RESUMO:Em carta e nos poemas O banho de xampu e Canção do tempo das chuvas, Elizabe... more RESUMO:Em carta e nos poemas O banho de xampu e Canção do tempo das chuvas, Elizabeth Bishop (2006, 2011 e 2012) representa Key West, na Flórida, e a Casa de Samambaia, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, retratando-os como luga-res de maior acolhimento para sua subjetividade e sexualidade. Nesses textos, a poeta revela um jogo erótico com o lugar, dinamizado pelo soterramento de sua intimidade em descrições, aparentemente, neutras da realidade. Essa dinâmica sugere há existência de um jogo libidinal entre a insinuação de um segredo e, ao mesmo tempo, a manutenção de seu sigilo. Dona de uma poética do armá-rio (SEDGWICK, 2007), Bishop, uma mulher lésbica, nesses textos, aponta para experiências íntimas, marcadas pela jouissance, pela relação erótica com o lugar (BATAILLE, 1987). Neste ensaio, proponho pensar esse jogo, destacando expres-sões de gozo simulacradas na relação com o ambiente, um gozo que se realiza à revelia da opressão, da hostilidade de gênero e do preconceito (LUGONES, 2019).PALAVRAS-CHAVE: Elizabeth Bishop. Representações da Intimidade. Erotismo. Armário. Gozo.
ABSTRACT: In a letter and in the poems The Shampoo and Song for the Rainy Sea-son, Elizabeth Bishop (2006, 2011, and 2012) represents Key West, Florida, and her house in Petrópolis, Rio de Janeiro, depicting them as zones of greater acceptance for her subjectivity and sexuality. In these texts, the poet reveals an eroticized dy-namic with the idea of place, dynamized by the burying of her intimacy under appar-ently neutral descriptions of reality. This dynamic points to a libidinal urge between the hint of a secret and, at the same time, the maintenance of its secrecy. Owner of a poetics of the closet (SEDGWICK, 2007), Bishop, a lesbian woman, in these texts, points to intimate experiences, marked by jouissance (BATAILLE, 1987), by an erotic bond with place. In this essay, I discuss this dynamic, highlighting expressions of veiled jouissance, hidden underneath descriptions of the immediate space, which take place in spite of oppression, gender hostility and prejudice (LUGONES, 2019). KEYWORDS: Elizabeth Bishop. Representations of Intimacy. Eroticism. Closet. Jouissance.
Resumo: Os textos de Elizabeth Bishop são marcados por relações interpessoais, muitas vezes, este... more Resumo: Os textos de Elizabeth Bishop são marcados por relações interpessoais, muitas vezes, estereotipadas, em que o outro é subalternizado e exoticizado. Conforme Santos (2013, p. 636),pode se dizer que há, neles, uma visão que concorre "para a produção e reprodução de uma modalidade de violência simbólica", através da qual se naturaliza condições de subordinação e se ocidentaliza o mundo, plasmando, portanto, (GLISSANT, 2005, p. 30). Entrecruzando literatura e escritos biográficos, penso representações que a poeta fez do Brasil e de sua gente, sobretudo de trabalhadores subalternizados, para apreender esse topos de seu trabalho um lugar barroco, em certo sentido, que, como diriam Gilberto Gil e Torquato Neto, é uma brutalidade jardim; aporia da Terra de Macunaíma.
Resumo: Partindo da ideia de metacomentário de Jameson (1992), o presente ensaio visa a discutir ... more Resumo: Partindo da ideia de metacomentário de Jameson (1992), o presente ensaio visa a discutir a ficcionalização da história e a politização da experiência de sujeitos margina-lizados, historicamente apagados da narrativa histórica oficial, como estratégia de revisão da grande narrativa de formação estadunidense e de ressignificação da participação de sujeitos negros e ameríndios nesse processo. Tomou-se como corpus os seguintes romances: The color purple (1982), de Alice Walker; Beloved (1987) e Home (2012), de Toni Morrison; Mean Spirit (1990), de Linda Hogan, e Ceremony (1977), de Leslie Marmon Silko, aqui compreendidos como metacomentários, que retomam a versão oficial da história para preencher suas lacunas e reescrevê-la a partir de novos focos narrativos, mais inclusi-vos e polifônicos, que legitimam a perspectiva de sujeitos subalternizados, propondo um (des)recalcamento da violência colonial, como ponto de mutação e de empoderamento, um resgate de culturas e práticas ancestrais como forma de curar-se da colonialidade e como plataforma política de resistência ao processo de ocidentalização da América. Palavras-chave: Metacomentário. Narrar o trauma. Politização da experiência. Abstract: From Jameson's idea of metacommentary (1992), this paper aims at discussing the fictionalization of history and the politicization of marginal experiences as a strategy for the revision of North-American official narrative, reframing the participation of black and indigenous peoples. The following novels were taken into account: The color purple (1982), by Alice Walker; Beloved (1987) and Home (2012), by Toni Morrison; Mean Spirit (1990), by Linda Hogan, and Ceremony (1977), by Leslie Marmon Silko, all considered as metacommentaries which, by opposing the official version of history, fill its gaps, and rewrite it from new narrative viewpoints. These narratives legitimize marginalized perspectives , center excluded subjects, and propose a rescue of traditional cultural practices as a means of healing from coloniality as well as a political platform for resisting the westernization of the Americas.
