Papers by Rafaella Teotônio
Revista Via Atlântica, 2023
O artigo oferece uma perspectiva sobre as representações de gênero ligadas à masculinidade, poder... more O artigo oferece uma perspectiva sobre as representações de gênero ligadas à masculinidade, poder e marginalidade dentro do romance Pão de Açúcar, que trata da ficcionalização de um crime de ódio ocorrido em Portugal em 2006. Naquele ano, Gisberta Salce Júnior, mulher trans brasileira, foi assassinada por um grupo de adolescentes infratores nas ruínas de uma grande rede de supermercados. Objetiva-se compreender as representações dos sujeitos ex-cêntricos presentes na obra, principalmente o olhar do narrador acerca da personagem trans Gisberta, através do arcabouço teórico de Stuart Hall (2016), Pierre Bourdieu (2002), Michel Foucault (2013) e Berenice Bento (2015), dentre outros.
Revista X
Este artigo tem o objetivo de analisar a manifestação do amor cortês em obras poéticas de Gilka M... more Este artigo tem o objetivo de analisar a manifestação do amor cortês em obras poéticas de Gilka Machado e Hilda Hilst, propondo, assim, um diálogo entre duas escritoras brasileiras do século XX e a poesia medieval e trovadoresca das cantigas de amor galego-portuguesas. Entre um apanhado de estudos históricos, linguísticos e literários que se voltam para as concepções e inclinações do amor de cortesia, destacam-se as contribuições teóricas de Denis de Rougemont (1988), Georges Duby (2011) e Natália Correia (1978). Partindo de uma revisão bibliográfica e de uma análise crítica e comparativa de textos literários, a pesquisa aponta para um processo de ressignificação da tradição no canto amoroso de Gilka Machado e Hilda Hilst.
Leituras Contra Hegemônicas e Decolonialidades, 2022
Valter Hugo Mãe, como muitos filhos de portugueses retornados
das colônias nos anos de 1970, nasc... more Valter Hugo Mãe, como muitos filhos de portugueses retornados
das colônias nos anos de 1970, nasceu na então colônia portuguesa,
Henrique de Carvalho, hoje Saurimo, em Angola. Entretanto, curiosamente,
a África, pouco tematizada em sua prosa, ganha em seu primeiro romance, o nosso reino (2012), um espaço em que a memória, ou,
nos termos de Beatriz Sarlo, uma “pós-memória” (2007)1, toma conta do
ambiente da narrativa. É no primeiro romance de Valter Hugo Mãe que
a alteridade é problematizada como construção de olhares que produzem
a identidade e a diferença, sendo a memória a chave para o compartilhamento de visões sobre a identidade da nação e dos sujeitos que a fazem. Nesse sentido, dos temas que perpassam o primeiro romance do autor, a questão pós-colonial emerge como um dos motes para a discussão sobre os valores de um país marcado pela desordem de seus investimentos imperialistas.
Nenhuma palavra é exata: estudos sobre a obra de Valter Hugo Mãe, 2016, ISBN 9789720048875, págs. 350-364, 2016
Nenhuma palavra é exata: estudos sobre a obra de Valter Hugo Mãe, 2016, ISBN 9789720048875, págs. 219-227, 2016
Em A desumanizacao , romance do autor Valter Hugo Mae, e possivel atestar o poder mitico da liter... more Em A desumanizacao , romance do autor Valter Hugo Mae, e possivel atestar o poder mitico da literatura. O artigo procura, a partir do tema do duplo, analisar a sua configuracao como linguagem e representacao, proporcionando pensar a literatura como uma forma de duplicacao do mundo e da condicao humana. Palavras-chave: literatura, duplo, representacao, condicao humana.
Abril – NEPA / UFF, 2021
Este ensaio pretende analisar como Caderno de Memórias coloniais (2015) e Luanda, Lisboa, Paraíso... more Este ensaio pretende analisar como Caderno de Memórias coloniais (2015) e Luanda, Lisboa, Paraíso (2019), narrativas de Isabela Figueiredo e Djaimilia Pereira de Almeida, buscam abordar as duas faces de uma mesma história: a história da presença portuguesa na África. O trabalho busca discutir como as narrativas dessas duas autoras constroem, a partir das ruínas do Império, visões sobre o processo de colonização e descolonização, trazendo para a Literatura Portuguesa Contemporânea o debate acerca de temas como a nostalgia colonial, o racismo e a pós-memória.
