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Proposta

Supremo Tribunal Federal


Coordenadoria de Análise de Jurisprudência
DJe nº 92 de 19/05/2015, p. 46.
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08/04/2015 PLENÁRIO

PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE 105 DISTRITO FEDERAL

PROPOSTA

O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI (PRESIDENTE):


Senhores Ministros, trata-se de proposta de edição de súmula vinculante
apresentada pelo Ministro Gilmar Mendes com o objetivo de conferir
efeito vinculante ao enunciado da Súmula 721 deste Supremo Tribunal
Federal, que possui o seguinte teor:

“A competência constitucional do tribunal do júri prevalece


sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente
pela constituição estadual”.

Do ponto de vista formal, cumpre salientar que (i) foi publicado


edital de proposta de súmula vinculante (documento eletrônico 3); (ii)
decorreu o prazo para ciência e manifestação de interessados (documento
eletrônico 4); e (iii) a proposta foi formulada por parte legítima, com
suficiente fundamentação, estando o pedido devidamente instruído e
deduzido com supedâneo em reiteradas decisões do Supremo Tribunal
Federal relativas à matéria constitucional debatida.

No que se refere propriamente à matéria de fundo, o Ministro


Gilmar Mendes, na qualidade de Presidente da Comissão de
Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ressaltou que:

“A presente PSV constitui desdobramento da Proposta de


Súmula Vinculante n. 70, está amparada em minucioso estudo da
Secretaria de Documentação desta Corte (SDO) e atende a todos os
requisitos formais.
Na qualidade de Presidente da Comissão de Jurisprudência,
manifesto-me pela admissibilidade e conveniência da edição do referido
verbete vinculante, dado que espelha jurisprudência pacífica e atual

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8446618.
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desta Suprema Corte (art. 354-C, RISTF), e sugiro sua inclusão em


pauta” (documento eletrônico 33).

No mesmo sentido, como integrante da referida Comissão, o


Ministro Dias Toffoli asseverou o seguinte:

“Considero que a súmula em questão expressa, com fidelidade, a


orientação jurisprudencial consolidada nesta Suprema Corte, pelo que
me manifesto a favor da conversão proposta, tendo em vista sua
conveniência e adequação” (documento eletrônico 34).

Finalmente, o parecer do Procurador-Geral da República, pela


conversão em apreço, ressaltou que “a aprovação da presente proposta
confere força normativa à Constituição e prestigia a pacífica jurisprudência dessa
Corte” (pág. 5 do documento eletrônico 5).

Na sequência, os autos vieram conclusos à Presidência.

Bem examinados os autos, entendo que a presente proposta de


edição de súmula vinculante preenche os requisitos para sua aprovação.

Com efeito, trata-se de entendimento já consolidado pelo Plenário da


Corte em verbete não vinculante, aprovado em 24/9/2003 com base no
julgamento dos seguintes Habeas Corpus: 69.325/GO, 79.212/PB e
78.168/PB.

À guisa de exemplo, reproduzo a ementa do HC 78.168/PB, de


relatoria do Ministro Néri da Silveira:

“‘Habeas Corpus’. 2. Procurador do Estado da Paraíba


condenado por crime doloso contra a vida. 3. A Constituição do
Estado da Paraíba prevê, no art. 136, XII, foro especial por
prerrogativa de função, dos procuradores do Estado, no Tribunal de
Justiça, onde devem ser processados e julgados nos crimes comuns e de

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responsabilidade. 4. O art. 136, XII, da Constituição da Paraíba, não


pode prevalecer, em confronto com o art. 5º, XXXVIII, letra ‘d’, da
Constituição Federal, porque somente regra expressa da Lei Magna da
República, prevendo foro especial por prerrogativa de função, para
autoridade estadual, nos crimes comuns e de responsabilidade, pode
afastar a incidência do art. 5º, XXXVIII, letra d, da Constituição
Federal, quanto à competência do Júri. 5. Em se tratando, portanto, de
crimes dolosos contra a vida, os procuradores do Estado da Paraíba
hão de ser processados e julgados pelo Júri. 6. Habeas Corpus deferido
para anular, ab initio, o processo, desde a denúncia inclusive, por
incompetência do Tribunal de Justiça do Estado, devendo os autos ser
remetidos ao Juiz de Direito da comarca de Taperoá, PB,
determinando-se a expedição de alvará de soltura do paciente, se por al
não houver de permanecer preso”.

Deve-se registrar, ainda, que a Primeira Turma adotou o referido


entendimento nos Habeas Corpus 95.485/AL.

Da mesma maneira, a Segunda Turma aplicou o enunciado acima


transcrito no RE 464.935/RJ e no RHC 80.477/PI.

Na esteira do entendimento condensado na Súmula 721, foi


proferida, ainda, decisão monocrática na PET 1.849/PI (vide documento
eletrônico 10).

Percebe-se, assim, que o tema albergado pelo enunciado sob


encaminhamento revela-se atual e dotado de potencial efeito de
multiplicação, porquanto se mostra frequente a necessidade de reforçar o
disposto no art. 5º, XXXVIII, d, da Constituição Federal em face do foro
por prerrogativa de função estabelecido nas Constituições estaduais.

Ademais, importante consignar que o alcance da matéria em debate


não se restringe apenas às autoridades estaduais, mas abrange também
autoridades do próprio Legislativo municipal, como consignado na
ementa abaixo:

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“COMPETÊNCIA CRIMINAL. Originária. Ação penal. Crime


comum. Réu então vereador. Feito da competência do Tribunal de
Justiça. Art. 161, IV, d, nº 3, da Constituição do Estado do Rio de
Janeiro. Foro especial por prerrogativa de função. Constitucionalidade
reconhecida. Precedentes do Supremo. Processo anulado. Recurso
extraordinário improvido. Réu que perdeu o cargo de vereador.
Retorno dos autos ao juízo de primeiro grau. Prejuízo do recurso neste
ponto. Inteligência dos arts. 22, I, e 125, § 1º, do art. 22, I, da CF. Não
afronta a Constituição da República, a norma de Constituição
estadual que, disciplinando competência originária do Tribunal de
Justiça, lha atribui para processar e julgar vereador” (RE 464.935/RJ,
Rel. Min. Cezar Peluso).

Note-se que a referida decisão foi publicada em 27/6/2008, ou seja,


quase cinco anos após a edição da Súmula 721, o que denota ser
conveniente e adequado transformá-la em vinculante, com o objetivo de
desestimular e prevenir a subida de novos casos sobre questão já
pacificada pela Corte.

Isso posto, voto pela aprovação do verbete com a seguinte redação:

A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre


o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela
constituição estadual.

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Extrato de Ata - 08/04/2015

PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE 105


PROCED. : DISTRITO FEDERAL
PROPTE.(S) : SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, mediante a conversão da


Súmula nº 721, aprovou a proposta da edição da Súmula vinculante
nº 45, nos seguintes termos: “A competência constitucional do
tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função
estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual”. Ausentes,
justificadamente, o Ministro Celso de Mello e, participando do 3º
Seminário luso-brasileiro de Direito, em Portugal, o Ministro
Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo
Lewandowski. Plenário, 08.04.2015.

Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski. Presentes


à sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia, Dias
Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki e Roberto Barroso.

Procurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot Monteiro de


Barros.

p/ Fabiane Pereira de Oliveira Duarte


Assessora-Chefe do Plenário

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