Miscelânea, Assis, v. 20, p. 343-357, jul. – dez., 2016
RESUMO: Em The Man who Fell in Love with the Moon, Spanbauer (1991) recupera a narrativa de conqu... more RESUMO: Em The Man who Fell in Love with the Moon, Spanbauer (1991) recupera a narrativa de conquista do oeste norte-americano, preenchendo suas lacunas a partir da posição de um índio berdache mestiço, que “opta” pela reconstrução de sua identidade histórica na diferença. A narrativa, fragmentada e polifônica, promove o choque de cosmologias e identificações de gênero em prol de uma política de fronteira e de não assimilação (ANZALDÚA, 1987; BARNARD, 1997). Neste ensaio, analisamos os efeitos da imposição da episteme anglo-americana sobre os índios, Shoshone e Bannock, enfatizando o não-dito e a negação da diversidade étnico-cultural na história oficial (CÔTÉ, 2001; WALTER, 2004, 2012; MUNANGA, 2004), assim como a politização da identidade mestiça/queer como forma de garantir o resgate da identidade e a reconstrução de um lugar epistêmico de pertencimento. PALAVRAS-CHAVE: Grands récits; Micro-récits; Identidade histórica; Queer; Berdache.
ABSTRACT: In The Man who Fell in Love with the Moon, Spanbauer (1991) retrieves the North-American narrative of conquest of the West, filling its gaps from the position of a berdache mestizo Indian, a borderlander who “chooses” for the reconstruction of her/his historical identity from difference. The fragmented and polyphonic narrative promotes a collision of multiple cosmologies, questioning gender identifications and pledging for a borderland policy, based on difference and non-assimilation (ANZALDÚA, 1987; BARNARD, 1997). We analyze the imposition of the Anglo-American episteme upon the Shoshone and the Bannock tribes, stressing the unsaid and the denial of ethnic and cultural diversities in the official history (CÔTÉ, 2001; WALTER, 2004, 2012; MUNANGA, 2004) and the politicization of the mestizo/queer to rescue the historical identity and to reconstruct a place of belonging. KEYWORDS: Grands récits; Micro-récits; Historical identity; Queer; Berdache.
Este conto, cujo título original é “Ladies special”, foi publicado pela primeira vez em Lowestoft... more Este conto, cujo título original é “Ladies special”, foi publicado pela primeira vez em Lowestoft Chronicle, n.23, outono de 2015. Disponível em: www. lowestoftchronicle.com/issues/issue23/namratapoddar.html
A narrativa contemporânea é marcada pela presença real de um autor empírico em textos ficcionais,... more A narrativa contemporânea é marcada pela presença real de um autor empírico em textos ficcionais, o que indicia o retorno do autor e aponta para a redefinição das tradicionais fronteiras que separam a realidade da ficção. Oranges Are Not The Only Fruit, primeiro livro de Jeanette Winterson, é um exemplo típico desse tipo de narrativa. Nele, a escritora constrói, em primeira pessoa, a partir de experiências vividas na infância e adolescência, um texto ficcional entrecortado por fatos de sua vida. No texto de introdução da edição de 2001, Jeanette Winterson se questiona se Oranges é uma narrativa de natureza autobiográfica e revela uma posição ambígua em relação a isso: “no not at all and yes of course”, o que estabelece e, paralelamente, quebra o pacto referencial e constitui um jogo em que ficção e realidade se misturam. Nesse artigo, propomos discutir a presença da escritora em seu primeiro romance, confrontando-o ora com seu texto de memória Why Be Happy When You Could Be Normal? ora com informações biográficas. Em seguida, apresentaremos as características dessa presença a partir de Klinger (2012), Laddaga (2013) e Schollhammer (2012), enfatizando traços do retorno do autor ao texto ficcional e da visão etnográfica do narrador como marcas definidoras dessa narrativa.
