Malanje
Malanje | |||
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Localidade de Angola (Cidade e município) | |||
Aspecto do centro da cidade, em 2011. | |||
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Dados gerais | |||
Fundada em | 1868 (156 anos) | ||
Gentílico | malanjense | ||
Província | Malanje | ||
Município(s) | Malanje | ||
Características geográficas | |||
Área | 2 422 km² | ||
População | 569 474[1] hab. (2018) | ||
Densidade | 92 hab./km² | ||
Altitude | 1.220 m | ||
Localização de Malanje em Angola | |||
Dados adicionais | |||
Prefixo telefónico | +244 | ||
Projecto Angola • Portal de Angola | |||
Malanje (por vezes erroneamente grafada como Malange) é uma cidade e município de Angola, capital da província de Malanje.
Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, conta com uma população de 569 474 habitantes e área territorial de 2 422 km², sendo o município mais populoso da província.[1][2]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A palavra "Malanje", teria vindo da língua quimbunda antiga, e teria como significado o termo "as pedras" (ma-lanji), existindo, porém, várias versões sobre a origem do nome Malanje.[3]
A versão mais conhecida afirma que antes da colonização portuguesa o rio Malanje (ou rio Cadianga) foi atravessado por mercadores e, como na época não existiam pontes, as pessoas tinham que passar pelos rios em cima de pedras. Após atravessar o rio, os mercadores avistaram os moradores locais, os perguntando qual era o nome do rio, a que os moradores responderam "Ma-lanji Ngana" (são pedras, Senhor).[3]
Geografia
[editar | editar código-fonte]O município é limitado a norte pelo município de Cuaba Nzogo, a leste pelo de Mucari, a sul pelos municípios de Cangandala e Mussende, e a oeste pelos de Cacuso e Calandula.
O município é constituído pela comuna de Malanje, que equivale à própria cidade de Malanje, além das comunas de Nugola-Luije e Cambaxe.[4]
História
[editar | editar código-fonte]O território municipal de Malanje era no passado parte do reino da Matamba, um Estado poderoso que confrontou o Império Português até o início do século XIX, quando finamente caiu.
De entreposto comercial à sede distrital
[editar | editar código-fonte]Os primeiros mercadores portugueses chegaram ao rio Malanje no século XVII, na travessia das pedras, encontrando ali um lugar rudimentar em que os habitantes do entorno utilizavam para trocas e escambo. Os portugueses chamaram o local de "Ma-lanji".[5]
O chefe tribal da já bem estabelecida Passagem-Feira (ou Dembo) de Ma-lanji, ao ver os resultados da guerra (1850-1862) entre o reino de Cassange o reino de Portugal, se antecipa a alguma intervenção portuguesa e oferece estatuto de "moradores" aos comerciantes lusitanos, em 1852. As autoridades coloniais a transformam no povoado de Malanje e erguem a paróquia de Nossa Senhora de Assunção.[5]
No ano de 1857 foi fundado em Ma-lanji um presídio e em 1862, após o fim da terceira guerra do Cassange, foi construído o Forte de Malanje.[6]
Em 1867/68 as autoridades colonias elevam a localidade-feira ao estatuto de vila, recebendo a sede do conselho, com a grafia do nome passando a ser Malanje.[6]
Em 13 de julho de 1895 é criado o "distrito de Lunda", para administração portuguesa junto ao Protetorado Lunda-Chócue. A capital foi assentada em Saurimo e preterida em 1896 para Malanje, permanecendo até o ano de 1921, quando volta novamente para Saurimo.[6]
Da década de 1900 às guerras
[editar | editar código-fonte]Na década de 1900 a região passa por um enorme processo de integração com o restante da colônia, quando a linha do Caminho de Ferro de Luanda, que liga Malanje a Luanda é concluída.[7]
Até o início da década de 1920 a a região de Malanje estava conectada administrativamente com o distrito de Lunda (atual Lunda Sul) quando, em 1921, o governador colonial José Norton de Matos devolve a capital distrital de Lunda para a cidade de Saurimo, e; no ato seguinte cria o distrito de Malanje, fixando sede nesta cidade.[8]
No final da década de 1960 e início da década de 1970 o MPLA utilizou Malanje como ponta de lança para atacar as forças portuguesas no centro-norte da nação, no que ficou conhecido como Rota Agostinho Neto da Frente Leste. A lutar em simultâneo contra tropas portuguesas, contra a UNITA e confrontado com divergências internas, o MPLA abandonou a estratégia.[9] A partir de 1976, após intensas batalhas, a cidade ficou sob completa administração do governo angolano sob a égide do MPLA.[10]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]Transportes
[editar | editar código-fonte]A cidade é ligada por via rodoviária pela EN-140, que a liga ao norte à cidade de Calandula, e ao sul à Cangandala. Outra rodovia importante é a EN-230 que a liga ao Nadalatando, à oeste, e ao Mucari, ao leste.[11][12]
Malanje é o ponto final do Caminho de Ferro de Luanda, um dos mais importantes meios de transporte e escoamento da região. Sua ligação final se dá com o Porto de Luanda.[12]
A cidade é servida pelo Aeroporto de Malanje.
