Ética e Deontologia
Ética e Deontologia
Ética e Deontologia
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Definir a ética
Ética: do grego “ethiké” ou do latim “ethica” (ciência relativa aos
costumes), ética é o domínio da filosofia que tem por objectivo o
juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento
correcto e o incorrecto.
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Da deontologia
Deontologia (do grego δέον, dever + λόγος, tratado) é um
termo introduzido em 1834 por Jeremy Bentham para
referir-se ao ramo da ética cujo objecto de estudo são os
fundamentos do dever e as normas morais. É conhecida
também sob o nome de "Teoria do Dever". É um dos dois
ramos principais da Etica Normativa juntamente com a
axiologia.
Ética descritiva
Ética prescritiva.
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Deontologia Profissional
códigos de deontologia:
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Conflito Moral e Direito
O Direito é uma sub-categoria ou sub-conjunto
da Moral?
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O Objectivo da Ética
A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau.
Um dos objectivos da Ética é a procura de
explicações para as regras propostas pela Moral
e pelo Direito.
A Ética é diferente da Moral e do Direito –
porque não estabelece regras.
É esta reflexão sobre a acção humana que a
caracteriza.
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Concepções de Moral
A palavra Moral tem origem no latim - morus - significando os usos e
costumes.
Moral é o conjunto das normas para o agir específico ou concreto. A Moral
está contida nos códigos, que tendem a regulamentar o agir das pessoas.
Moral: (substantivo)
1. O mesmo que Ética.
2. O objecto da Ética, a conduta enquanto dirigida ou disciplinada por
normas, o conjunto dos mores. Neste significado a palavra é usada nas
seguintes expressões: "a moral dos primitivos", "a moral contemporânea"
etc.[2]
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Concepções de Moral (Cont.)
Para Piaget, toda Moral é um sistema de regras
e a essência de toda a moralidade consiste no
respeito que o indivíduo sente por tais regras.[3]
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Ética/Moral/ Direito
Direito Ética
Moral
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Teorias Éticas Fundamentais
NA GRÉCIA ANTIGA:
DOIS REFERENTES FUNDAMENTAIS:
A Polis: “cidades-estado” - ideal de cidadãos e de sociedade
O Cosmos: teorias éticas baseadas nas concepções cósmicas.
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Teorias éticas: GRÉCIA ANTIGA (CONT.)
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Teorias éticas (Cont.)
3.Idade Média
O longo período que se estende entre o século IV e o século XV, é
marcado pelo predomínio absoluto da moral cristã. Deus é
identificado com o Bem, Justiça e Verdade. É o modelo que todos os
homens deviam procurar seguir. Neste contexto dificilmente se
concebe a existência de teorias éticas autónomas da doutrina da
Igreja Cristã, dado que todas elas de uma forma ou outra teriam que
estar de concordo com os seus princípios.
Teorias Éticas Fundamentais
Santo Agostinho (354-430). Fundamentou a moral cristão, com
elementos filosóficos da filosofia clássica. O objectivo da moral é
ajudar os seres humanos a serem felizes, mas a felicidade suprema
consiste num encontro amoroso do homem com Deus. Só através
pela graça de Deus podemos ser verdadeiramente felizes.
St. Tomás Aquino (1225-1274). No essencial concorda com Santo
Agostinho, mas procura fundamentar a ética tendo em conta as
questões colocadas na antiguidade clássica por Aristóteles.
[1] O epicurismo é do século IV a. C. mas dura até hoje sob o nome de “hedonismo” ou “utilitarismo”. O
epicurismo histórico foi bastante associal e é este aspecto que o utilitarismo irá procurar corrigir.
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Teorias éticas (Cont.)
4.Idade Moderna (Entre os séculos XVI e XVIII, a sociedade
Europeia é varrida por profundas mudanças que alteram
completamente as concepções anteriores)
Renascimento. Em Itália a partir do século XIV desenvolve-se um
movimento filosófico e artístico que retoma explicitamente ideias da
Antiguidade Clássica. O homem ocupa nestas ideias o lugar central
(antropocentrismo).
Descobertas Geográficas. A aventura iniciada em 1415 pelos
portugueses, teve um profundo impacto na sociedade europeia, com
novas concepções sobre a Terra e o Universo. Com Copérnico o
universo deixa de ser concebido como um mundo fechado para ser
encarado como espaço infinito.
Divisões na Igreja. O século XVI é marcado por diversos
movimentos de ruptura no cristianismo, que provocam o
aparecimento de novas igrejas, cada uma reclamando para si a
interpretação mais correcta da palavra divina. O resultado global foi o
aumento da descrença e o desenvolvimento do ateísmo.
Ciência Moderna. O grande critério do conhecimento deixa de ser a
tradição, a autoridade e passa a ser a experiência. O
desenvolvimento do Individualismo e a afirmação da razão humana.
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Teorias éticas (Cont.)
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Teorias éticas (Cont.)
