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1literatura São Tomense 6

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Índice

Introdução....................................................................................................................................3
Objetivos:....................................................................................................................................3
Geral............................................................................................................................................3
Específicos:.................................................................................................................................3
Literatura São Tomense...............................................................................................................4
Impacto Cultural dos Escritores São-Tomenses no Brasil..........................................................7
A Influência dos Mitos São-Tomenses nas Obra Literárias........................................................7
Conclusão....................................................................................................................................9
Referências bibliográficas.........................................................................................................10
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Introdução
O presente trabalho foi elaborado com vista a abordar factos histórico-culturais da literatura
São Tomense.

São Tomé e Príncipe é um arquipélago localizado na costa oeste da África Central, no Golfo
da Guiné. É a maior ilha e está localizada aproximadamente a 250 km da costa do Gabão.
Príncipe é a segunda maior ilha, localizada cerca de 150 km a norte de São Tomé.

A população de São Tomé e Príncipe é estimada em cerca de 201 mil habitantes.


A literatura escrita São Tomense foi impulsionada pela presença dos colonizadores, este facto
levou com que se passasse da oralidade à escrita.
O trabalho caracteriza os antecedentes históricos e o respectivo percurso da literatura São
Tomense bem como caracteriza as roças na literatura colonial.

A roça foi um tema frequente na literatura colonial, retratando a vida rural e as relações
sociais do povo santomense.

Aborda-se ainda a questão da influência cultural dos escritores São Tomenses no Brasil e por
fim a influência dos Mitos santomenses nas obras literárias.

Objetivos
Geral
 Estudar marcos que deram orígem à literatura São Tomense e a caracterização das
roças na literatura colonial.
Específicos
 Analisar o contexto histórico e cultural que deu orígem à literatura São Tomense;
 Descrever a literatura São Tomense;
 Caracterizar a vida santomense nas roças no período colonial.
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Literatura São Tomense


A literatura São Tomense tem sua orígem na tradição oral africana, tendo sido influenciada
pela literatura portuguesa devido ao período colonial.

As primeiras obras literárias do arquipélago datam do início do século XIX e foram


produzidas por autores portugueses que viveram alguns anos no país, como António Lobo De
Almada Negreiros, que escreveu “Equatoriais” (1896), o primeiro livro de poemas
Relacionado a São Tomé e Príncipe.

Não havia nem infraestrutura nem incentivo para os autores Santomenses desenvolverem seus
trabalhos. Os poucos que se aventuravam nessa arte eram aqueles que residiam em Portugal,
como Caetano da Costa Alegre, precursor da literatura Santomense e o primeiro autor a tratar
da questão da negritude.

Nessa época (período colonial), a poesia era o género que apesar das inúmeras dificuldades,
contribuiu para os registos literários do país. Essa poesia foi “construída apenas por negros ou
mestiços, este punhado de poetas compreendeu área temática como universo da (s) sua (s) ilha
(s) e organizou um signo cuja polissemia é de uma África violentada, inchada de cólera, a
esperança feita revolta” (FERREIRA, 1977: 81, Grifo do autor).

O gênero narrativo, que era modesto na época colonial, ganhou impulso no período pós-
colonial. Jerónimo Salvaterra, publicou, em 1995, sua primeira obra, “Tristezas não pagam
dívidas, uma coletânea de contos e de São Tomé e Príncipe. ”

Em muitas dessas obras, seja do período colonial bem comodo pós-colonial, o tema é o
lirismo, mas o que se destaca em quase todas é a denúncia do caos social. Os problemas
enfrentados pelos santomenses são marcas de um passado e fazem parte da reconstrução
histórica dessa sociedade, com reflexos facilmente observados na actualidade.

Algumas obras importantes incluem “O tempo dos Leopardos” de Francisco José Tenreiro,
“O Tesouro” de Alda do Espírito Santo e “A Ilha Fantástica” de Conceição Lima. Esses
autores abordam temas como a luta pela independência, a identidade cultural e a crítica ao
colonialismo. Outros escritores importantes incluem Manuel Ferreira, José Eduardo Agualusa
e Olinda Beja.

