Curso de Processo Civil e Trabalho - Claudia Pisco
Curso de Processo Civil e Trabalho - Claudia Pisco
Curso de Processo Civil e Trabalho - Claudia Pisco
, 19 E 20 DE MARO DE 2009
COMPETNCIA Conceito a distribuio interna do exerccio da atividade jurisdicional. Tal diviso feita pelo uso de trs critrios doutrinrios, segundo lies de Chiovenda. 1 objetivo; que leva em conta o objeto do litgio, compreendendo a matria, o valor e as pessoas envolvidas 2 territorial; que leva em conta o local ou territrio 3 funcional; que leva em conta critrios de diviso de atribuies dentro de um rgo jurisdicional. Tais critrios podem ser de ordem absoluta, quando tutelam o interesse pblico, e de ordem relativa, quando tutelam interesses privados. Competncia Trabalhista critrio matria artigo 114 da CF/88 Sistemas Jurdicos de competncia Unificados concentram em um s rgo a competncia para julgar as questes trabalhistas e todas as correlatas, como previdencirias e acidentrias. Ex. Espanha e Itlia Fragmentados separam as competncias para julgamento dessas matrias em rgos distintos. Ex. Brasil Como visto, o Brasil adota o Sistema Fragmentado: a matria trabalhista julgada pela Justia do Trabalho; a matria previdenciria, pela Justia Federal; e a matria acidentria, pela Justia Estadual. Justamente por isso, h a separao em
- competncia prpria, originria ou especfica (esta ltima definio adotada por Amauri Mascaro do Nascimento), relativa quela competncia natural, derivada da prpria Constituio; e - competncia imprpria, derivada ou decorrente, relativa quelas competncias que foram fruto da vontade do legislador ordinrio; A EC 45, entretanto, sem alterar a estrutura do nosso sistema, ampliou os limites de competncia da Justia do Trabalho, alterando a redao do artigo 114 da CF
Evoluo do sistema brasileiro para julgar questes trabalhistas poca do Decreto 737, de 1850, (estendido s lides civis em 1890, pelo Decreto 763), as lides trabalhistas eram julgadas pela Justia Comum. Em 1907, foi editado o Decreto Legislativo 1637, de 05/01/07, que criou os Conselhos Permanentes de Conciliao e Arbitragem, que no chegaram a ser implementados e, portanto, no teve resultado prtico; Em 1911, foi criado, em SP, o Patronato Agrcola, que teve o mesmo fim que os Conselhos Permanentes de Conciliao e Arbitragem; Em 1922, a Lei 1869 cria os Tribunais Rurais, que eram presididos por um juiz de direito e tinham composio paritria (um representante dos colonos e, outro, dos fazendeiros). A partir de 1930, com o Governo Provisrio, vrias normas trabalhistas passaram a ser editadas. Em 1932, o Decreto 21396, de 12/05/32, criou as Comisses Mistas de Conciliao, destinadas a tentar compor conflitos coletivos de trabalho. Tambm em 1932, o Decreto 22132, de 25/11/32, criou as Juntas de Conciliao e Julgamento, com competncia para julgar os conflitos individuais de trabalho, mas sem poder executar suas prprias decises. Todavia, as Juntas s se reuniam por solicitao dos litigantes; s atendiam aos sindicalizados (os demais tinham que ir para Justia Comum); os pronunciamentos no eram definitivos e no tinham carter jurisdicional,
pois eram rgos administrativos; as decises poderiam ser revisadas pelo Ministro do Trabalho, atravs de avocatrias. Em 1934, a Constituio previa a Justia do Trabalho, no captulo da Ordem Econmica e Social, mas no a reconhecia como rgo do Judicirio, com competncia para decidir questes entre empregados e empregadores. A Constituio de 37 manteve o texto e disse que a Justia do Trabalho deveria ser regulada por lei, o que ocorreu em 1939, com o DL 1237, de 02/05/39. A Justia do Trabalho foi instalada, entretanto, somente em 01/05/41. O DL 1237/39 organizou a Justia do Trabalho, de forma escalonada, integrada pelas Juntas de Conciliao e Julgamento; pelos Conselhos Regionais do Trabalho (hoje, TRTs) e pelo Conselho Superior do Trabalho (hoje, TST). Em 1943, a CLT (DL 5452, de 01/05/43) consolida todas as leis trabalhistas em um nico diploma Em 1946, enfim, a Justia do Trabalho foi integrada ao Poder Judicirio, embora j houvesse legislaes anteriores que estendessem aos juzes do trabalho as garantias de magistratura (DL 8737, de 19/01/46 e DL 9767, de 09/09/46). A essa poca, o STF j reconhecia carter jurisdicional Justia do Trabalho, pela possibilidade de executar suas prprias decises.
