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A ENFERMAGEM NO CUIDADO MATERNO: UM RELATO DE
EXPERIENCIA
Maria Eduarda Martini
Introdução: “Durante a gestação e no parto a qualidade da assistência prestada é
preconizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tendo a Unidade Básica de Saúde (UBS) como porta de entrada preferencial ao sistema de saúde” (NASCIMENTO, et al, 2021). Segundo Vieira e Parizotto (2013) a gestação é um período de mudanças na vida da mulher, entre elas físicas, psicológicas e sociais, da qual, a gestante pode se tornar mais sensível e emotiva, necessitando assim, de orientações profissionais e eficientes para tornar o período gestacional mais tranquilo para si e para a família. A enfermagem desempenha um papel crucial no período gestacional, fornecendo cuidados abrangentes, garantindo assim, uma experiência segura e saudável para as gestantes. Através da oferta de cuidados educativos e de suporte, os profissionais da enfermagem podem contribuir para a promoção de saúde materna, o bem-estar fetal e garantir o vinculo entre a gestante e a equipe de saúde. Os profissionais de enfermagem têm a oportunidade de estabelecer um relacionamento próximo com as gestantes, fornecendo suporte físico, emocional e educacional ao longo de todo o período gestacional . Para Martins et al. (2012) o pré-natal é essencial para que a mulher se prepare para ser mãe, e é por meio de consultas e outras ações desenvolvidas no âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF) que a gestante é acompanhada quanto ao desenvolvimento de sua gestação e as condições do bebê. Dessa forma, a assistência da equipe de saúde pode ser considerada como uma ferramenta para a prevenção de complicações clínicas e obstétricas no decorrer do período gestacional e parto. Durante a gestação, os enfermeiros desempenham funções de ajuda e controle, realizando consultas de enfermagem, analisando o histórico da paciente e os exames laboratoriais constantemente coletados. Além disso, fornecem informações e orientações sobre a nutrição balanceada e a importância das atividades físicas, assim como monitora ativamente o processo de fortalecimento e crescimento adequado do feto. De acordo com Sousa, Mendonça e Torres (2012) é na consulta do pré-natal que o enfermeiro tem a oportunidade de manter o acompanhamento da gestante, com anotações essenciais do atendimento realizado. Nesse sentido, o enfermeiro realiza medidas de promoção e prevenção à saúde da mulher e do feto, tais como aferição da pressão arterial, peso, altura, etc. “Por meio da assistência prestada, é possível identificar intercorrências precocemente e monitorar as gestantes que se encontram em situações de riscos” (NASCIMENTO, et al, 2021). Uma das principais responsabilidades do profissional enfermeiro no cuidado com as gestantes é a identificação precoce de fatores que possam levar a uma gravides de risco, desenvolvendo uma avaliação completa e minuciosa da paciente, analisando históricos anteriores e pré-existentes, assim como identificar problemas no estilo de vida que possam influenciar no ocasionamento de uma gravidez de risco, que posteriormente possa ocasionar um aborto espontâneo. “No Brasil, embora a mortalidade materna tenha sofrido redução, nas últimas décadas, o número de óbitos neonatais continua insatisfatório, tais óbitos que ainda ocorrem por causas evitáveis.” (OLIVEIRA, BARBOSA, MELO, 2016). A falta de busca por orientações de profissionais da saúde pode acarretar no desenvolvimento de uma gravidez com inúmeros riscos, podendo levar a abortos espontâneos entre os primeiros meses de gestação. O abortamento espontâneo é, para Freitas et, al, (2017) a síndrome hemorrágica da primeira metade da gravidez em que há eliminação do produto concebido. Sendo esse um evento não intencional que ocorre naturalmente, sem intervenção médica ou indução deliberada, podendo acometer cerca de 10% a 25% das gestações. Geralmente ocorre durante a primeira metade da gravidez, também conhecida como o primeiro trimestre, momento no qual, as complicações podem ser mais frequentes, necessitando de acompanhamento constante. “O aborto é um assunto extremamente complexo, devendo ser tratado através de diversos aspectos, tais como os cuidados frente à saúde da mulher e também em relação aos seus aspectos psíquicos, principalmente por ele ter uma conotação muito negativa. (FREITAS, et, al, 2017)” Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo relatar a vivencia de acadêmicos (as) do curso de graduação em Enfermagem da URI Campus Santiago, acerca das experiências vivenciadas no estágio da disciplina de Saúde Coletiva II, da qual foi realizada nas Estratégias de Saúde da Família (ESF) nas unidades Missões e São Jorge, durante os meses de maio e junho. