 50
MHz e100 MHz, esses osciloscópios são tipos digi-
tais de amostragem com displays coloridos de 7 po-
legadas. Esses osciloscópios operam com taxas de
amostragem de 100 MS/s, 500 MS/s e 1 GS/s o que
garante uma precisão de visualização importante
não apenas para todas as finalidades.
Esta taxa permite, por exemplo, que você visu-
alize deformações ou falhas em sinais que não pode-
riam ser detectadas por outros osciloscópios de mes-
ma categoria e maior custo.

Facilidade de uso
Além do baixo custo, outra características que
merece destaque é a simplicidade da configuração
das medições e do processo de aprendizado. Isso o
torna ideal para ser o seu primeiro osciloscópio e
ainda ser muito mais facilmente utilizado em esco-
las.
Outras características importantes:
+ Alimentação de 100 V a 240 V 50/60 Hz
+ Peso 1,1 kg
+ Cabo USB
+ Pontas provas

112
Newton C. Braga

+ Frequencímetro
+ Armazenamento: 16 formas de ondas
+ Modos de disparo normal, automático e sim-
ples
+ Resolução vertical: 8 bits
+ Consumo: 15 W
+ Medidas automáticas: Vpp, Vavg, RMS, Fre-
quencia, Periodo, Vmax, Vmin, Vtop, Vbase, Width,
Overshoot, Pre-shoot, Rise time, Fall time, +Width, -
Width, +Duty, -Duty, Delay A→B, Delay A→B, area,
cycle area

Na escola
Já salientamos que ter um osciloscópio, no
passado era algo que somente as escolas mais avan-
çadas e com mais recursos almejavam. Hoje em dia,
com a disponibilidade de osciloscópios acessíveis
como este, o osciloscópio não precisa se limitar aos
cursos técnicos. Se bem que os recursos dos oscilos-
cópios sugeridos Multicomp Pro sejam recursos
profissionais e educacionais avançados que o tornam
ideal para os cursos técnicos e de engenharia, pode-
mos ir além.
Com a reforma do ensino médio e a adoção
cada vez maior de disciplinas eletivas e recursos
avançados para o ensino de física, a presença de um
osciloscópio na bancada do laboratório dessas esco-
las é algo que se torna cada vez mais importante.

113
A Bancada do Técnico de Eletrônica

O projeto STEM (Science Technology Enginee-


ring and Mathematics) dos Estados Unidos e outros
países, que deve refletir-se no nosso ensino funda-
mental e médio que deverá ter matérias profissiona-
lizantes e que precisarão contar com laboratórios
apropriados e a presença de um osciloscópio (ou
mais) não deve ser descartada.
Experimentos de física e estudos de tecnologia
básica devem incluir a presença de um osciloscópio
e, mais que isso, professores de física precisam ser
treinados para saber utilizá-los. No nosso site dispo-
nibilizamos em nossa seção de instrumentação uma
grande variedade de artigos e experimentos com o
osciloscópio. E, para os cursos avançados, será mui-
to mais fácil para os educadores programar aulas
com a visualização de fenômenos que antes não
eram possíveis com osciloscópios comuns de meno-
res recursos.

O aspecto profissional e didático


E é claro, se o leitor pretende ter um oscilos-
cópio para sua bancada de trabalhos profissionais ou
para ensino é importante saber como os modelos
Multicomp Pro podem lhe ajudar e ter uma relação
custo/benefício compensadora.
Esta relação custo/benefício deve ser levada
em conta quando se percebe que os osciloscópio em
questão têm as mesmas capacidades de osciloscó-

114
Newton C. Braga

pios concorrentes que custam muito mais. Na figura


56 temos o aspecto do painel frontal, destacando-se
sua simplicidade mas que permite acessos a funções
que os osciloscópios comuns não têm.

Figura 55 – A parte frontal dos


osciloscópios Multicomp Pro da série MP72

Nossa especial atenção está no display mostra-

115
A Bancada do Técnico de Eletrônica

do na figura 56 por onde podemos ver a quantidade de


informações que podemos ter na observação de dois
sinais.