Nau Literária, 2022
Este artigo procura analisar a construção do personagem Andriy, o imigrante ucraniano em o apocal... more Este artigo procura analisar a construção do personagem Andriy, o imigrante ucraniano em o apocalipse dos trabalhadores (2013), romance do autor português Valter Hugo Mãe. Procura-se entender como a alteridade entre o personagem imigrante e a personagem empregada doméstica, Quitéria, revela as condições de sujeitos marginalizados pelo trabalho e o drama da imigração no Portugal contemporâneo. Ao discutir sobre imigração, alteridade, cultura e subalternidade, este trabalho apoia-se nas considerações de Lourenço (2016), Mezzadra (2011), Sayad (1998) e Santos (1993).
Abril, 2021
Este ensaio pretende analisar como Caderno de Memórias coloniais (2015) e Luanda, Lisboa, Paraíso... more Este ensaio pretende analisar como Caderno de Memórias coloniais (2015) e Luanda, Lisboa, Paraíso (2019), narrativas de Isabela Figueiredo e Djaimilia Pereira de Almeida, buscam abordar as duas faces de uma mesma história: a história da presença portuguesa na África. O trabalho busca discutir como as narrativas dessas duas autoras constroem, a partir das ruínas do Império, visões sobre o processo de colonização e descolonização, trazendo para a Literatura Portuguesa Contemporânea o debate acerca de temas como a nostalgia colonial, o racismo e a pós-memória.
No periodo em que viveu no Recife, no inicio dos anos 1960, o escritor argentino Tulio Carella re... more No periodo em que viveu no Recife, no inicio dos anos 1960, o escritor argentino Tulio Carella registrou em diarios as suas impressoes e experiencias naquela cidade. Do seu relato pessoal, resultou o livro Orgia: os diarios de Tulio Carella, obra de carater autobiografico e intenso teor homoerotico. Nessa obra, o corpo constitui-se nao apenas como uma zona de contato entre o eu e o espaco habitado, no sentido proposto por Marie Louise Pratt (1999), mas tambem se apresenta como uma forma privilegiada de relacao com o outro em sua totalidade existencial. Neste trabalho, portanto, busca-se compreender de que modo o corpo e a sexualidade tornam-se elementos estruturantes da narrativa que nos e apresentada pelo personagem Lucio Ginarte, dividido entre o fascinio e a perplexidade provocados pela nova cidade a qual acabara de chegar. PALAVRAS-CHAVE: Escrita de si. Corpo. Sexualidade. Narrativa. Zona de contato.
Esta pesquisa centra-se no estudo dos romances do escritor português, de origem angolana, Valter ... more Esta pesquisa centra-se no estudo dos romances do escritor português, de origem angolana, Valter Hugo Mãe. Busca-se compreender como a alteridade torna-se o eixo condutor, tanto no que corresponde ao exercício da sua escrita, quanto em relação aos temas propostos em suas obras. Para tanto, com o apoio de teorias que examinam a relação entre literatura e alteridade, principalmente o conceito de devir de Gilles Deleuze (1997) e a exotopia de Mikhail Bakhtin (2011), foram realizados mapas de leituras dos romances com o intuito de analisar as representações de sujeitos marginalizados, ou seja, aqueles denominados “outros” na sociedade. As narrativas analisadas nesta perspectiva foram o nosso reino, o remorso de baltazar serapião, O filho de mil homens, o apocalipse dos trabalhadores, a máquina de fazer espanhóis e A desumanização. Palavras-chave: Valter Hugo Mãe. Alteridade. Exotopia. Devir. Romance.
