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Graziele Dainese
  • Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Neste dossiê, propomos explorar a combinação entre o tema da casa (ou da domesticidade), na esteira de uma trajetória consistente nos estudos do rural, e a questão da corporalidade (incluindo classificações da comida; comensalidade e... more
Neste dossiê, propomos explorar a combinação entre o tema da casa (ou da domesticidade), na esteira de uma trajetória consistente nos estudos do rural, e a questão da corporalidade (incluindo classificações da comida; comensalidade e consubstancialidade; construção da pessoa; criação de intimidade), particularmente presente nos estudos voltados aos povos indígenas e de matriz afro. Sob a ampla rubrica dos "povos tradicionais", abre-se a possibilidade de novas combinações entre temas clássicos da narrativa agrária e uma série de situações antes postas como marginais pelo paradigma do campesinato. O enfoque etnográfico-entendido aqui a um só tempo como técnica de campo e método de análise-promove recombinações, cruzamentos criativos entre as diferentes tradições disciplinares voltadas a povos intimamente ligados à terra e ao território. Assim, somando-se à seleção dos artigos elaborados para este dossiê, apresentamos duas preciosidades que-diferentes entre si no tocante aos debates teóricos aos quais se remetem-servem-nos ao intuito de homenagear recombinações etnográficas que hoje nos inspiram no caminho dessas discussões: uma entrevista exclusiva com Ellen Woortmann e um artigo escrito por Jeanne Favret-Saada e Josée Contreras em 1990. Boa parte dos artigos aqui reunidos tem origem no Simpósio Pós-Graduado (SPG) "Casa, comida e gênero: olhares etnográficos", realizado no 41º Encontro Anual da Anpocs, em outubro de 2017. Não à toa, é sobretudo através do viés de gênero que o cruzamento temático entre casa e corporalidade promove uma discussão crescente e até pouco tempo
Baseado nas condições que possibilitaram minha convivência entre os moradores da comunidade Terceira Margem, este artigo parte da narração de um incidente que colocou em outros termos minhas relações nessa localidade. Dessas relações,... more
Baseado nas condições que
possibilitaram minha convivência
entre os moradores da comunidade
Terceira Margem, este artigo parte
da narração de um incidente que
colocou em outros termos minhas
relações nessa localidade. Dessas
relações, destaco a aproximação de
três mulheres que, com conselhos e
orientações, ajudaram-me na vivência
daquele acontecimento. Fundamentais
para a continuidade da minha
presença entre os moradores, esses
conselhos e orientações tornaram-se
importantes também para a análise
do modo de vida local, na medida em
que, aconselhando, essas mulheres me
falavam sobre seus próximos e sobre
como essas relações se efetuavam. À
luz das atitudes e dos comportamentos
que elas e eu observamos nos dias
subsequentes ao incidente, apresento
uma etnografia dessas relações, tendo
como foco a “prosa” e outras práticas
centradas no uso das palavras.
A partir dos trabalhos etnográfi cos apresentados neste volume, problematizamos a ideia de movimento buscando mapear diferentes formas de concebê-lo. Os contrastes e aproximações entre as elaborações nativas sobre o movimento, observadas... more
A partir dos trabalhos etnográfi cos apresentados neste volume, problematizamos a ideia de movimento buscando mapear diferentes formas de concebê-lo. Os contrastes e aproximações entre as elaborações nativas sobre o movimento, observadas em contextos variados, permitem-nos não apenas destacar distinções entre experiências etnográfi cas particulares de mobilidade como também diferenciar possibilidades de abordagem. Dimensões intensivas e extensivas, diversidade de direções, durações, percursos, ritmos, velocidades, práticas, agenciamentos, e relações com desacelerações, pousos e paradas ajudam-nos a apurar, precisar e ressaltar formas específi cas com que o movimento surge à análise, sempre como princípio organizador da descrição de dinâmicas sociais. Os trabalhos analisados apontam para possibilidades de classifi cações e formações coletivas não perceptíveis quando tomamos por estáticas as realidades estudadas. P A L A V R A S-C H A V E movimento, duração, diferenciação, formas sociais. A B S T R A C T Based on the ethnographic works presented in this issue, we problematize the idea of movement. It intends to map the distinct manners to conceive it. From the contrasts and convergences observed on native formulation of movement, given varied contexts, it is possible to draw not only the distinctions among particular ethnographic experiences of mobility, but also bring different possibilities to approach them. Thus, intensive and extensive dimensions, diversity of directions, durations, paths, rhythms, paces, practices, agencies, and their relationship with deceleration, pauses and resting, help us to enhance and highlight specifi c forms under which the movement comes to the analysis, arising as an organizing principle of social dynamics. This approach, consisting here by the analysis of those selected papers, points towards possibilities of social classifi cations and collective units that cannot be apprehend when taking for granted the studied realities as motionless. K E Y W O R D S movement, duration, differentiation, social forms.