David Hume (1711-1778). Defende que as nossas acções são em
geral motivadas pelas paixões. Os dois princípios éticos
fundamentais são a utilidade e a simpatia. Hume é um moralista
descritivo, fixando-se na origem das ideias morais para determinar
em que medida os sentimentos básicos de que derivam são
susceptíveis de explicar a vida colectiva que é, na essência, o
mundo moral. Seguindo o espírito científico Hume considera que a
moralidade se deve apoiar em questões de facto não podendo ser
gratuitamente especulativa, sendo a justiça a virtude suprema. A
justiça é o vínculo da vida social: as regras de justiça têm por objecto
o bem ou interesse comum, a utilidade de todos, mas politicamente o
vínculo é a sua utilidade.
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Teorias éticas (Cont.)
5. Idade Contemporânea (Nos finais do Século XVIII)
Revoluções. A Revolução Francesa (1789) marcou uma ruptura
deliberada e radical com o passado.
Guerras Mundiais. A grande novidade na Idade Contemporânea
assentou num aspecto essencial: a crescente eficiência da barbárie
praticada por poderosas máquinas de guerra passaram a operar
numa escala cada vez mais global.
Progresso científico e tecnológico. A ciência substituiu o lugar que
antes era ocupado pela religião na condução dos homens:
a) A ciência e a tecnologia mudaram o mundo possibilitando uma
melhoria muito significativa da vida de uma parte significativa da
humanidade. Mas as desigualdades a nível mundial não diminuíram antes
se acentuaram. Uns não sabem o que fazer a tanto desperdício, outros
lutam diariamente por obter restos que lhes permitam sobreviver.
b) Não parecem existir limites para o desenvolvimento da ciência e da
técnica. Aquilo que era antes impensável tornou-se hoje banal:
manipulações genéticas, clonagem de seres, inseminação artificial, morte
assistida, etc.
c) O progresso humano fez-se mais lentamente que o progresso científico
e tecnológico, ou dito de outro modo, o progresso moral não acompanhou
o científico.
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Teorias éticas (Cont.)
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Teorias éticas (Cont.)
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Teorias éticas (Cont.)
São apresentados, a seguir, diferentes textos que contém as várias formas apresentadas para
o imperativo categórico e alguns comentários sobre os mesmos[1].
Imperativo Categórico:
Age somente, segundo uma máxima tal, que possas querer ao
mesmo tempo que se torne lei universal.
Imperativo Universal:
age como se a máxima de tua acção devesse tornar-se, por tua
vontade, lei universal da natureza.
Imperativo Prático:
age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua
pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim
ao mesmo tempo e nunca apenas como um meio.
[1] Kant E. Fundamentos da metafísica dos costumes. Rio de Janeiro: Ediouro, sd:70-1,79.
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Teorias éticas (Cont.)
Kant criou o termo “Imperativo”, no seu livro “Fundamentação da
Metafísica dos Costumes”, escrito em 1785. Esta palavra pode ser
entendida, segundo alguns autores como uma analogia ao termo
bíblico “Mandamento”.
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Teorias éticas (Cont.)
Adam Smith (1723-1790). Há quem refira que para Smith a simpatia é a
condição necessária e suficiente para fundamentar a moral.
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Teorias éticas (Cont.)
Para Smith são as regras de conduta que tornam possível a vida em
sociedade e a cooperação.
O homem necessita de se integrar num grupo para a sua
sobrevivência e para o seu desenvolvimento. Por isso a natureza
dotou a raça humana de aptidões e qualidades que a levam à vida
em sociedade e, inclusive, a movem a procurar o respeito e a
aprovação dos outros.
Adam Smith coloca ao lado da simpatia e das paixões as virtudes e
por isso o espectador honrado e imparcial de Smith não se contenta
em garantir simplesmente que a humanidade se alimente, deseja,
também que mostre sentimentos generosos, nobres e que desfrute
de mentes activas, curiosas e inovadoras.
Smith deseja que o homem atinja um equilíbrio entre os diversos
aspectos da vida, pois a insensatez levaria a um desiquilíbrio. A
doentia admiração da riqueza é, em última instância, a grande e
universal causa da corrupção dos nossos sentimentos morais. O
homem não vive só de pão e –tão-pouco só de benevolência. Para
alcançar o equilíbrio é necessário perseguir simultaneamente as três
virtudes de “ prudência, justiça rigorosa e correcta benevolência”.
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Teorias éticas (Cont.)
Utilitarismo. Jeremy Bentham(1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873)
desenvolverão uma ética baseada no princípio da utilidade. As
acções morais são avaliadas em função das consequências morais
que originam para quem as pratica, mas também para quem recai os
resultados. Princípio que deve nortear a acção moral: "A máxima
felicidade possível para o maior número possível de pessoas". O
Bom é aquilo que for útil para o maior número de pessoas,
melhorando o bem-estar de todos, e o Mal é o seu contrário. Esta
concepção deu origem no século XX às éticas pragmatistas ou
utilitaristas.