Figura 56 – As informações do display

Uma série de LEDs na parte superior do dis-


play indicam diversas funções de funcionamento
como o modo de captura do sinal, disparo, posição
do disparo na forma de onda. Temos ainda em 8 te-
mos a indicação de que o osciloscópio está usando a
USB para conexão de um dispositivo externo. De 18
a 21 temos informações sobre as posições de 0, refe-
rências, acoplamento, aterramento. As medidas são
fornecidas em 14 a 17 onde podemos ler valores de

116
Newton C. Braga

tensão, largura de pulso, frequência. Amplitude do


sinal, tempos de subida e descida do sinal, fase e
muito mais.

 Pontas de prova
O máximo proveito de um osciloscópio ér obtido
usando as pontas de prova e os acessórios corretos
para sua aplicação. A Multicomp Pro oferece pontas
de prova apropriados para o trabalho de seus produtos.
Na figura 57 um exemplo.

Figura 57 - Ajustando uma ponta de prova.

As pontas de prova possuem chaves de seleção


de atenuação, conforme o tipo de sinal que está sen-
do analisado. Um recurso importante encontrado
nesses osciloscópio é a auto calibração feita com um
programa que encontra o melhor ponto de operação
automaticamente.

117
A Bancada do Técnico de Eletrônica

 Armazenamento em USB
Documentação rápida e fácil com captura de
imagens da tela e dados binários para criar relató-
rios no PC. Configurações do osciloscópio, formas de
onda de referência e arquivos de máscara podem ser
salvos na memória interna do osciloscópio ou em um
dispositivo de memória USB e reutilizados posterior-
mente. Você também pode restaurar configurações
padrões de fábrica. As imagens da tela do osciloscó-
pio podem ser salvas na memória USB no formato
BIN. Dados das formas de onda adquiridas podem
ser salvos na memória USB (figura 58).

Figura 58 – Armazenamento externo dos sinais

118
Newton C. Braga

Osciloscópio PC
Outro tipo de osciloscópio que podemos ter na
bancada é o osciloscópio PC, ele possui todas as fun-
ções do osciloscópio de bancada, porém utiliza o
computador como display e botões atuadores. Este
tipo de osciloscópio é interessante para desenvolve-
dores, que podem integrar as suas medições ao pro-
jeto em execução. Alguns modelos possuem conexão
direta com o LabView. Na figura 59 temos um mode-
lo de um osciloscópio PC.

Figura 59 – Osciloscópio PC

Outros instrumentos
Além do osciloscópio e do multímetro, pode-
mos (e devemos) contar com outros tipos de instru-
mentos.

119
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Fonte de alimentação
Voltando à nossa bancada dada como exemplo,
vemos que na parte superior do carrinho fica o osci-
loscópio, que é, em dúvida alguma, o instrumento
mais importante da oficina. No entanto, junto com
ele, fica um outro equipamento, que podemos incluir
na lista dos instrumentos, cuja utilidade não pode
ser desprezada. A fonte de alimentação.
Projetos em desenvolvimento, teste, ajuste ou
reparação precisam ser alimentados. Nem sempre o
próprio aparelho tem sua própria fonte e em muitas
situações precisamos de uma alimentação externa.
Além disso, nem sempre estamos trabalhando com
circuitos que possam ser alimentados pela rede de
energia. Circuitos eletrônicos precisam de alimenta-
ção DC e ela deve vir de uma fonte externa.
O tamanho da fonte que equipará sua bancada
depende do tipo de trabalho que você realiza. Você
pode começar com uma fonte simples e depois partir
para uma sofisticada, ou dependendo das necessida-
des ter até mais de uma disponível.
Tomamos como exemplo de uma fonte para
trabalhos gerais a MP710079 US da Multicomp Pro
mostrada na figura 60.

120
Newton C. Braga

Figura 60 – Uma fonte de alimentação Multicomp Pro

Trata-se de uma fonte com 3 saídas com ten-


são de 1 a 20 V e correntes em diversas faixas che-
gando a 5 A. Este tipo de fonte serve para a maioria
dos trabalhos com circuitos modernos e mesmo com
circuitos mais antigos que usem transistores e cir-
cuitos integrados tradicionais. Associados às fontes
de alimentação, o eletrônico deve contar em sua
bancada com uma série de recursos de hardware
que facilitem seu trabalho
Destacamos as pontas de trabalho com garras,
pinos e outros recursos, as pontas de prova, conjun-
tos de garras jacaré e muito mais que ficam pendu-
radas em local apropriado e acessível na parte fron-
tal da bancada.