______________________________________________________________________ RESUMO: Entre os moradores da Terceira Margem (comunidade localizada no estado de Minas Gerais), a possibilidade dos desentendimentos emergirem faz com que se expresse... more
______________________________________________________________________ RESUMO: Entre os moradores da Terceira Margem (comunidade localizada no estado de Minas Gerais), a possibilidade dos desentendimentos emergirem faz com que se expresse e valorize um saber concernente ao relacionar. Nesse sentido, se destaca a valorização de uma autodisciplina, marcada pela contenção de atitudes e comportamentos e pela modulação constante entre proximidade e distância no contato uns com os outros. Neste texto, apresento como as tensões explícitas e implícitas são vivenciadas nesse contexto de pesquisa, tendo em vista o diálogo com uma perspectiva de análise cujo pressuposto é abordar os conflitos nas tramas que lhes são constitutivas, atentando para os efeitos relacionais criados por esses acontecimentos. A atenção à maneira como o conflito é vivido entre os moradores da Terceira Margem destaca uma dinâmica relacional, que não é necessariamente exclusiva a um contexto e/ou situação, pois seus princípios e processos estão relacionados tanto às instabilidades quanto às estabilidades da existência. PALAVRAS-CHAVE: Conflito, política, subjetivação, diferenciação. Para os moradores da comunidade rural Terceira Margem, assim como é certo que na política, o parentesco acaba 1 , pode-se dizer que se há parentesco, há desentendimento. Ainda que a existência de cada pessoa seja significada pela proximidade, desentendimentos são tão comuns quanto próprios às relações entre os mais íntimos. Situada na região do Alto Paranaíba, no estado de Minas Gerais, Terceira Margem é uma das vinte localidades rurais que circunscrevem o diminuto núcleo urbano de Santa Abadia do Pradinho. Embora tenha me
Este artigo trata das experiências afetivas de homens e mulheres, mais especificamente, as relações extraconjugais vividas pelos moradores da Terceira Margem, localidade rural situada no estado de Minas Gerais. Denominadas como "casos",... more
Este artigo trata das experiências afetivas de homens e mulheres, mais especificamente, as relações extraconjugais vividas pelos moradores da Terceira Margem, localidade rural situada no estado de Minas Gerais. Denominadas como "casos", essas relações não mexem apenas com a vida conjugal; também afetam as dinâmicas da família e do parentesco. Por sua vez, o aporte sobre essas vivências remete ao universo do gênero e estas estão associadas às expectativas e experiências que tecem as condições femininas e masculinas na comunidade. O interesse, aqui, é reconstruir a trama de relações que são afetadas pelos "casos" e os rearranjos que sofrem os vínculos quando as pessoas se envolvem com outro par. É a partir dessa chave analítica que os "casos" nos falam sobre casamento, paixão, descontrole, fofocas e evitações. Este artigo trata das experiências afetivas dos moradores da Terceira Margem, localidade rural situada no estado de Minas Gerais, mais precisamente na região do Alto Paranaíba. O lugar é habitado por cerca de cem pessoas. Os margeenses se ocupam com as atividades agrícolas ali desenvolvidas (produção de leite, grãos e café), seja como proprietários da terra, seja como trabalhadores ocasionais e/ou permanentes nas terras dos seus vizinhos. 1 Parte das experiências aqui descritas diz respeito aos intercursos extraconjugais, vividos entre homens e mulheres casados, os chamados 'casos'. Essas são relações que geram assunto na localidade: a proximidade constante entre pessoas compromissadas frequentemente é alvo de comentários, no entanto, quando essa proximidade não dá margem às dúvidas é que os 'casos' parecem repercutir de forma mais potente no cotidiano dos moradores. Tal repercussão não se limita às fofocas que movimentam a localidade, ou, pelo menos, não se refere apenas ao 'disse-1 Cabe informar que o município é moradia de 30.000 pessoas, sendo que a densidade populacional se concentra nas dezenove localida-des rurais ali existentes. Vizinhas ao núcleo urbano (vizinhança esta que compreende uma distância de 5 até 70 km, a exemplo da co-munidade Tijucas, a mais longín-qua), nessas localidades, seus moradores se dedicam a ativida-des diversas, principalmente à produção de leite e derivados (queijo), grãos (feijão, milho) e fru-tas para subsistência. Em algumas delas também se encontra a produção de café, embora esse
Neste artigo apresento a proliferação e a especificidade das motivações, dos sentidos e dos circuitos que se encontram subsumidos no “movimento” vivido na Terceira Margem (localidade rural situada no cerrado mineiro). A descrição dos... more
Neste artigo apresento a proliferação
e a especificidade das motivações,
dos sentidos e dos circuitos que se
encontram subsumidos no “movimento”
vivido na Terceira Margem (localidade
rural situada no cerrado mineiro).