Nau Literária, 2021
Este artigo procura analisar a construção do personagem Andriy, o imigrante ucraniano em o apocal... more Este artigo procura analisar a construção do personagem Andriy, o imigrante ucraniano em o apocalipse dos trabalhadores (2013), romance do autor português Valter Hugo Mãe. Procura-se entender como a
alteridade entre o personagem imigrante e a personagem empregada doméstica, Quitéria, revela as condições de sujeitos marginalizados pelo trabalho e o drama da imigração no Portugal contemporâneo. Ao discutir sobre imigração, alteridade, cultura e subalternidade, este trabalho apoia-se nas considerações de Lourenço (2016), Mezzadra (2011), Sayad (1998), Landowski (2002), Bakhtin (2011) e Santos (1993).
Palavras-Chave: Personagem; alteridade; imigração; Portugal, subalternidade.
Abstract: This article seeks to analyze the construction of the character Andriy, the Ukrainian immigrant in o apocalipse dos trabalhadores (2013), a novel by the Portuguese author Valter Hugo Mãe. It seeks to understand
how the otherness between the immigrant character and the domestic worker character, Quitéria, reveals the conditions of subjects marginalized by work and the drama of immigration in contemporary Portugal. When
discussing immigration, otherness, culture and subalternity, this work is based on the considerations of Lourenço (2016), Mezzadra (2011), Sayad (1998), Landowski (2002), Bakhtin (2011) and Santos (1993).
Keywords: Character; otherness; immigration; Portugal, subalternity.
RESUMO: O artigo analisa a construção do personagem Antonino no romance do autor português Valt... more RESUMO: O artigo analisa a construção do personagem Antonino no romance do autor português Valter Hugo Mãe, O filho de mil homens, observando como, a partir de uma estratégia narrativa que remete à fala social, o autor representa uma visão estigmatizada do sujeito homossexual. O texto reflete sobre a construção social e discursiva de gênero em uma sociedade de ordem heteronormativa, visando, a partir das teorias de Judith Butler (2010) e Stuart Hall (2016), bem como da análise do texto literário, discutir sobre estigma, estereotipagem e produção da diferença. PALAVRAS-CHAVE: Antonino. Diferença. Gênero. Sujeito. Valter Hugo Mãe. Em Problemas de gênero, Judith Butler (2010, p. 38) pergunta: "em que medida as práticas reguladoras de formação e divisão do gênero constituem a identidade, a coerência interna do sujeito, e, a rigor, o status auto-idêntico da pessoa?". A problemática que supõe esta pergunta propõe entender como o gênero constrói a identidade do sujeito, não sendo possível significar as pessoas sem a marca de gênero. Em O filho de mil homens, a diferença constrói os personagens. É ela que marca as representações dos sujeitos minoritários a partir de uma estratégia narrativa que revela uma fala social, em que o narrador heterodiegético parece colher do ambiente em que se passa a história os discursos sobre esses sujeitos, designando suas identidades. Na narrativa, os personagens que não são evocados pelo narrador por epítetos, por se constituírem como indivíduos que estão de acordo com a ordem normativa, designam os personagens fora dessa ordem com epítetos relativos à diferença que os marcam. Desse modo, o personagem Antonino é tido como o "homem maricas": Muitos anos passados, apareceu por ali um homem maricas que vinha ver a Isaura de longe, a dizer-lhe bom dia e a sorrir. Era um homem dos que não gostavam de raparigas e precisavam de fazer de conta. Aparecia pelo campo *
Esta pesquisa centra-se no estudo dos romances do escritor português, de origem angolana, Valter ... more Esta pesquisa centra-se no estudo dos romances do escritor português, de origem angolana, Valter Hugo Mãe. Busca-se compreender como a alteridade torna-se o eixo condutor, tanto no que corresponde ao exercício da sua escrita, quanto em relação aos temas propostos em suas obras. Para tanto, com o apoio de teorias que examinam a relação entre literatura e alteridade, principalmente o conceito de devir de Gilles Deleuze (1997) e a exotopia de Mikhail Bakhtin (2011), foram realizados mapas de leituras dos romances com o intuito de analisar as representações de sujeitos marginalizados, ou seja, aqueles denominados “outros” na sociedade. As narrativas analisadas nesta perspectiva foram o nosso reino, o remorso de baltazar serapião, O filho de mil homens, o apocalipse dos trabalhadores, a máquina de fazer espanhóis e A desumanização.