Ao falar da literatura santomense, não se pode descartar a importância da oralidade e das


tradições ancestrais, que são elementos fundamentais na construção da identidade literária do
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país. É crucial considerar o contexto histórico e social, incluindo o legado do colonialismo e a


luta pela independência, que influenciaram profundamente a produção literária São Tomense.

A questão da identidade linguística começou em São Tomé Príncipe, em 1493, além dos
portugueses, o país abrigou povos de Diferentes etnias, como os forros, angolares, tongas e
serviçais, que contribuem para a riqueza cultural. Assim sendo, o português, língua do
colonizador, coexistiu com algumas Línguas crioulas, tais como o forro, o angolar, o lunguyé
e o crioulo de Cabo Verde. A interseção entre essas influências culturais forma o pano de
fundo para o surgimento e desenvolvimento da literatura São-tomense.

É sabido que, como afirma Ferreira (1989:29),“o colonialismo é a negação da Personalidade


do outro. Altera os hábitos sociais, impõe novos padrões de cultura E substitui a língua”. Não
foi diferente em São Tomé e Príncipe, em que a língua Portuguesa foi imposta aos colonos,
deixando à margem as línguas crioulas que mantinham O caráter identitário dos escravos,
como bem destaca Veiga: “O idioma estranho é o fato / Que de outro corpo é que vem /
Sempre é de outro por mais trato/ A um outro não fica Bem”.

Algumas obras de autores São Tomenses incluem:


1. “O Tesouro” – Alda do Espírito Santo
2. “O Tempo dos Leopardos” – Francisco José Tenreiro
3. “Mistérios de um Cão” – Olinda Beja
4. “A Casa do Poeta Trágico” – Alda do Espírito Santo
5. “Poemas” – Conceição Lima
6. “Ecos da Palavra” – Tomé Varela da Silva
7. “A Catedral das Trevas” – Manuel Ferreira
8. “Milagrário Pessoal” – Maria Manuela Margarido
9. “Nação Crioula” – José Eduardo Agualusa

Essas obras representam uma amostra da diversidade temática e estilística da literatura São-
tomense.

Muitos escritores São Tomenses surgiram nos últimos anos, trazendo consigo uma riqueza de
conteúdos e técnicas literárias que tornam a literatura São-tomense moderna ainda mais
interessante. Escritores como Otelo Santos, Geny Neto e Sousa Andrade, por exemplo, são
alguns dos nomes mais importantes na literatura são-tomense de hoje. Estes autores têm
desenvolvido obras de ficção, poesia, ensaios e outras formas de expressão literária que têm
contribuído para a rica cultura São Tomense.
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Otelo Santos, por exemplo, é um escritor, poeta e ensaísta que tem produzido obras de ficção
e não-ficção que desafiam os limites tradicionais da literatura São Tomense. Sua obra aborda
temas como o colonialismo, o gênero, a identidade cultural e as relações entre as nações
africanas. Suas obras têm sido amplamente elogiadas por seu conteúdo original e sua
abordagem inovadora da realidade São Tomense.

Geny Neto é outro escritor São Tomense moderno que produz obras que retratam a vida
quotidiana das pessoas em São Tomé e Príncipe. Sua obra abrange temas como a diáspora
africana, o racismo, a identidade cultural e o impacto das políticas do governo na vida das
pessoas. Sua escrita é poética e fluida, e suas obras são profundamente emotivas e
inspiradoras.

A literatura São Tomense não se limita à costa do país. O interior de São Tomé e Príncipe
também possui uma riqueza literária que muitas vezes é esquecida.

Escritores como Eugénio Bravo, Severino Neves e José Cardoso têm produzido obras
literárias que abordam temas como a cultura local, a história do país e as pessoas que vivem
lá. Estes autores têm contribuído para a diversidade da literatura São Tomense, trazendo à luz
novas perspectivas sobre a realidade local. Este escritor, poeta e contador de histórias cujas
obras abordam temas como a cultura local, as relações interpessoais e as relações entre as
pessoas e o meio ambiente. Seus contos são ricos em detalhes e contam histórias
emocionantes sobre a vida quotidiana das pessoas em São Tomé e Príncipe.

Severino Neves, por sua vez, é um escritor e poeta cuja obra aborda temas como a história do
país, as relações interculturais e as questões sociais.

A literatura São Tomense tem sido usada como uma ferramenta para documentar e preservar a
história local.