Resumo
As composições de Elizabeth Bishop refletem uma atitude que caracteriza os lugares por ond... more Resumo As composições de Elizabeth Bishop refletem uma atitude que caracteriza os lugares por onde transitou como não-lugares; fragmentos do espaço nos quais não há uma relação forte entre o espaço e o sujeito (SÁ, 2006), que vive marcado pela constante sensação de não pertencimento. Com base em Hall (2006), pode-se dizer que isso é típico do sujeito traduzido, marcado pela ausência de uma fixação identitária ao lugar, o que pode, em nível interpessoal, originar-se da imposição de um poder colonizador sobre o indivíduo (QUIJANO, 2005). Nesse trabalho, observaremos como se dá essa relação, definindo não-lugar a partir das discussões de Augé (1995), para assim revelar como a obra de Bishop representa essa relação diferenciada com o espaço. Palavras Chave: Elizabeth Bishop, não-lugar, descolonização de si. Abstract Elizabeth Bishop's compositions depict an attitude that characterizes the places she has been to as non-places; spaces of transience that do not hold enough significance to attach individuals (SA, 2006). To Hall (2006), translated subjects endure this particular relation with space as they lack the sense of belonging. In interpersonal level, this may be a result of 'colonizing forces' acting over individuals (Quijano, 2005). In this paper, we define non-place from Marc Augé (1995) and analyze how Elizabeth Bishop represents it in her work. Key words: Elizabeth Bishop, non-place, decolonization of the self.
O livro Leituras contra-hegemônicas e decolonialidades propõe repensar os parâmetros utilizados n... more O livro Leituras contra-hegemônicas e decolonialidades propõe repensar os parâmetros utilizados no trabalho acadêmico, contribuindo, assim, para remodelar o modo enviesado de se produzir conhecimento. Ancorados em propostas que privilegiam as epistemologias do sul global, os dezessete artigos que compõem o volume, organizado por Tiago Silva, Carlos Magno Gomes, Joseana Souza e Tatianne Dantas, apresentam análises provocantes da literatura, a partir da politização e potencialização de experiências singulares, sugerindo, desse modo, um afastamento das leituras hegemônicas mais tradicionais, ocidentalizadas e ocidentalizantes, habilmente transferidas pelas práticas de produção do conhecimento e de representação. Com a elaboração da obra, espera-se cooperar com a construção de uma realidade social mais igualitária, em que a justiça social, também em termos epistêmicos, seja traço fundamental.
O Lugar do Outro: Representações da Alteridade na Literatura, 2021
O Lugar do Outro: representações da alteridade na Literatura, livro organizado por Tiago Silva, R... more O Lugar do Outro: representações da alteridade na Literatura, livro organizado por Tiago Silva, Rafaella Teotônio e Jocelaine Santos, nasce das discussões produzidas no espaço do Congresso Internacional de Literatura Comparada (ABRALIC) em 2019, a partir do Simpósio O lugar do outro: reflexões sobre representações da alteridade. Os artigos que o compõem, de pesquisadores de várias instituições do país, buscam contribuir para os estudos que questionam, reveem e refletem acerca das visões que constroem o lugar do outro, sendo esse outro, principalmente, o outro cultural, tido como minoritário, subalterno, marginalizado pela visão do eu hegemônico. As produções refletem sobre as múltiplas faces que a palavra alteridade pode tomar, seja nas relações em que o eu, enquanto escritor e por isso, produtor de sentido, olha o outro diferente de si e o representa, ou nas relações entre o eu e o outro, reveladas pelas figuras de narradores e personagens.
O livro Coletivo (Re)Existir: Poemas Reunidos, organizado por Tiago Silva e Luzileide Silva, reún... more O livro Coletivo (Re)Existir: Poemas Reunidos, organizado por Tiago Silva e Luzileide Silva, reúne textos poéticos de doze alunos e ex-alunos do Instituto Federal de Sergipe, Campus Estância. A coletânea é resultado de projetos de extensão desenvolvidos em 2019 e 2020, coordenados pelos organizadores, e fornece uma mostra potente do trabalho dos jovens poetas do Sul de Sergipe, trazendo textos influenciados, sobretudo, pela poesia slam, essa poesia de rua, urbana, de revolta, que tem preenchido as ruas das cidades, dos centros e das periferias, e também áreas rurais do Brasil, canalizando vozes que se levantam contra o preconceito, as injustiças do cotidiano, a dor de ser num país como o nosso.