Palavras-chave: Valter Hugo Mãe. Alteridade. Exotopia. Devir. Romance.
No período em que viveu no Recife, no início dos anos 1960, o escritor argentino Tulio Carella re... more No período em que viveu no Recife, no início dos anos 1960, o escritor argentino Tulio Carella registrou em diários as suas impressões e experiências naquela cidade. Do seu relato pessoal, resultou o livro Orgia: os diários de Tulio Carella, obra de caráter autobiográfico e intenso teor homoerótico. Nessa obra, o corpo constitui-se não apenas como uma zona de contato entre o eu e o espaço habitado, no sentido proposto por Marie Louise Pratt (1999), mas também se apresenta como uma forma privilegiada de relação com o outro em sua
totalidade existencial. Neste trabalho, portanto, busca-se compreender de que modo o corpo e a sexualidade tornam-se elementos estruturantes da narrativa que nos é apresentada pelo personagem Lúcio Ginarte, dividido entre o fascínio e a perplexidade provocados pela nova cidade à qual acabara de chegar.
PALAVRAS-CHAVE: Escrita de si. Corpo. Sexualidade. Narrativa. Zona de contato.
Resumo: Em A desumanização, romance do autor Valter Hugo Mãe, é possível atestar o poder mítico d... more Resumo: Em A desumanização, romance do autor Valter Hugo Mãe, é possível atestar o poder mítico da literatura. O artigo procura, a partir do tema do duplo, analisar a sua configuração como linguagem e representação, proporcionando pensar a literatura como uma forma de duplicação do mundo e da condição humana. Abstract: In A desumanização, novel by Valter Hugo Mãe, it is possible to attest the mythical power of literature. From the double theme, this article aims reviewing its configuration as language and representation, from where is the possible to think of literature as a form of duplication of the word and the human condition.
Resumo: Valter Hugo Mãe é um dos escritores que mais dialogam com o humano na atualidade. Em seus... more Resumo: Valter Hugo Mãe é um dos escritores que mais dialogam com o humano na atualidade. Em seus romances, a condição humana é representada por histórias e personagens comuns em conflitos com suas paixões e com a vida cotidiana. Nascido em Angola, mas vivendo em Portugal desde criança, Mãe é provavelmente um dos mais influentes escritores de língua portuguesa hoje. Neste artigo, procuramos examinar a condição do humano em seus romances: a busca por uma linguagem que deixe transparecer o grotesco, onde as imagens do humano são plasticamente metamorfoseadas em elementos da natureza, animais e máquinas. Na esteira de autores como Slo-terdjik e Agamben, trata-se de compreender a questão do humano na literatura contemporânea. Abstract: The literature of Valter Hugo Mãe dialogues intensively with human beings' metaphors. In his novels, the human condition is represented by a series of characters in conflict with their passions and their everyday life. Born in Angola, but living in Portugal since his childhood, Mãe is probably one of the most influential Portuguese writers today. Therefore, this article aims to examine the human condition in his novels, analysing the search for a language that shows the grotesque, trough images of the humans plastically metamorphosed in elements of nature, animals and machines. In line with the studies of authors like Sloterdjik and Agamben, this paper intends to understand the issue of human in contemporary literature. O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Perece como uma coisa qualquer. Valter Hugo Mãe. A desumanização
Na atualidade, as literaturas africanas se deslocam da antiga função nacionalista para conceber
a... more Na atualidade, as literaturas africanas se deslocam da antiga função nacionalista para conceber
a modernidade. Observa-se a busca do que Édouard Glissant (2005) diz a respeito de uma
“modernidade própria”. Essas literaturas, ao entenderem o desgaste produzido pela tentativa
de conquistar uma identidade própria às nações africanas, refletem a impossibilidade de volta
a um passado pré-colonial, e que a hibridez de suas culturas não é somente resultado do
encontro com a colonização europeia, mas uma realidade existente antes da colonização. A
atual tentativa é de buscar uma modernidade que não seja a homogeneizante, imposta pela