121
A Bancada do Técnico de Eletrônica

Geradores de sinais ou funções


Na bancada, na parte superior esquerda temos
um espaço onde outros instrumentos de utilidade po-
dem ser colocados, dependendo de sua atividade.
Podemos ter ali frequencímetros capacímetros, gera-
dores de áudio ou de funções e muito mais. No link
da figura você pode ter acesso a eles. Nossa suges-
tão começa pelo gerador de sinais.
Na figura 61 temos um útil gerador de sinais
de áudio simples para quem necessita deste tipo de
instrumento e não quer investir muito. Bastante sim-
ples, ele fornece sinais até 20 kHz o que é suficiente
para a maioria dos trabalhos com áudio.

Figura 61 – Um gerador de áudio simples

Para aplicações mais sofisticadas, um gerador


de funções consiste numa solução interessante como
o MP750555 US da Multicomp Pro.

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Newton C. Braga

Figura 62 - Gerador de funções

Outros
Na relação de instrumentos que podem fazer
parte de sua bancada podemos incluir muitos outros
que podem ser agregados em função de seu trabalho
e de sua disponibilidade financeira. Podemos citar
como exemplos.
 Capacímetro
 Frequencímetro
 Analisador lógico
 Teste de transistores (muitos são incluí-
dos nos multímetros)
 Analisador de espectro
 Multímetro de bancada
 Medidores LCR

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A Bancada do Técnico de Eletrônica

Sobre a Newark
Há mais de 80 anos duas empresas em lados
opostos do Atlântico, abriram novos caminhos à me-
dida que a indústria do rádio mudava a forma como
o mundo se comunicava.
As start-ups empreendedoras conhecidas
como Farnell na Europa e Newark na América do
Norte começaram com uma missão simples – ajudar
os clientes a obter as peças de que precisavam,
quando precisavam.
E o que era um simples negócio de balcão e
catálogo evoluiu para uma empresa global de tecno-
logia com mais de 30.000 produtos enviados por dia.
Fundada em 1934 como Newark Electric, em
homenagem a Newark- Nova Jersey, a pequena loja
em Chicago que vendia peças de rádio publicou seu
primeiro catálogo de papel em 1948. Ao longo das

124
Newton C. Braga

três décadas seguintes, o catálogo do tamanho de


uma lista telefônica da Newark Electronic tornou-
se referência da indústria de componentes eletrôni-
cos, sendo ocasionalmente comparado à "bíblia da
indústria".
Em 1968, a Newark foi adquirida pela Premi-
er Industrial Corporation e tornou-se a Divisão de
Distribuição de Eletrônicos da corporação. Em 1996,
a Premier Industrial Corporation foi comprada
pela Farnell Electronics, que então mudou seu
nome para Premier Farnell.
Em 2016 o grupo Premier Farnell foi adqui-
rido pela Avnet, que através destas aquisições ex-
pandiu as ofertas em prototipagem de pequena
quantidade, software de desenvolvimento e design
para capacidade de fabricação, estendendo o alcan-
ce a mais de dois milhões de clientes e uma comuni-
dade ativa de mais de um milhão de engenheiros, po-
sicionando a empresa como fornecedora global de
soluções de tecnologia.
Entre suas linhas destacam-se hoje produtos
de marca própria, Multicomp Pro - Produtos Proje-
tados por engenheiros, para engenheiros. A Multi-

125
A Bancada do Técnico de Eletrônica

comp Pro foi desenvolvida para fornecer uma linha


de produtos de alta qualidade a preços acessíveis,
tendo hoje mais de 50.000 produtos para engenhei-
ros, técnicos e instalações de produção.

Acesse: https://www.newark.com/

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Newton C. Braga

Sobre a LATeRe
Desde sua fundação em 2016 a LATeRe vem
conduzindo as iniciativas da Newark no mercado
Brasileiro com suporte técnico e comercial aos clien-
tes, trazendo a experiência de mais de 30 anos no
mercado Brasileiro e Internacional de Eletrônica
bem como com a operação da Farnell Newark do
Brasil. É também através da LATeRe que os clientes
contam com a possibilidade de compra local dos
itens, além do tradicional modelo de importação.

www.laterebr.com.br
(11) 4066-9400
vendas@laterebr.com.br

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A Bancada do Técnico de Eletrônica

Mais Literatura

Livro Instrumentação Osciloscópios

Livro – Os Segredos no uso do Multímetro

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