Este livro investiga, a partir da obra literária e de material biográfico de Elizabeth Bishop, su... more Este livro investiga, a partir da obra literária e de material biográfico de Elizabeth Bishop, suas cartas, anotações, e fragmentos de seus diários, aspectos da (não)fixação da identidade, através de uma análise que favorece o espaço, o lugar e a "estranheza" no mundo, destacando a convergência entre esses elementos, os fenômenos de exílio, e as experiências de não-lugares, lugares de trânsito, cada vez mais frequentes na realidade contemporânea, apontando para esse último sítio ou não-sítio como uma estratégia de sobrevivência em lugares opressivos e indóceis, um jeito de conviver com o intolerável.
RESUMO:Em carta e nos poemas O banho de xampu e Canção do tempo das chuvas, Elizabe... more RESUMO:Em carta e nos poemas O banho de xampu e Canção do tempo das chuvas, Elizabeth Bishop (2006, 2011 e 2012) representa Key West, na Flórida, e a Casa de Samambaia, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, retratando-os como luga-res de maior acolhimento para sua subjetividade e sexualidade. Nesses textos, a poeta revela um jogo erótico com o lugar, dinamizado pelo soterramento de sua intimidade em descrições, aparentemente, neutras da realidade. Essa dinâmica sugere há existência de um jogo libidinal entre a insinuação de um segredo e, ao mesmo tempo, a manutenção de seu sigilo. Dona de uma poética do armá-rio (SEDGWICK, 2007), Bishop, uma mulher lésbica, nesses textos, aponta para experiências íntimas, marcadas pela jouissance, pela relação erótica com o lugar (BATAILLE, 1987). Neste ensaio, proponho pensar esse jogo, destacando expres-sões de gozo simulacradas na relação com o ambiente, um gozo que se realiza à revelia da opressão, da hostilidade de gênero e do preconceito (LUGONES, 2019).PALAVRAS-CHAVE: Elizabeth Bishop. Representações da Intimidade. Erotismo. Armário. Gozo.
ABSTRACT: In a letter and in the poems The Shampoo and Song for the Rainy Sea-son, Elizabeth Bishop (2006, 2011, and 2012) represents Key West, Florida, and her house in Petrópolis, Rio de Janeiro, depicting them as zones of greater acceptance for her subjectivity and sexuality. In these texts, the poet reveals an eroticized dy-namic with the idea of place, dynamized by the burying of her intimacy under appar-ently neutral descriptions of reality. This dynamic points to a libidinal urge between the hint of a secret and, at the same time, the maintenance of its secrecy. Owner of a poetics of the closet (SEDGWICK, 2007), Bishop, a lesbian woman, in these texts, points to intimate experiences, marked by jouissance (BATAILLE, 1987), by an erotic bond with place. In this essay, I discuss this dynamic, highlighting expressions of veiled jouissance, hidden underneath descriptions of the immediate space, which take place in spite of oppression, gender hostility and prejudice (LUGONES, 2019). KEYWORDS: Elizabeth Bishop. Representations of Intimacy. Eroticism. Closet. Jouissance.
Resumo: Os textos de Elizabeth Bishop são marcados por relações interpessoais, muitas vezes, este... more Resumo: Os textos de Elizabeth Bishop são marcados por relações interpessoais, muitas vezes, estereotipadas, em que o outro é subalternizado e exoticizado. Conforme Santos (2013, p. 636),pode se dizer que há, neles, uma visão que concorre "para a produção e reprodução de uma modalidade de violência simbólica", através da qual se naturaliza condições de subordinação e se ocidentaliza o mundo, plasmando, portanto, (GLISSANT, 2005, p. 30). Entrecruzando literatura e escritos biográficos, penso representações que a poeta fez do Brasil e de sua gente, sobretudo de trabalhadores subalternizados, para apreender esse topos de seu trabalho um lugar barroco, em certo sentido, que, como diriam Gilberto Gil e Torquato Neto, é uma brutalidade jardim; aporia da Terra de Macunaíma.