globalização, em que as identidades formam padrões facilmente comercializados e as
minorias são subalternizadas. A modernidade própria procurada, a partir da comunicação das
literaturas africanas com suas sociedades, é uma modernidade com identidades rizomáticas
que tenta dar voz a sujeitos antes ocultados. Nessa busca, a autoria feminina demonstra uma
visão particularizada do movimento instaurado nas literaturas africanas contemporâneas. As
mulheres, antes e depois da colonização foram vistas como sujeitos estigmatizados e
violentados pelo patriarcalismo, estabelecendo com a expressão literária uma relação que
revela e tem a necessidade de dizer sobre sua condição minoritária e sobre a condição de
outras minorias. O trabalho propõe estudar obras de duas escritoras africanas contemporâneas
em cujas obras se leem a busca e problematização da modernidade de suas nações. O estudo
analisa as obras O sétimo juramento (2000), da escritora moçambicana Paulina Chiziane, e
Hibisco roxo (2011), da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Utilizando o método
comparativo, realiza-se a análise das obras examinando o modo como as escritoras se
comunicam literariamente, produzindo, em suas narrativas, atualizações dos valores africanos
antes pregados por escritores de outras gerações. As narrativas de O sétimo juramento e
Hibisco roxo mostram uma identidade africana que não se quer fixa, imóvel ou única, mas
que se diferencia pela diversidade de identidades que se relacionam na contemporaneidade.
O ensaio busca compreender como o autor luso-africano Valter Hugo Mãe opera o devir-minoritário (... more O ensaio busca compreender como o autor luso-africano Valter Hugo Mãe opera o devir-minoritário (DELEUZE e GUATARI, 2003) em sua escrita.
Books by Rafaella Teotônio
O Lugar do Outro: Representações da Alteridade na Literatura, 2021
O Lugar do Outro: representações da alteridade na Literatura, livro organizado por Tiago Silva, R... more O Lugar do Outro: representações da alteridade na Literatura, livro organizado por Tiago Silva, Rafaella Teotônio e Jocelaine Santos, nasce das discussões produzidas no espaço do Congresso Internacional de Literatura Comparada (ABRALIC) em 2019, a partir do Simpósio O lugar do outro: reflexões sobre representações da alteridade. Os artigos que o compõem, de pesquisadores de várias instituições do país, buscam contribuir para os estudos que questionam, reveem e refletem acerca das visões que constroem o lugar do outro, sendo esse outro, principalmente, o outro cultural, tido como minoritário, subalterno, marginalizado pela visão do eu hegemônico. As produções refletem sobre as múltiplas faces que a palavra alteridade pode tomar, seja nas relações em que o eu, enquanto escritor e por isso, produtor de sentido, olha o outro diferente de si e o representa, ou nas relações entre o eu e o outro, reveladas pelas figuras de narradores e personagens.
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Papers by Rafaella Teotônio
das colônias nos anos de 1970, nasceu na então colônia portuguesa,
Henrique de Carvalho, hoje Saurimo, em Angola. Entretanto, curiosamente,
a África, pouco tematizada em sua prosa, ganha em seu primeiro romance, o nosso reino (2012), um espaço em que a memória, ou,
nos termos de Beatriz Sarlo, uma “pós-memória” (2007)1, toma conta do
ambiente da narrativa. É no primeiro romance de Valter Hugo Mãe que
a alteridade é problematizada como construção de olhares que produzem
a identidade e a diferença, sendo a memória a chave para o compartilhamento de visões sobre a identidade da nação e dos sujeitos que a fazem. Nesse sentido, dos temas que perpassam o primeiro romance do autor, a questão pós-colonial emerge como um dos motes para a discussão sobre os valores de um país marcado pela desordem de seus investimentos imperialistas.
alteridade entre o personagem imigrante e a personagem empregada doméstica, Quitéria, revela as condições de sujeitos marginalizados pelo trabalho e o drama da imigração no Portugal contemporâneo. Ao discutir sobre imigração, alteridade, cultura e subalternidade, este trabalho apoia-se nas considerações de Lourenço (2016), Mezzadra (2011), Sayad (1998), Landowski (2002), Bakhtin (2011) e Santos (1993).