Competncia Trabalhista luz da nova redao do artigo 114 CF (EC 45/04) Inciso I controvrsias decorrentes da relao de trabalho. O conceito envolve todas as relaes contratuais em que algum presta servios por conta de outrem, alienando sua capacidade de produo, em troca de dinheiro. Esto inseridas: A relaes de emprego; B autnomos (para Giglio, Amauri Mascaro e Bezerra Leite. Sergio Pinto Martins discorda);
C Eventuais (para Giglio, Amauri, Bezerra Leite e Athos Gusmo. S. Pinto Martins discorda) D Cooperativado (para Giglio, Bezerra Leite e Athos. Amauri Mascaro discorda); E Representante Comercial (para Amauri Mascaro. Bezerra Leite e S. Pinto Martins discordam art. 39 da Lei 4886) F Pequeno Empreiteiro, que seja operrio ou artfice (para Bezerra Leite. Amauri Mascaro discorda. S. Pinto Martins e Giglio afirmam que a competncia decorrente e deriva do disposto no art. 652, III da CLT) G Temporrios (para Giglio, Amauri e S. Pinto Martins. Bezerra Leite discorda) H Avulso (para Amauri, Bezerra Leite e S. Pinto Martins) I Contrato de Transporte (para Amauri Mascaro). O art. 5, pargrafo nico da Lei 11.442, de 05 de janeiro de 2007 seria, portanto, inconstitucional, pois fere o artigo 114, I da CF. J Profissionais Liberais (S. Pinto Martins discorda (s vem para trabalhista se o legislador ordinrio disciplinar). No mesmo sentido, Athos Gusmo Carneiro e Smula 363 do STJ) OBS O trabalho gratuito est excludo da competncia da Trabalhista, salvo para Athos Gusmo. Tambm so excludas as relaes de consumo e o trabalho do presidirio (recente deciso do TST RR 1072/2007-011-06-40.4). Servidor Pblico stricto sensu Justia Comum. O art. 240 d) da Lei 8112/90 atribua competncia para a Justia do Trabalho, mas foi declarado inconstitucional (ADI 4921). De toda forma, a Lei 9527/98, revogou a disposio. Empregados Pblicos Federais - antes de 88 eram julgados pela Justia Federal, e, depois, passaram a ser julgados pela Justia do Trabalho. A partir da Lei 8112/90, passaram a ser estatutrios aqueles celetistas que trabalhavam para Unio, autarquias e fundaes pblicas federais. Nesta ocasio, o vnculo de emprego mantido se rompeu e eles passaram a ter dois vnculos, um, celetista, que deveria ser objeto de uma RT na Justia do Trabalho e, outro, estatutrio, que deveria ser objeto de uma ao na Justia Federal.