Resumo: Partindo da ideia de metacomentário de Jameson (1992), o presente ensaio visa a discutir ... more Resumo: Partindo da ideia de metacomentário de Jameson (1992), o presente ensaio visa a discutir a ficcionalização da história e a politização da experiência de sujeitos margina-lizados, historicamente apagados da narrativa histórica oficial, como estratégia de revisão da grande narrativa de formação estadunidense e de ressignificação da participação de sujeitos negros e ameríndios nesse processo. Tomou-se como corpus os seguintes romances: The color purple (1982), de Alice Walker; Beloved (1987) e Home (2012), de Toni Morrison; Mean Spirit (1990), de Linda Hogan, e Ceremony (1977), de Leslie Marmon Silko, aqui compreendidos como metacomentários, que retomam a versão oficial da história para preencher suas lacunas e reescrevê-la a partir de novos focos narrativos, mais inclusi-vos e polifônicos, que legitimam a perspectiva de sujeitos subalternizados, propondo um (des)recalcamento da violência colonial, como ponto de mutação e de empoderamento, um resgate de culturas e práticas ancestrais como forma de curar-se da colonialidade e como plataforma política de resistência ao processo de ocidentalização da América. Palavras-chave: Metacomentário. Narrar o trauma. Politização da experiência. Abstract: From Jameson's idea of metacommentary (1992), this paper aims at discussing the fictionalization of history and the politicization of marginal experiences as a strategy for the revision of North-American official narrative, reframing the participation of black and indigenous peoples. The following novels were taken into account: The color purple (1982), by Alice Walker; Beloved (1987) and Home (2012), by Toni Morrison; Mean Spirit (1990), by Linda Hogan, and Ceremony (1977), by Leslie Marmon Silko, all considered as metacommentaries which, by opposing the official version of history, fill its gaps, and rewrite it from new narrative viewpoints. These narratives legitimize marginalized perspectives , center excluded subjects, and propose a rescue of traditional cultural practices as a means of healing from coloniality as well as a political platform for resisting the westernization of the Americas.
Miscelânea, Assis, v. 20, p. 343-357, jul. – dez., 2016
RESUMO: Em The Man who Fell in Love with the Moon, Spanbauer (1991) recupera a narrativa de conqu... more RESUMO: Em The Man who Fell in Love with the Moon, Spanbauer (1991) recupera a narrativa de conquista do oeste norte-americano, preenchendo suas lacunas a partir da posição de um índio berdache mestiço, que “opta” pela reconstrução de sua identidade histórica na diferença. A narrativa, fragmentada e polifônica, promove o choque de cosmologias e identificações de gênero em prol de uma política de fronteira e de não assimilação (ANZALDÚA, 1987; BARNARD, 1997). Neste ensaio, analisamos os efeitos da imposição da episteme anglo-americana sobre os índios, Shoshone e Bannock, enfatizando o não-dito e a negação da diversidade étnico-cultural na história oficial (CÔTÉ, 2001; WALTER, 2004, 2012; MUNANGA, 2004), assim como a politização da identidade mestiça/queer como forma de garantir o resgate da identidade e a reconstrução de um lugar epistêmico de pertencimento. PALAVRAS-CHAVE: Grands récits; Micro-récits; Identidade histórica; Queer; Berdache.
ABSTRACT: In The Man who Fell in Love with the Moon, Spanbauer (1991) retrieves the North-American narrative of conquest of the West, filling its gaps from the position of a berdache mestizo Indian, a borderlander who “chooses” for the reconstruction of her/his historical identity from difference. The fragmented and polyphonic narrative promotes a collision of multiple cosmologies, questioning gender identifications and pledging for a borderland policy, based on difference and non-assimilation (ANZALDÚA, 1987; BARNARD, 1997). We analyze the imposition of the Anglo-American episteme upon the Shoshone and the Bannock tribes, stressing the unsaid and the denial of ethnic and cultural diversities in the official history (CÔTÉ, 2001; WALTER, 2004, 2012; MUNANGA, 2004) and the politicization of the mestizo/queer to rescue the historical identity and to reconstruct a place of belonging. KEYWORDS: Grands récits; Micro-récits; Historical identity; Queer; Berdache.