Palavras-Chave: Personagem; alteridade; imigração; Portugal, subalternidade.
Abstract: This article seeks to analyze the construction of the character Andriy, the Ukrainian immigrant in o apocalipse dos trabalhadores (2013), a novel by the Portuguese author Valter Hugo Mãe. It seeks to understand
how the otherness between the immigrant character and the domestic worker character, Quitéria, reveals the conditions of subjects marginalized by work and the drama of immigration in contemporary Portugal. When
discussing immigration, otherness, culture and subalternity, this work is based on the considerations of Lourenço (2016), Mezzadra (2011), Sayad (1998), Landowski (2002), Bakhtin (2011) and Santos (1993).
Keywords: Character; otherness; immigration; Portugal, subalternity.
Palavras-chave: Valter Hugo Mãe. Alteridade. Exotopia. Devir. Romance.
totalidade existencial. Neste trabalho, portanto, busca-se compreender de que modo o corpo e a sexualidade tornam-se elementos estruturantes da narrativa que nos é apresentada pelo personagem Lúcio Ginarte, dividido entre o fascínio e a perplexidade provocados pela nova cidade à qual acabara de chegar.
PALAVRAS-CHAVE: Escrita de si. Corpo. Sexualidade. Narrativa. Zona de contato.
a modernidade. Observa-se a busca do que Édouard Glissant (2005) diz a respeito de uma
“modernidade própria”. Essas literaturas, ao entenderem o desgaste produzido pela tentativa
de conquistar uma identidade própria às nações africanas, refletem a impossibilidade de volta
a um passado pré-colonial, e que a hibridez de suas culturas não é somente resultado do
encontro com a colonização europeia, mas uma realidade existente antes da colonização. A
atual tentativa é de buscar uma modernidade que não seja a homogeneizante, imposta pela
globalização, em que as identidades formam padrões facilmente comercializados e as
minorias são subalternizadas. A modernidade própria procurada, a partir da comunicação das
literaturas africanas com suas sociedades, é uma modernidade com identidades rizomáticas
que tenta dar voz a sujeitos antes ocultados. Nessa busca, a autoria feminina demonstra uma
visão particularizada do movimento instaurado nas literaturas africanas contemporâneas. As
mulheres, antes e depois da colonização foram vistas como sujeitos estigmatizados e
violentados pelo patriarcalismo, estabelecendo com a expressão literária uma relação que
revela e tem a necessidade de dizer sobre sua condição minoritária e sobre a condição de
outras minorias. O trabalho propõe estudar obras de duas escritoras africanas contemporâneas
em cujas obras se leem a busca e problematização da modernidade de suas nações. O estudo
analisa as obras O sétimo juramento (2000), da escritora moçambicana Paulina Chiziane, e
Hibisco roxo (2011), da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Utilizando o método
comparativo, realiza-se a análise das obras examinando o modo como as escritoras se
comunicam literariamente, produzindo, em suas narrativas, atualizações dos valores africanos
antes pregados por escritores de outras gerações. As narrativas de O sétimo juramento e
Hibisco roxo mostram uma identidade africana que não se quer fixa, imóvel ou única, mas
que se diferencia pela diversidade de identidades que se relacionam na contemporaneidade.