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Teorias éticas (Cont.)
Sartre. A moral é uma criação do próprio homem que se faz a si
próprio através das suas escolhas em cada situação. O relativismo é
total. Mas este facto não o desculpa de nada. A sua responsabilidade
é total dado que ele é livre de agir como bem entender. A escolha é
sempre sua.
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Teorias éticas (Cont.)
Crítica.Ao longo de todo o século XIX e XX sucederam-se as
teorias que denunciaram o carácter repressivo da moral, estando
muitas vezes ao serviço das classes dominantes (Karl Marx, 1818-
1883) ou dos fracos (Nietzsche,1844-1900).Outros demonstram a
falta de sentido dos conceitos éticos, como "Dever", "Bom" e outros
(Alfred J.Ayer), postulando o seu abandono por se revelarem pouco
científicos. Sigmund Freud (1856-1939) demonstrou o carácter
inconsciente de muitas das motivações morais. Um das correntes
que maior expressão teve no século XX, foi a que procurou
demonstrar as raízes biológicas da moral, comparando o
comportamento dos homens e de outros animais. Aquilo que
denominamos por "ética" é apresentado como uma forma camuflada
ou racionalizada de instintos básicos da nossa natureza animal
idênticos a outros animais.
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Ética Profissional
É fundamental ter sempre em mente que há uma série de
atitudes que não estão descritas nos códigos de todas as
profissões, mas que são comuns a todas as actividades
que uma pessoa pode exercer.
Atitudes de generosidade e cooperação no trabalho em
equipa, mesmo quando a actividade é exercida
solitariamente numa sala, faz parte de um conjunto maior
de actividades que dependem do bom desempenho.
Uma postura pró-activa, ou seja, não ficar restrito apenas
às tarefas que lhe foram dadas, mas contribuir para o
engrandecimento do trabalho, mesmo que ele seja
temporário.
E isto é parte do que se chama boa empregabilidade: a
capacidade que você pode ter de ser um profissional que
qualquer patrão desejaria ter entre os seus empregados,
um colaborador. Isto é: ser um profissional eticamente
bom.
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Ética Profissional e relações sociais
As leis de cada profissão são elaboradas com o objectivo de proteger os profissionais,
a categoria como um todo e as pessoas que dependem daquele profissional, mas há
muitos aspectos não previstos especificamente e que fazem parte do compromisso do
profissional em ser eticamente correcto, aquele que, independente de receber elogios,
faz A COISA CERTA, O QUE DEVE FAZER.
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DIREITOS HUMANOS
Quais as limitações das concepções objectivas e subjectivas dos valores?
Qual a necessidade de valores universais?
Baseados em que valores condenamos as guerras, os genocídios,as
manipulações genéticas; os atentados ambientais; as perseguições de
minorias étnicas ou religiosas?
"De tudo quanto se disse antes (sobre os valores) podemos sintetizar numa
definição.
1) Não existem valores em si, como entes ideais ou reais, mas objectos reais
(ou bens) que possuem valor.
2) Uma vez que os valores não constituem um mundo de objectos que exista
independentemente do mundo dos objectos reais, só se dão na realidade -
natural e humana- como propriedades valiosas desta realidade.
3) Os valores requerem, por conseguinte - como condição necessária-, a
existência de certas propriedades reais - naturais ou físicas - que constituem
o suporte necessário das propriedades que consideramos valiosas.
4) As propriedades reais sustentam o valor, e sem as quais não se daria este,
só são valiosas potencialmente. Para se actualizarem e se converterem em
propriedades valiosas efectivas, é indispensável que o objecto se encontre
em relação com o homem social, com os seus interesses ou necessidades.
Deste modo, o que só vale potencialmente adquire um valor efectivo.
A. Sánchez Vásquez, Ética
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VALORES E CONSENSOS MUNDIAIS (Síntese)
1. A oposição "valores objectivos"/ "valores subjectivos" ao dicotomizar a
questão dos valores, tende a secundarizar o papel desempenhado por
movimentos sociais, políticos e filosóficos ao longo da história na sua
selecção e consagração num contexto mundial.
2. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela ONU,
em 1948, consagrou no plano mundial um conjunto de valores que
reputados de essenciais, não apenas para servirem de ideal à acção
humana, mas também para definirem o enquadramento legal dentro do
qual os Estados podem legislar, julgar e actuar.
3.Estes valores são assumidos como universais. Neste sentido, apesar da
diversidade das culturas e das sociedades, esta diversidade não pode ir
contra estes valores. A Declaração serve não apenas para julgar os actos
humanos (plano ético), mas também para avaliar e julgar a acção do
diferentes Estados em relação aos seus cidadãos, configurando também
um modelo de uma sociedade global livre e democrática.
4.Entre os valores da Declaração destacamos os seguintes:
- A Pessoa como um valor em si
- A Dignidade Humana
- A Liberdade
- A Igualdade
- A Fraternidade
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