Este conto, cujo título original é “Ladies special”, foi publicado pela primeira vez em Lowestoft... more Este conto, cujo título original é “Ladies special”, foi publicado pela primeira vez em Lowestoft Chronicle, n.23, outono de 2015. Disponível em: www. lowestoftchronicle.com/issues/issue23/namratapoddar.html
A narrativa contemporânea é marcada pela presença real de um autor empírico em textos ficcionais,... more A narrativa contemporânea é marcada pela presença real de um autor empírico em textos ficcionais, o que indicia o retorno do autor e aponta para a redefinição das tradicionais fronteiras que separam a realidade da ficção. Oranges Are Not The Only Fruit, primeiro livro de Jeanette Winterson, é um exemplo típico desse tipo de narrativa. Nele, a escritora constrói, em primeira pessoa, a partir de experiências vividas na infância e adolescência, um texto ficcional entrecortado por fatos de sua vida. No texto de introdução da edição de 2001, Jeanette Winterson se questiona se Oranges é uma narrativa de natureza autobiográfica e revela uma posição ambígua em relação a isso: “no not at all and yes of course”, o que estabelece e, paralelamente, quebra o pacto referencial e constitui um jogo em que ficção e realidade se misturam. Nesse artigo, propomos discutir a presença da escritora em seu primeiro romance, confrontando-o ora com seu texto de memória Why Be Happy When You Could Be Normal? ora com informações biográficas. Em seguida, apresentaremos as características dessa presença a partir de Klinger (2012), Laddaga (2013) e Schollhammer (2012), enfatizando traços do retorno do autor ao texto ficcional e da visão etnográfica do narrador como marcas definidoras dessa narrativa.
Resumo
As composições de Elizabeth Bishop refletem uma atitude que caracteriza os lugares por ond... more Resumo As composições de Elizabeth Bishop refletem uma atitude que caracteriza os lugares por onde transitou como não-lugares; fragmentos do espaço nos quais não há uma relação forte entre o espaço e o sujeito (SÁ, 2006), que vive marcado pela constante sensação de não pertencimento. Com base em Hall (2006), pode-se dizer que isso é típico do sujeito traduzido, marcado pela ausência de uma fixação identitária ao lugar, o que pode, em nível interpessoal, originar-se da imposição de um poder colonizador sobre o indivíduo (QUIJANO, 2005). Nesse trabalho, observaremos como se dá essa relação, definindo não-lugar a partir das discussões de Augé (1995), para assim revelar como a obra de Bishop representa essa relação diferenciada com o espaço. Palavras Chave: Elizabeth Bishop, não-lugar, descolonização de si. Abstract Elizabeth Bishop's compositions depict an attitude that characterizes the places she has been to as non-places; spaces of transience that do not hold enough significance to attach individuals (SA, 2006). To Hall (2006), translated subjects endure this particular relation with space as they lack the sense of belonging. In interpersonal level, this may be a result of 'colonizing forces' acting over individuals (Quijano, 2005). In this paper, we define non-place from Marc Augé (1995) and analyze how Elizabeth Bishop represents it in her work. Key words: Elizabeth Bishop, non-place, decolonization of the self.
O livro Leituras contra-hegemônicas e decolonialidades propõe repensar os parâmetros utilizados n... more O livro Leituras contra-hegemônicas e decolonialidades propõe repensar os parâmetros utilizados no trabalho acadêmico, contribuindo, assim, para remodelar o modo enviesado de se produzir conhecimento. Ancorados em propostas que privilegiam as epistemologias do sul global, os dezessete artigos que compõem o volume, organizado por Tiago Silva, Carlos Magno Gomes, Joseana Souza e Tatianne Dantas, apresentam análises provocantes da literatura, a partir da politização e potencialização de experiências singulares, sugerindo, desse modo, um afastamento das leituras hegemônicas mais tradicionais, ocidentalizadas e ocidentalizantes, habilmente transferidas pelas práticas de produção do conhecimento e de representação. Com a elaboração da obra, espera-se cooperar com a construção de uma realidade social mais igualitária, em que a justiça social, também em termos epistêmicos, seja traço fundamental.
O Lugar do Outro: Representações da Alteridade na Literatura, 2021
O Lugar do Outro: representações da alteridade na Literatura, livro organizado por Tiago Silva, R... more O Lugar do Outro: representações da alteridade na Literatura, livro organizado por Tiago Silva, Rafaella Teotônio e Jocelaine Santos, nasce das discussões produzidas no espaço do Congresso Internacional de Literatura Comparada (ABRALIC) em 2019, a partir do Simpósio O lugar do outro: reflexões sobre representações da alteridade. Os artigos que o compõem, de pesquisadores de várias instituições do país, buscam contribuir para os estudos que questionam, reveem e refletem acerca das visões que constroem o lugar do outro, sendo esse outro, principalmente, o outro cultural, tido como minoritário, subalterno, marginalizado pela visão do eu hegemônico. As produções refletem sobre as múltiplas faces que a palavra alteridade pode tomar, seja nas relações em que o eu, enquanto escritor e por isso, produtor de sentido, olha o outro diferente de si e o representa, ou nas relações entre o eu e o outro, reveladas pelas figuras de narradores e personagens.