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência da disciplina de Saúde Coletiva II, a qual foi desenvolvida durante atividade prática de observação da consulta de enfermagem com paciente em período gestacional, ocorrido no dia 29 de maio de 2023. Relato de experiência: Os acadêmicos do V semestre de enfermagem realizaram atividades práticas dentro das estratégias de saúde da família como forma de adquirir conhecimento sobre a atuação do enfermeiro dentro da unidade, foram realizadas observações de coleta de citopatológico, consultas de enfermagem realização de curativos e coleta de material para teste rápido de COVID-19. A paciente da qual a presente acadêmica presenciou estava em período inicial de gestação, chegou ao ESF com fortes dores e sangramento ininterrupto, da qual, já ocorria por sete dias seguidos, apresentava indícios de aborto espontâneo, realizou coleta de exames e ultrassonografia transvaginal para determinar se ainda existia a presença do feto. No período da consulta as imagens ainda não determinavam a expulsão completa do feto. A enfermeira responsável pela unidade orientou a paciente a buscar ajuda psicológica, pois apesar da expulsão ainda ser incompleta, a perda do filho era inevitável, o aconselhável seria buscar conforto com a família e a ajuda médica até o fim do período de aborto. Considerações Finais: Segundo o pensamento de Silva et al. (2020) a ocorrência de um aborto na vida da mulher que espera ansiosamente pela chegada do seu filho pode modificar alguns dos funcionamentos normais do seu corpo, tanto fisiológico quanto psicológico, principalmente quando o fato em questão, é inesperado pela gestante. É importante ressaltar que em casos onde ocorre uma perda, da qual abala sentimentalmente um individuo, se faz necessário que haja uma assistência humanizada, embasada nas necessidades de cada paciente. “Neste sentido, quando o processo de abortamento está sendo vivenciado, desencadeia nas mulheres diversos sentimentos como: dor, angústia, medo daí a necessidade de acolhimento e orientação que visem à assistência de qualidade” (COSTA, 2019). “Em relação aos aspectos psicológicos, quando uma gestação é interrompida pela perda do bebê, inicia-se um processo de luto diferenciado a ser enfrentado pela mãe e pela família” (FREITAS, et al, 2017). Se faz necessário destacar que esses aspectos psicológicos podem variar de pessoa para pessoa e que cada indivíduo lida com o assunto em questão de maneira singular. O suporte emocional, seja por meio de terapia individual, grupos de apoio ou apoio de entes queridos, pode ser construtivo para fornecer suporte na recuperação emocional após um aborto espontâneo. Desse modo a discussão do tema relatado se faz de grande importância para compreensão da atuação do enfermeiro frente à situação abordada no trabalho, sendo esses agentes facilitadores da elaboração do luto e mediadores da recuperação completa das gestantes em situações de aborto. Referencias:
COSTA, T, et al. Aspectos socioculturais e emocionais no cuidado de Enfermagem à
pacientes em situação de abortamento: revisão integrativa. 2019. Disponível em: http://ri.ucsal.br:8080/jspui/bitstream/prefix/1431/1/TANANECOSTA.pdf. Acesso em: 02 jul. 2023. FREITAS, A. P. B. et al. Abortamento Espontâneo: Vivência E Significado Em Psicologia Hospitalar. Revista Científica Semana Acadêmica, Fortaleza. 17 de mar. 2017. Disponível em: https://www.semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_semana_academic a_aborto.pdf. Acesso em: 29 de jun. 2023. MARTINS, J. S. A. et al. A Assistência de Enfermagem no Pré-Natal: Enfoque na Estratégia da Saúde da Família. Revista UNIABEU, Belford Roxo, v. 5, n. 9, jan./abr., p. 278-288, 2012. Disponível em: https://revista.uniabeu.edu.br/index.php/RU/article/viewFile/369/pdf_152. Acesso em: 01 jul. 2023.
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OLIVEIRA, E. C; BARBOSA, S. M; MELO, S. E. P. A Importância Do
Acompanhamento Pré-Natal Realizado Por Enfermeiros. Revista Científica FacMais, Goiás, v. 7, n. 3, p. 25-38, 10 nov. 2016. Disponível em: https://revistacientifica.facmais.com.br/wp-content/uploads/2017/01/Artigo-02-A- import%C3%A2ncia-do-acompanhamento-pr%C3%A9-natal-realizado-por- enfermeiros.pdf. Acesso em: 29 jun. 2023 SILVA, L. et al. Percepção das mulheres em situação de Abortamento frente ao cuidado de Enfermagem. Revista Ciência Plural, v. 6, n. 1, p. 44-55, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/view/18627. Acesso em: 03 jul. 2023.
SOUSA, A. J. C. Q.; MENDONÇA, A. E. O; TORRES, G. V. Atuação do enfermeiro
no pré-natal de baixo risco em uma unidade básica de saúde. Carpe Diem: Revista Cultura e Científica do UNIFACEX. v. 10, n.10, p. 1-15, 2012. Disponível em: https://periodicos.unifacex.com.br/Revista/article/view/205. Acesso em: 02 jul. 2023.
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