Augusto Neves, é um escritor e poeta que tem produzido obras que abordam temas como a
colonização portuguesa, a luta pela independência do país e as mudanças políticas locais. Sua
escrita é poética e fluida, e suas obras são profundamente emotivas e inspiradoras.

A roça e a literatura colonial

A roça aparece como elemento intrínseco à cultura são-tomense da época colonial, constante
no quotidiano dos seus moradores, e constitui uma fonte de inspiração para os artistas e
escritores santomenses, mas também angolanos, cabo-verdianos e moçambicanos.
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É importante observar que o final do século XIX corresponde ao auge do modelo de


plantation e que em 1910, e por poucos anos, as duas ilhas se tornaram o primeiro produtor
mundial de cacau. O período seria caracterizado por Russell Hamilton (1984: 239) como
“ciclo-de-roça”:

Segundo Hodges & Newitt (1986), as primeiras roças de cacau foram implantadas entre 1860
e 1875.

As roças estabelecidas em São Tomé e Príncipe representavam a concretização de uma


colonização bem-sucedida e um símbolo colonial.

A apropriação das terras e o cultivo do cacau resumem-se, em um primeiro momento, a


iniciativas individuais que serão mais tarde propositalmente apoiadas pelo poder colonial
português. O roceiro não é a pessoa que cultiva a terra, mas a pessoa que administra os
trabalhadores que cultivam a sua terra. Eles trabalham em um sistema coercitivo, na produção
de uma cultura da qual não fazem nem podem fazer uso.

Das 207 roças contabilizadas nos últimos anos do século XIX, Tenreiro (1961: 150)
identificou que 63% se localizavam no nordeste da ilha, conhecida como a região mais
propícia ao cultivo do cacau, e 16% se localizavam no sul.

A sede da roça, ou mais precisamente seu quintal, incluía infraestruturas: secador de cacau,
armazéns, entrepostos, oficinas mecânicas e outras construções utilizadas na transformação de
produtos como o andim, o coco ou o cacau. Várias roças possuíam, nessa época, um trilho de
ferro que ia até o mar para garantir o transporte das colheitas. Os escritórios e o conjunto das
infraestruturas coletivas destinadas aos trabalhadores (hospital, cozinha e banheiros)
constituíam a outra parte das instalações. Por fim, os alojamentos dos trabalhadores chamados
localmente “comboios” eram construídos longe das casas individuais dos funcionários e
empregados, da casa do administrador e da “casa do patrão” ou casa grande. A maioria das
sedes e muitas dependências agrícolas dispunham ainda de uma capela ou igrejinha católica.

As parcelas de cacau cercavam o quintal e se estendiam por dezenas ou centenas de


quilômetros.

A vinda maciça de migrantes, mão de obra agrícola, oriundos de outras colônias portuguesas
provocou nos filhos da terra e forros um sentimento de perda de identidade, talvez por serem
identificados pelos colonos como “africanos”. Progressivamente, os forros e filhos da terra
vão fundamentar sua identidade a partir da diferenciação em relação aos demais grupos
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africanos, através de reivindicações culturais, teorias políticas e de sua representação


simbólica da posse de terra. Por sua vez, a mão de obra migrante viveria a contradição de
residir em terra alheia sem se beneficiar, na prática, da posse de terra ou do usufruto dela.

As roças representam um vestígio do passado colonial de São Tomé e Príncipe, estas se


tornaram uma matriz essencial da construção histórica nacional, porque, além da sua
imposição física, elas se inserem na história vivida pelos ilhéus e pelos migrantes, na história
agrícola colonial e pós-independência, e ainda provocaram o estabelecimento de um sistema
hierárquico social consolidado. As roças constituíam não só unidades de exploração
econômica, mas também referências organizacionais impostas no plano social e cultural, e nos
domínios que envolviam todas as etapas marcantes das vidas dos trabalhadores: o nascimento,
o trabalho, a vida quotidiana, as relações sexuais, a procriação, os projetos de vida, o futuro e
a morte.