O livro Coletivo (Re)Existir: Poemas Reunidos, organizado por Tiago Silva e Luzileide Silva, reún... more O livro Coletivo (Re)Existir: Poemas Reunidos, organizado por Tiago Silva e Luzileide Silva, reúne textos poéticos de doze alunos e ex-alunos do Instituto Federal de Sergipe, Campus Estância. A coletânea é resultado de projetos de extensão desenvolvidos em 2019 e 2020, coordenados pelos organizadores, e fornece uma mostra potente do trabalho dos jovens poetas do Sul de Sergipe, trazendo textos influenciados, sobretudo, pela poesia slam, essa poesia de rua, urbana, de revolta, que tem preenchido as ruas das cidades, dos centros e das periferias, e também áreas rurais do Brasil, canalizando vozes que se levantam contra o preconceito, as injustiças do cotidiano, a dor de ser num país como o nosso.
Este livro investiga, a partir da obra literária e de material biográfico de Elizabeth Bishop, su... more Este livro investiga, a partir da obra literária e de material biográfico de Elizabeth Bishop, suas cartas, anotações, e fragmentos de seus diários, aspectos da (não)fixação da identidade, através de uma análise que favorece o espaço, o lugar e a "estranheza" no mundo, destacando a convergência entre esses elementos, os fenômenos de exílio, e as experiências de não-lugares, lugares de trânsito, cada vez mais frequentes na realidade contemporânea, apontando para esse último sítio ou não-sítio como uma estratégia de sobrevivência em lugares opressivos e indóceis, um jeito de conviver com o intolerável.
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ABSTRACT: In a letter and in the poems The Shampoo and Song for the Rainy Sea-son, Elizabeth Bishop (2006, 2011, and 2012) represents Key West, Florida, and her house in Petrópolis, Rio de Janeiro, depicting them as zones of greater acceptance for her subjectivity and sexuality. In these texts, the poet reveals an eroticized dy-namic with the idea of place, dynamized by the burying of her intimacy under appar-ently neutral descriptions of reality. This dynamic points to a libidinal urge between the hint of a secret and, at the same time, the maintenance of its secrecy. Owner of a poetics of the closet (SEDGWICK, 2007), Bishop, a lesbian woman, in these texts, points to intimate experiences, marked by jouissance (BATAILLE, 1987), by an erotic bond with place. In this essay, I discuss this dynamic, highlighting expressions of veiled jouissance, hidden underneath descriptions of the immediate space, which take place in spite of oppression, gender hostility and prejudice (LUGONES, 2019). KEYWORDS: Elizabeth Bishop. Representations of Intimacy. Eroticism. Closet. Jouissance.
ABSTRACT: In The Man who Fell in Love with the Moon, Spanbauer (1991) retrieves the North-American narrative of conquest of the West, filling its gaps from the position of a berdache mestizo Indian, a borderlander who “chooses” for the reconstruction of her/his historical identity from difference. The fragmented and polyphonic narrative promotes a collision of multiple cosmologies, questioning gender identifications and pledging for a borderland policy, based on difference and non-assimilation (ANZALDÚA, 1987; BARNARD, 1997). We analyze the imposition of the Anglo-American episteme upon the Shoshone and the Bannock tribes, stressing the unsaid and the denial of ethnic and cultural diversities in the official history (CÔTÉ, 2001; WALTER, 2004, 2012; MUNANGA, 2004) and the politicization of the mestizo/queer to rescue the historical identity and to reconstruct a place of belonging. KEYWORDS: Grands récits; Micro-récits; Historical identity; Queer; Berdache.