Books by Rafaella Teotônio
das colônias nos anos de 1970, nasceu na então colônia portuguesa,
Henrique de Carvalho, hoje Saurimo, em Angola. Entretanto, curiosamente,
a África, pouco tematizada em sua prosa, ganha em seu primeiro romance, o nosso reino (2012), um espaço em que a memória, ou,
nos termos de Beatriz Sarlo, uma “pós-memória” (2007)1, toma conta do
ambiente da narrativa. É no primeiro romance de Valter Hugo Mãe que
a alteridade é problematizada como construção de olhares que produzem
a identidade e a diferença, sendo a memória a chave para o compartilhamento de visões sobre a identidade da nação e dos sujeitos que a fazem. Nesse sentido, dos temas que perpassam o primeiro romance do autor, a questão pós-colonial emerge como um dos motes para a discussão sobre os valores de um país marcado pela desordem de seus investimentos imperialistas.
alteridade entre o personagem imigrante e a personagem empregada doméstica, Quitéria, revela as condições de sujeitos marginalizados pelo trabalho e o drama da imigração no Portugal contemporâneo. Ao discutir sobre imigração, alteridade, cultura e subalternidade, este trabalho apoia-se nas considerações de Lourenço (2016), Mezzadra (2011), Sayad (1998), Landowski (2002), Bakhtin (2011) e Santos (1993).
Palavras-Chave: Personagem; alteridade; imigração; Portugal, subalternidade.
Abstract: This article seeks to analyze the construction of the character Andriy, the Ukrainian immigrant in o apocalipse dos trabalhadores (2013), a novel by the Portuguese author Valter Hugo Mãe. It seeks to understand
how the otherness between the immigrant character and the domestic worker character, Quitéria, reveals the conditions of subjects marginalized by work and the drama of immigration in contemporary Portugal. When
discussing immigration, otherness, culture and subalternity, this work is based on the considerations of Lourenço (2016), Mezzadra (2011), Sayad (1998), Landowski (2002), Bakhtin (2011) and Santos (1993).
Keywords: Character; otherness; immigration; Portugal, subalternity.
Palavras-chave: Valter Hugo Mãe. Alteridade. Exotopia. Devir. Romance.
totalidade existencial. Neste trabalho, portanto, busca-se compreender de que modo o corpo e a sexualidade tornam-se elementos estruturantes da narrativa que nos é apresentada pelo personagem Lúcio Ginarte, dividido entre o fascínio e a perplexidade provocados pela nova cidade à qual acabara de chegar.
PALAVRAS-CHAVE: Escrita de si. Corpo. Sexualidade. Narrativa. Zona de contato.
a modernidade. Observa-se a busca do que Édouard Glissant (2005) diz a respeito de uma
“modernidade própria”. Essas literaturas, ao entenderem o desgaste produzido pela tentativa
de conquistar uma identidade própria às nações africanas, refletem a impossibilidade de volta
a um passado pré-colonial, e que a hibridez de suas culturas não é somente resultado do
encontro com a colonização europeia, mas uma realidade existente antes da colonização. A
atual tentativa é de buscar uma modernidade que não seja a homogeneizante, imposta pela
globalização, em que as identidades formam padrões facilmente comercializados e as
minorias são subalternizadas. A modernidade própria procurada, a partir da comunicação das
literaturas africanas com suas sociedades, é uma modernidade com identidades rizomáticas
que tenta dar voz a sujeitos antes ocultados. Nessa busca, a autoria feminina demonstra uma
visão particularizada do movimento instaurado nas literaturas africanas contemporâneas. As
mulheres, antes e depois da colonização foram vistas como sujeitos estigmatizados e
violentados pelo patriarcalismo, estabelecendo com a expressão literária uma relação que
revela e tem a necessidade de dizer sobre sua condição minoritária e sobre a condição de
outras minorias. O trabalho propõe estudar obras de duas escritoras africanas contemporâneas
em cujas obras se leem a busca e problematização da modernidade de suas nações. O estudo
analisa as obras O sétimo juramento (2000), da escritora moçambicana Paulina Chiziane, e
Hibisco roxo (2011), da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Utilizando o método
comparativo, realiza-se a análise das obras examinando o modo como as escritoras se
comunicam literariamente, produzindo, em suas narrativas, atualizações dos valores africanos
antes pregados por escritores de outras gerações. As narrativas de O sétimo juramento e
Hibisco roxo mostram uma identidade africana que não se quer fixa, imóvel ou única, mas
que se diferencia pela diversidade de identidades que se relacionam na contemporaneidade.