O símbolo colonial foi sendo absorvido na história independente do país, mas a apropriação
dos espaços agrícolas, a propriedade da terra e os conflitos ligados a essas duas situações não
podem ser entendidos sem a leitura do que foram e ainda são as roças de São Tomé e
Príncipe. Ao mesmo tempo, a leitura imprescindível do funcionamento das roças e de sua
imposição obriga a pensar a existência de um mundo paralelo ao das roças. Dentro e fora das
roças, homens e mulheres santomenses e migrantes criaram constantemente estratégias de
sobrevivência, bem-sucedidas ou não, resistências ao diálogo com “esses monstros antigos”, a
suposta exemplaridade socioeconômica do mundo colonial.

Impacto Cultural dos Escritores São Tomenses no Brasil


Os escritores São Tomenses têm tido um grande impacto na cultura brasileira. Escritores
como António Pires de Lima, Celso Braga e Nuno César têm produzido obras literárias que
abordam temas como o colonialismo, o gênero, a identidade cultural e as relações entre as
nações africanas. Estes autores têm contribuído para a diversidade da literatura brasileira,
trazendo à luz novas perspectivas sobre a realidade brasileira.

António Pires de Lima, por exemplo, é um escritor, poeta e ensaísta cujas obras abordam
temas como o colonialismo, o gênero, a identidade cultural e as relações entre as nações
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africanas. Seus contos são ricos em detalhes e contam histórias emocionantes sobre a vida
cotidiana das pessoas no Brasil.

A Influência dos Mitos São Tomenses nas Obra Literárias


Os mitos santomenses também têm tido um grande impacto na literatura moderna. Escritores
como António de Oliveira, Joaquim Freitas e Joaquim Camacho têm produzido obras
literárias que abordam temas como os mitos locais, a cultura popular e as questões sociais.
Estes autores têm contribuído para a diversidade da literatura trazendo à luz novas
perspectivas sobre a realidade local.

António de Oliveira, por exemplo, poeta e contador de histórias cujas obras abordam temas
como os mitos locais, a cultura popular e as questões sociais. Seus contos são ricos em
detalhes e contam histórias emocionantes sobre a vida quotidiana das pessoas em São Tomé e
Príncipe.

A literatura São Tomense é uma importante ferramenta para explorar as raízes culturais de
São Tomé e Príncipe.

São Tomé e Príncipe é uma nação rica em cultura e história, e a literatura São Tomense
moderna reflete isso. Esta literatura oferece uma janela para explorar as profundezas dessa
cultura e descobrir mais sobre as raízes culturais deste país. Mergulhar nas profundezas da
literatura santomense nos permite conhecer melhor nossos ancestrais e entender melhor o
nosso local de origem.
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Conclusão
À semelhança da literatura Moçambicana, Angolana e Cabo Verdiana, a literatura São-
tomense, também teve os contos orais e as lendas como antecedentes muito fortes da literatura
escrita na reconstrução da identidade cultural e social dos habitantes da ilha, contudo, para a
sociedade São-tomense a língua é um património histórico e cultural. Está língua crioula
criada a partir das diferenças linguísticas permitia o contacto entre os africanos.

A literatura São-Tomense é extremamente rica e diversificada, com vários autores


importantes que têm contribuído para o desenvolvimento da cultura deste país pois é mistura
de escritas tradicionais e contemporâneas, que dão voz aos escritores locais e às respectivas
artes. O conteúdo desta literatura abrange temas como a história, a cultura, a religião e as
relações sociais.

As roças representam um vestígio do passado colonial de São Tomé e Príncipe, estas se


tornaram uma matriz essencial da construção histórica nacional, pois além da sua imposição
física, elas se inserem na história vivida pelos santomenses e pelos migrantes, na história
agrícola colonial e pós-independência, e ainda provocaram o estabelecimento de um sistema
hierárquico social consolidado. As roças constituíam não só unidades de exploração
económica, mas também referências organizacionais impostas no plano social e cultural, e nos
domínios que envolviam todas as etapas marcantes das vidas dos trabalhadores.
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Referências bibliográficas
FERREIRA, Manuel (1977). Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa I. Portugal:
Bertrand.

SALVATERRA, Jerónimo (2001). A ilha de Amanhã. São Tomé: Instituto Camões- Centro
Cultural Português em São Tomé e Príncipe.

VEIGA, Marcelo & FERREIRA, Manuel (1989). O canto do Ossôbó. Linda-A-Velha:


ALAC- África, Literatura, Arte, e Cultura, Lda.

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