As composições de Elizabeth Bishop refletem uma atitude que caracteriza os lugares por onde transitou como não-lugares; fragmentos do espaço nos quais não há uma relação forte entre o espaço e o sujeito (SÁ, 2006), que vive marcado pela constante sensação de não pertencimento. Com base em Hall (2006), pode-se dizer que isso é típico do sujeito traduzido, marcado pela ausência de uma fixação identitária ao lugar, o que pode, em nível interpessoal, originar-se da imposição de um poder colonizador sobre o indivíduo (QUIJANO, 2005). Nesse trabalho, observaremos como se dá essa relação, definindo não-lugar a partir das discussões de Augé (1995), para assim revelar como a obra de Bishop representa essa relação diferenciada com o espaço.
Palavras Chave: Elizabeth Bishop, não-lugar, descolonização de si.
Abstract Elizabeth Bishop's compositions depict an attitude that characterizes the places she has been to as non-places; spaces of transience that do not hold enough significance to attach individuals (SA, 2006). To Hall (2006), translated subjects endure this particular relation with space as they lack the sense of belonging. In interpersonal level, this may be a result of 'colonizing forces' acting over individuals (Quijano, 2005). In this paper, we define non-place from Marc Augé (1995) and analyze how Elizabeth Bishop represents it in her work.
Key words: Elizabeth Bishop, non-place, decolonization of the self.
ABSTRACT: In a letter and in the poems The Shampoo and Song for the Rainy Sea-son, Elizabeth Bishop (2006, 2011, and 2012) represents Key West, Florida, and her house in Petrópolis, Rio de Janeiro, depicting them as zones of greater acceptance for her subjectivity and sexuality. In these texts, the poet reveals an eroticized dy-namic with the idea of place, dynamized by the burying of her intimacy under appar-ently neutral descriptions of reality. This dynamic points to a libidinal urge between the hint of a secret and, at the same time, the maintenance of its secrecy. Owner of a poetics of the closet (SEDGWICK, 2007), Bishop, a lesbian woman, in these texts, points to intimate experiences, marked by jouissance (BATAILLE, 1987), by an erotic bond with place. In this essay, I discuss this dynamic, highlighting expressions of veiled jouissance, hidden underneath descriptions of the immediate space, which take place in spite of oppression, gender hostility and prejudice (LUGONES, 2019). KEYWORDS: Elizabeth Bishop. Representations of Intimacy. Eroticism. Closet. Jouissance.
ABSTRACT: In The Man who Fell in Love with the Moon, Spanbauer (1991) retrieves the North-American narrative of conquest of the West, filling its gaps from the position of a berdache mestizo Indian, a borderlander who “chooses” for the reconstruction of her/his historical identity from difference. The fragmented and polyphonic narrative promotes a collision of multiple cosmologies, questioning gender identifications and pledging for a borderland policy, based on difference and non-assimilation (ANZALDÚA, 1987; BARNARD, 1997). We analyze the imposition of the Anglo-American episteme upon the Shoshone and the Bannock tribes, stressing the unsaid and the denial of ethnic and cultural diversities in the official history (CÔTÉ, 2001; WALTER, 2004, 2012; MUNANGA, 2004) and the politicization of the mestizo/queer to rescue the historical identity and to reconstruct a place of belonging. KEYWORDS: Grands récits; Micro-récits; Historical identity; Queer; Berdache.
As composições de Elizabeth Bishop refletem uma atitude que caracteriza os lugares por onde transitou como não-lugares; fragmentos do espaço nos quais não há uma relação forte entre o espaço e o sujeito (SÁ, 2006), que vive marcado pela constante sensação de não pertencimento. Com base em Hall (2006), pode-se dizer que isso é típico do sujeito traduzido, marcado pela ausência de uma fixação identitária ao lugar, o que pode, em nível interpessoal, originar-se da imposição de um poder colonizador sobre o indivíduo (QUIJANO, 2005). Nesse trabalho, observaremos como se dá essa relação, definindo não-lugar a partir das discussões de Augé (1995), para assim revelar como a obra de Bishop representa essa relação diferenciada com o espaço.
Palavras Chave: Elizabeth Bishop, não-lugar, descolonização de si.
Abstract Elizabeth Bishop's compositions depict an attitude that characterizes the places she has been to as non-places; spaces of transience that do not hold enough significance to attach individuals (SA, 2006). To Hall (2006), translated subjects endure this particular relation with space as they lack the sense of belonging. In interpersonal level, this may be a result of 'colonizing forces' acting over individuals (Quijano, 2005). In this paper, we define non-place from Marc Augé (1995) and analyze how Elizabeth Bishop represents it in her work.
Key words: Elizabeth Bishop, non-place, decolonization of the self.