Educação
[editar | editar código-fonte]A cidade de Malanje sedia a importante Universidade Rainha Njinga a Mbandi,[13] além de diversas outras instituições de ensino.
Cultura e lazer
[editar | editar código-fonte]Um dos principais pontos de atração da qual dispõe Malanje é o Parque Nacional da Cangandala, sendo uma reserva de proteção de diversas espécies, além de ser muito apreciado pelo eco-turismo.
A Arquidiocese de Malanje promove duas tradições culturais-religiosas muito populares na cidade, sendo a maior a Procissão de Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, que sai da paróquia de Nossa Senhora de Fátima da Maxinde e culminando na igreja da Sé Catedral de Malanje,[14] e; a Peregrinação ao Santuário Pungo-Andongo, sendo uma procissão de velas, acompanhada da transportação da imagem da Nossa Senhora do Rosário, a partir do local onde se encontram as peugadas da Rainha Ana de Sousa até ao Santuário de Pungo-Andongo.[15]
Algumas das principais equipas de futebol de Malanje são o Ritondo Sport Clube de Malanje, o Malanje Sport Clube e o Macotas de Malanje, que já disputaram o Girabola. O futebol é a prática desportiva mais popular entre os malanjenses.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b Schmitt, Aurelio. Município de Angola: Censo 2014 e Estimativa de 2018. Revista Conexão Emancipacionista. 3 de fevereiro de 2018.
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 14 de setembro de 2010. Arquivado do original em 15 de outubro de 2009
- ↑ a b Alexandre, Helder Pande. Proposta de Harmonização Gráfica da Toponímia de Angola: O Caso do Município de Malanje. Universidade Nova de Lisboa. Março de 2015.
- ↑ Comunas. Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado. 2018.
- ↑ a b Malanje Province. LQF Brujulea. 2022.
- ↑ a b c Rodrigues, Valeriano António. (2 de dezembro de 2020). «Malanje». Conheça a história da nossa terra
- ↑ Santos, Egídio Sousa. A Cidade de Malanje na história de Angola (dos finais do século XIX até 1975). Luanda: Nzila, 2006.
- ↑ Malange Medicare Club. 2022
- ↑ Benjamim Almeida (2011). «Angola - O conflito na Frente Leste». Âncora Editora. Consultado em 8 de maio de 2024
- ↑ Memórias das batalhas que levaram à reconquista da cidade do Luena. Jornal de Angola. 29 de novembro de 2014.
- ↑ Angola/Malanje: Reabilitação da Estrada 230 termina em 2017. Portal Angop. 3 de setembro de 2016.
- ↑ a b Estudo sobre o estado das rodovias e ferrovias de Malanje. República de Angola - Ministério dos Transportes. 2018
- ↑ Decreto presidencial nº 285, de 29 de outubro de 2020 - Estabelece a reorganização da Rede de Instituições Públicas de Ensino Superior. Diário da República - I Série - nº 173. 29 de outubro de 2020.
- ↑ Malanje: Procissão de solenidade do corpo de Cristo junta milhares de fiéis católicos. Portal Angop. 4 de junho de 2018.
- ↑ Malanje: Procissão de velas abre peregrinação ao Santuário de Pungo-Andongo. Portal Angop. 6 de outubro de 2017.