Smula 97 STJ estabelece a competncia da Justia do Trabalho para julgar o pedido anterior ao regime jurdico nico Lei 8112/90. Trabalhadores Temporrios artigo 37, inciso IX da CF/88. A Lei 8745/93 regrou a matria a nvel federal. Competncia da Justia do Trabalho se no houver lei especfica ou seja alegada sua subverso OJ 205 SDI 1 TST. Acidente de Trabalho ainda continua na Justia Comum, por fora da interpretao do artigo 109, I da CF/88, no alterado mesmo aps a EC 45. Indenizao por danos morais Smulas 392 do TST e 736 do STF ser de competncia da Trabalhista se a relao jurdica da qual se extrai a responsabilidade civil e o dever de indenizar for de competncia da Justia do Trabalho, inclusive quando o pedido tem fundamento em normas de segurana do trabalho (EPI). Quando h acidente do trabalho, pode haver duas indenizaes (smula 229 do STF e art. 121 da Lei 8213/91), uma decorrente do seguro obrigatrio e, outra, da responsabilidade civil do empregador artigo 7, XXVIII da CF. Se a indenizao for acidentria, a competncia da Justia Comum; Se a indenizao for contratual, trabalhista, a competncia da Justia do Trabalho. Destaque para o julgamento do CC7204-1 MG, pelo Pleno do STF, em 2005, que reconheceu que a competncia j era da JT. Porm, fixou o momento da edio da EC 45 como o marco divisor de guas, evitando que os jurisdicionados sofressem conseqncias desastrosas pelo reconhecimento da competncia da Justia do Trabalho mesmo em momento anterior EC 45, quando a orientao do STJ era de que a competncia era da Justia Comum. Remete-se o aluno para o link
Pr-contratao Justia do Trabalho (para Pinho Pedreira, Carrion, Campos Batalha e Amauri Mascaro). - Justia Comum (para S.P.Martins e Joo de Lima Teixeira Filho. Rodolfo Pamplona entende que a Comum se no houve contratao depois ou se no houve um pr-contrato escrito.) Ps-contratao Justia do Trabalho (para Joo de Lima Teixeira Filho Amauri, Tostes Malta, Campos Batalha e Pinho Pedreira). OBS art. 466 CLT. Justia Comum (para S.P.Martins e Rodolfo Pamplona). Dano reflexo o dano ocorrido na esfera jurdica do herdeiro ou sucessor como conseqncia do que se passou com o trabalhador. H duas correntes. (Justia Comum x Justia do Trabalho) Complementao de Aposentadoria e de Penso. OJ 26 SDI 1 e 106 SDI 1 do TST. Previdncia Aberta Justia comum Previdncia Fechada Justia do Trabalho. Posio de S.P. Martins, Carrion, Russomano, Amauri e Campos Batalha. TST tem duas smulas sobre prescrio 324 e 325 Questes de Greve A competncia da Justia do Trabalho, antes da EC 45 limitava-se aos dissdios de greve. Com a Emenda, a Justia do Trabalho teve reconhecida a competncia para julgar as aes decorrentes da greve, como as aes possessrias (interditos proibitrios). Os Tribunais Trabalhistas, em regra, aceitam essa competncia. Entretanto, o STJ j decidiu conflitos de competncia atribuindo Justia Comum o julgamento da matria. Representatividade sindical e contribuies sindicais Com a EC 45, a Justia do Trabalho passou a decidir as aes ajuizadas por sindicatos de classe que visem a discutir com outra entidade a representatividade sindical.
Outrossim, nessa esteira, outras questes podem ser atradas para a Justia Trabalhista, como as deliberaes de assemblias acerca de alguma atividade por parte do sindicato relativa aos interesses da categoria. Antes da EC 45, somente se reconhecia competncia para a Justia do Trabalho para cobrar contribuies previstas em normas coletivas, em face do disposto no artigo 114 da CF e da Lei 8384. Aps, a Justia Trabalhista passou a julgar tambm as aes de cobrana da contribuio prevista na CLT (antigo imposto sindical) Executivo Fiscal Como a EC 45 atribuiu Justia Trabalhista a competncia para julgar as aes relativas s penalidades impostas pela fiscalizao do trabalho, essa passou a julgar as aes de Execuo Fiscal ajuizadas pela Fazenda Pblica para tal cobrana, bem como as aes de anulao de dbito fiscal e as aes de repetio de indbito. Em paralelo, os mandados de segurana impetrados contra ato da Administrao Pblica que no recebe recursos administrativos sem o depsito do valor da multa (ver recente smula 373 do STJ) tambm so julgados pela Trabalhista. Habeas Corpus Embora tenha sido defendido que, com a incluso do Habeas Corpus no rol do art. 114 da CF, a Justia do Trabalho passou a ter competncia para matria criminal, o STF concedeu liminar em ADI 3684 (em 1 de fevereiro de 2007), determinando que a Justia do Trabalho se abstenha de julgar questes criminais. Ver a deciso no link: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=ADI-MC.SCLA. +E+3684.NUME.&base=baseAcordaos