A descrição dos diversos modos de
movimentar e de fazer movimento se
baseia nas práticas de circulação (como
“receber bem”, “visitas”, “ajudas”), nos
acontecimentos que levam às andanças
e, principalmente, às “chegadas” às
casas de parentes e conhecidos. A partir
desses acontecimentos serão discutidas
as influências dos deslocamentos, das
circulações e de outras criações do
“movimento” sobre as relações vividas
pelos margeenses nos encontros com os
estranhos e na convivência com os mais
próximos.
Palavras-chave: Movimento, Circulação,
Hospitalidade, Animação.
286 Sobre gêneros, arte, sexualidade e a falibilidade destes e de outros conceitos: Entrevista com Luisa Elvira Belaunde Olschewski. Graziele Dainese (PPGANT/UFGD) e Lauriene Seraguza (FAIND/UFGD) Para a entrevista desse número da... more
286 Sobre gêneros, arte, sexualidade e a falibilidade destes e de outros conceitos: Entrevista com Luisa Elvira Belaunde Olschewski. Graziele Dainese (PPGANT/UFGD) e Lauriene Seraguza (FAIND/UFGD) Para a entrevista desse número da Ñanduty, conversamos com Luisa Elvira Belaunde Ols-chewski, professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, instituição vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/Museu Nacional/UFRJ). Nosso encontro se tornou possível devido aos computadores ligados à internet e seus aplicativos de diálogo virtual, fato que nos privou da presença física da entrevistada naquela tarde quente de um sábado em Dourados, mas que não foi suficiente para limitar nossos interesses pela conversa. Da parte das entrevistadoras, desde seu princípio a ideia de falar com Luisa sobre os temas corpo, gêne-ro, sexualidade, humor e assuntos afins (arte indígena, teorias da complementaridade e tantos outros abordados) se fez plena de expectativas. De certo modo, tais expectativas justificam nossas extensas questões, as quais acompanham a narrativa de Luisa. No compasso dessas perguntas, respostas e demais elaborações, apresentamos abaixo o registro de um encontro, em que abordamos suas vivên-cias em diferentes instituições acadêmicas (University of Durham na Grã-Bretanha, Universidad Mayor de San Marcos e Pontifícia Universidad Católica no Peru, Universidade Federal da Bahia). Da vida de uma pesquisadora que vive "constantemente na fronteira", também se destaca a experi-ência de pesquisas entre os Airo-Pai, povo de língua Tukano-Ocidental, habitantes da floresta ama-zônica (mais precisamente, na circunvizinhança do Peru, Equador e Colômbia). Dentre os assuntos já citados, falamos também sobre seu interesse pelo discurso de gênero e como esse se apresentou em seu trabalho de campo, sobre a antropologia que se faz em diversos contextos acadêmicos e de militância, bem como das possibilidades e limites que caracterizam e orientam a relação entre con-ceitos antropológicos e conceitos nativos. Graziele: Gostaríamos que você falasse sobre o seu encontro com a antropologia, sobre sua formação, sua trajetória acadêmica. E também que você nos contasse sobre seu encontro com a an-tropologia feita no Brasil.
FROM THE SERIES: Bolsonaro and the Unmaking of Brazil Dainese, Graziele, and Dibe Ayoub. 2020. "Brazilian Rural Politics in Times of Silencing and Privatization." Hot Spots, Fieldsights, January 28.... more
FROM THE SERIES: Bolsonaro and the Unmaking of Brazil
Dainese, Graziele, and Dibe Ayoub. 2020. "Brazilian Rural Politics in Times of Silencing and Privatization." Hot Spots, Fieldsights, January 28. https://culanth.org/fieldsights/brazilian-rural-politics-in-times-of-silencing-and-privatization